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SIII 49
Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53
TTTTTerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivo-----comportamental doscomportamental doscomportamental doscomportamental doscomportamental dos
transtornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentares
CognitiveCognitiveCognitiveCognitiveCognitive-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of
eating disorderseating disorderseating disorderseating disorderseating disorders
Mônica Duchesnea
e Paola Espósito de Moraes Almeidab
a
Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA). Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil. b
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil
A terapia cognitivo-comportamental é uma intervenção breve, semi-estruturada e orientada para metas, que tem
sido amplamente utilizada nos centros de pesquisa e tratamento de transtornos alimentares. O presente artigo
tem por objetivo descrever as principais estratégias cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento
ambulatorial dos transtornos alimentares. Vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia da terapia cognitivo-
comportamental, indicando que ela favorece a remissão ou diminuição da freqüência de episódios de compulsão
alimentar, dos comportamentos purgativos e da restrição alimentar. Tem sido relatada também melhora do humor,
do funcionamento social, e diminuição da preocupação com peso e formato corporal.
Terapia cognitiva. Terapia cognitivo-comportamental. Terapia comportamental. Transtornos alimentares.
The cognitive-behavioural therapy is a brief, semi-structured and goal oriented intervention, which has been
largely used in research and treatment centers specialized on eating disorders. The present article describes
the main cognitive and behavioral strategies used in the outpatient treatment of eating disorders. Several
clinical studies assessed the effectiveness of cognitive-behavioural therapy, indicating the remission or the
reduction of the frequency of binge eating episodes, purgative behaviours and food restriction. Social and
mood improvement, as well as reduction of weight and body shape concerns, have also been reported.
Cognitive therapy. Cognitive-behavioural therapy. Behavior therapy. Eating disorders.
Introdução
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma interven-
ção semi-estruturada, objetiva e orientada para metas, que abor-
da fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no trata-
mento dos transtornos psiquiátricos.
Os transtornos alimentares (TA) são multideterminados e re-
sultam da interação entre fatores biológicos, culturais e experi-
ências pessoais. A TCC ocupa-se da identificação e correção
das condições que favorecem o desenvolvimento e manuten-
ção das alterações cognitivas e comportamentais que caracteri-
zam os casos clínicos. Extensamente utilizadas no tratamento
dos TA, técnicas cognitivas e comportamentais têm sido avali-
adas e reconhecidas como estratégias eficazes na melhora dos
quadros clínicos. O presente artigo descreve as principais téc-
nicas cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento
dos TA, além de revisar as evidências disponíveis acerca de
sua eficácia.
Resumo
Descritores
Abstract
Keywords
Anorexianervosa
As estratégias sugeridas para o tratamento da AN objetivam
a diminuição da restrição alimentar e da freqüência de atividade
física, facilitando o aumento do peso; a diminuição do distúrbio
da imagem corporal; a modificação do sistema disfuncional de
crenças associadas à aparência, peso e alimentação e o aumen-
to da auto-estima.
Diminuição da restrição alimentar
A história de privação alimentar de um indivíduo pode ser
significativa para o desenvolvimento de alterações persisten-
tes do padrão alimentar, determinando também alterações de
humor e cognição.1,3
A normalização da alimentação inicia-se
pela discussão dos fatores que favorecem a manutenção da
restrição dietética e por orientações acerca de alimentação e
regulação de peso. O tratamento concentra-se no estabeleci-
mento de horários regulares para alimentação e na exposição
SIII 50
Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53Terapia cognitivo-comportamental
Duchesne M & Almeida PEM
gradual aos alimentos e situações freqüentemente evitadas.3,4
Diminuição da freqüência de atividade física
A suspensão da rotina de exercícios físicos extenuantes é
gradualmente incentivada, em função do papel que exerce na
manutenção dos comportamentos disfuncionais associados à
AN. Assim, a paciente é orientada a envolver-se em situações
que possam competir com a prática de exercícios, principalmen-
te as atividades que permitem o desenvolvimento de relações
interpessoais.3,4
Abordagem do distúrbio da imagem corporal
A TCC considera a abordagem do distúrbio de imagem corpo-
ral central para o tratamento da AN. O conceito de “imagem cor-
poral” envolve três componentes: 1) a precisão da percepção do
tamanho corporal; 2) o grau de ansiedade associada a aparência
e 3) o comportamento de evitação de exposição corporal.5
Para diminuir a distorção da percepção corporal pode-se so-
licitar à paciente que desenhe como percebe seu corpo, olhan-
do-se em um espelho. Em seguida, o terapeuta desenha a silhu-
eta real, para que a paciente possa observar a discrepância
entre os desenhos. Essa medida pode reduzir a ansiedade asso-
ciada à aparência e facilitar a exposição corporal, que é organi-
zada de forma gradual, incentivando a paciente a usar roupas
justas e curtas. Para maior redução da ansiedade, a paciente
deve também modificar seu ideal de imagem corporal, apren-
dendo a lidar melhor com eventuais “imperfeições”.5,7
Modificação do sistema de crenças
A TCC pressupõe que o sistema de crenças de um indivíduo
exerce importante papel no desenvolvimento de seus sentimen-
tos e comportamentos. Desta forma, as pacientes com TA apre-
sentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca de peso, for-
mato corporal, alimentação e valor pessoal, que são significati-
vas para a manutenção dos TA. Uma das crenças distorcidas
centrais para os TA é a que equaciona valor pessoal ao peso e
formato corporal, ignorando ou não valorizando outros parâ-
metros. Para pacientes com TA a magreza estaria associada à
competência, superioridade e sucesso, tornando-se assim in-
trinsecamente associada à auto-estima.4,8-10
O sistema distorcido de crenças pode perpetuar-se em decor-
rência de várias tendências disfuncionais de raciocínio. Uma das
tendências freqüentemente encontradas é a de atentar seletiva-
mente para as informações que confirmam suas crenças, igno-
rando ou distorcendo os dados que poderiam questioná-las.4,10
Para modificar o sistema de crenças a TCC utiliza diversas
técnicas. Uma delas consiste em ensinar a paciente a identificar
pensamentos que possam conter alguma distorção. Em segui-
da ela é incentivada a analisar todas as evidências disponíveis
que possam confirmar ou refutar o pensamento distorcido, tor-
nando-o mais funcional. Uma grande variedade de estratégias,
como as descritas para o tratamento da imagem corporal, pode
ser utilizada para facilitar a modificação das crenças. Por exem-
plo, o desenho da imagem corporal e a exposição gradual do
corpo permitem que a paciente modifique suas crenças de que
está gorda e de que será rejeitada em função disto.11,12
O processo de análise das crenças é realizado de forma
colaborativa, sendo o terapeuta inicialmente mais ativo, aju-
dando a paciente a treinar as habilidades necessárias e, pro-
gressivamente, incentivando a paciente a comportar-se como
se fosse o próprio terapeuta.12
Abordagem da auto-estima
A abordagem da auto-estima envolve a redução das altas
expectativas de desempenho das pacientes com AN, desenvol-
vendo padrões realistas de auto-avaliação e incentivando-as a
focalizar-se em seus sucessos e qualidades. É importante tam-
bém desenvolver uma avaliação multifacetada de valor pesso-
al, fazendo sua auto-estima apoiar-se em outros atributos além
da aparência.4,9
Pacientes com AN apresentam freqüentemente déficits de
habilidades sociais, tais como: dificuldades para expressar pen-
samentos e sentimentos; iniciar, manter e encerrar conversa-
ção; fazer e recusar pedidos; responder a críticas; fazer e rece-
ber elogios e defender seus direitos. O desenvolvimento des-
sas habilidades favorece a modificação do comportamento da
paciente nas relações interpessoais, o desenvolvimento de cren-
ças de auto-eficácia e o aumento da auto-estima.4,9,13
Avaliação de eficácia
Em pacientes com AN, os programas de TCC têm resultado
na diminuição da restrição alimentar com melhora das escolhas
nutricionais e aumento de peso.14,16
Também tem sido relatada
redução de pensamentos disfuncionais acerca de peso e ali-
mentação, melhora do funcionamento sexual e do humor.15,16
A
manutenção dos resultados parece ser menor do que na BN.15,16
Para aumentar a probabilidade de manutenção dos resultados
devem ser utilizadas técnicas para prevenção da recaída, que
consistem em paciente e terapeuta identificarem possíveis difi-
culdades futuras e planejarem estratégias adequadas para lidar
com elas.
Bulimia nervosa
As técnicas utilizadas no tratamento da bulimia nervosa (BN)
objetivam a normalização do padrão alimentar e o desenvolvi-
mento de estratégias para controle de episódios de compulsão
alimentar (ECA) e dos comportamentos compensatórios. A
TCC aborda também a auto-estima, a modificação da relação
com a imagem corporal e a modificação do sistema de crenças
disfuncionais.
Controle dos episódios de compulsão alimentar e da indução
de vômito
Os ECA são favorecidos pela restrição alimentar e pelos de-
mais mecanismos compensatórios usados para controlar o peso.
Assim, a abordagem dos ECA inicia-se pela disposição de in-
formações acerca da relação entre métodos compensatórios e a
ocorrência dos episódios, das complicações clínicas e psicoló-
gicas associadas aos comportamentos purgativos e de sua
pouca eficiência na redução do peso corporal.17, 18
A TCC ensina técnicas de autocontrole ao paciente para
redução de ansiedade, tristeza e outros sentimentos conside-
SIII 51
Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53 Terapia cognitivo-comportamental
Duchesne M & Almeida PEM
rados facilitadores de ECA e de indução de vômito. As estra-
tégias podem ser utilizadas alternativamente para inibir estes
comportamentos.12,18
O tratamento comportamental de exposição e prevenção de
resposta é eventualmente utilizado e consiste em incentivar a
paciente a expor-se gradualmente a diversas condições que
favorecem a ocorrência de ECA e a indução de vômito. Por
exemplo, a paciente deve ingerir alimentos que usualmente de-
sencadeiam ECA ou indução de vômito e é incentivada a utili-
zar técnicas de autocontrole, previamente treinadas para evitar
tais comportamentos, inicialmente com a ajuda do terapeuta.12,18,19
Eliminação do uso de laxantes e diuréticos
A eliminação do uso de laxantes e diuréticos é realizada de
forma gradual, uma vez que a alimentação tenha se tornado
mais regular. É importante evidenciar para a paciente que o au-
mento de peso, que eventualmente ocorre nesta fase, deve-se à
retenção hídrica e não ao aumento de gordura corporal.18
Modificação do sistema de crenças
Para a TCC, entre os fatores que contribuem para a ocorrên-
cia de ECA está o pensamento “tudo ou nada”, que consiste
em pensar em termos absolutos e extremos. Assim, pacientes
com BN adotam regras dietéticas inflexíveis e pequenos lapsos
na dieta favorecem o abandono total do controle sobre a ali-
mentação. Em geral, em vez de reavaliar a adequação da rigidez
das regras dietéticas utilizadas, avaliam os lapsos como resul-
tantes de suas deficiências pessoais, reforçando sua baixa auto-
estima. Na BN, a modificação das crenças centrais, e dos pen-
samentos associados à alimentação, aparência e valor pessoal
é realizada nos mesmos moldes que na AN.4,9,11,12
Avaliação de eficácia
No tratamento da BN, a TCC tem sido apontada como uma
psicoterapia eficaz na remissão ou diminuição da freqüência de
ECA,20,22
dos comportamentos purgativos,20,24
da restrição ali-
mentar19,21,23,25
e da preocupação com peso e formato corpo-
ral.19,21,23
A terapia tem auxiliado também na redução dos sinto-
mas depressivos associados, na melhora da auto-estima e do
funcionamento social.21,23,26
A utilidade desta forma de inter-
venção tem sido enfatizada por superar os resultados alcança-
dos com o uso de medicação isolada20,21,24,27
e pelo fato da asso-
ciação de TCC à medicação aumentar a eficácia do tratamento
farmacológico.20,24,28,29
Foi observada também uma boa manu-
tenção dos resultados.19,30,31
Transtornodacompulsãoalimentarperiódica
O programa de TCC para o Transtorno da Compulsão Ali-
mentar Periódica (TCAP) foi desenvolvido a partir do modelo
utilizado para a BN, tendo sido necessárias algumas adapta-
ções às diferenças entre estas duas síndromes. Os objetivos
terapêuticos no TCAP incluem o desenvolvimento de estraté-
gias para controle de ECA, a modificação de hábitos alimenta-
res, o desenvolvimento de estratégias para adesão a exercício
físico e a redução gradual do peso, quando há obesidade asso-
ciada. A TCC sugere, também para estes casos, a abordagem da
auto-estima, a redução da ansiedade associada à aparência e a
modificação do sistema de crenças disfuncionais, realizada nos
moldes já descritos para AN e BN.32,34
Modificação de hábitos alimentares
Uma vez que uma dieta muito restritiva está contra-indicada,
a redução de peso no TCAP é obtida através de modificações
graduais de hábitos alimentares. São fornecidas informações
sobre nutrição para ajudar a paciente a fazer escolhas adequa-
das de alimentos, com flexibilidade para evitar o pensamento
“tudo ou nada”. São também implementadas estratégias para
controle de estímulos, que consistem na diminuição da exposi-
ção da paciente às condições que facilitam alimentação inade-
quada como, por exemplo, diminuir a exposição a alimentos que
devem ser ingeridos em baixa freqüência.33-35
Aumento da atividade física
Estratégias para adesão à atividade física incluem o estabele-
cimento de modalidades de exercício que sejam reforçadoras. O
programa de atividade física deve ser flexível, podendo-se in-
cluir uma combinação de exercícios diferentes e, para alguns
pacientes, a associação de outras pessoas no programa. É im-
portante também avaliar situações que poderiam dificultar a
execução do exercício e planejar antecipadamente possíveis
soluções.35,36
Abordagem da auto-estima
No TCAP há grande atenção aos estereótipos sociais associ-
ados à obesidade e excessiva atenção ao formato corporal, acom-
panhada de sentimentos de vergonha e inferioridade. Alguns
pacientes foram ridicularizados em decorrência da obesidade e
a abordagem da auto-estima deve abranger este aspecto, além
dos já descritos para os demais TA. Além disso, a paciente
deve manter expectativas realistas com relação à meta de peso,
modificando as crenças relacionadas a peso e formato corporal
e alcançando um equilíbrio entre auto-aceitação e mudança.33,37
Avaliação de eficácia
A eficácia da TCC no TCAP foi menos estudada do que na
BN. Encontramos relatos de redução da freqüência dos ECA,
sem que venha acompanhada de uma redução significativa do
peso corporal.33
A necessidade de associação de estratégias
que sejam dirigidas diretamente a redução do peso corporal já
foi ressaltada e sua utilização em geral obtém bons resultados a
curto-prazo, com dificuldades para manutenção a longo pra-
zo.38
A adição de medicamentos pode reduzir a freqüência dos
ECA e a perda de peso no curto prazo.39
Assim, a combinação
entre TCC e medicamentos parece representar um campo pro-
missor de pesquisa.
Conclusão
Alguns autores sistematizaram as estratégias utilizadas pela
TCC no tratamento dos TA, desenvolvendo manuais padroni-
zados que facilitam as pesquisas de eficácia. Os estudos com-
parando TCC a outros tipos de terapia evidenciam maior eficá-
cia da TCC em relação à terapia de apoio21,40
e resultados simila-
SIII 52
Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53Terapia cognitivo-comportamental
Duchesne M & Almeida PEM
res aos obtidos por terapia interpessoal.31,41
A TCC considera a
relação terapêutica fundamental para a obtenção da melhora
dos TA. O terapeuta mantém uma atitude empática em relação
às dificuldades e necessidades da paciente e apresenta a tera-
pia como um trabalho em equipe, no qual ambos terão uma
participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na
seleção das estratégias utilizadas no tratamento.
O tratamento dos TA é realizado em equipe multidisciplinar,
sendo necessária a associação de psicólogos a outros profissi-
onais, tais como: nutricionistas, médicos clínicos e psiquiatras.
O envolvimento da família no tratamento pode ajudar a criar
uma estrutura de colaboração, facilitando mudanças.
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Correspondência: Mônica Duchesne
Rua Marques de São Vicente, 124, sala 239 Gávea - 22451-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Tel:(0xx21)2540-0367/2239-8579-E-mail:mduchesne@rionet.com.br

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Terapia Cognitivo para Transtornos Alimentares

  • 1. SIII 49 Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53 TTTTTerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivoerapia cognitivo-----comportamental doscomportamental doscomportamental doscomportamental doscomportamental dos transtornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentarestranstornos alimentares CognitiveCognitiveCognitiveCognitiveCognitive-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of-behavioural therapy of eating disorderseating disorderseating disorderseating disorderseating disorders Mônica Duchesnea e Paola Espósito de Moraes Almeidab a Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA). Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. b Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil A terapia cognitivo-comportamental é uma intervenção breve, semi-estruturada e orientada para metas, que tem sido amplamente utilizada nos centros de pesquisa e tratamento de transtornos alimentares. O presente artigo tem por objetivo descrever as principais estratégias cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento ambulatorial dos transtornos alimentares. Vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia da terapia cognitivo- comportamental, indicando que ela favorece a remissão ou diminuição da freqüência de episódios de compulsão alimentar, dos comportamentos purgativos e da restrição alimentar. Tem sido relatada também melhora do humor, do funcionamento social, e diminuição da preocupação com peso e formato corporal. Terapia cognitiva. Terapia cognitivo-comportamental. Terapia comportamental. Transtornos alimentares. The cognitive-behavioural therapy is a brief, semi-structured and goal oriented intervention, which has been largely used in research and treatment centers specialized on eating disorders. The present article describes the main cognitive and behavioral strategies used in the outpatient treatment of eating disorders. Several clinical studies assessed the effectiveness of cognitive-behavioural therapy, indicating the remission or the reduction of the frequency of binge eating episodes, purgative behaviours and food restriction. Social and mood improvement, as well as reduction of weight and body shape concerns, have also been reported. Cognitive therapy. Cognitive-behavioural therapy. Behavior therapy. Eating disorders. Introdução A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma interven- ção semi-estruturada, objetiva e orientada para metas, que abor- da fatores cognitivos, emocionais e comportamentais no trata- mento dos transtornos psiquiátricos. Os transtornos alimentares (TA) são multideterminados e re- sultam da interação entre fatores biológicos, culturais e experi- ências pessoais. A TCC ocupa-se da identificação e correção das condições que favorecem o desenvolvimento e manuten- ção das alterações cognitivas e comportamentais que caracteri- zam os casos clínicos. Extensamente utilizadas no tratamento dos TA, técnicas cognitivas e comportamentais têm sido avali- adas e reconhecidas como estratégias eficazes na melhora dos quadros clínicos. O presente artigo descreve as principais téc- nicas cognitivas e comportamentais utilizadas no tratamento dos TA, além de revisar as evidências disponíveis acerca de sua eficácia. Resumo Descritores Abstract Keywords Anorexianervosa As estratégias sugeridas para o tratamento da AN objetivam a diminuição da restrição alimentar e da freqüência de atividade física, facilitando o aumento do peso; a diminuição do distúrbio da imagem corporal; a modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e alimentação e o aumen- to da auto-estima. Diminuição da restrição alimentar A história de privação alimentar de um indivíduo pode ser significativa para o desenvolvimento de alterações persisten- tes do padrão alimentar, determinando também alterações de humor e cognição.1,3 A normalização da alimentação inicia-se pela discussão dos fatores que favorecem a manutenção da restrição dietética e por orientações acerca de alimentação e regulação de peso. O tratamento concentra-se no estabeleci- mento de horários regulares para alimentação e na exposição
  • 2. SIII 50 Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53Terapia cognitivo-comportamental Duchesne M & Almeida PEM gradual aos alimentos e situações freqüentemente evitadas.3,4 Diminuição da freqüência de atividade física A suspensão da rotina de exercícios físicos extenuantes é gradualmente incentivada, em função do papel que exerce na manutenção dos comportamentos disfuncionais associados à AN. Assim, a paciente é orientada a envolver-se em situações que possam competir com a prática de exercícios, principalmen- te as atividades que permitem o desenvolvimento de relações interpessoais.3,4 Abordagem do distúrbio da imagem corporal A TCC considera a abordagem do distúrbio de imagem corpo- ral central para o tratamento da AN. O conceito de “imagem cor- poral” envolve três componentes: 1) a precisão da percepção do tamanho corporal; 2) o grau de ansiedade associada a aparência e 3) o comportamento de evitação de exposição corporal.5 Para diminuir a distorção da percepção corporal pode-se so- licitar à paciente que desenhe como percebe seu corpo, olhan- do-se em um espelho. Em seguida, o terapeuta desenha a silhu- eta real, para que a paciente possa observar a discrepância entre os desenhos. Essa medida pode reduzir a ansiedade asso- ciada à aparência e facilitar a exposição corporal, que é organi- zada de forma gradual, incentivando a paciente a usar roupas justas e curtas. Para maior redução da ansiedade, a paciente deve também modificar seu ideal de imagem corporal, apren- dendo a lidar melhor com eventuais “imperfeições”.5,7 Modificação do sistema de crenças A TCC pressupõe que o sistema de crenças de um indivíduo exerce importante papel no desenvolvimento de seus sentimen- tos e comportamentos. Desta forma, as pacientes com TA apre- sentam crenças distorcidas e disfuncionais acerca de peso, for- mato corporal, alimentação e valor pessoal, que são significati- vas para a manutenção dos TA. Uma das crenças distorcidas centrais para os TA é a que equaciona valor pessoal ao peso e formato corporal, ignorando ou não valorizando outros parâ- metros. Para pacientes com TA a magreza estaria associada à competência, superioridade e sucesso, tornando-se assim in- trinsecamente associada à auto-estima.4,8-10 O sistema distorcido de crenças pode perpetuar-se em decor- rência de várias tendências disfuncionais de raciocínio. Uma das tendências freqüentemente encontradas é a de atentar seletiva- mente para as informações que confirmam suas crenças, igno- rando ou distorcendo os dados que poderiam questioná-las.4,10 Para modificar o sistema de crenças a TCC utiliza diversas técnicas. Uma delas consiste em ensinar a paciente a identificar pensamentos que possam conter alguma distorção. Em segui- da ela é incentivada a analisar todas as evidências disponíveis que possam confirmar ou refutar o pensamento distorcido, tor- nando-o mais funcional. Uma grande variedade de estratégias, como as descritas para o tratamento da imagem corporal, pode ser utilizada para facilitar a modificação das crenças. Por exem- plo, o desenho da imagem corporal e a exposição gradual do corpo permitem que a paciente modifique suas crenças de que está gorda e de que será rejeitada em função disto.11,12 O processo de análise das crenças é realizado de forma colaborativa, sendo o terapeuta inicialmente mais ativo, aju- dando a paciente a treinar as habilidades necessárias e, pro- gressivamente, incentivando a paciente a comportar-se como se fosse o próprio terapeuta.12 Abordagem da auto-estima A abordagem da auto-estima envolve a redução das altas expectativas de desempenho das pacientes com AN, desenvol- vendo padrões realistas de auto-avaliação e incentivando-as a focalizar-se em seus sucessos e qualidades. É importante tam- bém desenvolver uma avaliação multifacetada de valor pesso- al, fazendo sua auto-estima apoiar-se em outros atributos além da aparência.4,9 Pacientes com AN apresentam freqüentemente déficits de habilidades sociais, tais como: dificuldades para expressar pen- samentos e sentimentos; iniciar, manter e encerrar conversa- ção; fazer e recusar pedidos; responder a críticas; fazer e rece- ber elogios e defender seus direitos. O desenvolvimento des- sas habilidades favorece a modificação do comportamento da paciente nas relações interpessoais, o desenvolvimento de cren- ças de auto-eficácia e o aumento da auto-estima.4,9,13 Avaliação de eficácia Em pacientes com AN, os programas de TCC têm resultado na diminuição da restrição alimentar com melhora das escolhas nutricionais e aumento de peso.14,16 Também tem sido relatada redução de pensamentos disfuncionais acerca de peso e ali- mentação, melhora do funcionamento sexual e do humor.15,16 A manutenção dos resultados parece ser menor do que na BN.15,16 Para aumentar a probabilidade de manutenção dos resultados devem ser utilizadas técnicas para prevenção da recaída, que consistem em paciente e terapeuta identificarem possíveis difi- culdades futuras e planejarem estratégias adequadas para lidar com elas. Bulimia nervosa As técnicas utilizadas no tratamento da bulimia nervosa (BN) objetivam a normalização do padrão alimentar e o desenvolvi- mento de estratégias para controle de episódios de compulsão alimentar (ECA) e dos comportamentos compensatórios. A TCC aborda também a auto-estima, a modificação da relação com a imagem corporal e a modificação do sistema de crenças disfuncionais. Controle dos episódios de compulsão alimentar e da indução de vômito Os ECA são favorecidos pela restrição alimentar e pelos de- mais mecanismos compensatórios usados para controlar o peso. Assim, a abordagem dos ECA inicia-se pela disposição de in- formações acerca da relação entre métodos compensatórios e a ocorrência dos episódios, das complicações clínicas e psicoló- gicas associadas aos comportamentos purgativos e de sua pouca eficiência na redução do peso corporal.17, 18 A TCC ensina técnicas de autocontrole ao paciente para redução de ansiedade, tristeza e outros sentimentos conside-
  • 3. SIII 51 Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53 Terapia cognitivo-comportamental Duchesne M & Almeida PEM rados facilitadores de ECA e de indução de vômito. As estra- tégias podem ser utilizadas alternativamente para inibir estes comportamentos.12,18 O tratamento comportamental de exposição e prevenção de resposta é eventualmente utilizado e consiste em incentivar a paciente a expor-se gradualmente a diversas condições que favorecem a ocorrência de ECA e a indução de vômito. Por exemplo, a paciente deve ingerir alimentos que usualmente de- sencadeiam ECA ou indução de vômito e é incentivada a utili- zar técnicas de autocontrole, previamente treinadas para evitar tais comportamentos, inicialmente com a ajuda do terapeuta.12,18,19 Eliminação do uso de laxantes e diuréticos A eliminação do uso de laxantes e diuréticos é realizada de forma gradual, uma vez que a alimentação tenha se tornado mais regular. É importante evidenciar para a paciente que o au- mento de peso, que eventualmente ocorre nesta fase, deve-se à retenção hídrica e não ao aumento de gordura corporal.18 Modificação do sistema de crenças Para a TCC, entre os fatores que contribuem para a ocorrên- cia de ECA está o pensamento “tudo ou nada”, que consiste em pensar em termos absolutos e extremos. Assim, pacientes com BN adotam regras dietéticas inflexíveis e pequenos lapsos na dieta favorecem o abandono total do controle sobre a ali- mentação. Em geral, em vez de reavaliar a adequação da rigidez das regras dietéticas utilizadas, avaliam os lapsos como resul- tantes de suas deficiências pessoais, reforçando sua baixa auto- estima. Na BN, a modificação das crenças centrais, e dos pen- samentos associados à alimentação, aparência e valor pessoal é realizada nos mesmos moldes que na AN.4,9,11,12 Avaliação de eficácia No tratamento da BN, a TCC tem sido apontada como uma psicoterapia eficaz na remissão ou diminuição da freqüência de ECA,20,22 dos comportamentos purgativos,20,24 da restrição ali- mentar19,21,23,25 e da preocupação com peso e formato corpo- ral.19,21,23 A terapia tem auxiliado também na redução dos sinto- mas depressivos associados, na melhora da auto-estima e do funcionamento social.21,23,26 A utilidade desta forma de inter- venção tem sido enfatizada por superar os resultados alcança- dos com o uso de medicação isolada20,21,24,27 e pelo fato da asso- ciação de TCC à medicação aumentar a eficácia do tratamento farmacológico.20,24,28,29 Foi observada também uma boa manu- tenção dos resultados.19,30,31 Transtornodacompulsãoalimentarperiódica O programa de TCC para o Transtorno da Compulsão Ali- mentar Periódica (TCAP) foi desenvolvido a partir do modelo utilizado para a BN, tendo sido necessárias algumas adapta- ções às diferenças entre estas duas síndromes. Os objetivos terapêuticos no TCAP incluem o desenvolvimento de estraté- gias para controle de ECA, a modificação de hábitos alimenta- res, o desenvolvimento de estratégias para adesão a exercício físico e a redução gradual do peso, quando há obesidade asso- ciada. A TCC sugere, também para estes casos, a abordagem da auto-estima, a redução da ansiedade associada à aparência e a modificação do sistema de crenças disfuncionais, realizada nos moldes já descritos para AN e BN.32,34 Modificação de hábitos alimentares Uma vez que uma dieta muito restritiva está contra-indicada, a redução de peso no TCAP é obtida através de modificações graduais de hábitos alimentares. São fornecidas informações sobre nutrição para ajudar a paciente a fazer escolhas adequa- das de alimentos, com flexibilidade para evitar o pensamento “tudo ou nada”. São também implementadas estratégias para controle de estímulos, que consistem na diminuição da exposi- ção da paciente às condições que facilitam alimentação inade- quada como, por exemplo, diminuir a exposição a alimentos que devem ser ingeridos em baixa freqüência.33-35 Aumento da atividade física Estratégias para adesão à atividade física incluem o estabele- cimento de modalidades de exercício que sejam reforçadoras. O programa de atividade física deve ser flexível, podendo-se in- cluir uma combinação de exercícios diferentes e, para alguns pacientes, a associação de outras pessoas no programa. É im- portante também avaliar situações que poderiam dificultar a execução do exercício e planejar antecipadamente possíveis soluções.35,36 Abordagem da auto-estima No TCAP há grande atenção aos estereótipos sociais associ- ados à obesidade e excessiva atenção ao formato corporal, acom- panhada de sentimentos de vergonha e inferioridade. Alguns pacientes foram ridicularizados em decorrência da obesidade e a abordagem da auto-estima deve abranger este aspecto, além dos já descritos para os demais TA. Além disso, a paciente deve manter expectativas realistas com relação à meta de peso, modificando as crenças relacionadas a peso e formato corporal e alcançando um equilíbrio entre auto-aceitação e mudança.33,37 Avaliação de eficácia A eficácia da TCC no TCAP foi menos estudada do que na BN. Encontramos relatos de redução da freqüência dos ECA, sem que venha acompanhada de uma redução significativa do peso corporal.33 A necessidade de associação de estratégias que sejam dirigidas diretamente a redução do peso corporal já foi ressaltada e sua utilização em geral obtém bons resultados a curto-prazo, com dificuldades para manutenção a longo pra- zo.38 A adição de medicamentos pode reduzir a freqüência dos ECA e a perda de peso no curto prazo.39 Assim, a combinação entre TCC e medicamentos parece representar um campo pro- missor de pesquisa. Conclusão Alguns autores sistematizaram as estratégias utilizadas pela TCC no tratamento dos TA, desenvolvendo manuais padroni- zados que facilitam as pesquisas de eficácia. Os estudos com- parando TCC a outros tipos de terapia evidenciam maior eficá- cia da TCC em relação à terapia de apoio21,40 e resultados simila-
  • 4. SIII 52 Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53Terapia cognitivo-comportamental Duchesne M & Almeida PEM res aos obtidos por terapia interpessoal.31,41 A TCC considera a relação terapêutica fundamental para a obtenção da melhora dos TA. O terapeuta mantém uma atitude empática em relação às dificuldades e necessidades da paciente e apresenta a tera- pia como um trabalho em equipe, no qual ambos terão uma participação ativa na detecção de causas das dificuldades e na seleção das estratégias utilizadas no tratamento. O tratamento dos TA é realizado em equipe multidisciplinar, sendo necessária a associação de psicólogos a outros profissi- onais, tais como: nutricionistas, médicos clínicos e psiquiatras. O envolvimento da família no tratamento pode ajudar a criar uma estrutura de colaboração, facilitando mudanças. Referências 1. Garner D, Rockert W, Olmsted MP, Johnson C, Coscina DV. Psychoeducational principles in the treatment of bulimia and anorexia nervosa. In: Garner DM, Garfinkel PE, editors. Handbook of psychotherapy for anorexia nervosa and bulimia. New York: The Guilford Press; 1985. p. 513-72. 2. Stice E, Agras WS. Predicting onset and cessation of bulimic behaviors during adolescence: a longitudinal grouping analysis. Beh Ther 1998;29:257-76. 3. Almeida PEM. Terapia comportamental para transtornos ali- mentares: um estudo exploratório das possíveis variáveis envol- vidas na origem e manutenção das chamadas anorexia e bulimia nervosa [Tese de mestrado]. São Paulo: Pontifícia Universidade católica de São Paulo. Departamento de Psicologia experimen- tal: Analise do Comportamento; 2001. 4. Garner DM, Bemis KM. Cognitive therapy for anorexia nervosa. In: Garner DM, Garfinkel PE, editors. Handbook of psychotherapy for anorexia nervosa e bulimia. New York: The Guilford Press; 1985. p. 107-46. 5. Thompson JK. Body image disturbance: assessment and treament. New York: Pergamon Press; 1990. 6. Freedman R. 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  • 5. SIII 53 Rev Bras Psiquiatr 2002;24(Supl III):49-53 Terapia cognitivo-comportamental Duchesne M & Almeida PEM 31. Fairburn CG, Norman PA, Welch SL, O’ Connor M, Doll HA, Peveler RC. A prospective study of outcome in bulimia nervosa and the long-term effects of three psychological treatments. Arch Gen Psychiatry 1995;52:304-12. 32. Eldredge KL, Agras WS. Weight and shape overconcern and emotional eating in binge eating disorder. Int j Eat Dis 1996;19:73-82. 33. Devlin MJ. Binge eating disorder and obesity: a combined treatment approach. Psych Clin N Am 2001;24:325-35. 34. Duchesne M. Tratamento do transtorno do comer compulsivo: abordagem cognitivo-comportamental. J Bras Psiq 1995;44:50-5. 35. Marcus MD. Binge eating in obesity. In: Fairburn CG, Wilson GT, editors. Binge eating: nature, assessment and treatment. New York: Guilford Press; 1993. p. 77-96. 36. Coutinho W. O consenso latino-americano em obesidade. Arq Bras End Metab 1999;45(1):21-67. 37. Fairburn C. Overcoming binge eating. New York: Guilford Press; 1995. 38. Marcus MD, Wing RR, Hopkins J. Obese binge eaters: affect, cognitions and response to behavioral weight control. J Consult Clin Psychol 1988;56:433-9. 39. Agras WS, Telch CF, Arnow B, Eldredge K, Wilfley DE, Raeburn SD et al. Weight loss, cognitive-behavioral, and desipramine treatments in binge eating disorder: an additive design. Beh Ther 1994;25:225-38. 40. Wilson GT, Eldredje KL, Smith D, Niles B. Cognitive-behavioural treatment of bulimia nervosa: a controled evaluation. Bev Res Ther 1991;29:575-83. 41. Wilfley DE, Agras WS, Telch CF, Rossiter EM, Schneider JA, Cole AG et al. Group cognitive-behavioral and group interpersonal psycotherapy for the nonpurging bulimic individual: a controled comparison. J Consult Clin Psychol 1993;61:296-305. Correspondência: Mônica Duchesne Rua Marques de São Vicente, 124, sala 239 Gávea - 22451-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil Tel:(0xx21)2540-0367/2239-8579-E-mail:mduchesne@rionet.com.br