Este documento apresenta um estudo sobre o jornalismo praticado na rede social Twitter. Ele discute como o Twitter vem influenciando a forma de fazer jornalismo através de publicações curtas de até 140 caracteres. O estudo realizou uma revisão bibliográfica, observação sistemática de perfis jornalísticos no Twitter e entrevistas com jornalistas. Constatou-se que o Twitter permite um contato mais direto com o público, compartilhamento de conteúdos pessoais e promocionais, além de facilitar a circulação
3. 3
Aline Aparecida Vonsovicz
JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso de Comunicação Social, habilitação em
Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e
Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná, como
requisito parcial para a obtenção de título de
graduação.
Orientadora: Professora Dra. Claudia Quadros.
CURITIBA
2010
5. 5
AGRADECIMENTOS
Enfim, quatro anos.
Quatro anos de luta, dedicação, amigos, alegrias, diversão, estudos,
seminários, pesquisas, tristezas, decepções, festas e livros.
Se fosse descrever cada aprendizado nesta conquista, faltariam páginas e
também palavras. Cada sentimento tem o sabor único e de vitória estampada no
sorriso: eu consegui.
E por insistência. Pelo desafio de chegar aqui e de querer fazer a diferença.
Bem Aline, agora você conseguiu.
E com a ajuda de Deus, ser imaginário e presente que apóia e consola
qualquer ser em todas as horas.
Com a ajuda de meus pais, Miguel e Sueli, que mesmo sem demonstrar,
sempre estiveram ali, do meu lado na escolha do jornalismo como profissão. E
também a minha irmã Suelen, publicitária de mão cheia, que puxou minha orelha
quando necessário e elogiou quando era preciso.
Com a ajuda de professores espetaculares. Gostaria de descrevê-los um a
um, mas como disse anteriormente, faltarão páginas neste TCC. Cada um ensinou
um algo novo e o melhor de tudo: faça jornalismo de maneira correta, ética e
autêntica. Em especial, três professoras essenciais: Profª. Drª. Claudia Quadros,
pela imprescindível orientação neste TCC; Profª. Drª. Adriana Amaral, que me fez
abrir os olhos para o jornalismo digital; e Profª Drª Kati Caetano, que me fez
descobrir o sabor da pesquisa.
6. 6
Não chegaria aqui sem a ajuda dos amigos. Sim, verdadeiros amigos destes
quatro anos de graduação. Em especial a duas flores, que quero sempre por perto:
Laís Dlugosz e Bárbara Braga. Sem palavras.
Com a ajuda dos jornalistas entrevistados também cheguei aqui: Luís Celso
Jr., Gabriela Zago e Giovanna Lima. Este TCC só teve a ganhar com a experiência
de cada um.
Em especial, as pessoas da Universidade Tuiuti do Paraná. Esta instituição
trabalha com pessoas de verdade, com coração. São pessoas para a vida toda.
Agora outra etapa começa. E eu estou ansiosa para que chegue logo.
7. 7
A pertinência de qualquer pesquisa está nas perguntas, não nas respostas.
Felipe Pena.
8. 8
RESUMO
O presente TCC - Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo estudar os
efeitos do Twitter sobre o fazer jornalístico. O Twitter é uma rede social digital
denominada de microblog. Foi criada em 2006 nos Estados Unidos. No Brasil, o uso
do Twitter teve o seu boom no ano de 2009, logo após a morte de Michael Jackson.
Neste estudo, parte-se de princípios básicos do jornalismo e de transformações que
ocorrem no dia-a-dia de uma redação quando novos sistemas de comunicação
surgem. Alguns eixos temáticos, como jornalismo participativo, redes sociais e
microblogs, foram fundamentais para o desenvolvimento deste TCC. Entre os
autores que nortearam este estudo, estão Quadros, Recuero e Zago. Por meio de
estudo de casos, apontamos algumas influências do Twitter sobre a forma de fazer
jornalismo em 140 caracteres e a importância do público no processo jornalístico.
Para compreender esse fenômeno, foi realizada uma metodologia híbrida composta
de entrevistas, observação sistemática e revisão bibliográfica.
Palavras-chave: jornalismo, twitter, redes sociais, participação, público, processo
jornalístico.
9. 9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER .................................................. 28
FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER ................................................................ 29
FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER .......................................... 30
FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR. .................................. 33
FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA ................................. 33
FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO ............................. 34
FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR. ............................................ 36
FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO ........................................... 36
FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA ............................................ 37
FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO ............................................ 38
FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA ............................................ 38
FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR. ............................................. 39
FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO.................................. 40
FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR. ................................... 40
FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA .................................. 41
FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR. .......................................... 42
FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA ......................................... 42
FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA ......................................................... 43
FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO ........................................................ 44
FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR............................. 45
10. 10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 15
3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA .............................................. 17
3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM .............................................................. 17
3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO ........................................... 18
3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES ............................................................ 20
3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO ................................. 21
3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO
............................................................................................................................. 22
4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO .................................................................... 25
4.1 TWITTER........................................................................................................ 27
5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 31
5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ...................................................................... 31
5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS ............................................................ 34
5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS .......................................................... 35
5.3.1 Contato com o público ............................................................................ 35
5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia .............................................................. 37
5.3.3 Autopromoção......................................................................................... 39
5.3.4 Links ....................................................................................................... 41
5.3.5 RTs ou Retweets .................................................................................... 43
5.3.6 Localização ............................................................................................. 44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 49
ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE
CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010. ......................... 52
ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE
JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010............................... 53
ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO
JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010. ... 55
11. 11
1 INTRODUÇÃO
Este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC tem a intenção de trazer à tona
algumas reflexões sobre o jornalismo realizado na rede social/microblog Twitter 1 ,
com o objetivo de observar as possíveis transformações no fazer jornalístico com o
seu uso.
O Twitter, considerado uma ferramenta de micromensagens e rede social,
serve tanto para a produção, como também para a difusão de conteúdos
jornalísticos (ZAGOb, 2008). Esta rede social permite ao usuário a publicação de
mensagens em até 140 caracteres, destinadas ou não a outro emissor, através de
replies (@ + nome do usuário). Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e
hastags 2 que facilitam a busca de informações desejadas.
A presença do usuário nestas redes sociais digitais, como o Twitter, o Orkut 3
e o Facebook 4 , fazem parte do fenômeno denominado de Web 2.0. Para O’Reilly
(2005), esse termo refere-se ao surgimento de uma nova plataforma que privilegia a
participação do público.
O autor ressalta que as principais diferenças entre os termos estão entre os
sites estáticos, sem atualizações constantes e apenas moderado por uma pessoa
(Web 1.0) e blogs dinâmicos, com recursos extras, tags e a possibilidade de
participação do público (Web 2.0).
O surgimento de novas tecnologias, o acesso facilitado à internet, a
produção móvel de conteúdo e a participação do público são algumas das
influências que alteraram a maneira de fazer jornalismo. Muitas dessas novas
1
http://twitter.com/
2
Hastags ou tags são palavras-chave vinculadas a textos, posts ou tweets que possibilitam a localização do
material quando digitada esta palavra no buscador. Podem vir acompanhadas de #.
3
http://orkut.com/
4
http://facebook.com/
12. 12
tecnologias se constituem em novas ferramentas que facilitaram e mudaram o
processo de apuração, produção, publicação e circulação da informação.
Os meios digitais promoveram o acesso à notícia, mas não determinaram o
fim dos demais veículos tradicionais. Quando a televisão foi criada, muitos
acreditaram ser o fim do rádio, mas a reestruturação da linguagem restabeleceu a
força desse meio que até hoje continua sendo bastante importante. Segundo
pesquisa do Ibope em 2010, o rádio alcança 77% dos brasileiros, o que representa
50 milhões de ouvintes, conforme a cobertura do Target Group Index. Outra
pesquisa do Ibope em 2008 mostra que o rádio continua sendo o 2º veículo de maior
credibilidade na opinião dos brasileiros, mesmo com quedas significativas em 2003.
Mas em 2007, o veículo possui tendência de crescimento entre as classes C, D e E.
A internet segue caminho semelhante. A sua chegada assustou muitos
proprietários de meios de comunicação. Para Henry Jenkins (2009), os meios
tradicionais estão em colisão com os novos sistemas de comunicação, pois existe a
possibilidade de compartilhar experiências pessoais em diversos formatos, criar
novas conexões e formatar as antigas. Ele relata a cultura de fan fiction, onde os fãs
praticam ações de compartilhamento (spoiling), fofocas (drama ético em torno dos
reality shows) e até mesmo uma releitura de filmes (cinema de fã).
Vale ressaltar as premissas de manuais de redação, televisão ou rádio: a
linguagem tem influência direta no veículo e, assim, determina seu público. E para
manter esse público fiel e participativo, as redações mostram que de uma forma ou
outra entram na era da convergência. A integração de formas tradicionais com
recursos audiovisuais e interativos são exemplos de que essa migração vem dando
certo em alguns meios.
13. 13
A participação do público é uma das principais ações que incidem sobre o
fazer jornalístico, por esse motivo o foco de atenção do presente estudo é avaliar a
sua presença no Twitter. Para tanto, diversos autores são pesquisados. Entre eles,
Recuero (2009), Primo (2006), Quadros (2005) e Zago (2009).
Para parte do público, o Twitter não passa de um ‘produto’ para uso pessoal
e tem apenas por finalidade responder a pergunta inicial: “What’s happening?” (O
que está acontecendo?). Desde a sua criação, no entanto, o Twitter foi desenvolvido
para facilitar a comunicação instantânea entre os seus inventores. Ele foi
desenvolvido, nos Estados Unidos, por três funcionários da Odeo - uma empresa de
serviços digitais. Em 2006, a Odeo vivia um momento de crise e os seus
colaboradores precisavam de uma ferramenta para mostrar o que eles estavam
fazendo pela instituição (SAGOLLA, 2009). Essa plataforma facilitaria a vida dos
proprietários, que teriam controle sobre tudo e todos da Odeo.
Por sua interface gráfica amigável, logo este sistema de comunicação
passou a ser usado como uma forma de se aproximar do público para informar
sobre um produto ou um determinado assunto.
Como o público usa o Twitter e de que forma isso tem contribuído para a
transformação do jornalismo? Será que os usuários seguem perfis por fama ou
realmente estão em busca de informação ofertada de forma ágil? Como os perfis do
Twitter, com proposta jornalística, têm facilitado a vida do público? A partir destas
questões, tenta-se compreender o uso do Twitter no jornalismo. Sabe-se que não
serão respondidas todas as perguntas neste TCC, mas ao menos se espera
compreender o fenômeno e a sua importância para o jornalismo.
No primeiro capítulo, princípios básicos do jornalismo foram resgatados e
destacados neste TCC. O conceito de convergência foi apresentado e questionado
14. 14
com estes princípios do jornalismo: a linguagem jornalística, o perfil jornalístico, as
redações, participação do público e as novas plataformas de produção.
Consideram-se as redes sociais como as novas plataformas de produção.
Assim, no segundo capítulo, descreve-se a prática do jornalismo em redes sociais
digitais, suas características próprias e suas contribuições para o jornalismo, entre
elas o Twitter.
No terceiro e último capítulo, parte-se para o estudo de caso divido em duas
partes: a observação sistemática, que traz a contagem do número de tweets
informacionais e conversacionais; e as entrevistas com os jornalistas por e-mail. Na
sequência algumas características foram apontadas pela autora, encontradas
durante a observação sistemática. São tweets que demonstram o contato com o
público, comentários do dia a dia, autopromoção, links, retweets e até mesmo a
localização exata de onde o usuário está.
15. 15
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O trabalho busca compreender o processo de produção jornalístico, com
ênfase na elaboração da notícia em um sistema de comunicação emergente: o
Twitter.
Na era de convergência tecnológica, é necessário contrastar teorias do
jornalismo tradicional com novas pesquisas que desvelem esses novos sistemas de
comunicação e como eles têm modificado o modo de fazer jornalístico.
Em virtude de o assunto ser relativamente novo, há poucos livros traduzidos
para a língua portuguesa. O que existem são artigos, monografias e teses que
tratam o assunto em questão. No Brasil, há pesquisadores que estudam a relação
das redes sociais com o jornalismo. Entre eles, Recuero, Primo, Quadros e Zago.
Esta pesquisa também procurou descrever a maneira como o
público/usuário tem apreciado o conteúdo divulgado no Twitter. Para isso, após
contextualizar o assunto através de investigações e reflexões sobre o tema, uma
pesquisa de campo com o jornalista e colunista do jornal Gazeta do Povo, Luís
Celso Jr., foi realizada para tentar responder as questões levantadas. Seu perfil no
Twitter 5 tem mais de 1,6 mil seguidores 6 , com 7 mil tweets, sendo a maioria
informativos. Tweets conversacionais também estão presentes nesta rede social. O
contato com o jornalista foi feito por e-mail, sendo a abordagem principal a partir da
visão que o profissional tem desta ferramenta no processo jornalístico.
5
http://twitter.com/celso14
6
Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em 20/10/2010.
16. 16
Outro profissional entrevistado foi a pesquisadora de cibercultura, Gabriela
Zago. Fundamental neste TCC, Gabriela hoje conta com mais de 2,2 mil seguidores
em seu Twitter 7 , com 2 mil tweets já publicados.
A estudante de jornalismo Giovanna Lima, também contribuiu para este
estudo de caso. Seus 4,5 mil tweets são informativos e comunicacionais, mais de
480 perfis a seguem em seu perfil 8 .
O estudo de caso deste TCC conta também com uma observação
sistemática dos perfis no Twitter dos três jornalistas entrevistados. No período de
uma semana, de 01 a 07 de novembro de 2010, estes usuários - @celso14,
@gabizago e @zizica foram analisados ao final de cada dia para um levantamento
de número de postagens e categorização dos tweets de cada perfil.
A metodologia de análise utilizada nesta pesquisa de campo foi baseada no
estudo de capital social de Raquel Recuero (2009a), com destaque para as
categorias (informação e conversação) e sub-categorias (pessoais, noticiais,
opinativos, links, automáticos, diretos e indiretos). Outro estudo da autora foi
utilizado, com base no grau de conexão, redes inteiras e redes de ego (2009b).
A autora Gabriela Zago (2009) também foi utilizada para explorar esta rede
social. Ela analisa o Twitter como ferramenta de difusão de produção de conteúdos
jornalísticos, criação de mashups e demais assuntos relacionados. Suas pesquisas
serão utilizadas para aprofundar o conhecimento desta rede social.
Outros autores como Ramon Salaverría, José Alberto García Avilés, Pere
Massip, Claudia Quadros, Alex Primo e Marcelo Träsel são fundamentais para
delinear as características de convergência, jornalismo participativo e também
digital.
7
http://twitter.com/gabizago
8
http://twitter.com/zizica
17. 17
3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA
Definir o que é jornalismo em uma época de convergência entre os meios e
redações torna-se um pouco difícil. Este capítulo associa a arte de fazer jornalismo
com o perfil profissional e o seu entorno. A convergência pode ser observada de
vários aspectos, como definem Salaverría, García Avilés e Masip:
“A convergência jornalística é um processo multidimensional que, facilitado
pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação,
afeta os âmbitos tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios
de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços,
métodos de trabalho e linguagens anteriormente desagregados, de forma
que os jornalistas elaboram conteúdos que sejam distribuídos através de
múltiplas plataformas, por meio das linguagens próprias a cada uma delas.”
9 (SALAVERRÍA, Ramón; GARCÍA AVILÉS, José Alberto; MASIP, Pere.
2006 apud SÁBADA, Charo et al, 2007).
O conceito de convergência provoca mudanças em estratégias empresariais,
tecnológicas, na elaboração e distribuição de conteúdos em distintas plataformas, no
perfil profissional dos jornalistas e nas formas de acesso aos conteúdos. Deste
modo, partimos desta definição para avaliar os processos que constituem o fazer
jornalístico.
3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM
Em princípios de definição, a premissa básica do jornalismo é apresentar os
fatos por meio de textos, estejam eles publicados ou não. Teóricos como Nilson
Lage, Muniz Sodré e Marques de Melo, defendem a veracidade, clareza e
9
Tradução da autora para: “La convergencia periodística es un proceso multidimensional que, facilitado por la
implantácion generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico,
empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de
herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas
elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada
una.”
18. 18
credibilidade no texto jornalístico. Para José Marques de Melo, ele pode ser
entendido como:
“Um processo social que se articula a partir da relação (periódica/oportuna)
entre organizações formais (editoria/emissoras) e coletividades (públicos
receptores), através de canais de difusão (jornal/revista/rádio/televisão) que
asseguram a transmissão de informações (atuais) em função de interesses
e expectativas (universos culturais ou ideológicos).” (MELO, 1994, p.14-15)
Cada teórico do jornalismo defende uma maneira de como escrever um
texto, a fim de transformá-lo em reportagem passível de publicação. E a
hipertextualidade é um recurso da linguagem disponível na era da internet. É a
possibilidade de leitura não-linear, saltando de uma janela para outra, com o acesso
instantâneo a outros conteúdos, sendo assim, complementares a pesquisa do
usuário. (MIELNICZUK, 2003).
Outros conceitos já utilizados no jornalismo tradicional também são
adaptados ao jornalismo em tempos de convergência. É o caso da teoria da
pirâmide invertida, que se refere em publicar no primeiro parágrafo as informações
mais relevantes da notícia. Este primeiro parágrafo é chamado de lead 10 . (LAGE,
2001). Caso o usuário continue a ler, terá os demais parágrafos como
complementares.
Estes e outros conceitos reafirmam que a linguagem pode variar de acordo
com o perfil de cada profissional.
3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO
Foi embora a época que jornalista andava apenas com bloco de notas e
caneta na mão. “Bloco de notas, caneta, gravador, câmera fotográfica, câmera de
10
O lead é caracterizado por um conjunto de cinco perguntas: quem, o quê, como, por quê, onde e quando. Este
é interpretado por meio de informações simples, que facilitam o entendimento e apreciação do texto.
19. 19
vídeo, telefone celular de terceira geração, computador portátil... A lista de
instrumentos cresce continuamente para os jornalistas”. (KISCHINHEVSKY, 2009, p.
57).
A habilidade com tantos equipamentos e ferramentas faz com que muitos o
denominem de jornalista multimídia. Trata-se do profissional que trabalha em plena
integração de funções: sabe dominar as linguagens de diferentes meios, editar um
vídeo, falar outras línguas e compreender outras áreas para que possa agilizar o
processo jornalístico e concluí-lo de maneira satisfatória.
“O perfil exigido no mercado aponta claramente para uma competência
técnica que possibilite, tanto o domínio de diferentes linguagens (impressa,
audiovisual e digital), como o uso de plataformas on-line para a publicação
de matérias em formato multimídia.” (JORGE, Thaïs de Mendonça;
PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. 2009, p. 86)
O jornalismo exige do profissional intensa atualização de conteúdo, não
apenas devido à concorrência, mas também pelo processo de reformulação em que
as redações têm apresentado.
Apesar das reconfigurações jornalísticas, Sábada et al. destacam alguns
autores que não acreditam no jornalismo multimídia, como Applegren (2004), Dailey
et al. (2003) e Lawson-Borders (2003). Eles afirmam que a “abordagem de cada
uma das fases que compõem o processo de convergência deve ser tratada
separadamente, para evitar confusão, embora cada uma dessas áreas não podem
ser completamente separadas das demais.” 11 (SÁBADA, Charo et al, 2007, p. 17)
11
Tradução da autora para: “La aproximación a cada una de las fases que componen los procesos de
convergencia debe abordarse por separado, para evitar confusiones, a pesar de que cada uno de esos ámbitos no
pueden desvincularse totalmente de los demás.”
20. 20
3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES
Ao seguir o exemplo de convergência, as redações também apresentam
características multimidiáticas a fim de facilitar a divulgação de uma mesma
informação em meios diferentes, como destaca SÁBADA, Charo et al:
“No campo profissional, a convergência se traduz em várias estratégias
para explorar os materiais informativos, de modo em que eles apareçam em
várias mídias. Essas estratégias vão desde as formas de cooperação entre
as redações de diversos meios de comunicação até a criação de redações
multimídias integradas, onde todas as mensagens são centralizadas, as
alocações são feitas e se canaliza o fluxo de informações para editar as
versões impressas, audiovisuais e on-line.” 12 (SÁBADA, Charo et al, 2007,
p. 12)
No Brasil, seguindo a linha destes autores, Suzana Barbosa realizou uma
pesquisa para saber as características da convergência jornalística do Brasil 13 .
Segundo ela, o grupo Rede Brasil Sul - RBS é o que apresenta os melhores
resultados entre os jornais analisados. A redação integrada do Zero Hora passou a
funcionar no último trimestre de 2007 e lançou o portal ZeroHora.com.br que abriga
conteúdos elaborados para a web. Tratando-se de profissionais destinados à
redação on-line, os números são altos. “Dos 240 profissionais, entre 70 a 80
trabalham, tanto para o impresso, como para a edição on-line, pelo menos uma vez
por semana. Destes, 34 repórteres atuam apenas no on-line.” (BARBOSA, 2009, p.
43).
12
Tradução da autora para: “En el ámbito profesional, la convergencia se traduce en diversas estrategias para
aprovechar el material informativo, de forma que se aparezca en distintos medios. Dichas estrategias incluyen
desde formas de cooperación entre las redacciones de diferentes medios hasta la creación de redacciones
multimedia integradas, donde se centralizan todos los mensajes, se realizan las asignaciones y se canaliza el flujo
de información para editar las versiones impresas, audiovisuales y en línea de los contenidos.”
13
A pesquisa completa pode ser vista em BARBOSA, 2009.
21. 21
3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO
Tempos de convergência provocam alterações e modificações dentro da
profissão, porém o jornalismo sempre contou com a presença de um aliado
fundamental para a propagação da notícia: o público. Seja através de ações simples
e práticas, ou até mesmo das mais complexas.
Não há uma fórmula que defina o porquê da participação do público nesse
processo, mas a presença excessiva da tecnologia, tanto em computadores e
telefones com funções múltiplas, pode ter sido um dos fatores que despertaram a
maior participação de leitores/ouvintes/telespectadores/usuários no fazer jornalístico.
A primeira pesquisa sobre o jornalismo público aconteceu no final dos anos
80, após uma cobertura frustrada dos jornais sobre eleições presidenciais da
América do Norte. Segundo Quadros (2005), o jornal Columbus Ledger Enquire, da
Geórgia, realizou este procedimento para identificar os problemas da comunidade
local.
Desde então, os jornalistas passaram a perceber a presença do público
como um aliado, abrindo espaço para carta do leitor e a produção de reportagens
especiais sobre os problemas locais. “O jornalismo público nasce com a função de
estreitar relações entre a mídia e a comunidade.” (QUADROS, 2005, p.46).
E com a internet, o público está cada vez mais instigado para aprimorar
assuntos locais. Primo e Träsel retratam sobre a importância dessa participação no
processo jornalístico com o advento da tecnologia:
“É bem verdade que diferentes vozes atravessam qualquer texto
jornalístico. Pode-se acrescentar que qualquer noticiário inclui sempre, em
alguma medida, a participação do público. Antes do e-mail, essa
participação já ocorria através de cartas e ligações, por exemplo, na forma
22. 22
de sugestões de pauta ou mesmo para alguma seção do tipo ‘cartas do
leitor’”. (PRIMO; TRÄSEL, 2006, p.3)
Os meios online continuaram proporcionando ao público suporte para que
continuassem dando sua contribuição ao jornalismo. Mielniczuk e Silveira dão
continuidade a esta atividade, iniciada muito antes do surgimento da internet.
“Com relação à interatividade, nos suportes tradicionais já havia muitas
possibilidades de participação do público interagindo como meio, desde o
contato com a redação para enviar sugestões de pauta até a participação
por telefone em programas de rádio ou a publicação de cartas em seções
específicas do jornal. Essas práticas, exercidas nas redes digitais, seriam
consideradas apenas continuações.” (MIELNICZUK; SILVEIRA, 2008, p.
175)
A comunidade local sente a necessidade de estar perto da mídia e de certa
maneira, interagir com as redações para influenciar na publicação de notícias
relativas ao seu universo. Segundo Claudia Quadros, os “defensores do jornalismo
público acreditam que a nova corrente, que modifica as rotinas produtivas dos
jornalistas, realmente aproxima mais a mídia da comunidade local.” (2005, p. 48)
3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO
As diversas alterações na prática do jornalismo em tempos de convergência
de redações e tecnológica vêm criando novas possibilidades para produção e
publicação de informações.
Como destacado anteriormente, as redações têm trabalhado no sistema
integrado e o jornalista adapta seu texto para o impresso e para o on-line, havendo
possibilidades de publicação no rádio e na TV.
Dessa maneira, o público marca presença na internet e colabora na
produção de notícias. O jornalismo abre espaço para estes produtores,
23. 23
principalmente no mundo digital. “Com o advento da Web 2.0, passaram a surgir
novos espaços de participação que facilitam esse processo de produção e
publicação de conteúdos, como blogs, sites de redes sociais e wikis.” (ZAGOb,
2008, p.1)
Antes de falar das redes sociais, destaca-se a possibilidade da produção
jornalística móvel (SILVA, 2006). A popularização dos aparelhos celular com funções
múltiplas e o acesso facilitado à tecnologia colaboraram para que a produção de
notícias se tornasse mais ágil. “Pode-se usar aparelhos móveis, como o celular,
tanto para a produção de conteúdo jornalístico diretamente a partir do local dos
acontecimentos, como também para a leitura e acompanhamento dos fatos
jornalísticos que acontecem no mundo.” (ZAGOb, 2008).
Há outros espaços com possibilidades de colaboração na produção
jornalística. São as plataformas de fonte aberta, como o Slashdot, OhmyNews etc.,
que permitem que público seja responsável pela elaboração, apuração e publicação
da notícia.
O Slashdot foi criado em 1997 e trata-se de um portal colaborativo de
notícias. O usuário faz um cadastro no site, envia seus textos e pode comentar
outros. Aquele usuário que desperta interesse no público ao enviar constantemente
mensagens ao site, recebe o título de mediador para filtrar textos de outros
colaboradores. (QUADROS, 2005).
Princípios semelhantes ao do Slashdot, o OhmyNews International de
origem sul-corenana, foi criado nos anos 2000. Neste espaço, são mais de 4,6 mil
24. 24
usuários cadastrados que enviam informações e cerca de 60 jornalistas fazem o
trabalho de gatekeeper 14 . (QUADROS, 2005).
Já nas redes sociais também é possível a produção de conteúdos
jornalísticos. A linguagem é adaptada segundo as regras de cada rede e neste
trabalho, destaca-se o Twitter como suporte de conteúdos jornalísticos.
14
O conceito de gatekeeper surgiu de um estudo sobre as modificações dos hábitos alimentares feito por Kurt
Lewin em 1947. Refere-se a presença de “um indivíduo, ou um grupo, que ‘tem o poder de decidir se deixa
passar a informação ou se a bloqueia’” (LEWIN apud WOLF, 1985, p. 180). Wolf conta que em 1950, White
aprimorou este conceito através de um estudo de caso, para entender o fluxo de notícias em órgãos de
informação. São milhares de informações que chegam todos os dias às redações, seja através de carta,
telefonemas ou e-mails. É preciso apurar este material para saber o que é publicável ou descartável. Para isso,
dentro das redações existem pessoas que trabalham como “cancelas ou portões”, na função de selecionadores da
informação.
25. 25
4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO
Além dos meios tradicionais, o jornalismo vem sendo praticado em outros
ambientes digitais, como blogs e microblogs. A prática é possível devido as
características de cada rede, sendo que o usuário adapta a informação através dos
recursos disponíveis.
Com base nos estudos de Wasserman e Faust (1994), Degenne e Forse
(1999), Raquel Recuero (2009) define rede social como “um conjunto de dois
elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas
conexões (interações ou laços sociais)”.
Antes de tudo, vale ressaltar que uma rede não existe apenas nos meios
digitais, mas sim, no mundo off-line quando mais pessoas se relacionam, trocam
informações e têm interesses em comum.
A presença dos atores ou pessoas nas redes sociais digitais se dá através
de perfis no Twitter, weblogs ou fotologs. O público utiliza aquele perfil no
ciberespaço para deixar claro suas intenções pessoais e se identificar com os
demais perfis com o mesmo interesse. É como se o usuário utilizasse seu perfil em
redes sociais sendo o seu espaço da “construção de si” e da “narração do eu”.
(LEMOS, 2002 e SIBILA, 2003 e 2004 apud RECUEROa, 2009).
Esse relacionamento entre atores, com interesses em comum ou não,
chama-se conexões, que são identificados através de laços sociais. Recuero relata
que essas análises só são permitidas graças à memória da internet. “Um comentário
em um weblog, por exemplo, permanece ali até que alguém o delete ou o weblog
saia do ar [nestes casos, isso só é permitido pelo proprietário ou moderador da
plataforma]” (RECUEROa, 2009, p. 30).
26. 26
As conexões nas redes sociais se dão através da interação entre os atores
em duas possibilidades: formas síncronas e assíncronas. A forma síncrona é aquela
em que a conversa ou interação acontece de maneira instantânea, como chats,
messenger, Google Talk e outras redes que propiciam esse contato. A forma
assíncrona acontece na forma de comunicação não imediata, como e-mails, recados
no Orkut ou Facebook e outras redes.
Os laços sociais são resultados de interações sociais proporcionados pelos
atores sociais, conforme:
“Laços consistem em uma ou mais relações específicas, tais como
proximidade, contato frequente, fluxos de informação, conflito ou suporte
emocional. A interconexão destes laços canaliza recursos para localizações
específicas na estrutura dos sistemas sociais. Os padrões destas relações –
a estrutura da rede social – organiza os sistemas de troca, controle,
dependência, cooperação e conflito.” (WELLMAN, 2001, p. 7 apud
RECUEROa, 2009, p.38)
Recuero ainda cita outras possibilidades de laços: os relacionais constituídos
através de relações sociais entre vários atores; e os de associação que ao contrário,
o ator necessita pertencer ao local, instituição ou grupo.
Os laços sociais podem ser fortes ou fracos, dependendo da sua
proximidade ou intimidade com o outro ator. Se a conexão for contínua, favorecendo
a troca de recados e links na web, esse laço social é denominado forte. Laço social
fraco é aquele em que a troca de informações entre os atores acontece raramente,
sem intimidade.
Raquel Recuero (2009a) discute o conceito de capital social, com base em
autores como Coleman, Putman e Bourdieu, chegando a conclusão que trata-se de:
“... Um conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e
dependentes de sua função, como afirma Coleman) que pode ser usufruído
por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está
27. 27
baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Ele está embutido nas
relações sociais (como explica Bourdieu) e é determinado pelo conteúdo
delas” (GYARMATI & KYTE, 2004; BERTOLINI & BRAVO, 2001 apud
RECUERO, 2009, p. 50)
Em virtude dessas e outras possibilidades de comunicação é possível a
prática do jornalismo nas redes sociais.
4.1 TWITTER
O Twitter é uma ferramenta de micromensagens (RECUEROa, 2009) que
permite ao usuário cadastrar-se com um nickname e publicar informações limitadas,
em até 140 caracteres, com a finalidade de responder a pergunta “What’s
happening?” (O que está acontecendo?).
As mensagens podem ser destinadas a outros usuários de maneira aberta,
através de replies (@ + nome do usuário). A comunicação privada a outro usuário se
dá através de direct message ou DM, como uma caixa de entrada em cada página
da rede. Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e hastags nos tweets que
facilitam a busca de informações desejadas.
O Twitter foi fundado em 2006 por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Willians
para um projeto da Odeo com o objetivo de facilitar a comunicação entre seus
funcionários. A empresa passava por momentos de crise e era necessária alguma
plataforma onde seus integrantes postassem informações do que estavam fazendo.
(SAGOLLA, 2009).
Assim surgiu e somente os funcionários e familiares teriam acesso a estas
informações. A Odeo continuava em crise e precisou dispensar seus funcionários e
o Twitter tornou-se uma ferramenta de comunicação entre os mesmos. Logo mais foi
aberta ao público.
28. 28
De lá para cá, essa rede social vêm crescendo continuadamente. Segundo
pesquisa do Ibope Net Rantings de 2010, o Twitter possui 9,8 milhões de usuários,
sendo 27% do total brasileiros. Estes usuários são jovens de 18 a 24 anos,
executivos, blogueiros e pessoas da área de comunicação e marketing.
O Twitter está disponível em seis idiomas (italiano, espanhol, inglês, francês,
alemão e japonês), e sua interface gráfica amigável apresenta características que as
quais rotulam a ferramenta como rede social.
Seu layout apresentou modificações em outubro de 2010, com uma
aparência mais estendida que a anterior.
FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER
Fonte: http://twitter.com/# (11 de outubro de 2010)
Outra modificação notada por meio de análises em trabalhos já publicados
sobre o Twitter é de que a pergunta a ser respondida em até 140 caracteres era
“What are you doing?” (O que você está fazendo?). Não se sabe o motivo ao certo
porque a pergunta mudou, mas desconfia-se que seja pelo fato que o Twitter tornou-
29. 29
se meio de comunicação entre redações jornalísticas versus público, estreitando
laços comunicacionais, tornando o contato mais próximo.
As coberturas já realizadas pelo Twitter, como nos EUA o acompanhamento
das eleições norte-americanas e no Brasil a sequência de chuvas, apresentada
como uma das maiores catástrofes em cidades de Santa Catarina (RECUEROa,
2009), confirmam a titulação desta rede social como ferramenta de produção de
conteúdo, como também para a difusão de conteúdos jornalísticos (ZAGOb, 2008).
Seu formato e sua possibilidade de atualizações e/ou acesso por
dispositivos móveis, faz do Twitter uma espécie de alerta das últimas notícias, já
veiculadas no portal daquele usuário.
FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER
Fonte: http://twitter.com/g1 (22 de outubro de 2010)
Raquel Recuero (2009a) classifica os tweets em duas categorias:
informacionais e conversacionais. Os informacionais foram ainda divididos em
pessoais (comentários do dia a dia), notícias (informações novas), opinativos
30. 30
(opinião explícita sobre algo), links (tweet + hiperlink) e automáticos (publicados por
uma ferramenta). Os conversacionais também foram classificados: diretos (contém
@ + nome do usuário) e indiretos (como forma de pergunta a toda rede).
Essa classificação se aplica na prática, pois o público interage com os
jornalistas para dar sua opinião sobre o tweet publicado. No exemplo abaixo, o
jornalista e colunista do jornal O Globo, muitas vezes responde estes usuários:
FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER
Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010)
Portanto, parte-se para o estudo de caso com base nos itens tratados
neste segundo capítulo.
31. 31
5 ESTUDO DE CASO
A escolha dos dois jornalistas profissionais e uma estudante de jornalismo
para o estudo de caso deste TCC, baseou-se nos itens que compõem o valor
percebido, destacado por Recuero (2009a): visibilidade, reputação, popularidade e
autoridade. Estes perfis também foram selecionados por conterem tweets
informacionais e conversacionais (Recuero, 2009a).
As opiniões expressas pelos entrevistados não necessariamente concordam
com as da autora.
5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA
A observação sistemática deste TCC ocorreu entre os dias 01 a 07 de
novembro de 2010. A análise foi realizada nos perfis dos três entrevistados: o
jornalista Luís Celso Jr., colunista do jornal Gazeta do Povo/PR e dono do blog Bar
do Celso, a jornalista e também pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago e a
estudante do último ano de jornalismo, Giovanna Lima.
Segundo a contagem, as tabelas apresentam números relativamente baixos,
em comparação com outros profissionais da categoria 15 .
Uma observação importante apontada pela autora deste TCC foi a cobertura
minuto a minuto feita pela pesquisadora Gabriela Zago do 8º Encontro Nacional dos
Pesquisadores de Jornalismo - SBPJor, em São Luís/MA. A partir do dia 8 de
novembro, Gabriela twittou e replicou diversas mensagens em seu perfil no Twitter
15
O perfil do jornalista e colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, foi avaliado até o momento de sua
desistência neste estudo de caso. No dia 01 de novembro, Noblat havia publicado 58 tweets informacionais e 28
conversacionais.
32. 32
sobre o congresso. A observação veio à tona, quando Gabriela postou apenas uma
mensagem no dia 7 – último dia desta observação sistemática.
@celso14 Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia
1 2 3 4 5 6 7
Tweets Informacionais 5 2 1 0 0 6 3
Tweets Conversacionais 5 7 0 1 0 11 13
Total de Tweets 10 9 1 1 0 17 16 54
@gabizago Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia
1 2 3 4 5 6 7
Tweets Informacionais 4 0 4 4 5 0 1
Tweets Conversacionais 1 0 0 0 1 0 0
Total de Tweets 5 0 4 4 6 0 1 20
@zizica Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia
1 2 3 4 5 6 7
Tweets Informacionais 10 20 1 10 4 4 4
Tweets Conversacionais 10 8 3 10 5 1 1
Total de Tweets 20 28 4 20 9 5 5 91
Percebe-se ao longo dos dias observados que a maioria dos tweets
informativos publicados são comentários do dia a dia do próprio usuário ou opiniões
explícitas sobre um assunto, relacionado ou não a notícias ou não. Os exemplos
abaixo relatam as constatações, respectivamente:
33. 33
FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)
FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010)
34. 34
Tweets conversacionais também aparecem na análise. Esta possibilidade
conduz a ferramenta de rede social ao comunicador instantâneo:
FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO
Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010)
5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS
O perfil de Luís Celso Jr. está em constante crescimento em relação a
seguidores e tweets. Com mais de 1,6 mil seguidores 16 , com 7 mil tweets, o
jornalista e blogueiro utiliza seu Twitter para publicar mensagens em até 140
caracteres relativas ao seu blog sobre cervejas e bohemia em geral.
Já a jornalista e pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago utiliza seu
Twitter para assuntos relacionados à pesquisa, jornalismo e também para promover
16
Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em
20/10/2010.
35. 35
seu trabalho. Seu perfil também está em crescimento, com 2,2 mil seguidores e 2 mil
tweets já publicados.
A estudante do último ano de jornalismo da Universidade Positivo, Giovanna
Lima, foi a escolhida para completar o ciclo de entrevistas deste TCC. Com um perfil
com mais de 480 seguidores, a jovem utiliza a rede social para fazer críticas
relacionadas a temas um tanto quanto polêmicos: sexo, drogas, alcoolismo e
também ao jornalismo. São mais de 4,5 mil tweets já publicados.
As entrevistas foram realizadas por e-mail e encontram-se no apêndice
deste TCC.
5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS
Algumas características foram levantadas pela autora no decorrer da
observação sistemática - análise dia a dia em cada um dos perfis, bem como
comprovadas nas respostas de cada entrevista.
5.3.1 Contato com o público
Um dos princípios do jornalismo é o contato com público e os jornalistas
entrevistados deste TCC afirmaram que dão importância sim para a conversação na
rede social digital Twitter.
A conversação no Twitter de maneira aberta se dá por meio do símbolo @ +
nome do usuário (RECUERO, 2009a). A privativa acontece por meio de DMs ou
directs messages, mas isso só é possível se o usuário seguir o perfil em que
pretende enviar a mensagem. Vale destacar que na entrevista, Luís Celso Jr.
36. 36
afirmou responder todos os tweets direcionados a ele (@celso14). Portanto, ao
receberem mensagens com elogios ou críticas, os profissionais fazem questão de
responder:
FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)
FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO
Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010)
37. 37
FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010)
5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia
Alguns dos tweets publicados pelos entrevistados são de característica
pessoal: comentários do dia a dia, que respondem a pergunta inicial proposta pela
rede social Twitter: o que está acontecendo.
Estes comentários são inevitáveis, pois como Raquel Recuero (2009a)
destaca, com base nos estudos de Lemos (2002) e Sibila (2003,2004), que os perfis
em redes sociais digitais são uma espécie de narração pessoal, como construção do
ser.
38. 38
FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO
Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)
FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (02 de novembro de 2010)
39. 39
FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010)
5.3.3 Autopromoção
Como destacado por Gabriela Zago na entrevista por e-mail e também
mencionado pelos demais entrevistados, alguns dos tweets publicados são uma
espécie de autopromoção. O Twitter serve como um disseminador dos trabalhos de
autoria desses jornalistas. É possível ver o exemplo captado abaixo:
Segundo Raquel Recuero (2009c) com base em uma pesquisa de 2009 da
Pear Analytics 17 , 5,85% dos tweets são promocionais.
17
A pesquisa completa está disponível em: http://www.pearanalytics.com/blog/2009/twitter-study-reveals-
interesting-results-40-percent-pointless-babble/
40. 40
FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO
Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)
FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)
41. 41
FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010)
5.3.4 Links
Os perfis analisados também apresentaram links externos em seus tweets.
São assuntos julgados de interesse pelos entrevistados e publicados em seus perfis.
Marcos Palacios (2003) relata a interconexão de textos através de links, com
os demais recursos disponíveis – foto, vídeo, animação de uma mesma notícia. A
chamada hipertextualidade só tem a contribuir com a ampliação da circulação do
jornalismo, em diversas plataformas inclusive as redes sociais.
42. 42
FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010)
FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (04 de novembro de 2010)
43. 43
5.3.5 RTs ou Retweets
Retweets ou RTs são mensagens publicadas por outros usuários, que
podem ser replicadas em seu perfil no Twitter. Gabriela Zago e Giovanna Lima
utilizam o aplicativo do botão retweet, que facilita a replicação destas mensagens em
apenas um clique. Luís Celso Jr. não utiliza o botão de retweet, aplicando apenas a
sigla RT como mostra o exemplo da figura 16.
Raquel Recuero (2009b) classifica o retweet como informacional, mesmo
que há diversas críticas sobre o mesmo ser conversacional 18 . A autora ressalta que
os “retweets são formas de difundir uma informação que alguém considera
relevante”. (RECUEROb, 2009).
FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA
Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010)
18
Em seu blog, Raquel Recuero dissertou sobre o botão retweet e apontou pesquisas de autores que acreditam
que este recurso no Twitter é conversacional. O post completo pode ser conferido em
http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/sobre_retweets_a_economia_do_twitter.html.
44. 44
FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO
Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)
5.3.6 Localização
Dos jornalistas entrevistados, apenas Luís Celso Jr utiliza o recurso de
localização chamado Foursquare. O Foursquare é um geolocalizador de uso
exclusivo via celular, que permite o usuário se localizar e publicar suas informações
na rede social do serviço (Twitter ou Facebok).
O diferencial deste aplicativo, bastante utilizado nos Estados Unidos, é que
cada usuário cadastra dicas sobre o local e tem a possibilidade de se tornar o
prefeito virtual daquele estabelecimento. Tudo depende da frequência do usuário
que vai ao local.
45. 45
FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR.
Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010)
Com base nestes apontamentos, percebe-se que a prática do jornalismo em
redes sociais digitais, como o Twitter, é possível por características próprias e
adaptações que o jornalismo vem se modificando em tempos de convergência.
46. 46
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O jornalismo pode ser definido como uma prática social marcada por sua
reinvenção constante. “Ele é (re)construído a partir da participação contínua de
diferentes atores sociais (indivíduos, instituições, conceitos e abstrações etc.) que
interagem a partir de um conjunto de normas e convenções, responsáveis pela
coordenação das atividades vinculadas a essa prática”. (ADGHIRNI e PEREIRA,
2010).
O jornalismo digital não foge a essa regra. Logo, percebemos que ainda que
a convergência tecnológica contribua para as mudanças no modo de fazer
jornalístico, outros tipos de convergências também influenciam o processo produtivo
de um jornal, de uma revista ou de qualquer outro tipo de publicação. A
convergência econômica, por exemplo, tem reduzido o emprego de muitos
jornalistas e incentivado a integração de redações on-line e impressas. A
convergência cultural mostra as criações e a apropriações do público com relação
ao conteúdo oferecido pelos próprios meios de comunicação. As redes sociais
digitais, como o Twitter, tem sido foco de atenção dos meios de referência. Afinal, os
resultados já são visíveis em relação à possibilidade de se fazer jornalismo em
outras plataformas.
Mais do que fazer jornalismo nestas redes, é importante saber como utilizá-
las de maneira correta, proporcionando a integração entre o jornalismo e seu maior
aliado: o público.
Com base nas constatações de convergência de Salaverría, García Avilés e
Massip (2008) foi possível perceber que o jornalismo segue um caminho de
transformações: o mercado exige um profissional qualificado e multimídia; as
47. 47
redações estão trabalhando para aplicar a web 2.0; são inseridos links e recursos
para que a linguagem torne-se mais atraente; o público interage com os profissionais
para opinar e dar sugestões de pauta; e as novas plataformas de produção e
publicação surgem como aliadas ao fazer jornalístico.
Entre estas redes, foi destacado o Twitter como plataforma de produção de
conteúdos jornalísticos. Criado com a finalidade de responder a pergunta inicial “O
que está acontecendo?” (SAGOLLA, 2009), o Twitter é uma ferramenta de
micromensagens (RECUERO, 2009), denominada como rede social pelos princípios
de comunicação que proporciona.
As características encontradas ao longo deste TCC, e apontadas pela autora
com base em diversas fontes, demonstram que os jornalistas, sejam eles de
redação, pesquisadores e até mesmo estudantes de jornalismo, utilizam o Twitter
para diversos fins: contato com o público, comentários do dia a dia, assuntos da
mídia, links, autopromoção etc.
Suas características de layout simples, ágil e limite de publicações em até
140 caracteres fazem do Twitter um aliado ao jornalismo digital. Na prática
percebemos e nos atualizamos através dele: portais noticiosos têm perfil no Twitter
para twittar as últimas notícias com links e jornalistas fazem a cobertura minuto a
minuto, como exemplo destacado aqui feito pela pesquisadora Gabriela Zago.
O Twitter ainda abre espaço para a possibilidade de atualização via celular,
não só de notícias, mas também de aplicativos instalados como o Foursquare. São
recursos disponíveis que marcam a era de uma internet móvel e colaborativa, feita
por cidadãos.
Nas entrevistas com os jornalistas foi possível perceber que a apropriação
do Twitter como ferramenta de uso jornalístico cresce a cada dia. Mesmo que os
48. 48
jornalistas utilizem a rede social para comentar ações cotidianas, eles fazem
questão de opinar, trazer notícias com links interessantes e também de manter o
contato com o público. As ações no Twitter ainda são próprias de cada profissional,
mas é possível perceber a construção de algumas regras que podem funcionar para
o jornalismo feito em 140 caracteres.
Essas e outras mudanças no processo jornalístico nos fazem pensar que
todos precisam estar preparados: os profissionais, jornalistas de todas as áreas
necessitam estar no Twitter para se conectar com o mundo e saber os assuntos
mais comentados; as redações precisam estar para publicar suas últimas notícias e
praticar seu marketing; e o público precisa dar sua opinião, contestar e participar da
produção/apuração da notícia.
Há um longo caminho pela frente, mas as constatações nos mostram que o
jornalismo começa a aproveitar os recursos da rede social digital denominada
Twitter. Em era de web colaborativa, o jornalismo continua a sua jornada: se
reinventa a cada dia.
49. 49
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52. 52
APÊNDICES
ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE
CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010.
De: Gabriela Zago gabrielaz@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 22 de outubro de 2010 17:15
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz
-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Uso o Twitter para postar links para notícias e posts sobre assuntos que me interessam e que
também possam interessar à minha rede de contatos, também para conversar com outras pessoas,
para comentar fatos mais ou menos pessoais (não muito íntimos), às vezes também para uma
espécie de "auto jabá" (divulgar meu próprio trabalho). Coisas mais pessoais eu posto no Plurk, para
um grupo de amigos mais restrito.
-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Uso os replies para tratar de assuntos que embora sejam em resposta ou direcionados para algum
indivíduo em específico, a temática tratada pode interessar outras pessoas, ou ainda não há
problema nenhum em manter o assunto em público. O interessante disso é que algum contato
recíproco pode ver a conversa e resolver tomar parte dela, tornando a conversação no Twitter ainda
mais dinâmica e peculiar. Se o assunto não puder ser tratado em público, ou disser respeito apenas
aos participantes envolvidos na conversa, aí costumo tratar por DM ou então por e-mail mesmo.
-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
A limitação é o que confere a graça do Twitter. Ela pode atrapalhar às vezes, mas não é nada que
não se possa desdobrar em dois ou mais tweets. Se quero dizer algo para alguém e não cabe em
140 caracteres, é sinal de que o assunto deveria ser tratado por e-mail.
-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
Acredito que o Twitter tem contribuído em diversas etapas do processo jornalístico. Não só na forma
óbvia de se puder usar a ferramenta para publicar tweets com notícias, ou link para notícias, como
também podendo servir de fonte para o jornalismo, ou ainda contribuindo para a circulação
jornalística, uma vez que o link para uma notícia no Twitter atrai mais visitas para o site do jornal, por
exemplo.
-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
Inicialmente, eles tendiam a ser mais voltados apenas para postagem de manchetes e links. Aos
poucos os veículos foram se apropriando da ferramenta e experimentando novas utilizações. Embora
ainda tenha muito o que se explorar - as possibilidades são infinitas - acho interessantes os perfis que
usam a ferramenta não só para distribuir notícias e links, como também para lançar perguntas aos
leitores, responder mensagens enviadas, enfim, para participar na rede.
-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta.
Acho que na verdade não mudou por causa do Twitter, mas sim vem se modificando aos poucos em
decorrência das redes sociais na Internet como um todo, e também por conta do Twitter. Perfis em
redes sociais são usados como fontes ou ilustração em notícias, os jornalistas passam a recorrer a
esses espaços em busca de pautas e de fontes. Atualmente a rede onde isso é mais visível de
53. 53
acontecer é no Twitter, e ele não só aparece no momento da produção, como também se integra a
outras etapas do jornalismo (como circulação e consumo).
-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Acho que apesar de o Twitter possibilitar a comunicação de duas vias, o que se observa é que ela
acaba partindo muito mais de um dos lados (do público) com bem menos respostas do outro lado
(jornalismo). Em termos práticos isso significa que o leitor/interagente pode enviar comentários ou
fazer perguntas pelo Twitter, mas nem sempre ele será lido, e em menos vezes ainda será
respondido. Alguns veículos optam por fazer um uso totalmente unidirecional do Twitter, sem
responder ninguém. Outros respondem alguns, até porque seria impossível responder a todos. De
certa forma, há uma ilusão de maior proximidade com os veículos para os leitores, pois eles podem
entrar em contato com jornalistas e jornais, ainda que nem sempre possam ser respondidos.
-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
O que observo é que a brevidade das atualizações tem estimulado retweets, comentários, e outras
contribuições por parte do público dos jornais. Eles também fazem perguntas, buscam saber mais
detalhes sobre as notícias, questionam pela ferramenta.
-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Acho que já mais ou menos respondi na questão anterior. :P
E reforço o que já disse antes, o público tem participado não só na produção de notícias, como
também contribui para a circulação jornalística - ao retwittar, comentar ou linkar notícias.
ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE
JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010.
De: Giovanna Lima giovannaglima@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 22 de outubro de 2010 02:20
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz
-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Compartilhar notícias, textos, opiniões e dividir algumas ironias e tragédias da minha vida. Exponho
também alguns aplausos e vaias sobre temas que me interessam, como sexo, drogas,
homossexualidade, álcool, literatura, jornalismo.
-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Converso com quem considero ter uma opinião ou um ponto de vista relevante. Gosto do twitter para
conversar, debater e dividir informações mais que o MSN. No twitter a conversa é menos forçada, não
tenho a obrigação de responder sempre e posso parar de falar quando eu quiser.
Quando quero tuitar algo que já foi publicado, sempre uso o @. Gosto dessa possibilidade de dar o
devido crédito ao emissor de certa informação ou opinião.
-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
Poucas vezes. Porém confesso que em alguns dias preciso gastar uns quatro tweets pra relatar
algum acontecimento ou mostrar uma indignação mais profunda.Mas normalmente, me dou bem com
54. 54
os 140 caracteres, é só fazer uma boa síntese. Além disso, o baixo número de caracteres faz o twitter
fluir. O conteúdo é dinâmico e não monótono e estagnado como num jornal, por exemplo.
-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
Extremamente. As informações vem muito mais rápido do que nas outras mídias. O jornalista não
precisa mais ir até o local do acontecimento ou esperar a divulgação da notícia no rádio. Com o
twitter, o jornalista perdeu o mérito do furo. Ele fica com o trabalho de confirmar o ocorrido e divulgar
isso de maneira relevante. Certos usuários do twitter podem até publicar uma notícia, por exemplo,
mas não sabem selecionar o conteúdo que o público saber. O jornalista entra nessa situação,
expondo os dados e usando uma linguagem que possa colaborar para o entendimento e
conhecimento do público.
-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
É muito interessante ver o conteúdo que os jornalistas selecionam para compartilhar no twitter. Em
relação ao perfil do jornalistas - pessoa física - dá pra sentir um pouco dos seus gostos e observar
algumas opiniões. É legal quando você encontra um jornalista com opiniões dignas de reflexão, que
você o segue mesmo sabendo que normalmente seu ponto de vista e o dele entram em divergência.
Os perfis jornalísticos - de portais ou jornais - não me atraem tanto. O conteúdo disponibilizado no
twitter é o mesmo que o publicado em tal portal ou site do jornal. Não há grande diferença para
pessoas que como eu, ficam atualizando o tempo todo tais endereços. Além disso, ainda falta
interatividade na maioria dos perfis jornalísticos. O veículo parece se importar apenas com a
divulgação do conteúdo, ao invés de ouvir o público.
-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta
Certamente. Como já disse, não existe mais o mérito do furo pelo jornalista. Cabe a ele a
confirmação, decodificação e a transmissão da informação. Antes das novas mídias, como o twitter, a
produção de mão única. Nesse novo processo, os usários do twitter funcionam também como
emissores. Há muitos pontos positivos nessa troca, o público colabora com o processo de produção e
o jornalista tem facilidade na apuração. O conteúdo cada vez mais vai se adequando aos interesses
do público. Antigamente, a seleção de notícias ficava somente à critério do jornalista.
-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Sim. O público se sente mais próximo das redações jornalísticas. Ele pode comentar cada tweet em
tempo real, além de ter a possibilidade de ser ouvido pelos profissionais que trabalham na empresa.
Outra coisa é que o conteúdo divulgado pelo público pode ser retuitado pelas empresas, passando
ainda mais a sensação de laços estreitados.
Antes o contato com o jornal era mínimo, feito apenas por cartas, que quase nunca eram publicadas.
Depois, o contato passou a ser um pouco mais próximo, pelo email. Nas redes sociais as redações
parecem atingir o patamar mais alto de comunicação com o leitor. Só é preciso saber utilizar
adequadamente o twitter e as demais redes sociais.
Na minha opinião, as redações ainda pecam no quesito interatividade. Falta dar mais voz, mais
valorização pra esse público. Algumas empresas apenas repetem o tratamento de indiferença com o
público nas redes sociais. Já mandei reply para o iG e para a Gazeta do Povo fazendo perguntas e
não obtive respostas. Quando as redações ignoram o público, continua aquele formato engessado de
jornalismo de mão única, sem trocas.
-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
O público tem colaborado com um grande volume opiniões. É muito mais fácil e prático dar um reply
em certo tweet do que enviar um email, por exemplo. As pessoas se sentem mais próximas, mais
íntimas das redações através do twitter. Quando algum jornalista faz uma pergunta via twitter, por
exemplo, o número de respostas é imenso. O público colabora em uma proporção muito maior no
twitter.
-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Certamente. Como já disse, é muito mais fácil e prático opinar depois do surgimento do twitter. Essa
mídia permite um dinamismo jamais visto nos meios de comunicação. É muito mais fácil também,
retuitar alguma notícia ou opinião. Antes do twitter, o público poderia compartilhar o conteúdo no blog,
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por exemplo, mas esse processo é extremamente mais lento. O conteúdo é repassado com uma
rapidez inédita no twitter. A resposta do público vem num fluxo bastante grande, colaborando para a
produção do jornalista. Tudo isso faz o público ficar cada vez mais satisfeito.
ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO
JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010.
De: Celso14 celso14@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 08 de novembro de 2010 12:05
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz
-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Utilizo o Twitter para vários fins diferentes, e com graus diferentes de relevância para cada um deles -
a meu ver relevância é algo que se determina em relação a algum referencial. Além disso, acho
importante esclarecer que gerencio alguns perfis diferentes (do meu blog e, de vez em quando,
alguns do jornal onde trabalho). Com isso, por ser de conhecimento de muitos que estou por trás dos
perfis "coorporativos", há muita mistura de informações - perguntas que são profissionais acabam
dirigidas para o perfil pessoal, etc.
O uso mais frequente é, com certeza, pessoal, marcando encontros com amigos, trocando
informações, publicando e lendo "links" do que julgo interessante. Para uso mais profissional,
algumas vezes pedi indicação de fontes e personagens, ou fiz primeiros contatos com fontes via
Twitter. Também divulgo links das reportagens produzidas por mim ou que leio e julgo interessantes.
Frequentemente, respondo a dúvidas sobre conteúdos publicados e outras informações
principalmente sobre cerveja, programação cultural e dicas de bares, assuntos mais relacionado ao
meu nome. Também recebo sugestões de pauta e, claro, serve como fonte de leitura de assuntos
jornalísticos.
Como uso profissional, julgo relevante essa interatividade. É muito mais do que muitos perfis
coorporativos fazem. No entanto, em menor proporção.
-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Em geral, a seleção temática é o próprio gosto do twitteiro. Publico o que gosto e julgo que quem me
lê vai gostar também. Além de algumas coisas mais pessoais, aí sem tanta relevância para o público.
Se há alguma preocupação é justamente de não ser excessivamente pessoal (confessional?), como
perfis somente pessoais. Como jornalista também somos em algum proporção figuras públicas, e
certos tipos de informações não "fica bem" abrir na internet - isso vale, na minha opinião, também
para outras redes, como Facebook, por exemplo.
Quanto aos posts conversacionais, seguindo os mesmos princípios acima, procuro responder a
todos. No meu perfil pessoal o volume não é tão grande para que eu tenha que aplicar
necessariamente um critério de seleção do que responder ou não.
-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
Normalmente, não. As complicações são raras (uma resposta grande demais, um post mais
completo), mas a solução é fácil (normalmente se divide em mais de um twit).
-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
De várias formas. As melhores delas envolvem a interatividade com o outro, ou seja, uma
comunicação realmente de duas vias. Sugestões de pautas, comunicação de erros, protestos, fontes,
personagens, enquetes, etc. No entanto, apesar de experiências já estarem sendo desenvolvidas
nesse sentido - o uso jornalístico do Twitter há um ano era limitando apenas a publicação de links -
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poucas resultam em interferências mais profundas. Acredito que o ponto é hoje menos formal do que
de se ter uma comunicação realmente efetiva, que altere algo na outra ponta, gere comunicação
efetivamente.
Perfis pessoais de jornalistas acabam seguindo um padrão parecido com o meu, dando maior
abertura para os demais usuários, mas os coorporativos ficam mais "presos", e acabam se limitando
a poucas interações ou, quando acontecem, ficam limitadas a um setor menor da redação ou da
empresa. Não afetam ela como um todo.
-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
Perfis coorporativos perdem um pouco desse tom pessoal que, em grande parte, torna o Twitter tão
interessante enquanto rede social. Representar uma marca ou empresa é difícil nesse ambiente.
Muitos viram apenas publicadores de links. Nada contra, contanto que seja claro esse o propósito.
-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta.
Respondi um pouco nas perguntas anteriores. Acho que altera, mas ainda é pouco perto do potencial
que há. Como disse, é possível achar fontes e personagens, fazer enquentes, mas acredito que
dificilmente o Twitter, de forma interativa, muda o direcionamento de uma pauta ou a manchete de um
jornal ainda. Raras ocasiões um político, ou uma personalidade, publica informações em seu perfil
que se tornam relevantes a ponto de fazer mudanças mais profundas.
-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Acho que é um início, mas ainda há pouca interação efetiva. Além da interação direta com os perfis
coorporativos, o público acaba sendo ouvido em tempo real pelos jornalistas presentes na rede. Além
do que o Trend Topics, por exemplo, acaba servindo como termômetro dos assuntos mais discutidos.
No entanto, como disse, falta uma efetividade, uma profundidade maior dessa comunicação.
-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
Há uma "regra" de proporção que condiz bastante com a realidade. Ela diz que de 100 usuários que
lêem a mensagem, 10 provavelmente vão retransmitir e apenas 1 vai comentar. Apesar de grande
parte do público on-line saber que é possível interagir, poucos o fazem. Normalmente estão mais a
vontade para fazer isso com amigos e conhecidos, não com jornais. Isso dificulta bastante a criação
de conteúdos mais interativos, como de colaboração coletiva, se não há uma boa recompensa ou
estímulo (promoção, sorteio, etc).
No entanto, os que já tem o hábito da interação são bastante ativos, pedindo por esse tipo de
comunicação. Há vários fatores que levam a isso, entre eles a experiência do usuário com a
ferramenta e com a internet como um todo. Não podemos esquecer que no Brasil ainda estamos em
tempo de inclusão digital, ao mesmo em que já há usuário muito avançados. O público é bastante
variado, e tende a ser mais ainda nos próximos anos.
-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Bem, como sempre, estou me adiantando nas perguntas. Isso está, de certa forma, respondido nas
perguntas anteriores. O público ainda fica bastante tímido diante dos perfis coorporativos, pois eles
não tem um rosto, uma personalidade real. Mas há experiências interessantes da participação do
público. Algumas radicais, como a participação do Twitter nos protestos do Irã, onde não há
jornalistas, e o relato era a única fonte de informação disponível. Outras mais suaves, como
newsgames e outros aplicativos integrados com o Twitter.