O documento analisa as redes de solidariedade formadas na internet em apoio ao caso de Rafael Braga, um jovem negro preso injustamente. Foram mapeadas 11 páginas no Facebook sobre o tema, com mobilização em diversas regiões do país e aproximação com o movimento negro e jovens. Os movimentos sociais utilizaram estratégias nas redes para defender os direitos de Rafael Braga e reforçar valores de justiça e democracia.
Análise de conteúdo do site Por Dentro da África - X Abciber
Redes de Solidariedade e Indignação na Internet: o caso “Liberdade para Rafael Braga”
1. Arte por Wellington Martins
Redes de Solidariedade e
Indignação na Internet: o caso
“Liberdade para Rafael Braga”
Taís Silva Oliveira
Prof.ª Dr.ª Silvia Dotta
Prof. Dr. Ramatis Jacino
ProgramadePós-GraduaçãoemCiênciasHumanaseSociais
Universidade Federal do ABC
2. O artigo tem como objetivo analisar o
conteúdo publicado nas páginas do
Facebook relacionadas ao caso Rafael Braga,
para tentar entender a motivação ideológica
contida no material exposto e verificar como se
dão as organizações de movimentos sociais
nas redes sociais na internet.
4. Contexto:
Rafael Braga, jovem, negro, era catador de
materiais recicláveis e pessoa em situação de
rua durante a semana.
Aos fins de semana voltava para casa, na
favela da Vila Cruzeiro na cidade do Rio de
Janeiro.
5. Contexto:
No dia 20 de junho de 2013, no contexto das
jornadas de junho pelo passe livre, Rafael foi
abordado por policiais militares enquanto
portava duas garrafas de produtos de limpeza
vazias.
Mesmo não tendo participado da manifestação,
Rafael foi acusado de transportar material para
confecção de explosivos.
6. Contexto:
Rafael foi o único condenado em relação a
junho de 2013. Em outubro de 2014 ganha
progressão de regime e passa a usar
tornozeleira.
Em 12 de janeiro de 2016 é abordado por
policiais militares que, segundo testemunhas,
forjam um flagrante (0,6 gramas de maconha,
9,6 gramas de cocaína e um rojão).
7. Contexto:
Rafael Braga é preso novamente, sem o
direito a ampla defesa, sem análise da
câmera da viatura e do GPS da tornozeleira.
Sua condenação se deu baseada somente
nos depoimentos controversos dos policiais.
Em 20 de abril de 2017 é condenado a 11
anos de prisão.
(Movimento Pela Liberdade de Rafael Braga, 2017)
8. Referencial teórico:
o Avanço das TIC's e movimentos sociais;
Castells (2009, 2013)
o Redes e redes sociais na internet;
Barabási (2009) e Recuero (2009)
o Questões identitárias a partir das diferenças.
Canclini (2015)
9. Metodologia:
o Viés qualitativo;
o Análise do conteúdo (BARDIN, 2011);
o Busca de páginas com o termo “Rafael Braga” via
Netvizz (RIEDER, 2013), 11 páginas listadas com
o tema;
o Conteúdo analisado: Pela Liberdade de Rafael
Braga Vieira (17 de abril a 29 de maio) e 30 dias
por Rafael Braga (01 a 30 de junho).
10. 1. Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
2. Campanha Nacional pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
3. Novembro Negro - Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
4. 30 Dias Por Rafael Braga;
5. Comitê Porto Alegre pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
6. Sarau Pela Liberdade de Rafael Braga;
7. Liberdade PARA Rafael BRAGA;
8. Pela Liberdade de Rafael Braga - Comitê de Santa Maria;
9. Apoio ao Rafael Braga Vieira;
10.DF pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
11.Chapa - Rafael Braga.
As 11 páginas encontradas
11. 1. Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
2. Campanha Nacional pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
3. Novembro Negro - Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
4. 30 Dias Por Rafael Braga;
5. Comitê Porto Alegre pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
6. Sarau Pela Liberdade de Rafael Braga;
7. Liberdade PARA Rafael BRAGA;
8. Pela Liberdade de Rafael Braga - Comitê de Santa Maria;
9. Apoio ao Rafael Braga Vieira;
10.DF pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
11.Chapa - Rafael Braga.
Estratificação regional
12. 1. Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
2. Campanha Nacional pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
3. Novembro Negro - Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
4. 30 Dias Por Rafael Braga;
5. Comitê Porto Alegre pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
6. Sarau Pela Liberdade de Rafael Braga;
7. Liberdade PARA Rafael BRAGA;
8. Pela Liberdade de Rafael Braga - Comitê de Santa Maria;
9. Apoio ao Rafael Braga Vieira;
10.DF pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
11.Chapa - Rafael Braga.
Aproximação com o movimento negro
13. 1. Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
2. Campanha Nacional pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
3. Novembro Negro - Pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
4. 30 Dias Por Rafael Braga;
5. Comitê Porto Alegre pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
6. Sarau Pela Liberdade de Rafael Braga;
7. Liberdade PARA Rafael BRAGA;
8. Pela Liberdade de Rafael Braga - Comitê de Santa Maria;
9. Apoio ao Rafael Braga Vieira;
10.DF pela Liberdade de Rafael Braga Vieira;
11.Chapa - Rafael Braga.
Aproximação com jovens em idade escolar
23. Considerações finais:
A rede de solidariedade e indignação utiliza as redes
sociais na internet e outras mídias de conteúdo
independente para defender seus interesses,
reforçar os valores produzidos diante das
circunstâncias e realizar atos populares e políticos
nos vários espaços da sociedade, no Brasil e em
outros países.
24. Considerações finais:
Os movimentos sociais “Muitas vezes são
desencadeados por emoções derivadas de algum
evento significativo que ajuda os manifestantes a
superar o medo e desafiar os poderes constituídos
apesar do perigo inerente às suas ações”
(CASTELLS, 2013, p. 162)
25. Considerações finais:
Os movimentos sociais utilizam de maneira
estratégica a articulação de pessoas e grupos por
meio da internet buscando, talvez, aquilo que conclui
Castells (2013, p. 179) "os movimentos sociais em
rede de todo o mundo têm exigido uma nova
forma de democracia" por meio de suas variadas
conexões.
26. Considerações finais:
Há um forte envolvimento do movimento negro,
ressaltando a indignação por identificação e
reforçando que não há nem homogeneização dos
cidadãos em termos culturais e de identidade
(CANCLINI, 2015) e nem em termos de justiça
quando aspectos identitários são levados a júri.
27. Considerações finais:
Os movimentos sociais se mostram ativos e criativos
em relação aos meios de comunicação disponíveis
para a circulação de informações e entretenimento,
dessa maneira não são reféns dos conglomerados
que dominam os mercados (CANCLINI, 2015).
28. Bibliografia:
BARABÁSI, Albert-László. Linked – a nova ciência dos networks. São Paulo: Leopardo, 2009.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 1ª ed. 1ª reimp. São Paulo: Edições 70, 2011.
CANCLINI. Nestor A. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade. 3ª ed. 1ª reimp. Rio de Janeiro: UFRJ, 2015.
CASTELLS, Manuel. Comunicación y Poder. Madrid: Alianza, 2009.
__________, Manuel. Redes de indignação e esperança – movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
DOMINGUES, Petrônio. (2007). Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, 12(23), 100-122. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.1590/S1413-
77042007000200007>. Acesso em: 13 mai. 2017.
FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de Pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, 2011
RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulinas, 2009.
RIEDER, Bernhard. Studying Facebook via Data Extraction: The Netvizz Application. Disponível em: <http://thepoliticsofsystems.net/permafiles/rieder_websci.pdf>. Acesso em: 13
mai. 2017.
SILVA, Débora Maria; DARA, Danilo (2015). Mães e familiares de vítimas do Estado: a luta autônoma de quem sente na pele a violência policial. Disponível em:
<https://xa.yimg.com/kq/groups/15665882/1987194618/name/Artigo_Livro_Bala_Perdida.docx>. Acesso em: 13 mai. 2017.