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BARROCO:
a arte da
indisciplina
O Barroco -----predominou no século XVII –
momento de crise espiritual
na cultura ocidental.
duas mentalidades,
duas formas distintas de ver o mundo:
de um lado de outro
o paganismo e o a forte onda de
sensualismo do religiosidade
Renascimento, lembra
(em declínio)
teocentrismo medieval
• vínculos com a cultura clássica
Século XVI
RENASCIMENTO
o retorno à cultura
clássica grecolatina
a vitória do antropocentrismo
BARROCO
caminhos próprios
necessidades de expressão
daquele momento
Outros nomes do Barroco
• Marinismo: (Itália), Giambattista Marini.
• Gongorismo: (Espanha) Luís de Gôngora y
Argote
Barroco e gongorismo = sinônimos.
• Preciosismo: (França), em razão do requinte
formal dos poemas
• Eufuísmo: (Inglaterra) criado a partir do título
do romance Euphues , or the anatomy
of wit, de John Lyly.
A SOCIEDADE
EUROPEIA
Século XVII
O CLERO A NOBREZA
TERCEIRO
ESTADO
•Artesãos
•Camponeses
•Burguesia
Poder econộmico
Pressão
CONTRADIÇÕES
DO BARROCO
Contrarreforma
Econômico Político Espiritual
Livre Oprimido
Enriquecer
*Influência
do paganismo
renascentista
•Prazeres
materiais
Restauração
da fe
Medieval.
l
Homem:
Ser contraditório
Características da linguagem
Forma
• Vocabulário selecionado
• Gosto pelas inversões
sintáticas.
• Figuração excessiva; ênfase
em certas figuras da
linguagens:metáfora,
antítese e hipérbole.
• Sugestões sonoras e
cromâticas.
• Gosto por construções
complexas e raras.
Conteúdo
• Conflito espiritual.
• Bemmal.
• Consciencia da
efemeridade do tempo.
• Carpe diem
• Morbidez.
• Gosto por raciocínios
complexos e intrincados.
Um “BARROCO” Brasil
A cada canto um gram conselheiro, A
Que nos quer governar na cabana, e vinha, B
Não sabem governar sua cozinha, B
E podem governar o mundo inteiro .A
Em cada porta um frequentado olheiro, A
Que a vida do vizinho, e da vizinha, B
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,B
Para levar à Praça, e ao Terreiro. A
Muitos mulatos desavergonhados, C
Trazidos pelos pés os homens nobres, D
Postas nas palmas toda a picardia. E
Estupendas usuras nos mercados, C
Todos, os que não furtam, muito pobres, D
Eis aqui a cidade da Bahia.E
Os escritores barrocos brasileiros
que mais se destacaram são:
• na poesia:
Gregório de Matos,
Bento Teixeira,
Botelho de Oliveira
Frei Itaparica;
• na prosa:
Pe. Antônio Vieira,
Sebastião da Rocha Pita
Nuno Marques Pereira.
GREGÓRIO DE MATOS
BAHIA (1633)
1° poeta brasileiro
- estudou no Colégio Jesuíta.
- em Coimbra se formou em Direito.
- ficou ali uns anos exercendo a sua
profissão, mas por suas sátiras retornou
obrigado ao Brasil onde foi convidado a trabalhar
com os Jesuítas no cargo de tesoureiro-mor da Companhia de
Jesus.
-Ainda por suas sátiras abandonou os Padres e foi degredado
para Angola.
- Retornou ao Brasil muito doente sob duas condições:
1.- não pisar terras baianas.
2.-não apresentar as suas sátiras.
É conhecido pela sua:
 Poesia lírica
 Poesia religiosa ou sacra
 Poesia satírica-valeu-lhe o apelido de
“Boca de inferno”
 Cultivou----------- cultismo /conceptismo
1. Poesia sacra
2. poesia lírica
3. poesia graciosa inédita até o S:XX
4. poesia satírica.
5. Últimas
POESIA LÍRICA
• A lírica amorosa de Matos celebra a tensão entre:
A imagem a tentação da carne
feminina angelical que atormenta o espírito
- define-se pelo erotismo
- revela uma sensualidade ora
grosseira/ora de rara fineza
- glorifica e admira à mulata (1° poeta)
““Minha rica mulatinha
Desvelo e cuidado meu”
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura
Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.
(In: Antonio Candido e J. A. Castello, op. cit., p.
61).
Observe este soneto:
Sonetos a D. Ângela de Sousa Paredes
a mulher figura de
um “anjo”
pureza angelical contida
no próprio nome
uma grandeza
maior, o Sol
um ser superior, dotado de
grandezas absolutas e
inacessíveis
POESIA SACRA
- Gregório diante de Deus pede
perdão por seus erros.
- Sobressai o senso do pecado, mostra
a fragilidade humana e o temor diante da
morte e a condenação eterna.
- A faceta de pecador arrependido emerge na fase final
da sua vida (em sua mocidade fez composições
claramente desafiadoras do poder divino).
A Jesus Cristo Nosso Señor
Pequei, Senhor, mas nâo porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um sóp gemido:
Que a mesma culpa ,que a vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória
Gregório de Mattos Guerra
A sátira
Age :deformação caricatural daquilo que se pretende atacar ou
desmoralizar.
Contém: -uma intenção reformadora,
- ligada ao sentimento de indignação
- à vontade de moralizar os costumes.
Elemento motivador :
- distingue-se o senso do ridículo, (a percepção do lado cômico
de personagens, situações e idéias.)
• Gregório de Matos pretendia, manifestar explicitamente o
funcionamento dos discursos do poder.
• Utiliza :"malandragem", "plágio", " inveja",
"imoralidade", "adultério", "racismo", “"furto",
"repúdio", "libertinagem" "promiscuidade".
POESIA SATÍRICA
A sátira de Matos tem muito de crônica social.
- foge dos padrões do Barroco
- se volta para a realidade social baiana século XVII.
- pode ser chamada de REALISTA ou BRASILEIRA.
- critica os letrados, os políticos, à corrupção, o relaxamento dos costumes, a
cidade de Bahia.
-língua diversificada (indígena e africana) palavrões, gírias, expressões locais
“Que os brasileiros são Bestas
E estão sempre a trabalhar
Toda a vida, por manter
Maganos de Portugal”
Maganos: engraçados.
A CIDADE DA BAHIA
A Cidade da Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado,
Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh! se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
que fora de algodão o teu capote!
A BAHIA
Tristes sucessos, casos lastimosos,
Desgraças nunca vistas, nem faladas.
São, ó Bahia, vésperas choradas
De outros que estão por vir estranhos
Sentimo-nos confusos e teimosos
Pois não damos remédios as já passadas,
Nem prevemos tampouco as esperadas
Como que estamos delas desejosos
Levou-me o dinheiro, a má fortuna,
Ficamos sem tostão, real nem branca,
macutas, correão, nevelão, molhos:
Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
E é que quem o dinheiro nos arranca,
Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos
Eis outro exemplo:
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fica então Pica-flor.
Ocupou-se de atacar viperinamente o baixo clero baiano, após ter sido destituído do
cargo eclesiástico de Tesoureiro-mor da Sé por recusar-se a receber “ordens sacras” e
a usar batina.
Voltou sua veia satírica contra vários religiosos, padres, frades, freiras, cujo
comportamento sexual foi alvo de vários de seus poemas.
...
E nos Frades há manqueiras? - Freiras.
Em que ocupam os serões? -Sermões.
Não se ocupam em disputas? - Putas.
Com palavras dissolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade
São freiras, sermões, e putas. (recolha)
...
• A poesia gregoriana recorre ao jogo entre o
sagrado e o profano num processo de
“dessacralização” e popularização, o que se
verifica pelo uso que faz, repetidas vezes, da
rima Jesu/cu:
• Passou o surucucu
e como andava no cio,
com um e outro assobio,
pediu a Luisa o cu:
Jesu nome de Jesu,
disse a Mulata assustada,
ENTRE O CONCEITO E A FORMA
CULTISMO ou GONGORISMO:
• linguagem rebuscada, culta,
extravagante.
• Valorização do pormenor
mediante jogos de palavras
• Influência do poeta espanhol
Luis de Gôngora.
• Valorização do “como dizer”
CONCEPTISMO:
marcado pelo
- jogo de idéias, de conceitos,
seguindo um raciocínio
lógico.
- É usual a presença de
elementos da lógica forma
Nada impede que o mesmo texto tenha aspectos cultistas e
conceptistas.
Didaticamente se fala de que:
* o Cultismo é predominante na poesia e
* o Conceptismo é predominante na prosa
Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras
de linguagem como as metáforas, antítese, hipérboles,
hipérbatos, anáforas, paronomásias, etc...
"O todo sem a parte não é o todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo.
Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica todo.”
(Gregorio de Matos)
Conceptismo
• utiliza uma retórica aprimorada
(arte de bem falar, ou escrever, com o propósito de
convencer; oratória).
Um dos principais cultores do Conceptismo
o espanhol Quevedo,
Quevedismo.
• Valoriza-se "o que dizer".
Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um
raciocínio lógico
A – O SILOGISMO: Dedução formal tal que, postas duas proposições,
chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas logicamente
implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo: Todo homem
é mortal (premissa maior); ora, eu sou homem (premissa menor); logo, eu
sou mortal (conclusão).
"Mui grande é o vosso amor e o meu delito;
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.
Essa razão me obriga a confiar
Que, por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar."
Premissa maior: O amor infinito de Cristo salva o pecador.
Premissa menor: Eu sou um pecador.
Conclusão: Logo, eu espero salvar-me.
B – O SOFISMA: É o argumento que parte de premissas
verdadeiras e que chega a uma conclusão inadmissível, que
não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como
resultante de regras formais do raciocínio, não pode ser
refutado. É um raciocínio falso, elaborado com a função de
enganar.
• Ex.:
Muitas nações são capazes de governarem-se por si mesmas;
as nações capazes de governarem-se por si mesma não devem
submeter-se às leis de um governo despótico.
Logo,
nenhuma nação deve submeter-se às leis de um governo
despótico
Pe. ANTÔNIO VIEIRA
• Lisboa
• 7 anos chega a Bahia.
• 1623: entra na Companhia de Jesus.
• Quando Portugal se liberta de Espanha, volta para o
seu país e se torna confessor de D. João IV.
• Políticamente tinha em contra de si:
_ a pequena burguesia cristã
o capital judaico e os cristão-novos.
_ os pequenos comerciantes
um monopólio comercial
_os administradores colonos
os índios.
OBRAS
Profecias três obras Esperanças de Portugal
Clavis Prophetarum
História do futuro
Cartas umas 500
Sermões quase 200
- estilo barroco conceptista
Sermão da Sexagésima
Sermão pelo bom sucesso das armas....”
Sermão de Santo Antônio
Sermões e cartas revelam a maestria com que Vieira usava a língua para
cativar sua audiência através de:
- o uso de metáforas e analogias- passagens ilustrativas do Antigo e Novo Testamento-
de uma crítica ao estilo cultista dos padres dominicanos
Assim há de ser um sermão:
“-Há-de ter raízes fortes e sólidas, por que há-de ser
fundado no Evangelho;
- há-de ser um tronco, porque há-de ter um só assunto
e tratar uma só matéria;
- Deste tronco hão-de nascer diversos ramos, que são
novos discursos, mas nascidos da mesma matéria e
continuados nela; estes ramos nã hão-de ser secos,
sinão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de
ser vestidos e ornados de palavras”
- Sermão da Sexagéssima
O método utilizado por Vieira nos seus sermões:
1. Definir a matéria
2. Reparti-la.
3. Confirmá-la com a Escritura.
4. Confirmá-la com a razão.
5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às
objeções, aos “argumentos contrários”
6. Tirar uma conclusão, exortar.
Soneto
Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
Com sua língua a nobre o vil decepa:
O Velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por Tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra, o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
e mais não digo, porque a Musa topa.
Em apa, epa , ipa, opa, upa
........
E nos Frades há manqueiras? - Freiras
Em que ocupam os serões? - Sermões
Não se ocupam em disputas - Putas
Com palavras disolutas
Me concluís, na verdade,
Que as lidas todas de um Frade
São freiras, sermões, e putas
........
Atacóu viperinamente o baixo clero baiano após de ser destituído do cargo Tesoureiro-Mor da Sé por recusar-se
a receber “ordens sacras ” e usar batina.
Sermão da sexagésima:
“Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias
três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é
cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem
espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por
falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e
há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma
alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a
si mesmo?
Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz
e é necessário espelho. O pregador concorre com o
espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz,
que é a graça; o homem concorre com os olhos, que
é o conhecimento.”

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Barroco

  • 2. O Barroco -----predominou no século XVII – momento de crise espiritual na cultura ocidental. duas mentalidades, duas formas distintas de ver o mundo: de um lado de outro o paganismo e o a forte onda de sensualismo do religiosidade Renascimento, lembra (em declínio) teocentrismo medieval
  • 3. • vínculos com a cultura clássica Século XVI RENASCIMENTO o retorno à cultura clássica grecolatina a vitória do antropocentrismo BARROCO caminhos próprios necessidades de expressão daquele momento
  • 4. Outros nomes do Barroco • Marinismo: (Itália), Giambattista Marini. • Gongorismo: (Espanha) Luís de Gôngora y Argote Barroco e gongorismo = sinônimos. • Preciosismo: (França), em razão do requinte formal dos poemas • Eufuísmo: (Inglaterra) criado a partir do título do romance Euphues , or the anatomy of wit, de John Lyly.
  • 5. A SOCIEDADE EUROPEIA Século XVII O CLERO A NOBREZA TERCEIRO ESTADO •Artesãos •Camponeses •Burguesia Poder econộmico Pressão
  • 6. CONTRADIÇÕES DO BARROCO Contrarreforma Econômico Político Espiritual Livre Oprimido Enriquecer *Influência do paganismo renascentista •Prazeres materiais Restauração da fe Medieval. l Homem: Ser contraditório
  • 7. Características da linguagem Forma • Vocabulário selecionado • Gosto pelas inversões sintáticas. • Figuração excessiva; ênfase em certas figuras da linguagens:metáfora, antítese e hipérbole. • Sugestões sonoras e cromâticas. • Gosto por construções complexas e raras. Conteúdo • Conflito espiritual. • Bemmal. • Consciencia da efemeridade do tempo. • Carpe diem • Morbidez. • Gosto por raciocínios complexos e intrincados.
  • 8. Um “BARROCO” Brasil A cada canto um gram conselheiro, A Que nos quer governar na cabana, e vinha, B Não sabem governar sua cozinha, B E podem governar o mundo inteiro .A Em cada porta um frequentado olheiro, A Que a vida do vizinho, e da vizinha, B Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,B Para levar à Praça, e ao Terreiro. A Muitos mulatos desavergonhados, C Trazidos pelos pés os homens nobres, D Postas nas palmas toda a picardia. E Estupendas usuras nos mercados, C Todos, os que não furtam, muito pobres, D Eis aqui a cidade da Bahia.E
  • 9. Os escritores barrocos brasileiros que mais se destacaram são: • na poesia: Gregório de Matos, Bento Teixeira, Botelho de Oliveira Frei Itaparica; • na prosa: Pe. Antônio Vieira, Sebastião da Rocha Pita Nuno Marques Pereira.
  • 10. GREGÓRIO DE MATOS BAHIA (1633) 1° poeta brasileiro - estudou no Colégio Jesuíta. - em Coimbra se formou em Direito. - ficou ali uns anos exercendo a sua profissão, mas por suas sátiras retornou obrigado ao Brasil onde foi convidado a trabalhar com os Jesuítas no cargo de tesoureiro-mor da Companhia de Jesus. -Ainda por suas sátiras abandonou os Padres e foi degredado para Angola. - Retornou ao Brasil muito doente sob duas condições: 1.- não pisar terras baianas. 2.-não apresentar as suas sátiras.
  • 11. É conhecido pela sua:  Poesia lírica  Poesia religiosa ou sacra  Poesia satírica-valeu-lhe o apelido de “Boca de inferno”  Cultivou----------- cultismo /conceptismo 1. Poesia sacra 2. poesia lírica 3. poesia graciosa inédita até o S:XX 4. poesia satírica. 5. Últimas
  • 12. POESIA LÍRICA • A lírica amorosa de Matos celebra a tensão entre: A imagem a tentação da carne feminina angelical que atormenta o espírito - define-se pelo erotismo - revela uma sensualidade ora grosseira/ora de rara fineza - glorifica e admira à mulata (1° poeta) ““Minha rica mulatinha Desvelo e cuidado meu”
  • 13. Não vira em minha vida a formosura, Ouvia falar nela cada dia, E ouvida me incitava, e me movia A querer ver tão bela arquitetura: Ontem a vi por minha desventura Na cara, no bom ar, na galhardia De uma mulher, que em Anjo se mentia; De um Sol, que se trajava em criatura Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me, Se esta a cousa não é, que encarecer-me Sabia o mundo, e tanto exagerar-me: Olhos meus, disse então por defender-me, Se a beleza heis de ver para matar-me, Antes olhos cegueis, do que eu perder-me. (In: Antonio Candido e J. A. Castello, op. cit., p. 61). Observe este soneto: Sonetos a D. Ângela de Sousa Paredes
  • 14. a mulher figura de um “anjo” pureza angelical contida no próprio nome uma grandeza maior, o Sol um ser superior, dotado de grandezas absolutas e inacessíveis
  • 15. POESIA SACRA - Gregório diante de Deus pede perdão por seus erros. - Sobressai o senso do pecado, mostra a fragilidade humana e o temor diante da morte e a condenação eterna. - A faceta de pecador arrependido emerge na fase final da sua vida (em sua mocidade fez composições claramente desafiadoras do poder divino).
  • 16. A Jesus Cristo Nosso Señor Pequei, Senhor, mas nâo porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um sóp gemido: Que a mesma culpa ,que a vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado
  • 17. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória Gregório de Mattos Guerra
  • 18. A sátira Age :deformação caricatural daquilo que se pretende atacar ou desmoralizar. Contém: -uma intenção reformadora, - ligada ao sentimento de indignação - à vontade de moralizar os costumes. Elemento motivador : - distingue-se o senso do ridículo, (a percepção do lado cômico de personagens, situações e idéias.) • Gregório de Matos pretendia, manifestar explicitamente o funcionamento dos discursos do poder. • Utiliza :"malandragem", "plágio", " inveja", "imoralidade", "adultério", "racismo", “"furto", "repúdio", "libertinagem" "promiscuidade".
  • 19. POESIA SATÍRICA A sátira de Matos tem muito de crônica social. - foge dos padrões do Barroco - se volta para a realidade social baiana século XVII. - pode ser chamada de REALISTA ou BRASILEIRA. - critica os letrados, os políticos, à corrupção, o relaxamento dos costumes, a cidade de Bahia. -língua diversificada (indígena e africana) palavrões, gírias, expressões locais “Que os brasileiros são Bestas E estão sempre a trabalhar Toda a vida, por manter Maganos de Portugal” Maganos: engraçados.
  • 20. A CIDADE DA BAHIA A Cidade da Bahia! Ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado, Pobre te vê a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante. A ti trocou-te a máquina mercante, que em tua larga barra tem entrado, A mim foi-me trocando e tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante Deste em dar tanto açúcar excelente Pelas drogas inúteis, que abelhuda Simples aceitas do sagaz Brichote. Oh! se quisera Deus que de repente Um dia amanheceras tão sisuda que fora de algodão o teu capote!
  • 21. A BAHIA Tristes sucessos, casos lastimosos, Desgraças nunca vistas, nem faladas. São, ó Bahia, vésperas choradas De outros que estão por vir estranhos Sentimo-nos confusos e teimosos Pois não damos remédios as já passadas, Nem prevemos tampouco as esperadas Como que estamos delas desejosos Levou-me o dinheiro, a má fortuna, Ficamos sem tostão, real nem branca, macutas, correão, nevelão, molhos: Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna, E é que quem o dinheiro nos arranca, Nos arrancam as mãos, a língua, os olhos
  • 22. Eis outro exemplo: Se Pica-flor me chamais, Pica-flor aceito ser, mas resta agora saber, se no nome que me dais, meteis a flor, que guardais no passarinho melhor! Se me dais este favor, Sendo só de mim o Pica, e o mais vosso, claro fica, que fica então Pica-flor.
  • 23. Ocupou-se de atacar viperinamente o baixo clero baiano, após ter sido destituído do cargo eclesiástico de Tesoureiro-mor da Sé por recusar-se a receber “ordens sacras” e a usar batina. Voltou sua veia satírica contra vários religiosos, padres, frades, freiras, cujo comportamento sexual foi alvo de vários de seus poemas. ... E nos Frades há manqueiras? - Freiras. Em que ocupam os serões? -Sermões. Não se ocupam em disputas? - Putas. Com palavras dissolutas Me concluís, na verdade, Que as lidas todas de um Frade São freiras, sermões, e putas. (recolha) ...
  • 24. • A poesia gregoriana recorre ao jogo entre o sagrado e o profano num processo de “dessacralização” e popularização, o que se verifica pelo uso que faz, repetidas vezes, da rima Jesu/cu: • Passou o surucucu e como andava no cio, com um e outro assobio, pediu a Luisa o cu: Jesu nome de Jesu, disse a Mulata assustada,
  • 25. ENTRE O CONCEITO E A FORMA CULTISMO ou GONGORISMO: • linguagem rebuscada, culta, extravagante. • Valorização do pormenor mediante jogos de palavras • Influência do poeta espanhol Luis de Gôngora. • Valorização do “como dizer” CONCEPTISMO: marcado pelo - jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico. - É usual a presença de elementos da lógica forma Nada impede que o mesmo texto tenha aspectos cultistas e conceptistas. Didaticamente se fala de que: * o Cultismo é predominante na poesia e * o Conceptismo é predominante na prosa
  • 26. Cultismo ou Gongorismo é o abuso no emprego de figuras de linguagem como as metáforas, antítese, hipérboles, hipérbatos, anáforas, paronomásias, etc... "O todo sem a parte não é o todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo.” (Gregorio de Matos)
  • 27. Conceptismo • utiliza uma retórica aprimorada (arte de bem falar, ou escrever, com o propósito de convencer; oratória). Um dos principais cultores do Conceptismo o espanhol Quevedo, Quevedismo. • Valoriza-se "o que dizer".
  • 28. Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico A – O SILOGISMO: Dedução formal tal que, postas duas proposições, chamadas premissas, delas se tira uma terceira, nelas logicamente implicada, chamada conclusão. Assim, temos como exemplo: Todo homem é mortal (premissa maior); ora, eu sou homem (premissa menor); logo, eu sou mortal (conclusão). "Mui grande é o vosso amor e o meu delito; Porém pode ter fim todo o pecar, E não o vosso amor, que é infinito. Essa razão me obriga a confiar Que, por mais que pequei, neste conflito Espero em vosso amor de me salvar." Premissa maior: O amor infinito de Cristo salva o pecador. Premissa menor: Eu sou um pecador. Conclusão: Logo, eu espero salvar-me.
  • 29. B – O SOFISMA: É o argumento que parte de premissas verdadeiras e que chega a uma conclusão inadmissível, que não pode enganar ninguém, mas que se apresenta como resultante de regras formais do raciocínio, não pode ser refutado. É um raciocínio falso, elaborado com a função de enganar. • Ex.: Muitas nações são capazes de governarem-se por si mesmas; as nações capazes de governarem-se por si mesma não devem submeter-se às leis de um governo despótico. Logo, nenhuma nação deve submeter-se às leis de um governo despótico
  • 30. Pe. ANTÔNIO VIEIRA • Lisboa • 7 anos chega a Bahia. • 1623: entra na Companhia de Jesus. • Quando Portugal se liberta de Espanha, volta para o seu país e se torna confessor de D. João IV. • Políticamente tinha em contra de si: _ a pequena burguesia cristã o capital judaico e os cristão-novos. _ os pequenos comerciantes um monopólio comercial _os administradores colonos os índios.
  • 31. OBRAS Profecias três obras Esperanças de Portugal Clavis Prophetarum História do futuro Cartas umas 500 Sermões quase 200 - estilo barroco conceptista Sermão da Sexagésima Sermão pelo bom sucesso das armas....” Sermão de Santo Antônio Sermões e cartas revelam a maestria com que Vieira usava a língua para cativar sua audiência através de: - o uso de metáforas e analogias- passagens ilustrativas do Antigo e Novo Testamento- de uma crítica ao estilo cultista dos padres dominicanos
  • 32. Assim há de ser um sermão: “-Há-de ter raízes fortes e sólidas, por que há-de ser fundado no Evangelho; - há-de ser um tronco, porque há-de ter um só assunto e tratar uma só matéria; - Deste tronco hão-de nascer diversos ramos, que são novos discursos, mas nascidos da mesma matéria e continuados nela; estes ramos nã hão-de ser secos, sinão cobertos de folhas, porque os discursos hão-de ser vestidos e ornados de palavras” - Sermão da Sexagéssima
  • 33. O método utilizado por Vieira nos seus sermões: 1. Definir a matéria 2. Reparti-la. 3. Confirmá-la com a Escritura. 4. Confirmá-la com a razão. 5. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às objeções, aos “argumentos contrários” 6. Tirar uma conclusão, exortar.
  • 34. Soneto Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua a nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mais isento se mostra, o que mais chupa.
  • 35. Para a tropa do trapo vazo a tripa e mais não digo, porque a Musa topa. Em apa, epa , ipa, opa, upa ........ E nos Frades há manqueiras? - Freiras Em que ocupam os serões? - Sermões Não se ocupam em disputas - Putas Com palavras disolutas Me concluís, na verdade, Que as lidas todas de um Frade São freiras, sermões, e putas ........ Atacóu viperinamente o baixo clero baiano após de ser destituído do cargo Tesoureiro-Mor da Sé por recusar-se a receber “ordens sacras ” e usar batina.
  • 36. Sermão da sexagésima: “Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, e necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.”