SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 56
Downloaden Sie, um offline zu lesen
1


     UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

         Aline Aparecida Vonsovicz




JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER




                 CURITIBA

                   2010
2




JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER




                CURITIBA

                  2010
3


         Aline Aparecida Vonsovicz




JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER




                     Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
                     curso de Comunicação Social, habilitação em
                     Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e
                     Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná, como
                     requisito parcial para a obtenção de título de
                     graduação.

                     Orientadora: Professora Dra. Claudia Quadros.




                 CURITIBA

                   2010
4




A uma carreira de sucesso.
5


                              AGRADECIMENTOS



        Enfim, quatro anos.

        Quatro anos de luta, dedicação, amigos, alegrias, diversão, estudos,

seminários, pesquisas, tristezas, decepções, festas e livros.

        Se fosse descrever cada aprendizado nesta conquista, faltariam páginas e

também palavras. Cada sentimento tem o sabor único e de vitória estampada no

sorriso: eu consegui.

        E por insistência. Pelo desafio de chegar aqui e de querer fazer a diferença.

Bem Aline, agora você conseguiu.

        E com a ajuda de Deus, ser imaginário e presente que apóia e consola

qualquer ser em todas as horas.

        Com a ajuda de meus pais, Miguel e Sueli, que mesmo sem demonstrar,

sempre estiveram ali, do meu lado na escolha do jornalismo como profissão. E

também a minha irmã Suelen, publicitária de mão cheia, que puxou minha orelha

quando necessário e elogiou quando era preciso.

        Com a ajuda de professores espetaculares. Gostaria de descrevê-los um a

um, mas como disse anteriormente, faltarão páginas neste TCC. Cada um ensinou

um algo novo e o melhor de tudo: faça jornalismo de maneira correta, ética e

autêntica. Em especial, três professoras essenciais: Profª. Drª. Claudia Quadros,

pela imprescindível orientação neste TCC; Profª. Drª. Adriana Amaral, que me fez

abrir os olhos para o jornalismo digital; e Profª Drª Kati Caetano, que me fez

descobrir o sabor da pesquisa.
6


       Não chegaria aqui sem a ajuda dos amigos. Sim, verdadeiros amigos destes

quatro anos de graduação. Em especial a duas flores, que quero sempre por perto:

Laís Dlugosz e Bárbara Braga. Sem palavras.

       Com a ajuda dos jornalistas entrevistados também cheguei aqui: Luís Celso

Jr., Gabriela Zago e Giovanna Lima. Este TCC só teve a ganhar com a experiência

de cada um.

       Em especial, as pessoas da Universidade Tuiuti do Paraná. Esta instituição

trabalha com pessoas de verdade, com coração. São pessoas para a vida toda.

       Agora outra etapa começa. E eu estou ansiosa para que chegue logo.
7




A pertinência de qualquer pesquisa está nas perguntas, não nas respostas.

                                                            Felipe Pena.
8


                                   RESUMO

O presente TCC - Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo estudar os
efeitos do Twitter sobre o fazer jornalístico. O Twitter é uma rede social digital
denominada de microblog. Foi criada em 2006 nos Estados Unidos. No Brasil, o uso
do Twitter teve o seu boom no ano de 2009, logo após a morte de Michael Jackson.
Neste estudo, parte-se de princípios básicos do jornalismo e de transformações que
ocorrem no dia-a-dia de uma redação quando novos sistemas de comunicação
surgem. Alguns eixos temáticos, como jornalismo participativo, redes sociais e
microblogs, foram fundamentais para o desenvolvimento deste TCC. Entre os
autores que nortearam este estudo, estão Quadros, Recuero e Zago. Por meio de
estudo de casos, apontamos algumas influências do Twitter sobre a forma de fazer
jornalismo em 140 caracteres e a importância do público no processo jornalístico.
Para compreender esse fenômeno, foi realizada uma metodologia híbrida composta
de entrevistas, observação sistemática e revisão bibliográfica.

Palavras-chave: jornalismo, twitter, redes sociais, participação, público, processo
jornalístico.
9


                                   LISTA DE FIGURAS



FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER .................................................. 28
FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER ................................................................ 29
FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER .......................................... 30
FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR. .................................. 33
FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA ................................. 33
FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO ............................. 34
FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR. ............................................ 36
FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO ........................................... 36
FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA ............................................ 37
FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO ............................................ 38
FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA ............................................ 38
FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR. ............................................. 39
FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO.................................. 40
FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR. ................................... 40
FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA .................................. 41
FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR. .......................................... 42
FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA ......................................... 42
FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA ......................................................... 43
FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO ........................................................ 44
FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR............................. 45
10


                                                        SUMÁRIO



1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 15
3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA .............................................. 17
   3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM .............................................................. 17
   3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO ........................................... 18
   3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES ............................................................ 20
   3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO ................................. 21
   3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO
    ............................................................................................................................. 22
4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO .................................................................... 25
   4.1 TWITTER........................................................................................................ 27
5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 31
   5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ...................................................................... 31
   5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS ............................................................ 34
   5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS .......................................................... 35
        5.3.1 Contato com o público ............................................................................ 35
        5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia .............................................................. 37
        5.3.3 Autopromoção......................................................................................... 39
        5.3.4 Links ....................................................................................................... 41
        5.3.5 RTs ou Retweets .................................................................................... 43
        5.3.6 Localização ............................................................................................. 44
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 49
   ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE
   CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010. ......................... 52
   ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE
   JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010............................... 53
   ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO
   JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010. ... 55
11


1 INTRODUÇÃO



          Este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC tem a intenção de trazer à tona

algumas reflexões sobre o jornalismo realizado na rede social/microblog Twitter 1 ,

com o objetivo de observar as possíveis transformações no fazer jornalístico com o

seu uso.

          O Twitter, considerado uma ferramenta de micromensagens e rede social,

serve tanto para a produção, como também para a difusão de conteúdos

jornalísticos (ZAGOb, 2008). Esta rede social permite ao usuário a publicação de

mensagens em até 140 caracteres, destinadas ou não a outro emissor, através de

replies (@ + nome do usuário). Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e

hastags 2 que facilitam a busca de informações desejadas.

          A presença do usuário nestas redes sociais digitais, como o Twitter, o Orkut 3

e o Facebook 4 , fazem parte do fenômeno denominado de Web 2.0. Para O’Reilly

(2005), esse termo refere-se ao surgimento de uma nova plataforma que privilegia a

participação do público.

          O autor ressalta que as principais diferenças entre os termos estão entre os

sites estáticos, sem atualizações constantes e apenas moderado por uma pessoa

(Web 1.0) e blogs dinâmicos, com recursos extras, tags e a possibilidade de

participação do público (Web 2.0).

           O surgimento de novas tecnologias, o acesso facilitado à internet, a

produção móvel de conteúdo e a participação do público são algumas das

influências que alteraram a maneira de fazer jornalismo. Muitas dessas novas

1
  http://twitter.com/
2
  Hastags ou tags são palavras-chave vinculadas a textos, posts ou tweets que possibilitam a localização do
material quando digitada esta palavra no buscador. Podem vir acompanhadas de #.
3
  http://orkut.com/
4
  http://facebook.com/
12


tecnologias se constituem em novas ferramentas que facilitaram e mudaram o

processo de apuração, produção, publicação e circulação da informação.

        Os meios digitais promoveram o acesso à notícia, mas não determinaram o

fim dos demais veículos tradicionais. Quando a televisão foi criada, muitos

acreditaram ser o fim do rádio, mas a reestruturação da linguagem restabeleceu a

força desse meio que até hoje continua sendo bastante importante. Segundo

pesquisa do Ibope em 2010, o rádio alcança 77% dos brasileiros, o que representa

50 milhões de ouvintes, conforme a cobertura do Target Group Index. Outra

pesquisa do Ibope em 2008 mostra que o rádio continua sendo o 2º veículo de maior

credibilidade na opinião dos brasileiros, mesmo com quedas significativas em 2003.

Mas em 2007, o veículo possui tendência de crescimento entre as classes C, D e E.

        A internet segue caminho semelhante. A sua chegada assustou muitos

proprietários de meios de comunicação. Para Henry Jenkins (2009), os meios

tradicionais estão em colisão com os novos sistemas de comunicação, pois existe a

possibilidade de compartilhar experiências pessoais em diversos formatos, criar

novas conexões e formatar as antigas. Ele relata a cultura de fan fiction, onde os fãs

praticam ações de compartilhamento (spoiling), fofocas (drama ético em torno dos

reality shows) e até mesmo uma releitura de filmes (cinema de fã).

        Vale ressaltar as premissas de manuais de redação, televisão ou rádio: a

linguagem tem influência direta no veículo e, assim, determina seu público. E para

manter esse público fiel e participativo, as redações mostram que de uma forma ou

outra entram na era da convergência. A integração de formas tradicionais com

recursos audiovisuais e interativos são exemplos de que essa migração vem dando

certo em alguns meios.
13


       A participação do público é uma das principais ações que incidem sobre o

fazer jornalístico, por esse motivo o foco de atenção do presente estudo é avaliar a

sua presença no Twitter. Para tanto, diversos autores são pesquisados. Entre eles,

Recuero (2009), Primo (2006), Quadros (2005) e Zago (2009).

       Para parte do público, o Twitter não passa de um ‘produto’ para uso pessoal

e tem apenas por finalidade responder a pergunta inicial: “What’s happening?” (O

que está acontecendo?). Desde a sua criação, no entanto, o Twitter foi desenvolvido

para facilitar a comunicação instantânea entre os seus inventores. Ele foi

desenvolvido, nos Estados Unidos, por três funcionários da Odeo - uma empresa de

serviços digitais. Em 2006, a Odeo vivia um momento de crise e os seus

colaboradores precisavam de uma ferramenta para mostrar o que eles estavam

fazendo pela instituição (SAGOLLA, 2009). Essa plataforma facilitaria a vida dos

proprietários, que teriam controle sobre tudo e todos da Odeo.

       Por sua interface gráfica amigável, logo este sistema de comunicação

passou a ser usado como uma forma de se aproximar do público para informar

sobre um produto ou um determinado assunto.

       Como o público usa o Twitter e de que forma isso tem contribuído para a

transformação do jornalismo? Será que os usuários seguem perfis por fama ou

realmente estão em busca de informação ofertada de forma ágil? Como os perfis do

Twitter, com proposta jornalística, têm facilitado a vida do público? A partir destas

questões, tenta-se compreender o uso do Twitter no jornalismo. Sabe-se que não

serão respondidas todas as perguntas neste TCC, mas ao menos se espera

compreender o fenômeno e a sua importância para o jornalismo.

       No primeiro capítulo, princípios básicos do jornalismo foram resgatados e

destacados neste TCC. O conceito de convergência foi apresentado e questionado
14


com estes princípios do jornalismo: a linguagem jornalística, o perfil jornalístico, as

redações, participação do público e as novas plataformas de produção.

        Consideram-se as redes sociais como as novas plataformas de produção.

Assim, no segundo capítulo, descreve-se a prática do jornalismo em redes sociais

digitais, suas características próprias e suas contribuições para o jornalismo, entre

elas o Twitter.

        No terceiro e último capítulo, parte-se para o estudo de caso divido em duas

partes: a observação sistemática, que traz a contagem do número de tweets

informacionais e conversacionais; e as entrevistas com os jornalistas por e-mail. Na

sequência algumas características foram apontadas pela autora, encontradas

durante a observação sistemática. São tweets que demonstram o contato com o

público, comentários do dia a dia, autopromoção, links, retweets e até mesmo a

localização exata de onde o usuário está.
15


2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS



            O trabalho busca compreender o processo de produção jornalístico, com

ênfase na elaboração da notícia em um sistema de comunicação emergente: o

Twitter.

            Na era de convergência tecnológica, é necessário contrastar teorias do

jornalismo tradicional com novas pesquisas que desvelem esses novos sistemas de

comunicação e como eles têm modificado o modo de fazer jornalístico.

            Em virtude de o assunto ser relativamente novo, há poucos livros traduzidos

para a língua portuguesa. O que existem são artigos, monografias e teses que

tratam o assunto em questão. No Brasil, há pesquisadores que estudam a relação

das redes sociais com o jornalismo. Entre eles, Recuero, Primo, Quadros e Zago.

            Esta     pesquisa       também       procurou       descrever       a    maneira      como      o

público/usuário tem apreciado o conteúdo divulgado no Twitter. Para isso, após

contextualizar o assunto através de investigações e reflexões sobre o tema, uma

pesquisa de campo com o jornalista e colunista do jornal Gazeta do Povo, Luís

Celso Jr., foi realizada para tentar responder as questões levantadas. Seu perfil no

Twitter 5 tem mais de 1,6 mil seguidores 6 , com 7 mil tweets, sendo a maioria

informativos. Tweets conversacionais também estão presentes nesta rede social. O

contato com o jornalista foi feito por e-mail, sendo a abordagem principal a partir da

visão que o profissional tem desta ferramenta no processo jornalístico.




5
    http://twitter.com/celso14
6
    Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em 20/10/2010.
16


             Outro profissional entrevistado foi a pesquisadora de cibercultura, Gabriela

Zago. Fundamental neste TCC, Gabriela hoje conta com mais de 2,2 mil seguidores

em seu Twitter 7 , com 2 mil tweets já publicados.

             A estudante de jornalismo Giovanna Lima, também contribuiu para este

estudo de caso. Seus 4,5 mil tweets são informativos e comunicacionais, mais de

480 perfis a seguem em seu perfil 8 .

             O estudo de caso deste TCC conta também com uma observação

sistemática dos perfis no Twitter dos três jornalistas entrevistados. No período de

uma semana, de 01 a 07 de novembro de 2010, estes usuários - @celso14,

@gabizago e @zizica foram analisados ao final de cada dia para um levantamento

de número de postagens e categorização dos tweets de cada perfil.

             A metodologia de análise utilizada nesta pesquisa de campo foi baseada no

estudo de capital social de Raquel Recuero (2009a), com destaque para as

categorias (informação e conversação) e sub-categorias (pessoais, noticiais,

opinativos, links, automáticos, diretos e indiretos). Outro estudo da autora foi

utilizado, com base no grau de conexão, redes inteiras e redes de ego (2009b).

             A autora Gabriela Zago (2009) também foi utilizada para explorar esta rede

social. Ela analisa o Twitter como ferramenta de difusão de produção de conteúdos

jornalísticos, criação de mashups e demais assuntos relacionados. Suas pesquisas

serão utilizadas para aprofundar o conhecimento desta rede social.

             Outros autores como Ramon Salaverría, José Alberto García Avilés, Pere

Massip, Claudia Quadros, Alex Primo e Marcelo Träsel são fundamentais para

delinear as características de convergência, jornalismo participativo e também

digital.

7
    http://twitter.com/gabizago
8
    http://twitter.com/zizica
17


3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA



          Definir o que é jornalismo em uma época de convergência entre os meios e

redações torna-se um pouco difícil. Este capítulo associa a arte de fazer jornalismo

com o perfil profissional e o seu entorno. A convergência pode ser observada de

vários aspectos, como definem Salaverría, García Avilés e Masip:


                           “A convergência jornalística é um processo multidimensional que, facilitado
                           pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação,
                           afeta os âmbitos tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios
                           de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços,
                           métodos de trabalho e linguagens anteriormente desagregados, de forma
                           que os jornalistas elaboram conteúdos que sejam distribuídos através de
                           múltiplas plataformas, por meio das linguagens próprias a cada uma delas.”
                           9 (SALAVERRÍA, Ramón; GARCÍA AVILÉS, José Alberto; MASIP, Pere.

                           2006 apud SÁBADA, Charo et al, 2007).



          O conceito de convergência provoca mudanças em estratégias empresariais,

tecnológicas, na elaboração e distribuição de conteúdos em distintas plataformas, no

perfil profissional dos jornalistas e nas formas de acesso aos conteúdos. Deste

modo, partimos desta definição para avaliar os processos que constituem o fazer

jornalístico.



3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM



          Em princípios de definição, a premissa básica do jornalismo é apresentar os

fatos por meio de textos, estejam eles publicados ou não. Teóricos como Nilson

Lage, Muniz Sodré e Marques de Melo, defendem a veracidade, clareza e


9
  Tradução da autora para: “La convergencia periodística es un proceso multidimensional que, facilitado por la
implantácion generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico,
empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de
herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas
elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada
una.”
18


credibilidade no texto jornalístico. Para José Marques de Melo, ele pode ser

entendido como:

                           “Um processo social que se articula a partir da relação (periódica/oportuna)
                           entre organizações formais (editoria/emissoras) e coletividades (públicos
                           receptores), através de canais de difusão (jornal/revista/rádio/televisão) que
                           asseguram a transmissão de informações (atuais) em função de interesses
                           e expectativas (universos culturais ou ideológicos).” (MELO, 1994, p.14-15)



          Cada teórico do jornalismo defende uma maneira de como escrever um

texto, a fim de transformá-lo em reportagem passível de publicação. E a

hipertextualidade é um recurso da linguagem disponível na era da internet. É a

possibilidade de leitura não-linear, saltando de uma janela para outra, com o acesso

instantâneo a outros conteúdos, sendo assim, complementares a pesquisa do

usuário. (MIELNICZUK, 2003).

          Outros conceitos já utilizados no jornalismo tradicional também são

adaptados ao jornalismo em tempos de convergência. É o caso da teoria da

pirâmide invertida, que se refere em publicar no primeiro parágrafo as informações

mais relevantes da notícia. Este primeiro parágrafo é chamado de lead 10 . (LAGE,

2001). Caso o usuário continue a ler, terá os demais parágrafos como

complementares.

          Estes e outros conceitos reafirmam que a linguagem pode variar de acordo

com o perfil de cada profissional.



3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO



          Foi embora a época que jornalista andava apenas com bloco de notas e

caneta na mão. “Bloco de notas, caneta, gravador, câmera fotográfica, câmera de

10
   O lead é caracterizado por um conjunto de cinco perguntas: quem, o quê, como, por quê, onde e quando. Este
é interpretado por meio de informações simples, que facilitam o entendimento e apreciação do texto.
19


vídeo, telefone celular de terceira geração, computador portátil... A lista de

instrumentos cresce continuamente para os jornalistas”. (KISCHINHEVSKY, 2009, p.

57).

          A habilidade com tantos equipamentos e ferramentas faz com que muitos o

denominem de jornalista multimídia. Trata-se do profissional que trabalha em plena

integração de funções: sabe dominar as linguagens de diferentes meios, editar um

vídeo, falar outras línguas e compreender outras áreas para que possa agilizar o

processo jornalístico e concluí-lo de maneira satisfatória.



                           “O perfil exigido no mercado aponta claramente para uma competência
                           técnica que possibilite, tanto o domínio de diferentes linguagens (impressa,
                           audiovisual e digital), como o uso de plataformas on-line para a publicação
                           de matérias em formato multimídia.” (JORGE, Thaïs de Mendonça;
                           PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. 2009, p. 86)



          O jornalismo exige do profissional intensa atualização de conteúdo, não

apenas devido à concorrência, mas também pelo processo de reformulação em que

as redações têm apresentado.

          Apesar das reconfigurações jornalísticas, Sábada et al. destacam alguns

autores que não acreditam no jornalismo multimídia, como Applegren (2004), Dailey

et al. (2003) e Lawson-Borders (2003). Eles afirmam que a “abordagem de cada

uma das fases que compõem o processo de convergência deve ser tratada

separadamente, para evitar confusão, embora cada uma dessas áreas não podem

ser completamente separadas das demais.” 11 (SÁBADA, Charo et al, 2007, p. 17)




11
   Tradução da autora para: “La aproximación a cada una de las fases que componen los procesos de
convergencia debe abordarse por separado, para evitar confusiones, a pesar de que cada uno de esos ámbitos no
pueden desvincularse totalmente de los demás.”
20




3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES



          Ao seguir o exemplo de convergência, as redações também apresentam

características multimidiáticas a fim de facilitar a divulgação de uma mesma

informação em meios diferentes, como destaca SÁBADA, Charo et al:



                            “No campo profissional, a convergência se traduz em várias estratégias
                            para explorar os materiais informativos, de modo em que eles apareçam em
                            várias mídias. Essas estratégias vão desde as formas de cooperação entre
                            as redações de diversos meios de comunicação até a criação de redações
                            multimídias integradas, onde todas as mensagens são centralizadas, as
                            alocações são feitas e se canaliza o fluxo de informações para editar as
                            versões impressas, audiovisuais e on-line.” 12 (SÁBADA, Charo et al, 2007,
                            p. 12)



          No Brasil, seguindo a linha destes autores, Suzana Barbosa realizou uma

pesquisa para saber as características da convergência jornalística do Brasil 13 .

Segundo ela, o grupo Rede Brasil Sul - RBS é o que apresenta os melhores

resultados entre os jornais analisados. A redação integrada do Zero Hora passou a

funcionar no último trimestre de 2007 e lançou o portal ZeroHora.com.br que abriga

conteúdos elaborados para a web. Tratando-se de profissionais destinados à

redação on-line, os números são altos. “Dos 240 profissionais, entre 70 a 80

trabalham, tanto para o impresso, como para a edição on-line, pelo menos uma vez

por semana. Destes, 34 repórteres atuam apenas no on-line.” (BARBOSA, 2009, p.

43).




12
   Tradução da autora para: “En el ámbito profesional, la convergencia se traduce en diversas estrategias para
aprovechar el material informativo, de forma que se aparezca en distintos medios. Dichas estrategias incluyen
desde formas de cooperación entre las redacciones de diferentes medios hasta la creación de redacciones
multimedia integradas, donde se centralizan todos los mensajes, se realizan las asignaciones y se canaliza el flujo
de información para editar las versiones impresas, audiovisuales y en línea de los contenidos.”
13
   A pesquisa completa pode ser vista em BARBOSA, 2009.
21


3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO




         Tempos de convergência provocam alterações e modificações dentro da

profissão, porém o jornalismo sempre contou com a presença de um aliado

fundamental para a propagação da notícia: o público. Seja através de ações simples

e práticas, ou até mesmo das mais complexas.

         Não há uma fórmula que defina o porquê da participação do público nesse

processo, mas a presença excessiva da tecnologia, tanto em computadores e

telefones com funções múltiplas, pode ter sido um dos fatores que despertaram a

maior participação de leitores/ouvintes/telespectadores/usuários no fazer jornalístico.

         A primeira pesquisa sobre o jornalismo público aconteceu no final dos anos

80, após uma cobertura frustrada dos jornais sobre eleições presidenciais da

América do Norte. Segundo Quadros (2005), o jornal Columbus Ledger Enquire, da

Geórgia, realizou este procedimento para identificar os problemas da comunidade

local.

         Desde então, os jornalistas passaram a perceber a presença do público

como um aliado, abrindo espaço para carta do leitor e a produção de reportagens

especiais sobre os problemas locais. “O jornalismo público nasce com a função de

estreitar relações entre a mídia e a comunidade.” (QUADROS, 2005, p.46).

         E com a internet, o público está cada vez mais instigado para aprimorar

assuntos locais. Primo e Träsel retratam sobre a importância dessa participação no

processo jornalístico com o advento da tecnologia:



                     “É bem verdade que diferentes vozes atravessam qualquer texto
                     jornalístico. Pode-se acrescentar que qualquer noticiário inclui sempre, em
                     alguma medida, a participação do público. Antes do e-mail, essa
                     participação já ocorria através de cartas e ligações, por exemplo, na forma
22


                     de sugestões de pauta ou mesmo para alguma seção do tipo ‘cartas do
                     leitor’”. (PRIMO; TRÄSEL, 2006, p.3)



        Os meios online continuaram proporcionando ao público suporte para que

continuassem dando sua contribuição ao jornalismo. Mielniczuk e Silveira dão

continuidade a esta atividade, iniciada muito antes do surgimento da internet.



                     “Com relação à interatividade, nos suportes tradicionais já havia muitas
                     possibilidades de participação do público interagindo como meio, desde o
                     contato com a redação para enviar sugestões de pauta até a participação
                     por telefone em programas de rádio ou a publicação de cartas em seções
                     específicas do jornal. Essas práticas, exercidas nas redes digitais, seriam
                     consideradas apenas continuações.” (MIELNICZUK; SILVEIRA, 2008, p.
                     175)



        A comunidade local sente a necessidade de estar perto da mídia e de certa

maneira, interagir com as redações para influenciar na publicação de notícias

relativas ao seu universo. Segundo Claudia Quadros, os “defensores do jornalismo

público acreditam que a nova corrente, que modifica as rotinas produtivas dos

jornalistas, realmente aproxima mais a mídia da comunidade local.” (2005, p. 48)



3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO



        As diversas alterações na prática do jornalismo em tempos de convergência

de redações e tecnológica vêm criando novas possibilidades para produção e

publicação de informações.

        Como destacado anteriormente, as redações têm trabalhado no sistema

integrado e o jornalista adapta seu texto para o impresso e para o on-line, havendo

possibilidades de publicação no rádio e na TV.

        Dessa maneira, o público marca presença na internet e colabora na

produção de notícias. O jornalismo abre espaço para estes produtores,
23


principalmente no mundo digital. “Com o advento da Web 2.0, passaram a surgir

novos espaços de participação que facilitam esse processo de produção e

publicação de conteúdos, como blogs, sites de redes sociais e wikis.” (ZAGOb,

2008, p.1)

        Antes de falar das redes sociais, destaca-se a possibilidade da produção

jornalística móvel (SILVA, 2006). A popularização dos aparelhos celular com funções

múltiplas e o acesso facilitado à tecnologia colaboraram para que a produção de

notícias se tornasse mais ágil. “Pode-se usar aparelhos móveis, como o celular,

tanto para a produção de conteúdo jornalístico diretamente a partir do local dos

acontecimentos, como também para a leitura e acompanhamento dos fatos

jornalísticos que acontecem no mundo.” (ZAGOb, 2008).

        Há outros espaços com possibilidades de colaboração na produção

jornalística. São as plataformas de fonte aberta, como o Slashdot, OhmyNews etc.,

que permitem que público seja responsável pela elaboração, apuração e publicação

da notícia.

        O Slashdot foi criado em 1997 e trata-se de um portal colaborativo de

notícias. O usuário faz um cadastro no site, envia seus textos e pode comentar

outros. Aquele usuário que desperta interesse no público ao enviar constantemente

mensagens ao site, recebe o título de mediador para filtrar textos de outros

colaboradores. (QUADROS, 2005).

        Princípios semelhantes ao do Slashdot, o OhmyNews International de

origem sul-corenana, foi criado nos anos 2000. Neste espaço, são mais de 4,6 mil
24


usuários cadastrados que enviam informações e cerca de 60 jornalistas fazem o

trabalho de gatekeeper 14 . (QUADROS, 2005).

          Já nas redes sociais também é possível a produção de conteúdos

jornalísticos. A linguagem é adaptada segundo as regras de cada rede e neste

trabalho, destaca-se o Twitter como suporte de conteúdos jornalísticos.




14
   O conceito de gatekeeper surgiu de um estudo sobre as modificações dos hábitos alimentares feito por Kurt
Lewin em 1947. Refere-se a presença de “um indivíduo, ou um grupo, que ‘tem o poder de decidir se deixa
passar a informação ou se a bloqueia’” (LEWIN apud WOLF, 1985, p. 180). Wolf conta que em 1950, White
aprimorou este conceito através de um estudo de caso, para entender o fluxo de notícias em órgãos de
informação. São milhares de informações que chegam todos os dias às redações, seja através de carta,
telefonemas ou e-mails. É preciso apurar este material para saber o que é publicável ou descartável. Para isso,
dentro das redações existem pessoas que trabalham como “cancelas ou portões”, na função de selecionadores da
informação.
25


4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO



       Além dos meios tradicionais, o jornalismo vem sendo praticado em outros

ambientes digitais, como blogs e microblogs. A prática é possível devido as

características de cada rede, sendo que o usuário adapta a informação através dos

recursos disponíveis.

       Com base nos estudos de Wasserman e Faust (1994), Degenne e Forse

(1999), Raquel Recuero (2009) define rede social como “um conjunto de dois

elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas

conexões (interações ou laços sociais)”.

       Antes de tudo, vale ressaltar que uma rede não existe apenas nos meios

digitais, mas sim, no mundo off-line quando mais pessoas se relacionam, trocam

informações e têm interesses em comum.

       A presença dos atores ou pessoas nas redes sociais digitais se dá através

de perfis no Twitter, weblogs ou fotologs. O público utiliza aquele perfil no

ciberespaço para deixar claro suas intenções pessoais e se identificar com os

demais perfis com o mesmo interesse. É como se o usuário utilizasse seu perfil em

redes sociais sendo o seu espaço da “construção de si” e da “narração do eu”.

(LEMOS, 2002 e SIBILA, 2003 e 2004 apud RECUEROa, 2009).

       Esse relacionamento entre atores, com interesses em comum ou não,

chama-se conexões, que são identificados através de laços sociais. Recuero relata

que essas análises só são permitidas graças à memória da internet. “Um comentário

em um weblog, por exemplo, permanece ali até que alguém o delete ou o weblog

saia do ar [nestes casos, isso só é permitido pelo proprietário ou moderador da

plataforma]” (RECUEROa, 2009, p. 30).
26


        As conexões nas redes sociais se dão através da interação entre os atores

em duas possibilidades: formas síncronas e assíncronas. A forma síncrona é aquela

em que a conversa ou interação acontece de maneira instantânea, como chats,

messenger, Google Talk e outras redes que propiciam esse contato. A forma

assíncrona acontece na forma de comunicação não imediata, como e-mails, recados

no Orkut ou Facebook e outras redes.

        Os laços sociais são resultados de interações sociais proporcionados pelos

atores sociais, conforme:



                      “Laços consistem em uma ou mais relações específicas, tais como
                      proximidade, contato frequente, fluxos de informação, conflito ou suporte
                      emocional. A interconexão destes laços canaliza recursos para localizações
                      específicas na estrutura dos sistemas sociais. Os padrões destas relações –
                      a estrutura da rede social – organiza os sistemas de troca, controle,
                      dependência, cooperação e conflito.” (WELLMAN, 2001, p. 7 apud
                      RECUEROa, 2009, p.38)



        Recuero ainda cita outras possibilidades de laços: os relacionais constituídos

através de relações sociais entre vários atores; e os de associação que ao contrário,

o ator necessita pertencer ao local, instituição ou grupo.

        Os laços sociais podem ser fortes ou fracos, dependendo da sua

proximidade ou intimidade com o outro ator. Se a conexão for contínua, favorecendo

a troca de recados e links na web, esse laço social é denominado forte. Laço social

fraco é aquele em que a troca de informações entre os atores acontece raramente,

sem intimidade.

        Raquel Recuero (2009a) discute o conceito de capital social, com base em

autores como Coleman, Putman e Bourdieu, chegando a conclusão que trata-se de:



                      “... Um conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e
                      dependentes de sua função, como afirma Coleman) que pode ser usufruído
                      por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está
27


                     baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Ele está embutido nas
                     relações sociais (como explica Bourdieu) e é determinado pelo conteúdo
                     delas” (GYARMATI & KYTE, 2004; BERTOLINI & BRAVO, 2001 apud
                     RECUERO, 2009, p. 50)



        Em virtude dessas e outras possibilidades de comunicação é possível a

prática do jornalismo nas redes sociais.



4.1 TWITTER



        O Twitter é uma ferramenta de micromensagens (RECUEROa, 2009) que

permite ao usuário cadastrar-se com um nickname e publicar informações limitadas,

em até 140 caracteres, com a finalidade de responder a pergunta “What’s

happening?” (O que está acontecendo?).

        As mensagens podem ser destinadas a outros usuários de maneira aberta,

através de replies (@ + nome do usuário). A comunicação privada a outro usuário se

dá através de direct message ou DM, como uma caixa de entrada em cada página

da rede. Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e hastags nos tweets que

facilitam a busca de informações desejadas.

        O Twitter foi fundado em 2006 por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Willians

para um projeto da Odeo com o objetivo de facilitar a comunicação entre seus

funcionários. A empresa passava por momentos de crise e era necessária alguma

plataforma onde seus integrantes postassem informações do que estavam fazendo.

(SAGOLLA, 2009).

        Assim surgiu e somente os funcionários e familiares teriam acesso a estas

informações. A Odeo continuava em crise e precisou dispensar seus funcionários e

o Twitter tornou-se uma ferramenta de comunicação entre os mesmos. Logo mais foi

aberta ao público.
28


       De lá para cá, essa rede social vêm crescendo continuadamente. Segundo

pesquisa do Ibope Net Rantings de 2010, o Twitter possui 9,8 milhões de usuários,

sendo 27% do total brasileiros. Estes usuários são jovens de 18 a 24 anos,

executivos, blogueiros e pessoas da área de comunicação e marketing.

       O Twitter está disponível em seis idiomas (italiano, espanhol, inglês, francês,

alemão e japonês), e sua interface gráfica amigável apresenta características que as

quais rotulam a ferramenta como rede social.

       Seu layout apresentou modificações em outubro de 2010, com uma

aparência mais estendida que a anterior.



                    FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER




                         Fonte: http://twitter.com/# (11 de outubro de 2010)




       Outra modificação notada por meio de análises em trabalhos já publicados

sobre o Twitter é de que a pergunta a ser respondida em até 140 caracteres era

“What are you doing?” (O que você está fazendo?). Não se sabe o motivo ao certo

porque a pergunta mudou, mas desconfia-se que seja pelo fato que o Twitter tornou-
29


se meio de comunicação entre redações jornalísticas versus público, estreitando

laços comunicacionais, tornando o contato mais próximo.

       As coberturas já realizadas pelo Twitter, como nos EUA o acompanhamento

das eleições norte-americanas e no Brasil a sequência de chuvas, apresentada

como uma das maiores catástrofes em cidades de Santa Catarina (RECUEROa,

2009), confirmam a titulação desta rede social como ferramenta de produção de

conteúdo, como também para a difusão de conteúdos jornalísticos (ZAGOb, 2008).

       Seu formato e sua possibilidade de atualizações e/ou acesso por

dispositivos móveis, faz do Twitter uma espécie de alerta das últimas notícias, já

veiculadas no portal daquele usuário.



                         FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER




                        Fonte: http://twitter.com/g1 (22 de outubro de 2010)




       Raquel Recuero (2009a) classifica os tweets em duas categorias:

informacionais e conversacionais. Os informacionais foram ainda divididos em

pessoais (comentários do dia a dia), notícias (informações novas), opinativos
30


(opinião explícita sobre algo), links (tweet + hiperlink) e automáticos (publicados por

uma ferramenta). Os conversacionais também foram classificados: diretos (contém

@ + nome do usuário) e indiretos (como forma de pergunta a toda rede).

        Essa classificação se aplica na prática, pois o público interage com os

jornalistas para dar sua opinião sobre o tweet publicado. No exemplo abaixo, o

jornalista e colunista do jornal O Globo, muitas vezes responde estes usuários:



                   FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER




                      Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010)




             Portanto, parte-se para o estudo de caso com base nos itens tratados

neste segundo capítulo.
31


5 ESTUDO DE CASO



          A escolha dos dois jornalistas profissionais e uma estudante de jornalismo

para o estudo de caso deste TCC, baseou-se nos itens que compõem o valor

percebido, destacado por Recuero (2009a): visibilidade, reputação, popularidade e

autoridade. Estes perfis também foram selecionados por conterem tweets

informacionais e conversacionais (Recuero, 2009a).

          As opiniões expressas pelos entrevistados não necessariamente concordam

com as da autora.



5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA



          A observação sistemática deste TCC ocorreu entre os dias 01 a 07 de

novembro de 2010. A análise foi realizada nos perfis dos três entrevistados: o

jornalista Luís Celso Jr., colunista do jornal Gazeta do Povo/PR e dono do blog Bar

do Celso, a jornalista e também pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago e a

estudante do último ano de jornalismo, Giovanna Lima.

          Segundo a contagem, as tabelas apresentam números relativamente baixos,

em comparação com outros profissionais da categoria 15 .

          Uma observação importante apontada pela autora deste TCC foi a cobertura

minuto a minuto feita pela pesquisadora Gabriela Zago do 8º Encontro Nacional dos

Pesquisadores de Jornalismo - SBPJor, em São Luís/MA. A partir do dia 8 de

novembro, Gabriela twittou e replicou diversas mensagens em seu perfil no Twitter



15
  O perfil do jornalista e colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, foi avaliado até o momento de sua
desistência neste estudo de caso. No dia 01 de novembro, Noblat havia publicado 58 tweets informacionais e 28
conversacionais.
32


sobre o congresso. A observação veio à tona, quando Gabriela postou apenas uma

mensagem no dia 7 – último dia desta observação sistemática.



          @celso14           Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia

                             1     2     3     4     5     6     7

     Tweets Informacionais   5     2     1     0     0     6     3

    Tweets Conversacionais   5     7     0     1     0     11    13

        Total de Tweets      10    9     1     1     0     17    16       54



         @gabizago           Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia

                             1     2     3     4     5     6     7

     Tweets Informacionais   4     0     4     4     5     0     1

    Tweets Conversacionais   1     0     0     0     1     0     0

        Total de Tweets      5     0     4     4     6     0     1        20



           @zizica           Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia   Dia

                             1     2     3     4     5     6     7

     Tweets Informacionais   10    20    1     10    4     4     4

    Tweets Conversacionais   10    8     3     10    5     1     1

        Total de Tweets      20    28    4     20    9     5     5        91



       Percebe-se ao longo dos dias observados que a maioria dos tweets

informativos publicados são comentários do dia a dia do próprio usuário ou opiniões

explícitas sobre um assunto, relacionado ou não a notícias ou não. Os exemplos

abaixo relatam as constatações, respectivamente:
33


FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR.




    Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)




FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA




     Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010)
34


          Tweets conversacionais também aparecem na análise. Esta possibilidade

conduz a ferramenta de rede social ao comunicador instantâneo:



                  FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO




                           Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010)




5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS



          O perfil de Luís Celso Jr. está em constante crescimento em relação a

seguidores e tweets. Com mais de 1,6 mil seguidores 16 , com 7 mil tweets, o

jornalista e blogueiro utiliza seu Twitter para publicar mensagens em até 140

caracteres relativas ao seu blog sobre cervejas e bohemia em geral.

          Já a jornalista e pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago utiliza seu

Twitter para assuntos relacionados à pesquisa, jornalismo e também para promover




16
  Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em
20/10/2010.
35


seu trabalho. Seu perfil também está em crescimento, com 2,2 mil seguidores e 2 mil

tweets já publicados.

        A estudante do último ano de jornalismo da Universidade Positivo, Giovanna

Lima, foi a escolhida para completar o ciclo de entrevistas deste TCC. Com um perfil

com mais de 480 seguidores, a jovem utiliza a rede social para fazer críticas

relacionadas a temas um tanto quanto polêmicos: sexo, drogas, alcoolismo e

também ao jornalismo. São mais de 4,5 mil tweets já publicados.

        As entrevistas foram realizadas por e-mail e encontram-se no apêndice

deste TCC.



5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS



        Algumas características foram levantadas pela autora no decorrer da

observação sistemática - análise dia a dia em cada um dos perfis, bem como

comprovadas nas respostas de cada entrevista.



5.3.1 Contato com o público



        Um dos princípios do jornalismo é o contato com público e os jornalistas

entrevistados deste TCC afirmaram que dão importância sim para a conversação na

rede social digital Twitter.

        A conversação no Twitter de maneira aberta se dá por meio do símbolo @ +

nome do usuário (RECUERO, 2009a). A privativa acontece por meio de DMs ou

directs messages, mas isso só é possível se o usuário seguir o perfil em que

pretende enviar a mensagem. Vale destacar que na entrevista, Luís Celso Jr.
36


afirmou responder todos os tweets direcionados a ele (@celso14). Portanto, ao

receberem mensagens com elogios ou críticas, os profissionais fazem questão de

responder:

                 FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR.




                    Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)




                 FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO




                   Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010)
37




                   FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA




                      Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010)




5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia



       Alguns dos tweets publicados pelos entrevistados são de característica

pessoal: comentários do dia a dia, que respondem a pergunta inicial proposta pela

rede social Twitter: o que está acontecendo.

       Estes comentários são inevitáveis, pois como Raquel Recuero (2009a)

destaca, com base nos estudos de Lemos (2002) e Sibila (2003,2004), que os perfis

em redes sociais digitais são uma espécie de narração pessoal, como construção do

ser.
38


FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO




 Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)




FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA




  Fonte: http://twitter.com/zizica (02 de novembro de 2010)
39


                         FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR.




                            Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010)




5.3.3 Autopromoção



          Como destacado por Gabriela Zago na entrevista por e-mail e também

mencionado pelos demais entrevistados, alguns dos tweets publicados são uma

espécie de autopromoção. O Twitter serve como um disseminador dos trabalhos de

autoria desses jornalistas. É possível ver o exemplo captado abaixo:

          Segundo Raquel Recuero (2009c) com base em uma pesquisa de 2009 da

Pear Analytics 17 , 5,85% dos tweets são promocionais.




17
  A pesquisa completa está disponível em: http://www.pearanalytics.com/blog/2009/twitter-study-reveals-
interesting-results-40-percent-pointless-babble/
40


FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO




   Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)




FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR.




    Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)
41


                FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA




                      Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010)




5.3.4 Links



        Os perfis analisados também apresentaram links externos em seus tweets.

São assuntos julgados de interesse pelos entrevistados e publicados em seus perfis.

        Marcos Palacios (2003) relata a interconexão de textos através de links, com

os demais recursos disponíveis – foto, vídeo, animação de uma mesma notícia. A

chamada hipertextualidade só tem a contribuir com a ampliação da circulação do

jornalismo, em diversas plataformas inclusive as redes sociais.
42


FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR.




  Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010)




FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA




   Fonte: http://twitter.com/zizica (04 de novembro de 2010)
43


5.3.5 RTs ou Retweets



          Retweets ou RTs são mensagens publicadas por outros usuários, que

podem ser replicadas em seu perfil no Twitter. Gabriela Zago e Giovanna Lima

utilizam o aplicativo do botão retweet, que facilita a replicação destas mensagens em

apenas um clique. Luís Celso Jr. não utiliza o botão de retweet, aplicando apenas a

sigla RT como mostra o exemplo da figura 16.

          Raquel Recuero (2009b) classifica o retweet como informacional, mesmo

que há diversas críticas sobre o mesmo ser conversacional 18 . A autora ressalta que

os “retweets são formas de difundir uma informação que alguém considera

relevante”. (RECUEROb, 2009).



                             FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA




                            Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010)




18
   Em seu blog, Raquel Recuero dissertou sobre o botão retweet e apontou pesquisas de autores que acreditam
que este recurso no Twitter é conversacional. O post completo pode ser conferido em
http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/sobre_retweets_a_economia_do_twitter.html.
44




                       FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO




                        Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010)




5.3.6 Localização



        Dos jornalistas entrevistados, apenas Luís Celso Jr utiliza o recurso de

localização chamado Foursquare. O Foursquare é um geolocalizador de uso

exclusivo via celular, que permite o usuário se localizar e publicar suas informações

na rede social do serviço (Twitter ou Facebok).

        O diferencial deste aplicativo, bastante utilizado nos Estados Unidos, é que

cada usuário cadastra dicas sobre o local e tem a possibilidade de se tornar o

prefeito virtual daquele estabelecimento. Tudo depende da frequência do usuário

que vai ao local.
45


             FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR.




                       Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010)




       Com base nestes apontamentos, percebe-se que a prática do jornalismo em

redes sociais digitais, como o Twitter, é possível por características próprias e

adaptações que o jornalismo vem se modificando em tempos de convergência.
46


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS



         O jornalismo pode ser definido como uma prática social marcada por sua

reinvenção constante. “Ele é (re)construído a partir da participação contínua de

diferentes atores sociais (indivíduos, instituições, conceitos e abstrações etc.) que

interagem a partir de um conjunto de normas e convenções, responsáveis pela

coordenação das atividades vinculadas a essa prática”. (ADGHIRNI e PEREIRA,

2010).

         O jornalismo digital não foge a essa regra. Logo, percebemos que ainda que

a convergência tecnológica contribua para as mudanças no modo de fazer

jornalístico, outros tipos de convergências também influenciam o processo produtivo

de um jornal, de uma revista ou de qualquer outro tipo de publicação. A

convergência econômica, por exemplo, tem reduzido o emprego de muitos

jornalistas e incentivado a integração de redações on-line e impressas. A

convergência cultural mostra as criações e a apropriações do público com relação

ao conteúdo oferecido pelos próprios meios de comunicação. As redes sociais

digitais, como o Twitter, tem sido foco de atenção dos meios de referência. Afinal, os

resultados já são visíveis em relação à possibilidade de se fazer jornalismo em

outras plataformas.

         Mais do que fazer jornalismo nestas redes, é importante saber como utilizá-

las de maneira correta, proporcionando a integração entre o jornalismo e seu maior

aliado: o público.

         Com base nas constatações de convergência de Salaverría, García Avilés e

Massip (2008) foi possível perceber que o jornalismo segue um caminho de

transformações: o mercado exige um profissional qualificado e multimídia; as
47


redações estão trabalhando para aplicar a web 2.0; são inseridos links e recursos

para que a linguagem torne-se mais atraente; o público interage com os profissionais

para opinar e dar sugestões de pauta; e as novas plataformas de produção e

publicação surgem como aliadas ao fazer jornalístico.

       Entre estas redes, foi destacado o Twitter como plataforma de produção de

conteúdos jornalísticos. Criado com a finalidade de responder a pergunta inicial “O

que está acontecendo?” (SAGOLLA, 2009), o Twitter é uma ferramenta de

micromensagens (RECUERO, 2009), denominada como rede social pelos princípios

de comunicação que proporciona.

       As características encontradas ao longo deste TCC, e apontadas pela autora

com base em diversas fontes, demonstram que os jornalistas, sejam eles de

redação, pesquisadores e até mesmo estudantes de jornalismo, utilizam o Twitter

para diversos fins: contato com o público, comentários do dia a dia, assuntos da

mídia, links, autopromoção etc.

       Suas características de layout simples, ágil e limite de publicações em até

140 caracteres fazem do Twitter um aliado ao jornalismo digital. Na prática

percebemos e nos atualizamos através dele: portais noticiosos têm perfil no Twitter

para twittar as últimas notícias com links e jornalistas fazem a cobertura minuto a

minuto, como exemplo destacado aqui feito pela pesquisadora Gabriela Zago.

       O Twitter ainda abre espaço para a possibilidade de atualização via celular,

não só de notícias, mas também de aplicativos instalados como o Foursquare. São

recursos disponíveis que marcam a era de uma internet móvel e colaborativa, feita

por cidadãos.

       Nas entrevistas com os jornalistas foi possível perceber que a apropriação

do Twitter como ferramenta de uso jornalístico cresce a cada dia. Mesmo que os
48


jornalistas utilizem a rede social para comentar ações cotidianas, eles fazem

questão de opinar, trazer notícias com links interessantes e também de manter o

contato com o público. As ações no Twitter ainda são próprias de cada profissional,

mas é possível perceber a construção de algumas regras que podem funcionar para

o jornalismo feito em 140 caracteres.

        Essas e outras mudanças no processo jornalístico nos fazem pensar que

todos precisam estar preparados: os profissionais, jornalistas de todas as áreas

necessitam estar no Twitter para se conectar com o mundo e saber os assuntos

mais comentados; as redações precisam estar para publicar suas últimas notícias e

praticar seu marketing; e o público precisa dar sua opinião, contestar e participar da

produção/apuração da notícia.

        Há um longo caminho pela frente, mas as constatações nos mostram que o

jornalismo começa a aproveitar os recursos da rede social digital denominada

Twitter. Em era de web colaborativa, o jornalismo continua a sua jornada: se

reinventa a cada dia.
49


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



         ADGHIRNI, Zélia Leal; PEREIRA, Fábio Henrique. Mudanças estruturais no
jornalismo: alguns apontamentos. Trabalho apresentado no VIII Encontro Nacional de
Pesquisadores em Jornalismo. Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 8 a 10
novembro de 2010.

         AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra. Blogs.com: estudos
sobre blogs e comunicação. São Paulo: Momento Editoral, 2009. Disponível em:
http://www.sobreblogs.com.br/blogfinal.pdf. Acesso em: 06 mai. 2010.

         BARBOSA, Suzana. Convergência jornalística em curso: as iniciativas para
integração de redações no Brasil. In: RODRIGUES, Carla (Org). Jornalismo On-line: modos
de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. p. 35-55.

          FOLLETO, Leonardo. O blog jornalístico: definição e características na blogosfera
brasileira.  Dissertação     de    mestrado.    Florianópolis,  2009.     Disponível    em:
http://www.scribd.com/doc/20861245/O-Blog-Jornalistico-definicoes-e-caracteristicas-na-
blogosfera-brasileira. Acesso em: 12 out. 2010.

        GARCÍA AVILÉS, José Alberto; SALAVERRÍA, Ramón; MASIP, Pere.
Convergencia periodística em los médios de comunicación. Propuesta de definición
conceptual y operativa. In: SÁBADA, Charo et al. Métodos de investigación sobre
convergencia periodística. In: NOCI, Javier Díaz; PALACIOS, Marcos (Org). Metodologia
para o estudo dos cibermeios: estado da arte & perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008.

         IBOPE. Estudo inédito avalia o comportamento do consumidor brasileiro. São
Paulo,        29        de       abril       de      2008.        Disponível      em:
http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE
&pub=T&db=caldb&comp=IBOPE+M%EDdia&docid=6C5AA230D1120BB48325743A00462
B28. Acesso em: 04 out. 2010.

         _____. O meio rádio alcança 77% dos brasileiros. São Paulo, 30 de setembro de
2010.                                  Disponível                                  em:
http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE
&pub=T&db=caldb&comp=Notícias&docid=62C7F2CA70C4C86E832577AE00512CD3.
Acesso em: 30 out. 2010.

        JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Editora Aleph, 2008.

         JORGE, Thaïs de Mendonça; PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal.
Jornalismo na internet: desafios e perspectivas no trinômio formação/universidade/mercado.
In: RODRIGUES, Carla (Org). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-
Rio: Editora Sulina, 2009. p. 75-96.

         KARASINSKI, Eduardo. O que é a rede social Foursquare e quais as vantagens
dela? Artigo publicado no portal Baixaki. Curitiba, 20 de abril de 2010. Disponível em:
http://www.baixaki.com.br/tecnologia/4092-o-que-e-a-rede-social-foursquare-e-quais-as-
vantagens-dela-.htm. Acesso em: 20 nov. 2010.
50


         KISCHINHEVSKY, Marcelo. “Convergência nas redações: mapeando os impactos
do novo cenário midiático sobre o fazer jornalístico”. In: RODRIGUES, Carla (Org).
Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009.

        LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 2001.

        ___________. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
        LEMOS, André. A Arte na Vida: Diários Pessoais e Webcams na Internet. Trabalho
apresentado no GT Comunicação e Sociedade Tecnológica do X COMPÓS na Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 04 a 07 de junho de 2002.

         MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e
industrial. São Paulo: Summus, 1988.

        MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. 2ª edição. Petrópolis:
Vozes, 1994.

        ______________________. Teoria do jornalismo: identidades brasileiras. São
Paulo: Paulus, 2006.

         MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do
formato da notícia na escrita hipertextual. Tese Doutorado. Universidade Federal da Bahia,
Faculdade      de    Comunicação,        Salvador,    2003.    246f.    Disponível    em:
http://www.facom.ufba.br/jol/producao_teses.htm. Acesso em: 20 out. 2010.

         ___________________; SILVEIRA, Stefanie Carlan da. Interação mediada por
computador e jornalismo participativo nas redes digitais. In: PRIMO, Alex et al. Comunicação
e Interações. Livro da Compós. Porto Alegre: Sulina, 2008.

          O’REILLY, Tim. What is Web 2.0? O”Reilly Media, 2005. Disponível em:
http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html. Acesso em: 11 out. 2010.

         PALACIOS, Marcos. Ruptura, Continuidade e Potencialização no Jornalismo
Online: o Lugar da Memória. In: MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. (Orgs) Modelos do
Jornalismo     Digital.  Salvador:   Editora   Calandra,     2003.   Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/6606957/Marcos-Palacios-Ruptura-Continuidade-e-
Potencializacao-No-Jornalismo-Online-Ok. Acesso em: 16 nov. 2010.

        PRIMO, Alex. Interação Mediada por Computador. Porto Alegre: Sulina, 2007.

         PRIMO, Alex; TRÄSEL, Marcelo Ruschel. Webjornalismo participativo e a produção
aberta de notícias. Contracampo (UFF), v. 14, p. 37-56, 2006. Disponível em:
http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/webjornal.pdf. Acesso em: 27 mar. 2010.

          QUADROS, Claudia. A participação do público no webjornalismo. Revista da
Associação Nacional dos Programas de Pós-Gradução em Comunicação. E-Compós.
Brasília:   dez,   2005.    Disponível  em:    http://www.compos.org.br/seer/index.php/e-
compos/article/viewFile/56/56. Acesso em: 27 mar. 2010.

         ________________. Dez anos depois do boom dos diários digitais. Revista
Famecos. Porto Alegre, nº 31, dez, 2006. Disponível em:
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/viewFile/1113/825. Acesso
em: 27 mar. 2010.
51


         ________________. Jornalismo público, rádio e internet: uma combinação
possível? Comunicação e espaço público. Publicação do programa de pós-graduação da
Faculdade de Comunicação da UnB. Brasília, vol. 5, nº 1, 2005. Disponível em:
http://www.fac.unb.br/site/images/stories/Posgraduacao/Revista/Edicoes/2005-1_revista.pdf.
Acesso em: 27 mai. 2010.

        RECUERO, Raquel.a Redes sociais na internet. Porto Alegre: Editora Sulina, 2009.
Disponível em: http://www.redessociais.net/cubocc_redessociais.pdf. Acesso em: 21 set.
2010.

         _______________.b Sobre retweets: a economia do Twitter. Post pessoal. Blog
Ponto       Mídia,     28      de      junho      de      2009.     Disponível      em:
http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/sobre_retweets_a_economia_do_twitter.html.
Acesso em: 16 nov. 2010.

         _______________.c Twitter e Bobagens. Post pessal. Blog Ponto Mídia, 17 de
agosto                de                2009.               Disponível             em:
http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/twitter_e_bobagens.html. Acesso em 19 nov.
2010.

         _______________.; ZAGO, Gabriela. Em busca das redes que importam: Redes
Sociais e Capital Social no Twitter. Associação Nacional dos Programas de Pós-Gradução
em Comunicação. E-Compós. Belo Horizonte, jun, 2009.                    Disponível em:
http://www.compos.org.br/data/trabalhos_arquivo_coirKgAeuz0ws.pdf. Acesso em: 16 jun
2009.

        SAGOLLA, Dom. How Twitter was born. Blog 140 characters, 30 de Janeiro de
2009. Disponível em: http://www.140characters.com/2009/01/30/how-twitter-was-born/.
Acesso em: 11 out. 2010.

        SILVA, Fernando Firmino da. A prática jornalística diante das tecnologias móveis e
da conexão. Trabalho apresentado ao NP Tecnologias da Informação e da Comunicação no
XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, de 06 a 09 de setembro de 2006.
Disponível em: http://www.adtevento.com.br/intercom/2006/resumos/R0522-1.pdf. Acesso
em: 09 out. 2010.

        SODRÉ, Muniz. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São
Paulo: Summus, 1986.

        WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 5ª edição. Lisboa: Editorial Presença,
1999.

         ZAGO, Gabriela.a Apropriações jornalísticas do twitter: a criação de Mashups.
Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Católica de Pelotas, 2008. Disponível em:
http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Gabriela%20da%20Silva%20Zago.pdf.
Acesso em: 31 mar. 2010.

          ______________.b O Twitter como suporte para produção e difusão de conteúdos
jornalísticos.  São     Bernardo    do   Campo,   SBPJor,     2008.   Disponível   em:
http://www.scribd.com/doc/5887184/O-Twitter-como-suporte-para-producao-e-difusao-de-
conteudos-jornalisticos. Acesso em: 31 mar. 2010.
52


APÊNDICES



ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE

CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010.



De: Gabriela Zago gabrielaz@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 22 de outubro de 2010 17:15
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz


-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Uso o Twitter para postar links para notícias e posts sobre assuntos que me interessam e que
também possam interessar à minha rede de contatos, também para conversar com outras pessoas,
para comentar fatos mais ou menos pessoais (não muito íntimos), às vezes também para uma
espécie de "auto jabá" (divulgar meu próprio trabalho). Coisas mais pessoais eu posto no Plurk, para
um grupo de amigos mais restrito.

-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Uso os replies para tratar de assuntos que embora sejam em resposta ou direcionados para algum
indivíduo em específico, a temática tratada pode interessar outras pessoas, ou ainda não há
problema nenhum em manter o assunto em público. O interessante disso é que algum contato
recíproco pode ver a conversa e resolver tomar parte dela, tornando a conversação no Twitter ainda
mais dinâmica e peculiar. Se o assunto não puder ser tratado em público, ou disser respeito apenas
aos participantes envolvidos na conversa, aí costumo tratar por DM ou então por e-mail mesmo.

-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
A limitação é o que confere a graça do Twitter. Ela pode atrapalhar às vezes, mas não é nada que
não se possa desdobrar em dois ou mais tweets. Se quero dizer algo para alguém e não cabe em
140 caracteres, é sinal de que o assunto deveria ser tratado por e-mail.

-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
Acredito que o Twitter tem contribuído em diversas etapas do processo jornalístico. Não só na forma
óbvia de se puder usar a ferramenta para publicar tweets com notícias, ou link para notícias, como
também podendo servir de fonte para o jornalismo, ou ainda contribuindo para a circulação
jornalística, uma vez que o link para uma notícia no Twitter atrai mais visitas para o site do jornal, por
exemplo.

-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
Inicialmente, eles tendiam a ser mais voltados apenas para postagem de manchetes e links. Aos
poucos os veículos foram se apropriando da ferramenta e experimentando novas utilizações. Embora
ainda tenha muito o que se explorar - as possibilidades são infinitas - acho interessantes os perfis que
usam a ferramenta não só para distribuir notícias e links, como também para lançar perguntas aos
leitores, responder mensagens enviadas, enfim, para participar na rede.

-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta.
Acho que na verdade não mudou por causa do Twitter, mas sim vem se modificando aos poucos em
decorrência das redes sociais na Internet como um todo, e também por conta do Twitter. Perfis em
redes sociais são usados como fontes ou ilustração em notícias, os jornalistas passam a recorrer a
esses espaços em busca de pautas e de fontes. Atualmente a rede onde isso é mais visível de
53


acontecer é no Twitter, e ele não só aparece no momento da produção, como também se integra a
outras etapas do jornalismo (como circulação e consumo).


-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Acho que apesar de o Twitter possibilitar a comunicação de duas vias, o que se observa é que ela
acaba partindo muito mais de um dos lados (do público) com bem menos respostas do outro lado
(jornalismo). Em termos práticos isso significa que o leitor/interagente pode enviar comentários ou
fazer perguntas pelo Twitter, mas nem sempre ele será lido, e em menos vezes ainda será
respondido. Alguns veículos optam por fazer um uso totalmente unidirecional do Twitter, sem
responder ninguém. Outros respondem alguns, até porque seria impossível responder a todos. De
certa forma, há uma ilusão de maior proximidade com os veículos para os leitores, pois eles podem
entrar em contato com jornalistas e jornais, ainda que nem sempre possam ser respondidos.

-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
O que observo é que a brevidade das atualizações tem estimulado retweets, comentários, e outras
contribuições por parte do público dos jornais. Eles também fazem perguntas, buscam saber mais
detalhes sobre as notícias, questionam pela ferramenta.

-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Acho que já mais ou menos respondi na questão anterior. :P
E reforço o que já disse antes, o público tem participado não só na produção de notícias, como
também contribui para a circulação jornalística - ao retwittar, comentar ou linkar notícias.




ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE

JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010.



De: Giovanna Lima giovannaglima@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 22 de outubro de 2010 02:20
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz

-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Compartilhar notícias, textos, opiniões e dividir algumas ironias e tragédias da minha vida. Exponho
também alguns aplausos e vaias sobre temas que me interessam, como sexo, drogas,
homossexualidade, álcool, literatura, jornalismo.

-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Converso com quem considero ter uma opinião ou um ponto de vista relevante. Gosto do twitter para
conversar, debater e dividir informações mais que o MSN. No twitter a conversa é menos forçada, não
tenho a obrigação de responder sempre e posso parar de falar quando eu quiser.
Quando quero tuitar algo que já foi publicado, sempre uso o @. Gosto dessa possibilidade de dar o
devido crédito ao emissor de certa informação ou opinião.

-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
Poucas vezes. Porém confesso que em alguns dias preciso gastar uns quatro tweets pra relatar
algum acontecimento ou mostrar uma indignação mais profunda.Mas normalmente, me dou bem com
54


os 140 caracteres, é só fazer uma boa síntese. Além disso, o baixo número de caracteres faz o twitter
fluir. O conteúdo é dinâmico e não monótono e estagnado como num jornal, por exemplo.

-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
Extremamente. As informações vem muito mais rápido do que nas outras mídias. O jornalista não
precisa mais ir até o local do acontecimento ou esperar a divulgação da notícia no rádio. Com o
twitter, o jornalista perdeu o mérito do furo. Ele fica com o trabalho de confirmar o ocorrido e divulgar
isso de maneira relevante. Certos usuários do twitter podem até publicar uma notícia, por exemplo,
mas não sabem selecionar o conteúdo que o público saber. O jornalista entra nessa situação,
expondo os dados e usando uma linguagem que possa colaborar para o entendimento e
conhecimento do público.

-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
É muito interessante ver o conteúdo que os jornalistas selecionam para compartilhar no twitter. Em
relação ao perfil do jornalistas - pessoa física - dá pra sentir um pouco dos seus gostos e observar
algumas opiniões. É legal quando você encontra um jornalista com opiniões dignas de reflexão, que
você o segue mesmo sabendo que normalmente seu ponto de vista e o dele entram em divergência.
Os perfis jornalísticos - de portais ou jornais - não me atraem tanto. O conteúdo disponibilizado no
twitter é o mesmo que o publicado em tal portal ou site do jornal. Não há grande diferença para
pessoas que como eu, ficam atualizando o tempo todo tais endereços. Além disso, ainda falta
interatividade na maioria dos perfis jornalísticos. O veículo parece se importar apenas com a
divulgação do conteúdo, ao invés de ouvir o público.

-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta
Certamente. Como já disse, não existe mais o mérito do furo pelo jornalista. Cabe a ele a
confirmação, decodificação e a transmissão da informação. Antes das novas mídias, como o twitter, a
produção de mão única. Nesse novo processo, os usários do twitter funcionam também como
emissores. Há muitos pontos positivos nessa troca, o público colabora com o processo de produção e
o jornalista tem facilidade na apuração. O conteúdo cada vez mais vai se adequando aos interesses
do público. Antigamente, a seleção de notícias ficava somente à critério do jornalista.

-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Sim. O público se sente mais próximo das redações jornalísticas. Ele pode comentar cada tweet em
tempo real, além de ter a possibilidade de ser ouvido pelos profissionais que trabalham na empresa.
Outra coisa é que o conteúdo divulgado pelo público pode ser retuitado pelas empresas, passando
ainda mais a sensação de laços estreitados.
Antes o contato com o jornal era mínimo, feito apenas por cartas, que quase nunca eram publicadas.
Depois, o contato passou a ser um pouco mais próximo, pelo email. Nas redes sociais as redações
parecem atingir o patamar mais alto de comunicação com o leitor. Só é preciso saber utilizar
adequadamente o twitter e as demais redes sociais.
Na minha opinião, as redações ainda pecam no quesito interatividade. Falta dar mais voz, mais
valorização pra esse público. Algumas empresas apenas repetem o tratamento de indiferença com o
público nas redes sociais. Já mandei reply para o iG e para a Gazeta do Povo fazendo perguntas e
não obtive respostas. Quando as redações ignoram o público, continua aquele formato engessado de
jornalismo de mão única, sem trocas.

-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
O público tem colaborado com um grande volume opiniões. É muito mais fácil e prático dar um reply
em certo tweet do que enviar um email, por exemplo. As pessoas se sentem mais próximas, mais
íntimas das redações através do twitter. Quando algum jornalista faz uma pergunta via twitter, por
exemplo, o número de respostas é imenso. O público colabora em uma proporção muito maior no
twitter.

-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Certamente. Como já disse, é muito mais fácil e prático opinar depois do surgimento do twitter. Essa
mídia permite um dinamismo jamais visto nos meios de comunicação. É muito mais fácil também,
retuitar alguma notícia ou opinião. Antes do twitter, o público poderia compartilhar o conteúdo no blog,
55


por exemplo, mas esse processo é extremamente mais lento. O conteúdo é repassado com uma
rapidez inédita no twitter. A resposta do público vem num fluxo bastante grande, colaborando para a
produção do jornalista. Tudo isso faz o público ficar cada vez mais satisfeito.




ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO

JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010.



De: Celso14 celso14@gmail.com
Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com
Data: 08 de novembro de 2010 12:05
Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz


-Com que relevância você utiliza o Twitter?
Utilizo o Twitter para vários fins diferentes, e com graus diferentes de relevância para cada um deles -
a meu ver relevância é algo que se determina em relação a algum referencial. Além disso, acho
importante esclarecer que gerencio alguns perfis diferentes (do meu blog e, de vez em quando,
alguns do jornal onde trabalho). Com isso, por ser de conhecimento de muitos que estou por trás dos
perfis "coorporativos", há muita mistura de informações - perguntas que são profissionais acabam
dirigidas para o perfil pessoal, etc.
O uso mais frequente é, com certeza, pessoal, marcando encontros com amigos, trocando
informações, publicando e lendo "links" do que julgo interessante. Para uso mais profissional,
algumas vezes pedi indicação de fontes e personagens, ou fiz primeiros contatos com fontes via
Twitter. Também divulgo links das reportagens produzidas por mim ou que leio e julgo interessantes.
Frequentemente, respondo a dúvidas sobre conteúdos publicados e outras informações
principalmente sobre cerveja, programação cultural e dicas de bares, assuntos mais relacionado ao
meu nome. Também recebo sugestões de pauta e, claro, serve como fonte de leitura de assuntos
jornalísticos.
Como uso profissional, julgo relevante essa interatividade. É muito mais do que muitos perfis
coorporativos fazem. No entanto, em menor proporção.

-Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do
usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets?
Em geral, a seleção temática é o próprio gosto do twitteiro. Publico o que gosto e julgo que quem me
lê vai gostar também. Além de algumas coisas mais pessoais, aí sem tanta relevância para o público.
Se há alguma preocupação é justamente de não ser excessivamente pessoal (confessional?), como
perfis somente pessoais. Como jornalista também somos em algum proporção figuras públicas, e
certos tipos de informações não "fica bem" abrir na internet - isso vale, na minha opinião, também
para outras redes, como Facebook, por exemplo.
Quanto aos posts conversacionais, seguindo os mesmos princípios acima, procuro responder a
todos. No meu perfil pessoal o volume não é tão grande para que eu tenha que aplicar
necessariamente um critério de seleção do que responder ou não.

-A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet?
Normalmente, não. As complicações são raras (uma resposta grande demais, um post mais
completo), mas a solução é fácil (normalmente se divide em mais de um twit).

-Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico?
De várias formas. As melhores delas envolvem a interatividade com o outro, ou seja, uma
comunicação realmente de duas vias. Sugestões de pautas, comunicação de erros, protestos, fontes,
personagens, enquetes, etc. No entanto, apesar de experiências já estarem sendo desenvolvidas
nesse sentido - o uso jornalístico do Twitter há um ano era limitando apenas a publicação de links -
56


poucas resultam em interferências mais profundas. Acredito que o ponto é hoje menos formal do que
de se ter uma comunicação realmente efetiva, que altere algo na outra ponta, gere comunicação
efetivamente.
Perfis pessoais de jornalistas acabam seguindo um padrão parecido com o meu, dando maior
abertura para os demais usuários, mas os coorporativos ficam mais "presos", e acabam se limitando
a poucas interações ou, quando acontecem, ficam limitadas a um setor menor da redação ou da
empresa. Não afetam ela como um todo.

-Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter?
Perfis coorporativos perdem um pouco desse tom pessoal que, em grande parte, torna o Twitter tão
interessante enquanto rede social. Representar uma marca ou empresa é difícil nesse ambiente.
Muitos viram apenas publicadores de links. Nada contra, contanto que seja claro esse o propósito.

-O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique
a sua resposta.
Respondi um pouco nas perguntas anteriores. Acho que altera, mas ainda é pouco perto do potencial
que há. Como disse, é possível achar fontes e personagens, fazer enquentes, mas acredito que
dificilmente o Twitter, de forma interativa, muda o direcionamento de uma pauta ou a manchete de um
jornal ainda. Raras ocasiões um político, ou uma personalidade, publica informações em seu perfil
que se tornam relevantes a ponto de fazer mudanças mais profundas.

-Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que
maneira?
Acho que é um início, mas ainda há pouca interação efetiva. Além da interação direta com os perfis
coorporativos, o público acaba sendo ouvido em tempo real pelos jornalistas presentes na rede. Além
do que o Trend Topics, por exemplo, acaba servindo como termômetro dos assuntos mais discutidos.
No entanto, como disse, falta uma efetividade, uma profundidade maior dessa comunicação.

-Como o público tem se comportado diante desta ferramenta?
Há uma "regra" de proporção que condiz bastante com a realidade. Ela diz que de 100 usuários que
lêem a mensagem, 10 provavelmente vão retransmitir e apenas 1 vai comentar. Apesar de grande
parte do público on-line saber que é possível interagir, poucos o fazem. Normalmente estão mais a
vontade para fazer isso com amigos e conhecidos, não com jornais. Isso dificulta bastante a criação
de conteúdos mais interativos, como de colaboração coletiva, se não há uma boa recompensa ou
estímulo (promoção, sorteio, etc).
No entanto, os que já tem o hábito da interação são bastante ativos, pedindo por esse tipo de
comunicação. Há vários fatores que levam a isso, entre eles a experiência do usuário com a
ferramenta e com a internet como um todo. Não podemos esquecer que no Brasil ainda estamos em
tempo de inclusão digital, ao mesmo em que já há usuário muito avançados. O público é bastante
variado, e tende a ser mais ainda nos próximos anos.

-Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no
fazer jornalístico?
Bem, como sempre, estou me adiantando nas perguntas. Isso está, de certa forma, respondido nas
perguntas anteriores. O público ainda fica bastante tímido diante dos perfis coorporativos, pois eles
não tem um rosto, uma personalidade real. Mas há experiências interessantes da participação do
público. Algumas radicais, como a participação do Twitter nos protestos do Irã, onde não há
jornalistas, e o relato era a única fonte de informação disponível. Outras mais suaves, como
newsgames e outros aplicativos integrados com o Twitter.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Monografia yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...
Monografia   yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...Monografia   yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...
Monografia yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...Yago Modesto
 
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisado
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisadoPRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisado
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisadoLeonardo Araujo
 
Para Entender as Mídias Sociais 3
Para Entender as Mídias Sociais 3Para Entender as Mídias Sociais 3
Para Entender as Mídias Sociais 3Ana Brambilla
 
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...Bárbara A. Bassani
 
PEC João Vitor Korc
PEC  João Vitor KorcPEC  João Vitor Korc
PEC João Vitor KorcFran Buzzi
 
Possibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadorasPossibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadorasCassia Barbosa
 
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2Ana Brambilla
 
Para Entender as Mídias Sociais
Para Entender as Mídias SociaisPara Entender as Mídias Sociais
Para Entender as Mídias SociaisAna Brambilla
 
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Viviane de Carvalho
 
Manual Twitter 6 Mb by @jasper
Manual Twitter 6 Mb by @jasperManual Twitter 6 Mb by @jasper
Manual Twitter 6 Mb by @jasperRenata Frota
 
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBanca
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBancaTCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBanca
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBancaMariana Jansen
 
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveis
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveisComunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveis
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveisCamila Fonseca
 
Carolina Gomes | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...
Carolina Gomes  | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...Carolina Gomes  | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...
Carolina Gomes | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...Carolina Gomes
 
Estudo Sobre Blog E EducaçãO Blogfinal
Estudo Sobre Blog E EducaçãO BlogfinalEstudo Sobre Blog E EducaçãO Blogfinal
Estudo Sobre Blog E EducaçãO BlogfinalHudson Augusto
 

Was ist angesagt? (15)

TCC - Patrícia Martendal
TCC - Patrícia MartendalTCC - Patrícia Martendal
TCC - Patrícia Martendal
 
Monografia yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...
Monografia   yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...Monografia   yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...
Monografia yago modesto alves - do impresso ao tablet análise do conteúdo d...
 
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisado
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisadoPRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisado
PRÉ-CAMPANHA MUNICIPAL 2012 NO TWITTER - Não revisado
 
Para Entender as Mídias Sociais 3
Para Entender as Mídias Sociais 3Para Entender as Mídias Sociais 3
Para Entender as Mídias Sociais 3
 
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...
Twitter como ferramenta de Branding: Relações´Públicas atuando na gestão de m...
 
PEC João Vitor Korc
PEC  João Vitor KorcPEC  João Vitor Korc
PEC João Vitor Korc
 
Possibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadorasPossibilidades do feminino as telespectadoras
Possibilidades do feminino as telespectadoras
 
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2
Para Entender as Mídias Sociais Vol. 2
 
Para Entender as Mídias Sociais
Para Entender as Mídias SociaisPara Entender as Mídias Sociais
Para Entender as Mídias Sociais
 
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
Quando o virtual transforma-se em real: as Redes Sociais como Ferramentas da ...
 
Manual Twitter 6 Mb by @jasper
Manual Twitter 6 Mb by @jasperManual Twitter 6 Mb by @jasper
Manual Twitter 6 Mb by @jasper
 
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBanca
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBancaTCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBanca
TCC_MarianaJansenCarneiro_RevisaoBanca
 
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveis
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveisComunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveis
Comunicação empresarial pós moderna na empresas socialmente responsáveis
 
Carolina Gomes | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...
Carolina Gomes  | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...Carolina Gomes  | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...
Carolina Gomes | DELATOR, JUIZ E CARRASCO: AS PERSONALIDADES DO NOVO CONSUMI...
 
Estudo Sobre Blog E EducaçãO Blogfinal
Estudo Sobre Blog E EducaçãO BlogfinalEstudo Sobre Blog E EducaçãO Blogfinal
Estudo Sobre Blog E EducaçãO Blogfinal
 

Ähnlich wie Jornalismo de 140 caracteres no Twitter

Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...Tarcízio Silva
 
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digital
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digitaleBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digital
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digitalPimenta Cultural
 
Monografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoMonografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoJauner
 
Monografia Revisada
Monografia RevisadaMonografia Revisada
Monografia Revisadaguestcd9a189
 
Monografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoMonografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoJauner
 
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no Brasil
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no BrasilPrimeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no Brasil
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no BrasilStorytellers
 
PEC Mirella Gonçalves
PEC Mirella GonçalvesPEC Mirella Gonçalves
PEC Mirella GonçalvesFran Buzzi
 
Gerenciamento de crise um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...
Gerenciamento de crise   um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...Gerenciamento de crise   um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...
Gerenciamento de crise um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...Jess Gama
 
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...Camila Carrano
 
Criança, mídia e consumo na formação de professores
Criança, mídia e consumo na formação de professoresCriança, mídia e consumo na formação de professores
Criança, mídia e consumo na formação de professoresDalton Martins
 
Uma banda em 140 caracteres
Uma banda em 140 caracteresUma banda em 140 caracteres
Uma banda em 140 caracteresLuci Cobalchini
 
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...Nina Santos
 
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...Instituto Trata Brasil
 
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...Diego Moreau
 
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social Couchsurfing
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social CouchsurfingO resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social Couchsurfing
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social CouchsurfingCarola Oliveira
 
Raquel Recuero - Redes sociais na internet
Raquel Recuero - Redes sociais na internetRaquel Recuero - Redes sociais na internet
Raquel Recuero - Redes sociais na internetManuela Fonseca
 
Redes sociais na internet - Raquel Recuero
Redes sociais na internet - Raquel RecueroRedes sociais na internet - Raquel Recuero
Redes sociais na internet - Raquel RecueroOnthe Class
 
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiência
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiênciaeBook Consumo: imaginário, estratégia e experiência
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiênciaPimenta Cultural
 
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014claudiocpaiva
 

Ähnlich wie Jornalismo de 140 caracteres no Twitter (20)

Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
Diagramando Revistas Culturais - Reflexões sobre a Revista Fraude - Tarcízio ...
 
Monografia stephani paula
Monografia stephani paulaMonografia stephani paula
Monografia stephani paula
 
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digital
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digitaleBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digital
eBook Horizontes Midiáticos: aspectos da comunicação na era digital
 
Monografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoMonografia Jauner Torquato
Monografia Jauner Torquato
 
Monografia Revisada
Monografia RevisadaMonografia Revisada
Monografia Revisada
 
Monografia Jauner Torquato
Monografia Jauner TorquatoMonografia Jauner Torquato
Monografia Jauner Torquato
 
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no Brasil
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no BrasilPrimeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no Brasil
Primeiro Trabalho Acadêmico de Storytelling no Brasil
 
PEC Mirella Gonçalves
PEC Mirella GonçalvesPEC Mirella Gonçalves
PEC Mirella Gonçalves
 
Gerenciamento de crise um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...
Gerenciamento de crise   um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...Gerenciamento de crise   um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...
Gerenciamento de crise um estudo de caso das estratégias de comunicação na ...
 
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...
GESTÃO DE CRISES EM MÍDIAS SOCIAIS: REDUZINDO IMPACTO E RISCOS POR MEIO DO CO...
 
Criança, mídia e consumo na formação de professores
Criança, mídia e consumo na formação de professoresCriança, mídia e consumo na formação de professores
Criança, mídia e consumo na formação de professores
 
Uma banda em 140 caracteres
Uma banda em 140 caracteresUma banda em 140 caracteres
Uma banda em 140 caracteres
 
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...
Dinâmicas de visibilidade e sites de redes sociais: novas possibilidades demo...
 
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...
Estudo Trata Brasil: Relatório da primeira fase do Projeto Trata Brasil na Co...
 
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...
TCC Rafaela Campregher - O Facebook como ferramenta de marketing de relaciona...
 
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social Couchsurfing
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social CouchsurfingO resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social Couchsurfing
O resgate da interação face-a-face intermediada pela rede social Couchsurfing
 
Raquel Recuero - Redes sociais na internet
Raquel Recuero - Redes sociais na internetRaquel Recuero - Redes sociais na internet
Raquel Recuero - Redes sociais na internet
 
Redes sociais na internet - Raquel Recuero
Redes sociais na internet - Raquel RecueroRedes sociais na internet - Raquel Recuero
Redes sociais na internet - Raquel Recuero
 
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiência
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiênciaeBook Consumo: imaginário, estratégia e experiência
eBook Consumo: imaginário, estratégia e experiência
 
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014
Jornadas de junho.br.com: Mídia, Jornalismo e Redes Sociais 2014
 

Jornalismo de 140 caracteres no Twitter

  • 1. 1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Aline Aparecida Vonsovicz JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER CURITIBA 2010
  • 2. 2 JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER CURITIBA 2010
  • 3. 3 Aline Aparecida Vonsovicz JORNALISMO DE 140 CARACTERES NO TWITTER Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção de título de graduação. Orientadora: Professora Dra. Claudia Quadros. CURITIBA 2010
  • 4. 4 A uma carreira de sucesso.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Enfim, quatro anos. Quatro anos de luta, dedicação, amigos, alegrias, diversão, estudos, seminários, pesquisas, tristezas, decepções, festas e livros. Se fosse descrever cada aprendizado nesta conquista, faltariam páginas e também palavras. Cada sentimento tem o sabor único e de vitória estampada no sorriso: eu consegui. E por insistência. Pelo desafio de chegar aqui e de querer fazer a diferença. Bem Aline, agora você conseguiu. E com a ajuda de Deus, ser imaginário e presente que apóia e consola qualquer ser em todas as horas. Com a ajuda de meus pais, Miguel e Sueli, que mesmo sem demonstrar, sempre estiveram ali, do meu lado na escolha do jornalismo como profissão. E também a minha irmã Suelen, publicitária de mão cheia, que puxou minha orelha quando necessário e elogiou quando era preciso. Com a ajuda de professores espetaculares. Gostaria de descrevê-los um a um, mas como disse anteriormente, faltarão páginas neste TCC. Cada um ensinou um algo novo e o melhor de tudo: faça jornalismo de maneira correta, ética e autêntica. Em especial, três professoras essenciais: Profª. Drª. Claudia Quadros, pela imprescindível orientação neste TCC; Profª. Drª. Adriana Amaral, que me fez abrir os olhos para o jornalismo digital; e Profª Drª Kati Caetano, que me fez descobrir o sabor da pesquisa.
  • 6. 6 Não chegaria aqui sem a ajuda dos amigos. Sim, verdadeiros amigos destes quatro anos de graduação. Em especial a duas flores, que quero sempre por perto: Laís Dlugosz e Bárbara Braga. Sem palavras. Com a ajuda dos jornalistas entrevistados também cheguei aqui: Luís Celso Jr., Gabriela Zago e Giovanna Lima. Este TCC só teve a ganhar com a experiência de cada um. Em especial, as pessoas da Universidade Tuiuti do Paraná. Esta instituição trabalha com pessoas de verdade, com coração. São pessoas para a vida toda. Agora outra etapa começa. E eu estou ansiosa para que chegue logo.
  • 7. 7 A pertinência de qualquer pesquisa está nas perguntas, não nas respostas. Felipe Pena.
  • 8. 8 RESUMO O presente TCC - Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo estudar os efeitos do Twitter sobre o fazer jornalístico. O Twitter é uma rede social digital denominada de microblog. Foi criada em 2006 nos Estados Unidos. No Brasil, o uso do Twitter teve o seu boom no ano de 2009, logo após a morte de Michael Jackson. Neste estudo, parte-se de princípios básicos do jornalismo e de transformações que ocorrem no dia-a-dia de uma redação quando novos sistemas de comunicação surgem. Alguns eixos temáticos, como jornalismo participativo, redes sociais e microblogs, foram fundamentais para o desenvolvimento deste TCC. Entre os autores que nortearam este estudo, estão Quadros, Recuero e Zago. Por meio de estudo de casos, apontamos algumas influências do Twitter sobre a forma de fazer jornalismo em 140 caracteres e a importância do público no processo jornalístico. Para compreender esse fenômeno, foi realizada uma metodologia híbrida composta de entrevistas, observação sistemática e revisão bibliográfica. Palavras-chave: jornalismo, twitter, redes sociais, participação, público, processo jornalístico.
  • 9. 9 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER .................................................. 28 FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER ................................................................ 29 FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER .......................................... 30 FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR. .................................. 33 FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA ................................. 33 FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO ............................. 34 FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR. ............................................ 36 FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO ........................................... 36 FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA ............................................ 37 FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO ............................................ 38 FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA ............................................ 38 FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR. ............................................. 39 FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO.................................. 40 FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR. ................................... 40 FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA .................................. 41 FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR. .......................................... 42 FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA ......................................... 42 FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA ......................................................... 43 FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO ........................................................ 44 FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR............................. 45
  • 10. 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 15 3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA .............................................. 17 3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM .............................................................. 17 3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO ........................................... 18 3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES ............................................................ 20 3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO ................................. 21 3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO ............................................................................................................................. 22 4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO .................................................................... 25 4.1 TWITTER........................................................................................................ 27 5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 31 5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ...................................................................... 31 5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS ............................................................ 34 5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS .......................................................... 35 5.3.1 Contato com o público ............................................................................ 35 5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia .............................................................. 37 5.3.3 Autopromoção......................................................................................... 39 5.3.4 Links ....................................................................................................... 41 5.3.5 RTs ou Retweets .................................................................................... 43 5.3.6 Localização ............................................................................................. 44 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 49 ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010. ......................... 52 ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010............................... 53 ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010. ... 55
  • 11. 11 1 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso – TCC tem a intenção de trazer à tona algumas reflexões sobre o jornalismo realizado na rede social/microblog Twitter 1 , com o objetivo de observar as possíveis transformações no fazer jornalístico com o seu uso. O Twitter, considerado uma ferramenta de micromensagens e rede social, serve tanto para a produção, como também para a difusão de conteúdos jornalísticos (ZAGOb, 2008). Esta rede social permite ao usuário a publicação de mensagens em até 140 caracteres, destinadas ou não a outro emissor, através de replies (@ + nome do usuário). Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e hastags 2 que facilitam a busca de informações desejadas. A presença do usuário nestas redes sociais digitais, como o Twitter, o Orkut 3 e o Facebook 4 , fazem parte do fenômeno denominado de Web 2.0. Para O’Reilly (2005), esse termo refere-se ao surgimento de uma nova plataforma que privilegia a participação do público. O autor ressalta que as principais diferenças entre os termos estão entre os sites estáticos, sem atualizações constantes e apenas moderado por uma pessoa (Web 1.0) e blogs dinâmicos, com recursos extras, tags e a possibilidade de participação do público (Web 2.0). O surgimento de novas tecnologias, o acesso facilitado à internet, a produção móvel de conteúdo e a participação do público são algumas das influências que alteraram a maneira de fazer jornalismo. Muitas dessas novas 1 http://twitter.com/ 2 Hastags ou tags são palavras-chave vinculadas a textos, posts ou tweets que possibilitam a localização do material quando digitada esta palavra no buscador. Podem vir acompanhadas de #. 3 http://orkut.com/ 4 http://facebook.com/
  • 12. 12 tecnologias se constituem em novas ferramentas que facilitaram e mudaram o processo de apuração, produção, publicação e circulação da informação. Os meios digitais promoveram o acesso à notícia, mas não determinaram o fim dos demais veículos tradicionais. Quando a televisão foi criada, muitos acreditaram ser o fim do rádio, mas a reestruturação da linguagem restabeleceu a força desse meio que até hoje continua sendo bastante importante. Segundo pesquisa do Ibope em 2010, o rádio alcança 77% dos brasileiros, o que representa 50 milhões de ouvintes, conforme a cobertura do Target Group Index. Outra pesquisa do Ibope em 2008 mostra que o rádio continua sendo o 2º veículo de maior credibilidade na opinião dos brasileiros, mesmo com quedas significativas em 2003. Mas em 2007, o veículo possui tendência de crescimento entre as classes C, D e E. A internet segue caminho semelhante. A sua chegada assustou muitos proprietários de meios de comunicação. Para Henry Jenkins (2009), os meios tradicionais estão em colisão com os novos sistemas de comunicação, pois existe a possibilidade de compartilhar experiências pessoais em diversos formatos, criar novas conexões e formatar as antigas. Ele relata a cultura de fan fiction, onde os fãs praticam ações de compartilhamento (spoiling), fofocas (drama ético em torno dos reality shows) e até mesmo uma releitura de filmes (cinema de fã). Vale ressaltar as premissas de manuais de redação, televisão ou rádio: a linguagem tem influência direta no veículo e, assim, determina seu público. E para manter esse público fiel e participativo, as redações mostram que de uma forma ou outra entram na era da convergência. A integração de formas tradicionais com recursos audiovisuais e interativos são exemplos de que essa migração vem dando certo em alguns meios.
  • 13. 13 A participação do público é uma das principais ações que incidem sobre o fazer jornalístico, por esse motivo o foco de atenção do presente estudo é avaliar a sua presença no Twitter. Para tanto, diversos autores são pesquisados. Entre eles, Recuero (2009), Primo (2006), Quadros (2005) e Zago (2009). Para parte do público, o Twitter não passa de um ‘produto’ para uso pessoal e tem apenas por finalidade responder a pergunta inicial: “What’s happening?” (O que está acontecendo?). Desde a sua criação, no entanto, o Twitter foi desenvolvido para facilitar a comunicação instantânea entre os seus inventores. Ele foi desenvolvido, nos Estados Unidos, por três funcionários da Odeo - uma empresa de serviços digitais. Em 2006, a Odeo vivia um momento de crise e os seus colaboradores precisavam de uma ferramenta para mostrar o que eles estavam fazendo pela instituição (SAGOLLA, 2009). Essa plataforma facilitaria a vida dos proprietários, que teriam controle sobre tudo e todos da Odeo. Por sua interface gráfica amigável, logo este sistema de comunicação passou a ser usado como uma forma de se aproximar do público para informar sobre um produto ou um determinado assunto. Como o público usa o Twitter e de que forma isso tem contribuído para a transformação do jornalismo? Será que os usuários seguem perfis por fama ou realmente estão em busca de informação ofertada de forma ágil? Como os perfis do Twitter, com proposta jornalística, têm facilitado a vida do público? A partir destas questões, tenta-se compreender o uso do Twitter no jornalismo. Sabe-se que não serão respondidas todas as perguntas neste TCC, mas ao menos se espera compreender o fenômeno e a sua importância para o jornalismo. No primeiro capítulo, princípios básicos do jornalismo foram resgatados e destacados neste TCC. O conceito de convergência foi apresentado e questionado
  • 14. 14 com estes princípios do jornalismo: a linguagem jornalística, o perfil jornalístico, as redações, participação do público e as novas plataformas de produção. Consideram-se as redes sociais como as novas plataformas de produção. Assim, no segundo capítulo, descreve-se a prática do jornalismo em redes sociais digitais, suas características próprias e suas contribuições para o jornalismo, entre elas o Twitter. No terceiro e último capítulo, parte-se para o estudo de caso divido em duas partes: a observação sistemática, que traz a contagem do número de tweets informacionais e conversacionais; e as entrevistas com os jornalistas por e-mail. Na sequência algumas características foram apontadas pela autora, encontradas durante a observação sistemática. São tweets que demonstram o contato com o público, comentários do dia a dia, autopromoção, links, retweets e até mesmo a localização exata de onde o usuário está.
  • 15. 15 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho busca compreender o processo de produção jornalístico, com ênfase na elaboração da notícia em um sistema de comunicação emergente: o Twitter. Na era de convergência tecnológica, é necessário contrastar teorias do jornalismo tradicional com novas pesquisas que desvelem esses novos sistemas de comunicação e como eles têm modificado o modo de fazer jornalístico. Em virtude de o assunto ser relativamente novo, há poucos livros traduzidos para a língua portuguesa. O que existem são artigos, monografias e teses que tratam o assunto em questão. No Brasil, há pesquisadores que estudam a relação das redes sociais com o jornalismo. Entre eles, Recuero, Primo, Quadros e Zago. Esta pesquisa também procurou descrever a maneira como o público/usuário tem apreciado o conteúdo divulgado no Twitter. Para isso, após contextualizar o assunto através de investigações e reflexões sobre o tema, uma pesquisa de campo com o jornalista e colunista do jornal Gazeta do Povo, Luís Celso Jr., foi realizada para tentar responder as questões levantadas. Seu perfil no Twitter 5 tem mais de 1,6 mil seguidores 6 , com 7 mil tweets, sendo a maioria informativos. Tweets conversacionais também estão presentes nesta rede social. O contato com o jornalista foi feito por e-mail, sendo a abordagem principal a partir da visão que o profissional tem desta ferramenta no processo jornalístico. 5 http://twitter.com/celso14 6 Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em 20/10/2010.
  • 16. 16 Outro profissional entrevistado foi a pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago. Fundamental neste TCC, Gabriela hoje conta com mais de 2,2 mil seguidores em seu Twitter 7 , com 2 mil tweets já publicados. A estudante de jornalismo Giovanna Lima, também contribuiu para este estudo de caso. Seus 4,5 mil tweets são informativos e comunicacionais, mais de 480 perfis a seguem em seu perfil 8 . O estudo de caso deste TCC conta também com uma observação sistemática dos perfis no Twitter dos três jornalistas entrevistados. No período de uma semana, de 01 a 07 de novembro de 2010, estes usuários - @celso14, @gabizago e @zizica foram analisados ao final de cada dia para um levantamento de número de postagens e categorização dos tweets de cada perfil. A metodologia de análise utilizada nesta pesquisa de campo foi baseada no estudo de capital social de Raquel Recuero (2009a), com destaque para as categorias (informação e conversação) e sub-categorias (pessoais, noticiais, opinativos, links, automáticos, diretos e indiretos). Outro estudo da autora foi utilizado, com base no grau de conexão, redes inteiras e redes de ego (2009b). A autora Gabriela Zago (2009) também foi utilizada para explorar esta rede social. Ela analisa o Twitter como ferramenta de difusão de produção de conteúdos jornalísticos, criação de mashups e demais assuntos relacionados. Suas pesquisas serão utilizadas para aprofundar o conhecimento desta rede social. Outros autores como Ramon Salaverría, José Alberto García Avilés, Pere Massip, Claudia Quadros, Alex Primo e Marcelo Träsel são fundamentais para delinear as características de convergência, jornalismo participativo e também digital. 7 http://twitter.com/gabizago 8 http://twitter.com/zizica
  • 17. 17 3 JORNALISMO EM TEMPOS DE CONVERGÊNCIA Definir o que é jornalismo em uma época de convergência entre os meios e redações torna-se um pouco difícil. Este capítulo associa a arte de fazer jornalismo com o perfil profissional e o seu entorno. A convergência pode ser observada de vários aspectos, como definem Salaverría, García Avilés e Masip: “A convergência jornalística é um processo multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação, afeta os âmbitos tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens anteriormente desagregados, de forma que os jornalistas elaboram conteúdos que sejam distribuídos através de múltiplas plataformas, por meio das linguagens próprias a cada uma delas.” 9 (SALAVERRÍA, Ramón; GARCÍA AVILÉS, José Alberto; MASIP, Pere. 2006 apud SÁBADA, Charo et al, 2007). O conceito de convergência provoca mudanças em estratégias empresariais, tecnológicas, na elaboração e distribuição de conteúdos em distintas plataformas, no perfil profissional dos jornalistas e nas formas de acesso aos conteúdos. Deste modo, partimos desta definição para avaliar os processos que constituem o fazer jornalístico. 3.1 CONVERGÊNCIA DA LINGUAGEM Em princípios de definição, a premissa básica do jornalismo é apresentar os fatos por meio de textos, estejam eles publicados ou não. Teóricos como Nilson Lage, Muniz Sodré e Marques de Melo, defendem a veracidade, clareza e 9 Tradução da autora para: “La convergencia periodística es un proceso multidimensional que, facilitado por la implantácion generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada una.”
  • 18. 18 credibilidade no texto jornalístico. Para José Marques de Melo, ele pode ser entendido como: “Um processo social que se articula a partir da relação (periódica/oportuna) entre organizações formais (editoria/emissoras) e coletividades (públicos receptores), através de canais de difusão (jornal/revista/rádio/televisão) que asseguram a transmissão de informações (atuais) em função de interesses e expectativas (universos culturais ou ideológicos).” (MELO, 1994, p.14-15) Cada teórico do jornalismo defende uma maneira de como escrever um texto, a fim de transformá-lo em reportagem passível de publicação. E a hipertextualidade é um recurso da linguagem disponível na era da internet. É a possibilidade de leitura não-linear, saltando de uma janela para outra, com o acesso instantâneo a outros conteúdos, sendo assim, complementares a pesquisa do usuário. (MIELNICZUK, 2003). Outros conceitos já utilizados no jornalismo tradicional também são adaptados ao jornalismo em tempos de convergência. É o caso da teoria da pirâmide invertida, que se refere em publicar no primeiro parágrafo as informações mais relevantes da notícia. Este primeiro parágrafo é chamado de lead 10 . (LAGE, 2001). Caso o usuário continue a ler, terá os demais parágrafos como complementares. Estes e outros conceitos reafirmam que a linguagem pode variar de acordo com o perfil de cada profissional. 3.2 CONVERGÊNCIA E O PERFIL JORNALÍSTICO Foi embora a época que jornalista andava apenas com bloco de notas e caneta na mão. “Bloco de notas, caneta, gravador, câmera fotográfica, câmera de 10 O lead é caracterizado por um conjunto de cinco perguntas: quem, o quê, como, por quê, onde e quando. Este é interpretado por meio de informações simples, que facilitam o entendimento e apreciação do texto.
  • 19. 19 vídeo, telefone celular de terceira geração, computador portátil... A lista de instrumentos cresce continuamente para os jornalistas”. (KISCHINHEVSKY, 2009, p. 57). A habilidade com tantos equipamentos e ferramentas faz com que muitos o denominem de jornalista multimídia. Trata-se do profissional que trabalha em plena integração de funções: sabe dominar as linguagens de diferentes meios, editar um vídeo, falar outras línguas e compreender outras áreas para que possa agilizar o processo jornalístico e concluí-lo de maneira satisfatória. “O perfil exigido no mercado aponta claramente para uma competência técnica que possibilite, tanto o domínio de diferentes linguagens (impressa, audiovisual e digital), como o uso de plataformas on-line para a publicação de matérias em formato multimídia.” (JORGE, Thaïs de Mendonça; PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. 2009, p. 86) O jornalismo exige do profissional intensa atualização de conteúdo, não apenas devido à concorrência, mas também pelo processo de reformulação em que as redações têm apresentado. Apesar das reconfigurações jornalísticas, Sábada et al. destacam alguns autores que não acreditam no jornalismo multimídia, como Applegren (2004), Dailey et al. (2003) e Lawson-Borders (2003). Eles afirmam que a “abordagem de cada uma das fases que compõem o processo de convergência deve ser tratada separadamente, para evitar confusão, embora cada uma dessas áreas não podem ser completamente separadas das demais.” 11 (SÁBADA, Charo et al, 2007, p. 17) 11 Tradução da autora para: “La aproximación a cada una de las fases que componen los procesos de convergencia debe abordarse por separado, para evitar confusiones, a pesar de que cada uno de esos ámbitos no pueden desvincularse totalmente de los demás.”
  • 20. 20 3.3 CONVERGÊNCIA E AS REDAÇÕES Ao seguir o exemplo de convergência, as redações também apresentam características multimidiáticas a fim de facilitar a divulgação de uma mesma informação em meios diferentes, como destaca SÁBADA, Charo et al: “No campo profissional, a convergência se traduz em várias estratégias para explorar os materiais informativos, de modo em que eles apareçam em várias mídias. Essas estratégias vão desde as formas de cooperação entre as redações de diversos meios de comunicação até a criação de redações multimídias integradas, onde todas as mensagens são centralizadas, as alocações são feitas e se canaliza o fluxo de informações para editar as versões impressas, audiovisuais e on-line.” 12 (SÁBADA, Charo et al, 2007, p. 12) No Brasil, seguindo a linha destes autores, Suzana Barbosa realizou uma pesquisa para saber as características da convergência jornalística do Brasil 13 . Segundo ela, o grupo Rede Brasil Sul - RBS é o que apresenta os melhores resultados entre os jornais analisados. A redação integrada do Zero Hora passou a funcionar no último trimestre de 2007 e lançou o portal ZeroHora.com.br que abriga conteúdos elaborados para a web. Tratando-se de profissionais destinados à redação on-line, os números são altos. “Dos 240 profissionais, entre 70 a 80 trabalham, tanto para o impresso, como para a edição on-line, pelo menos uma vez por semana. Destes, 34 repórteres atuam apenas no on-line.” (BARBOSA, 2009, p. 43). 12 Tradução da autora para: “En el ámbito profesional, la convergencia se traduce en diversas estrategias para aprovechar el material informativo, de forma que se aparezca en distintos medios. Dichas estrategias incluyen desde formas de cooperación entre las redacciones de diferentes medios hasta la creación de redacciones multimedia integradas, donde se centralizan todos los mensajes, se realizan las asignaciones y se canaliza el flujo de información para editar las versiones impresas, audiovisuales y en línea de los contenidos.” 13 A pesquisa completa pode ser vista em BARBOSA, 2009.
  • 21. 21 3.4 CONVERGÊNCIA E A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO Tempos de convergência provocam alterações e modificações dentro da profissão, porém o jornalismo sempre contou com a presença de um aliado fundamental para a propagação da notícia: o público. Seja através de ações simples e práticas, ou até mesmo das mais complexas. Não há uma fórmula que defina o porquê da participação do público nesse processo, mas a presença excessiva da tecnologia, tanto em computadores e telefones com funções múltiplas, pode ter sido um dos fatores que despertaram a maior participação de leitores/ouvintes/telespectadores/usuários no fazer jornalístico. A primeira pesquisa sobre o jornalismo público aconteceu no final dos anos 80, após uma cobertura frustrada dos jornais sobre eleições presidenciais da América do Norte. Segundo Quadros (2005), o jornal Columbus Ledger Enquire, da Geórgia, realizou este procedimento para identificar os problemas da comunidade local. Desde então, os jornalistas passaram a perceber a presença do público como um aliado, abrindo espaço para carta do leitor e a produção de reportagens especiais sobre os problemas locais. “O jornalismo público nasce com a função de estreitar relações entre a mídia e a comunidade.” (QUADROS, 2005, p.46). E com a internet, o público está cada vez mais instigado para aprimorar assuntos locais. Primo e Träsel retratam sobre a importância dessa participação no processo jornalístico com o advento da tecnologia: “É bem verdade que diferentes vozes atravessam qualquer texto jornalístico. Pode-se acrescentar que qualquer noticiário inclui sempre, em alguma medida, a participação do público. Antes do e-mail, essa participação já ocorria através de cartas e ligações, por exemplo, na forma
  • 22. 22 de sugestões de pauta ou mesmo para alguma seção do tipo ‘cartas do leitor’”. (PRIMO; TRÄSEL, 2006, p.3) Os meios online continuaram proporcionando ao público suporte para que continuassem dando sua contribuição ao jornalismo. Mielniczuk e Silveira dão continuidade a esta atividade, iniciada muito antes do surgimento da internet. “Com relação à interatividade, nos suportes tradicionais já havia muitas possibilidades de participação do público interagindo como meio, desde o contato com a redação para enviar sugestões de pauta até a participação por telefone em programas de rádio ou a publicação de cartas em seções específicas do jornal. Essas práticas, exercidas nas redes digitais, seriam consideradas apenas continuações.” (MIELNICZUK; SILVEIRA, 2008, p. 175) A comunidade local sente a necessidade de estar perto da mídia e de certa maneira, interagir com as redações para influenciar na publicação de notícias relativas ao seu universo. Segundo Claudia Quadros, os “defensores do jornalismo público acreditam que a nova corrente, que modifica as rotinas produtivas dos jornalistas, realmente aproxima mais a mídia da comunidade local.” (2005, p. 48) 3.5. CONVERGÊNCIA E AS PLATAFORMAS DE PRODUÇÃO E PUBLICAÇÃO As diversas alterações na prática do jornalismo em tempos de convergência de redações e tecnológica vêm criando novas possibilidades para produção e publicação de informações. Como destacado anteriormente, as redações têm trabalhado no sistema integrado e o jornalista adapta seu texto para o impresso e para o on-line, havendo possibilidades de publicação no rádio e na TV. Dessa maneira, o público marca presença na internet e colabora na produção de notícias. O jornalismo abre espaço para estes produtores,
  • 23. 23 principalmente no mundo digital. “Com o advento da Web 2.0, passaram a surgir novos espaços de participação que facilitam esse processo de produção e publicação de conteúdos, como blogs, sites de redes sociais e wikis.” (ZAGOb, 2008, p.1) Antes de falar das redes sociais, destaca-se a possibilidade da produção jornalística móvel (SILVA, 2006). A popularização dos aparelhos celular com funções múltiplas e o acesso facilitado à tecnologia colaboraram para que a produção de notícias se tornasse mais ágil. “Pode-se usar aparelhos móveis, como o celular, tanto para a produção de conteúdo jornalístico diretamente a partir do local dos acontecimentos, como também para a leitura e acompanhamento dos fatos jornalísticos que acontecem no mundo.” (ZAGOb, 2008). Há outros espaços com possibilidades de colaboração na produção jornalística. São as plataformas de fonte aberta, como o Slashdot, OhmyNews etc., que permitem que público seja responsável pela elaboração, apuração e publicação da notícia. O Slashdot foi criado em 1997 e trata-se de um portal colaborativo de notícias. O usuário faz um cadastro no site, envia seus textos e pode comentar outros. Aquele usuário que desperta interesse no público ao enviar constantemente mensagens ao site, recebe o título de mediador para filtrar textos de outros colaboradores. (QUADROS, 2005). Princípios semelhantes ao do Slashdot, o OhmyNews International de origem sul-corenana, foi criado nos anos 2000. Neste espaço, são mais de 4,6 mil
  • 24. 24 usuários cadastrados que enviam informações e cerca de 60 jornalistas fazem o trabalho de gatekeeper 14 . (QUADROS, 2005). Já nas redes sociais também é possível a produção de conteúdos jornalísticos. A linguagem é adaptada segundo as regras de cada rede e neste trabalho, destaca-se o Twitter como suporte de conteúdos jornalísticos. 14 O conceito de gatekeeper surgiu de um estudo sobre as modificações dos hábitos alimentares feito por Kurt Lewin em 1947. Refere-se a presença de “um indivíduo, ou um grupo, que ‘tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se a bloqueia’” (LEWIN apud WOLF, 1985, p. 180). Wolf conta que em 1950, White aprimorou este conceito através de um estudo de caso, para entender o fluxo de notícias em órgãos de informação. São milhares de informações que chegam todos os dias às redações, seja através de carta, telefonemas ou e-mails. É preciso apurar este material para saber o que é publicável ou descartável. Para isso, dentro das redações existem pessoas que trabalham como “cancelas ou portões”, na função de selecionadores da informação.
  • 25. 25 4 REDES SOCIAIS E O JORNALISMO Além dos meios tradicionais, o jornalismo vem sendo praticado em outros ambientes digitais, como blogs e microblogs. A prática é possível devido as características de cada rede, sendo que o usuário adapta a informação através dos recursos disponíveis. Com base nos estudos de Wasserman e Faust (1994), Degenne e Forse (1999), Raquel Recuero (2009) define rede social como “um conjunto de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais)”. Antes de tudo, vale ressaltar que uma rede não existe apenas nos meios digitais, mas sim, no mundo off-line quando mais pessoas se relacionam, trocam informações e têm interesses em comum. A presença dos atores ou pessoas nas redes sociais digitais se dá através de perfis no Twitter, weblogs ou fotologs. O público utiliza aquele perfil no ciberespaço para deixar claro suas intenções pessoais e se identificar com os demais perfis com o mesmo interesse. É como se o usuário utilizasse seu perfil em redes sociais sendo o seu espaço da “construção de si” e da “narração do eu”. (LEMOS, 2002 e SIBILA, 2003 e 2004 apud RECUEROa, 2009). Esse relacionamento entre atores, com interesses em comum ou não, chama-se conexões, que são identificados através de laços sociais. Recuero relata que essas análises só são permitidas graças à memória da internet. “Um comentário em um weblog, por exemplo, permanece ali até que alguém o delete ou o weblog saia do ar [nestes casos, isso só é permitido pelo proprietário ou moderador da plataforma]” (RECUEROa, 2009, p. 30).
  • 26. 26 As conexões nas redes sociais se dão através da interação entre os atores em duas possibilidades: formas síncronas e assíncronas. A forma síncrona é aquela em que a conversa ou interação acontece de maneira instantânea, como chats, messenger, Google Talk e outras redes que propiciam esse contato. A forma assíncrona acontece na forma de comunicação não imediata, como e-mails, recados no Orkut ou Facebook e outras redes. Os laços sociais são resultados de interações sociais proporcionados pelos atores sociais, conforme: “Laços consistem em uma ou mais relações específicas, tais como proximidade, contato frequente, fluxos de informação, conflito ou suporte emocional. A interconexão destes laços canaliza recursos para localizações específicas na estrutura dos sistemas sociais. Os padrões destas relações – a estrutura da rede social – organiza os sistemas de troca, controle, dependência, cooperação e conflito.” (WELLMAN, 2001, p. 7 apud RECUEROa, 2009, p.38) Recuero ainda cita outras possibilidades de laços: os relacionais constituídos através de relações sociais entre vários atores; e os de associação que ao contrário, o ator necessita pertencer ao local, instituição ou grupo. Os laços sociais podem ser fortes ou fracos, dependendo da sua proximidade ou intimidade com o outro ator. Se a conexão for contínua, favorecendo a troca de recados e links na web, esse laço social é denominado forte. Laço social fraco é aquele em que a troca de informações entre os atores acontece raramente, sem intimidade. Raquel Recuero (2009a) discute o conceito de capital social, com base em autores como Coleman, Putman e Bourdieu, chegando a conclusão que trata-se de: “... Um conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e dependentes de sua função, como afirma Coleman) que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está
  • 27. 27 baseado na reciprocidade (de acordo com Putman). Ele está embutido nas relações sociais (como explica Bourdieu) e é determinado pelo conteúdo delas” (GYARMATI & KYTE, 2004; BERTOLINI & BRAVO, 2001 apud RECUERO, 2009, p. 50) Em virtude dessas e outras possibilidades de comunicação é possível a prática do jornalismo nas redes sociais. 4.1 TWITTER O Twitter é uma ferramenta de micromensagens (RECUEROa, 2009) que permite ao usuário cadastrar-se com um nickname e publicar informações limitadas, em até 140 caracteres, com a finalidade de responder a pergunta “What’s happening?” (O que está acontecendo?). As mensagens podem ser destinadas a outros usuários de maneira aberta, através de replies (@ + nome do usuário). A comunicação privada a outro usuário se dá através de direct message ou DM, como uma caixa de entrada em cada página da rede. Outra possibilidade é a inserção de hiperlinks e hastags nos tweets que facilitam a busca de informações desejadas. O Twitter foi fundado em 2006 por Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Willians para um projeto da Odeo com o objetivo de facilitar a comunicação entre seus funcionários. A empresa passava por momentos de crise e era necessária alguma plataforma onde seus integrantes postassem informações do que estavam fazendo. (SAGOLLA, 2009). Assim surgiu e somente os funcionários e familiares teriam acesso a estas informações. A Odeo continuava em crise e precisou dispensar seus funcionários e o Twitter tornou-se uma ferramenta de comunicação entre os mesmos. Logo mais foi aberta ao público.
  • 28. 28 De lá para cá, essa rede social vêm crescendo continuadamente. Segundo pesquisa do Ibope Net Rantings de 2010, o Twitter possui 9,8 milhões de usuários, sendo 27% do total brasileiros. Estes usuários são jovens de 18 a 24 anos, executivos, blogueiros e pessoas da área de comunicação e marketing. O Twitter está disponível em seis idiomas (italiano, espanhol, inglês, francês, alemão e japonês), e sua interface gráfica amigável apresenta características que as quais rotulam a ferramenta como rede social. Seu layout apresentou modificações em outubro de 2010, com uma aparência mais estendida que a anterior. FIGURA 1: EXEMPLO DE LAYOUT NO TWITTER Fonte: http://twitter.com/# (11 de outubro de 2010) Outra modificação notada por meio de análises em trabalhos já publicados sobre o Twitter é de que a pergunta a ser respondida em até 140 caracteres era “What are you doing?” (O que você está fazendo?). Não se sabe o motivo ao certo porque a pergunta mudou, mas desconfia-se que seja pelo fato que o Twitter tornou-
  • 29. 29 se meio de comunicação entre redações jornalísticas versus público, estreitando laços comunicacionais, tornando o contato mais próximo. As coberturas já realizadas pelo Twitter, como nos EUA o acompanhamento das eleições norte-americanas e no Brasil a sequência de chuvas, apresentada como uma das maiores catástrofes em cidades de Santa Catarina (RECUEROa, 2009), confirmam a titulação desta rede social como ferramenta de produção de conteúdo, como também para a difusão de conteúdos jornalísticos (ZAGOb, 2008). Seu formato e sua possibilidade de atualizações e/ou acesso por dispositivos móveis, faz do Twitter uma espécie de alerta das últimas notícias, já veiculadas no portal daquele usuário. FIGURA 2: PERFIL DO G1 NO TWITTER Fonte: http://twitter.com/g1 (22 de outubro de 2010) Raquel Recuero (2009a) classifica os tweets em duas categorias: informacionais e conversacionais. Os informacionais foram ainda divididos em pessoais (comentários do dia a dia), notícias (informações novas), opinativos
  • 30. 30 (opinião explícita sobre algo), links (tweet + hiperlink) e automáticos (publicados por uma ferramenta). Os conversacionais também foram classificados: diretos (contém @ + nome do usuário) e indiretos (como forma de pergunta a toda rede). Essa classificação se aplica na prática, pois o público interage com os jornalistas para dar sua opinião sobre o tweet publicado. No exemplo abaixo, o jornalista e colunista do jornal O Globo, muitas vezes responde estes usuários: FIGURA 3: PERFIL DE LUÍS CELSO JR. NO TWITTER Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010) Portanto, parte-se para o estudo de caso com base nos itens tratados neste segundo capítulo.
  • 31. 31 5 ESTUDO DE CASO A escolha dos dois jornalistas profissionais e uma estudante de jornalismo para o estudo de caso deste TCC, baseou-se nos itens que compõem o valor percebido, destacado por Recuero (2009a): visibilidade, reputação, popularidade e autoridade. Estes perfis também foram selecionados por conterem tweets informacionais e conversacionais (Recuero, 2009a). As opiniões expressas pelos entrevistados não necessariamente concordam com as da autora. 5.1 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA A observação sistemática deste TCC ocorreu entre os dias 01 a 07 de novembro de 2010. A análise foi realizada nos perfis dos três entrevistados: o jornalista Luís Celso Jr., colunista do jornal Gazeta do Povo/PR e dono do blog Bar do Celso, a jornalista e também pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago e a estudante do último ano de jornalismo, Giovanna Lima. Segundo a contagem, as tabelas apresentam números relativamente baixos, em comparação com outros profissionais da categoria 15 . Uma observação importante apontada pela autora deste TCC foi a cobertura minuto a minuto feita pela pesquisadora Gabriela Zago do 8º Encontro Nacional dos Pesquisadores de Jornalismo - SBPJor, em São Luís/MA. A partir do dia 8 de novembro, Gabriela twittou e replicou diversas mensagens em seu perfil no Twitter 15 O perfil do jornalista e colunista do jornal O Globo, Ricardo Noblat, foi avaliado até o momento de sua desistência neste estudo de caso. No dia 01 de novembro, Noblat havia publicado 58 tweets informacionais e 28 conversacionais.
  • 32. 32 sobre o congresso. A observação veio à tona, quando Gabriela postou apenas uma mensagem no dia 7 – último dia desta observação sistemática. @celso14 Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia 1 2 3 4 5 6 7 Tweets Informacionais 5 2 1 0 0 6 3 Tweets Conversacionais 5 7 0 1 0 11 13 Total de Tweets 10 9 1 1 0 17 16 54 @gabizago Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia 1 2 3 4 5 6 7 Tweets Informacionais 4 0 4 4 5 0 1 Tweets Conversacionais 1 0 0 0 1 0 0 Total de Tweets 5 0 4 4 6 0 1 20 @zizica Dia Dia Dia Dia Dia Dia Dia 1 2 3 4 5 6 7 Tweets Informacionais 10 20 1 10 4 4 4 Tweets Conversacionais 10 8 3 10 5 1 1 Total de Tweets 20 28 4 20 9 5 5 91 Percebe-se ao longo dos dias observados que a maioria dos tweets informativos publicados são comentários do dia a dia do próprio usuário ou opiniões explícitas sobre um assunto, relacionado ou não a notícias ou não. Os exemplos abaixo relatam as constatações, respectivamente:
  • 33. 33 FIGURA 4: TWEET INFORMACIONAL DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010) FIGURA 5: TWEET INFORMACIONAL DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010)
  • 34. 34 Tweets conversacionais também aparecem na análise. Esta possibilidade conduz a ferramenta de rede social ao comunicador instantâneo: FIGURA 6: TWEET CONVERSACIONAL DE GABRIELA ZAGO Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010) 5.2 ENTREVISTAS COM JORNALISTAS O perfil de Luís Celso Jr. está em constante crescimento em relação a seguidores e tweets. Com mais de 1,6 mil seguidores 16 , com 7 mil tweets, o jornalista e blogueiro utiliza seu Twitter para publicar mensagens em até 140 caracteres relativas ao seu blog sobre cervejas e bohemia em geral. Já a jornalista e pesquisadora de cibercultura, Gabriela Zago utiliza seu Twitter para assuntos relacionados à pesquisa, jornalismo e também para promover 16 Números em constante crescimento. Informações deste e dos outros dois perfis foram apuradas em 20/10/2010.
  • 35. 35 seu trabalho. Seu perfil também está em crescimento, com 2,2 mil seguidores e 2 mil tweets já publicados. A estudante do último ano de jornalismo da Universidade Positivo, Giovanna Lima, foi a escolhida para completar o ciclo de entrevistas deste TCC. Com um perfil com mais de 480 seguidores, a jovem utiliza a rede social para fazer críticas relacionadas a temas um tanto quanto polêmicos: sexo, drogas, alcoolismo e também ao jornalismo. São mais de 4,5 mil tweets já publicados. As entrevistas foram realizadas por e-mail e encontram-se no apêndice deste TCC. 5.3 CARACTERÍSTICAS CONSTATADAS Algumas características foram levantadas pela autora no decorrer da observação sistemática - análise dia a dia em cada um dos perfis, bem como comprovadas nas respostas de cada entrevista. 5.3.1 Contato com o público Um dos princípios do jornalismo é o contato com público e os jornalistas entrevistados deste TCC afirmaram que dão importância sim para a conversação na rede social digital Twitter. A conversação no Twitter de maneira aberta se dá por meio do símbolo @ + nome do usuário (RECUERO, 2009a). A privativa acontece por meio de DMs ou directs messages, mas isso só é possível se o usuário seguir o perfil em que pretende enviar a mensagem. Vale destacar que na entrevista, Luís Celso Jr.
  • 36. 36 afirmou responder todos os tweets direcionados a ele (@celso14). Portanto, ao receberem mensagens com elogios ou críticas, os profissionais fazem questão de responder: FIGURA 7: TWEET RESPOSTA DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010) FIGURA 8: TWEET RESPOSTA DE GABRIELA ZAGO Fonte: http://twitter.com/gabizago (01 de novembro de 2010)
  • 37. 37 FIGURA 9: TWEET RESPOSTA DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010) 5.3.2 Comentários pessoais/dia a dia Alguns dos tweets publicados pelos entrevistados são de característica pessoal: comentários do dia a dia, que respondem a pergunta inicial proposta pela rede social Twitter: o que está acontecendo. Estes comentários são inevitáveis, pois como Raquel Recuero (2009a) destaca, com base nos estudos de Lemos (2002) e Sibila (2003,2004), que os perfis em redes sociais digitais são uma espécie de narração pessoal, como construção do ser.
  • 38. 38 FIGURA 10: TWEET PESSOAL DE GABRIELA ZAGO Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010) FIGURA 11: TWEET PESSOAL DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (02 de novembro de 2010)
  • 39. 39 FIGURA 12: TWEET PESSOAL DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (06 de novembro de 2010) 5.3.3 Autopromoção Como destacado por Gabriela Zago na entrevista por e-mail e também mencionado pelos demais entrevistados, alguns dos tweets publicados são uma espécie de autopromoção. O Twitter serve como um disseminador dos trabalhos de autoria desses jornalistas. É possível ver o exemplo captado abaixo: Segundo Raquel Recuero (2009c) com base em uma pesquisa de 2009 da Pear Analytics 17 , 5,85% dos tweets são promocionais. 17 A pesquisa completa está disponível em: http://www.pearanalytics.com/blog/2009/twitter-study-reveals- interesting-results-40-percent-pointless-babble/
  • 40. 40 FIGURA 13: TWEET PROMOCIONAL DE GABRIELA ZAGO Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010) FIGURA 14: TWEET PROMOCIONAL DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (07 de novembro de 2010)
  • 41. 41 FIGURA 15: TWEET PROMOCIONAL DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (05 de novembro de 2010) 5.3.4 Links Os perfis analisados também apresentaram links externos em seus tweets. São assuntos julgados de interesse pelos entrevistados e publicados em seus perfis. Marcos Palacios (2003) relata a interconexão de textos através de links, com os demais recursos disponíveis – foto, vídeo, animação de uma mesma notícia. A chamada hipertextualidade só tem a contribuir com a ampliação da circulação do jornalismo, em diversas plataformas inclusive as redes sociais.
  • 42. 42 FIGURA 16: LINKS NO TWITTER DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010) FIGURA 17: LINKS NO TWITTER DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (04 de novembro de 2010)
  • 43. 43 5.3.5 RTs ou Retweets Retweets ou RTs são mensagens publicadas por outros usuários, que podem ser replicadas em seu perfil no Twitter. Gabriela Zago e Giovanna Lima utilizam o aplicativo do botão retweet, que facilita a replicação destas mensagens em apenas um clique. Luís Celso Jr. não utiliza o botão de retweet, aplicando apenas a sigla RT como mostra o exemplo da figura 16. Raquel Recuero (2009b) classifica o retweet como informacional, mesmo que há diversas críticas sobre o mesmo ser conversacional 18 . A autora ressalta que os “retweets são formas de difundir uma informação que alguém considera relevante”. (RECUEROb, 2009). FIGURA 18: RETWEET DE GIOVANNA LIMA Fonte: http://twitter.com/zizica (06 de novembro de 2010) 18 Em seu blog, Raquel Recuero dissertou sobre o botão retweet e apontou pesquisas de autores que acreditam que este recurso no Twitter é conversacional. O post completo pode ser conferido em http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/sobre_retweets_a_economia_do_twitter.html.
  • 44. 44 FIGURA 19: RETWEET DE GABRIELA ZAGO Fonte: http://twitter.com/gabizago (03 de novembro de 2010) 5.3.6 Localização Dos jornalistas entrevistados, apenas Luís Celso Jr utiliza o recurso de localização chamado Foursquare. O Foursquare é um geolocalizador de uso exclusivo via celular, que permite o usuário se localizar e publicar suas informações na rede social do serviço (Twitter ou Facebok). O diferencial deste aplicativo, bastante utilizado nos Estados Unidos, é que cada usuário cadastra dicas sobre o local e tem a possibilidade de se tornar o prefeito virtual daquele estabelecimento. Tudo depende da frequência do usuário que vai ao local.
  • 45. 45 FIGURA 20: TWEET COM LOCALIZAÇÃO DE LUÍS CELSO JR. Fonte: http://twitter.com/celso14 (03 de novembro de 2010) Com base nestes apontamentos, percebe-se que a prática do jornalismo em redes sociais digitais, como o Twitter, é possível por características próprias e adaptações que o jornalismo vem se modificando em tempos de convergência.
  • 46. 46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O jornalismo pode ser definido como uma prática social marcada por sua reinvenção constante. “Ele é (re)construído a partir da participação contínua de diferentes atores sociais (indivíduos, instituições, conceitos e abstrações etc.) que interagem a partir de um conjunto de normas e convenções, responsáveis pela coordenação das atividades vinculadas a essa prática”. (ADGHIRNI e PEREIRA, 2010). O jornalismo digital não foge a essa regra. Logo, percebemos que ainda que a convergência tecnológica contribua para as mudanças no modo de fazer jornalístico, outros tipos de convergências também influenciam o processo produtivo de um jornal, de uma revista ou de qualquer outro tipo de publicação. A convergência econômica, por exemplo, tem reduzido o emprego de muitos jornalistas e incentivado a integração de redações on-line e impressas. A convergência cultural mostra as criações e a apropriações do público com relação ao conteúdo oferecido pelos próprios meios de comunicação. As redes sociais digitais, como o Twitter, tem sido foco de atenção dos meios de referência. Afinal, os resultados já são visíveis em relação à possibilidade de se fazer jornalismo em outras plataformas. Mais do que fazer jornalismo nestas redes, é importante saber como utilizá- las de maneira correta, proporcionando a integração entre o jornalismo e seu maior aliado: o público. Com base nas constatações de convergência de Salaverría, García Avilés e Massip (2008) foi possível perceber que o jornalismo segue um caminho de transformações: o mercado exige um profissional qualificado e multimídia; as
  • 47. 47 redações estão trabalhando para aplicar a web 2.0; são inseridos links e recursos para que a linguagem torne-se mais atraente; o público interage com os profissionais para opinar e dar sugestões de pauta; e as novas plataformas de produção e publicação surgem como aliadas ao fazer jornalístico. Entre estas redes, foi destacado o Twitter como plataforma de produção de conteúdos jornalísticos. Criado com a finalidade de responder a pergunta inicial “O que está acontecendo?” (SAGOLLA, 2009), o Twitter é uma ferramenta de micromensagens (RECUERO, 2009), denominada como rede social pelos princípios de comunicação que proporciona. As características encontradas ao longo deste TCC, e apontadas pela autora com base em diversas fontes, demonstram que os jornalistas, sejam eles de redação, pesquisadores e até mesmo estudantes de jornalismo, utilizam o Twitter para diversos fins: contato com o público, comentários do dia a dia, assuntos da mídia, links, autopromoção etc. Suas características de layout simples, ágil e limite de publicações em até 140 caracteres fazem do Twitter um aliado ao jornalismo digital. Na prática percebemos e nos atualizamos através dele: portais noticiosos têm perfil no Twitter para twittar as últimas notícias com links e jornalistas fazem a cobertura minuto a minuto, como exemplo destacado aqui feito pela pesquisadora Gabriela Zago. O Twitter ainda abre espaço para a possibilidade de atualização via celular, não só de notícias, mas também de aplicativos instalados como o Foursquare. São recursos disponíveis que marcam a era de uma internet móvel e colaborativa, feita por cidadãos. Nas entrevistas com os jornalistas foi possível perceber que a apropriação do Twitter como ferramenta de uso jornalístico cresce a cada dia. Mesmo que os
  • 48. 48 jornalistas utilizem a rede social para comentar ações cotidianas, eles fazem questão de opinar, trazer notícias com links interessantes e também de manter o contato com o público. As ações no Twitter ainda são próprias de cada profissional, mas é possível perceber a construção de algumas regras que podem funcionar para o jornalismo feito em 140 caracteres. Essas e outras mudanças no processo jornalístico nos fazem pensar que todos precisam estar preparados: os profissionais, jornalistas de todas as áreas necessitam estar no Twitter para se conectar com o mundo e saber os assuntos mais comentados; as redações precisam estar para publicar suas últimas notícias e praticar seu marketing; e o público precisa dar sua opinião, contestar e participar da produção/apuração da notícia. Há um longo caminho pela frente, mas as constatações nos mostram que o jornalismo começa a aproveitar os recursos da rede social digital denominada Twitter. Em era de web colaborativa, o jornalismo continua a sua jornada: se reinventa a cada dia.
  • 49. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADGHIRNI, Zélia Leal; PEREIRA, Fábio Henrique. Mudanças estruturais no jornalismo: alguns apontamentos. Trabalho apresentado no VIII Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo. Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 8 a 10 novembro de 2010. AMARAL, Adriana; RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra. Blogs.com: estudos sobre blogs e comunicação. São Paulo: Momento Editoral, 2009. Disponível em: http://www.sobreblogs.com.br/blogfinal.pdf. Acesso em: 06 mai. 2010. BARBOSA, Suzana. Convergência jornalística em curso: as iniciativas para integração de redações no Brasil. In: RODRIGUES, Carla (Org). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. p. 35-55. FOLLETO, Leonardo. O blog jornalístico: definição e características na blogosfera brasileira. Dissertação de mestrado. Florianópolis, 2009. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/20861245/O-Blog-Jornalistico-definicoes-e-caracteristicas-na- blogosfera-brasileira. Acesso em: 12 out. 2010. GARCÍA AVILÉS, José Alberto; SALAVERRÍA, Ramón; MASIP, Pere. Convergencia periodística em los médios de comunicación. Propuesta de definición conceptual y operativa. In: SÁBADA, Charo et al. Métodos de investigación sobre convergencia periodística. In: NOCI, Javier Díaz; PALACIOS, Marcos (Org). Metodologia para o estudo dos cibermeios: estado da arte & perspectivas. Salvador: EDUFBA, 2008. IBOPE. Estudo inédito avalia o comportamento do consumidor brasileiro. São Paulo, 29 de abril de 2008. Disponível em: http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE &pub=T&db=caldb&comp=IBOPE+M%EDdia&docid=6C5AA230D1120BB48325743A00462 B28. Acesso em: 04 out. 2010. _____. O meio rádio alcança 77% dos brasileiros. São Paulo, 30 de setembro de 2010. Disponível em: http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE &pub=T&db=caldb&comp=Notícias&docid=62C7F2CA70C4C86E832577AE00512CD3. Acesso em: 30 out. 2010. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Editora Aleph, 2008. JORGE, Thaïs de Mendonça; PEREIRA, Fábio Henrique; ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo na internet: desafios e perspectivas no trinômio formação/universidade/mercado. In: RODRIGUES, Carla (Org). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC- Rio: Editora Sulina, 2009. p. 75-96. KARASINSKI, Eduardo. O que é a rede social Foursquare e quais as vantagens dela? Artigo publicado no portal Baixaki. Curitiba, 20 de abril de 2010. Disponível em: http://www.baixaki.com.br/tecnologia/4092-o-que-e-a-rede-social-foursquare-e-quais-as- vantagens-dela-.htm. Acesso em: 20 nov. 2010.
  • 50. 50 KISCHINHEVSKY, Marcelo. “Convergência nas redações: mapeando os impactos do novo cenário midiático sobre o fazer jornalístico”. In: RODRIGUES, Carla (Org). Jornalismo On-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. LAGE, Nilson. Linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 2001. ___________. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. LEMOS, André. A Arte na Vida: Diários Pessoais e Webcams na Internet. Trabalho apresentado no GT Comunicação e Sociedade Tecnológica do X COMPÓS na Universidade Federal do Rio de Janeiro, 04 a 07 de junho de 2002. MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. São Paulo: Summus, 1988. MELO, José Marques de. A opinião no jornalismo brasileiro. 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 1994. ______________________. Teoria do jornalismo: identidades brasileiras. São Paulo: Paulus, 2006. MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. Tese Doutorado. Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Comunicação, Salvador, 2003. 246f. Disponível em: http://www.facom.ufba.br/jol/producao_teses.htm. Acesso em: 20 out. 2010. ___________________; SILVEIRA, Stefanie Carlan da. Interação mediada por computador e jornalismo participativo nas redes digitais. In: PRIMO, Alex et al. Comunicação e Interações. Livro da Compós. Porto Alegre: Sulina, 2008. O’REILLY, Tim. What is Web 2.0? O”Reilly Media, 2005. Disponível em: http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html. Acesso em: 11 out. 2010. PALACIOS, Marcos. Ruptura, Continuidade e Potencialização no Jornalismo Online: o Lugar da Memória. In: MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. (Orgs) Modelos do Jornalismo Digital. Salvador: Editora Calandra, 2003. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/6606957/Marcos-Palacios-Ruptura-Continuidade-e- Potencializacao-No-Jornalismo-Online-Ok. Acesso em: 16 nov. 2010. PRIMO, Alex. Interação Mediada por Computador. Porto Alegre: Sulina, 2007. PRIMO, Alex; TRÄSEL, Marcelo Ruschel. Webjornalismo participativo e a produção aberta de notícias. Contracampo (UFF), v. 14, p. 37-56, 2006. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/webjornal.pdf. Acesso em: 27 mar. 2010. QUADROS, Claudia. A participação do público no webjornalismo. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Gradução em Comunicação. E-Compós. Brasília: dez, 2005. Disponível em: http://www.compos.org.br/seer/index.php/e- compos/article/viewFile/56/56. Acesso em: 27 mar. 2010. ________________. Dez anos depois do boom dos diários digitais. Revista Famecos. Porto Alegre, nº 31, dez, 2006. Disponível em: http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/viewFile/1113/825. Acesso em: 27 mar. 2010.
  • 51. 51 ________________. Jornalismo público, rádio e internet: uma combinação possível? Comunicação e espaço público. Publicação do programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação da UnB. Brasília, vol. 5, nº 1, 2005. Disponível em: http://www.fac.unb.br/site/images/stories/Posgraduacao/Revista/Edicoes/2005-1_revista.pdf. Acesso em: 27 mai. 2010. RECUERO, Raquel.a Redes sociais na internet. Porto Alegre: Editora Sulina, 2009. Disponível em: http://www.redessociais.net/cubocc_redessociais.pdf. Acesso em: 21 set. 2010. _______________.b Sobre retweets: a economia do Twitter. Post pessoal. Blog Ponto Mídia, 28 de junho de 2009. Disponível em: http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/sobre_retweets_a_economia_do_twitter.html. Acesso em: 16 nov. 2010. _______________.c Twitter e Bobagens. Post pessal. Blog Ponto Mídia, 17 de agosto de 2009. Disponível em: http://www.pontomidia.com.br/raquel/arquivos/twitter_e_bobagens.html. Acesso em 19 nov. 2010. _______________.; ZAGO, Gabriela. Em busca das redes que importam: Redes Sociais e Capital Social no Twitter. Associação Nacional dos Programas de Pós-Gradução em Comunicação. E-Compós. Belo Horizonte, jun, 2009. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/trabalhos_arquivo_coirKgAeuz0ws.pdf. Acesso em: 16 jun 2009. SAGOLLA, Dom. How Twitter was born. Blog 140 characters, 30 de Janeiro de 2009. Disponível em: http://www.140characters.com/2009/01/30/how-twitter-was-born/. Acesso em: 11 out. 2010. SILVA, Fernando Firmino da. A prática jornalística diante das tecnologias móveis e da conexão. Trabalho apresentado ao NP Tecnologias da Informação e da Comunicação no XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, de 06 a 09 de setembro de 2006. Disponível em: http://www.adtevento.com.br/intercom/2006/resumos/R0522-1.pdf. Acesso em: 09 out. 2010. SODRÉ, Muniz. Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986. WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 5ª edição. Lisboa: Editorial Presença, 1999. ZAGO, Gabriela.a Apropriações jornalísticas do twitter: a criação de Mashups. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Católica de Pelotas, 2008. Disponível em: http://www.cencib.org/simposioabciber/PDFs/CC/Gabriela%20da%20Silva%20Zago.pdf. Acesso em: 31 mar. 2010. ______________.b O Twitter como suporte para produção e difusão de conteúdos jornalísticos. São Bernardo do Campo, SBPJor, 2008. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/5887184/O-Twitter-como-suporte-para-producao-e-difusao-de- conteudos-jornalisticos. Acesso em: 31 mar. 2010.
  • 52. 52 APÊNDICES ENTREVISTA COM GABRIELA ZAGO, JORNALISTA E PESQUISADORA DE CIBERCULTURA, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010. De: Gabriela Zago gabrielaz@gmail.com Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com Data: 22 de outubro de 2010 17:15 Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz -Com que relevância você utiliza o Twitter? Uso o Twitter para postar links para notícias e posts sobre assuntos que me interessam e que também possam interessar à minha rede de contatos, também para conversar com outras pessoas, para comentar fatos mais ou menos pessoais (não muito íntimos), às vezes também para uma espécie de "auto jabá" (divulgar meu próprio trabalho). Coisas mais pessoais eu posto no Plurk, para um grupo de amigos mais restrito. -Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets? Uso os replies para tratar de assuntos que embora sejam em resposta ou direcionados para algum indivíduo em específico, a temática tratada pode interessar outras pessoas, ou ainda não há problema nenhum em manter o assunto em público. O interessante disso é que algum contato recíproco pode ver a conversa e resolver tomar parte dela, tornando a conversação no Twitter ainda mais dinâmica e peculiar. Se o assunto não puder ser tratado em público, ou disser respeito apenas aos participantes envolvidos na conversa, aí costumo tratar por DM ou então por e-mail mesmo. -A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet? A limitação é o que confere a graça do Twitter. Ela pode atrapalhar às vezes, mas não é nada que não se possa desdobrar em dois ou mais tweets. Se quero dizer algo para alguém e não cabe em 140 caracteres, é sinal de que o assunto deveria ser tratado por e-mail. -Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico? Acredito que o Twitter tem contribuído em diversas etapas do processo jornalístico. Não só na forma óbvia de se puder usar a ferramenta para publicar tweets com notícias, ou link para notícias, como também podendo servir de fonte para o jornalismo, ou ainda contribuindo para a circulação jornalística, uma vez que o link para uma notícia no Twitter atrai mais visitas para o site do jornal, por exemplo. -Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter? Inicialmente, eles tendiam a ser mais voltados apenas para postagem de manchetes e links. Aos poucos os veículos foram se apropriando da ferramenta e experimentando novas utilizações. Embora ainda tenha muito o que se explorar - as possibilidades são infinitas - acho interessantes os perfis que usam a ferramenta não só para distribuir notícias e links, como também para lançar perguntas aos leitores, responder mensagens enviadas, enfim, para participar na rede. -O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique a sua resposta. Acho que na verdade não mudou por causa do Twitter, mas sim vem se modificando aos poucos em decorrência das redes sociais na Internet como um todo, e também por conta do Twitter. Perfis em redes sociais são usados como fontes ou ilustração em notícias, os jornalistas passam a recorrer a esses espaços em busca de pautas e de fontes. Atualmente a rede onde isso é mais visível de
  • 53. 53 acontecer é no Twitter, e ele não só aparece no momento da produção, como também se integra a outras etapas do jornalismo (como circulação e consumo). -Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que maneira? Acho que apesar de o Twitter possibilitar a comunicação de duas vias, o que se observa é que ela acaba partindo muito mais de um dos lados (do público) com bem menos respostas do outro lado (jornalismo). Em termos práticos isso significa que o leitor/interagente pode enviar comentários ou fazer perguntas pelo Twitter, mas nem sempre ele será lido, e em menos vezes ainda será respondido. Alguns veículos optam por fazer um uso totalmente unidirecional do Twitter, sem responder ninguém. Outros respondem alguns, até porque seria impossível responder a todos. De certa forma, há uma ilusão de maior proximidade com os veículos para os leitores, pois eles podem entrar em contato com jornalistas e jornais, ainda que nem sempre possam ser respondidos. -Como o público tem se comportado diante desta ferramenta? O que observo é que a brevidade das atualizações tem estimulado retweets, comentários, e outras contribuições por parte do público dos jornais. Eles também fazem perguntas, buscam saber mais detalhes sobre as notícias, questionam pela ferramenta. -Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no fazer jornalístico? Acho que já mais ou menos respondi na questão anterior. :P E reforço o que já disse antes, o público tem participado não só na produção de notícias, como também contribui para a circulação jornalística - ao retwittar, comentar ou linkar notícias. ENTREVISTA COM GIOVANNA LIMA, ESTUDANTE DO QUARTO ANO DE JORNALISMO, VIA E-MAIL EM 22 DE OUTUBRO DE 2010. De: Giovanna Lima giovannaglima@gmail.com Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com Data: 22 de outubro de 2010 02:20 Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz -Com que relevância você utiliza o Twitter? Compartilhar notícias, textos, opiniões e dividir algumas ironias e tragédias da minha vida. Exponho também alguns aplausos e vaias sobre temas que me interessam, como sexo, drogas, homossexualidade, álcool, literatura, jornalismo. -Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets? Converso com quem considero ter uma opinião ou um ponto de vista relevante. Gosto do twitter para conversar, debater e dividir informações mais que o MSN. No twitter a conversa é menos forçada, não tenho a obrigação de responder sempre e posso parar de falar quando eu quiser. Quando quero tuitar algo que já foi publicado, sempre uso o @. Gosto dessa possibilidade de dar o devido crédito ao emissor de certa informação ou opinião. -A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet? Poucas vezes. Porém confesso que em alguns dias preciso gastar uns quatro tweets pra relatar algum acontecimento ou mostrar uma indignação mais profunda.Mas normalmente, me dou bem com
  • 54. 54 os 140 caracteres, é só fazer uma boa síntese. Além disso, o baixo número de caracteres faz o twitter fluir. O conteúdo é dinâmico e não monótono e estagnado como num jornal, por exemplo. -Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico? Extremamente. As informações vem muito mais rápido do que nas outras mídias. O jornalista não precisa mais ir até o local do acontecimento ou esperar a divulgação da notícia no rádio. Com o twitter, o jornalista perdeu o mérito do furo. Ele fica com o trabalho de confirmar o ocorrido e divulgar isso de maneira relevante. Certos usuários do twitter podem até publicar uma notícia, por exemplo, mas não sabem selecionar o conteúdo que o público saber. O jornalista entra nessa situação, expondo os dados e usando uma linguagem que possa colaborar para o entendimento e conhecimento do público. -Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter? É muito interessante ver o conteúdo que os jornalistas selecionam para compartilhar no twitter. Em relação ao perfil do jornalistas - pessoa física - dá pra sentir um pouco dos seus gostos e observar algumas opiniões. É legal quando você encontra um jornalista com opiniões dignas de reflexão, que você o segue mesmo sabendo que normalmente seu ponto de vista e o dele entram em divergência. Os perfis jornalísticos - de portais ou jornais - não me atraem tanto. O conteúdo disponibilizado no twitter é o mesmo que o publicado em tal portal ou site do jornal. Não há grande diferença para pessoas que como eu, ficam atualizando o tempo todo tais endereços. Além disso, ainda falta interatividade na maioria dos perfis jornalísticos. O veículo parece se importar apenas com a divulgação do conteúdo, ao invés de ouvir o público. -O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique a sua resposta Certamente. Como já disse, não existe mais o mérito do furo pelo jornalista. Cabe a ele a confirmação, decodificação e a transmissão da informação. Antes das novas mídias, como o twitter, a produção de mão única. Nesse novo processo, os usários do twitter funcionam também como emissores. Há muitos pontos positivos nessa troca, o público colabora com o processo de produção e o jornalista tem facilidade na apuração. O conteúdo cada vez mais vai se adequando aos interesses do público. Antigamente, a seleção de notícias ficava somente à critério do jornalista. -Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que maneira? Sim. O público se sente mais próximo das redações jornalísticas. Ele pode comentar cada tweet em tempo real, além de ter a possibilidade de ser ouvido pelos profissionais que trabalham na empresa. Outra coisa é que o conteúdo divulgado pelo público pode ser retuitado pelas empresas, passando ainda mais a sensação de laços estreitados. Antes o contato com o jornal era mínimo, feito apenas por cartas, que quase nunca eram publicadas. Depois, o contato passou a ser um pouco mais próximo, pelo email. Nas redes sociais as redações parecem atingir o patamar mais alto de comunicação com o leitor. Só é preciso saber utilizar adequadamente o twitter e as demais redes sociais. Na minha opinião, as redações ainda pecam no quesito interatividade. Falta dar mais voz, mais valorização pra esse público. Algumas empresas apenas repetem o tratamento de indiferença com o público nas redes sociais. Já mandei reply para o iG e para a Gazeta do Povo fazendo perguntas e não obtive respostas. Quando as redações ignoram o público, continua aquele formato engessado de jornalismo de mão única, sem trocas. -Como o público tem se comportado diante desta ferramenta? O público tem colaborado com um grande volume opiniões. É muito mais fácil e prático dar um reply em certo tweet do que enviar um email, por exemplo. As pessoas se sentem mais próximas, mais íntimas das redações através do twitter. Quando algum jornalista faz uma pergunta via twitter, por exemplo, o número de respostas é imenso. O público colabora em uma proporção muito maior no twitter. -Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no fazer jornalístico? Certamente. Como já disse, é muito mais fácil e prático opinar depois do surgimento do twitter. Essa mídia permite um dinamismo jamais visto nos meios de comunicação. É muito mais fácil também, retuitar alguma notícia ou opinião. Antes do twitter, o público poderia compartilhar o conteúdo no blog,
  • 55. 55 por exemplo, mas esse processo é extremamente mais lento. O conteúdo é repassado com uma rapidez inédita no twitter. A resposta do público vem num fluxo bastante grande, colaborando para a produção do jornalista. Tudo isso faz o público ficar cada vez mais satisfeito. ENTREVISTA COM LUÍS CELSO JÚNIOR, JORNALISTA E COLUNISTA DO JORNAL GAZETA DO POVO, VIA E-MAIL EM 08 DE NOVEMBRO DE 2010. De: Celso14 celso14@gmail.com Para: Aline Vonsovicz alinevonsovicz@gmail.com Data: 08 de novembro de 2010 12:05 Assunto: Re: Questionário - TCC Aline Vonsovicz -Com que relevância você utiliza o Twitter? Utilizo o Twitter para vários fins diferentes, e com graus diferentes de relevância para cada um deles - a meu ver relevância é algo que se determina em relação a algum referencial. Além disso, acho importante esclarecer que gerencio alguns perfis diferentes (do meu blog e, de vez em quando, alguns do jornal onde trabalho). Com isso, por ser de conhecimento de muitos que estou por trás dos perfis "coorporativos", há muita mistura de informações - perguntas que são profissionais acabam dirigidas para o perfil pessoal, etc. O uso mais frequente é, com certeza, pessoal, marcando encontros com amigos, trocando informações, publicando e lendo "links" do que julgo interessante. Para uso mais profissional, algumas vezes pedi indicação de fontes e personagens, ou fiz primeiros contatos com fontes via Twitter. Também divulgo links das reportagens produzidas por mim ou que leio e julgo interessantes. Frequentemente, respondo a dúvidas sobre conteúdos publicados e outras informações principalmente sobre cerveja, programação cultural e dicas de bares, assuntos mais relacionado ao meu nome. Também recebo sugestões de pauta e, claro, serve como fonte de leitura de assuntos jornalísticos. Como uso profissional, julgo relevante essa interatividade. É muito mais do que muitos perfis coorporativos fazem. No entanto, em menor proporção. -Vejo que também publica tweets conversacionais (direcionado a um @ + nome do usuário). Há algum tipo de seleção ao publicar seus tweets? Em geral, a seleção temática é o próprio gosto do twitteiro. Publico o que gosto e julgo que quem me lê vai gostar também. Além de algumas coisas mais pessoais, aí sem tanta relevância para o público. Se há alguma preocupação é justamente de não ser excessivamente pessoal (confessional?), como perfis somente pessoais. Como jornalista também somos em algum proporção figuras públicas, e certos tipos de informações não "fica bem" abrir na internet - isso vale, na minha opinião, também para outras redes, como Facebook, por exemplo. Quanto aos posts conversacionais, seguindo os mesmos princípios acima, procuro responder a todos. No meu perfil pessoal o volume não é tão grande para que eu tenha que aplicar necessariamente um critério de seleção do que responder ou não. -A limitação de caracteres pode ser um empecilho na hora de postar o tweet? Normalmente, não. As complicações são raras (uma resposta grande demais, um post mais completo), mas a solução é fácil (normalmente se divide em mais de um twit). -Na sua opinião, como Twitter contribuiu para o fazer jornalístico? De várias formas. As melhores delas envolvem a interatividade com o outro, ou seja, uma comunicação realmente de duas vias. Sugestões de pautas, comunicação de erros, protestos, fontes, personagens, enquetes, etc. No entanto, apesar de experiências já estarem sendo desenvolvidas nesse sentido - o uso jornalístico do Twitter há um ano era limitando apenas a publicação de links -
  • 56. 56 poucas resultam em interferências mais profundas. Acredito que o ponto é hoje menos formal do que de se ter uma comunicação realmente efetiva, que altere algo na outra ponta, gere comunicação efetivamente. Perfis pessoais de jornalistas acabam seguindo um padrão parecido com o meu, dando maior abertura para os demais usuários, mas os coorporativos ficam mais "presos", e acabam se limitando a poucas interações ou, quando acontecem, ficam limitadas a um setor menor da redação ou da empresa. Não afetam ela como um todo. -Qual é a sua opinião sobre os perfis jornalísticos no Twitter? Perfis coorporativos perdem um pouco desse tom pessoal que, em grande parte, torna o Twitter tão interessante enquanto rede social. Representar uma marca ou empresa é difícil nesse ambiente. Muitos viram apenas publicadores de links. Nada contra, contanto que seja claro esse o propósito. -O processo produtivo do jornalismo, na sua opinião, mudou com o uso do Twitter? Justifique a sua resposta. Respondi um pouco nas perguntas anteriores. Acho que altera, mas ainda é pouco perto do potencial que há. Como disse, é possível achar fontes e personagens, fazer enquentes, mas acredito que dificilmente o Twitter, de forma interativa, muda o direcionamento de uma pauta ou a manchete de um jornal ainda. Raras ocasiões um político, ou uma personalidade, publica informações em seu perfil que se tornam relevantes a ponto de fazer mudanças mais profundas. -Na sua opinião, o Twitter estreitou laços entre redações jornalísticas X público? De que maneira? Acho que é um início, mas ainda há pouca interação efetiva. Além da interação direta com os perfis coorporativos, o público acaba sendo ouvido em tempo real pelos jornalistas presentes na rede. Além do que o Trend Topics, por exemplo, acaba servindo como termômetro dos assuntos mais discutidos. No entanto, como disse, falta uma efetividade, uma profundidade maior dessa comunicação. -Como o público tem se comportado diante desta ferramenta? Há uma "regra" de proporção que condiz bastante com a realidade. Ela diz que de 100 usuários que lêem a mensagem, 10 provavelmente vão retransmitir e apenas 1 vai comentar. Apesar de grande parte do público on-line saber que é possível interagir, poucos o fazem. Normalmente estão mais a vontade para fazer isso com amigos e conhecidos, não com jornais. Isso dificulta bastante a criação de conteúdos mais interativos, como de colaboração coletiva, se não há uma boa recompensa ou estímulo (promoção, sorteio, etc). No entanto, os que já tem o hábito da interação são bastante ativos, pedindo por esse tipo de comunicação. Há vários fatores que levam a isso, entre eles a experiência do usuário com a ferramenta e com a internet como um todo. Não podemos esquecer que no Brasil ainda estamos em tempo de inclusão digital, ao mesmo em que já há usuário muito avançados. O público é bastante variado, e tende a ser mais ainda nos próximos anos. -Com a presença de perfis jornalísticos, o Twitter influenciou a participação do público no fazer jornalístico? Bem, como sempre, estou me adiantando nas perguntas. Isso está, de certa forma, respondido nas perguntas anteriores. O público ainda fica bastante tímido diante dos perfis coorporativos, pois eles não tem um rosto, uma personalidade real. Mas há experiências interessantes da participação do público. Algumas radicais, como a participação do Twitter nos protestos do Irã, onde não há jornalistas, e o relato era a única fonte de informação disponível. Outras mais suaves, como newsgames e outros aplicativos integrados com o Twitter.