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Tendo em vista todo o benefício
ambiental da introdução do com-
ponente arbóreo nos sistemas e
da possibilidade de diversificação
da renda, a pecuária brasileira
não pode perder a oportunidade
de se consolidar como um impor-
tante player da silvicultura. "
a pecuária em sistemas integrados e as
Patricia Perondi Anchão Oliveira
Pesquisadora da Embrapa Pecuária de Corte - Sudeste
iplf - mudanças climáticas
O efeito estufa é um fenômeno natural impor-
tante que ocorre no planeta Terra e possibilita a
manutenção da temperatura global num ponto de
equilíbrio para garantir a vida terrestre tal como
conhecemos.
Entretanto, quando ocorre aumento da emissão
de gases de efeito estufa (GEE) de maneira des-
controlada por ações antrópicas, especialmente
pela queima de combustíveis fósseis e desmata-
mento, há formação de uma camada de poluentes
que funcionam como um isolante térmico reten-
do a temperatura, intensificando o efeito estufa
e provocando o aquecimento global no planeta.
Como consequência desse processo, temos as
mudanças climáticas, caracterizadas pelos desas-
tres climáticos, como derretimento das camadas
polares, aumento do nível do mar, secas, enchen-
tes, tempestades, tornados, tufões, maremotos.
Isso tudo pode afetar os ecossistemas, causar a
extinção de plantas e animais e, ainda, afetar ne-
gativamente a produção agropecuária. Vale res-
saltar que as mudanças climáticas não respeitam
as fronteiras entre os países, o que torna o fenô-
meno de responsabilidade mundial.
A pecuária é considerada uma das fontes de
emissão de gases de efeito estufa porque os ani-
mais ruminantes (bovinos,
ovinos, caprinos, bubali-
nos, entre outros), du-
rante seu processo di-
gestório, produzem,
de forma natural, o
gás metano, além
de seus dejetos poderem emitir gases de efeito estufa. Impor-
tante ressaltar que o sistema digestório dos ruminantes garante
a esses animais alimentarem-se das pastagens, não consumidas
por seres humanos, evitando competição por alimento entre as
duas espécies.
Esse fato também confere ao rebanho brasileiro, criado a
pasto em sua maioria, grande conforto, visto que vivem em seu
hábitat, evitando o estresse do confinamento. Já para a pecuária
de animais monogástricos, as emissões de GEE ocorrem, em
sua maioria, pelas emissões de seus dejetos.
Na pecuária, existe possibilidade de mitigação das emis-
sões de GEE pela redução da emissão do metano e do óxido
nitroso. A melhoria dos índices zootécnicos e o manejo ade-
quado das pastagens são importantes ações de mitigação e
ainda tornam os sistemas de produção menos dependentes de
área para produção de alimentos (pode-se produzir mais na
mesma área), o que reduz a pressão sobre a floresta, evitando
o desmatamento. Apesar da grande ênfase dada aos aspectos
envolvendo a emissão de metano entérico pelos ruminantes
e suas formas de mitigação, o maior potencial de mitigação
está no sequestro de carbono.
A pecuária, ao contrário da queima de combustíveis fós-
seis e do desmatamento, não é apenas uma emissora de gases
de efeito estufa, pois há, no seu ciclo, o sequestro de carbono –
uma forma de retirar da atmosfera o gás carbônico por meio
do processo de fotossíntese das plantas (que servem de
alimento para os animais) e armazená-lo no sistema solo-
-planta como carbono. Então, o que passa a ser importante
é o balanço entre as emissões de gases de efeito estufa e
os sumidouros (sequestro) de carbono de uma atividade. É
possível haver situações em que a retirada de poluentes pelo
sequestro de carbono seja maior que a emissão de GEE num
determinado sistema de produção.
mudanças climáticas
Opiniões
A partir da adoção de sistemas integrados (Integra-
ção Lavoura-Pecuária, Integração Lavoura-Pecuária-
-Floresta e silvipastoril), é possível reduzir a emissão de
GEE e aumentar o sequestro de carbono, quando utili-
zamos o plantio direto e introduzimos a floresta plantada
nos sistemas de produção. A introdução do componente
arbóreo pode dobrar a quantidade de abatimento das
emissões de GEE em relação aos sistemas que não têm
árvores, além de embutir no sistema todas as vantagens
relacionadas à arborização das pastagens (preservação
da água, conforto térmico aos animais, produção de pro-
dutos como frutos, óleos essenciais e madeira, tornan-
do-se fonte alternativa de renda, entre outras).
Técnicas de manejo, dentro dos sistemas de iLPF,
também podem contribuir para a melhoria dessa ques-
tão. Toda tecnologia que traga eficiência aos sistemas
de produção, diminuindo perdas, leva à melhoria das
questões ambientais, porque toda perda é um potencial
impacto ambiental negativo. Como exemplos, podemos
citar o uso de aditivos para diminuir a emissão de me-
tano, o uso racional de corretivos e fertilizantes, o me-
lhoramento genético com vistas a tornar mais eficiente o
uso de alimentos pelos animais associado à menor emis-
são de metano entérico, além de várias outras técnicas.
Sendo assim, além do empilhamento tecnológico
inerente ao sistema de iLPF, onde o produtor rural ne-
cessita de habilidades de pecuarista, agricultor e silvi-
cultor, ainda ele necessitará de conhecimento de técnicas
de manejo para mitigar as emissões de GEE. O atendi-
mento desses requisitos tornam os sistemas de produção
bastante complexos e exige mão de obra qualificada,
o que consiste em um grande desafio ao País. Para
um sistema de produção como o iLPF ser sustentá-
vel, não basta apenas atender a questões ambientais,
é necessário que haja retorno econômico ao produtor.
Além do sustento da sua própria família, ele preci-
sa ter condições financeiras de realizar contribuições
sociais, como o pagamento dos impostos, dos encar-
gos trabalhistas, o atendimento às normas de boas
práticas na produção dos alimentos, enfim, todos os
requisitos exigidos pela sociedade para a sustentabi-
lidade da pecuária. Além disso, estudos mostram que
a adoção das tecnologias que promovem a mitigação
das emissões de gases de efeito estufa depende mais
de questões econômicas do que da viabilidade técnica
das ações de mitigação propostas.
Tendo em vista todo o benefício ambiental (inclu-
sas as questões de emissão de GEE) da introdução do
componente arbóreo nos sistemas de produção pecuá-
rios brasileiros e da possibilidade de diversificação da
renda do produtor, a pecuária brasileira não pode perder
a oportunidade de se consolidar como um importante
player da silvicultura. Entretanto, para isso, é necessá-
ria ampla discussão sobre as questões econômicas dos
sistemas de iLPF, especialmente quando se considera
o alto montante financeiro exigido para o investimento
inicial, com fluxos de caixa comprometidos nos primei-
ros anos de adoção da tecnologia e um forte programa
de capacitação técnica do setor produtivo e da extensão
rural, dada a sua complexidade.
EQUIPAMENTOS ROBUSTOS PARA MANUSEIO DE MATERIAIS
(41)8852-5999/3287-2835
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Conecte-seconoscoatravésdenossapágina.
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AdisposiçãoparaoSetorFlorestal Brasileiro.
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PECUÁRIA E SEQUESTRO DE CARBONO

  • 1. 30 Tendo em vista todo o benefício ambiental da introdução do com- ponente arbóreo nos sistemas e da possibilidade de diversificação da renda, a pecuária brasileira não pode perder a oportunidade de se consolidar como um impor- tante player da silvicultura. " a pecuária em sistemas integrados e as Patricia Perondi Anchão Oliveira Pesquisadora da Embrapa Pecuária de Corte - Sudeste iplf - mudanças climáticas O efeito estufa é um fenômeno natural impor- tante que ocorre no planeta Terra e possibilita a manutenção da temperatura global num ponto de equilíbrio para garantir a vida terrestre tal como conhecemos. Entretanto, quando ocorre aumento da emissão de gases de efeito estufa (GEE) de maneira des- controlada por ações antrópicas, especialmente pela queima de combustíveis fósseis e desmata- mento, há formação de uma camada de poluentes que funcionam como um isolante térmico reten- do a temperatura, intensificando o efeito estufa e provocando o aquecimento global no planeta. Como consequência desse processo, temos as mudanças climáticas, caracterizadas pelos desas- tres climáticos, como derretimento das camadas polares, aumento do nível do mar, secas, enchen- tes, tempestades, tornados, tufões, maremotos. Isso tudo pode afetar os ecossistemas, causar a extinção de plantas e animais e, ainda, afetar ne- gativamente a produção agropecuária. Vale res- saltar que as mudanças climáticas não respeitam as fronteiras entre os países, o que torna o fenô- meno de responsabilidade mundial. A pecuária é considerada uma das fontes de emissão de gases de efeito estufa porque os ani- mais ruminantes (bovinos, ovinos, caprinos, bubali- nos, entre outros), du- rante seu processo di- gestório, produzem, de forma natural, o gás metano, além de seus dejetos poderem emitir gases de efeito estufa. Impor- tante ressaltar que o sistema digestório dos ruminantes garante a esses animais alimentarem-se das pastagens, não consumidas por seres humanos, evitando competição por alimento entre as duas espécies. Esse fato também confere ao rebanho brasileiro, criado a pasto em sua maioria, grande conforto, visto que vivem em seu hábitat, evitando o estresse do confinamento. Já para a pecuária de animais monogástricos, as emissões de GEE ocorrem, em sua maioria, pelas emissões de seus dejetos. Na pecuária, existe possibilidade de mitigação das emis- sões de GEE pela redução da emissão do metano e do óxido nitroso. A melhoria dos índices zootécnicos e o manejo ade- quado das pastagens são importantes ações de mitigação e ainda tornam os sistemas de produção menos dependentes de área para produção de alimentos (pode-se produzir mais na mesma área), o que reduz a pressão sobre a floresta, evitando o desmatamento. Apesar da grande ênfase dada aos aspectos envolvendo a emissão de metano entérico pelos ruminantes e suas formas de mitigação, o maior potencial de mitigação está no sequestro de carbono. A pecuária, ao contrário da queima de combustíveis fós- seis e do desmatamento, não é apenas uma emissora de gases de efeito estufa, pois há, no seu ciclo, o sequestro de carbono – uma forma de retirar da atmosfera o gás carbônico por meio do processo de fotossíntese das plantas (que servem de alimento para os animais) e armazená-lo no sistema solo- -planta como carbono. Então, o que passa a ser importante é o balanço entre as emissões de gases de efeito estufa e os sumidouros (sequestro) de carbono de uma atividade. É possível haver situações em que a retirada de poluentes pelo sequestro de carbono seja maior que a emissão de GEE num determinado sistema de produção. mudanças climáticas
  • 2. Opiniões A partir da adoção de sistemas integrados (Integra- ção Lavoura-Pecuária, Integração Lavoura-Pecuária- -Floresta e silvipastoril), é possível reduzir a emissão de GEE e aumentar o sequestro de carbono, quando utili- zamos o plantio direto e introduzimos a floresta plantada nos sistemas de produção. A introdução do componente arbóreo pode dobrar a quantidade de abatimento das emissões de GEE em relação aos sistemas que não têm árvores, além de embutir no sistema todas as vantagens relacionadas à arborização das pastagens (preservação da água, conforto térmico aos animais, produção de pro- dutos como frutos, óleos essenciais e madeira, tornan- do-se fonte alternativa de renda, entre outras). Técnicas de manejo, dentro dos sistemas de iLPF, também podem contribuir para a melhoria dessa ques- tão. Toda tecnologia que traga eficiência aos sistemas de produção, diminuindo perdas, leva à melhoria das questões ambientais, porque toda perda é um potencial impacto ambiental negativo. Como exemplos, podemos citar o uso de aditivos para diminuir a emissão de me- tano, o uso racional de corretivos e fertilizantes, o me- lhoramento genético com vistas a tornar mais eficiente o uso de alimentos pelos animais associado à menor emis- são de metano entérico, além de várias outras técnicas. Sendo assim, além do empilhamento tecnológico inerente ao sistema de iLPF, onde o produtor rural ne- cessita de habilidades de pecuarista, agricultor e silvi- cultor, ainda ele necessitará de conhecimento de técnicas de manejo para mitigar as emissões de GEE. O atendi- mento desses requisitos tornam os sistemas de produção bastante complexos e exige mão de obra qualificada, o que consiste em um grande desafio ao País. Para um sistema de produção como o iLPF ser sustentá- vel, não basta apenas atender a questões ambientais, é necessário que haja retorno econômico ao produtor. Além do sustento da sua própria família, ele preci- sa ter condições financeiras de realizar contribuições sociais, como o pagamento dos impostos, dos encar- gos trabalhistas, o atendimento às normas de boas práticas na produção dos alimentos, enfim, todos os requisitos exigidos pela sociedade para a sustentabi- lidade da pecuária. Além disso, estudos mostram que a adoção das tecnologias que promovem a mitigação das emissões de gases de efeito estufa depende mais de questões econômicas do que da viabilidade técnica das ações de mitigação propostas. Tendo em vista todo o benefício ambiental (inclu- sas as questões de emissão de GEE) da introdução do componente arbóreo nos sistemas de produção pecuá- rios brasileiros e da possibilidade de diversificação da renda do produtor, a pecuária brasileira não pode perder a oportunidade de se consolidar como um importante player da silvicultura. Entretanto, para isso, é necessá- ria ampla discussão sobre as questões econômicas dos sistemas de iLPF, especialmente quando se considera o alto montante financeiro exigido para o investimento inicial, com fluxos de caixa comprometidos nos primei- ros anos de adoção da tecnologia e um forte programa de capacitação técnica do setor produtivo e da extensão rural, dada a sua complexidade. EQUIPAMENTOS ROBUSTOS PARA MANUSEIO DE MATERIAIS (41)8852-5999/3287-2835 rotobecdobrasil@rotobec.com www.rotobec.com /rotobecdobrasil Conecte-seconoscoatravésdenossapágina. GARRAS E ROTATORES ROTOBEC Robustez,DisponibilidadeMecânicaeProdutividadedePadrãoInternacional AdisposiçãoparaoSetorFlorestal Brasileiro. Contate-nosparaconversarsobreassuasnecessidades.