Este documento discute os conceitos de estilo e coerência textual na linguagem. Explica que estilística estuda a linguagem criada com os elementos da língua, diferente da gramática. Também aborda como a coerência depende da articulação entre as partes do texto e do contexto, para criar um sentido unificado.
4. Quantas vezes você já ouviu ou proferiu a
palavra estilo?
1. Comumente pode ser o modo pessoal
de fazer algo;
2. o conjunto de características de um
objeto, de uma época;
3. Elegância no jeito de se comportar ou se
vestir.
“estilo de vida”, “estilo moderno”, “ter ou não estilo”.
5. No domínio da linguagem, o
entendimento do que seja estilo não é
tão simples.
Muitas são as tentativas de explicar ou
definir estilo.
6. · O estilo é o resultado de uma escolha dos
meios de expressão realizada pelo falante;
nesse caso, é a expressão de uma
experiência individual;
· O estilo liga-se às intenções do falante, ao
efeito de sentido que ele quer produzir;
· A emoção e a afetividade estão presentes
no estilo.
8. Estilística não se confunde com
Gramática.
Em um ato de fala, o falante tem a sua
disposição o material organizado, isto
é, a língua, e sua própria expressão, ou
seja, a linguagem.
9. A língua não é uma criação individual,
subjetiva, mas a linguagem permite um
grau de liberdade que se manifesta no
estilo, no idioleto, isto é, na língua de cada
indivíduo, com o conjunto de marcas
pessoais que constituem sua fala.
A Gramática estuda os elementos da língua,
enquanto a Estilística estuda a linguagem
que se cria com esses elementos.
10. O uso de estilos é consciente?O uso de estilos é consciente?
11. SEÇÃO 1
A noção de estilo e o objetivo da Estilística
Objetivo da seção:
Compreender a noção de estilo no domínio
da linguagem e o objetivo da Estilística.
12. Atividade 1Atividade 1
Qual a diferença entre estilo e variante
lingüística?
Ou melhor:
Qual a diferença entre estilo e dialeto, se
ambos são marcados por traços
diferenciadores no universo da linguagem?
13. Segundo alguns teóricos, a diferença está na
intenção do indivíduo no momento da fala.
Se esta contém uma carga de expressividade,
porque o falante deseja manifestar ou
transmitir emoção naquele ato de fala
específico, esse fato é matéria da
Estilística.
14. A língua apresenta variações, conforme os
grupos que a usem. Cada uma das variantes
da língua usada por um grupo apresenta
regularidades, recursos normais para aquele
grupo, que constituem o dialeto.
Há vários tipos de dialeto: o etário, o
regional, o de gênero, o social, o profissional.
15. O idioleto é o conjunto de marcas pessoais
da língua de cada indivíduo, como
resultante do cruzamento dos vários dialetos
(etário, regional, profissional, de gênero,
social) que constituem a sua fala.
16. A Estilística estuda os valores ligados à
sonoridade, à significação e formação
das palavras, à constituição da frase e
do discurso.
17.
18. SEÇÃO 2
A Estilística do som e da palavra
Objetivo da seção:
Reconhecer alguns recursos expressivos
ligados ao som e à palavra.
19. Você já percebeu que algumas brincadeiras
com palavras são o resultado da combinação
de sons?
Tente repetir em voz alta, sem
“engasgar”, esta seqüência:
Três pratos de trigo para três tristes
pobres tigres.
20. Num ninho de mafagafos,
Seis mafagafinhos há;
Quem os desmafagafizar
Bom desmafagafizador será.
21. Os sons da língua podem provocar sensações
ou sugerir impressões.
Não só os poetas e escritores lançam mão
desse recurso em suas obras, mas também
nós, usando no dia-a-dia a linguagem
comum, recorremos aos sons da língua para
expressarmos nossa emoção e afetividade.
27. Atividade 8
O jornal, a TV e a propaganda estão entre os
meios de comunicação de massa que mais
inovam na linguagem. Os jornalistas, autores de
novelas e programas de auditório criam
palavras e expressões que, rapidamente, são
incorporadas pelo público.
Observe estes exemplos, em que se criam palavras
compostas, e dê o sentido delas:
28. a) A moça chegou com o namorido.
b) Há muitos showmícios em época de eleição.
c) Vamos bebemorar a vitória do meu time!
d) Com pneus novos, você terá tranquilômetros
em sua viagem.
e) Você gosta de literatura ou lixeratura?
29. SEÇÃO 3
A Estilística da frase e da enunciação
Objetivo da seção:
Relacionar os discursos direto, indireto e
indireto livre a alguns recursos expressivos
da frase e da enunciação.
30. A frase é a unidade do texto que, no
contexto em que aparece, apresenta uma
unidade de sentido. Na linguagem oral, a
entoação permite transformar uma palavra
em frase. Na escrita, a pontuação indica as
pausas, a entoação, a melodia da frase,
assim como a sua expressividade.
31. Enunciação é um ato de produção de
significados, isto é, de entendimento na
interação comunicativa, que envolve
interlocutor falante - interlocutor ouvinte.
A enunciação produz o enunciado, que traz
as marcas da situação, do contexto sócio-
histórico, do locutor, do receptor, do
referente envolvidos no ato de comunicação
verbal.
32. Na loja de tecidos, o cliente perguntou:
-Quanto custa o metro deste tecido?
-Nesse momento estamos numa promoção,
disse o vendedor, pegando a bobina de
tecido. Quanto mais o senhor levar, mais
barato fica...
- Então vai desenrolando até ficar de graça!...
33. Na loja de tecidos, o cliente perguntou
quanto custava o metro de um tecido.
O vendedor, pegando a bobina de tecido,
disse que naquele momento estavam numa
promoção e que quanto mais o cliente
levasse, mais barato ficaria.
O cliente então pediu que o vendedor fosse
desenrolando a bobina até ficar de graça.
34. Na passagem do discurso direto para o indireto, são
necessárias várias alterações, como:
* Eliminação de dois pontos e travessão ou outros sinais de
pontuação;
* Inclusão de palavras que estabelecem relações no
próprio contexto lingüístico: de um tecido, em vez de
daquele tecido;
* Substituição da 1ª pessoa pela 3ª;
* Substituição das expressões de tempo (e de lugar)
correspondentes ao ato de enunciação, como nesse
momento por naquele momento;
* Alteração dos tempos e modos verbais para se adequar
ao contexto lingüístico, como custa / custasse, estamos /
estavam, levar / levasse....
36. SEÇÃO 1
Continuidade de sentidos
Objetivo da seção:
Caracterizar a coerência na inter-relação
entre textos verbais e não verbais.
37. Nenhuma enunciação surge do nada: toda
troca de informações lingüísticas surge de
uma necessidade desencadeada pela
situação ou por outra enunciação anterior.
Por isso dizemos que toda enunciação
estabelece um elo significativo com o que
já foi dito, com o contexto dos
interlocutores e com todas as formas de
conhecimento que a precederam.
38. No texto coerente, não há nenhuma
parte que não se relacione com as
demais.
Todos os elementos do texto devem
ser coerentes.
39. “Lá dentro havia uma fumaça formada pela
maconha e essa fumaça não deixava que nós
víssemos qualquer pessoa, pois ela era muito
intensa.
Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho,
fiquei encostado na parede sala e fiquei observando
as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de
todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, amarelas,
altas, baixas, etc.”
Prof. Diana Luz Pessoa de Barros. In: Platão & Fiorin – Para entender o texto.
40. É a articulação harmônica das figuras
do texto, com base na relação de
significado que mantêm entre si.
As várias figuras que ocorrem num
texto devem articular-se de maneira
coerente para constituir um único
bloco temático.
41. Todas as figuras que pertencem ao
mesmo tema devem pertencer ao
mesmo universo de significado.
42.
43.
44.
45.
46. Atividade 2Atividade 2
Maurício – Que horas são?
Daniel – Calma! O ônibus ainda não passou.
Maurício – Mas o céu parece estrelado...
Daniel – É assim toda sexta-feira!
1.Por que a conversa parece absurda?
2.2. O que seria, por exemplo, uma resposta
coerente para a primeira pergunta?
3.Imagine uma situação em que essa conversa
não fosse tão absurda.
47. Nenhuma enunciação surge do nada: toda troca
de informações lingüísticas surge de uma
necessidade desencadeada pela situação ou por
outra enunciação anterior.
Por isso dizemos que toda enunciação
estabelece um elo significativo com o que já foi
dito, com o contexto dos interlocutores e com
todas as formas de conhecimento que a
precederam.
49. SEÇÃO 2
A construção da coerência textual
Objetivo da seção:
Verificar como se constrói a coerência nos
textos.
50. O conhecimento de mundo do leitor se
articula com o contexto lingüístico
para identificar como as informações
do texto se organizam em função de
fatores diversos e recorrem a modos
diversificados de organização textual.
51. A coerência textual tem a ver com a “boa”
formação de um texto, ou seja, com a
possibilidade de articular as informações
trazidas pelo texto com o conhecimento
que os interlocutores já têm da situação e
do assunto. Se essa articulação for muito
difícil ou mesmo impossível, a coerência
fica prejudicada ou não se estabelece.
52. A coerência de um texto não depende
apenas da realidade das coisas e do
mundo; coerência é uma característica que
pode ser construída também na
imaginação, nas possibilidades de
“recriar”, por meio de imagens, um
princípio de interpretabilidade, um fio
condutor para a leitura e a interpretação
do texto.
53. Para o estabelecimento da coerência
textual contribuem fatores não
estritamente lingüísticos, tais como o
contexto situacional, os interlocutores em
si, suas crenças e intenções comunicativas,
o relacionamento social entre eles, além
da função comunicativa do texto.
54. A situação sócio-comunicativa – que define
gêneros textuais – fornece critérios
relevantes para as decisões sobre a
coerência de um texto. Por isso, a
coerência também depende do gênero de
um texto.
56. Atividade 12
Leia as seguintes frases soltas para atribuir-lhes coerência.
· Evite comprar frutas e legumes embalados.
· Compre produtos que tenham refil.
· Compre produtos de limpeza concentrados, que podem ser
diluídos em água.
· Compre produtos cujas embalagens podem ser reutilizadas.
· No supermercado, coloque o máximo de produtos num mesmo
saco e não embale duas vezes.
· Não compre sacos de lixo; reutilize sacolas plásticas de
supermercado.
· Evite usar produtos descartáveis.
· Compre cartuchos de tinta reciclados para sua impressora.
· Procure comprar baterias e pilhas recarregáveis.
· Prefira lâmpadas fluorescentes a incandescentes; elas são mais
baratas e duram mais.
57. Avançando na prática
Escolha um texto publicitário que
mescle linguagem verbal e não verbal
para analisar com seus alunos.
Mostre que a profundidade da
coerência desse texto depende muito
do que “vemos” nele.
58.
59. SEÇÃO 3
As partes do todo
Objetivo da seção:
Analisar como se estabelece a unidade de
sentidos em um texto.
60. Vamos ver agora como, entre tão
variados fatores (lingüísticos, sociais,
culturais e interpessoais),
desenvolvemos nossas habilidades na
leitura e interpretação de textos,
atribuindo-lhes coerência.
61. Quando lemos um texto, vamos
construindo expectativas a respeito do
que virá, em seguida, compondo as
imagens que fazemos, como leitores, do
mundo textual que esse texto nos
propõe.
62. “É a partir dos conhecimentos que temos
que vamos construir um modelo de
mundo representado em cada texto – é o
mundo textual. Tal mundo, é claro, nunca
vai ser uma cópia fiel do mundo real, já
que o produtor do texto recria o mundo
sob uma ótica ou ponto de vista,
dependendo de seus objetivos, crenças,
convicções e propósitos.”
Koch, I. & Travaglia, L.C. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 1990. p. 63
63. O equilíbrio entre as informações que já
são de conhecimento prévio do leitor e
as informações novas que o texto
pretende trazer é muito importante para
a inteligibilidade do texto.
64. Se as informações forem predominantemente novas, o
leitor terá dificuldade em combiná-las com o que já sabe
sobre o tema.
Se as informações forem predominantemente conhecidas,
o texto poderá não ter razão de ser por excesso de
redundância.