O documento descreve o Santuário de Santa Luzia localizado em Viana do Castelo, Portugal. Inclui a história do santuário, desde sua construção em 1904 até os dias atuais, com detalhes sobre suas características arquitetônicas e obras de arte. Também discute a importância do Elevador de Santa Luzia e a devoção à Santa Luzia na região.
Património Cultural e Paisagístico de Viana do Castelo: O Santuário de Santa Luzia
1. Cadeira de
PATRIMÓNIO CULTURAL E PAISAGÍSTICO PORTUGUÊS
Coleção de Manuais da Universidade
Sénior Contemporânea
Professor Doutor
Artur Filipe dos Santos
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2. Património Cultural e Paisagístico Português
• Concelho de Viana do Castelo
Professor Doutor Artur Filipe dos Santos
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3. O Santuário de Santa Luzia
Erica, também referido
como Santuário do Monte
de Santa Luzia, Basílica de
Santa Luzia, Templo de
Santa Luzia e Templo do
Sagrado Coração de Jesus,
localiza-se no alto do monte
de Santa Luzia, na freguesia
de Santa Maria Maior, na
cidade, concelho e distrito
de Viana do Castelo.
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4. • Um dos "ex libris"" da
cidade, do seu sítio
descortina-se uma vista
ímpar da região, que
concilia o mar, o rio Lima
com o seu vale, e todo o
complexo montanhoso
envolvente, panorama
considerado um dos
melhores do mundo
segundo a National
Geographic.
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5. Lúcia de Siracusa
Santa Lúcia de Siracusa (± 283 - † 304),
mais conhecida simplesmente por
Santa Luzia (santa de luz), segundo a
tradição da Igreja Católica, foi uma
jovem siciliana, nascida numa família
rica de Siracusa, venerada pelos
católicos como virgem e mártir cristã,
que, segundo conta-se, morreu por
volta de 304 durante as perseguições
de Diocleciano.
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6. Na antiguidade cristã,
juntamente com Santa
Cecília, Santa Águeda e
Santa Inês, a veneração a
Santa Lúcia foi das mais
populares e, como as
primeiras, tinha ofício
próprio. Chegou a ter
vinte templos em Roma
dedicados ao seu culto.
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7. O episódio da cegueira, ao qual a
iconografia a representa, deve
estar ligado ao seu nome Luzia
(Lúcia) derivado de lux (= luz),
elemento indissolúvel unido não
só ao sentido da vista, mas
também à faculdade espiritual de
captar a realidade sobrenatural.
Por este motivo Dante Alighieri,
na Divina Comédia, atribui-lhe a
função de graça iluminadora
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8. É assim a padroeira dos
oftalmologistas e daqueles que
têm problemas de visão.
Sua própria festa é celebrada
simbolicamente em 13 de
dezembro, possivelmente doze
dias antes do Natal para
indicar ao cristão a
necessidade de preparação
espiritual e sua iluminação
correspondente para essa
importante data que se
avizinha
8
9. 9
No alto do Monte de Santa
Luzia, ergue-se o Templo-
Monumento de Santa Luzia
dedicado ao Sagrado
Coração de Jesus. Visível a
quilómetros de distância, o
Templo-Monumento coroa a
cidade de Viana do Castelo
ou, como os vianenses
carinhosamente a apelidam,
a Princesa do Lima.
10. Deste local bendito abarca-se um
panorama arrebatador, que reúne
no olhar do visitante o rio Lima,
com o seu bucólico e verdejante
vale, e um mar infindo por onde as
caravelas vianenses saíram à
descoberta de novos mundos. Dali
se contempla o negrume das
serras, o salpicado das casas e o
bucolismo dos campos. O sublime
da Natureza alia-se ao engenho
humano, fazendo desta estância
um dos destinos mais fascinantes
do nosso país.
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11. História
A Basílica no alto do
monte de Santa Luzia foi
principiada em 1904, por
iniciativa do padre
António Martins Carneiro,
com projeto do arquiteto
Miguel Ventura Terra.
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12. A última etapa da sua
construção, sob a direção do
arquiteto Miguel Nogueira
Júnior a partir de 1925, é
considerada como inspirada
na Basílica de Sacré Cœur,
em Paris. Os trabalhos de
cantaria em granito são de
responsabilidade do mestre
canteiro, Emídio Pereira
Lima.
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13. Aberto ao culto em 1926,
os trabalhos exteriores
estenderam-se até 1943 e
os trabalhos interiores até
1959, num total de mais
de meio século de obras
que foram realizadas.
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14. • Desde 1923 o santuário
é servido pelo Elevador
de Santa Luzia.
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15. Elevador de Santa Luzia
• Constitui-se em um
funicular, que liga a
Estação Ferroviária de
Viana do Castelo ao
santuário de Santa
Luzia, no alto do monte
do mesmo nome.
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16. • Construído por
iniciativa do empresário
e engenheiro portuense
Bernardo Pinto
Abrunhosa, foi
inaugurado a 2 de julho
de 1923 (90 anos).
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17. • Em 2001 foi desativado
e entrou em processo
de degradação até que,
em junho de 2005 lhe
foram iniciados
trabalhos de restauro, a
cargo das empresas
Efacec/Liftech.
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18. • Uma parte dos
componentes foi
concebida em Espanha,
nomeadamente as
carruagens, na empresa
Ingeniería y Servicios de
Montaña (ISM), de
Saragoça. Foi reaberto
ao público em 5 de abril
de 2007.
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19. • A sua exploração é feita
pela Câmara Municipal
de Viana do Castelo,
sob a responsabilidade
técnica da empresa
Liftech.
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20. • Características
• Distância: 650 metros (o maior do país) Desnível: 160 metros (o maior do
país)
• Inclinação média: 25%
• Velocidade nominal: 2 m/s
• Tipo de Via: única, com cruzamento
• Fonte de energia: Eléctrica
• Energia de socorro: Motor diesel para o movimento e baterias para os
sistemas eléctricos
• Sistemas de travagem no grupo motriz: 3 - normal (eléctrico), de serviço e
de emergência(hidráulicos)
• Sistemas de travagem nos veículos: 2 freios de via (ao carril) hidraúlicos
• Funcionamento: As carruagens trabalham, em contrapeso, ou seja, a que
desce ajuda a puxar a que sobe, cruzando-se ambas exactamente a meio do
percurso. O motor eléctrico ajuda a vencer a diferença de carga nas cabinas
e o desnível do percurso.
• Número de passageiros por cabina: 20 com possibilidade de transporte
de bicicletas
• Tempo de Viagem: 7 minutos
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21. • O santuário compreende ainda o
"Núcleo Museológico do Templo-
Monumento de Santa Luzia",
constituído por uma sala na parte
inferior da basílica. O acervo é
constituído por talha, imagens,
azulejos, e outros.
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22. • Em março de 2014 foi
anunciado que o santuário
vai ser requalificado, com a
construção de um novo
anfiteatro, parque de
merendas e um edifício
polivalente de três andares.
A Confraria vai investir cerca
de um milhão de euros na
requalificação do santuário
até 2015.
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23. • O Templo-Monumento
glorifica o nome de Santa
Luzia, advogada da vista a
quem o Capitão de
Cavalaria Luís de Andrade
e Sousa recorre, na
extinta capela de Santa
Luzia, acometido de uma
grave oftalmia. Já
convalescido, institui a
Confraria de Santa Luzia,
como forma de gratificar
a graça recebida.
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24. Contudo, é o Sagrado Coração de Jesus
o padroeiro do monumento, cuja
devoção dos vianenses já vinha desde
1743. Mas foi durante a pandemia da
Pneumónica, corria o ano de 1918, que
a cidade, chorosa pelos seus entes
queridos que haviam perecido, e
aterrorizada com a violência de tal
flagelo, se consagrou ao Sagrado
Coração de Jesus, prometendo subir
anualmente em peregrinação ao Monte
de Santa Luzia se a pneumónica não
ceifasse mais nenhuma vida.
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25. • Cessada a mortandade,
os vianenses fizeram jus
ao prometido e
rumaram monte acima
onde, desde 1904, se
construía o templo. Tal
promessa ainda hoje se
cumpre, no domingo
mais próximo da festa
litúrgica do Sagrado
Coração de Jesus.
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26. • Imbuídas neste espírito, já
se realizavam
peregrinações, embora sem
calendário, desde o século
anterior. Foi precisamente
durante uma dessas
piedosas romagens, por
ocasião das Festas d’Agonia
de 1894, que o Padre Dias
Silvares lançou a ideia de
erigir no alto do monte uma
estátua ao Sagrado Coração
de Jesus, que abençoasse a
cidade de Viana do Castelo,
o Minho e toda a Nação.
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27. • Tal proposta foi logo
entusiasticamente
acolhida, e na mesma
altura indicado e
admitido o nome do
escultor minhoto Aleixo
Queiroz Ribeiro para
executar a dita obra.
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28. • Daí ao Templo-Monumento foi só um passo. Depois de
executada a monumental e artística coluna que haveria
de servir de suporte à estátua, verificou-se que a mesma
não conseguiria suportar a sua posição fortemente
inclinada para frente. Então, a estátua foi colocada num
pedestal em frente à dita capelinha de Santa Luzia, que
só seria demolida em 1926. 28
29. • Aproveitando a majestosa
coluna, Miguel Ventura
Terra, um dos maiores
arquitectos do seu tempo,
idealizou uma coluna igual
para as implantar diante do
templo a construir e servir
de suporte a dois anjos.
Entre essas duas colunas,
Ventura Terra riscou o
projecto de um magnífico
templo, cuja beleza e
magnificência é apenas
igualável pela paisagem
onde este se insere.
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30. • As obras de construção
iniciaram-se em 1904,
tendo-se desenvolvido
animadamente até à
proclamação da
República, data a partir
da qual esmoreceram
como consequência do
conturbado contexto
político e social, e ainda
mais abrandaram durante
a I Guerra Mundial.
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31. • Entretanto, o arquitecto
Miguel Nogueira, que tinha
sido aprendiz de Ventura
Terra, assume a direcção
das obras no ano de 1925,
ficando encarregue de
concluir o projecto do seu
Mestre, devido ao
falecimento deste. No ano
seguinte deu-se por
concluída a capela-mor do
templo, tendo sido aberta
ao culto pelo Arcebispo e
Senhor de Braga e Primaz
das Espanhas.
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32. • As obras do exterior do
templo concluíram-se
no final do ano de 1943,
e as do interior em
1959. O resultado é
uma imponente mole
granítica cinzelada e
executada pelos
mestres canteiros da
região dirigidos por
Emídio Pereira Lima.
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33. • Características
• Arquitectonicamente, o
edifício apresenta uma planta
centrada em cruz grega, de
raiz bizantina. À mesma matriz
vai buscar a enorme cúpula
que coroa o edifício, bem
como as pequenas cúpulas
que encabeçam as quatro
torres, estas já inspiradas no
estilo românico, assim como a
decoração que serpenteia pela
fachada do edifício.
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34. • De gosto gótico são as enormes
rosáceas, as maiores da Península
Ibérica, emoldurando os belos
vitrais que inundam com luz e cor
o interior da igreja. Aqui dentro,
dois anjos, da autoria de Leopoldo
de Almeida, oferecem os escudos
de Portugal e de Viana do Castelo
ao Sagrado Coração de Jesus, uma
réplica da estátua bronze da
entrada, esculpida em mármore de
Vila Viçosa por Martinho de Brito.
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35. • A atenção popular e a
devoção dos vianenses é
dirigida à imagem do Sagrado
Coração de Jesus que veio do
convento dos Crúzios (cuja
pedra foi aplicada na
construção da estação dos
Caminhos de Ferro do Minho),
e para imagem de Santa Luzia
que, juntamente com a da
Senhora da Abadia, vieram da
capela que antecedeu o
templo.
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37. • O altar-mor em granito e
mármore, e os altares
laterais, dedicados a
Santa Luzia e à Senhora
da Abadia, foram
esculpidos pela mão de
Emídio Lima, assim como
os púlpitos de linhas
ondulantes, cujo desenho
é de Miguel Nogueira. As
três rosáceas foram
executadas pela oficina
lisboeta Ricardo Leone.
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38. • Os frescos que rodeiam a
ábside da capela-mor e a
cúpula da mesma,
representam
respectivamente, parte das
estações da Via-Sacra e a
Ascensão de Jesus, da
autoria de Manuel Pereira
da Silva, natural de Avintes,
Vila Nova de Gaia. E,
finalmente, o sacrário de
prata foi cinzelado pelo
mestre ourives portuense
Filinto Elísio de Almeida.
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