2. Elaboração de Originais - Módulo 01
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Alfredo C. de Souza Rosa , Carlos Eduardo Bastos,
Josemir Cunha, Rui Alcides da Costa
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Fernando de Sá Moreira, Francisco Alice,
Francislan Eduardo Isotton, Paulo Cesar
Penteado, Williann L. Volpato
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Alencar Schueroff, Fatima Duarte Goulart,
Mauricio Pierucci Sobrinho, Regina Brasil
Matemática e suas Tecnologias
Jorge Paulino da Silva Filho, Henrique Geraldo
Folster Jr. Sergio Luis Sarkis
Projeto Gráfico
Vilson Martins Filho
Diagramação
Alice Demaria - Escritório de Design
Rede Passaporte Educacional
Direção
Fatima Rosane Genovez
João Vianney Valle dos Santos
Gerencia Administrativa e Financeira
Miraci José Valle
Gerência Pedagógica
Jane Motta
Gerência de EaD
Vilson Martins Filho
Gerência de Operações
Arthur E. F. Silveira
Gerência de
Relacionamento com o Mercado
Jeferson Pandolfo
Coordenação de Tutoria
Patrícia Nunes Martins
Coordenação de
Relacionamento com Polos
Maria Eduarda Klann Baptistoti
Redes Sociais
Thiago Jose Loch
Assistente Financeiro e Secretaria
Rosemary de Oliveira Leite
Assistentes Administrativos
Samoel Raulino
Marina Rupp
Assistente de Operações
Francisco Asp
Equipe de Estúdio
Lucas Giron, Sergio Flores,
Luiz Fernando Maciel, Cleber Magri
Rede Passaporte Educacional
Direção
Fatima Rosane Genovez
João Vianney Valle dos Santos
Gerencia Administrativa e Financeira
Miraci José Valle
Gerência Pedagógica
Jane Motta
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Vilson Martins Filho
Gerência de Operações
Arthur E. F. Silveira
Gerência de
Relacionamento com o Mercado
Jeferson Pandolfo
Coordenação de Tutoria
Patrícia Nunes Martins
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Relacionamento com Polos
Maria Eduarda Klann Baptistoti
Redes Sociais
Thiago Jose Loch
Assistente Financeiro e Secretaria
Rosemary de Oliveira Leite
Assistentes Administrativos
Samoel Raulino
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Assistente de Operações
Francisco Asp
Equipe de Estúdio
Lucas Giron, Sergio Flores,
Luiz Fernando Maciel, Cleber Magri
portugues.indb 2 5/25/12 3:24 PM
3. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
3
Comunicação Humana
Observe a frase e a imagem a seguir. Depois,
relacione-as e conclua a ideia que se estabelece.
“A comunicação é uma necessidade básica da
pessoa humana, do homem social.” (Juan Diaz
Bordenave)
http://www.praiadosantinho.com.br/praia.php
Cada um desses tipos redaciwonais mantém
suas peculiaridades e características. Nesta aula,
falaremos, basicamente, do texto narrativo.
A palavra “comunicação” origina-se do latim
comunnicare e, conforme a etimologia apresentada
no dicionário Houaiss, significa“ação de comunicar,
de partilhar, de dividir”.
Então, podemos definir que comunicação humana
consiste em um processo que envolve a troca de
pensamentos, conhecimentos, sensações e ideias.
Sendo o ato comunicativo a base da vida em
sociedade, fica claro o motivo pelo qual o
homem cria diferentes linguagens para se fazer
compreender.
Linguagem
Consiste no conjunto de sinais (códigos) que
podemos empregar na comunicação. Esse código
pode ser representado por meio da linguagem
verbal (oral ou escrita) ou não verbal. Vejamos a
seguir alguns exemplos das variadas linguagens:
pintura, gestos, cores, símbolos, expressões faciais
e corporais, libras, escultura, desenho, fotografia,
música, palavra, entre outros exemplos.
“Presságios Favoráveis” (1944), de René Magritte
Observação: Tanto o homem quanto os bichos
possuem linguagem, mas apenas os seres humanos
são dotados da linguagem verbal.
Palavra
Conjunto de letras ou sons o qual estabelece uma
ideia. A palavra é considerada um signo linguístico,
ou seja, para se constituir uma palavra dois
elementos inseparáveis se fazem necessários na
composição do signo: o significante e o significado.
Veja a seguir um esquema dessa situação.
portugues.indb 3 5/25/12 3:24 PM
4. 4
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Assim, o significado é a ideia criada no cérebro da
pessoa com base em um estímulo sonoro ou visual
ou ambos, que é o significante. Logo, o signo é um
símbolo utilizado para substituir a realidade.
Língua
Segundo o dicionário Houaiss, “sistema de
representação constituído por palavras e por regras
que as combinam em frases que os indivíduos de
uma comunidade linguística usam como principal
meio de comunicação e de expressão, falado ou
escrito”.
O português, francês, espanhol, inglês, japonês são
exemplos de língua.
Veja a seguir a mesma mensagem “Eu te amo” em
outras línguas.
Africane – ek het jou lief
Albanês – Të dua
Esperanto – Mi amas vin
Alemão – Ich liebe dich
Italiano – lo ti amo
Francês – Je t´aime
Guarani - Rohayhu
Espanhol – Yo te amo
Inglês – I love you
Elementos do Ato da Comunicação
Para que ocorra a comunicação, deve existir
a necessidade de interação, ou melhor, uma
ação mútua. Em cada ato comunicativo podem
os identificar os seguintes elementos:
1- Emissor ou interlocutor: é a pessoa ou grupo de
pessoas que envia a mensagem.
2 - Receptor ou interlocutor: é a pessoa ou grupo
de pessoas que recebe a mensagem.
3 - Mensagem: é a informação que a pessoa ou
grupo de pessoas deseja transmitir.
portugues.indb 4 5/25/12 3:24 PM
5. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
5
4 - Canal de comunicação ou contato: é o meio
físico que possibilita a condução da mensagem.
5 - Código: é a linguagem utilizada pelo emissor
para se expressar. Essa será recebida pelo receptor.
Para que haja a eficácia da comunicação, ambos
(emissor e receptor) devem dominar o mesmo
código.
6 - Referente ou contexto: é o contexto, o assunto
que define a mensagem.
Observação final:
Para Fiorin (2005, p.74), quando alguém comunica
algo, sua intenção é agir no mundo, isto é, produzir
um sentido que influencie outros. Como podemos
verificar, o ato comunicativo impulsiona as pessoas
a saírem de dentro de si mesmas, motivando-as a
construir pontes para interagir com o outro. Sem
dúvida, ela favorece a aproximação de culturas, a
troca de idéias e o alargamento das visões de mundo
que podem abrir caminho para o conhecimento, a
convivência harmoniosa e as inovações.
(Disponível em:<http://www.orlandoribeiro.trd.br/
modules/smartsection/item.php?itemid=3>.Acesso
em: 22 fev.2012.)
Exercícios
Questão 1
O conhecimento dos componentes do ato de
comunicação permite-nos exercer uma avaliação
mais consciente de nossa posição nas diferentes
situações comunicativas do cotidiano. No caso da
leitura da tira de Mafalda, que segue abaixo, assinale
V para a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s)
a) ( ) No segundo quadrinho da tirinha,
observamos um diálogo entre pai e filha.
b) ( ) Ainda no segundo quadrinho, o homem
assume a posição de emissor.
c) ( ) O código utilizado pela garota (Mafalda)
no último quadrinho é a língua portuguesa.
d) ( ) Mafalda assume na história dois papéis do
ato comunicativo: o primeiro de ouvinte e, o outro de
emissora.
e) ( ) O canal utilizado pelos personagens foi a
internet.
Questão 02
Com base nos estudo sobre comunicação humana,
assinale a alternativa que apresenta uma incorreção.
a) A comunicação só se efetiva quando o receptor
entende o significado da mensagem.
b) Não há necessidade de se conhecer o código para
compreender o significado de uma mensagem.
c) As mensagens podem ser elaboradas com base em
diversos códigos.
d) Para entender bem um idioma, é preciso conhecer
suas regras.
e) A fala é o uso individual da língua pelos falantes de
uma comunidade linguística.
Questão 3
Analise a situação transcrita, considerando os
elementos do ato de comunicação. Em seguida
assinale a alternativa correta.
falsa(s).
Disponível em:<http://clubedamafalda.blogspot.com/2006_03_01_archive.html>Acesso em 23 fev.2012.)
portugues.indb 5 5/25/12 3:24 PM
6. 6
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Amir enviou um e-mail para sua esposa que
está na África. Esse e-mail contém as seguintes
palavras: “Amor, chego em dois dias. Tô com
saudade! I Love you! Vc é D+. Beijos.”
a) Os códigos, que o emissor usa, são apenas a língua
portuguesa e o inglês.
b) O canal utilizado pelo personagem é o meio físico
ou virtual, que assegura a transmissão da mensagem.
Nesse caso o e-mail encaminhado pelo internet.
c) O destinatário é o Amir.
d) A mensagem, que é o conteúdo transmitido,
constitui tudo o que foi escrito pelo remetente.
e) O referente é o contexto, ou seja, o aviso da chegada
de Amir da África.
Questão 4
Levando-se em consideração os elementos consti-
tutivos de um cartaz e a mensagem estabelecida;
conclui-se que o autor do cartaz abaixo teve como
objetivo:
a) utilizar uma linguagem sintética, amplamente
objetiva, contendo informações necessárias para
sensibilizar o leitor em relação ao problema do
abandono de animais de estimação.
b) criar suspense em relação a um problema social e
despertar medo no leitor.
c) Apenas nos informar sobre o problema do
abandono de animais.
d) Destacar o emprego da linguagem figurada.
e) Ironizar um problema social, a fim de provocar
uma tomada de consciência do leitor para as
dificuldades vividas pelos animais de estimação que
são abandonados.
portugues.indb 6 5/25/12 3:24 PM
7. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
7
Questão 05
(http://files.comunidades.net/aulaparticular)
Estabeleça a relação entre as colunas, numerando a
segunda de acordo com os elementos do processo de
comunicação expressos na primeira:
( 1 ) emissor
( 2 ) receptor
( 3 ) código
( 4 ) canal
( 5 ) mensagem
( 6 ) referente
a) ( ) Língua portuguesa formal
b) ( ) Diário Oficial, documentos e publicações
c) ( ) Órgãos Públicos e público em geral
d) ( ) Programas e projetos da Administração Pú-
blica
e) ( ) Informações, comunicados e registros
f) ( ) Órgãos Públicos
Anotações
portugues.indb 7 5/25/12 3:24 PM
8. 8
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Variantes Linguísticas
Toda língua sofre mudanças no decorrer do tempo,
e isso ocorre porque ela está em uso e integrada
com o cotidiano dos falantes. Sabemos que uma
língua não é falada do mesmo modo por todas
as pessoas. Ao contrário, dependendo da região,
classe social, da idade, do sexo, da época, apresenta
variações linguísticas. Podemos dividir em três
núcleos: variação histórica, variação regional,
variação social e variação estilística.
Variação Histórica
Consiste na transformação da língua através do
tempo, ou seja, surgem novas palavras, há o desuso
de outras, criam-se sentidos diferentes para um
mesmo vocábulo, muda-se a ortografia.
(Capital Paulista: revista mensal de artes e letras. São
Paulo, julho/ 1899)
Variação Regional
Consiste nas diferentes formas de pronúncia
(sotaque), de vocabulário e de estrutura sintática,
em razão da região geográfica em que a língua é
usada.
(Disponível em:<http://descomplicandoared.
blogspot.com/2011/01/o-modo-de-falar-do-
brasileiro.html >Acesso em 27 fev. 2012.)
Variação Social
Relaciona-se a fatores sociais, como idade,
sexo, grau de escolaridade, grupo social, grupo
profissional, etnia, etc.
Veja uma frase nos moldes jurídico e a mesma
situação na linguagem popular:
- O fato ocorreu em legítima defesa.
- Bateu, levou!
Anotações
portugues.indb 8 5/25/12 3:24 PM
9. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
9
(Disponível em:< http://www.ingenuidade.com.
br/20-a-30-linhas-dicas-gerais/>Acesso em 27 fev.
2012.)
Variação Estilística
Consiste no modo formal ou informal de falar
ou escrever em uma situação de uso da língua.
Dependendo do grau de intimidade, do tipo de
assunto, do ambiente familiar ou profissional e
de quem são seus interlocutores, a língua será
adequada ao contexto. Então, uma mesma pessoa
iráusaralínguadevariadasmaneiras.UmDiplomata
não irá se comunicar em serviço da mesma forma
familiar que fala em casa com seu filho.
Exercícios
Questão 01
Leia o fragmento do texto “Antigamente”, de Carlos
Drummond de Andrade.:
Antigamente
Antigamente, as moças chamavam-se
mademoiselles e eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: completavam
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo
sendo rapagões, faziam-lhes pé de alferes,
arrastando a asa, mas ficavam longos meses
debaixo do balaio.
Com base nos estudos de variantes linguísticas,
compreende-se que a variante apresentada no
fragmento é a:
a) geografia.
b) histórica.
c) estilística.
d) social.
e) geográfica e a social.
Questão 2
(Enem/2005) Leia com atenção o texto a seguir.
[Em Portugal], você poderá ter alguns probleminhas
se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas
sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir
para ver os ternos — peça para ver os fatos. Paletó
é casaco. Meias são peúgas. Suéter é camisola —
mas não se assuste, porque calcinhas femininas são
cuecas. (Não é uma delícia?) (Ruy Castro. Viaje Bem.
Ano VIII, no 3, 78.)
O texto destaca a diferença entre o português do
Brasil e o de Portugal quanto:
a) ao vocabulário.
b) à derivação.
c) à pronúncia.
d) ao gênero.
e) à sintaxe.
Questão 3
Leia e analise o poema a seguir. Depois use V para a(s)
afirmativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s).
portugues.indb 9 5/25/12 3:24 PM
10. 10
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Manuel Bandeira escreve:
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos
livros
Vinha da boca do povo na língua errada do
povo
Língua certa do povo
Por que ele é fala gostoso o português do Brasil.
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada.
a) ( ) Nos versos 6, 7 e 8, Bandeira critica e
denuncia o desapreço às formas populares de
expressão.
b) ( ) Língua certa do povo e A sintaxe lusíada
representam no poema os níveis de fala, ou seja, os
modos variados de um indivíduo usar a língua, de
acordo com o meio sociocultural em que ele vive.
c) ( ) Os versos 1 e 2 buscam retratar a
forma como o falante adquire a linguagem culta;
primeiramente por meio do contato com as pessoas
próximas e depois a aprimorando com a leitura de
jornais e livros.
d) ( ) O verso 8 estabelece uma relação com a
língua portuguesa falada em Portugal.
e) ( ) O gostoso português do Brasil, no texto,
faz uma referência à língua padrão usada hoje pelos
brasileiros.
Questão 4
Sabe-se que no Rio Grande do Sul os guris brincam
com pandorga, em São Paulo as crianças brincam
com papagaios e no Paraná os piás brincam com
pipas ou raias. Com base no estudo de variantes
lingüísticas, podemos dizer que, na frase anterior,
temos a presença da variante linguística:
a) histórica.
b) social.
c) regional.
d) social e histórica.
e) sociocultural.
Questão 5
(Enem/2009)
A linguagem da tirinha revela:
a) o uso de expressões linguísticas e vocabulário
próprios de épocas antigas.
b)ousodeexpressõeslinguísticasinseridasnoregistro
mais formal da língua.
c) o caráter coloquial expresso pelo uso do tempo
verbal no segundo quadrinho.
d) o uso de um vocabulário específico para situações
comunicativas de emergência.
e) a intenção comunicativa dos personagens: a de
estabelecer a hierarquia entre eles.
Anotações
portugues.indb 10 5/25/12 3:25 PM
11. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
11
Variantes Linguísticas
Norma Culta
Consiste na variedade linguística de uso real dos
falantes que possuem maior contato com a escrita.
Norma Padrão
É a normatização da gramática. O gramático
delimita, localiza e identifica quem são os falantes
da norma culta, coleta a língua utilizada por eles e
fornece uma descrição objetiva e clara da língua.
Observação: Com base no conceito de norma
padrão, notamos uma situação problema: as
normas culta e padrão no Brasil diferem-se em
muitos pontos. Isso impede que os estudantes se
apropriem de forma efetiva de sua língua como
instrumento de cidadania.
Níveis de linguagem
Ao usarmos a linguagem verbalizada, podemos
registrá-la de forma falada ou escrita. Ambas se ap-
resentam aos contextos linguísticos, basicamente,
de duas maneiras: de forma culta ou de forma co-
loquial.
- nível culto: prima pela correção gramatical,
pela ausência de gírias e de expressões ou termos
regionalistas. As frases são mais bem elaboradas e
o vocabulário mais rico. Encontramos esse tipo de
linguagem nos livros, nas revistas, nas palestras, nas
provas, na entrevista de empregos, dentre outras
situações mais formais.
- nível coloquial: dispensa formalidades, aceita ter-
mos regionais, gírias. É uma maneira mais descon-
traída e informal de usar a língua. Empregamos essa
situação no bate-papo diário, na conversa familiar,
no bilhete a alguém próximo, etc.
Observação: Cabe a cada usuário da língua avaliar o
contexto de uso e escolher a forma de expressão mais
apropriada. Afinal, paralelamente à sua condição
de sistema de unidades e regras combinatórias, a
língua é expressão da imagem que os interlocutores
fazem da situação social em que se encontram – ou
seja, uma forma de comportamento -, e como tal
requer de seus usuários discernimento para adequar
as formas que empregam à situação e à finalidade do
ato comunicativo. É nisso que consiste a competência
verbal de um cidadão. (AZEREDO, José Carlos de.
Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São
Paulo: Publifolha, 2008, p.66.)
Exercícios
Questão 1
(Enem/2009)Aescritaéumadasformasdeexpressão
que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem
várias finalidades: informar, entreter, convencer,
divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das
variedades linguísticas sociais, regionais e de registro
torna-se necessário para que se use a língua nas mais
diversas situações comunicativas.
Considerando as informações acima, imagine que
você está à procura de um emprego e encontrou duas
empresas que precisam de novos funcionários. Uma
delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao
redigi-la, você:
a) fará uso da linguagem metafórica.
b) apresentará elementos não verbais.
c) utilizará o registro informal.
d) evidenciará a norma padrão.
e) fará uso de gírias.
portugues.indb 11 5/25/12 3:25 PM
12. 12
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Questão 2
Os dois níveis de fala, o coloquial e o culto, são determinados pela cultura e formação escolar dos falantes, pelo
grupo social a que eles pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos
diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra. Leia os quadrinhos a seguir, observando a
utilização do nível coloquial e, por fim, transporte as falas das personagens para o culto.
http://www.radicci.com.br/tirinhas.asp
Questão 3
Leia a letra de música a seguir e responda o solicitado.
Quando você vem
Pra passar o fim de semana
Eu finjo que tá tudo bem
Mesmo dura ou com grana
Você ignora tudo que eu faço
Depois vai embora
Desatando os nossos laços
Quero te encontrar
Quero te amar
Você pra mim é tudo
Minha terra, meu céu, meu mar
(Buchecha)
a) Identifique e corrija a linguagem coloquial apresen-
tada na letra de música.
b) Justifique o coloquialismo empregado pelo autor.
Questão 4
(Enem/ 2009)
Iscute o que tô dizendo,
Seu dotô, seu coroné:
De fome tão padecendo
Meus fio e minha muié.
Sem briga, questão nem guerra,
Meça desta grande terra
Umas tarefa pra eu!
Tenha pena do agregado
Não me dêxe deserdado
Daquilo que Deus me deu.
(PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e
outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do
Ceará, 2008 (fragmento).
A partir da análise da linguagem utilizada no poema,
infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma
variedade linguística específica. Esse falante, em seu
grupo social, é identificado como um falante:
a) escolarizado proveniente de uma metrópole.
b) sertanejo morador de uma área rural.
c) idoso que habita uma comunidade urbana.
d) escolarizado que habita uma comunidade do
interior do país.
e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do
sul do país.
portugues.indb 12 5/25/12 3:25 PM
13. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
13
Questão 5
(Enem/ 2011)
Entre ideia e tecnologia
O grande conceito por trás do Museu da Língua é
apresentar o idioma como algo vivo e fundamental
para o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada
nos define com clareza, a forma como falamos o
português nas mais diversas situações cotidianas é
talvez a melhor expressão da brasilidade.
(SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São
Paulo: Segmento, Ano II, no 6, 2006.)
O texto propõe uma reflexão acerca da língua
portuguesa, ressaltando para o leitor a:
a) inauguração do museu e o grande investimento em
cultura no país.
b) importância da língua para a construção da
identidade nacional.
c) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada
através da língua.
d) relação entre o idioma e as políticas públicas na
área de cultura.
e) diversidade étnica e linguística existente no
território nacional.
Anotações
portugues.indb 13 5/25/12 3:25 PM
14. 14
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Funções da Linguagem
Ao produzir um texto você também realiza a
comunicação. Nesse ato, além de querer ser
compreendido, deseja que suas idéias sejam
depreendidas e aceitas pelo receptor. E, para
a eficácia desse processo, são precisos seis
elementos: emissor, receptor, canal, mensagem,
código e contexto ou referente. Com base nesses
elementos, podemos articular outro elemento,
conforme a intenção do ato comunicativo. Deste
modo, a linguagem atingiria diferentes funções
ao dar prioridade a determinado elemento da
comunicação. Classificamos essas funções em
seis tipos: emotiva ou expressiva; referencial ou
informativa; poética, conativa ou apelativa; fática e
metalinguística.
Emotiva ou Expressiva
Leia a seguir a carta escrita por Jorge Amado a Zélia
Gattai quando o escritor participava do Congresso
da Paz, em Viena, em 1951. Essa carta é um exemplo
de função emotiva.
(Revista Cult, 165 – ano 15, fev.2012 – in Dossiê
Jorge Amado, p.41)
Comaleitura,vocêobservaqueoautorestácentrado
em si mesmo, revelando seus sentimentos e suas
emoções (minha saudade a ti, Fiquei contente), por
isso é comum a constância do pronome de primeira
pessoa (minha, meu, mim) e verbos nessa mesma
pessoa (recebi, tive, saio, escrevo...)
O texto manifesta também opiniões (Oh! Meu Deus!,
que senhora chata). A realidade do autor é retratada
de forma subjetiva, é o seu ponto de vista que está
em jogo. Além dessas características analisadas, o
ponto de interrogação, reticências e exclamações
são sinais que revelam emoções do emissor.
Portanto, tudo o que em uma mensagem revelar
emoções, sentimentos, opiniões e avaliações do
emissor diante da vida pertencerá à função emotiva
da linguagem.
Observe ao lado um exemplo na linguagem não
verbal da função emotiva.
Viena, 4
Meu amor,
Recebi hoje pela manhã teu telegrama, vou a
buscar amanhã, segunda-feira, os remédios
pedidos.
Faço-te este bilhete durante uma reunião de
Comissão para te enviar minha saudade a ti, a
João e a Paloma.
Nunca tive tanto trabalho em toda a minha
vida. Entro no local da reunião antes das 8 da
manhã e saio sempre depois da meia-noite.
Ontem saí 1 e meia da manhã e fui despertado
com teu telegrama às 6h. Estou fatigadíssimo.
Todomundovaisemnovidade.Todosteenviam
abraços.
Neste momento que te escrevo Dona Branca
deve estar falando em plenário. Oh! Meu Deus!,
que senhora chata. Já estou farto.
Fiquei contente em saber que todos estão
bem. Beija os meninos por mim e recebe um
beijo meu com toda a saudade e o carinho do
teu
Jorge”.
portugues.indb 14 5/25/12 3:25 PM
15. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
15
Revista Veja. São Paulo : Abril, n.31 – 03 ago.2011 –
Panorama.
Referencial ou Informativa
Leia a notícia apresentada a seguir.
06/02/2007 - 13h37 – G1 – Planeta Bizarro
Depois de tentar sem sucesso espantar a horda
de invasores, Vergel ligou para a delegacia,
segundo foi publicado no site argentino Infobae.
"Eram dez e pouco da manhã e o homem,
alucinado, nos contava sua tragédia. Fomos
ao local com um caminhão preparado para o
transporte de animais, mas chegando lá vimos
que eram realmente muitas", declarou um dos
policiais ao Los Andes online.
Uma a uma, elas eram colocadas no caminhão
na condição de presas. Foram encaminhadas a
um centro de detenção de animais da polícia em
Los Corralitos.
Na mesma tarde, pelo menos três pessoas
apareceram dizendo ser as proprietárias do
rebanho. A polícia afirmou que não vai ser assim
tão fácil tirar a bicharada da cadeia.
Elas foram enquadradas no código 114 do
Código Penal argentino, e o verdadeiro dono das
cabras vai ter que pagar uma nota para libertá-
las. Sem falar nos tomates e milhos do agricultor
inconformado.
Polícia prende 155 cabras e leva todas de
camburão para a delegacia
Devastaram plantação de tomate e milho de
um argentino.
Verdadeiro dono não apareceu para pagar
fiança.
MENDOZA, Argentina - O agricultor Antonio
Vergel decidiu colher alguns dos tomates e
milhos que cultiva em seu sítio em Mendoza, na
Argentina e, quando pôs os olhos na plantação,
seucoraçãogelou:umaquantidadeinacreditável
de cabras devorava tudo o que via pela frente.
(Disponível em: <http://g1.globo.com/planeta-
bizarro/>Acesso em: 07 mar.2012.)
Você notou, que a notícia acima, o autor utiliza a
linguagem de forma direta, objetiva e impessoal:
não tece comentários ou expressa qualquer juízo
de valor quanto ao assunto abordado. Além disso,
os vocábulos não são empregados em sentido
figurado, negando a possibilidade de mais de uma
interpretação por parte do leitor. A mensagem
foi organizada com a intenção de transmitir
informação precisa.
Portanto, no texto em questão, predomina a função
referencial (denotativa) da linguagem, centrada na
informação.
Pode-se encontrar esse tipo de função em textos de
caráter científico e jornalístico. Também predomina
a função referencial na combinação do código não-
verbal e verbal, como pode ser visto no exemplo.
portugues.indb 15 5/25/12 3:25 PM
16. 16
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
(Disponível em: <http://blog.mcsx.net/projetos-
plantas-de-casas-para-download/ >Acesso em
07mar 2012.)
Poética
A anti-rosa atômica.
Sem cor, sem perfume,
Sem rosa, sem nada.
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas,
Pensem nas meninas
Cegas inexatas,
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas,
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas.
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa, da rosa!
Da rosa de Hiroshima,
A rosa hereditária,
A rosa radioativa
Estúpida e inválida,
A rosa com cirrose,
(Vinicius de Moraes)
O poema A rosa de Hiroshima revela que o poeta
desejava valorizar a mensagem a ser transmitida
e, para isso, além de explorar o conteúdo (os
efeitos da bomba), também se preocupou com a
forma de construção do texto. Para construí-lo, o
autor cultivou alguns recursos que são capazes de
despertar no leitor certo prazer estético (pelo seu
caráter inovador) e uma determinada impressão.
Logo, quando o emissor se preocupa em enfatizar
a construção e a elaboração da mensagem, tem-
se o predomínio da função poética. Embora esta
seja mais corrente em poesias também pode ser
encontrada em textos publicitários, alguns textos
jornalísticos (crônicas) e populares (provérbios) e
romances (Iracema, de José de Alencar, por exemplo,
é um poema em prosa).
Exercícios
Questão 1
Leia este texto abaixo e identifique qual a função da
linguagem predominante nele. Dê duas justificativas.
A rainha Elizabeth I, conhecida como a Rainha
Virgem, adotou a Rosa Tudor como seu emblema
e escolheu as palavras “Rosa sine spina” como seu
mote. Ficou conhecida como rosa sem espinho e
muitos dos poetas elisabetanos escreveram sobre
ela. A rosa tem sido o emblema nacional da
Inglaterra desde então. O país é famoso por suas
rosas e é raro um jardim que não as contenha.
Não há nada igual ao perfume dessas flores, e é
uma felicidade que a arte dos perfumistas tenha
atingido tamanho grau de sofisticação que lhes
permita reproduzir o aroma para nós e para os
lares. Mas é Shakespeare que tão perfeitamente
sumariza as virtudes da rosa em suas palavras.
(A linguagem das Flores, Sheila Pickles.
Melhoramentos: São Paulo, 1990. P.93)
portugues.indb 16 5/25/12 3:25 PM
17. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
17
Questão 2
Leia o poema a seguir e identifique qual a função da linguagem predominante nele. Dê duas justificativas.
Soneto LIV
Ó como mais bela a beleza torna-se
quando tem o doce ornamento da verdade!
A rosa é bela, mas mais bela a vemos
pelo doce aroma que nela habita.
As rosas silvestres têm a mesma cor
que as doces rosas perfumadas,
os mesmos espinhos, a mesma volúpia
quando o ar do verão expõe os botões escondidos;
mas como têm na aparência única virtude,
elas vivem esquecidas e murcham obscuras,
sozinhas morrem. As doces rosas, não;
de suas doces mortes nascem os mais doces perfumes.
Assim também de ti, bela e amável jovem,
fenecido o frescor, tua verdade em meu verso persiste.
(Willian Shakespeare)
Questão 3
Observe a tela e identifique qual a função da linguagem predominante nela. Dê duas justificativas.
Os relógios ou As horas derretidas, de Salvador Dali.
portugues.indb 17 5/25/12 3:25 PM
18. 18
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Questão 4
Em relação ao texto apresentado a seguir, assinale
a opção que indica corretamente qual é a função da
linguagem predominante.
Humor
Excelente o texto de Sírio Possenti sobre as frases
humoradas e seus sentidos (Língua 75). Uma
grande oportunidade para entender o idioma
sem caretices.
Marta Oliveira Sérgio (BA), na seção Cartas de leitor
da Revista Língua Portuguesa.
a) Função poética, porque o texto centra-se na
mensagem e em como ela é transmitida.
b) Função conativa, pois o autor utiliza diversos
recursos para convencer o leitor de suas ideias.
c) Função metalinguística, uma vez que faz reflexões
sobre o próprio código.
d) Função referencial, na qual o emissor tem a função
de transmitir informações.
e) Função emotiva, pois o texto expressa uma opinião
e de forma subjetiva para revelar o “eu” que fala ao
leitor.
Questão 5
(Enem/ 2009)
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
(BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de
Janeiro: José Aguilar, 1967.)
Predomina no texto a função da linguagem:
a) fática, porque o autor procura testar o canal de
comunicação.
b) metalinguística, porque há explicação do
significado das expressões.
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a
participar de uma ação.
d) referencial, já que são apresentadas informações
sobre acontecimentos e fatos reais.
e)poética,poischama-seaatençãoparaaelaboração
especial e artística da estrutura do texto.
Anotações
portugues.indb 18 5/25/12 3:25 PM
19. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
19
Funções da Linguagem
Dependendo da intenção que se deseja alcançar
no processo de comunicação, a linguagem em uso
pode assumir diferentes funções. Vimos, na aula
anterior, as funções emotiva, referencial e poética.
Nesta aula, estudaremos as funções conativa, fática
e metalinguística.
Conativa ou apelativa
Está centrada no receptor e possui o objetivo de
influenciar o comportamento daquele que recebe
a mensagem e também chamar a sua atenção.
Essa função tem a intenção de fazer com que as
pessoas mudem de atitude, em razão disso, é
comum o emprego do verbo no modo imperativo,
uso de vocativos. Encontramos esse processo de
comunicação em sermões, discursos, anúncios,
campanhas publicitárias, placas de trânsito e até
mesmo em uma receita de bolo.
Observe o anúncio publicitário do perfume Humor
da linha Natura.
E se a gente levasse a vida com mais humor?
Talvez, a gente descobrisse
Um jeito mais leve de
Se relacionar com quem está à nossa volta.
Reparando menos em chatices
E mais nos pequenos prazeres.
Abrindo um pouco o sorriso
- Nem que seja pra rir de si mesmo.
Espalhe seu humor por aí,
Divida uma risada com alguém.
Note que depois de todo um discurso de sedução,
no final do poema há os verbos no imperativo
(espalhe, divida) indicativos da função conativa.
Fática
Leia o diálogo a seguir.
- Não. Tenho certeza de que nós fomos colega?
- Tenho.
- Que engraçado. Eu não... Olha: desculpe, viu?
- O que é isso? Acontece.
- Esse café. Será que a gente pode...
- Claro. Fica pra outra vez.
- Desculpe, hein? Cabeça, a minha.
- Tudo bem.
- Então... Tchau.
- Ana Beatriz...
- Ahn?
- E se eu dissesse que meu nome é Martins?
- Mas não é.
(VERISSIMO, Luis Fernando. O melhor das
comédias da vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva:
2004.p.84.)
Nessa conversa entre os dois personagens
anônimos, há falas através das quais poucas
informações são transmitidas. No caso, o que se
pretende é manter o contato entre eles.
Portanto, a função fática envolve o contato entre
emissor e receptor para iniciar a comunicação,
prolongar o contato, interromper o ato de
comunicação ou testar a eficiência do canal.
portugues.indb 19 5/25/12 3:25 PM
20. 20
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Outro exemplo de função fática são os bate-papos
na internet, as histórias em quadrinhos, algumas
charges e tirinhas, como podemos observar a seguir
(Toda a Mafalda. Quino : [tradutores Andréa Stahel
M. da Silva... et.al.]. – São Paulo : Martins Fontes,
1993. p. 42.)
Metalinguística
Quando o código é usado para falar dele
mesmo, também pode ser chamado de função
metalinguagem. Os dicionários representam
bem essa função, tendo em vista que ele define o
significado das palavras, revelando o que elas são.
A função em questão está centrada no próprio
código: uma poesia que fala da própria poesia, uma
peça de teatro que explica o próprio teatro, uma
pessoa que faz seu autorretrato são exemplos de
função metalinguística. Veja os exemplos a seguir
na linguagem verbal e na linguagem não verbal.
Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico
substantivo feminino
Rubrica: pneumologia.
Doença pulmonar (pneumoconiose) aguda causada
pela aspiração de cinzas vulcânicas.
O Auto-retrato
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Terminado por um louco!
(Mário Quintana
Disponível em: <http://www.jgaraujo.com.br
/antologia/mario%20quintana.jpg>
Acesso em 08 mar.2012.
Para finalizar o assunto das funções da linguagem,
é preciso saber que não existe função meramente
pura quando redigimos, porém há aquela que
predomina no texto. Além disso, cada mensagem
a ser transmitida está intimamente ligada à
intenção do falante, às funções e aos elementos da
comunicação, como mostra o esquema.
portugues.indb 20 5/25/12 3:25 PM
21. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
21
Mensagem
Contato
(função expressiva) (função conativa)
(função poética)
(Função metalingüística)
(função fática)
Destinador Destinatário
Código
(função referencial)
Referente
Exercícios
Questão 1
Funções da linguagem são recursos de ênfase
que atuam segundo a intenção do produtor da
mensagem, cada qual abordando um diferente
elemento da comunicação. Um texto pode apresentar
mais de uma função, contudo há sempre uma que
predomina. O texto a seguir consiste em um gênero
textual, o qual é bastante comum em nossos dias:
anúncio publicitário. Com base nesse gênero e no
assunto sobre as funções de linguagem, analise as
afirmativas.
I - A função apresentada é a poética, pois se centra na
mensagem e em como ela é transmitida, e em razão
disso,oanúnciopossuialgumasfigurasdelinguagem.
II - A função conativa é bem própria do gênero textual
que foi apresentado.
III - Os verbos no imperativo são frequentes nos
anúncios e conferem mais brevidade e impacto à
mensagem que se deseja transmitir.
IV - O anúncio publicitário apresentado proporciona
uma reflexão sobre o papel do cidadão em práticas de
maus tratos aos animais.
V - Os verbos no imperativo, característicos da função
referencial, não interferem na leitura do anúncio,
uma vez que o uso deles se trata de uma questão
meramente estilística.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
a) I.
b) II e III.
c) II, III e IV.
d) III, IV e V.
e) I e II.
portugues.indb 21 5/25/12 3:25 PM
22. 22
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Questão 2
Leia os textos 1 e 2 para resolver a questão.
Texto 1
O poder do e-mail
Um homem deixou as ruas cheias de São Paulo para tirar férias em Salvador. Sua esposa estava viajando a
negócios e planejava encontrá-lo no dia seguinte. Quando chegou ao hotel, resolveu mandar um e-mail
para sua mulher. Como não achou o papelzinho em que tinha anotado o endereço eletrônico dela, tirou da
memória o que lembrava e torceu para que estivesse certo. Infelizmente, ele errou uma letra, e a mensagem
foi para uma senhora, cujo marido havia morrido no dia anterior. Quando ela foi checar os seus e-mails,
desmaiou. Ao ouvir o grito, sua família correu para o quarto e leu o seguinte, na tela do monitor.
“Querida, acabei de chegar. Foi uma longa viagem. Apesar de só estar aqui há poucas horas, já estou
gostando muito. Falei aqui com o pessoal e está tudo preparado para sua chegada amanhã. Tenho certeza
que você também vai gostar...
Beijos do seu eterno e amoroso marido.
P.S.: Está fazendo um calor infernal aqui”.
(Revista Língua Portuguesa, Ano 3, no 42, Abril de 2009,Editora Segmento, São Paulo, p.10)
Texto 2
Disponível em: <http://www.digestivocultural.com/blog/imagens/2238-1.jpg> Acesso em: 08 mar.2012.)
portugues.indb 22 5/25/12 3:25 PM
23. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
23
Após comparar os dois textos, é correto dizer que:
a) o texto 1 apresenta a linguagem padrão, com se
observa nas expressões “encontrá-lo”, “uma senhora,
cujo marido”; e os quadrinhos somente a linguagem
informal, própria da fala.
b) o referente usado na carta “e-mail” e na conversa
do sobrinho com o tio é igual.
c) nos textos percebemos símbolos linguísticos
utilizados na comunicação escrita, como P.S no texto
1 e :.), no 2.
d) a função fática, que tem por finalidade abrir,
manter e fechar o canal de comunicação, permeia-se
por ambos os textos.
e) a comunicação processou-se pelo mesmo meio de
comunicação e pela mesma maneira.
Questão 3
(UFAL)
A análise das características gerais do Texto revela
que:
1) ele tem uma função predominantemente fática;
nele prevalecem a descrição e a utilização de uma
linguagem formal, que está adequada ao gênero em
que o texto se realiza.
2) sua função é prioritariamente referencial, embora
no início do segundo parágrafo se evidencie um
trecho metalingüístico; do ponto de vista tipológico,
é caracteristicamente expositivo.
3) nele, podem-se encontrar algumas marcas da
oralidade informal; por outro lado, sua linguagem é
eminentemente conotativa e, embora seja descritivo,
apresenta vários trechos injuntivos.
4) ele é um texto típico da linguagem escrita formal,
que apresenta um vocabulário específico, embora
numa formulação simples; cumpre uma função
informativa e está elaborado conforme a norma
padrão da nossa língua.
Estão corretas apenas:
a) 1 e 2
b) 2 e 3
c) 3 e 4
d) 1 e 3
e) 2 e 4
Questão 4
Leia as diferentes definições sobre a palavra desejo:
a primeira concepção retirada do dicionário Houaiss
e a segunda, de Adriana Falcão. Em seguida, indique
duas funções de linguagem possíveis para cada texto.
Justifique.
Desejo
Substantivo masculino
Ato ou efeito de desejar; aspiração humana diante
de algo que corresponda ao esperado; aspiração
humana de preencher um sentimento de falta ou
incompletude; querer, vontade.
Rubrica: psicanálise.
Segundo Sigmund Freud, moção psíquica que procura
restabelecer a situação da primeira satisfação;
expectativa consciente ou inconsciente de possuir
(um objeto) ou alcançar (determinada situação
O estudo dos gêneros não é novo, mas está na
moda.
O estudo dos gêneros textuais não é novo e,
no Ocidente, já tem pelo menos vinte e cinco
séculos, se considerarmos que sua observação
sistemática iniciou-se com Platão. O que hoje
se tem é uma nova visão do mesmo tema. Seria
gritante ingenuidade histórica imaginar que
foi nos últimos decênios do século XX que se
descobriu e iniciou o estudo dos gêneros textuais.
Portanto, uma dificuldade natural no tratamento
desse tema acha-se na abundância e diversidade
das fontes e perspectivas de análise. Não é
possível realizar aqui um levantamento sequer
das perspectivas teóricas atuais.
O termo “gênero” esteve, na tradição ocidental,
especialmente ligada aos gêneros literários,
cuja análise se inicia com Platão para se firmar
com Aristóteles, passando por Horácio e
Quintiliano, pela Idade Média, o Renascimento e
a Modernidade, até os primórdios do século XX.
Atualmente, a noção de gênero textual já não
mais se vincula apenas à literatura, mas é usada
em etnografia, sociologia, antropologia, retórica
e na linguística.
(MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise
de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola,
2008, p.147.)
portugues.indb 23 5/25/12 3:25 PM
24. 24
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
que supra uma aspiração do corpo ou do espírito);
ambição, exigência.
Regionalismo: Portugal.
Pesardevidoàausênciade(alguémoualgo);saudade.
(Dicionário Houaiss)
Desejo
Para o bebê, colo de mãe. Para mãe, riso de filho. Para
os cabelos, vento. Para chuva, pára-brisa. Para brisa,
rede. Para os olhos, paraíso. Para isolados, visita. Para
visita, atenção. Para teimosia, não. Para adolescentes,
chão. Para adulto, ser criança. Para sobreviver,
trabalho. Para trabalho, pagamento. Para pobreza,
justiça. Para cima, elevador. Para baixo, tobogã. Para
casados, liberdade. Para solteiros, companhia. Para
companhia, uma boa pessoa. Para pessoas em geral,
alegria. Para coisas, nomes. Para menina, cor de rosa.
Para flor, um regador. Para dor, anestesia. Para prazer,
suspiros. Para as mãos, aperto. Para os pés, descanso.
Para o cansaço, sono. Para mertiolate, sopro. Para
agonia, calma. Para a alma, céu. Para um corpo,
outro. Para a boca, beijo. E comida para todos.
(FALCÃO, Adriana. Pequeno dicionário de palavras ao
vento. 2.ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2005.p.30)
Questão 5
Em um texto, quase sempre, aparece mais de uma
função de linguagem. O essencial é notar aquela que
predomina. No anúncio publicitário ao lado, existe
mais de uma função. Identifique-as e justifique sua
escolha.
(Revista Veja. São Paulo : Abril. n.34. 24 ago. 2011.)
Anotações
portugues.indb 24 5/25/12 3:25 PM
25. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
25
Desvendando Operações
e Habilidades
Conversa inicial
Antes de entrarmos no assunto desta aula sobre
as operações do que é compreender, analisar e
interpretar; devemos ter clareza de que há dois
tipos de texto: o literário e o não literário (técnico).
Por que pensar nisso? Ora, o texto literário é
plurissignificativo e merece – portanto - um
olhar diferenciado em sua leitura. Isso porque ele
apresenta a função poética, há um compromisso
com a arte. Nesse tipo de texto, encontramos a
licença poética, ou seja, a autorização que o autor
possui para fugir da norma padrão. Não em razão
de não conhecê-la, mas a transgressão é fruto de
algo que o autor deseja dizer ao seu leitor. Já, nos
textos técnicos, a linguagem deve ser denotativa,
com isso encontramos a objetividade, clareza,
exatidão e norma padrão culta, constituindo
elementos essenciais para a elaboração do texto.
Assim, queremos deixar clara a importância do
olhar diferenciado para a leitura de um texto
literário e, técnico.
Desvendando Operações
e Habilidades
Na prova do Enem, você é convidado a enfrentar
novos desafios, e esses já se iniciam pelos
enunciados das questões, sejam elas das áreas
Matemática, Ciências da Natureza, Ciências
Humanas e Linguagens, Códigos e suas tecnologias.
Assim, na aula de hoje e nas duas subsequentes,
você aprenderá a lidar com operações e habilidades
valorizadas na matriz da prova Enem, tais como
relacionar um texto literário e não literário, analisar
afirmativas, interpretar textos de diferentes épocas,
compreender gráficos, dentre outras operações.
Compreender
“A compreensão de um texto abrange o
entendimento, a percepção do conteúdo global, da
mensagem que se pretende transmitir, das ideias
principais e da opinião do autor, mesmo que essa
seja contrária a nossa.”
(KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria.
Ler e Compreender os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2006.)
O foco da compreensão textual é:
- trabalhar com a paráfrase
- solicitar vocabulário
- aplicar os recursos linguísticos (regência, pontu-
ação, etimologia, emprego dos tempos verbais etc.)
- reconhecer o sentido denotativo e conotativo das
palavras
Então, compreensão = o que está explícito no texto.
Analisar
Análisedetextoconsistenomodocomootextoestá
organizado, a maneira como ele está construído, é a
arquitetura do texto.
O foco da análise textual é:
- reconhecer o intertexto;
- relacionar títulos ao texto;
- contextualizar a obra no tempo e no espaço;
- identificar a tipologia e o gênero textual;
- reconhecer as figuras de linguagem;
- levantar o problema abordado;
- verificar a coerência e a coesão textual;
- apreender a idéia central e as secundárias do texto;
- buscar a intencionalidade textual.
Logo, a análise aciona em algumas situações
conhecimentos prévios.
portugues.indb 25 5/25/12 3:25 PM
26. 26
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
Interpretar
Conforme Lino Macedo, um dos mentores da prova do Enem, interpretação “constitui sempre uma inferência
ou conclusão autorizada por sinais, indícios presentes em um texto. Interpretar supõe acrescentar sentido, ler
nas entrelinhas, preencher os vazios e, dentro dos limites de determinado material, ampliar o seu conteúdo.”
(MACEDO, Lino de. Esquemas de ação ou operações valorizadas na matriz ou prova do ENEM. In: Eixos Cognitivos
do ENEM, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Ministério da Educação,
Brasília, 2007.)
Para se chegar a uma boa interpretação de texto, temos que passar por outras operações mentais, como se
essas fossem passos intermediários. Por isso, as ações de compreender, analisar, comparar, levantar hipóteses
são alguns operadores que levam às inferências, ou seja, às entrelinhas do texto.
Interpretação = aquilo que está implícito no texto.
Exercícios
Questão 1
(UEM – PR)
MAFALDA QUINO
Quanto ao emprego dos elementos linguísticos utilizados nos quadrinhos a seguir, assinale a(s) alternativa(s) que
está(ão) correta(s):
a) Mafalda toma sopa com freqüência e a contragosto.
b) Mafalda entende que os assuntos importantes são alheios às relações familiares.
c) Mafalda vê os deveres de casa como uma obrigação inútil.
d) Mafalda, ao contrário de que escreve, não é mimada pela mãe.
e) Mafalda imagina que a professora tenha uma relação hipócrita com a própria mãe.
portugues.indb 26 5/25/12 3:25 PM
27. Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
27
Questão 2
(UFBA – BA)
Com base na leitura dos quadrinhos, que apresentam o diálogo entre as personagens Calvin (o garoto) e Haroldo (o
tigre) assinale a(s) alternativa(s) que está(ão) correta(s):
a) Os interlocutores estabelecem, no texto, uma interação conflituosa.
b) Haroldo demonstra predisposição para aceitar, sem discussão, as explicações de Calvin.
c) Os argumentos de Calvin expõem um ponto de vista inflexível sobre “o jogo”.
d) A argumentação de Calvin é acolhida por Haroldo no decorrer do “jogo”.
e) A última fala do tigre induz o leitor a uma suposição de que o seu interlocutor não age com lisura em seus negócios.
f) O humor da história é provocado pela ambiguidade das palavras na conversação.
g) A análise dos quadrinhos permite concluir que a visão de uma dada realidade pode variar, quando as pessoas, a
partir de seus interesses, falam de posições distintas.
portugues.indb 27 5/25/12 3:25 PM
28. 28
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Conhecimentos Gramaticais
1 A linguagem
na ponta da língua
tão fácil de falar
e de entender.4
7
A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que quer dizer?
10
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me,
sequestram-me.
13
Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a priminha.
16
O português são dois; o outro,
mistério.
(Carlos Drummond de Andrade. Esquecer para
lembrar, Rio de Janeiro: José Olympio, 1979.)
Questão 3
(Enem) Explorando a função emotiva da linguagem, o
poeta expressa o contraste entre marcas de variação
de usos da linguagem em:
a) situações formais e informais.
b) diferentes regiões do país.
c) escolas literárias distintas.
d) textos técnicos e poéticos.
e) diferentes épocas.
Questão 4
(Enem) No poema, a referência à variedade padrão da
língua está expressa no seguinte trecho:
a) “A linguagem / na ponta da língua” (v. 1 e 2).
b) “A linguagem / na superfície estrelada de letras”
(v. 5 e 6).
c) “[a língua] em que pedia para ir lá fora” (v. 14).
d) “[a língua] em que levava e dava pontapé” (v. 15).
e) “[a língua] do namoro com a priminha” (v. 17).
Questão 5
(UFF – RJ)
Com base na análise da charge, pode-se afirmar que:
a) nos desenhos, as palavras “prostituta, pobre,
paraíba”, no contexto, nomeando pessoas do mundo
real, classificam-se como adjetivos.
b) a expressão “Enquanto isso” estabelece uma
coesão de valor temporal entre a expressão dos fatos
apresentados na charge e outros que estão ocorrendo
em contextos distintos.
c) a expressão grifada em “Então montei uma
miniacademia” estabelece uma relação de concessão
com a frase anterior.
d) o emprego do diminutivo “ amiguinhos” ressalta a
atitude crítica da mãe em relação ao comportamento
das crianças.
e) as expressões do diálogo “... Do anúncio? É aqui,
sim!” são exemplos de frases nominais em discurso
indireto.
portugues.indb 28 5/25/12 3:25 PM