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Profa Soninha
O editorial “lida com idéias, argumentos e críticas, marcando a posição do jornal sobre os principais fatos do momento”. Assim, o leitor procurará, no editorial, assuntos de repercussão momentânea, sobre os quais o jornal irá se posicionar.
Estrutura básica do editorial Parágrafo 1 - Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento pontuado. Usar linguagem objetiva e vocabulário acessível. Parágrafo 2 - Contextualização do tema, e indicativos concretos do problema, apresentando dados reais, verossímeis. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto. Parágrafo 3 - Análise das possíveis motivações que tornam o tema relevante, com argumentos de autoridade ( opinião de especialistas que reforcem credibilidade da matéria), justificativas que reforcem o posicionamento apresentado e exemplos concretos que ilustrem a argumentação. Parágrafo 4 – Caráter conclusivo, apresentando o posicionamento crítico final, sem ser impressionista. É preciso extremo cuidado para não construir editoriais moralistas. A conclusão do Editorial, principalmente, não deve esquecer o que motivou a opinião, o que se afirmou  no início, sem fugir do assunto. O bom arremate opinativo é aquele que retoma o tema e traz uma projeção, aponta para uma solução, indica um caminho ancorado em exemplos concretos.
Assassinato agride o estado de direito (Editorial) O Globo Ao assassinato da juíza Patrícia Acioli seguiu-se a previsível reação de representantes do poder público e da sociedade civil nestes primeiros momentos de estupefação com um crime que choca o país. Sua execução é uma evidente afronta à Justiça e ao estado de direito. Em si, o homicídio é fato grave — gravíssimo — o bastante para merecer unânime e incondicional repúdio, mas a dimensão de que se reveste este atentado, pela fria eliminação de um agente público, pode ser medida também pela mobilização da alta cúpula do poder fluminense para que o crime seja apurado o mais rapidamente possível. Igualmente, na esfera federal, o presidente do STF, Cezar Peluso, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, condenaram o crime, cujas investigações mobilizarão também a PF. Mas se cabe tal resposta no quadro de pasmo em que o estado está mergulhado desde os tiros que tiraram a vida de Patrícia Acioli em Niterói, ela ainda não é suficiente para dar conta do significado dessa execução. Estamos diante de uma tentativa de emparedar a Justiça, representada dignamente por uma juíza inflexível com a criminalidade, particularmente com bandidos abrigados em corporações do aparato de segurança — supostamente policiais, mas na verdade marginais que desonram fardas e cargos a eles entregues como símbolos de um poder a serviço da sociedade. A morte da juíza Patrícia Acioli era claramente uma sentença anunciada. Seu nome estaria numa lista do crime organizado com autoridades marcadas para morrer. Horas antes de ser assassinada, ela havia determinado a prisão de dois PMs, acusados de forjar autos de resistência para justificar a execução de suspeitos de envolvimento o crime. Constam também de sua folha de serviços a ordem de detenção de integrantes de grupos paramilitares e medidas administrativas contra a banda podre da polícia. Uma atuação que sem dúvida a deixava na mira da criminalidade. Não é a primeira vez que representantes da Justiça do país são alvo das balas dos criminosos. Em dez anos, pelo menos dois juízes, um promotor e seis fiscais responsáveis por investigar esquemas criminosos foram mortos em diversos estados. Em 2003, a execução do juiz corregedor Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), a mando de uma facção do tráfico de drogas de São Paulo, provocou reações em todo o país semelhantes às que estão vindo a público com a morte de Patrícia Acioli. E, como no episódio do interior paulista, cujos responsáveis foram identificados e presos, a elucidação deste caso deve ser tratada como ponto inegociável pelo poder público. Estão em jogo não só a reparação do Estado pela leniência com a segurança de um servidor, mas compromissos mais amplos com a sociedade. Trata-se de assegurar a continuidade dos bons resultados da política de segurança fluminense, de que a ação dos criminosos em Niterói é certamente uma prova de desesperada reação, como o foram, ano passado, os ataques incendiários nas ruas do Rio, a seu tempo enfrentados pelo Estado com ações que desmobilizaram o tráfico de drogas. E cumpre também evitar, com medidas exemplares, firmes e imediatas, que o crime organizado traga para o Rio de Janeiro a sombra de barbaridades como o assassinato de juízes pela máfia italiana ou o terrorismo dos cartéis da droga na Colômbia e, mais recentemente, no México.   Questão urgente (Editorial) O Globo Crescente em todo o país, o consumo de crack é uma tragédia que se consuma em duas frentes.  Uma, a da Saúde, produz números cada vez mais preocupantes sobre a quantidade de usuários entregues ao vício, praticamente irreversível e com um poder de destruição do corpo que leva, se não à morte em pouco tempo, mas seguramente a um horrendo processo de degradação física. Outra, a da Segurança, dá conta de estatísticas, principalmente nos grandes centros urbanos, que mostram uma relação direta entre a dependência e o aumento da violência decorrente da criminalidade. Em ambas as áreas, a vítima preferencial desse horror social são os jovens — o que só torna o fenômeno ainda mais condenável. Os dados sobre o aumento do consumo do crack, uma substância derivada da pasta de cocaína e que provoca dependência quase imediata, sugerem que o problema deve ser tratado como assunto prioritário. 	A curva ascendente foi detectada por organismos como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Segundo o órgão, a apreensão desse tipo de entorpecente no Brasil cresceu de 200 quilos em 2002 para quase 600 quilos em 2007 (o equivalente a 82% de todo o crack apreendido na América do Sul).
A morte da juíza Patrícia Acioli era claramente uma sentença anunciada. Seu nome estaria numa lista do crime organizado com autoridades marcadas para morrer. Horas antes de ser assassinada, ela havia determinado a prisão de dois PMs, acusados de forjar autos de resistência para justificar a execução de suspeitos de envolvimento o crime. Constam também de sua folha de serviços a ordem de detenção de integrantes de grupos paramilitares e medidas administrativas contra a banda podre da polícia. Uma atuação que sem dúvida a deixava na mira da criminalidade. Não é a primeira vez que representantes da Justiça do país são alvo das balas dos criminosos. Em dez anos, pelo menos dois juízes, um promotor e seis fiscais responsáveis por investigar esquemas criminosos foram mortos em diversos estados. Em 2003, a execução do juiz corregedor Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), a mando de uma facção do tráfico de drogas de São Paulo, provocou reações em todo o país semelhantes às que estão vindo a público com a morte de Patrícia Acioli. E, como no episódio do interior paulista, cujos responsáveis foram identificados e presos, a elucidação deste caso deve ser tratada como ponto inegociável pelo poder público. Estão em jogo não só a reparação do Estado pela leniência com a segurança de um servidor, mas compromissos mais amplos com a sociedade. Trata-se de assegurar a continuidade dos bons resultados da política de segurança fluminense, de que a ação dos criminosos em Niterói é certamente uma prova de desesperada reação, como o foram, ano passado, os ataques incendiários nas ruas do Rio, a seu tempo enfrentados pelo Estado com ações que desmobilizaram o tráfico de drogas. E cumpre também evitar, com medidas exemplares, firmes e imediatas, que o crime organizado traga para o Rio de Janeiro a sombra de barbaridades como o assassinato de juízes pela máfia italiana ou o terrorismo dos cartéis da droga na Colômbia e, mais recentemente, no México.   	A droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e tóxicos. No Rio, o vício se espalha principalmente entre a população de rua, afetando em geral menores desassistidos de amparo social. 	Em Salvador, até 2009 quase seis mil novos usuários haviam passado a ser atendidos por um programa de redução de danos da Universidade Federal da Bahia. Em Pernambuco, o crack está presente em todos os 184 municípios do estado — um quadro que se estende a quase todo o Nordeste. 	Em São Paulo e Minas, é assustador o aumento do consumo. Em Porto Alegre, um levantamento entre pacientes internados por dependência química mostrou, já em 2006, que 43% eram usuários de crack. 	Decorrente desse quadro de virtual epidemia, o consumo do crack liga-se diretamente ao aumento de indicadores de violência, principalmente homicídios. 	Trata-se de uma tragédia que exige respostas imediatas do poder público e da sociedade como um todo. Neste sentido, é altamente positiva a decisão do município do Rio de recolher compulsoriamente a centros de internação menores flagrados no uso da droga em áreas conhecidas como cracolândias.
A iniciativa, que começou a ser adotada no início de junho, logrou tirar das ruas, até a segunda quinzena de julho, 51 jovens dependentes. Logo em seguida, a prefeitura de São Paulo também anunciou adesão à política de internação compulsória, a ser implementada a partir de um parecer da Procuradoria Geral do Município. 	São passos importantes, mas tímidos, por pontuais. As duas cidades e, de resto, todo o país, ainda não têm uma estrutura de atendimento aos dependentes em escala capaz de dar conta da crescente demanda de vítimas do vício. E recolher sem tratar corresponde apenas a manter uma realidade na qual, uma vez de volta às ruas, o usuário se reencontra com a droga. 	Também não contribuem para enfrentar o problema críticas a programas de internação, com argumentos segundo os quais, ao recolher menores viciados, o poder público lhes está negando o direito de ir e vir, e "sociologismos" do tipo. 	O flagelo é real, mostram os números e uma extensa crônica de tragédias provocadas pela droga. É uma luta sem espaço para a hipocrisia.
Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2009 fizeram como vítimas mulheres.  A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento.  O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas.  De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência.  É a hora de muitos homens - e mulheres também - compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares.  Dentro de casa. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2009 fizeram como vítimas mulheres.  	A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento.  	O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas.
	De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência.  	É a hora de muitos homens - e mulheres também - compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares.

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  • 2. O editorial “lida com idéias, argumentos e críticas, marcando a posição do jornal sobre os principais fatos do momento”. Assim, o leitor procurará, no editorial, assuntos de repercussão momentânea, sobre os quais o jornal irá se posicionar.
  • 3. Estrutura básica do editorial Parágrafo 1 - Apresentação do tema (situando o leitor) e já com um posicionamento pontuado. Usar linguagem objetiva e vocabulário acessível. Parágrafo 2 - Contextualização do tema, e indicativos concretos do problema, apresentando dados reais, verossímeis. Mais uma vez, posicionamento sobre o assunto. Parágrafo 3 - Análise das possíveis motivações que tornam o tema relevante, com argumentos de autoridade ( opinião de especialistas que reforcem credibilidade da matéria), justificativas que reforcem o posicionamento apresentado e exemplos concretos que ilustrem a argumentação. Parágrafo 4 – Caráter conclusivo, apresentando o posicionamento crítico final, sem ser impressionista. É preciso extremo cuidado para não construir editoriais moralistas. A conclusão do Editorial, principalmente, não deve esquecer o que motivou a opinião, o que se afirmou no início, sem fugir do assunto. O bom arremate opinativo é aquele que retoma o tema e traz uma projeção, aponta para uma solução, indica um caminho ancorado em exemplos concretos.
  • 4. Assassinato agride o estado de direito (Editorial) O Globo Ao assassinato da juíza Patrícia Acioli seguiu-se a previsível reação de representantes do poder público e da sociedade civil nestes primeiros momentos de estupefação com um crime que choca o país. Sua execução é uma evidente afronta à Justiça e ao estado de direito. Em si, o homicídio é fato grave — gravíssimo — o bastante para merecer unânime e incondicional repúdio, mas a dimensão de que se reveste este atentado, pela fria eliminação de um agente público, pode ser medida também pela mobilização da alta cúpula do poder fluminense para que o crime seja apurado o mais rapidamente possível. Igualmente, na esfera federal, o presidente do STF, Cezar Peluso, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, condenaram o crime, cujas investigações mobilizarão também a PF. Mas se cabe tal resposta no quadro de pasmo em que o estado está mergulhado desde os tiros que tiraram a vida de Patrícia Acioli em Niterói, ela ainda não é suficiente para dar conta do significado dessa execução. Estamos diante de uma tentativa de emparedar a Justiça, representada dignamente por uma juíza inflexível com a criminalidade, particularmente com bandidos abrigados em corporações do aparato de segurança — supostamente policiais, mas na verdade marginais que desonram fardas e cargos a eles entregues como símbolos de um poder a serviço da sociedade. A morte da juíza Patrícia Acioli era claramente uma sentença anunciada. Seu nome estaria numa lista do crime organizado com autoridades marcadas para morrer. Horas antes de ser assassinada, ela havia determinado a prisão de dois PMs, acusados de forjar autos de resistência para justificar a execução de suspeitos de envolvimento o crime. Constam também de sua folha de serviços a ordem de detenção de integrantes de grupos paramilitares e medidas administrativas contra a banda podre da polícia. Uma atuação que sem dúvida a deixava na mira da criminalidade. Não é a primeira vez que representantes da Justiça do país são alvo das balas dos criminosos. Em dez anos, pelo menos dois juízes, um promotor e seis fiscais responsáveis por investigar esquemas criminosos foram mortos em diversos estados. Em 2003, a execução do juiz corregedor Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), a mando de uma facção do tráfico de drogas de São Paulo, provocou reações em todo o país semelhantes às que estão vindo a público com a morte de Patrícia Acioli. E, como no episódio do interior paulista, cujos responsáveis foram identificados e presos, a elucidação deste caso deve ser tratada como ponto inegociável pelo poder público. Estão em jogo não só a reparação do Estado pela leniência com a segurança de um servidor, mas compromissos mais amplos com a sociedade. Trata-se de assegurar a continuidade dos bons resultados da política de segurança fluminense, de que a ação dos criminosos em Niterói é certamente uma prova de desesperada reação, como o foram, ano passado, os ataques incendiários nas ruas do Rio, a seu tempo enfrentados pelo Estado com ações que desmobilizaram o tráfico de drogas. E cumpre também evitar, com medidas exemplares, firmes e imediatas, que o crime organizado traga para o Rio de Janeiro a sombra de barbaridades como o assassinato de juízes pela máfia italiana ou o terrorismo dos cartéis da droga na Colômbia e, mais recentemente, no México.   Questão urgente (Editorial) O Globo Crescente em todo o país, o consumo de crack é uma tragédia que se consuma em duas frentes. Uma, a da Saúde, produz números cada vez mais preocupantes sobre a quantidade de usuários entregues ao vício, praticamente irreversível e com um poder de destruição do corpo que leva, se não à morte em pouco tempo, mas seguramente a um horrendo processo de degradação física. Outra, a da Segurança, dá conta de estatísticas, principalmente nos grandes centros urbanos, que mostram uma relação direta entre a dependência e o aumento da violência decorrente da criminalidade. Em ambas as áreas, a vítima preferencial desse horror social são os jovens — o que só torna o fenômeno ainda mais condenável. Os dados sobre o aumento do consumo do crack, uma substância derivada da pasta de cocaína e que provoca dependência quase imediata, sugerem que o problema deve ser tratado como assunto prioritário. A curva ascendente foi detectada por organismos como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Segundo o órgão, a apreensão desse tipo de entorpecente no Brasil cresceu de 200 quilos em 2002 para quase 600 quilos em 2007 (o equivalente a 82% de todo o crack apreendido na América do Sul).
  • 5. A morte da juíza Patrícia Acioli era claramente uma sentença anunciada. Seu nome estaria numa lista do crime organizado com autoridades marcadas para morrer. Horas antes de ser assassinada, ela havia determinado a prisão de dois PMs, acusados de forjar autos de resistência para justificar a execução de suspeitos de envolvimento o crime. Constam também de sua folha de serviços a ordem de detenção de integrantes de grupos paramilitares e medidas administrativas contra a banda podre da polícia. Uma atuação que sem dúvida a deixava na mira da criminalidade. Não é a primeira vez que representantes da Justiça do país são alvo das balas dos criminosos. Em dez anos, pelo menos dois juízes, um promotor e seis fiscais responsáveis por investigar esquemas criminosos foram mortos em diversos estados. Em 2003, a execução do juiz corregedor Antônio José Machado Dias, em Presidente Prudente (SP), a mando de uma facção do tráfico de drogas de São Paulo, provocou reações em todo o país semelhantes às que estão vindo a público com a morte de Patrícia Acioli. E, como no episódio do interior paulista, cujos responsáveis foram identificados e presos, a elucidação deste caso deve ser tratada como ponto inegociável pelo poder público. Estão em jogo não só a reparação do Estado pela leniência com a segurança de um servidor, mas compromissos mais amplos com a sociedade. Trata-se de assegurar a continuidade dos bons resultados da política de segurança fluminense, de que a ação dos criminosos em Niterói é certamente uma prova de desesperada reação, como o foram, ano passado, os ataques incendiários nas ruas do Rio, a seu tempo enfrentados pelo Estado com ações que desmobilizaram o tráfico de drogas. E cumpre também evitar, com medidas exemplares, firmes e imediatas, que o crime organizado traga para o Rio de Janeiro a sombra de barbaridades como o assassinato de juízes pela máfia italiana ou o terrorismo dos cartéis da droga na Colômbia e, mais recentemente, no México.   A droga já é a segunda maior causa de procura por atendimento nos centros do SUS especializados em abuso de álcool e tóxicos. No Rio, o vício se espalha principalmente entre a população de rua, afetando em geral menores desassistidos de amparo social. Em Salvador, até 2009 quase seis mil novos usuários haviam passado a ser atendidos por um programa de redução de danos da Universidade Federal da Bahia. Em Pernambuco, o crack está presente em todos os 184 municípios do estado — um quadro que se estende a quase todo o Nordeste. Em São Paulo e Minas, é assustador o aumento do consumo. Em Porto Alegre, um levantamento entre pacientes internados por dependência química mostrou, já em 2006, que 43% eram usuários de crack. Decorrente desse quadro de virtual epidemia, o consumo do crack liga-se diretamente ao aumento de indicadores de violência, principalmente homicídios. Trata-se de uma tragédia que exige respostas imediatas do poder público e da sociedade como um todo. Neste sentido, é altamente positiva a decisão do município do Rio de recolher compulsoriamente a centros de internação menores flagrados no uso da droga em áreas conhecidas como cracolândias.
  • 6. A iniciativa, que começou a ser adotada no início de junho, logrou tirar das ruas, até a segunda quinzena de julho, 51 jovens dependentes. Logo em seguida, a prefeitura de São Paulo também anunciou adesão à política de internação compulsória, a ser implementada a partir de um parecer da Procuradoria Geral do Município. São passos importantes, mas tímidos, por pontuais. As duas cidades e, de resto, todo o país, ainda não têm uma estrutura de atendimento aos dependentes em escala capaz de dar conta da crescente demanda de vítimas do vício. E recolher sem tratar corresponde apenas a manter uma realidade na qual, uma vez de volta às ruas, o usuário se reencontra com a droga. Também não contribuem para enfrentar o problema críticas a programas de internação, com argumentos segundo os quais, ao recolher menores viciados, o poder público lhes está negando o direito de ir e vir, e "sociologismos" do tipo. O flagelo é real, mostram os números e uma extensa crônica de tragédias provocadas pela droga. É uma luta sem espaço para a hipocrisia.
  • 7. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2009 fizeram como vítimas mulheres. A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento. O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas. De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência. É a hora de muitos homens - e mulheres também - compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares. Dentro de casa. Segundo dados mundiais, o risco de uma mulher ser agredida em sua própria casa, pelo marido, ex-marido, namorado ou companheiro, é nove vezes maior do que a possibilidade de ser agredida na rua. De acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 8,5% do total de assassinatos por arma de fogo registrados no país no ano de 2009 fizeram como vítimas mulheres. A pesquisa indica que, nos últimos dez anos, quase 40 mil brasileiras foram mortas por arma de fogo. O levantamento indica ainda que, na maior parte das vezes, as mulheres são assassinadas em um contexto de violência doméstica, em brigas com o marido ou companheiro, ou quando decidem encerrar o relacionamento. O que o estudo não aponta é o percentual de mulheres agredidas, mas não mortas, por pessoas com quem mantêm algum tipo de relacionamento doméstico. Ao que tudo indica, a modernização por que passa a sociedade não alcança o intelecto de muitos homens, de todas as classes sociais, que ainda mantêm uma mentalidade arcaica e se sentem senhores de suas esposas, namoradas, filhas, mães e irmãs, como se elas fossem um objeto e não humanas.
  • 8. De acordo com entidades ligadas à defesa dos direitos da mulher, geralmente a violência decorre de alcoolismo, uso de drogas, dificuldades financeiras, ciúmes e personalidade violenta do agressor. Nenhum desses motivos justifica a agressão. Ninguém é obrigado a conviver com outra pessoa. O diálogo e a separação consensual são meios mais racionais e dignos para interromper um relacionamento. O sentido de viver a dois é a busca da felicidade, que não se instalará num contexto de violência. É a hora de muitos homens - e mulheres também - compreenderem isso. Os homens precisam entender que suas companheiras possuem as mesmas capacidades e necessidades que eles e, portanto, merecem o mesmo respeito. Para as mulheres, a necessidade é de olhar para si mesmas com respeito ao ponto de denunciar seus agressores e de assenhorear-se de seus destinos. Dessa forma, talvez possamos mudar o quadro de violência doméstica no Brasil e as casas de inúmeras brasileiras se tornem, efetivamente, lares.