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Geografia Urbana Aula 3
As CidadesAntigas As mais antigas cidades tinham em comum, a localização nos vales de grandes rios e uma organização dominante,  de caráter teocrático. (o líder era rei e chefe espiritual)  e um traço na sua estrutura interna do espaço: a elite sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o intercâmbio das idéias ( que permitiam o exercício da dominação sobre as outras classes sociais) como para elas ficarem menos expostas aos ataques externos.
Formas e modelosancestrais O estudo da origem das cidadeshaveria de se mostrarmaisclaro, não fosse o fato de que: A maior parte das alteraçõescríticasteveramlugar antes de seraberto o registrohistórico, Nenhumacidadeantigafoi, atéhoje, completamentedesenterrada,
E algumas das maisantigas, quepoderiamrevelarmuitacoisa, continuamaindaexistindocomolugares de morada, obstinadamenteimunesàpá do escavador. As lacunas existentessãoatordoantes: Cinco mil anos de históriaurbana e outro tanto  de história proto-urbanase achamespalhadosporalgumasdezenas de sítiosapenasparcialmenteexplorados.
Osgrandesmarcosurbanos: Ur, Nipur, Uruk, Tebas, Heliópoles, AssurNínive, Babilônia, cobrem um período de 3.0000 anos, emqueháumaenormeausência. Risco de especulação, Imperfeição dos vestígios
As duasgrandescivilizaçõesemque a cidade a princípioprovavelmentetomou forma, o Egito e a Mesopotâmia, apresentamenormescontrastes. E estes se tornammaisagudos se incluirmos a Palestina, o Irã, e o vale do Indo. Por um ladotornamsignificantesalternativasnarevoluçãourbana, por outro, tornamdifícilqualquertentativa de compor um quadrogeral das origens da cidade.
As ruínas das antigascidades, devemserencaradosseparadamente, antes de juntá-los parasondar o seu valor e significado. Cidadesqueforamaumentando a suaáreaconstruída e suapopulação. Desenvolvendoumaarquiteturamonumental,como a do Egito, mas também a astronomia, a escrita, a organizaçãomilitar, a construção de canais, o comércio, a manufatura etc.
Entretanto, o tamanho normal da cidadeantigaé de cerca de duas mil atévinte mil pessoas, próximos do quechamaríamoshoje de um bairroresidencial; As cidadesconservavam as intimidades e solidariedades da comunidadeprimária.
Na suaestrutura, as residênciasmaisricasapresentavam casas com muitoscômodos, atépalácios com muitosaposentos; A casa separadanãoexistianacidadeantiga, O retiro e a liberdadeeram, originariamente, atributos do palácio, reservados, aolado de muitos outros hábitos e propriedade, a pequenogrupo de nobres e funcionáriosqueserviamaosgovernantes.
A vilasuburbana, situadalivremente, no meio de um jardim, aparecemuitocedonaspinturasegípiciase nosmodelostumulares. Outro elemento a serdestacado: a muralha, mais do quedefinir o espaço da cidadeelaservia da proteçãoparaosgovernantes. Aoredordestacidadela, podia haver as aldeiastributárias
Háexcessões, no que se refere a muralha. Porexemplo: O antigoEgitoas barreirasnaturaisdavamàssuascidades e aldeias, emcertosperíodos, umaimunidadecoletiva; Roma Imperial devidoaovastoexércitoouuma colossal construção de barricadas de alvenaria, atravessando o país, dispersavam as muralhaslocais.
Outro fatorcondicionante do tamanho das cidades, muitofrequentementeesquecido: nãoapenas a disponibilidade de águaou de alimento, mas a variação dos sistemascoletivos de comunicação. Platãolimitava o tamanho de suacidade ideal aonúmero de cidadãos a queumaúnicavoz se poderiadirigir.
Outralimitação era o número dos quepoderiamserajuntadosdentro dos recintossagradosparatomar parte nasgrandescerimôniasperiódicas. As cidadesmesopotâmicastinham um tambor de reunir, asssimcomo as cidadesmedievaisutilizavam o sino de umatorre de igrejaparaajuntarseuscidadãos.
As cidadesantigasnãocresceramalém das distâncias de caminhadaou de audição. Na idadeMédia, ficardentro do alcance dos sinosdefiniaoslimites da City de Londres. Atéque outros sistemas de comunicaçãoemmassafosseminventados, no séc. XIX, estescontavam-se entre oslimitesefetivos do crescimentourbano.
Àmedidaque a cidade se desenvolve, passaser o centro de umarede de comunicações, O tamanhorestrito da cidadeantiga, contanosalgosobre a suavidaurbana: foiapenas no palácio e no temploqueosmeios de comunicação se multiplicaram, Segregados da populaçãocomo um todo O podercentralizadoapoiva-se no sigilo.
Urbanismo e Monumentalidade
A cidadenaidademédia Haveria mais semelhanças entre a cidade contemporânea e a cidade medieval do que entre a cidade medieval e a antiga.  interrogar a cidade na longa duração que começa, a seu ver, na idade média.
A cidade se estende para todos os lados hoje, e os terrenos próximos dos aeroportos ou das novas confluências de vias podem tornar-se mais caros que o centro. Os equilíbrios tradicionais da urbanização não foram rompidos em proveito da periferia?
A cidade da Idade Média é uma sociedade abundante, concentrada num pequeno espaço, um lugar de produção e de trocas em que se mesclam o artesanato e o comércio alimentados por uma economia monetária .
Apresenta o novo sistema de valores nascido da prática laboriosa e criadora do trabalho, do gosto pelo negócio e pelo dinheiro. É assim que se delineiam, ao mesmo tempo, um ideal de igualdade e uma divisão social da cidade.
Acidade concentra também os prazeres, os da festa, os dos diálogos na rua, nas tabernas, nas escolas, nas igrejas e mesmo nos cemitérios.  Uma concentração de criatividade de que dá origiema universidade que adquire rapidamente poder e prestígio, na falta de uma plena autonomia.
Uma situação medieval é que persiste uma certa atividade rural na cidade. A cidade, portanto, pode ser penetrada pelo campo; não seria pertinente definir, a esse respeito, uma separação absoluta.
Desruralização  da cidade no século XIX, desindurtrialização no século XX, a cidade contemporânea perdura, contudo, na sua essência. E sua essência está em outro lugar, na função da troca.  
Na sociedade antiga, o grande domínio, a villa, era um centro de produção e de comercialização que reduzia a função econômica das cidades. A cidade nos termos que a conhecemos hoje tem seu início na idade média.
Desenvolvimento financeiro: cambio, empréstimo a juros.   Exploração do trabalho a partir dos aluguéis cobrados pelo teto, nas duas grandes atividades da idade  média: a construção e a teceleagem.   As cidades medievais eram portos, os marinheiros não eram bem vistos porque não tinham teto.
Operários precarizados, embora fosse raro, eram responsáveis por revoltas urbanas que foram  importantes e ocorreram no século XIV. A partir do século XIII, mas sobretudo a partir do século XIV, um novo tipo de população urbana que são os marginais, para os quais é extremamente frágil o limite entre a pobreza, miséria e crime, mais ainda para as mulheres, que se debatem entre a miséria e a prostituição.
O camponês é desvalorizado pelo trabalho. Uma valorização do trabalho só vai ocorrer lentamente nos monastérios. A partir do séc. IX, a difusão, em toda a cristandade, da regra de São Bento, que insiste muito na importância do trabalho manual e que representa um acontecimento muito importante para a história do ocidente. A grande valorização do trabalho se dá na cidade.
Esta é uma das funções históricas fundamentais da cidade: nela são vistos os resultados criadores e produtivos do trabalho
Exemplo de Paris medieval, dividida por três espaços: o econômico, o político e o universitário.  Se pensarmos na longa duração, as funções essenciais de uma cidade são a troca, a informação, a vida cultural e o poder.  As funções de produção – o setor secundário – constituem apenas um momento da história das cidades, notadamente no século XIX, com a revolução industrial, visível sobretudo nos subúrbios situados na periferia. Elas podem desfazer-se; a função da cidade permanece.
A mendicância se não é louvada é ao menos reconhecida. Na igreja, as novas ordens do século XIII, dominicanos e franciscanos, denominam a si mesmas ordens mendicantes. O mendicante é quase desejado na cidade, ele permite ao burguês trabalhar pela sua salvação oferecendo esmolas.    O estrangeiro, durante muito tempo, é recebido, antes com interesse, curiosidade e honra, do que como objeto de repulsa e desprezo. Sobretudo o estrangeiro que traz uma nova maneira de bordar, uma nova técnica de ourivesaria e que a cidade adota, ainda mais quando essa técnica pode transformar a habilidade de um indivíduo numa produção em série.
O Papel da moradia,  Papel das universidades: A universidade encontrou na cidade o húmus e as instituições. Isto é, de um lado, os mestres e os estudantes, e, de outro, as formas corporativas, que lhe permitiam existir, funcionar e adquirir poder e prestígio (Artes –letras e ciências – medicina, direito e teologia).
Vai-se a cidade também em razão de suas festas. Ressurgimento tímido  do teatro nas igrejas e monastérios, predominância das festas religiosas. Na alta idade média o carnaval – festa pagã camponesa- invade a cidade. Introduz uma forte contestação ideológica. O carnaval  transforma-se em algo que se opõe a quaresma.
A cidade na Idade Média é um espaço fechado. A muralha a define. Penetra-se nela por portas e caminha por suas ruas infernais que, felizmente, desembocam em praças paradisíacas. Ela é guarnecida de torres, torres das igrejas, das casas dos ricos e da muralha que a cerca. Lugar de cobiça, a cidade aspira à segurança.
A segurança é, sobretudo, uma obsessão urbana, muito consciente e muito viva. A cidade é, com relação ao campo, à estrada e ao mar, um pólo de atração de segurança. A defesa do domicílio e, sobretudo, do domicílio urbano eram amplamente difundidas.  
A cidade, ou mais exatamente as pessoas que a encarnam, isto é, os burgueses, aqueles que tem o direito de burguesia, sãouma sociedade de iguais e isso é uma revolução – pois o modelo teórico burguês inicial dos homens iguais no direito – As cidades são portanto, uma revolução, porque torna os homens livres e iguais, mesmo que na realidade, com freqüência, permaneça longe do ideal.
Nascido da força e das aspirações dos mercadores e dos artesãos pela liberdade econômica e pela liberdade pura e simples, o movimento comunal – que prenuncia nossas municipalidades – arranca o poder aos senhores e consagra os burgueses.
É na cidade que se passa da família ampliada à família nuclear, mas os grandes burgueses concebem um governo à imagem de seus clãs familiares.
O “bom governo” tende a imitar o modelo do príncipe justo, num espaço mais restrito no qual se podem diversificar as experiências políticas, com exceção da heresia. A cidade respeita a Igreja e com freqüência se coloca a seu serviço.  A injustiça, mais do que a corrupção, ao contrário de hoje, gera a indignação do pobres e dos reformadores.  As revoltas urbanas insurgem-se contra a tendência despótica do príncipe, coletor de impostos, e contra a dominação de algumas famílias que rompem o primitivo contrato comunal de igualdade.
O bom  governo é um tema fundamental de ideologia política, As duas palavras de ordem são paz e justiça, Faz reinar a paz e a segurança e uma tributação justa. também aquele que faz reinar a religião, isto é, permite a igreja exercer seu apostolado. Enfim, o bom governo deve fazer funcionar instituições relativamente democráticas, relativamente igualitárias.
A cidade medieval foi, mais do que hoje, um campo de experiências sociais e políticas.   Século XV período de revoltas urbanas. Revolta dos trabalhadores têxteis (Florença, 1378) por ex. p. 104-105.   A revolta se dá, sobretudo, contra a injustiça. 
A idade média opõe a cidade, lugar de civilização ao campo, lugar de rusticidade. E num mesmo movimento, afirma sua altivez num desejo de construir em direção ao céu, uma verticalidade expressa pelas torres medievais. Oposição cidade/campo – o lugar mais selvagem é a floresta.  
O urbano é feito da imbricação entre a cidade real e a cidade imaginada, sonhada por seus habitantes e por aqueles que trazem à luz, detentores do poder e artistas.
A cidadesemfimou o fim da cidade A forma da cidade muda mais depressa, lamentavelmente, do que o coração de um mortal (Baudelaire) A cidade atual caminha em direção ao policentrismo O centro sobrevive e provavelmente sobreviverá por muito tempo pelo recurso do imaginário. O imaginário urbano que se formou na idade média é, provavelmente, aquele que melhor sobrevive, hoje ainda, a um modelo urbano que perdurou do séc. XI ao XX.
Na idade média a cidade possuía uma beleza viva, e hoje ela está prestes a conceber novos encantos que irão renovar sua sedução.

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  • 2. As CidadesAntigas As mais antigas cidades tinham em comum, a localização nos vales de grandes rios e uma organização dominante, de caráter teocrático. (o líder era rei e chefe espiritual) e um traço na sua estrutura interna do espaço: a elite sempre morava no centro. Isto servia tanto para facilitar o intercâmbio das idéias ( que permitiam o exercício da dominação sobre as outras classes sociais) como para elas ficarem menos expostas aos ataques externos.
  • 3. Formas e modelosancestrais O estudo da origem das cidadeshaveria de se mostrarmaisclaro, não fosse o fato de que: A maior parte das alteraçõescríticasteveramlugar antes de seraberto o registrohistórico, Nenhumacidadeantigafoi, atéhoje, completamentedesenterrada,
  • 4. E algumas das maisantigas, quepoderiamrevelarmuitacoisa, continuamaindaexistindocomolugares de morada, obstinadamenteimunesàpá do escavador. As lacunas existentessãoatordoantes: Cinco mil anos de históriaurbana e outro tanto de história proto-urbanase achamespalhadosporalgumasdezenas de sítiosapenasparcialmenteexplorados.
  • 5. Osgrandesmarcosurbanos: Ur, Nipur, Uruk, Tebas, Heliópoles, AssurNínive, Babilônia, cobrem um período de 3.0000 anos, emqueháumaenormeausência. Risco de especulação, Imperfeição dos vestígios
  • 6. As duasgrandescivilizaçõesemque a cidade a princípioprovavelmentetomou forma, o Egito e a Mesopotâmia, apresentamenormescontrastes. E estes se tornammaisagudos se incluirmos a Palestina, o Irã, e o vale do Indo. Por um ladotornamsignificantesalternativasnarevoluçãourbana, por outro, tornamdifícilqualquertentativa de compor um quadrogeral das origens da cidade.
  • 7. As ruínas das antigascidades, devemserencaradosseparadamente, antes de juntá-los parasondar o seu valor e significado. Cidadesqueforamaumentando a suaáreaconstruída e suapopulação. Desenvolvendoumaarquiteturamonumental,como a do Egito, mas também a astronomia, a escrita, a organizaçãomilitar, a construção de canais, o comércio, a manufatura etc.
  • 8. Entretanto, o tamanho normal da cidadeantigaé de cerca de duas mil atévinte mil pessoas, próximos do quechamaríamoshoje de um bairroresidencial; As cidadesconservavam as intimidades e solidariedades da comunidadeprimária.
  • 9. Na suaestrutura, as residênciasmaisricasapresentavam casas com muitoscômodos, atépalácios com muitosaposentos; A casa separadanãoexistianacidadeantiga, O retiro e a liberdadeeram, originariamente, atributos do palácio, reservados, aolado de muitos outros hábitos e propriedade, a pequenogrupo de nobres e funcionáriosqueserviamaosgovernantes.
  • 10. A vilasuburbana, situadalivremente, no meio de um jardim, aparecemuitocedonaspinturasegípiciase nosmodelostumulares. Outro elemento a serdestacado: a muralha, mais do quedefinir o espaço da cidadeelaservia da proteçãoparaosgovernantes. Aoredordestacidadela, podia haver as aldeiastributárias
  • 11. Háexcessões, no que se refere a muralha. Porexemplo: O antigoEgitoas barreirasnaturaisdavamàssuascidades e aldeias, emcertosperíodos, umaimunidadecoletiva; Roma Imperial devidoaovastoexércitoouuma colossal construção de barricadas de alvenaria, atravessando o país, dispersavam as muralhaslocais.
  • 12. Outro fatorcondicionante do tamanho das cidades, muitofrequentementeesquecido: nãoapenas a disponibilidade de águaou de alimento, mas a variação dos sistemascoletivos de comunicação. Platãolimitava o tamanho de suacidade ideal aonúmero de cidadãos a queumaúnicavoz se poderiadirigir.
  • 13. Outralimitação era o número dos quepoderiamserajuntadosdentro dos recintossagradosparatomar parte nasgrandescerimôniasperiódicas. As cidadesmesopotâmicastinham um tambor de reunir, asssimcomo as cidadesmedievaisutilizavam o sino de umatorre de igrejaparaajuntarseuscidadãos.
  • 14. As cidadesantigasnãocresceramalém das distâncias de caminhadaou de audição. Na idadeMédia, ficardentro do alcance dos sinosdefiniaoslimites da City de Londres. Atéque outros sistemas de comunicaçãoemmassafosseminventados, no séc. XIX, estescontavam-se entre oslimitesefetivos do crescimentourbano.
  • 15. Àmedidaque a cidade se desenvolve, passaser o centro de umarede de comunicações, O tamanhorestrito da cidadeantiga, contanosalgosobre a suavidaurbana: foiapenas no palácio e no temploqueosmeios de comunicação se multiplicaram, Segregados da populaçãocomo um todo O podercentralizadoapoiva-se no sigilo.
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  • 21. A cidadenaidademédia Haveria mais semelhanças entre a cidade contemporânea e a cidade medieval do que entre a cidade medieval e a antiga.  interrogar a cidade na longa duração que começa, a seu ver, na idade média.
  • 22. A cidade se estende para todos os lados hoje, e os terrenos próximos dos aeroportos ou das novas confluências de vias podem tornar-se mais caros que o centro. Os equilíbrios tradicionais da urbanização não foram rompidos em proveito da periferia?
  • 23. A cidade da Idade Média é uma sociedade abundante, concentrada num pequeno espaço, um lugar de produção e de trocas em que se mesclam o artesanato e o comércio alimentados por uma economia monetária .
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  • 25. Apresenta o novo sistema de valores nascido da prática laboriosa e criadora do trabalho, do gosto pelo negócio e pelo dinheiro. É assim que se delineiam, ao mesmo tempo, um ideal de igualdade e uma divisão social da cidade.
  • 26. Acidade concentra também os prazeres, os da festa, os dos diálogos na rua, nas tabernas, nas escolas, nas igrejas e mesmo nos cemitérios. Uma concentração de criatividade de que dá origiema universidade que adquire rapidamente poder e prestígio, na falta de uma plena autonomia.
  • 27. Uma situação medieval é que persiste uma certa atividade rural na cidade. A cidade, portanto, pode ser penetrada pelo campo; não seria pertinente definir, a esse respeito, uma separação absoluta.
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  • 30. Desruralização da cidade no século XIX, desindurtrialização no século XX, a cidade contemporânea perdura, contudo, na sua essência. E sua essência está em outro lugar, na função da troca.  
  • 31. Na sociedade antiga, o grande domínio, a villa, era um centro de produção e de comercialização que reduzia a função econômica das cidades. A cidade nos termos que a conhecemos hoje tem seu início na idade média.
  • 32. Desenvolvimento financeiro: cambio, empréstimo a juros.   Exploração do trabalho a partir dos aluguéis cobrados pelo teto, nas duas grandes atividades da idade média: a construção e a teceleagem.   As cidades medievais eram portos, os marinheiros não eram bem vistos porque não tinham teto.
  • 33. Operários precarizados, embora fosse raro, eram responsáveis por revoltas urbanas que foram importantes e ocorreram no século XIV. A partir do século XIII, mas sobretudo a partir do século XIV, um novo tipo de população urbana que são os marginais, para os quais é extremamente frágil o limite entre a pobreza, miséria e crime, mais ainda para as mulheres, que se debatem entre a miséria e a prostituição.
  • 34. O camponês é desvalorizado pelo trabalho. Uma valorização do trabalho só vai ocorrer lentamente nos monastérios. A partir do séc. IX, a difusão, em toda a cristandade, da regra de São Bento, que insiste muito na importância do trabalho manual e que representa um acontecimento muito importante para a história do ocidente. A grande valorização do trabalho se dá na cidade.
  • 35. Esta é uma das funções históricas fundamentais da cidade: nela são vistos os resultados criadores e produtivos do trabalho
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  • 37. Exemplo de Paris medieval, dividida por três espaços: o econômico, o político e o universitário. Se pensarmos na longa duração, as funções essenciais de uma cidade são a troca, a informação, a vida cultural e o poder. As funções de produção – o setor secundário – constituem apenas um momento da história das cidades, notadamente no século XIX, com a revolução industrial, visível sobretudo nos subúrbios situados na periferia. Elas podem desfazer-se; a função da cidade permanece.
  • 38. A mendicância se não é louvada é ao menos reconhecida. Na igreja, as novas ordens do século XIII, dominicanos e franciscanos, denominam a si mesmas ordens mendicantes. O mendicante é quase desejado na cidade, ele permite ao burguês trabalhar pela sua salvação oferecendo esmolas.   O estrangeiro, durante muito tempo, é recebido, antes com interesse, curiosidade e honra, do que como objeto de repulsa e desprezo. Sobretudo o estrangeiro que traz uma nova maneira de bordar, uma nova técnica de ourivesaria e que a cidade adota, ainda mais quando essa técnica pode transformar a habilidade de um indivíduo numa produção em série.
  • 39. O Papel da moradia,  Papel das universidades: A universidade encontrou na cidade o húmus e as instituições. Isto é, de um lado, os mestres e os estudantes, e, de outro, as formas corporativas, que lhe permitiam existir, funcionar e adquirir poder e prestígio (Artes –letras e ciências – medicina, direito e teologia).
  • 40. Vai-se a cidade também em razão de suas festas. Ressurgimento tímido do teatro nas igrejas e monastérios, predominância das festas religiosas. Na alta idade média o carnaval – festa pagã camponesa- invade a cidade. Introduz uma forte contestação ideológica. O carnaval transforma-se em algo que se opõe a quaresma.
  • 41.
  • 42. A cidade na Idade Média é um espaço fechado. A muralha a define. Penetra-se nela por portas e caminha por suas ruas infernais que, felizmente, desembocam em praças paradisíacas. Ela é guarnecida de torres, torres das igrejas, das casas dos ricos e da muralha que a cerca. Lugar de cobiça, a cidade aspira à segurança.
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  • 44. A segurança é, sobretudo, uma obsessão urbana, muito consciente e muito viva. A cidade é, com relação ao campo, à estrada e ao mar, um pólo de atração de segurança. A defesa do domicílio e, sobretudo, do domicílio urbano eram amplamente difundidas.  
  • 45. A cidade, ou mais exatamente as pessoas que a encarnam, isto é, os burgueses, aqueles que tem o direito de burguesia, sãouma sociedade de iguais e isso é uma revolução – pois o modelo teórico burguês inicial dos homens iguais no direito – As cidades são portanto, uma revolução, porque torna os homens livres e iguais, mesmo que na realidade, com freqüência, permaneça longe do ideal.
  • 46. Nascido da força e das aspirações dos mercadores e dos artesãos pela liberdade econômica e pela liberdade pura e simples, o movimento comunal – que prenuncia nossas municipalidades – arranca o poder aos senhores e consagra os burgueses.
  • 47. É na cidade que se passa da família ampliada à família nuclear, mas os grandes burgueses concebem um governo à imagem de seus clãs familiares.
  • 48. O “bom governo” tende a imitar o modelo do príncipe justo, num espaço mais restrito no qual se podem diversificar as experiências políticas, com exceção da heresia. A cidade respeita a Igreja e com freqüência se coloca a seu serviço. A injustiça, mais do que a corrupção, ao contrário de hoje, gera a indignação do pobres e dos reformadores. As revoltas urbanas insurgem-se contra a tendência despótica do príncipe, coletor de impostos, e contra a dominação de algumas famílias que rompem o primitivo contrato comunal de igualdade.
  • 49. O bom governo é um tema fundamental de ideologia política, As duas palavras de ordem são paz e justiça, Faz reinar a paz e a segurança e uma tributação justa. também aquele que faz reinar a religião, isto é, permite a igreja exercer seu apostolado. Enfim, o bom governo deve fazer funcionar instituições relativamente democráticas, relativamente igualitárias.
  • 50. A cidade medieval foi, mais do que hoje, um campo de experiências sociais e políticas.   Século XV período de revoltas urbanas. Revolta dos trabalhadores têxteis (Florença, 1378) por ex. p. 104-105.   A revolta se dá, sobretudo, contra a injustiça. 
  • 51. A idade média opõe a cidade, lugar de civilização ao campo, lugar de rusticidade. E num mesmo movimento, afirma sua altivez num desejo de construir em direção ao céu, uma verticalidade expressa pelas torres medievais. Oposição cidade/campo – o lugar mais selvagem é a floresta.  
  • 52. O urbano é feito da imbricação entre a cidade real e a cidade imaginada, sonhada por seus habitantes e por aqueles que trazem à luz, detentores do poder e artistas.
  • 53. A cidadesemfimou o fim da cidade A forma da cidade muda mais depressa, lamentavelmente, do que o coração de um mortal (Baudelaire) A cidade atual caminha em direção ao policentrismo O centro sobrevive e provavelmente sobreviverá por muito tempo pelo recurso do imaginário. O imaginário urbano que se formou na idade média é, provavelmente, aquele que melhor sobrevive, hoje ainda, a um modelo urbano que perdurou do séc. XI ao XX.
  • 54. Na idade média a cidade possuía uma beleza viva, e hoje ela está prestes a conceber novos encantos que irão renovar sua sedução.