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ANTOLOGIA PESSOAL

POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

POEMAS
SELECIONADOS
EM
UBERLÂNDIA

	
A foto da capa e da contra-capa, foi tirada pelo autor em
janeiro de 2010, no 22º andar do Edifício Sandoval Guimarães na
Praça Tubal Vilela, tendo como foco o belo e esférico prédio das
Lojas Americanas (Antiga fábrica de balas Imperial na década de
60), e o magnífico verde no hiper-centro da cidade e na contracapa em cima e a esquerda contempla-se o eucalipto da portaria
no bairro Mansões Aeroporto, cuja primeira chácara da entrada
pertence ao poeta desde 1980.
SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA
Gráfica Roma
2010

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Siomar Rodrigues de Sousa
Copyright 2010 - Siomar Rodrigues de Sousa
FICHA TÉCNICA
FOTO DA CAPA E ARTE
SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Prof. Tasso de Abreu
(Autor do livro Gramática Explicativa da Língua Portuguesa)
PROJETO GRÁFICO
Gráfica Roma
EDITORAÇÃO GRÁFICA
Cristiane Oliveira
Tiragem - 1.000 exemplares

SOUSA, Siomar Rodrigues de.
POEMAS SELECIONADOS EM UBERLÂNDIA / Siomar Rodrigues
de Sousa - Uberlândia, 2010
136 p.
1. Literatura Brasileira - Poemas. I. Título
ISBN: número a definir

Contato com o autor:
Rua Cel. Antônio Alves Pereira, 546 - Centro
CEP 38400-104 - Uberlândia - MG - Brasil - América do Sul
Tel. (34) 9126-0318
Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por
qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão
por escrito.
Composto e impresso no Brasil
Printed in Brazil

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

O autor dedica este livro e presta justa homenagem, à
excelente empresa IVAN NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS, pela
magnífica contribuição no desenvolvimento da produção cultural em
Uberlândia, Minas Gerais, e no reconhecimento do potencial do artista
uberlandense.
	

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Siomar Rodrigues de Sousa

O POETA E HISTORIADOR SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA,
PRESTA JUSTA HOMENAGEM AOS TRÊS PODERES MUNICIPAIS;
EXECUTIVO, JUDICIÁRIO E LEGISLATIVO NA SEGUINTE FORMA:
EXECUTIVO
ODELMO LEÃO CARNEIRO – PREFEITO MUNICIPAL DE
UBERLÂNDIA.
JUDICIÁRIO
JOEMILSON DONIZETTI LOPES – DIRETOR DO FORO.
LEGISLATIVO
CÂMARA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA
HÉLIO FERRAZ – PRESIDENTE.

ADICIONALDO CARDOSO

MÁRCIO NOBRE

ADRIANO ZAGO

MISAC LACERDA

CARLITO CORDEIRO

MURILO FERREIRA

CÉLIO MOREIRA

NORBERTO NUNES

DELFINO RODRIGUES

PASTOR LEANDRO

DOCA MASTROIANO

PROFESSOR NEIVALDO

ESTEVÃO BITTAR

RONALDO ALVES

GILMAR PRADO

VILMAR REZENDE

HÉLIO FERRAZ

WILLIAN ALVORADA

JERÔNIMA CARLESSO

WILSON PINHEIRO

LIZA PRADO

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

DEPOIMENTO
	
Siomar Rodrigues de Sousa é o poeta com o maior número de obras
literárias publicadas no Brasil Central. Sua produção, é diversificada: livros,
vídeos, long-play’s, cd’s, posters e dvd’s. Criou estilo único na composição
de poemas na América do Sul. Foi líder no Brasil Central na confecção de
poemas em discos, vídeos e dvd’s. Pioneiro na formação de grupos literários
no Triângulo Mineiro e região.
	
A partir de 1960, com apenas vinte e cinco anos, formou vários
partidos políticos em Uberlândia-MG, e com coragem de guerreiro, enfrentou
a ditadura militar do General Humberto Castelo Branco. (Foi líder da oposição
no Triângulo Mineiro - PMDB).
	Foi candidato a Deputado Estadual mais novo do Brasil em 1966, e
lançou o candidato a Prefeito de Uberlândia Lourival Rodrigues de Sousa,
com apenas 21 anos de idade, sendo o mais jovem na história política do
Triângulo Mineiro.
	
Em 1998 foi candidato a Prefeito Municipal de Uberlândia-MG. O
poeta teve múltiplas atividades; Escritor, empresário, historiador, funcionário
público no Governo Federal, Estadual e Municipal; Político, cineasta na
produção de vídeos e dvd’s com poemas, som e imagem.
	
Sua poesia é romântica, repleta de ternura, amor e respeito ao ser
humano. Nela combate os crápulas, os corruptos, que levaram a falência à
sociedade brasileira.
	
O escritor pertence a uma família de desbravadores. Seu pai, Sidney
Rodrigues de Sousa, na década de 50, ajudou a construir caminhos, vilas,
cidades, transportando mercadorias para Goiás e Mato Grosso. Em 1958 o
poeta viajou para Mato Grosso, testemunhou o fato histórico; E verificou
que os simples e antigos lugarejos, se transformaram em grandes cidades na
região.
	
Seu primo pelo lado paterno, LAURENTINO MARTINS
RODRIGUES, em 1943, deu início ao povoado, que em 1953, seria

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Siomar Rodrigues de Sousa

emancipado, transformando-se na cidade goiana de GOIANÉSIA, sendo o
fundador do Município.
	
O poeta pelo lado materno, descende da família Vellasco, que
contribuiu na transformação de Goiás, antiga capital do Estado.
	
Siomar Rodrigues de Sousa, jamais foi conservador. Sempre
buscou mudanças a procura de novos valores, para o desenvolvimento do
Brasil. Foi como Bartolomeu Bueno da Silva, (o Anhanguera), e Fernão Dias
Paes Lemes, um Bandeirante, a procura de novos rumos na construção de um
mundo novo.
	Combatido, amado, perseguido, sempre seguiu avante na
conquista de tudo aquilo, que acreditava. Foi derrotado várias vezes na luta
desproporcional, mas se erguia e seguia seu objetivo, que seria a conquista do
ideal na complementação de seus sonhos. Entre vitórias e derrotas, conseguiu
na somatória de tudo, um saldo positivo no desempenho cultural da nação,
contribuindo de forma expressiva, para a formação cultural e cívica do povo
Brasileiro.
	
Siomar Rodrigues de Sousa nunca foi omisso nas questões sociais
do Brasil. É um ser humano que jamais passou despercebido. Foi amado
ou odiado, nunca esquecido. É um poeta, que certamente ficará na história
literária do Brasil, pela sua poesia, pela sua liderança na construção de novos
rumos, para a literatura na região Central do Brasil.
	
Siomar Rodrigues de Sousa, nunca se esquivou nas questões sociais
do Brasil, e considera a omissão um crime contra a sociedade, favorecendo
sua decomposição. Sempre foi combativo, intransigente na defesa dos menos
favorecidos e espoliados. Seu estilo relembra as sábios palavras de Theodoro
Roosevelt, filósofo e Ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte:
“È muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glorias,
mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de
espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem nessa
penumbra cinzenta, que não conhece vitória e nem derrota”.
	
O poeta fundou várias entidades culturais e a Academia de Letras,

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Artes e Música da América do Sul no ano de 2000 (Alamas), ainda sem
atividade. Visa a fermentação cultural e política da América do Sul. Seu
estatuto previa a formação da Confederação de Nações da América do Sul,
com moeda única, Parlamento, semelhante à União de Estados da Europa, já
com 25 países; Finalmente no ano de 2008 foi criada a UNASUL sonhada
pelo autor.
	
O poeta Siomar Rodrigues de Sousa tem um sonho, que seria a
criação do Governo Mundial (A união dos Estados Confederados). Povos
unidos, sem guerras, exércitos, onde todos recursos seriam aplicados para a
paz e felicidade do ser humano na terra.
	
Sua devoção por Brasília é notável, sendo que a maioria de seus
títulos literários, leva o nome da nova Capital do Brasil e de seu fundador
Juscelino Kubitschek de Oliveira, que em vida, nutria pelo poeta uma
enorme admiração, tendo inclusive afirmado: Siomar, em sua poesia encontrei
versos de profunda beleza.
	
Siomar Rodrigues de Sousa, é um poeta de mão cheia como disse o
escritor Gustavo Dourado, Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito
Federal.
	
Ronaldo Cagiano afirmou: Siomar Rodrigues de Sousa é um autor
vocacionado, para o oficio, integrando aquela parcela de altruístas, que
defendem a poesia com todas as suas armas, como um Quixote a mover o
mundo, para defender a poesia.
	
Tasso de Abreu, autor do livro “Gramática Explicativa da Língua
Portuguesa” assim se expressou: A obra de Siomar vislumbra valor, elegância
de estilo e conteúdo poético de primeira categoria.
	
Bernardo Elis Fleury Curado, da Academia Brasileira de Letras
assim se referiu: Siomar, velho amigo de Goiânia e Brasília, poeta e homem
realizador, a estima e minha eterna admiração.
	
O poeta e historiador Siomar Rodrigues de Sousa, foi o autor da minuta
e da ação no projeto de lei que deu origem ao primeiro tombamento histórico
de Uberlândia (Prédio da antiga Câmara Municipal e da Prefeitura

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Siomar Rodrigues de Sousa

Municipal). Projeto de lei apresentado pelo vereador Ângelo Cunha Neto e
sancionado pelo Prefeito e líder Virgílio Galassi, que inicialmente destinou o
imóvel, PARA O MUSEU HISTÓRICO, CULTURAL E POLÍTICO DE
UBERLÂNDIA) fundado pelo cientista social Siomar Rodrigues de Sousa
em 1978, e oito anos após por motivos não éticos e de ciumeira, tal doação
foi cancelada, através de mudança da lei e o imóvel foi destinado, para o
município e recebeu o nome de MUSEU HISTÓRICO MUNICIPAL.
	
Siomar é incomum, guerreiro, honesto, valente, transparente e
sobretudo gente de bem. Ele é o poeta da nova geração de Brasileiros. A
história irá conferir, é só esperar. Sua poesia é como vinho; Quanto mais
velho melhor.

TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA
Historiador – Poeta
(Rio de Janeiro - RJ)

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

PENSAMENTOS
É melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota,
do que formar fila com os pobres de espírito que não gozam muito, nem sofrem muito, porque
vivem nessa penumbra cinzenta, que não conhece vitória nem derrota.
Theodore F. D. Roosevelt
(Ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte)

O poeta ou o artista, que pratica a cultura no interior do Brasil, sem objetivo econômico,
e é movido pelo supremo ideal na transformação do homem e do mundo, pode e deve ser
considerado um arcanjo, principalmente pelo fato de que nosso planeta terra, está perdido entre
o bem e o mal.
Siomar Rodrigues de Sousa

Diga-me o tamanho de teu desejo e eu te direi o tamanho de teu sofrimento
Siomar Rodrigues de Sousa

O caráter se reflete na conduta, tal qual a imagem no espelho.
Siomar Rodrigues de Sousa

O conselho sábio de uma mãe, é tão útil como um copo de água fresca no deserto.
Siomar Rodrigues de Sousa

Diga-me o tamanho do teu dinheiro e eu te direi o tamanho do teu conforto.
Siomar Rodrigues de Sousa

O sol dos grandes gênios, só brilha sobre a rampa dos campanários.
Autor desconhecido

IMPORTANTE
O autor possui 321 poemas, produzidos ao longo de 50 anos de vida poética; Neste livro o
poeta selecionou na sua opinião os melhores com nota dez.

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Siomar Rodrigues de Sousa

46 Obras Literárias

01 – 10 Poetas no Brasil Central
	
livro 	
02 – Poemas (compact)
	
disco
	
03 – Poemas (compacto)
	
disco
	
04 – Poemas (acetato)
	
disco
	
05 – Poemas (acetato)
	
disco
	
06 – Poemas para amar em Brasília
	
livro
	
07 – Antologia dos poetas de Brasília
	
LP
08 – Romance em Brasília
	
LP
09 – Siomar e Brasília
	
LP
10 – Primavera em Brasília
	
LP
11 – Poemas em poster azul
	
quadro
12 – Poemas em poster verde
	
quadro
13 – Poemas em poster vermelho
	
quadro
14 – Poemas em poster preto
	
quadro
15 – Poesias de Uberlândia – partic.
	 livro
16 – Poetas do Brasil (Coletânea M. Editora)) 	
livro
17 – Poemas para o coração
	 vídeo
18 – Poemas para amar
	
vídeo
19 – Poemas para sonhar
	
vídeo
20 – Poemas em êxtase
	
vídeo
21 – Poetas de Uberlândia
	
vídeo
22 – Siomar Rodrigues de Sousa
	
vídeo
23 – Poetas do Brasil
	
vídeo
24 – 3 poetas em família
	
vídeo
25 – Poemas para os namorados
	
vídeo
26 – Poetas de Brasília
	CD
27 – Siomar e Caldas Novas
	CD
28 – CTC e Caldas Novas
	CD
29 – Poetas de Uberlândia
	CD
30 – Poemas reunidos (na internet)
	CD-Rom
31 – Siomar e Brasília
	
livro
32 – Poemas para o coração	
DVD	
33 – Poemas para amar	
DVD	
34 – Poemas para sonhar	
DVD	
35 – Poemas em êxtase	
DVD	
36 – Poetas de Uberlândia 	
DVD	
37 – Siomar Rodrigues de Sousa	
DVD	
38 – Poetas do Brasil	
DVD	
39 – 3 Poetas em família	
DVD	
40 – Poemas para os namorados	
DVD	
41 – Poemas para amar a mulher brasileira 	
livro
42 – Poesias em Uberlândia	
livro	
43 – Poemas selecionados em Uberlândia
	 livro
44 – Poemas reunidos (55 anos de poesia)	
livro
45 – Minha luta (História Política e Cultural) 	
livro
46 – Poemas da juventude
	
livro

	

	

	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	

	
	
	
	

	

	

	
	

	

	
	

	

1965
1967
1967
1967
1967
1972
1972
1972
1972
1972
1978
1978
1978
1978
1986
1990
1996
1997
1997
1997
1998
1998
1998
1998
1998
2001
2001
2001
2002
2002
2002
2004
2004
2004
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2004
2004
2004
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2004
2008
2009
2010
inédito
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AMOR, SOMENTE O AMOR
Amor,
só tu, amor, tens o direito supremo de penetrar
no jardim florido de meu peito, em loucos delírios,
e viver, para sempre, no reino encantado da poesia.
Só
tu, amor, que desces em longas espirais das brancas estrelas
do infinito em ondas de energia, luz e paz,
és capaz de estraçalhar fibras e moléculas de meu coração,
em preces de devoção e renúncia, em cântico dos cânticos
na sinfônica natureza em noite enluarada.
Só
tu, amor, jorrando dos olhos verdes da mulher amada,
tens o poder real e sacrossanto de levar lágrimas virgens
a meus olhos tristes, fiel escravo da mãe natureza,
no seu mais puro êxtase.
Só
tu, amor, só tu e ninguém mais, na comédia do mundo,
és capaz de transformar meu espírito de mendigo a Rei
e de Rei a mendigo, de transformar em meu peito
o triste no belo e o belo no triste, na lógica reação
da mais sublime e terna emoção, o amor.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Só
tu, amor, só tu conseguiste a unificação do homem na terra azul,
só tu foste capaz de mover a roda da história
de encontro ao futuro, só tu foste o fecundador
do espírito de Deus, antena de luz e paz, ternura d’alma.
Só
tu, amor, foste o dínamo propulsor do gênio de meu viver...
se vivo é só na louca esperança de um dia poder encontrar-te,
em êxtase, na fascinação que produz os lábios vermelhos
da loura virgem de olhos azul-atlântico.
Só
tu, amor, unificaste o universo e na tua forçagravitacional
giram todas as brancas estrelas do infinito.
Tu
foste para mim, amor, a beleza, o ideal perfeito,
o anjo bom de brancas asas que, descendo do céu azul
foste capaz de arrebentar fibras de meu peito solitário
em loucos suspiros de renúncia e perdão.
Só
tu, amor, só tu nascerás pela manhã numa canção
de luz e paz, sob o gorjeio sinfônico da passarada em festa
e renascerás triunfante na solidão da madrugada.
Só
tu, amor, só tu e ninguém mais foste tanto para mim,
quando procurando te encontrei no gorjear do sabiá,
em tardes douradas, embriagando-me na tua doce sinfonia;
foste o tudo e o nada, quando buscando-te não te encontrei
na solidão das noites frias e sem luar.

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Eu
te amo, amor, tu que és ondas de energia e luz,
porque eu e tu somos gêmeos, somos unidade em espírito
e carne, na luz infinita e imortal do universo,
que borda em mil sonhos a força potente e dinâmica
de minh’alma pioneira; Foste tu, amor, só tu, amor,
que habitas o sorriso infantil das rosadas crianças
infantes do futuro, que amo acima de todos os altares,
na catedral florida de meus sonhos,
perdidos na amplidão do firmamento eterno.
Foste
tu, amor, que germinaste o galopar do vento errante,
que corre qual louco corcel pelas verdes campinas em festa.
Foste
tu, amor, que ao cair das tardes morenas, sob o gorjear
da triste araponga, vai levar de mansinho o teu doce beijo
às flores silvestres nos jardins coloridos da serra.
Foste
tu, amor, só tu, amor, que fecundaste a natureza, criando vida,
multiplicando existência, gerando o presente,
o passado e o futuro; Só tu, amor,
só tu que nas louras primaveras foste capaz de fecundar
verdes campos em flor com teu hálito divino;
Só tu borda em mil contrastes a sublimidade dos verdes bosques
e tornas o chão salpicado de mil cores, folhas mortas,
vermelhas e amarelas, que caem das árvores frondosas
no jardim da existência, fonte de todo amor da vida,
germe de tudo e do nada; Só tu, amor,

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Siomar Rodrigues de Sousa

no calor de tua humildade levas o fogo da felicidade
a todos aqueles que, em tardes musicadas,
sob o gorjear da passarada, se querem, se abraçam, se beijam,
incendiando o espírito, à sombra fresca dos laranjais.
Só
tu, amor, só tu irás acompanhar-me ao derradeiro abrigo
em túmulo frio, onde eu e tu, na unidade da essência universal,
fecundaremos com o germe de nosso ser estrelas solitárias
na eternidade do infinito, gerando mil sóis a iluminarem
o universo de Deus.

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VERSOS À UM FUTURO FILHO
(Ao filho Dr. Alexandre Magno Masini de Sousa)

Meu filho, meu adorado filho,
tu que ainda não vieste à vida,
tu que já foste filho do tempo e do espaço,
tu que já foste átomo e molécula desintegrada
dentro do vazio e da amplidão do cosmo,
tu que já foste partícula elétrica do universo,
tu que ainda não fôste-gerado no cômico teatro do viver
e que dormirás no útero virgem da donzela.
Meu filho, meu adorado filho,
tu que és adorado e amado antes da comédia física,
tu que és velho como os antigos deuses,
tu que já viveste no Sudão, no Iraque, na Rússia e no Egito,
tu que já sofreste nas caminhadas longas do passado.
tu que já foste rico, plebeu, desgraçado, feliz e hipócrita
nas etapas compridas das encarnações remotas
e no berço das sucessivas vidas de outras eras,
tu que foste átomo e serás espírito fecundado
no seio virginal da donzela
e que serás amado pela mãe,
que ambos desconhecemos.
Meu filho, meu adorado filho,
germe do espaço, filho das forças cosmonais,
filho oculto do Deus, que não conheces e que
teu pobre pai ignora, dentro da filosofia
do universo indecifrável;
Tu que és filho incógnito do incompreensível
e produto das complicações do vazio da existência.

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Siomar Rodrigues de Sousa

tu que virás ao planeta terra e indagarás ao teu pai:
“Pai, por que vivo? qual a razão da vida minha? por que sinto
o palpitar do sentimento dentro do meu peito juvenil?”
então teu pai responderá que também procura o significado
do significado, daquilo que tu também procuras, filho meu.
e então ambos em prantos, procuraremos, nas jornadas do futuro,
a decifração do nada e a filosofia das forças incompreendidas,
porque creio, filho meu, que a vida continua e o espírito sobrevive,
além do frio cemitério da terra e além da transitória matéria,
que é apenas o carro condutor da alma, que se desenvolve
através dos tempos vindouros do futuro.
Meu filho, meu adorado filho,
eu te amo, antes de te ver na comédia humana,
porque acredito ter-te amado noutras planetárias encarnações,
noutras eras, talvez longínquas da história remota
e que latejam no inconsciente do ser, que Deus deu-me
no limiar da existência.
Meu filho, filho meu,
tu que és anjo de Deus e que aguardas a vindoura hora,
para nascer no mundo da miséria e do sofrimento
e para se prostituir no mundo dos egoístas cruéis,
no qual os homens precisam ser feras,
para viverem num mundo de feras,
tal qual Augusto dos Anjos em líricos versos cantou.
Meu filho, meu adorado filho,
tu que vais ser filho e vais ser pai
e vais sentir na carne o espinho agudo
da sociedade prostituída.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Meu filho, meu adorado filho,
tu que foste filho do espaço e do trovão,
tu que foste filho das forças do cosmo
e do oculto Deus;
O teu pai espera-te no planeta,
para guiar-te na escuridão
e nas trevas dos espíritos cruéis
duma humanidade sem rumo certo
e ignorado.
Filho meu, ó filho humilde de minh’alma,
filho dos átomos, que rodopiarão no corpo meu,
teu pai espera-te para te beijar e guiar
no certo caminho,
para acariciar os olhinhos teus,
os cabelos teus
e quando te sentires adulto
sê forte, sê meigo, sê gentil,
para enfrentar a social-doença do injusto mundo,
de misérias, de calúnias, de crimes
e não te deixes corromper com os miseráveis,
com os prostitutos da corrupção,
com os corrompedores da comunidade,
com os injustos, com os malfeitores,
com os vaidosos, com os ricos e com os egoístas.
Sê, filho meu, amigo do pobre que redime
a humildade e a beleza de tudo que é belo;
Sê amigo dos animais, que são irmãos teus,
no processo rotineiro da evolução cosmonal.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Ama os animais, ama a água, ama o espaço, ama tudo,
filho meu,
porque tudo e todos são irmãos teus
e estão, como tu, dentro das leis científicas da evolução
do viver, porque tudo se cria e evolui
dentro do conceito da lógica e da razão.
E quando estiveres grande estuda bastante, filho meu,
para clarear a alma tua, única herança do túmulo da terra,
porque o estudo clareia a alma, filho meu, que resides no espaço...
sê, filho meu, um poeta, um astrônomo, um músico, um filósofo
ou mesmo um pobre homem, mas honesto, porque os pobres
são os anjos que Deus colocou no mundo, para fazer a redenção
dos humildes e dos justos.
Une-te com os justos, para fazer a justiça dos tempos finais
e apocalípticos, cantados na Bíblia de Jesus Crucificado
e aparta-te dos retrógrados, dos homens, que vivem
com o espírito dentro das trevas da incompreensão.
Meu filho, meu adorado filho,
quando tu fores velho, pai, avô e bisavô,
perdoa o teu pai que já morreu,
e que não te deu o suficiente para viveres corno um sábio
e então, do outro lado da vida, eu te esperarei,
para nós dois procurarmos o porquê da existência
e, juntos, representarmos no cósmico teatro do viver
“A nova comédia humana”.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

AMEI TEUS OLHOS AZUIS
Amei-te
no momento primeiro em que senti teu cheiro
de pétalas de rosas, tua pele alva, fina, macia, teus olhos azuis,
pedindo tudo, suplicando amor, proteção,
tua boca bem feita na tua carne de desejo e posse,
teus vermelho lábios, convidando-me a beijá-los no amor da carne,
no êxtase dos Deuses.
Ah!...
teu sorriso, teus louros cabelos, teu perfume,
tua pele, qual seda chinesa, ornamentando teu vulto escultural
de deusa dos altos píncaros celestes.
Meus
olhos de poeta cruzaram com teus olhos azuis,
mansos, meigos, tranqüilos de mulher feliz,
de bem com a vida, tua figura transmitindo paz,
felicidade, penetrando no interior de minh’alma pioneira,
provocando delírio e vibração nos átomos solitários de meu corpo
genético de carne e osso, que irá se decompor no túmulo do cemitério frio.
Amei-te
no momento primeiro em que senti teu cheiro de pétalas de rosas,
tua pele alva, fina, macia, teus olhos azuis, pedindo tudo,
meus olhos cor de mel, te prometendo o céu, o amor e a terra.
	

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Siomar Rodrigues de Sousa

Tu
foste o anjo sonhado nos verdes anos
da juventude em festa, tua boca esculpida,
cortando teu rosto em duas paralelas sensuais.
Teu
sorriso, ah! a magia de teu sorriso,
se abrindo como sol na primavera em festa,
teu cheiro, tua ternura de mulher verdadeira,
não destas fêmeas, que existem por aí, perdidas
na ilusão da independência, destas que perdem tudo,
a família, os filhos, o esposo na neura dos conflitos,
destruídas na teia de aranha da vaidade,
do material, do status, do inútil, do transitório,
explodindo corações na provação cruel, insana,
que tortura e mata.
Tua
cintura fina, prolongada pelos teus quadris arquitetônicos,
complementados por tuas pernas longas, perfeitas,
estimulando vibração no coração do poeta em noite fria,
extasiando, afogando o espírito na loucura dos sentimentos.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

ARMADILHAS NAS REENCARNAÇÕES
Jesus,
que brincadeira a vida reservou-me neste orbe,
no caminhar das várias encarnações no remoto passado!...
que vim fazer nesta terra como forasteiro?...
sou filho do planeta Capela, da música perdida nos confins do universo,
sou neto da gravitação dos astros; Meu berço é lá no esplendor planetário,
noutras vidas, noutras encarnações; Surgi oriundo da desintegração
do átomo, no rodopiar dos elétrons; Sou energia magnética das galáxias,
sou micro e macro existente na eternidade das estrelas;
sou microcosmo refletindo imagem do criador
na relatividade do espaço azul; Sou grão de areia na terra,
que fecunda a criação fantástica do incomensurável,
adquirindo poder de inteligência, discernindo o certo,
o errado, o bem, o mal.
Fui
guerreiro entre guerreiros, Imperador entre Imperadores,
intelectual na Revolução Francesa, Senador no Senado Romano,
inconfidente na Inconfidência Mineira, Rei entre Reis;
Lutei na Grécia de Alexandre Magno, Comandante entre Comandantes,
destruindo povos, tentando construir e na lei do retorno,
fui miserável entre miseráveis, plebeu entre plebeus.
Através dos séculos fiz história, entre guerras e guerras,
revoluções e revoluções; acreditei no inacreditável,
sonhei uma sociedade solidária no jardim de rosas vermelhas,
sensibilizando o antropóide; Fui soldado e General
no destino da raça humana, bela, cômica, triste;
Movi a roda do desenvolvimento no calendário do tempo,

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Siomar Rodrigues de Sousa

no perpetuar lento do progresso social;
Dormi nos pântanos, no frio, assisti à decomposição
dos vencidos cadáveres, para quê e por quê?... para o nada,
para o vazio, para o túmulo, para o esquecimento,
só encontrando ternura no sorriso expressivo da criança,
doçura no amor natural no cão vira-lata e vadio,
que surpresa, Senhor meu Jesus!... Que surpresa na solidão
dos astros!... Que sofrimento na evolução do bicho homem!...
Jesus,
que brincadeira o viver reservou-me
nesta encarnação!...
Na
juventude, na aurora da existência consumida,
sonhei e fiz dos sonhos meus uma meta de luta,
um pedestal, um reino encantado onde colocaria
meu suor, minhas ilusões, minhas conquistas.
Desejei,
fama, poder, reconhecimento, família, filhos,
netos, melhorar o mundo, deixar rastro de evolução
para a pobre humanidade e hoje, no entardecer dos anos,
com sabedoria dos cabelos brancos,
contemplo com desesperança e descrença os encantos de outrora,
que imaginei iriam iluminar meu espírito bêbado de esperança,
embriagado nos verdes anos.
Desejei
fama, encontrei humildade;
Desejei poder, encontrei desconfiança, inveja;

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Desejei retidão, encontrei o crápula, o rato de esgoto;
Desejei família, encontrei mulher neura dos problemas;
Desejei filhos, encontrei inimigos da idade média;
Desejei netos, prefiro nem pensar na provação!...
Desejei reconhecimento, encontrei intriga, perseguição;
Desejei luz, clarividência, mas imbecis desejam trevas;
Desejei governo planetário, que só virá no determinismo da história,
que purga atrozmente o íntimo de cada um;
Desejei amor... Ah! o amor dos anjos,
aquele que penetra de mansinho levando o coração e o espírito
no gozo das delícias.
Desejei
o amor de São Francisco de Assis
e só o encontrei na beleza material da esfera terrestre;
Amei o próprio amor de Deus refletido nas montanhas,
nos vales verdes, na imensidão do mar, na tranqüilidade
dos pequenos córregos, na sinfonia do gorjear dos pássaros,
na magnitude das cachoeiras, na poesia do mendigo,
na luta dura das formigas, na filosofia dos sábios,
na mansidão dos santos, na indagação magnífica
do desconhecido, na candura do mestre da Galiléia,
na renúncia das ilusões, na profundidade dos ensinamentos,
na humildade da crucificação.
Ah!...
Se na aurora da existência em festa perdida,
eu pudesse seguir a máxima de Cristo, se quiseres
alcançar o reino de Deus, vá dividir tudo que possuir,
venha e me acompanhe.

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Siomar Rodrigues de Sousa

ELA E O UNIVERSO
(Para Letícia Seravalli Oliveira)

Ei-la
que passa altiva e bela, vestida de minissaia amarela
e como o próprio universo infinito, ela caminha
numa suprema graça, como o cisne branco corre sobre
tranqüilas águas dos belos lagos recortados por verdes serras.
Ei-la
que se aproxima... é o próprio universo que surge
na passarela em festa, com toda sua harmonia refletida,
no corpo esguio de fêmea, que é o próprio infinito
ornamentado na mais pura das formas em tarde azul.
Ei-la
que surge... é o universo de encontro a minh’alma errante,
é a graça, é a poesia, é a beleza, é o amor perfeito
que se aproxima em passos compassados, no ritmo da suprema
obra de Deus, a mulher, a meiga mulher amada.
Ei-la
que passa altiva e bela, vestida de minissaia amarela;
Na cadência de passos lentos, ela caminha tranqüila e soberana;
É o próprio universo que passa e os astros da noite azul
seguirão, para todo o sempre sua sombra,
seu vulto gracioso de mu1her bonita.
Ei-la
que se aproxima, é o universo infinito de encontro
à minh’alma pioneira, é ela que vem, calada e sorridente,
como deusa dos caminhos, enchendo vida de sonho
e sonho de vida, trazendo na pureza de seus vermelhos lábios
o néctar da única beleza do mundo, o amor, somente o amor.

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SIOMAR, ELA E BILAC
Disse
Olavo Bilac, poeta maior:
cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste
e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos
povoada e a alma de sonhos povoada eu tinha
e parados de súbito na estrada da vida, longos anos presa
à minha a tua mão.
Veja, meu amor,
Bilac poeta do eterno beijo estraçalhou meu coração
com a ternura imaculada de teus sonoros versos.
Veja meu amor,
Olavo Bilac do frio túmulo invadiu com o frenesi
de teu belo canto o interior de minhas moléculas,
explodindo o DNA de minha clonada carne, na genética
engenharia de meus históricos antepassados.
Veja meu amor,
Bilac com a ternura de sua poesia penetrou meu sangue;
Sua melodia invadiu minhas veias, inundando no gozo
d’alma minhas moléculas já semimortas, semidecompostas
nas veredas desta terra azul, nas amarguras
deste mundo cruel, insano.
Veja,
pálida donzela, tu em sonho me ouves na penumbra
de teu quarto na noite escura, nua com tua epiderme
macia no convite ao sexo enlouquecido, no desejo
de amor e posse.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Veja
a candura deste poema:
cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste
e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos
povoada e a alma de sonhos povoada eu tinha.
Veja, amor,
eu poeta clonado na estelar energia, embriagado
no tresloucado amor entre beijos e abraços, dizendo-te;
Tu és sensual de calcinha preta, com teus brancos seios,
desnudos, convidando, provocando desejos incontidos.
Tu
que me ouve no leito macio, tu, virgem
nos sonhos n’alma pura.
Eu
habitando teus delírios afirmo:
tu, fêmea dos sonhos meus, cerra teus verdes olhos,
descobre tua imagem, tuas pernas de pele branca,
macia como seda chinesa, para que nossos corpos
se completem na comunhão carnal.
Amor,
minh’alma está contigo na tua cama macia
de descanso; Eu, nu, deitando-me a teu lado,
sussurrando poemas de encanto e posse a teus ouvidos,
para que tu possas ires ao gozo do supremo espírito,
em múltiplos orgasmos e tu sentirás o cósmico esperma
penetrando no teu ventre, fecundando-te na santidade
da reprodução dos eleitos seres, no amor universal,
perdidos na eternidade das brancas estrelas do céu azul,
com trilhões de galáxias, oriundas da magnética energia
de Deus cósmico, gerado na desintegração do átomo,
da matéria, da anti-matéria na espontânea geração.

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Meu amor,
disse Olavo Bilac: cheguei, chegaste, vinhas fatigada
e triste e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma
de sonhos povoada.
Dorme outra vez, cerra teus verdes olhos, virgem donzela,
sonha com este poema de meiguice n’alma tua,
porque quando tu acordares pela manhã na primavera
em festa, sob o canto do bem-te-vi, tu sentirás
meu corpo quente acoplado ao teu corpo escultural,
para amar-te no tesão perfeito de triplos orgasmos,
e eu, poeta da vida, sussurrando a teus ouvidos versos
de delírios e êxtase, para teu corpo enlouquecido.
Ao
acordar tu sentirás min’alma ajoelhada a teus pés,
e tu, só tu, trêmula, louca, tocando minha boca,
minha língua enrolada à tua, no beijo molhado
pelo orvalho da madrugada; Eu, bebendo tua saliva,
tu sugando minhas proteínas, minha língua
descendo pelo teu corpo branco, macio, sentindo
o suor de teus poros entreabertos e tu no frenesi
do trêmulo gozo, dizendo-me entre abraços e beijos:
querido, eu te amo no eterno amor; E eu, beijando-te
o ouvido, os seios, o pescoço, os vermelhos lábios,
acariciando teus negros cabelos eu digo:
cheguei,
chegaste, vinhas fatigada e triste e triste
e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos povoada
e a alma de sonhos povoada eu tinha.

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Siomar Rodrigues de Sousa

SONHOS DE TERNURA
Quis
amar-te no amor dos anjos e dizer-te,
que tu serias deusa no altar de meus devaneios,
desejos e quimeras.
Quis
dizer-te, alma minha de minh’alma, clone genético
de meus delírios incontidos, fotografia
de dois seres unos no celestial amor, que só anjos
dos altos píncaros siderais conhecem na retidão do puro,
do sobrenatural.
Quis
dizer-te tudo e o nada e meus olhos contemplando teus olhos;
Tu serás companheira nos caminhos deste planeta, duro, cruel;
Serei teu guia nos momentos de desespero.
Tu serás ternura dos seres perfeitos, secando lágrimas de sangue
nos olhos meus.
Quis
amar-te e beber tuas virgem lágrimas, com beijos quentes de ternura,
devoção dos seres superiores.
Quis
deitar-me a teu lado, sentir o calor de teu corpo quente,
beijar-te na tua face de pele branca, fina, macia, qual seda chinesa,
para dizer-te: tu és única na terra, nas estrelas; Serás mãe dos filhos meus
nos tortuosos caminhos do mundo aflito em noite fria, escura.

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Quis
acordar-me pela manhã, no raiar do novo dia,
senti-la nos meus braços cansados, nos desenganos do orbe aflito
e dizer-te: tu serás sonho de meu sonho, carne de minha carne,
sonoridade na doce poesia, êxtase de todos os êxtases,
néctar de todos os néctares.
Quis
acordar todos os dias e entregar-te uma vermelha rosa
molhada pelo orvalho da madrugada, como prova, veneração de minha
devoção, ternura de meu sexo incontido.
Quis
arrancar meu coração de poeta incompreendido,
para entregar-te o sangue quente de meu corpo
estelar, como testemunha do louco orgasmo
de minha devoção.
Quis,
nos sonhos meus, acordar todos os dias,
todos os anos e tê-la sorrindo a meu lado,
no sinfônico gorjear do bem-te-vi na manha sonora,
para entregar-te um buquê de vermelhas rosas,
perfumadas pelo orvalho das madrugadas, abençoadas
pelo supremo néctar das brancas estrelas, para dizer-te:
tu, só tu foste única, verdadeira; Tua ternura,
teu coração iluminou meus caminhos neste planeta
conturbado.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Sonhei,
na aurora da existência consumida, amar-te no amor profundo,
mas na contradição do terrestre carma,
tua alma estava distante milhões de anos-luz de minh’alma,
na evolução de valores da terra, das estrelas pioneiras,
e aí vivi o sofrimento, a provação, que tortura, fere, mata sonhos,
mil sonhos, foram só sonhos, nada mais do que sonhos!
Foi
belo enquanto durou. Só sonhos nada mais do que sonhos
desfeitos nas tardes frias.
Que
pena! Que cruel fatalidade! Quis amar-te, esforcei-me,
mas nossos espíritos desiguais, estão separados
por milhares de anos-luz, na relatividade de Albert Einstein.
Creio que um dia encontrarei noutras existências o anjo sonhado,
para juntos navegarmos como cosmonautas
pelas bilhões de galáxias no espaço estelar.
Tu
foste sonhos, só sonhos, nada mais do que sonhos
desfeitos, nas tardes frias na união do eterno carma,
que purifica todos os seres no filtro da reencarnarão.

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TERNURA, CHARME E O POETA
Teu
nome é ternura, charme, elegância, postura
imaculada de mulher de bem com a vida,
com tua pele macia como seda chinesa,
bem tratada no belo rosto esculpido
por fídias nos remotos tempo da Grécia...
de Sócrates, de Píndaro, gênios do perfeito.
Teu
corpo torneado, sensual, perfeito na geometria
do incalculável; Teus seios sem efeito gravitacional,
no lugar certo, na moldura do conjunto arquitetônico;
Teus poros na tua pele aveludada transpirando emoção
da existência em festa, refletida no teu vulto
gracioso de fêmea, destas, que ainda usam vestido
próprio da mulher, que está deixando de existir.
Tu
na penumbra da pista de dança do Castelli Hall,
teus olhos fechados, sentindo a italiana música,
invadindo teu ventre, que entorpece o coração
do poeta, no êxtase de todos os êxtases,
no cântico de todos os cânticos.
Teus
olhos semi-fechados, teu espírito extasiado,
navegando, mirando estrelas, levitando por outras
galáxias, sentindo a ternura da criação divina,
que somente seres privilegiados poderão sentir.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Teu
corpo é ternura, charme, elegância, postura;
Obrigado por existir, motivando este poema,
comovendo a lírica emoção do poeta,
no charme de todos os charmes,
no êxtase de todos os êxtases,
no cântico de todos os cânticos.
Tu
só tu provoca-me no platônico devaneio,
meus lábios vermelhos beijando tua boca esculpida,
charmosa, rosada, paralela no eterno beijo de Romeu e Julieta,
refletindo o êxtase universal da criação divina.
Tu
só tu, fêmea de meus solitários cantos,
leva-me a triplos orgasmos, vertendo lágrimas de cristais
a minha face ornamentada de diamantes, projetando novas cores
aos olhos meus, castanhos, cor de mel, pedindo tudo,
suplicando teu amor no leito macio do devaneio,
no sonho de todos os sonhos imaculados do poeta
em noite fria, eu dizendo-te tu serás minha e tu dizendo-me,
serei tua, para sempre, para todo o sempre, nesta vida
e em outras existências, perdidas na eternidade do universo
estelar de Deus.

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A NOIVA E O POETA
A igreja
quieta, úmida e fria,ornamentada de rosas vermelhas,
ao fundo, aos pés do altar de CRISTO o poeta chora
a soluçar.
Cabisbaixo
e ajoelhado, reza e no rosto duas lágrimas
de sangue a brilhar.
Lábios trêmulos,
exclama: Senhor, ó Jesus, ó cordeiro da Galiléia, venho
entregar-te os versos meus, porque a doce amada,
música de minha alma, partirá para sempre
com outro homem, um desconhecido nos sacrossantos
laços da união matrimonial.
Adeus,
Senhor, aqui estão meus poemas,
carbonos de meu ser hiper-sensível, lírios, flores,
perfumes de meu espírito, porque, partirei para a eternidade
do tempo pelo caminho curto do portal do suicídio.
Louco,
desvairado, o poeta caminha, para o altar da Virgem Maria
e de joelhos cai aos seus pés.
Nisso
os sinos tocam, ouve-se a marcha nupcial.

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Siomar Rodrigues de Sousa

De repente...
Ei-la, que surge de véu e grinalda, toda vestida de branco,
altiva e bela.
Garbosa
e sorridente, de passos compassados,
ao som da marcha nupcial, sob os olhares dos convivas,
a noiva entra na igreja ao lado de outro: seu noivo.
No fundo,
ajoelhado, o poeta chora lágrimas de tortura vertidas
pelas armadilhas da vida e no seu canto perene de morte,
se dirige à Virgem Maria, mãe de Jesus;
Ó Virgem, não permitas, que ela parta com outro
e que se vá para tão longe dos lábios meus,
que, outrora, foram a ilusão de meus beijos.
Perdoa-me
ó santa, errei ao abandoná-la ao léu do desprezo
e da amargura e hoje, arrependido,
venho suplicar a ajuda tua
e prometo ser o melhor dos homens
e encher os dias de meu anjo de crianças, lírios, flores,
perfumes, de amor, de carinho, de felicidade
e juro criar os filhos nossos, para a tua divina glória imortal.
Nisso
o padre já velho e grisalho pergunta ao noivo
RICARDO CASTELO BRANCO,
aceitas como legítima esposa tua

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a senhorita CRISTINA PINHEIRO?...
o noivo, serenamente, disse: S I M !...
e o padre pergunta afinal: CRISTINA PINHEIRO?...
aceitas como legítimo esposo teu,
RICARDO CASTELO BRANCO?...
Ouve-se
um breve silêncio na igreja!
CRISTINA VACILA, CRISTINA HESITA,
trêmula e branca a desmaiar, volta os verdes olhos seus,
para o altar da Virgem-Maria e contempla o poeta de joelhos
a chorar tranqüilamente aos pés da mãe do Nazareno.
A noiva,
de véu e grinalda, comovida com duas pérolas verdes,
cheias de lágrimas, abandona o noivo ao pé do altar
e corre pela igreja, cheia de flores ao encontro do verdadeiro amor,
príncipe de suas ilusões e Rei supremo da catedral de seu coração de moça.
O
Padre e os convivas em pânico, aturdidos com o inesperado
abandonam o recinto.
A igreja,
quieta, úmida e fria, ornamentada de rosas vermelhas,
ao fundo, ajoelhados aos pés da Virgem choram
e beijam comovidos, a noiva e poeta.

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Siomar Rodrigues de Sousa

RETORNO A CASA PATERNA
Ah!...
quero morrer e ter o espírito liberto do corpo de carne podre e decomposta,
alçando o vôo gigante, qual branco albatroz nas manhãs de ouro,
retornando à casa paterna perdida na vastidão infinita e estrelada do universo.
Ah!...
quero morrer e ter o gozo supremo de voar livre pelo céu estrelado,
consciente da grandeza do mundo e da força potente do espírito pioneiro.
Ah!...
quero morrer e deixar tudo na terra maternal,
desde o amor nutrido pelas lindas mulheres nos verdes campos em flor,
até mesmo a mecânica lírica de meus poemas, loucos delírios
e símbolos do gênio, que habita dentro de mim mesmo,
na santa esperança de que eles levem o amor supremo de minh’alma
a todos aqueles que vegetam no deserto da vida,
sem terem, jamais, enlouquecido na fonte pura do bendito e sacrossanto amor.
Ah!...
quero morrer e, com a força potente do espírito pioneiro,
navegar, qual barco ligeiro sob a brisa fresca do ar, louco,
sem destino certo, para sentir o barulho do vento nas longas
campinas em festa, para beber o néctar de todas as flores,
se embriagando com o perfume de todos os lírios e em porto seguro
beijar, na sombra dos laranjais, os lábios vermelhos da fêmea amada,
cujo único vestido é a própria pele macia da carne em corpo vivo.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Ah!...
quero morrer e ter o espírito febril em festa, na magistral
despedida do meu último abrigo terrestre bem amado e querido,
ouvindo no estampido estridente do espaço vazio, o bater de asas sonoro
dos brancos cisnes na triste despedida, além do majestoso vôo
das louras borboletas em tempo consumido e, no momento derradeiro,
ouvir no gorjear da passarada a melodia orquestral de seu fúnebre canto,
num último grito da homérica despedida.
Ah!...
quero morrer e navegar pelos planetas do infinito
e em todas as terras habitadas da poeira estelar
quero embriagar o espírito nos lábios de todas as cândidas donzelas do cosmo,
na comunhão, na hóstia do amor puro e angélico.
Ah!...
quero morrer e ter o espírito liberto do corpo
de carne podre e decomposta, atravessando mil esferas
e mil ilhas no espaço e, num repente heróico, fugir veloz
da gravitação cósmica, onde a luz correndo pelo espaço-tempo
a trezentos mil quilômetros por segundo,
viajar durante bilhões de anos-luz na órbita do universo material
e curso de Albert Einstein.
Ah!...	
quero morrer e deixar tudo na terra, desde o delírio nutrido
pelas virgens belas do mundo e, num gesto heróico,
romper a gravitação dos corpos materiais do universo,
atingindo a anti-matéria, energia pura onde DEUS é imaterial na existência
das contradições humanas, é átomo desintegrado, é éter rarefeito
é luz do núcleo profundo do micro-cosmo, espelho do macro-cosmo,
repleto de brancas estrelas, campo de GUERRA E PAZ na eterna evolução
secular do homem.

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Siomar Rodrigues de Sousa

POEMA PARA O GOVERNO MUNDIAL
(Para Elismar Prado)

Meu sonho
é ver a ONU se transformar no Governo Mundial;
Um Parlamento universal, para todas nações...
um Primeiro Ministro, um Ministério voltado,
para o bem estar do homem, o Ministério da felicidade,
o Ministério da criança, do idoso, a desmobilização dos grupos armados,
os recursos da guerra em trilhões de dólares, retornando às forças da paz,
para fraternidade, igualdade, solidariedade, sonho maior da Revolução
Francesa.
Meu sonho
é ver todos povos comemorando o amor,
os jovens se beijando à sombra fresca dos laranjais,
nas verdes campinas em festa, no puro êxtase da carne e do espírito.
Meu sonho
é o amor natural, onde igrejas não serão necessárias,
porque o planeta terra com seus lírios, rios, flores,
cachoeiras em arco-íris será única catedral,
onde cristianismo não será só teoria, mas amor na prática do viver
de todos os dias, onde o Vaticano e o Papa serão peças seculares
de museu, de um passado distante, repleto de cruéis contrastes.
Meu sonho
é ver o homem dirigindo sua agressividade natural,
para brancas estrelas em noite enluarada,
observando galáxias, nelas procurando sua integração maior com o Criador,
na energia, essência magnética de Deus.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Meu sonho
é ver a ONU se transformar no Governo Mundial;
Um Parlamento universal, para todos povos,
onde nações serão Estados do Governo planetário;
Um só corpo, uma só cabeça, um só Parlamento,
um só dirigente, para todas raças; Um Primeiro Ministro,
Ministérios, para o bem estar dos seres; O Ministério da felicidade
onde os excluídos serão seres prioritários.
Meu sonho
é destruição da máquina de guerra,
é sentir que o homem não tem medo do outro homem,
e ver trilhões de dólares dos exércitos vertidos,
para a construção de um mundo novo, voltado para paz,
para igualdade, solidariedade, fraternidade.
Meu sonho
é ver o bem vencendo o mal, o sol eliminando trevas na noite fria,
aquecendo corpos esqueléticos, maltrapilhos,
esquecidos pela egoísta sociedade de valores invertidos.
Meu sonho,
é o de Simóm Bolívar, Ganhy, Alexandre Magno da Macedônia,
meu sonho, é o de Sócrates, Platão, de todos os veneráveis vultos
do passado, que moveram a roda da História de encontro a integração
do Microcosmo com o Macrocosmo na catedral dos sonhos e dos eleitos,
no êxtase do amor, somente do amor.

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Siomar Rodrigues de Sousa

POEMA À MINHA MORTE
Quando
eu morrer, permita Deus que a terra esteja na primavera em flor
e que meu túmulo seja ornamentado de rosas vermelhas,
de lírios e flores silvestres.
Quando
eu morrer, permita Deus, que meus versos, música de meu ser
incompreendido,
continuem a levar aos coração das virgens, o consolo e a compreensão.
Quando
eu morrer, desejo que o mundo seja mais humano
e que as crianças rosadas continuem a brincar no picadeiro
da vida, comédia do universo.
Quando
eu morrer, permita Deus que o planeta seja mais justo,
e não permita que haja com outros homens a injustiça
que fui testemunha em vida.
Quando
eu morrer e minha carne apodrecida for devorada
pelos meus irmãos os micróbios, permita Deus que ela seja
nutritiva e tenha bom paladar, que dê bons frutos e seja rica
em vitaminas e sais minerais e não contenha o germe,
que gera a podridão da carne em corpo vivo.
Quando
eu morrer, permita Deus que meu espírito
se transforme em meteoro brilhante e vá navegar,
qual turista, por outros planetas super-habitados à procura da santa mulher,
que um dia amei na Grécia antiga e hoje reside na mansão de Albert Einsten.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

AMOR EM BRASÍLIA
Te
amei, quando te vi na manhã fria de 2 de setembro,
no momento primeiro em que meus olhos descoloridos
cruzaram com as duas pérolas azuis, que tu ostentas neste rosto
tão bonito, cortado por tua boca em duas paralelas sensuais.
Te
amei, quando tu desfilavas pelo teu colégio na manhã fria
de 2 de Setembro em Brasília, capital da esperança
e de um mundo novo.
Tu,
altiva, garbosa, expunha em teus movimentos cheios de graça,
toda sensualidade de tua alma moça; Teu ritmo na ondulação
do sexo, embriagou meu espírito, num ritual de desejo e posse
e lembro-me, quando tu passaste bem próximo a mim
como a própria natureza, mirando o poeta com o azul atlântico
de teus olhos mansos, trazendo música e inspiração
à indústria de versos, que havia no jardim florido
existente em meu coração colorido.
Te
amei, quando te vi na manhã fria de 2 de setembro
e tu, porejando sexo e vida, possuíste simbolicamente meu corpo
musicado de poeta incompreendido na terra,
onde o homem se destruiu e foi sepultado pela máquina;
Tu, meu amor, charmosa com teus seios arfantes,
quais baionetas traiçoeiras, me pegaste desprevenido,
aprisionando-me em teu sexo.
Tu, com teus quadris bem arquitetados, representas,
no mundo material, a mais bela paisagem que o universo encerra,
emocionando poetas sensíveis que, soltos por aí,
caminhavam na manhã fria de 2 de Setembro.

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Siomar Rodrigues de Sousa

EVOLUÇÃO BIOLÓGICA DA MULHER
Tu
és um poema que surge na tarde de setembro azul,
onde
a pureza da natureza, dos pássaros, dos lírios,
das
rosas vermelhas contrastam com o estilo colonial
e
matemático de teu rosto expressivo de mulher real.
Tu
és um poema de mulher que nasceu como primavera,
se
misturando com sons das verdes florestas habitadas
por
mil seres, que gorjeiam a sublime melodia em homenagem
a
tua vinda de luz ao planeta obscuro, onde o homem
não
encontrou a razão única de sua história.
Tu
és encarnação da perfeição em formas físicas,
que
a biologia demorou mil anos, para arquitetar!...
Tua
santa beleza, de angélicos traços, lembra a Grécia
de
Píndaro, criador de formas homéricas; Tu és Mona Lisa
rediviva

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de Leonardo Da Vinci, quando tu, trajada de amarelo colonial,
caminhas,
contrastando com o modernismo da arquitetura de Brasília.
Os
poetas deuses da vida, nas noites de mil luas
em
todos séculos e séculos, materializaram nas estrofes
de
um poema a evolutiva harmonia da mulher e, hoje, sob o céu
azul
atlântico de Brasília, outro escriba de sentimento registra
em
palavras aquilo que a biologia fez em amor durante
a
eternidade do tempo.
Anhanguera
trouxe para o centro da nação Brasileira o homem branco
e
o homem branco plantou uma nova meta de evolução material
e
tu representas no momento, no Planalto Central: unidade
de
imagem, linhas, contornos, graça, que completam
e
dão vida à solidão do sertão.
Tu
és super-bonita é bem verdade, tu és irmã do universo,

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Siomar Rodrigues de Sousa

tu
és símbolo do estágio evolutivo da raça humana,
que
ainda não encontrou seu destino cósmico;
Mas,
não te esqueças jamais, que o corpo morre, se decompõe em átomos
na
química da vida e que somente o espírito é eterno,
na
solidão das estrelas do infinito e tu, vestida de longo
amarelo
colonial, com os cabelos revoltos na ondulação do vento,
nas
verdes campinas em festa, serias a própria natureza, correndo
pela
terra de sangue de encontro à Deus.

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DUAS LÁGRIMAS
Meu amor,
quando parti de tua vida pela última vez,
tu choravas duas lágrimas; Apenas duas lágrimas,
eu me lembro bem ainda, escorriam muito devagar
pela tua face, pela mesma face de mil beijos,
que te dei e que um dia tive a covardia de desprezar.
Eu
me lembro ainda, quando parti pela última vez,
tu choravas e tuas benditas lágrimas acompanharam-me
pela vida afora e elas são para mim, querida, duas rosas
vermelhas que trazem o perfume, que cicatriza feridas
do vazio profundo de mim mesmo.
Vaguei,
qual nau perdida na amplidão dos mares;
Percorri estradas da amargura da vida, desci sarjetas
do viver diário, vivi, fui feliz, desgraçado na ingratidão
humana, bebi o fel da inveja e, em vezes mil, fui apunhalado
pelo veneno da calúnia, da intriga, fruto podre
da fossa espiritual da louca humanidade.
Mas,
amor, louco amor da juventude, nos momentos de desespero,
tu, só tu surgias na tela do pensamento, viva, sensual!...
Tu,
nas tuas lágrimas, surgias ressuscitada, humilde
e bela e então eu chorava, duas lágrimas surgiam
nos olhos meus como símbolo d’alma.
Quando
parti, tu choravas e tuas benditas lágrimas,
acompanharam-me pela vida afora como sinfonia de delírio
e doce recordação.

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POEMA PARA UM ANJO PROTETOR
Bendita sejas tu, meiga criança...
tu estás tão longe dos olhos meus, doce criatura,
mas minh’alma está velando tua alma, protegendo
teus dias no desejo sincero, para que tu sejas feliz,
que teu futuro seja supremo nos tortuosos caminhos
deste mundo louco, cruel, imprevisto.
Sinto,
na penumbra da noite escura, que meu espírito
vela por ti na ternura dos seres eleitos;
Vejo tua alma rondando meu quarto, velando minh’alma
de poeta, tentando curar stress desta tresloucada
vida, provocada pela humanidade podre na insensatez
de desejos incontidos, fétidos, por quê e para quê,
se todas ilusões terminam na fria rampa dos campanários.
Bendita
sejas tu, cândida figura clonada de Deus,
nas trilhas da terra azul; Bendita Mariana,
amparando-te no aconchego do lar perfeito,
que protege, encaminha humanos seres, para o amor de Jesus.
Bendita
sejas tu, virgem donzela, minh’alma vela por teus sonhos
na divina esperança; Que a felicidade seja tua companheira no saber,
no conhecimento, ética, justiça, como hino de glória a Deus,
nosso guia, nosso pai.

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Bendita
sejas tu, anjo sublime; Quatrocentos quilômetros
nos separam, mas meu espírito vela teu espírito,
rogando a Jesus pelo sucesso de teus ideais.
Bendita
sejas tu no seio materno de nossa irmã Mariana,
não cansada de luta nas vielas deste orbe insano, duro, injusto.
Bendita
sejas tu, só tu, angélica criança, futura mulher de carne,
leite, sangue, cidadã deste Brasil verde-amarelo, pátria do evangelho,
guia, para transformação do planeta na construção milenar do amor,
onde todos sejam iguais na solidariedade dos justos.
Bendita sejas tu, anjo na existência em festa consumida;
Que tu sejas missa em réquiem, louvando o pai,
que vive nas brancas estrelas, velando por ti, por mim,
para todos os seres em noite enluarada.

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A DANÇARINA NO SUPREMO ÊXTASE

Quando
falava teu poema, homenageando tua suprema dança,
teus olhos se encheram de lágrimas sentidas,
tuas lágrimas, oriundas dos seres eleitos, comoveram o coração do poeta,
desfigurado na dor do mundo, que tortura, fere, mata.
Quando novamente apresentar teu poema na vez segunda,
quero que tu, com tuas sapatilhas, já desgastadas pelo tempo,
se reverencie, curvando-se nobremente na homenagem ao artista,
que canta tua fidalguia, teu charme, teu sorriso iluminado,
dissipando trevas na noite da terra de sangue decomposta.
Creio
que tua charmosa dança e a poesia frenética,
perfumada, são um elo perfeito, gravitacional,
que, unidas, representem o belo, o divino,
o sensual, que existe na natureza dos verdes bosques,
neste planeta azul em noite enluarada.
Na
magia de teu espetáculo, fecho os olhos meus,
vejo-te bailando no clássico ballet;
Teus olhos semi abertos, sentindo a música febril,
como se ela entrasse em teu ventre,
como tu entrando na santidade de tua essência,
como o universo estraçalhando teu peito...
como tua alma possuída na fecunda energia,
que engravidou brancas estrelas nas galáxias

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de mil corpos, perfumados pelo orvalho
das madrugadas, pelo néctar dos Deuses,
na poeira cósmica, perdida no estelar infinito.
Tua
arte imaculada, tua dança na magnitude do belo,
fascina, contamina o espaço do teatro,
com o vírus da poesia natural de Deus,
que varre o cosmo com turbilhões de moléculas,
refletindo ondas de magnética vibração no supremo amor
dos anjos siderais.
Tua
dança, poesia de gestos, de êxtase, de luz,
que encanta como pintura de Renoir,
energia sobrenatural, primitiva, que baila pelas verdes
campinas em festa, nas tardes musicadas de setembro,
na primavera de mil sonhos.
Tua
dança transfigura o delírio da existência,
qual beija-flor, sugando néctar dos lírios,
das rosas vermelhas, nas tardes quentes de Brasília,
Capital de JK, na esperança, para o futuro promissor.

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TEU CORPO ESGUIO NA DANÇA FLAMENCA
Tu,
na cadência ritmada da dança, simbolizas o esplendor da música,
da harmonia do universo; Tua sensibilidade,
explodindo na face iluminada e contraída, emociona o poeta...
teu irmão nos trilheiros deste mundo louco,
onde a cultura do belo fascina o interior d’alma,
privilégio da elite putrefata, corrupta,
decomposta na inversão dos sacrossantos valores.
Teu
sorriso, como o sol dissipando trevas na noite escura,
ilumina corações, motivando esperança na construção
de um orbe melhor, onde a prioridade do ser humano seja o amor,
somente o amor.
Tu,
no palco, face contraída, teus olhos semi-abertos,
refletes, intensamente, a sublimidade do belo, do êxtase,
que vive em teus sonhos, que germina no DNA
de teu sangue, na espessura de tua carne branca,
macia, perfumada na melodia da poesia em festa consumida.
Teu
corpo esguio, erecto na suprema coreografia da dança,
teus arquitetônicos gestos, desenhados, calculados
no espaço vazio, no ritmo cadenciado dos seres eleitos.

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Teu
sorriso, como sol dissipando trevas na noite escura,
ilumina o apagão de almas impuras. Ah!... teu sorriso,
símbolo da suprema estrutura do cosmo,
com trilhões de brancas estrelas nas noites sonoras
e azuis de meu Brasil verde-amarelo.
Tua
dança, teus gestos, tua coreografia em cena, teus olhos cerrados,
sentindo o êxtase da sinfonia, que entorpece o íntimo,
dilacerando o espírito, explodindo o coração do poeta,
que mudo observa teu estilo fantástico, tua suave poesia,
tua postura imaculada na breve passagem por este planeta obscuro.
Teu
sorriso, ah!... teu sorriso, teus olhos semi-abertos,
no palco solitário, teu movimento é como o sol regendo
o sistema solar na orquestra magistral do universo,
composto de bilhões de galáxias, nebulosas,
na relatividade do espaço-tempo de Albert Einstein.

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MORTE E VIDA
Quando
eu morrer, não chorem por mim todos aqueles
que não souberam amar-me em vida.
Quando
eu morrer, permita Deus que meu corpo seja exposto em céu aberto,
no gozo do perfume dos verdes campos deste Brasil,
que amo acima de todos altares.
Quando
eu morrer, não chorem por mim todos aqueles,
que em vida não souberam beber na fonte pura
de meus versos o consolo para seus males.
Quando
eu morrer, permita Deus que as células de minha carne
possam se desintegrar em átomos e que os átomos
se desintegrem em ondas de energia e luz.
Quando
eu morrer, permita Deus que os pássaros no canto fúnebre
de sua sinfônica melodia, venham até meu leito derradeiro
despedirem se do poeta no mais lindo concerto orquestral,
de seu canto belo e puro.
Quando
eu morrer, permita Deus que os lábios vermelhos
da mulher amada venham outra vez trazer o calor da despedida
e que ela possa, num gesto de amor supremo,
beijar-me com seus lábios ainda quentes.

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Quando
eu morrer, permita Deus que meu espírito se embriague
na doce melodia fúnebre de Chopin ou no gorjeio triste da passarada.
Quando
eu morrer, permita Deus que eu seja para os que ficam no mundo dos vivos
o mesmo homem e que não arranjem falsas virtudes, para o pecador
que fui outrora na vida.
Quando
eu morrer, permita Deus que um cortejo de arapongas
entoe ao derredor de meu túmulo solitário a dor de seu canto.

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O RETORNO DE DEUS À TERRA
Deus!...Senhor!...
De todos universos, desça de teu pedestal,
senta-te neste banco de rústica madeira, vamos conversar,
Senhor,
sobre o porquê da vida, que se multiplica em tudo na harmonia,
na desarmonia, contraste da própria natureza.
Deus!...Senhor!...
há muito tempo que desejo bater um papo com teu vulto,
sei que não negarás, porque tu és humilde,
compreenderás a suprema vontade, que tenho em decifrar a incógnita
dos porquês!

Deus!...
vamos entrar, entre a casa é tua, é tosca é em verdade,
senta-te no pequeno banco, que já mandarei servir café à brasileira.
Deus!... Senhor!...
perdoa-me inquiri-lo frente a frente, de homem para homem,
sobre o porquê da razão, da lógica, do gorjeio dos pássaros
em tarde fria de setembro.
Por que,
Senhor, guerra sangrenta? Por que morte?
O sofrimento, as estrelas, o sol, a chuva, a miséria?
por que pequena formiga na luta do labor diário.

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Deus!...
Senhor de todos mistérios, venha dialogar com teu filho poeta,
diz-me de forma simples mas objetiva o porquê de tudo que criaste,
sobretudo o porquê da existência conturbada neste planeta louco,
onde a humanidade neurótica vive aturdida pela poluição de tudo que é ruim.
Deus!... Senhor!...
entra a casa é tua, senta-te na cadeira de mil anos,
perdoa a sujeira, o teto mal coberto, vazando água por todos os lados...
vamos entrando, Senhor Deus, mas perdoa a singeleza de tudo que tenho,
o fogão, pobre coitado movido a lenha, perdoa, Senhor,
a televisão que não tenho, o rádio que não existe
e que a loja levou por falta de pagamento.
Deus!... Senhor!...
Entra a casa é tua, vamos assentar, que mandarei
preparar o cafezinho que sustenta, quando falta o pão de cada dia.
Senta-te Senhor, eu te suplico, o lar é pobre, não tem TV, não tem geladeira,
não tem nada, mas fica conosco Senhor,
porque vivemos neste mísero barraco sem portas, sem ar condicionado.
Só temos Senhor, amor, muito amor, para te dar neste orbe aflito.
Senhor entra e fica morando conosco eternamente.

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SILVIO BARBATO

(Regente mágico na Sinfônica de Brasília)
- Falecido no ano de 2009 no acidente aéreo com o avião da Air
France no Oceano Atlântico Norte Teatro Nacional Cláudio Santoro, repleto, completamente lotado;
Noite de gala, a orquestra composta, compenetrada, o público impaciente.
O
maestro Silvio Barbato penetra no recinto, o êxtase contagia o ar;
Erecto, no elegante porte se curva, reverenciando refinada sociedade.
Tua
cabeça verticalmente se levanta, rápida no característico porte;
Mãos entreabertas em forma de cruz, se concentra, a batuta dá o toque,
a orquestra explode, violoncelos, violinos, flautas, oboés, clarinetes
no frenesi do belo, que entorpece corações eleitos.
No
palco Rigoletto, o tenor, a soprano
na suprema força de Verdi, do gênio sobrenatural,
que um dia habitou o mísero planeta azul,
no contraste da miséria, da opulência na existência decomposta.
O
tenor surpreende no perfeito talento redivivo da suave música,
consolando corações na dor, no desengano do mundo.
A
soprano no palco de branco puro, com sua sonoridade de anjo,
estraçalhando o íntimo dos seres, penetrando no peito,
explodindo átomos em formação, acelerando adrenalina,
DNA no vermelho sangue, na delícia do belo,
provocando êxtase de todos êxtases, orgasmo de todos orgasmos.

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Sua
voz de veludo, de seda macia, contagiando todos os ares na emoção,
na meiguice, na melodia do sonoro canto, o poeta, mudo,
divagando no distante passado, relembrando amores perdidos
na remota infância.
No
canto sublime, magnífico, cirúrgico,
sobretudo no harmonioso timbre do puro amor,
embriagando todos seres dilacerados pelo terror de New York.
Aturdido
no gozo, no delírio do encanto, o poeta esquece tudo,
viaja pelo relativo tempo do interior de si mesmo,
na catedral dos perdidos sonhos.
O
maestro Silvio Barbato, embriagado pela música; O poeta sentindo o som
penetrando nas entranhas d’alma, frenética, enlouquecida.
O
maestro clonado, para a música, vibrando energias
no fantástico show do existir, no elo perfeito do sonho real, sobrenatural.
Silvio Barbato,
Mozart reencarnado no toque ritmado, regendo sinfônica orquestra...
o próprio universo em festa na magia do teatro.
É Verdi, Chopin, Beethoven, Carlos Gomes, Bach,
incorporados em Silvio Barbato, dando força na expressão angelical da sinfonia,
no canto magistral do tenor, da soprano em noite musicada no delírio dos Deuses.

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Siomar Rodrigues de Sousa

POEMA DO VEREADOR DE UBERLÂNDIA
Vereador,
combativo, triplicando idéias, projetos de leis,
no objetivo maior do povo, na suprema construção
da história do futuro de Uberlândia, líder maior na verde região
do cerrado no Triângulo Mineiro.
Vereador,
combativo no presente, passado e futuro, arquiteto
do progresso forjado no bronze da história Municipal,
no sacrossanto ideal de servir o operário,
no suor, no vermelho sangue de memoráveis lutas,
nas indormidas madrugadas, na incompreensão de poucos,
no aplauso das multidões de eleitores , do povo,
sempre presente, nunca indiferente.
Vereador,
combativo ou não, eloquente orador, silencioso, nunca omisso,
inflamado na tribuna, articulador nos bastidores,
prudente nas comissões, esplêndido nos comícios,
transparente na TV, intransigente no mandato,
pugnando na defesa do desamparado trabalhador das periferias
da metrópole, projetando estilhaços de progresso,
para o Triângulo Mineiro, berço dos nativos índios Kaiapós,
antecessores do homem branco na vila de Uberabinha,
hodierna, triunfante Uberlândia de hoje, centenária,
líder maior na penetração do Bandeirante no interior da pátria,
rumo à Pirenópolis, à Vila Boa de Goiás, à Poxoréu, à Cuiabá,
a procura da verde esmeralda, do ouro, do secular diamante,
perdido no fundo dos primitivos rios seculares.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Vereador,
combativo, herdeiro do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva,
o “Anhanguera”, plantador de sonhos, de cidades, arquiteto do amanhã,
artífice do porvir, precursor de Brasília ao encontro da verde
floresta amazônica, pulmão do planeta terra,
esperança do terceiro milênio.
Vereador,
combativo no passado, guerreiro destemido no iniciar do século XX
no Parlamento Municipal projetando a coletiva felicidade,
na excelsa história do povoado de Uberabinha.
Vereador,
do século XXI, combativo, pouco importando o partido,
se é PT, PMDB, PSDB, DEMOCRATAS, PSB, PSC ou PP,
todos irmanados na defesa do proletariado,
do humilde, do excluído, na suprema edificação
do bem social, do cidadão, pobre ou rico, mestiço ou branco.

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Siomar Rodrigues de Sousa

ORAÇÃO DO SOLDADO FERIDO
Senhor	

Mil
bombas explodem na terra ferindo meu corpo,
torturando meu cérebro, que já não pensa
e não distingue o que é certo e o que é errado.

Senhor	

Granadas
iluminam a noite sem estrelas, destruindo a matéria,
que envolve meu espírito martirizado.

Senhor	

Ó
divino mestre incompreendido, que morreu na cruz
de madeira, para nos salvar; Tende piedade Senhor
deste pobre soldado retalhado na carne por inimigos,
que nem conheço, que nunca vi e que não sei por que
estão expostos contra mim no campo da mesma batalha.

Senhor	

Duas
lágrimas escorrem pelo meu rosto misturado com areia,
lodo, sangue herdado de minha mãe, pobre coitada,
que padece pelo sofrimento do filho perdido
a tantas milhas de distância.

Senhor	

Por que
minha figura franzina, golpeada pela baioneta
do herói desconhecido, que tornou-se adversário
pelo imperativo de que força Senhor?
que não consigo compreender.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Senhor	

Por que
a guerra? A desunião da humanidade? A miséria?
A destruição? A fome? Por que a bomba sem cor
E não o amor? Por que a hostilidade e não o beijo febril
dos namorados a sombra fresca das laranjeiras?
Por que a carnificina e não a sinfonia melódica do gorjear
dos pássaros? Por que o fogo queimando tudo
e não o canto harmônico do bem-te-vi nas tardes musicadas
de setembro? Por que a morte? Se o homem poderia ao invés
dela plantar a vida e a beleza se multiplicando pelos vales
em longas campinas e nos verdes bosques!
Por que a aflição? Se o homem poderia se extasiar ao som
dos córregos de mil cachoeiras de arco-íris.

Senhor	

Perdão,
Senhor, pelos irmãos guerreiros,
que matei e que não sei por que morreram pelas minhas mãos
sangrentas mas inocentes.
Senhor?
Ó Jesus, sei, que a energia, que sustenta meu vulto
já não mais suporta o peso da vida e que a morte
se aproxima de mim como fantasma em noite escura!...
Senhor, não permita que a guerra esta peste negra,
assassina vá levar a penúria a qualquer um de meus semelhantes
em Deus criador do mundo.

Senhor	

Encomendo
na morte meu espírito ao pai, que está no céu e espero,
a nova oportunidade de minh’alma aflita voltar na reencarnação,
para pagar débitos adquiridos no combate, que destruiu a chama
do amor e da caridade dentro do coração desfigurado.

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Siomar Rodrigues de Sousa

EU FALO DE AMOR
Eu
falo de amor, quando o homem é triturado pela máquina;
Eu falo de amor, quando o homem virou sociedade de consumo...
Eu falo de amor, quando o homem faz guerra...
Eu falo de amor, quando o homem nele não crê!...
Eu
falo de amor, quando a humanidade é mumificada pela frigidez
de sentimento.
Eu
falo de amor, quando o macho se preocupa com matéria
da terra transitória.
Eu
falo de amor, quando ele se tornou palavra feia na boca
dos hipócritas.
Eu
falo de amor, quando a podridão corrompeu todos caminhos.
Eu
falo de amor, onde ele não mais existe.
Eu falo de amor, quando mistificadores deturparem sua origem.
Eu falo de amor, onde há miséria, pranto, sofrimento.
Eu falo de amor, onde habita desunião, crime, deslealdade;
Eu falo de amor, onde o homem foi petrificado pela cultura
de massa.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

Eu
falo de amor para ricos de dinheiro e miseráveis de sabedoria.
Eu falo de amor para pobres sem teto e milionários
de luz no coração.
Eu
falo de amor no tempo e espaço, onde inversão
de valores dominou a comunidade decadente.
Eu
falo de amor para Deus e para santos; Eu falo de amor,
porque eu sou o amor personificado n’alma pura do poeta !...

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Siomar Rodrigues de Sousa

QUIS DIZER-TE UM DIA
Quis
beijar-te a face mui linda, levar meus lábios
loucos em delírio à tua boca vermelha e dizer-te tu és
meu único amor, razão infinita de meu viver de poeta,
que vaga, qual nau perdida na amplidão do universo.
Quis
deitar meu corpo junto ao teu corpo,
para que eles fizessem unificados o sexo, o respeito,
que a carne merece.
Quis
possuir-te n’alma bela, que chora, murmura nos trilheiros
conturbados deste mundo aflito e dizer-te tu és o espírito gêmeo,
cuja afinidade absorveu meus pensamentos, minha poesia,
que livre corre como córrego na cascata de meu pensar,
fazendo cachoeira de mil quedas em meu coração agoniado.
Quis
na aurora da vida ofertar-te tudo de bom,
que o homem pode oferecer à mulher amada...
mas ó mísero planeta, cujos ideais são paralelos,
não se encontrando jamais na distância do tempo espaço.
Quis
beijar-te a face rubra de inocência e dizer-te tu és tudo!...
a luz, as estrelas, mas ó sonhos na aurora da existência,
que não voltam jamais no entardecer dos anos.

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EU E O MUNDO
Eu
vim ao mundo beber a poesia, que murmura solta ao vento
e que corre pelas verdes campinas, como criança travessa.
Eu
vim à vida dos loucos, para buscar para minh’alma errante
a dor do sofrimento, ferramenta a burilar o orgulho,
que vive dentro de meu peito e para buscar remédio na cura
de todos os males oriundos de outras eras do passado.
Eu
vim ao mundo, eu vim à vida dos humanos,
para sofrer no meio ambiente na contradição da terra,
onde meu espírito se evoluirá, para as glórias excelsas do Senhor,
nas profundezas do infinito.
Eu
sou a vida, eu vim ao orbe, para trazer aos pobres do íntimo
a lógica da imortalidade de tudo e do nada.
Eu
vim à vida, para chorar em pranto mudo, buscando na dor,
no desespero, luz do futuro; Eu vim ao orbe como emissário
do infinito, para ver todas as coisas, para sentir todos os males.
Eu
vim ao planeta, para combater injustiça,
para amar fracos e oprimidos na dor pura de seu canto funéreo.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Eu
vim à terra para beijar os lábios de todas as mulheres
e para dizer a elas, que eu sou o amor, néctar sublime,
para seus corações à procura do louco delírio, que inflame seus espíritos.
Eu
sou a natureza, que se manifesta em tudo e que dá harmonia
à existência e às coisas.
Eu
sou música, que leva doce bálsamo aos corações aflitos.
Eu
sou os pássaros, que gorjeiam no despontar da lua no céu em festa.
Eu
sou energia, eu sou amor, que desceu à terra,
para fecundar todas as fêmeas num doce canto de luz e paz.

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POESIA DO MUNDO
Eu
sou o vento que ruge nos campos
verdes
e nos bosques em flor.
Eu
sou o canto sinfônico dos pássaros,
na
solidão das florestas e das laranjeiras.
Eu
sou o perdão que traduz consolo
aos
aflitos.
Eu
sou a araponga no seu canto fúnebre.
Eu
sou o pobre que dorme ao relento
e
come o pão da miséria.
Eu
sou a dor, o sofrimento, a felicidade.
Eu
sou a brancura das estrelas
que
dormem na eternidade do espaço.
Eu
sou a meiguice, ternura das crianças.
Eu
sou a imagem de Jesus, pregando nas ruas da Galiléia,
Eu
sou a vida, meu nome é a poesia do mundo.

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Siomar Rodrigues de Sousa

ORIGEM DO ESPÍRITO
Do cosmo, Deus contempla a virgem terra,
do corpo teu se expandindo éter cristalino,
que o espaço tempo povoa em magistral hino,
sinfônico do belo, que o universo encerra.
Do imaculado éter de Cristo ao átomo da terra,
associando a molécula ao organismo sovino,
o instinto meu surgiu, infante a espera
da tri-bilionária era evolutiva do bovino.
Fui éter, energia, átomos, moléculas associadas,
orgânica matéria Darwiniana, primitivo organismo,
na razão lógica da transformação condicionada.
Do éter do Redentor à reação do átomo nativo
pelo fator físico/químico sobressaiu o diamante,
da consciência do eu, para ser Cristo doravante.

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O MENDIGO
Trovão,
trovão, raios, coriscos, trovoada, céu nublado, dia inquieto,
vento frio, vento louco, que faz tremer o casebre de barro
e o rancho de pau a pique.
Lá
fora, chove a cântaros;
a enxurrada vermelha corre pela rua
indo levar à criança brasileira,
que brinca de barco a doçura de ser jovem,
a ambição de ser almirante e a tristeza ao mendigo,
que passa molhando pés frios, pés doentes,
pés cansados à procura do certo e do ignoto,
pés ensangüentados, que sofrem nas árduas caminhadas
das longes terras; à procura do grão de comida,
que sacie a fome milenar, do alimento
que sustém a alma triste e acabrunhada,
que sofre, padece, chora e murmura
e que vaga pelas tardes morenas de meu Brasil
incompreendido, em busca da compreensão do Deus cósmico,
do Deus, que diz porque vive n’agonia ardente,
enquanto outros somente outros são felizes.
Mendigo, ó mendigo, ó alma astral,
tu, que me fazes sofrer nas noites de meteoros vagabundos,
nas noites compridas de insônia, nas noites de fulgor de estrelas,
ambicionando-me querer ter força cósmica,
para libertar-te do sub-mundo, que atormenta lírica alma tua.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Ó mendigo,
ó filho divino do tempo e do espaço,
noivo ultrajado das noites estreladas,
esposo desgraçado da dor do infinito,
bisneto esquecido dos deuses antigos,
ó plebeu errante de feições rudes e olhar inquieto,
que se arrasta na enxurrada contorcido pela miséria alheia,
levando nas encurvadas costas a tara da sociedade pecadora,
e, nas feições rústicas, o preço da desgraça dos longos anos.
Levanta-te,
pobre irmão! Coragem, ergue-te, caminha, olha, que a vida é bela
e que o futuro encerra, surpresas e segredos mil de esperanças belas.
Ergue-te
para o futuro, ergue-te para a luta das forças contrárias,
embainha, qual GANDHI, redentor dos fracos e dos oprimidos,
a espada da lógica e da razão, a espada dos justos e dos simples,
que nos teus olhos encerra.
Levanta-te,
plebeu de outrora; Ergue-te, homem do passado,
deixa, que a enxurrada carregue o apetrecho de ex-mendigo,
que leve o pecado da comunidade cruel,
e a recordação da sub-sociedade, deixa a infelicidade,
porque tu és a presente glória,
porque tu és o anjo da redenção humana,
porque já se ouve o tropel do pobre, que Deus colocou no mundo,
para redimir o humilde e para construir base histórica nos tempos siderais.

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Levanta-te,
ergue-te, caminha, mendigo de passadas eras;
Olha que surge no poente o sol do porvir e da justiça,
prevendo o futuro que desponta no tempo e no espaço;
Ergue-te, poeta da humildade, poeta da desgraça e do sofrimento,
porque tu és qual Jesus, herói da nova caminhada redentora,
d’uma nova humanidade harmônica e feliz.
Levanta-te,
ergue-te, poeta da humildade,
limpa a lama de teu rosto rústico,
enxuga a lágrima que corre pela tua ossuda face,
troca o passado por esperanças d’uma nova era,
que já galopa, qual corcel, pelo vale da pátria brasileira
e pelos verdes campos do Brasil sem fim,
anunciando, qual arcanjo de clarim e revoada tremenda,
a previsão da nova época, a época do humilde e do justo;
Troca tua lágrima pela metralha da futura lógica
e serve-te dela na defesa da razão e da verdade,
porque mais vale a justiça do humilde,
que mil leis do bacharel do exibicionismo cruel.
Levanta-te,
ergue-te, homem espoliado da humanidade infeliz, sofredora,
descrente e desnutrida, que tem no estômago o micróbio,
a chaga e o tumor maligno da injustiça cruel e insana.
Levanta-te,
ergue-te, poeta da humildade, poeta da desgraça e do sofrimento,
parte para a perfeição de meu Brasil, de meu Brasil Brasileiro,
tal qual Ari Barroso em líricos versos cantou,
porque há no solo gentil do universo o hospital de sofredores,
que vagam qual vampiros da fome crônica e secular.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Tu,
ó mendigo, tu que, cabisbaixo, caminhas nas tardes brasileiras,
nos becos escuros, nas vielas estreitas, nas ruas encurvadas,
cansado de sofrer, cansado de vagar por aqui, por acolá,
tombas morto no funéreo chão de poeira densa,
ao lado da lata de lixo, que foi teu último almoço,
sempre esfarrapado, esquecido como foi,
mas a alma tua, desprezada pelos miseráveis grandes,
se desprendeu da matéria, soltando os corpóreos laços,
e voou, voou pelo céu azul-anil de mil cores belas,
quais andorinhas, canários, colibris,
nas tardes morenas de meu Brasil verde-amarelo,
de minha pátria querida.

Vai-te,
voa, sofredor das longas caminhadas,
voa, alma incompreendida e pura,
voa pelo campo esverdeado da pátria querida,
voa ao encontro de Deus, do pai de esperanças altas,
voa para a mansão de Gandhi, Jesus, Sócrates,
Platão e Buda, para o palácio dos justos,
para a catedral dos humildes.

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TEU SORRISO

(Para a amiga Adriana)
Teu
sorriso é como um sol, dissipando trevas
na noite escura, iluminando todos os seres
na fecundação do solidário amor,
que entorpece corações eleitos.
Teu
sorriso mesclado com todas as cores
da ternura de tua alma moça,
emociona o coração do poeta,
no questionamento de tudo que é belo,
nos trilheiros deste mundo repleto de beleza,
desejo e posse.
Quis
dizer-te tudo e o nada; Dizer-te
que teu sorriso dissipa trevas da maledicência,
provocada por zombeteiros espíritos,
que infernizam a existência de criaturas belas,
e dizer-te o nada, o silêncio,
somente o silêncio no sincero desejo de exclusão
evitada, na incompreensão, que tortura, fere, mata.
Quis
dizer-te que teu sorriso é êxtase, que ilumina,
provocando felicidade, levando mensagem do belo,
da ternura pregada por Cristo nas ruas da Galiléia.
Quis
dizer-te que a pureza de teu semblante
desintegra na atmosfera do relativo tempo,
a mensagem do amor de Deus, conclamando,
que nem tudo está perdido na desintegração
da sociedade enlouquecida, decomposta.

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Siomar Rodrigues de Sousa

O FILHO PRÓDIGO VOLTANDO PARA DEUS
Há
em mim, Senhor, um coração que não pensa,
uma alma que sente e murmura com vibrações da natureza,
nas mil contradições, que a terra mãe encerra.
Há
em mim, Senhor, a bondade do santo e maldade do demônio;
Existe, no meu peito febril, a humildade do cordeiro e a energia
do leão, na luta de sobrevivência dos átomos e moléculas
de mim mesmo.
Há
em mim, Jesus, a pureza da criança e perversidade
do homem bicho, antropóide na evolução secular do tempo
e do espaço ilimitado.
Há
em mim, Cristo, o ideal supremo de criar, multiplicando
o bem e desejo incontido de destruir! Há em mim, Senhor,
o amor e o ódio, a limpidez e a impureza. Há em mim, Redentor,
o incomum afeto pela donzela e ao mesmo tempo o desdém
pela fragilidade de sua conduta. Ah! Onipotente, como a moral,
é tão frágil nas mulheres! Por que elas são tudo e o nada?
Por que são deusas da virgindade e do carinho? E por que vive nelas
a hipocrisia? como tudo é hipócrita neste mundo adverso.

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Seguindo,
ó criador, nas estradas poeirentas deste planeta primitivo,
caminhando sempre perante os empecilhos,
que encontramos alheio a nossa vontade fraca de não mais querer viver.
Andando sempre na chuva, que molha tranqüilamente os cabelos revoltos
na luta do globo, viajando pelos desertos da atividade, mirando astros
mansos no céu azul em noite dourada, percorrendo a solidão da cidade
onde o homem animal acuado como fera entre feras, pelejando,
para continuar a viver e vivendo, para mais tarde, morrer,
como tudo deixa de existir na comédia da existência.
Há
em mim onipotente admiração por tudo aquilo,
que criaste e há em mim também o desprezo por tudo aquilo,
que vejo contaminando a substância e beleza de todas as coisas.
Há
em mim admiração pelos santos, que constroem a paz
e indiferença pelos crápulas, que corrompem a razão
e os ensinamentos de Cristo, que faleceu,
para exemplificar à comunidade a forma correta de se conduzir e de seguir,
para o eterno sideral!
Há
em mim, Jesus, contemplação pelas leis, que regem o concerto
musical dos astros; Há em mim, pobre ser cansado nas querelas do existir,
o entusiasmo por tudo aquilo, que brota e envelhece
e a suprema desgraça de sentir, que tudo se extingue após nascer
dando lugar a contínua transformação de tudo e do nada,
por que nascer? Por que vegetar e morrer, para transformar?
Caminhando pelas montanhas e pelas serras verdes dos picos altos,
querendo ser Deus, para alcançar a grandeza de todas as coisas,
que não compreendo no meu cérebro incompreendido.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Há
em mim, Senhor, fantástica vontade de não mais querer viver,
é o coração a gritar dentro do corpo, é o anseio de voltar,
para a casa paterna, é o ser, que revolta na carne, desejando as estrelas,
o infinito, é o filho, que sofreu nas jornadas do ignoto,
que aprendeu amar a Cristo e que retorna ao lar despido do orgulho,
que entorpecia o íntimo, que vegetando pelos caminhos afora
perdeu nas ruas, nas sarjetas a vaidade. É o novo homem
diplomado pela Universidade da vida;
Ó Senhor, perdoa-me por ter pecado contra leis de Moisés,
nos milênios das encarnações do orbe, onde meu próprio ser tentou
cumprir missões, que o destino confiou.
Caminhando
pelo universo, sigo humilde com o espírito cabisbaixo de vergonha,
de ser minúsculo diante da grandeza de tudo, que foi criado
e da pequeninês de minh’alma errante.

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MINHA FAMÍLIA
Minha família, meus irmãos são planetas,
nebulosas, galáxias, que bordam estreladas noites
do Brasil no esplendor, na magnitude
do incomensurável, na amplidão do sideral espaço,
nas profundezas do infinito.
Minha família,
meus irmãos são toda a humanidade, que habita nosso planeta azul
formado com milhões de cachoeiras,
dando toque de ternura nos caminhos duros desta
sideral caminhada, sofrida, que tortura, fere, mata.
Minha família,
meus irmãos, são miseráveis, que habitam favelas imundas
na periferia das cidades.
Minha família,
meus irmãos são mendigos, excluídos, abandonados,
velhinhos em esquecidos abrigos, crianças dos orfanatos,
deserdados, abandonados por pais também abandonados
na competição do capital egoísta.
Minha família,
meus irmãos são pássaros na orquestra das sinfonias,
dando toque mágico no espetáculo da criação,
da existência nas trilhas do imponderável .

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Siomar Rodrigues de Sousa

Minha família,
são os excluídos, não amados, estropiados,
proletários do magro salário da fome,
da escravidão.
Minha família,
meus irmãos são prisioneiros de penitenciárias,
imundas, criminosos, filhos da criminosa sociedade,
estuprados no humano egoísmo.
Minha família,
meus irmãos, são frutos da contradição do existir,
são todos aqueles que sofrem nos hospitais, presídios, catástrofes;
São todos aqueles que, sofrendo, fizeram-me padecer na cumplicidade
do viver no palco do universo tão infinito na pequenez
de insignificantes almas, pobres demais.
Minha família,
meu pai, minha mãe, meu irmão são astros solitários do céu azul,
são nebulosas, galáxias, que dão ternura na imensidão do universo.

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DESAGREGAÇÃO SOCIAL
(A INGRATIDÃO DOS FILHOS)

Dizia Augusto dos Anjos, o irmão poeta
noutras remotas plagas.
Vez ninguém assistiu o formidável enterro
de sua última quimera, somente a ingratidão,
esta pantera, foi sua companheira inseparável,
vamos ascenda seu cigarro, a mão, que afaga,
é a mesma, que apedreja!...
Eu, pobre poeta contemporâneo, no vermelho sertão
da carne, lastimo, pergunto por que a desagregação
social? Por que a frigidez do íntimo, da sociedade,
da família, dos filhos, que mil vezes apunhalam,
dilacerando corações, estraçalhando-os em mil pedaços,
na dor, que fere, tortura, na provação cruel, insana.
Por que a ingratidão dos filhos? Por que a dor covarde
contra pais, de grisalhos cabelos, que após a guerra
da criação fantástica, do sacrifício, da renúncia,
pugnando contra intempéries do dia-a-dia da existência
atribulada, e hoje no entardecer dos anos a facada,
que tortura, fere, mata.
Dizia o poeta n’outros natais,
vez ninguém assistiu o formidável enterro
de sua última quimera, somente a ingratidão
esta pantera, foi sua companheira inseparável.
Por que o desencontro das almas no resgate
das provações? Por que o desamor e não o amor,
por que a indiferença e não o encontro de afeto,
de ideais, por que a desavença e não a melodia
de gêmeas almas na comunhão da ternura,

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que entorpece espíritos repletos de êxtase
de encontro a Deus.
Filhos do mundo curti vossos pais,
enquanto é tempo e estão vivos, próximos de vós,
enquanto seus corpos estão quentes,
sob vossos olhares; Aproximai-vos deles, beijando-os
na face sofrida, cansada pelos atropelos do viver;
Dizei a eles... pai, eu te amo tanto,
perdoe-me pelos erros do passado, do presente,
do futuro.
Filhos do mundo, curti vossos pais;
Se forem da idade terceira, curti-os o triplo,
porque já sofreram por vós, já rezaram,
já suplicaram a Deus, para proteger-vos nos tropeços
da eterna caminhada estelar.
Filhos do mundo, o poeta contemporâneo,
não o de ontem, suplica amai vossos pais,
enquanto estão pertos de vós,
porque depois na laje fria do cemitério
será tarde demais, para pedir perdão pelo desprezo.
Filhos do mundo amai vossos pais, hoje, agora, sempre,
e dizei a eles quão grande é vosso amor.
Filhos do mundo não vos esqueçais de que amanhã
sereis pais, avós e podereis também,
ser abandonados, nos asilos, na indiferença,
que tortura, fere, mata.
Filhos do mundo dizei a vossos pais,
hoje, agora, sempre, quão grande é vosso amor,
antes, que seja tarde demais,
só restando beijá-los na fria rampa dos campanários.

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IMAGEM DE MULHER BONITA
Tua
imagem de mulher bonita penetrou na retina dos olhos meus,
invadindo e estraçalhando o coração do poeta.
Teu
corpo magnífico, esculpido em carne branca,
provocando o despertar do sexo, motivando a reação do sangue,
que corre loucamente pelas veias, eu querendo-a, desejando-a,
para o amor do espírito ou do corpo, com todas as honras
que o prazer merece.
Noite
estrelada, céu azul atlântico, lua cheia;
Ouve-se a sinfonia dos astros; Sozinho no leito,
cabeça febril, imaginando-te divinamente nua
com teus quadris redondos, estupidamente arrebitados,
na arquitetura de teu vulto escultural;
Teus seios duros desafiando minha boca a beijá-los
suavemente e eu sussurrando a teus ouvidos: eu te amo boneca
de sonho, boneca de carne.	
Sinto-me
na penumbra de tua suíte e tu, sedutora de calcinha preta,
abraçada a meu corpo quente; Música suave na eletrola,
tua cabeça debruçada no meu peito; Eu, acariciando teus quadris
cheios de tesão; Tu querendo ser possuída e eu querendo possuir-te,
teus lábios beijando-me, teus olhos em êxtase, mirando meus olhos
e eu a dizer-te: tu és divina e única, tu és meu amor.

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Siomar Rodrigues de Sousa

Tu,
louca, desvairada, colocando meu sexo dentro de teu sexo,
minha carne dentro de tua carne, permitindo o gozo infinito de dois seres
que se querem, se amam, se completam.
Boa
noite, donzela, fêmea de minh’alma;
Durma tranqüila, feliz a meu lado e quando o sol invadir teu quarto
na manhã de primavera, quero tua boca beijando minha boca,
teus seios roçando meu peito, e tu querendo dizer-me: sou tua,
somente tua, para sempre, para todo o sempre.

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POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia

INTERMINÁVEL BEIJO DE AMOR
Quis
beijar-te a boca, num beijo do tamanho de um século
e sentir que tu és a própria felicidade que o mundo
ou a natureza encerra na magia misteriosa do existir.
Quis
beijar-te a boca, num beijo interminável como o próprio universo,
bordado com bilhões de estrelas brancas
e ornamentado com a ternura eterna da poesia natural de Deus.
Quis
beijar-te a boca, na meiguice do beijo inesquecível
e entregar-te um buquê de rosas vermelhas, como prova do amor supremo
que sinto pela tua alma rosada de mulher ideal.
Quis
beijar-te a boca e levar meus lábios a tocar teus lábios,
e deixar que eles se comunguem no mistério da carne e do espírito,
na doce e pura atração das almas gêmeas entrelaçadas.
Quis
beijar-te a boca, num beijo milenar e dizer-te
que, entre milhões de mulheres no mundo inteiro, tu és divina e única
e sobretudo inspiradora de um santo poema de amor.
Quis
ofertar-te estes versos, roubados da harmonia de um beijo infinito
e dizer-te: suprema é a mulher que consegue estremecer
o coração do poeta e fazê-lo produzir, em delírios e êxtase,
um poema de amor num planeta tão conturbado pelo imediatismo do prazer
e da ilusão passageira, que os bens materiais provocam em todos aqueles,
que são cegos de espírito e mortos de coração.

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Siomar Rodrigues de Sousa

ONDE ANDARÁS
Onde
andarás, graciosa loura de olhos azul atlântico?...
Onde
andarás, loura formosa, com teu corpo sexy, teu quadril
esculpido
no cálculo matemático...
Onde
andarás mulher de sexo, mulher de amor, onde andarás
fêmea
completa de tesão, na natural frescura comum a todas
as
virgens belas.
Onde
andarás, loura fatal, com teus quadris redondos,
bem
esculpidos na tua calça azul da cor de teus olhos
mansos?...
onde andarás, meu amor passageiro, como tudo,
que
é belo, breve, inconstante.
Saibas,
loura de olhos azul atlântico, que onde tu andares
com
teu andar sexy lá estará minh’alma
de
poeta, venerando tua beleza milenar.

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GAROTA CENTER SHOPPING
EI – LA
que surge altiva, bela, peregrina,
desfilando sua ternura pelo Center Shopping,
motivando emoções no supremo êxtase, sensibilizando
o poeta no delírio do poema de amor, que enlouquece
corações eleitos.
EI – LA
que surge no Center Shopping, com seu sorriso,
dissipando trevas do espírito; é como o universo,
intimando amores perfeitos na poesia de Deus.
EI – LA
que surge com seus lábios paralelos, sua curvilínea imagem,
iluminando o ambiente com seu vulto gracioso,
clonando a garota de Ipanema de Vinicius e Jobim.
EI – LA
que surge no Center Shopping como meteoro em noite
estrelada, bela, seu corpo é poema de carne e osso,
provocando adrenalina na juventude em festa,
inspirando o artista no fantástico canto destes versos
de amor e posse, nos magníficos sonhos do Shopping.

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  • 1. ANTOLOGIA PESSOAL POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia POEMAS SELECIONADOS EM UBERLÂNDIA A foto da capa e da contra-capa, foi tirada pelo autor em janeiro de 2010, no 22º andar do Edifício Sandoval Guimarães na Praça Tubal Vilela, tendo como foco o belo e esférico prédio das Lojas Americanas (Antiga fábrica de balas Imperial na década de 60), e o magnífico verde no hiper-centro da cidade e na contracapa em cima e a esquerda contempla-se o eucalipto da portaria no bairro Mansões Aeroporto, cuja primeira chácara da entrada pertence ao poeta desde 1980. SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA Gráfica Roma 2010 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 1 1 2/8/aaaa 22:14:53
  • 2. Siomar Rodrigues de Sousa Copyright 2010 - Siomar Rodrigues de Sousa FICHA TÉCNICA FOTO DA CAPA E ARTE SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA REVISÃO ORTOGRÁFICA Prof. Tasso de Abreu (Autor do livro Gramática Explicativa da Língua Portuguesa) PROJETO GRÁFICO Gráfica Roma EDITORAÇÃO GRÁFICA Cristiane Oliveira Tiragem - 1.000 exemplares SOUSA, Siomar Rodrigues de. POEMAS SELECIONADOS EM UBERLÂNDIA / Siomar Rodrigues de Sousa - Uberlândia, 2010 136 p. 1. Literatura Brasileira - Poemas. I. Título ISBN: número a definir Contato com o autor: Rua Cel. Antônio Alves Pereira, 546 - Centro CEP 38400-104 - Uberlândia - MG - Brasil - América do Sul Tel. (34) 9126-0318 Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito. Composto e impresso no Brasil Printed in Brazil 2 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 2 2/8/aaaa 22:14:53
  • 3. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia O autor dedica este livro e presta justa homenagem, à excelente empresa IVAN NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS, pela magnífica contribuição no desenvolvimento da produção cultural em Uberlândia, Minas Gerais, e no reconhecimento do potencial do artista uberlandense. 3 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 3 2/8/aaaa 22:14:53
  • 4. Siomar Rodrigues de Sousa O POETA E HISTORIADOR SIOMAR RODRIGUES DE SOUSA, PRESTA JUSTA HOMENAGEM AOS TRÊS PODERES MUNICIPAIS; EXECUTIVO, JUDICIÁRIO E LEGISLATIVO NA SEGUINTE FORMA: EXECUTIVO ODELMO LEÃO CARNEIRO – PREFEITO MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA. JUDICIÁRIO JOEMILSON DONIZETTI LOPES – DIRETOR DO FORO. LEGISLATIVO CÂMARA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA HÉLIO FERRAZ – PRESIDENTE. ADICIONALDO CARDOSO MÁRCIO NOBRE ADRIANO ZAGO MISAC LACERDA CARLITO CORDEIRO MURILO FERREIRA CÉLIO MOREIRA NORBERTO NUNES DELFINO RODRIGUES PASTOR LEANDRO DOCA MASTROIANO PROFESSOR NEIVALDO ESTEVÃO BITTAR RONALDO ALVES GILMAR PRADO VILMAR REZENDE HÉLIO FERRAZ WILLIAN ALVORADA JERÔNIMA CARLESSO WILSON PINHEIRO LIZA PRADO 4 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 4 2/8/aaaa 22:14:53
  • 5. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia DEPOIMENTO Siomar Rodrigues de Sousa é o poeta com o maior número de obras literárias publicadas no Brasil Central. Sua produção, é diversificada: livros, vídeos, long-play’s, cd’s, posters e dvd’s. Criou estilo único na composição de poemas na América do Sul. Foi líder no Brasil Central na confecção de poemas em discos, vídeos e dvd’s. Pioneiro na formação de grupos literários no Triângulo Mineiro e região. A partir de 1960, com apenas vinte e cinco anos, formou vários partidos políticos em Uberlândia-MG, e com coragem de guerreiro, enfrentou a ditadura militar do General Humberto Castelo Branco. (Foi líder da oposição no Triângulo Mineiro - PMDB). Foi candidato a Deputado Estadual mais novo do Brasil em 1966, e lançou o candidato a Prefeito de Uberlândia Lourival Rodrigues de Sousa, com apenas 21 anos de idade, sendo o mais jovem na história política do Triângulo Mineiro. Em 1998 foi candidato a Prefeito Municipal de Uberlândia-MG. O poeta teve múltiplas atividades; Escritor, empresário, historiador, funcionário público no Governo Federal, Estadual e Municipal; Político, cineasta na produção de vídeos e dvd’s com poemas, som e imagem. Sua poesia é romântica, repleta de ternura, amor e respeito ao ser humano. Nela combate os crápulas, os corruptos, que levaram a falência à sociedade brasileira. O escritor pertence a uma família de desbravadores. Seu pai, Sidney Rodrigues de Sousa, na década de 50, ajudou a construir caminhos, vilas, cidades, transportando mercadorias para Goiás e Mato Grosso. Em 1958 o poeta viajou para Mato Grosso, testemunhou o fato histórico; E verificou que os simples e antigos lugarejos, se transformaram em grandes cidades na região. Seu primo pelo lado paterno, LAURENTINO MARTINS RODRIGUES, em 1943, deu início ao povoado, que em 1953, seria 5 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 5 2/8/aaaa 22:14:53
  • 6. Siomar Rodrigues de Sousa emancipado, transformando-se na cidade goiana de GOIANÉSIA, sendo o fundador do Município. O poeta pelo lado materno, descende da família Vellasco, que contribuiu na transformação de Goiás, antiga capital do Estado. Siomar Rodrigues de Sousa, jamais foi conservador. Sempre buscou mudanças a procura de novos valores, para o desenvolvimento do Brasil. Foi como Bartolomeu Bueno da Silva, (o Anhanguera), e Fernão Dias Paes Lemes, um Bandeirante, a procura de novos rumos na construção de um mundo novo. Combatido, amado, perseguido, sempre seguiu avante na conquista de tudo aquilo, que acreditava. Foi derrotado várias vezes na luta desproporcional, mas se erguia e seguia seu objetivo, que seria a conquista do ideal na complementação de seus sonhos. Entre vitórias e derrotas, conseguiu na somatória de tudo, um saldo positivo no desempenho cultural da nação, contribuindo de forma expressiva, para a formação cultural e cívica do povo Brasileiro. Siomar Rodrigues de Sousa nunca foi omisso nas questões sociais do Brasil. É um ser humano que jamais passou despercebido. Foi amado ou odiado, nunca esquecido. É um poeta, que certamente ficará na história literária do Brasil, pela sua poesia, pela sua liderança na construção de novos rumos, para a literatura na região Central do Brasil. Siomar Rodrigues de Sousa, nunca se esquivou nas questões sociais do Brasil, e considera a omissão um crime contra a sociedade, favorecendo sua decomposição. Sempre foi combativo, intransigente na defesa dos menos favorecidos e espoliados. Seu estilo relembra as sábios palavras de Theodoro Roosevelt, filósofo e Ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte: “È muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glorias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito, que nem gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta, que não conhece vitória e nem derrota”. O poeta fundou várias entidades culturais e a Academia de Letras, 6 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 6 2/8/aaaa 22:14:53
  • 7. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Artes e Música da América do Sul no ano de 2000 (Alamas), ainda sem atividade. Visa a fermentação cultural e política da América do Sul. Seu estatuto previa a formação da Confederação de Nações da América do Sul, com moeda única, Parlamento, semelhante à União de Estados da Europa, já com 25 países; Finalmente no ano de 2008 foi criada a UNASUL sonhada pelo autor. O poeta Siomar Rodrigues de Sousa tem um sonho, que seria a criação do Governo Mundial (A união dos Estados Confederados). Povos unidos, sem guerras, exércitos, onde todos recursos seriam aplicados para a paz e felicidade do ser humano na terra. Sua devoção por Brasília é notável, sendo que a maioria de seus títulos literários, leva o nome da nova Capital do Brasil e de seu fundador Juscelino Kubitschek de Oliveira, que em vida, nutria pelo poeta uma enorme admiração, tendo inclusive afirmado: Siomar, em sua poesia encontrei versos de profunda beleza. Siomar Rodrigues de Sousa, é um poeta de mão cheia como disse o escritor Gustavo Dourado, Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal. Ronaldo Cagiano afirmou: Siomar Rodrigues de Sousa é um autor vocacionado, para o oficio, integrando aquela parcela de altruístas, que defendem a poesia com todas as suas armas, como um Quixote a mover o mundo, para defender a poesia. Tasso de Abreu, autor do livro “Gramática Explicativa da Língua Portuguesa” assim se expressou: A obra de Siomar vislumbra valor, elegância de estilo e conteúdo poético de primeira categoria. Bernardo Elis Fleury Curado, da Academia Brasileira de Letras assim se referiu: Siomar, velho amigo de Goiânia e Brasília, poeta e homem realizador, a estima e minha eterna admiração. O poeta e historiador Siomar Rodrigues de Sousa, foi o autor da minuta e da ação no projeto de lei que deu origem ao primeiro tombamento histórico de Uberlândia (Prédio da antiga Câmara Municipal e da Prefeitura 7 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 7 2/8/aaaa 22:14:53
  • 8. Siomar Rodrigues de Sousa Municipal). Projeto de lei apresentado pelo vereador Ângelo Cunha Neto e sancionado pelo Prefeito e líder Virgílio Galassi, que inicialmente destinou o imóvel, PARA O MUSEU HISTÓRICO, CULTURAL E POLÍTICO DE UBERLÂNDIA) fundado pelo cientista social Siomar Rodrigues de Sousa em 1978, e oito anos após por motivos não éticos e de ciumeira, tal doação foi cancelada, através de mudança da lei e o imóvel foi destinado, para o município e recebeu o nome de MUSEU HISTÓRICO MUNICIPAL. Siomar é incomum, guerreiro, honesto, valente, transparente e sobretudo gente de bem. Ele é o poeta da nova geração de Brasileiros. A história irá conferir, é só esperar. Sua poesia é como vinho; Quanto mais velho melhor. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA Historiador – Poeta (Rio de Janeiro - RJ) 8 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 8 2/8/aaaa 22:14:53
  • 9. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia PENSAMENTOS É melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que não gozam muito, nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta, que não conhece vitória nem derrota. Theodore F. D. Roosevelt (Ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte) O poeta ou o artista, que pratica a cultura no interior do Brasil, sem objetivo econômico, e é movido pelo supremo ideal na transformação do homem e do mundo, pode e deve ser considerado um arcanjo, principalmente pelo fato de que nosso planeta terra, está perdido entre o bem e o mal. Siomar Rodrigues de Sousa Diga-me o tamanho de teu desejo e eu te direi o tamanho de teu sofrimento Siomar Rodrigues de Sousa O caráter se reflete na conduta, tal qual a imagem no espelho. Siomar Rodrigues de Sousa O conselho sábio de uma mãe, é tão útil como um copo de água fresca no deserto. Siomar Rodrigues de Sousa Diga-me o tamanho do teu dinheiro e eu te direi o tamanho do teu conforto. Siomar Rodrigues de Sousa O sol dos grandes gênios, só brilha sobre a rampa dos campanários. Autor desconhecido IMPORTANTE O autor possui 321 poemas, produzidos ao longo de 50 anos de vida poética; Neste livro o poeta selecionou na sua opinião os melhores com nota dez. 9 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 9 2/8/aaaa 22:14:53
  • 10. Siomar Rodrigues de Sousa 46 Obras Literárias 01 – 10 Poetas no Brasil Central livro 02 – Poemas (compact) disco 03 – Poemas (compacto) disco 04 – Poemas (acetato) disco 05 – Poemas (acetato) disco 06 – Poemas para amar em Brasília livro 07 – Antologia dos poetas de Brasília LP 08 – Romance em Brasília LP 09 – Siomar e Brasília LP 10 – Primavera em Brasília LP 11 – Poemas em poster azul quadro 12 – Poemas em poster verde quadro 13 – Poemas em poster vermelho quadro 14 – Poemas em poster preto quadro 15 – Poesias de Uberlândia – partic. livro 16 – Poetas do Brasil (Coletânea M. Editora)) livro 17 – Poemas para o coração vídeo 18 – Poemas para amar vídeo 19 – Poemas para sonhar vídeo 20 – Poemas em êxtase vídeo 21 – Poetas de Uberlândia vídeo 22 – Siomar Rodrigues de Sousa vídeo 23 – Poetas do Brasil vídeo 24 – 3 poetas em família vídeo 25 – Poemas para os namorados vídeo 26 – Poetas de Brasília CD 27 – Siomar e Caldas Novas CD 28 – CTC e Caldas Novas CD 29 – Poetas de Uberlândia CD 30 – Poemas reunidos (na internet) CD-Rom 31 – Siomar e Brasília livro 32 – Poemas para o coração DVD 33 – Poemas para amar DVD 34 – Poemas para sonhar DVD 35 – Poemas em êxtase DVD 36 – Poetas de Uberlândia DVD 37 – Siomar Rodrigues de Sousa DVD 38 – Poetas do Brasil DVD 39 – 3 Poetas em família DVD 40 – Poemas para os namorados DVD 41 – Poemas para amar a mulher brasileira livro 42 – Poesias em Uberlândia livro 43 – Poemas selecionados em Uberlândia livro 44 – Poemas reunidos (55 anos de poesia) livro 45 – Minha luta (História Política e Cultural) livro 46 – Poemas da juventude livro 1965 1967 1967 1967 1967 1972 1972 1972 1972 1972 1978 1978 1978 1978 1986 1990 1996 1997 1997 1997 1998 1998 1998 1998 1998 2001 2001 2001 2002 2002 2002 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2004 2008 2009 2010 inédito inédito inédito 10 10 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 10 2/8/aaaa 22:14:54
  • 11. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia AMOR, SOMENTE O AMOR Amor, só tu, amor, tens o direito supremo de penetrar no jardim florido de meu peito, em loucos delírios, e viver, para sempre, no reino encantado da poesia. Só tu, amor, que desces em longas espirais das brancas estrelas do infinito em ondas de energia, luz e paz, és capaz de estraçalhar fibras e moléculas de meu coração, em preces de devoção e renúncia, em cântico dos cânticos na sinfônica natureza em noite enluarada. Só tu, amor, jorrando dos olhos verdes da mulher amada, tens o poder real e sacrossanto de levar lágrimas virgens a meus olhos tristes, fiel escravo da mãe natureza, no seu mais puro êxtase. Só tu, amor, só tu e ninguém mais, na comédia do mundo, és capaz de transformar meu espírito de mendigo a Rei e de Rei a mendigo, de transformar em meu peito o triste no belo e o belo no triste, na lógica reação da mais sublime e terna emoção, o amor. 11 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 11 2/8/aaaa 22:14:54
  • 12. Siomar Rodrigues de Sousa Só tu, amor, só tu conseguiste a unificação do homem na terra azul, só tu foste capaz de mover a roda da história de encontro ao futuro, só tu foste o fecundador do espírito de Deus, antena de luz e paz, ternura d’alma. Só tu, amor, foste o dínamo propulsor do gênio de meu viver... se vivo é só na louca esperança de um dia poder encontrar-te, em êxtase, na fascinação que produz os lábios vermelhos da loura virgem de olhos azul-atlântico. Só tu, amor, unificaste o universo e na tua forçagravitacional giram todas as brancas estrelas do infinito. Tu foste para mim, amor, a beleza, o ideal perfeito, o anjo bom de brancas asas que, descendo do céu azul foste capaz de arrebentar fibras de meu peito solitário em loucos suspiros de renúncia e perdão. Só tu, amor, só tu nascerás pela manhã numa canção de luz e paz, sob o gorjeio sinfônico da passarada em festa e renascerás triunfante na solidão da madrugada. Só tu, amor, só tu e ninguém mais foste tanto para mim, quando procurando te encontrei no gorjear do sabiá, em tardes douradas, embriagando-me na tua doce sinfonia; foste o tudo e o nada, quando buscando-te não te encontrei na solidão das noites frias e sem luar. 12 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 12 2/8/aaaa 22:14:54
  • 13. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Eu te amo, amor, tu que és ondas de energia e luz, porque eu e tu somos gêmeos, somos unidade em espírito e carne, na luz infinita e imortal do universo, que borda em mil sonhos a força potente e dinâmica de minh’alma pioneira; Foste tu, amor, só tu, amor, que habitas o sorriso infantil das rosadas crianças infantes do futuro, que amo acima de todos os altares, na catedral florida de meus sonhos, perdidos na amplidão do firmamento eterno. Foste tu, amor, que germinaste o galopar do vento errante, que corre qual louco corcel pelas verdes campinas em festa. Foste tu, amor, que ao cair das tardes morenas, sob o gorjear da triste araponga, vai levar de mansinho o teu doce beijo às flores silvestres nos jardins coloridos da serra. Foste tu, amor, só tu, amor, que fecundaste a natureza, criando vida, multiplicando existência, gerando o presente, o passado e o futuro; Só tu, amor, só tu que nas louras primaveras foste capaz de fecundar verdes campos em flor com teu hálito divino; Só tu borda em mil contrastes a sublimidade dos verdes bosques e tornas o chão salpicado de mil cores, folhas mortas, vermelhas e amarelas, que caem das árvores frondosas no jardim da existência, fonte de todo amor da vida, germe de tudo e do nada; Só tu, amor, 13 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 13 2/8/aaaa 22:14:54
  • 14. Siomar Rodrigues de Sousa no calor de tua humildade levas o fogo da felicidade a todos aqueles que, em tardes musicadas, sob o gorjear da passarada, se querem, se abraçam, se beijam, incendiando o espírito, à sombra fresca dos laranjais. Só tu, amor, só tu irás acompanhar-me ao derradeiro abrigo em túmulo frio, onde eu e tu, na unidade da essência universal, fecundaremos com o germe de nosso ser estrelas solitárias na eternidade do infinito, gerando mil sóis a iluminarem o universo de Deus. 14 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 14 2/8/aaaa 22:14:54
  • 15. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia VERSOS À UM FUTURO FILHO (Ao filho Dr. Alexandre Magno Masini de Sousa) Meu filho, meu adorado filho, tu que ainda não vieste à vida, tu que já foste filho do tempo e do espaço, tu que já foste átomo e molécula desintegrada dentro do vazio e da amplidão do cosmo, tu que já foste partícula elétrica do universo, tu que ainda não fôste-gerado no cômico teatro do viver e que dormirás no útero virgem da donzela. Meu filho, meu adorado filho, tu que és adorado e amado antes da comédia física, tu que és velho como os antigos deuses, tu que já viveste no Sudão, no Iraque, na Rússia e no Egito, tu que já sofreste nas caminhadas longas do passado. tu que já foste rico, plebeu, desgraçado, feliz e hipócrita nas etapas compridas das encarnações remotas e no berço das sucessivas vidas de outras eras, tu que foste átomo e serás espírito fecundado no seio virginal da donzela e que serás amado pela mãe, que ambos desconhecemos. Meu filho, meu adorado filho, germe do espaço, filho das forças cosmonais, filho oculto do Deus, que não conheces e que teu pobre pai ignora, dentro da filosofia do universo indecifrável; Tu que és filho incógnito do incompreensível e produto das complicações do vazio da existência. 15 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 15 2/8/aaaa 22:14:54
  • 16. Siomar Rodrigues de Sousa tu que virás ao planeta terra e indagarás ao teu pai: “Pai, por que vivo? qual a razão da vida minha? por que sinto o palpitar do sentimento dentro do meu peito juvenil?” então teu pai responderá que também procura o significado do significado, daquilo que tu também procuras, filho meu. e então ambos em prantos, procuraremos, nas jornadas do futuro, a decifração do nada e a filosofia das forças incompreendidas, porque creio, filho meu, que a vida continua e o espírito sobrevive, além do frio cemitério da terra e além da transitória matéria, que é apenas o carro condutor da alma, que se desenvolve através dos tempos vindouros do futuro. Meu filho, meu adorado filho, eu te amo, antes de te ver na comédia humana, porque acredito ter-te amado noutras planetárias encarnações, noutras eras, talvez longínquas da história remota e que latejam no inconsciente do ser, que Deus deu-me no limiar da existência. Meu filho, filho meu, tu que és anjo de Deus e que aguardas a vindoura hora, para nascer no mundo da miséria e do sofrimento e para se prostituir no mundo dos egoístas cruéis, no qual os homens precisam ser feras, para viverem num mundo de feras, tal qual Augusto dos Anjos em líricos versos cantou. Meu filho, meu adorado filho, tu que vais ser filho e vais ser pai e vais sentir na carne o espinho agudo da sociedade prostituída. 16 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 16 2/8/aaaa 22:14:54
  • 17. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Meu filho, meu adorado filho, tu que foste filho do espaço e do trovão, tu que foste filho das forças do cosmo e do oculto Deus; O teu pai espera-te no planeta, para guiar-te na escuridão e nas trevas dos espíritos cruéis duma humanidade sem rumo certo e ignorado. Filho meu, ó filho humilde de minh’alma, filho dos átomos, que rodopiarão no corpo meu, teu pai espera-te para te beijar e guiar no certo caminho, para acariciar os olhinhos teus, os cabelos teus e quando te sentires adulto sê forte, sê meigo, sê gentil, para enfrentar a social-doença do injusto mundo, de misérias, de calúnias, de crimes e não te deixes corromper com os miseráveis, com os prostitutos da corrupção, com os corrompedores da comunidade, com os injustos, com os malfeitores, com os vaidosos, com os ricos e com os egoístas. Sê, filho meu, amigo do pobre que redime a humildade e a beleza de tudo que é belo; Sê amigo dos animais, que são irmãos teus, no processo rotineiro da evolução cosmonal. 17 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 17 2/8/aaaa 22:14:54
  • 18. Siomar Rodrigues de Sousa Ama os animais, ama a água, ama o espaço, ama tudo, filho meu, porque tudo e todos são irmãos teus e estão, como tu, dentro das leis científicas da evolução do viver, porque tudo se cria e evolui dentro do conceito da lógica e da razão. E quando estiveres grande estuda bastante, filho meu, para clarear a alma tua, única herança do túmulo da terra, porque o estudo clareia a alma, filho meu, que resides no espaço... sê, filho meu, um poeta, um astrônomo, um músico, um filósofo ou mesmo um pobre homem, mas honesto, porque os pobres são os anjos que Deus colocou no mundo, para fazer a redenção dos humildes e dos justos. Une-te com os justos, para fazer a justiça dos tempos finais e apocalípticos, cantados na Bíblia de Jesus Crucificado e aparta-te dos retrógrados, dos homens, que vivem com o espírito dentro das trevas da incompreensão. Meu filho, meu adorado filho, quando tu fores velho, pai, avô e bisavô, perdoa o teu pai que já morreu, e que não te deu o suficiente para viveres corno um sábio e então, do outro lado da vida, eu te esperarei, para nós dois procurarmos o porquê da existência e, juntos, representarmos no cósmico teatro do viver “A nova comédia humana”. 18 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 18 2/8/aaaa 22:14:55
  • 19. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia AMEI TEUS OLHOS AZUIS Amei-te no momento primeiro em que senti teu cheiro de pétalas de rosas, tua pele alva, fina, macia, teus olhos azuis, pedindo tudo, suplicando amor, proteção, tua boca bem feita na tua carne de desejo e posse, teus vermelho lábios, convidando-me a beijá-los no amor da carne, no êxtase dos Deuses. Ah!... teu sorriso, teus louros cabelos, teu perfume, tua pele, qual seda chinesa, ornamentando teu vulto escultural de deusa dos altos píncaros celestes. Meus olhos de poeta cruzaram com teus olhos azuis, mansos, meigos, tranqüilos de mulher feliz, de bem com a vida, tua figura transmitindo paz, felicidade, penetrando no interior de minh’alma pioneira, provocando delírio e vibração nos átomos solitários de meu corpo genético de carne e osso, que irá se decompor no túmulo do cemitério frio. Amei-te no momento primeiro em que senti teu cheiro de pétalas de rosas, tua pele alva, fina, macia, teus olhos azuis, pedindo tudo, meus olhos cor de mel, te prometendo o céu, o amor e a terra. 19 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 19 2/8/aaaa 22:14:55
  • 20. Siomar Rodrigues de Sousa Tu foste o anjo sonhado nos verdes anos da juventude em festa, tua boca esculpida, cortando teu rosto em duas paralelas sensuais. Teu sorriso, ah! a magia de teu sorriso, se abrindo como sol na primavera em festa, teu cheiro, tua ternura de mulher verdadeira, não destas fêmeas, que existem por aí, perdidas na ilusão da independência, destas que perdem tudo, a família, os filhos, o esposo na neura dos conflitos, destruídas na teia de aranha da vaidade, do material, do status, do inútil, do transitório, explodindo corações na provação cruel, insana, que tortura e mata. Tua cintura fina, prolongada pelos teus quadris arquitetônicos, complementados por tuas pernas longas, perfeitas, estimulando vibração no coração do poeta em noite fria, extasiando, afogando o espírito na loucura dos sentimentos. 20 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 20 2/8/aaaa 22:14:55
  • 21. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia ARMADILHAS NAS REENCARNAÇÕES Jesus, que brincadeira a vida reservou-me neste orbe, no caminhar das várias encarnações no remoto passado!... que vim fazer nesta terra como forasteiro?... sou filho do planeta Capela, da música perdida nos confins do universo, sou neto da gravitação dos astros; Meu berço é lá no esplendor planetário, noutras vidas, noutras encarnações; Surgi oriundo da desintegração do átomo, no rodopiar dos elétrons; Sou energia magnética das galáxias, sou micro e macro existente na eternidade das estrelas; sou microcosmo refletindo imagem do criador na relatividade do espaço azul; Sou grão de areia na terra, que fecunda a criação fantástica do incomensurável, adquirindo poder de inteligência, discernindo o certo, o errado, o bem, o mal. Fui guerreiro entre guerreiros, Imperador entre Imperadores, intelectual na Revolução Francesa, Senador no Senado Romano, inconfidente na Inconfidência Mineira, Rei entre Reis; Lutei na Grécia de Alexandre Magno, Comandante entre Comandantes, destruindo povos, tentando construir e na lei do retorno, fui miserável entre miseráveis, plebeu entre plebeus. Através dos séculos fiz história, entre guerras e guerras, revoluções e revoluções; acreditei no inacreditável, sonhei uma sociedade solidária no jardim de rosas vermelhas, sensibilizando o antropóide; Fui soldado e General no destino da raça humana, bela, cômica, triste; Movi a roda do desenvolvimento no calendário do tempo, 21 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 21 2/8/aaaa 22:14:55
  • 22. Siomar Rodrigues de Sousa no perpetuar lento do progresso social; Dormi nos pântanos, no frio, assisti à decomposição dos vencidos cadáveres, para quê e por quê?... para o nada, para o vazio, para o túmulo, para o esquecimento, só encontrando ternura no sorriso expressivo da criança, doçura no amor natural no cão vira-lata e vadio, que surpresa, Senhor meu Jesus!... Que surpresa na solidão dos astros!... Que sofrimento na evolução do bicho homem!... Jesus, que brincadeira o viver reservou-me nesta encarnação!... Na juventude, na aurora da existência consumida, sonhei e fiz dos sonhos meus uma meta de luta, um pedestal, um reino encantado onde colocaria meu suor, minhas ilusões, minhas conquistas. Desejei, fama, poder, reconhecimento, família, filhos, netos, melhorar o mundo, deixar rastro de evolução para a pobre humanidade e hoje, no entardecer dos anos, com sabedoria dos cabelos brancos, contemplo com desesperança e descrença os encantos de outrora, que imaginei iriam iluminar meu espírito bêbado de esperança, embriagado nos verdes anos. Desejei fama, encontrei humildade; Desejei poder, encontrei desconfiança, inveja; 22 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 22 2/8/aaaa 22:14:55
  • 23. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Desejei retidão, encontrei o crápula, o rato de esgoto; Desejei família, encontrei mulher neura dos problemas; Desejei filhos, encontrei inimigos da idade média; Desejei netos, prefiro nem pensar na provação!... Desejei reconhecimento, encontrei intriga, perseguição; Desejei luz, clarividência, mas imbecis desejam trevas; Desejei governo planetário, que só virá no determinismo da história, que purga atrozmente o íntimo de cada um; Desejei amor... Ah! o amor dos anjos, aquele que penetra de mansinho levando o coração e o espírito no gozo das delícias. Desejei o amor de São Francisco de Assis e só o encontrei na beleza material da esfera terrestre; Amei o próprio amor de Deus refletido nas montanhas, nos vales verdes, na imensidão do mar, na tranqüilidade dos pequenos córregos, na sinfonia do gorjear dos pássaros, na magnitude das cachoeiras, na poesia do mendigo, na luta dura das formigas, na filosofia dos sábios, na mansidão dos santos, na indagação magnífica do desconhecido, na candura do mestre da Galiléia, na renúncia das ilusões, na profundidade dos ensinamentos, na humildade da crucificação. Ah!... Se na aurora da existência em festa perdida, eu pudesse seguir a máxima de Cristo, se quiseres alcançar o reino de Deus, vá dividir tudo que possuir, venha e me acompanhe. 23 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 23 2/8/aaaa 22:14:55
  • 24. Siomar Rodrigues de Sousa ELA E O UNIVERSO (Para Letícia Seravalli Oliveira) Ei-la que passa altiva e bela, vestida de minissaia amarela e como o próprio universo infinito, ela caminha numa suprema graça, como o cisne branco corre sobre tranqüilas águas dos belos lagos recortados por verdes serras. Ei-la que se aproxima... é o próprio universo que surge na passarela em festa, com toda sua harmonia refletida, no corpo esguio de fêmea, que é o próprio infinito ornamentado na mais pura das formas em tarde azul. Ei-la que surge... é o universo de encontro a minh’alma errante, é a graça, é a poesia, é a beleza, é o amor perfeito que se aproxima em passos compassados, no ritmo da suprema obra de Deus, a mulher, a meiga mulher amada. Ei-la que passa altiva e bela, vestida de minissaia amarela; Na cadência de passos lentos, ela caminha tranqüila e soberana; É o próprio universo que passa e os astros da noite azul seguirão, para todo o sempre sua sombra, seu vulto gracioso de mu1her bonita. Ei-la que se aproxima, é o universo infinito de encontro à minh’alma pioneira, é ela que vem, calada e sorridente, como deusa dos caminhos, enchendo vida de sonho e sonho de vida, trazendo na pureza de seus vermelhos lábios o néctar da única beleza do mundo, o amor, somente o amor. 24 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 24 2/8/aaaa 22:14:55
  • 25. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia SIOMAR, ELA E BILAC Disse Olavo Bilac, poeta maior: cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos povoada e a alma de sonhos povoada eu tinha e parados de súbito na estrada da vida, longos anos presa à minha a tua mão. Veja, meu amor, Bilac poeta do eterno beijo estraçalhou meu coração com a ternura imaculada de teus sonoros versos. Veja meu amor, Olavo Bilac do frio túmulo invadiu com o frenesi de teu belo canto o interior de minhas moléculas, explodindo o DNA de minha clonada carne, na genética engenharia de meus históricos antepassados. Veja meu amor, Bilac com a ternura de sua poesia penetrou meu sangue; Sua melodia invadiu minhas veias, inundando no gozo d’alma minhas moléculas já semimortas, semidecompostas nas veredas desta terra azul, nas amarguras deste mundo cruel, insano. Veja, pálida donzela, tu em sonho me ouves na penumbra de teu quarto na noite escura, nua com tua epiderme macia no convite ao sexo enlouquecido, no desejo de amor e posse. 25 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 25 2/8/aaaa 22:14:55
  • 26. Siomar Rodrigues de Sousa Veja a candura deste poema: cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos povoada e a alma de sonhos povoada eu tinha. Veja, amor, eu poeta clonado na estelar energia, embriagado no tresloucado amor entre beijos e abraços, dizendo-te; Tu és sensual de calcinha preta, com teus brancos seios, desnudos, convidando, provocando desejos incontidos. Tu que me ouve no leito macio, tu, virgem nos sonhos n’alma pura. Eu habitando teus delírios afirmo: tu, fêmea dos sonhos meus, cerra teus verdes olhos, descobre tua imagem, tuas pernas de pele branca, macia como seda chinesa, para que nossos corpos se completem na comunhão carnal. Amor, minh’alma está contigo na tua cama macia de descanso; Eu, nu, deitando-me a teu lado, sussurrando poemas de encanto e posse a teus ouvidos, para que tu possas ires ao gozo do supremo espírito, em múltiplos orgasmos e tu sentirás o cósmico esperma penetrando no teu ventre, fecundando-te na santidade da reprodução dos eleitos seres, no amor universal, perdidos na eternidade das brancas estrelas do céu azul, com trilhões de galáxias, oriundas da magnética energia de Deus cósmico, gerado na desintegração do átomo, da matéria, da anti-matéria na espontânea geração. 26 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 26 2/8/aaaa 22:14:55
  • 27. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Meu amor, disse Olavo Bilac: cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos povoada. Dorme outra vez, cerra teus verdes olhos, virgem donzela, sonha com este poema de meiguice n’alma tua, porque quando tu acordares pela manhã na primavera em festa, sob o canto do bem-te-vi, tu sentirás meu corpo quente acoplado ao teu corpo escultural, para amar-te no tesão perfeito de triplos orgasmos, e eu, poeta da vida, sussurrando a teus ouvidos versos de delírios e êxtase, para teu corpo enlouquecido. Ao acordar tu sentirás min’alma ajoelhada a teus pés, e tu, só tu, trêmula, louca, tocando minha boca, minha língua enrolada à tua, no beijo molhado pelo orvalho da madrugada; Eu, bebendo tua saliva, tu sugando minhas proteínas, minha língua descendo pelo teu corpo branco, macio, sentindo o suor de teus poros entreabertos e tu no frenesi do trêmulo gozo, dizendo-me entre abraços e beijos: querido, eu te amo no eterno amor; E eu, beijando-te o ouvido, os seios, o pescoço, os vermelhos lábios, acariciando teus negros cabelos eu digo: cheguei, chegaste, vinhas fatigada e triste e triste e fatigado eu vinha; tinhas a alma de sonhos povoada e a alma de sonhos povoada eu tinha. 27 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 27 2/8/aaaa 22:14:55
  • 28. Siomar Rodrigues de Sousa SONHOS DE TERNURA Quis amar-te no amor dos anjos e dizer-te, que tu serias deusa no altar de meus devaneios, desejos e quimeras. Quis dizer-te, alma minha de minh’alma, clone genético de meus delírios incontidos, fotografia de dois seres unos no celestial amor, que só anjos dos altos píncaros siderais conhecem na retidão do puro, do sobrenatural. Quis dizer-te tudo e o nada e meus olhos contemplando teus olhos; Tu serás companheira nos caminhos deste planeta, duro, cruel; Serei teu guia nos momentos de desespero. Tu serás ternura dos seres perfeitos, secando lágrimas de sangue nos olhos meus. Quis amar-te e beber tuas virgem lágrimas, com beijos quentes de ternura, devoção dos seres superiores. Quis deitar-me a teu lado, sentir o calor de teu corpo quente, beijar-te na tua face de pele branca, fina, macia, qual seda chinesa, para dizer-te: tu és única na terra, nas estrelas; Serás mãe dos filhos meus nos tortuosos caminhos do mundo aflito em noite fria, escura. 28 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 28 2/8/aaaa 22:14:55
  • 29. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Quis acordar-me pela manhã, no raiar do novo dia, senti-la nos meus braços cansados, nos desenganos do orbe aflito e dizer-te: tu serás sonho de meu sonho, carne de minha carne, sonoridade na doce poesia, êxtase de todos os êxtases, néctar de todos os néctares. Quis acordar todos os dias e entregar-te uma vermelha rosa molhada pelo orvalho da madrugada, como prova, veneração de minha devoção, ternura de meu sexo incontido. Quis arrancar meu coração de poeta incompreendido, para entregar-te o sangue quente de meu corpo estelar, como testemunha do louco orgasmo de minha devoção. Quis, nos sonhos meus, acordar todos os dias, todos os anos e tê-la sorrindo a meu lado, no sinfônico gorjear do bem-te-vi na manha sonora, para entregar-te um buquê de vermelhas rosas, perfumadas pelo orvalho das madrugadas, abençoadas pelo supremo néctar das brancas estrelas, para dizer-te: tu, só tu foste única, verdadeira; Tua ternura, teu coração iluminou meus caminhos neste planeta conturbado. 29 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 29 2/8/aaaa 22:14:55
  • 30. Siomar Rodrigues de Sousa Sonhei, na aurora da existência consumida, amar-te no amor profundo, mas na contradição do terrestre carma, tua alma estava distante milhões de anos-luz de minh’alma, na evolução de valores da terra, das estrelas pioneiras, e aí vivi o sofrimento, a provação, que tortura, fere, mata sonhos, mil sonhos, foram só sonhos, nada mais do que sonhos! Foi belo enquanto durou. Só sonhos nada mais do que sonhos desfeitos nas tardes frias. Que pena! Que cruel fatalidade! Quis amar-te, esforcei-me, mas nossos espíritos desiguais, estão separados por milhares de anos-luz, na relatividade de Albert Einstein. Creio que um dia encontrarei noutras existências o anjo sonhado, para juntos navegarmos como cosmonautas pelas bilhões de galáxias no espaço estelar. Tu foste sonhos, só sonhos, nada mais do que sonhos desfeitos, nas tardes frias na união do eterno carma, que purifica todos os seres no filtro da reencarnarão. 30 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 30 2/8/aaaa 22:14:55
  • 31. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia TERNURA, CHARME E O POETA Teu nome é ternura, charme, elegância, postura imaculada de mulher de bem com a vida, com tua pele macia como seda chinesa, bem tratada no belo rosto esculpido por fídias nos remotos tempo da Grécia... de Sócrates, de Píndaro, gênios do perfeito. Teu corpo torneado, sensual, perfeito na geometria do incalculável; Teus seios sem efeito gravitacional, no lugar certo, na moldura do conjunto arquitetônico; Teus poros na tua pele aveludada transpirando emoção da existência em festa, refletida no teu vulto gracioso de fêmea, destas, que ainda usam vestido próprio da mulher, que está deixando de existir. Tu na penumbra da pista de dança do Castelli Hall, teus olhos fechados, sentindo a italiana música, invadindo teu ventre, que entorpece o coração do poeta, no êxtase de todos os êxtases, no cântico de todos os cânticos. Teus olhos semi-fechados, teu espírito extasiado, navegando, mirando estrelas, levitando por outras galáxias, sentindo a ternura da criação divina, que somente seres privilegiados poderão sentir. 31 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 31 2/8/aaaa 22:14:55
  • 32. Siomar Rodrigues de Sousa Teu corpo é ternura, charme, elegância, postura; Obrigado por existir, motivando este poema, comovendo a lírica emoção do poeta, no charme de todos os charmes, no êxtase de todos os êxtases, no cântico de todos os cânticos. Tu só tu provoca-me no platônico devaneio, meus lábios vermelhos beijando tua boca esculpida, charmosa, rosada, paralela no eterno beijo de Romeu e Julieta, refletindo o êxtase universal da criação divina. Tu só tu, fêmea de meus solitários cantos, leva-me a triplos orgasmos, vertendo lágrimas de cristais a minha face ornamentada de diamantes, projetando novas cores aos olhos meus, castanhos, cor de mel, pedindo tudo, suplicando teu amor no leito macio do devaneio, no sonho de todos os sonhos imaculados do poeta em noite fria, eu dizendo-te tu serás minha e tu dizendo-me, serei tua, para sempre, para todo o sempre, nesta vida e em outras existências, perdidas na eternidade do universo estelar de Deus. 32 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 32 2/8/aaaa 22:14:55
  • 33. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia A NOIVA E O POETA A igreja quieta, úmida e fria,ornamentada de rosas vermelhas, ao fundo, aos pés do altar de CRISTO o poeta chora a soluçar. Cabisbaixo e ajoelhado, reza e no rosto duas lágrimas de sangue a brilhar. Lábios trêmulos, exclama: Senhor, ó Jesus, ó cordeiro da Galiléia, venho entregar-te os versos meus, porque a doce amada, música de minha alma, partirá para sempre com outro homem, um desconhecido nos sacrossantos laços da união matrimonial. Adeus, Senhor, aqui estão meus poemas, carbonos de meu ser hiper-sensível, lírios, flores, perfumes de meu espírito, porque, partirei para a eternidade do tempo pelo caminho curto do portal do suicídio. Louco, desvairado, o poeta caminha, para o altar da Virgem Maria e de joelhos cai aos seus pés. Nisso os sinos tocam, ouve-se a marcha nupcial. 33 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 33 2/8/aaaa 22:14:55
  • 34. Siomar Rodrigues de Sousa De repente... Ei-la, que surge de véu e grinalda, toda vestida de branco, altiva e bela. Garbosa e sorridente, de passos compassados, ao som da marcha nupcial, sob os olhares dos convivas, a noiva entra na igreja ao lado de outro: seu noivo. No fundo, ajoelhado, o poeta chora lágrimas de tortura vertidas pelas armadilhas da vida e no seu canto perene de morte, se dirige à Virgem Maria, mãe de Jesus; Ó Virgem, não permitas, que ela parta com outro e que se vá para tão longe dos lábios meus, que, outrora, foram a ilusão de meus beijos. Perdoa-me ó santa, errei ao abandoná-la ao léu do desprezo e da amargura e hoje, arrependido, venho suplicar a ajuda tua e prometo ser o melhor dos homens e encher os dias de meu anjo de crianças, lírios, flores, perfumes, de amor, de carinho, de felicidade e juro criar os filhos nossos, para a tua divina glória imortal. Nisso o padre já velho e grisalho pergunta ao noivo RICARDO CASTELO BRANCO, aceitas como legítima esposa tua 34 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 34 2/8/aaaa 22:14:55
  • 35. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia a senhorita CRISTINA PINHEIRO?... o noivo, serenamente, disse: S I M !... e o padre pergunta afinal: CRISTINA PINHEIRO?... aceitas como legítimo esposo teu, RICARDO CASTELO BRANCO?... Ouve-se um breve silêncio na igreja! CRISTINA VACILA, CRISTINA HESITA, trêmula e branca a desmaiar, volta os verdes olhos seus, para o altar da Virgem-Maria e contempla o poeta de joelhos a chorar tranqüilamente aos pés da mãe do Nazareno. A noiva, de véu e grinalda, comovida com duas pérolas verdes, cheias de lágrimas, abandona o noivo ao pé do altar e corre pela igreja, cheia de flores ao encontro do verdadeiro amor, príncipe de suas ilusões e Rei supremo da catedral de seu coração de moça. O Padre e os convivas em pânico, aturdidos com o inesperado abandonam o recinto. A igreja, quieta, úmida e fria, ornamentada de rosas vermelhas, ao fundo, ajoelhados aos pés da Virgem choram e beijam comovidos, a noiva e poeta. 35 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 35 2/8/aaaa 22:14:55
  • 36. Siomar Rodrigues de Sousa RETORNO A CASA PATERNA Ah!... quero morrer e ter o espírito liberto do corpo de carne podre e decomposta, alçando o vôo gigante, qual branco albatroz nas manhãs de ouro, retornando à casa paterna perdida na vastidão infinita e estrelada do universo. Ah!... quero morrer e ter o gozo supremo de voar livre pelo céu estrelado, consciente da grandeza do mundo e da força potente do espírito pioneiro. Ah!... quero morrer e deixar tudo na terra maternal, desde o amor nutrido pelas lindas mulheres nos verdes campos em flor, até mesmo a mecânica lírica de meus poemas, loucos delírios e símbolos do gênio, que habita dentro de mim mesmo, na santa esperança de que eles levem o amor supremo de minh’alma a todos aqueles que vegetam no deserto da vida, sem terem, jamais, enlouquecido na fonte pura do bendito e sacrossanto amor. Ah!... quero morrer e, com a força potente do espírito pioneiro, navegar, qual barco ligeiro sob a brisa fresca do ar, louco, sem destino certo, para sentir o barulho do vento nas longas campinas em festa, para beber o néctar de todas as flores, se embriagando com o perfume de todos os lírios e em porto seguro beijar, na sombra dos laranjais, os lábios vermelhos da fêmea amada, cujo único vestido é a própria pele macia da carne em corpo vivo. 36 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 36 2/8/aaaa 22:14:55
  • 37. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Ah!... quero morrer e ter o espírito febril em festa, na magistral despedida do meu último abrigo terrestre bem amado e querido, ouvindo no estampido estridente do espaço vazio, o bater de asas sonoro dos brancos cisnes na triste despedida, além do majestoso vôo das louras borboletas em tempo consumido e, no momento derradeiro, ouvir no gorjear da passarada a melodia orquestral de seu fúnebre canto, num último grito da homérica despedida. Ah!... quero morrer e navegar pelos planetas do infinito e em todas as terras habitadas da poeira estelar quero embriagar o espírito nos lábios de todas as cândidas donzelas do cosmo, na comunhão, na hóstia do amor puro e angélico. Ah!... quero morrer e ter o espírito liberto do corpo de carne podre e decomposta, atravessando mil esferas e mil ilhas no espaço e, num repente heróico, fugir veloz da gravitação cósmica, onde a luz correndo pelo espaço-tempo a trezentos mil quilômetros por segundo, viajar durante bilhões de anos-luz na órbita do universo material e curso de Albert Einstein. Ah!... quero morrer e deixar tudo na terra, desde o delírio nutrido pelas virgens belas do mundo e, num gesto heróico, romper a gravitação dos corpos materiais do universo, atingindo a anti-matéria, energia pura onde DEUS é imaterial na existência das contradições humanas, é átomo desintegrado, é éter rarefeito é luz do núcleo profundo do micro-cosmo, espelho do macro-cosmo, repleto de brancas estrelas, campo de GUERRA E PAZ na eterna evolução secular do homem. 37 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 37 2/8/aaaa 22:14:55
  • 38. Siomar Rodrigues de Sousa POEMA PARA O GOVERNO MUNDIAL (Para Elismar Prado) Meu sonho é ver a ONU se transformar no Governo Mundial; Um Parlamento universal, para todas nações... um Primeiro Ministro, um Ministério voltado, para o bem estar do homem, o Ministério da felicidade, o Ministério da criança, do idoso, a desmobilização dos grupos armados, os recursos da guerra em trilhões de dólares, retornando às forças da paz, para fraternidade, igualdade, solidariedade, sonho maior da Revolução Francesa. Meu sonho é ver todos povos comemorando o amor, os jovens se beijando à sombra fresca dos laranjais, nas verdes campinas em festa, no puro êxtase da carne e do espírito. Meu sonho é o amor natural, onde igrejas não serão necessárias, porque o planeta terra com seus lírios, rios, flores, cachoeiras em arco-íris será única catedral, onde cristianismo não será só teoria, mas amor na prática do viver de todos os dias, onde o Vaticano e o Papa serão peças seculares de museu, de um passado distante, repleto de cruéis contrastes. Meu sonho é ver o homem dirigindo sua agressividade natural, para brancas estrelas em noite enluarada, observando galáxias, nelas procurando sua integração maior com o Criador, na energia, essência magnética de Deus. 38 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 38 2/8/aaaa 22:14:55
  • 39. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Meu sonho é ver a ONU se transformar no Governo Mundial; Um Parlamento universal, para todos povos, onde nações serão Estados do Governo planetário; Um só corpo, uma só cabeça, um só Parlamento, um só dirigente, para todas raças; Um Primeiro Ministro, Ministérios, para o bem estar dos seres; O Ministério da felicidade onde os excluídos serão seres prioritários. Meu sonho é destruição da máquina de guerra, é sentir que o homem não tem medo do outro homem, e ver trilhões de dólares dos exércitos vertidos, para a construção de um mundo novo, voltado para paz, para igualdade, solidariedade, fraternidade. Meu sonho é ver o bem vencendo o mal, o sol eliminando trevas na noite fria, aquecendo corpos esqueléticos, maltrapilhos, esquecidos pela egoísta sociedade de valores invertidos. Meu sonho, é o de Simóm Bolívar, Ganhy, Alexandre Magno da Macedônia, meu sonho, é o de Sócrates, Platão, de todos os veneráveis vultos do passado, que moveram a roda da História de encontro a integração do Microcosmo com o Macrocosmo na catedral dos sonhos e dos eleitos, no êxtase do amor, somente do amor. 39 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 39 2/8/aaaa 22:14:55
  • 40. Siomar Rodrigues de Sousa POEMA À MINHA MORTE Quando eu morrer, permita Deus que a terra esteja na primavera em flor e que meu túmulo seja ornamentado de rosas vermelhas, de lírios e flores silvestres. Quando eu morrer, permita Deus, que meus versos, música de meu ser incompreendido, continuem a levar aos coração das virgens, o consolo e a compreensão. Quando eu morrer, desejo que o mundo seja mais humano e que as crianças rosadas continuem a brincar no picadeiro da vida, comédia do universo. Quando eu morrer, permita Deus que o planeta seja mais justo, e não permita que haja com outros homens a injustiça que fui testemunha em vida. Quando eu morrer e minha carne apodrecida for devorada pelos meus irmãos os micróbios, permita Deus que ela seja nutritiva e tenha bom paladar, que dê bons frutos e seja rica em vitaminas e sais minerais e não contenha o germe, que gera a podridão da carne em corpo vivo. Quando eu morrer, permita Deus que meu espírito se transforme em meteoro brilhante e vá navegar, qual turista, por outros planetas super-habitados à procura da santa mulher, que um dia amei na Grécia antiga e hoje reside na mansão de Albert Einsten. 40 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 40 2/8/aaaa 22:14:55
  • 41. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia AMOR EM BRASÍLIA Te amei, quando te vi na manhã fria de 2 de setembro, no momento primeiro em que meus olhos descoloridos cruzaram com as duas pérolas azuis, que tu ostentas neste rosto tão bonito, cortado por tua boca em duas paralelas sensuais. Te amei, quando tu desfilavas pelo teu colégio na manhã fria de 2 de Setembro em Brasília, capital da esperança e de um mundo novo. Tu, altiva, garbosa, expunha em teus movimentos cheios de graça, toda sensualidade de tua alma moça; Teu ritmo na ondulação do sexo, embriagou meu espírito, num ritual de desejo e posse e lembro-me, quando tu passaste bem próximo a mim como a própria natureza, mirando o poeta com o azul atlântico de teus olhos mansos, trazendo música e inspiração à indústria de versos, que havia no jardim florido existente em meu coração colorido. Te amei, quando te vi na manhã fria de 2 de setembro e tu, porejando sexo e vida, possuíste simbolicamente meu corpo musicado de poeta incompreendido na terra, onde o homem se destruiu e foi sepultado pela máquina; Tu, meu amor, charmosa com teus seios arfantes, quais baionetas traiçoeiras, me pegaste desprevenido, aprisionando-me em teu sexo. Tu, com teus quadris bem arquitetados, representas, no mundo material, a mais bela paisagem que o universo encerra, emocionando poetas sensíveis que, soltos por aí, caminhavam na manhã fria de 2 de Setembro. 41 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 41 2/8/aaaa 22:14:55
  • 42. Siomar Rodrigues de Sousa EVOLUÇÃO BIOLÓGICA DA MULHER Tu és um poema que surge na tarde de setembro azul, onde a pureza da natureza, dos pássaros, dos lírios, das rosas vermelhas contrastam com o estilo colonial e matemático de teu rosto expressivo de mulher real. Tu és um poema de mulher que nasceu como primavera, se misturando com sons das verdes florestas habitadas por mil seres, que gorjeiam a sublime melodia em homenagem a tua vinda de luz ao planeta obscuro, onde o homem não encontrou a razão única de sua história. Tu és encarnação da perfeição em formas físicas, que a biologia demorou mil anos, para arquitetar!... Tua santa beleza, de angélicos traços, lembra a Grécia de Píndaro, criador de formas homéricas; Tu és Mona Lisa rediviva 42 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 42 2/8/aaaa 22:14:55
  • 43. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia de Leonardo Da Vinci, quando tu, trajada de amarelo colonial, caminhas, contrastando com o modernismo da arquitetura de Brasília. Os poetas deuses da vida, nas noites de mil luas em todos séculos e séculos, materializaram nas estrofes de um poema a evolutiva harmonia da mulher e, hoje, sob o céu azul atlântico de Brasília, outro escriba de sentimento registra em palavras aquilo que a biologia fez em amor durante a eternidade do tempo. Anhanguera trouxe para o centro da nação Brasileira o homem branco e o homem branco plantou uma nova meta de evolução material e tu representas no momento, no Planalto Central: unidade de imagem, linhas, contornos, graça, que completam e dão vida à solidão do sertão. Tu és super-bonita é bem verdade, tu és irmã do universo, 43 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 43 2/8/aaaa 22:14:55
  • 44. Siomar Rodrigues de Sousa tu és símbolo do estágio evolutivo da raça humana, que ainda não encontrou seu destino cósmico; Mas, não te esqueças jamais, que o corpo morre, se decompõe em átomos na química da vida e que somente o espírito é eterno, na solidão das estrelas do infinito e tu, vestida de longo amarelo colonial, com os cabelos revoltos na ondulação do vento, nas verdes campinas em festa, serias a própria natureza, correndo pela terra de sangue de encontro à Deus. 44 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 44 2/8/aaaa 22:14:55
  • 45. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia DUAS LÁGRIMAS Meu amor, quando parti de tua vida pela última vez, tu choravas duas lágrimas; Apenas duas lágrimas, eu me lembro bem ainda, escorriam muito devagar pela tua face, pela mesma face de mil beijos, que te dei e que um dia tive a covardia de desprezar. Eu me lembro ainda, quando parti pela última vez, tu choravas e tuas benditas lágrimas acompanharam-me pela vida afora e elas são para mim, querida, duas rosas vermelhas que trazem o perfume, que cicatriza feridas do vazio profundo de mim mesmo. Vaguei, qual nau perdida na amplidão dos mares; Percorri estradas da amargura da vida, desci sarjetas do viver diário, vivi, fui feliz, desgraçado na ingratidão humana, bebi o fel da inveja e, em vezes mil, fui apunhalado pelo veneno da calúnia, da intriga, fruto podre da fossa espiritual da louca humanidade. Mas, amor, louco amor da juventude, nos momentos de desespero, tu, só tu surgias na tela do pensamento, viva, sensual!... Tu, nas tuas lágrimas, surgias ressuscitada, humilde e bela e então eu chorava, duas lágrimas surgiam nos olhos meus como símbolo d’alma. Quando parti, tu choravas e tuas benditas lágrimas, acompanharam-me pela vida afora como sinfonia de delírio e doce recordação. 45 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 45 2/8/aaaa 22:14:55
  • 46. Siomar Rodrigues de Sousa POEMA PARA UM ANJO PROTETOR Bendita sejas tu, meiga criança... tu estás tão longe dos olhos meus, doce criatura, mas minh’alma está velando tua alma, protegendo teus dias no desejo sincero, para que tu sejas feliz, que teu futuro seja supremo nos tortuosos caminhos deste mundo louco, cruel, imprevisto. Sinto, na penumbra da noite escura, que meu espírito vela por ti na ternura dos seres eleitos; Vejo tua alma rondando meu quarto, velando minh’alma de poeta, tentando curar stress desta tresloucada vida, provocada pela humanidade podre na insensatez de desejos incontidos, fétidos, por quê e para quê, se todas ilusões terminam na fria rampa dos campanários. Bendita sejas tu, cândida figura clonada de Deus, nas trilhas da terra azul; Bendita Mariana, amparando-te no aconchego do lar perfeito, que protege, encaminha humanos seres, para o amor de Jesus. Bendita sejas tu, virgem donzela, minh’alma vela por teus sonhos na divina esperança; Que a felicidade seja tua companheira no saber, no conhecimento, ética, justiça, como hino de glória a Deus, nosso guia, nosso pai. 46 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 46 2/8/aaaa 22:14:56
  • 47. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Bendita sejas tu, anjo sublime; Quatrocentos quilômetros nos separam, mas meu espírito vela teu espírito, rogando a Jesus pelo sucesso de teus ideais. Bendita sejas tu no seio materno de nossa irmã Mariana, não cansada de luta nas vielas deste orbe insano, duro, injusto. Bendita sejas tu, só tu, angélica criança, futura mulher de carne, leite, sangue, cidadã deste Brasil verde-amarelo, pátria do evangelho, guia, para transformação do planeta na construção milenar do amor, onde todos sejam iguais na solidariedade dos justos. Bendita sejas tu, anjo na existência em festa consumida; Que tu sejas missa em réquiem, louvando o pai, que vive nas brancas estrelas, velando por ti, por mim, para todos os seres em noite enluarada. 47 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 47 2/8/aaaa 22:14:56
  • 48. Siomar Rodrigues de Sousa A DANÇARINA NO SUPREMO ÊXTASE Quando falava teu poema, homenageando tua suprema dança, teus olhos se encheram de lágrimas sentidas, tuas lágrimas, oriundas dos seres eleitos, comoveram o coração do poeta, desfigurado na dor do mundo, que tortura, fere, mata. Quando novamente apresentar teu poema na vez segunda, quero que tu, com tuas sapatilhas, já desgastadas pelo tempo, se reverencie, curvando-se nobremente na homenagem ao artista, que canta tua fidalguia, teu charme, teu sorriso iluminado, dissipando trevas na noite da terra de sangue decomposta. Creio que tua charmosa dança e a poesia frenética, perfumada, são um elo perfeito, gravitacional, que, unidas, representem o belo, o divino, o sensual, que existe na natureza dos verdes bosques, neste planeta azul em noite enluarada. Na magia de teu espetáculo, fecho os olhos meus, vejo-te bailando no clássico ballet; Teus olhos semi abertos, sentindo a música febril, como se ela entrasse em teu ventre, como tu entrando na santidade de tua essência, como o universo estraçalhando teu peito... como tua alma possuída na fecunda energia, que engravidou brancas estrelas nas galáxias 48 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 48 2/8/aaaa 22:14:56
  • 49. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia de mil corpos, perfumados pelo orvalho das madrugadas, pelo néctar dos Deuses, na poeira cósmica, perdida no estelar infinito. Tua arte imaculada, tua dança na magnitude do belo, fascina, contamina o espaço do teatro, com o vírus da poesia natural de Deus, que varre o cosmo com turbilhões de moléculas, refletindo ondas de magnética vibração no supremo amor dos anjos siderais. Tua dança, poesia de gestos, de êxtase, de luz, que encanta como pintura de Renoir, energia sobrenatural, primitiva, que baila pelas verdes campinas em festa, nas tardes musicadas de setembro, na primavera de mil sonhos. Tua dança transfigura o delírio da existência, qual beija-flor, sugando néctar dos lírios, das rosas vermelhas, nas tardes quentes de Brasília, Capital de JK, na esperança, para o futuro promissor. 49 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 49 2/8/aaaa 22:14:56
  • 50. Siomar Rodrigues de Sousa TEU CORPO ESGUIO NA DANÇA FLAMENCA Tu, na cadência ritmada da dança, simbolizas o esplendor da música, da harmonia do universo; Tua sensibilidade, explodindo na face iluminada e contraída, emociona o poeta... teu irmão nos trilheiros deste mundo louco, onde a cultura do belo fascina o interior d’alma, privilégio da elite putrefata, corrupta, decomposta na inversão dos sacrossantos valores. Teu sorriso, como o sol dissipando trevas na noite escura, ilumina corações, motivando esperança na construção de um orbe melhor, onde a prioridade do ser humano seja o amor, somente o amor. Tu, no palco, face contraída, teus olhos semi-abertos, refletes, intensamente, a sublimidade do belo, do êxtase, que vive em teus sonhos, que germina no DNA de teu sangue, na espessura de tua carne branca, macia, perfumada na melodia da poesia em festa consumida. Teu corpo esguio, erecto na suprema coreografia da dança, teus arquitetônicos gestos, desenhados, calculados no espaço vazio, no ritmo cadenciado dos seres eleitos. 50 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 50 2/8/aaaa 22:14:56
  • 51. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Teu sorriso, como sol dissipando trevas na noite escura, ilumina o apagão de almas impuras. Ah!... teu sorriso, símbolo da suprema estrutura do cosmo, com trilhões de brancas estrelas nas noites sonoras e azuis de meu Brasil verde-amarelo. Tua dança, teus gestos, tua coreografia em cena, teus olhos cerrados, sentindo o êxtase da sinfonia, que entorpece o íntimo, dilacerando o espírito, explodindo o coração do poeta, que mudo observa teu estilo fantástico, tua suave poesia, tua postura imaculada na breve passagem por este planeta obscuro. Teu sorriso, ah!... teu sorriso, teus olhos semi-abertos, no palco solitário, teu movimento é como o sol regendo o sistema solar na orquestra magistral do universo, composto de bilhões de galáxias, nebulosas, na relatividade do espaço-tempo de Albert Einstein. 51 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 51 2/8/aaaa 22:14:56
  • 52. Siomar Rodrigues de Sousa MORTE E VIDA Quando eu morrer, não chorem por mim todos aqueles que não souberam amar-me em vida. Quando eu morrer, permita Deus que meu corpo seja exposto em céu aberto, no gozo do perfume dos verdes campos deste Brasil, que amo acima de todos altares. Quando eu morrer, não chorem por mim todos aqueles, que em vida não souberam beber na fonte pura de meus versos o consolo para seus males. Quando eu morrer, permita Deus que as células de minha carne possam se desintegrar em átomos e que os átomos se desintegrem em ondas de energia e luz. Quando eu morrer, permita Deus que os pássaros no canto fúnebre de sua sinfônica melodia, venham até meu leito derradeiro despedirem se do poeta no mais lindo concerto orquestral, de seu canto belo e puro. Quando eu morrer, permita Deus que os lábios vermelhos da mulher amada venham outra vez trazer o calor da despedida e que ela possa, num gesto de amor supremo, beijar-me com seus lábios ainda quentes. 52 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 52 2/8/aaaa 22:14:56
  • 53. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Quando eu morrer, permita Deus que meu espírito se embriague na doce melodia fúnebre de Chopin ou no gorjeio triste da passarada. Quando eu morrer, permita Deus que eu seja para os que ficam no mundo dos vivos o mesmo homem e que não arranjem falsas virtudes, para o pecador que fui outrora na vida. Quando eu morrer, permita Deus que um cortejo de arapongas entoe ao derredor de meu túmulo solitário a dor de seu canto. 53 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 53 2/8/aaaa 22:14:56
  • 54. Siomar Rodrigues de Sousa O RETORNO DE DEUS À TERRA Deus!...Senhor!... De todos universos, desça de teu pedestal, senta-te neste banco de rústica madeira, vamos conversar, Senhor, sobre o porquê da vida, que se multiplica em tudo na harmonia, na desarmonia, contraste da própria natureza. Deus!...Senhor!... há muito tempo que desejo bater um papo com teu vulto, sei que não negarás, porque tu és humilde, compreenderás a suprema vontade, que tenho em decifrar a incógnita dos porquês! Deus!... vamos entrar, entre a casa é tua, é tosca é em verdade, senta-te no pequeno banco, que já mandarei servir café à brasileira. Deus!... Senhor!... perdoa-me inquiri-lo frente a frente, de homem para homem, sobre o porquê da razão, da lógica, do gorjeio dos pássaros em tarde fria de setembro. Por que, Senhor, guerra sangrenta? Por que morte? O sofrimento, as estrelas, o sol, a chuva, a miséria? por que pequena formiga na luta do labor diário. 54 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 54 2/8/aaaa 22:14:56
  • 55. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Deus!... Senhor de todos mistérios, venha dialogar com teu filho poeta, diz-me de forma simples mas objetiva o porquê de tudo que criaste, sobretudo o porquê da existência conturbada neste planeta louco, onde a humanidade neurótica vive aturdida pela poluição de tudo que é ruim. Deus!... Senhor!... entra a casa é tua, senta-te na cadeira de mil anos, perdoa a sujeira, o teto mal coberto, vazando água por todos os lados... vamos entrando, Senhor Deus, mas perdoa a singeleza de tudo que tenho, o fogão, pobre coitado movido a lenha, perdoa, Senhor, a televisão que não tenho, o rádio que não existe e que a loja levou por falta de pagamento. Deus!... Senhor!... Entra a casa é tua, vamos assentar, que mandarei preparar o cafezinho que sustenta, quando falta o pão de cada dia. Senta-te Senhor, eu te suplico, o lar é pobre, não tem TV, não tem geladeira, não tem nada, mas fica conosco Senhor, porque vivemos neste mísero barraco sem portas, sem ar condicionado. Só temos Senhor, amor, muito amor, para te dar neste orbe aflito. Senhor entra e fica morando conosco eternamente. 55 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 55 2/8/aaaa 22:14:56
  • 56. Siomar Rodrigues de Sousa SILVIO BARBATO (Regente mágico na Sinfônica de Brasília) - Falecido no ano de 2009 no acidente aéreo com o avião da Air France no Oceano Atlântico Norte Teatro Nacional Cláudio Santoro, repleto, completamente lotado; Noite de gala, a orquestra composta, compenetrada, o público impaciente. O maestro Silvio Barbato penetra no recinto, o êxtase contagia o ar; Erecto, no elegante porte se curva, reverenciando refinada sociedade. Tua cabeça verticalmente se levanta, rápida no característico porte; Mãos entreabertas em forma de cruz, se concentra, a batuta dá o toque, a orquestra explode, violoncelos, violinos, flautas, oboés, clarinetes no frenesi do belo, que entorpece corações eleitos. No palco Rigoletto, o tenor, a soprano na suprema força de Verdi, do gênio sobrenatural, que um dia habitou o mísero planeta azul, no contraste da miséria, da opulência na existência decomposta. O tenor surpreende no perfeito talento redivivo da suave música, consolando corações na dor, no desengano do mundo. A soprano no palco de branco puro, com sua sonoridade de anjo, estraçalhando o íntimo dos seres, penetrando no peito, explodindo átomos em formação, acelerando adrenalina, DNA no vermelho sangue, na delícia do belo, provocando êxtase de todos êxtases, orgasmo de todos orgasmos. 56 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 56 2/8/aaaa 22:14:56
  • 57. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Sua voz de veludo, de seda macia, contagiando todos os ares na emoção, na meiguice, na melodia do sonoro canto, o poeta, mudo, divagando no distante passado, relembrando amores perdidos na remota infância. No canto sublime, magnífico, cirúrgico, sobretudo no harmonioso timbre do puro amor, embriagando todos seres dilacerados pelo terror de New York. Aturdido no gozo, no delírio do encanto, o poeta esquece tudo, viaja pelo relativo tempo do interior de si mesmo, na catedral dos perdidos sonhos. O maestro Silvio Barbato, embriagado pela música; O poeta sentindo o som penetrando nas entranhas d’alma, frenética, enlouquecida. O maestro clonado, para a música, vibrando energias no fantástico show do existir, no elo perfeito do sonho real, sobrenatural. Silvio Barbato, Mozart reencarnado no toque ritmado, regendo sinfônica orquestra... o próprio universo em festa na magia do teatro. É Verdi, Chopin, Beethoven, Carlos Gomes, Bach, incorporados em Silvio Barbato, dando força na expressão angelical da sinfonia, no canto magistral do tenor, da soprano em noite musicada no delírio dos Deuses. 57 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 57 2/8/aaaa 22:14:56
  • 58. Siomar Rodrigues de Sousa POEMA DO VEREADOR DE UBERLÂNDIA Vereador, combativo, triplicando idéias, projetos de leis, no objetivo maior do povo, na suprema construção da história do futuro de Uberlândia, líder maior na verde região do cerrado no Triângulo Mineiro. Vereador, combativo no presente, passado e futuro, arquiteto do progresso forjado no bronze da história Municipal, no sacrossanto ideal de servir o operário, no suor, no vermelho sangue de memoráveis lutas, nas indormidas madrugadas, na incompreensão de poucos, no aplauso das multidões de eleitores , do povo, sempre presente, nunca indiferente. Vereador, combativo ou não, eloquente orador, silencioso, nunca omisso, inflamado na tribuna, articulador nos bastidores, prudente nas comissões, esplêndido nos comícios, transparente na TV, intransigente no mandato, pugnando na defesa do desamparado trabalhador das periferias da metrópole, projetando estilhaços de progresso, para o Triângulo Mineiro, berço dos nativos índios Kaiapós, antecessores do homem branco na vila de Uberabinha, hodierna, triunfante Uberlândia de hoje, centenária, líder maior na penetração do Bandeirante no interior da pátria, rumo à Pirenópolis, à Vila Boa de Goiás, à Poxoréu, à Cuiabá, a procura da verde esmeralda, do ouro, do secular diamante, perdido no fundo dos primitivos rios seculares. 58 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 58 2/8/aaaa 22:14:56
  • 59. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Vereador, combativo, herdeiro do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o “Anhanguera”, plantador de sonhos, de cidades, arquiteto do amanhã, artífice do porvir, precursor de Brasília ao encontro da verde floresta amazônica, pulmão do planeta terra, esperança do terceiro milênio. Vereador, combativo no passado, guerreiro destemido no iniciar do século XX no Parlamento Municipal projetando a coletiva felicidade, na excelsa história do povoado de Uberabinha. Vereador, do século XXI, combativo, pouco importando o partido, se é PT, PMDB, PSDB, DEMOCRATAS, PSB, PSC ou PP, todos irmanados na defesa do proletariado, do humilde, do excluído, na suprema edificação do bem social, do cidadão, pobre ou rico, mestiço ou branco. 59 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 59 2/8/aaaa 22:14:56
  • 60. Siomar Rodrigues de Sousa ORAÇÃO DO SOLDADO FERIDO Senhor Mil bombas explodem na terra ferindo meu corpo, torturando meu cérebro, que já não pensa e não distingue o que é certo e o que é errado. Senhor Granadas iluminam a noite sem estrelas, destruindo a matéria, que envolve meu espírito martirizado. Senhor Ó divino mestre incompreendido, que morreu na cruz de madeira, para nos salvar; Tende piedade Senhor deste pobre soldado retalhado na carne por inimigos, que nem conheço, que nunca vi e que não sei por que estão expostos contra mim no campo da mesma batalha. Senhor Duas lágrimas escorrem pelo meu rosto misturado com areia, lodo, sangue herdado de minha mãe, pobre coitada, que padece pelo sofrimento do filho perdido a tantas milhas de distância. Senhor Por que minha figura franzina, golpeada pela baioneta do herói desconhecido, que tornou-se adversário pelo imperativo de que força Senhor? que não consigo compreender. 60 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 60 2/8/aaaa 22:14:56
  • 61. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Senhor Por que a guerra? A desunião da humanidade? A miséria? A destruição? A fome? Por que a bomba sem cor E não o amor? Por que a hostilidade e não o beijo febril dos namorados a sombra fresca das laranjeiras? Por que a carnificina e não a sinfonia melódica do gorjear dos pássaros? Por que o fogo queimando tudo e não o canto harmônico do bem-te-vi nas tardes musicadas de setembro? Por que a morte? Se o homem poderia ao invés dela plantar a vida e a beleza se multiplicando pelos vales em longas campinas e nos verdes bosques! Por que a aflição? Se o homem poderia se extasiar ao som dos córregos de mil cachoeiras de arco-íris. Senhor Perdão, Senhor, pelos irmãos guerreiros, que matei e que não sei por que morreram pelas minhas mãos sangrentas mas inocentes. Senhor? Ó Jesus, sei, que a energia, que sustenta meu vulto já não mais suporta o peso da vida e que a morte se aproxima de mim como fantasma em noite escura!... Senhor, não permita que a guerra esta peste negra, assassina vá levar a penúria a qualquer um de meus semelhantes em Deus criador do mundo. Senhor Encomendo na morte meu espírito ao pai, que está no céu e espero, a nova oportunidade de minh’alma aflita voltar na reencarnação, para pagar débitos adquiridos no combate, que destruiu a chama do amor e da caridade dentro do coração desfigurado. 61 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 61 2/8/aaaa 22:14:56
  • 62. Siomar Rodrigues de Sousa EU FALO DE AMOR Eu falo de amor, quando o homem é triturado pela máquina; Eu falo de amor, quando o homem virou sociedade de consumo... Eu falo de amor, quando o homem faz guerra... Eu falo de amor, quando o homem nele não crê!... Eu falo de amor, quando a humanidade é mumificada pela frigidez de sentimento. Eu falo de amor, quando o macho se preocupa com matéria da terra transitória. Eu falo de amor, quando ele se tornou palavra feia na boca dos hipócritas. Eu falo de amor, quando a podridão corrompeu todos caminhos. Eu falo de amor, onde ele não mais existe. Eu falo de amor, quando mistificadores deturparem sua origem. Eu falo de amor, onde há miséria, pranto, sofrimento. Eu falo de amor, onde habita desunião, crime, deslealdade; Eu falo de amor, onde o homem foi petrificado pela cultura de massa. 62 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 62 2/8/aaaa 22:14:56
  • 63. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Eu falo de amor para ricos de dinheiro e miseráveis de sabedoria. Eu falo de amor para pobres sem teto e milionários de luz no coração. Eu falo de amor no tempo e espaço, onde inversão de valores dominou a comunidade decadente. Eu falo de amor para Deus e para santos; Eu falo de amor, porque eu sou o amor personificado n’alma pura do poeta !... 63 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 63 2/8/aaaa 22:14:56
  • 64. Siomar Rodrigues de Sousa QUIS DIZER-TE UM DIA Quis beijar-te a face mui linda, levar meus lábios loucos em delírio à tua boca vermelha e dizer-te tu és meu único amor, razão infinita de meu viver de poeta, que vaga, qual nau perdida na amplidão do universo. Quis deitar meu corpo junto ao teu corpo, para que eles fizessem unificados o sexo, o respeito, que a carne merece. Quis possuir-te n’alma bela, que chora, murmura nos trilheiros conturbados deste mundo aflito e dizer-te tu és o espírito gêmeo, cuja afinidade absorveu meus pensamentos, minha poesia, que livre corre como córrego na cascata de meu pensar, fazendo cachoeira de mil quedas em meu coração agoniado. Quis na aurora da vida ofertar-te tudo de bom, que o homem pode oferecer à mulher amada... mas ó mísero planeta, cujos ideais são paralelos, não se encontrando jamais na distância do tempo espaço. Quis beijar-te a face rubra de inocência e dizer-te tu és tudo!... a luz, as estrelas, mas ó sonhos na aurora da existência, que não voltam jamais no entardecer dos anos. 64 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 64 2/8/aaaa 22:14:56
  • 65. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia EU E O MUNDO Eu vim ao mundo beber a poesia, que murmura solta ao vento e que corre pelas verdes campinas, como criança travessa. Eu vim à vida dos loucos, para buscar para minh’alma errante a dor do sofrimento, ferramenta a burilar o orgulho, que vive dentro de meu peito e para buscar remédio na cura de todos os males oriundos de outras eras do passado. Eu vim ao mundo, eu vim à vida dos humanos, para sofrer no meio ambiente na contradição da terra, onde meu espírito se evoluirá, para as glórias excelsas do Senhor, nas profundezas do infinito. Eu sou a vida, eu vim ao orbe, para trazer aos pobres do íntimo a lógica da imortalidade de tudo e do nada. Eu vim à vida, para chorar em pranto mudo, buscando na dor, no desespero, luz do futuro; Eu vim ao orbe como emissário do infinito, para ver todas as coisas, para sentir todos os males. Eu vim ao planeta, para combater injustiça, para amar fracos e oprimidos na dor pura de seu canto funéreo. 65 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 65 2/8/aaaa 22:14:56
  • 66. Siomar Rodrigues de Sousa Eu vim à terra para beijar os lábios de todas as mulheres e para dizer a elas, que eu sou o amor, néctar sublime, para seus corações à procura do louco delírio, que inflame seus espíritos. Eu sou a natureza, que se manifesta em tudo e que dá harmonia à existência e às coisas. Eu sou música, que leva doce bálsamo aos corações aflitos. Eu sou os pássaros, que gorjeiam no despontar da lua no céu em festa. Eu sou energia, eu sou amor, que desceu à terra, para fecundar todas as fêmeas num doce canto de luz e paz. 66 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 66 2/8/aaaa 22:14:56
  • 67. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia POESIA DO MUNDO Eu sou o vento que ruge nos campos verdes e nos bosques em flor. Eu sou o canto sinfônico dos pássaros, na solidão das florestas e das laranjeiras. Eu sou o perdão que traduz consolo aos aflitos. Eu sou a araponga no seu canto fúnebre. Eu sou o pobre que dorme ao relento e come o pão da miséria. Eu sou a dor, o sofrimento, a felicidade. Eu sou a brancura das estrelas que dormem na eternidade do espaço. Eu sou a meiguice, ternura das crianças. Eu sou a imagem de Jesus, pregando nas ruas da Galiléia, Eu sou a vida, meu nome é a poesia do mundo. 67 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 67 2/8/aaaa 22:14:56
  • 68. Siomar Rodrigues de Sousa ORIGEM DO ESPÍRITO Do cosmo, Deus contempla a virgem terra, do corpo teu se expandindo éter cristalino, que o espaço tempo povoa em magistral hino, sinfônico do belo, que o universo encerra. Do imaculado éter de Cristo ao átomo da terra, associando a molécula ao organismo sovino, o instinto meu surgiu, infante a espera da tri-bilionária era evolutiva do bovino. Fui éter, energia, átomos, moléculas associadas, orgânica matéria Darwiniana, primitivo organismo, na razão lógica da transformação condicionada. Do éter do Redentor à reação do átomo nativo pelo fator físico/químico sobressaiu o diamante, da consciência do eu, para ser Cristo doravante. 68 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 68 2/8/aaaa 22:14:56
  • 69. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia O MENDIGO Trovão, trovão, raios, coriscos, trovoada, céu nublado, dia inquieto, vento frio, vento louco, que faz tremer o casebre de barro e o rancho de pau a pique. Lá fora, chove a cântaros; a enxurrada vermelha corre pela rua indo levar à criança brasileira, que brinca de barco a doçura de ser jovem, a ambição de ser almirante e a tristeza ao mendigo, que passa molhando pés frios, pés doentes, pés cansados à procura do certo e do ignoto, pés ensangüentados, que sofrem nas árduas caminhadas das longes terras; à procura do grão de comida, que sacie a fome milenar, do alimento que sustém a alma triste e acabrunhada, que sofre, padece, chora e murmura e que vaga pelas tardes morenas de meu Brasil incompreendido, em busca da compreensão do Deus cósmico, do Deus, que diz porque vive n’agonia ardente, enquanto outros somente outros são felizes. Mendigo, ó mendigo, ó alma astral, tu, que me fazes sofrer nas noites de meteoros vagabundos, nas noites compridas de insônia, nas noites de fulgor de estrelas, ambicionando-me querer ter força cósmica, para libertar-te do sub-mundo, que atormenta lírica alma tua. 69 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 69 2/8/aaaa 22:14:56
  • 70. Siomar Rodrigues de Sousa Ó mendigo, ó filho divino do tempo e do espaço, noivo ultrajado das noites estreladas, esposo desgraçado da dor do infinito, bisneto esquecido dos deuses antigos, ó plebeu errante de feições rudes e olhar inquieto, que se arrasta na enxurrada contorcido pela miséria alheia, levando nas encurvadas costas a tara da sociedade pecadora, e, nas feições rústicas, o preço da desgraça dos longos anos. Levanta-te, pobre irmão! Coragem, ergue-te, caminha, olha, que a vida é bela e que o futuro encerra, surpresas e segredos mil de esperanças belas. Ergue-te para o futuro, ergue-te para a luta das forças contrárias, embainha, qual GANDHI, redentor dos fracos e dos oprimidos, a espada da lógica e da razão, a espada dos justos e dos simples, que nos teus olhos encerra. Levanta-te, plebeu de outrora; Ergue-te, homem do passado, deixa, que a enxurrada carregue o apetrecho de ex-mendigo, que leve o pecado da comunidade cruel, e a recordação da sub-sociedade, deixa a infelicidade, porque tu és a presente glória, porque tu és o anjo da redenção humana, porque já se ouve o tropel do pobre, que Deus colocou no mundo, para redimir o humilde e para construir base histórica nos tempos siderais. 70 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 70 2/8/aaaa 22:14:56
  • 71. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Levanta-te, ergue-te, caminha, mendigo de passadas eras; Olha que surge no poente o sol do porvir e da justiça, prevendo o futuro que desponta no tempo e no espaço; Ergue-te, poeta da humildade, poeta da desgraça e do sofrimento, porque tu és qual Jesus, herói da nova caminhada redentora, d’uma nova humanidade harmônica e feliz. Levanta-te, ergue-te, poeta da humildade, limpa a lama de teu rosto rústico, enxuga a lágrima que corre pela tua ossuda face, troca o passado por esperanças d’uma nova era, que já galopa, qual corcel, pelo vale da pátria brasileira e pelos verdes campos do Brasil sem fim, anunciando, qual arcanjo de clarim e revoada tremenda, a previsão da nova época, a época do humilde e do justo; Troca tua lágrima pela metralha da futura lógica e serve-te dela na defesa da razão e da verdade, porque mais vale a justiça do humilde, que mil leis do bacharel do exibicionismo cruel. Levanta-te, ergue-te, homem espoliado da humanidade infeliz, sofredora, descrente e desnutrida, que tem no estômago o micróbio, a chaga e o tumor maligno da injustiça cruel e insana. Levanta-te, ergue-te, poeta da humildade, poeta da desgraça e do sofrimento, parte para a perfeição de meu Brasil, de meu Brasil Brasileiro, tal qual Ari Barroso em líricos versos cantou, porque há no solo gentil do universo o hospital de sofredores, que vagam qual vampiros da fome crônica e secular. 71 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 71 2/8/aaaa 22:14:56
  • 72. Siomar Rodrigues de Sousa Tu, ó mendigo, tu que, cabisbaixo, caminhas nas tardes brasileiras, nos becos escuros, nas vielas estreitas, nas ruas encurvadas, cansado de sofrer, cansado de vagar por aqui, por acolá, tombas morto no funéreo chão de poeira densa, ao lado da lata de lixo, que foi teu último almoço, sempre esfarrapado, esquecido como foi, mas a alma tua, desprezada pelos miseráveis grandes, se desprendeu da matéria, soltando os corpóreos laços, e voou, voou pelo céu azul-anil de mil cores belas, quais andorinhas, canários, colibris, nas tardes morenas de meu Brasil verde-amarelo, de minha pátria querida. Vai-te, voa, sofredor das longas caminhadas, voa, alma incompreendida e pura, voa pelo campo esverdeado da pátria querida, voa ao encontro de Deus, do pai de esperanças altas, voa para a mansão de Gandhi, Jesus, Sócrates, Platão e Buda, para o palácio dos justos, para a catedral dos humildes. 72 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 72 2/8/aaaa 22:14:56
  • 73. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia TEU SORRISO (Para a amiga Adriana) Teu sorriso é como um sol, dissipando trevas na noite escura, iluminando todos os seres na fecundação do solidário amor, que entorpece corações eleitos. Teu sorriso mesclado com todas as cores da ternura de tua alma moça, emociona o coração do poeta, no questionamento de tudo que é belo, nos trilheiros deste mundo repleto de beleza, desejo e posse. Quis dizer-te tudo e o nada; Dizer-te que teu sorriso dissipa trevas da maledicência, provocada por zombeteiros espíritos, que infernizam a existência de criaturas belas, e dizer-te o nada, o silêncio, somente o silêncio no sincero desejo de exclusão evitada, na incompreensão, que tortura, fere, mata. Quis dizer-te que teu sorriso é êxtase, que ilumina, provocando felicidade, levando mensagem do belo, da ternura pregada por Cristo nas ruas da Galiléia. Quis dizer-te que a pureza de teu semblante desintegra na atmosfera do relativo tempo, a mensagem do amor de Deus, conclamando, que nem tudo está perdido na desintegração da sociedade enlouquecida, decomposta. 73 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 73 2/8/aaaa 22:14:56
  • 74. Siomar Rodrigues de Sousa O FILHO PRÓDIGO VOLTANDO PARA DEUS Há em mim, Senhor, um coração que não pensa, uma alma que sente e murmura com vibrações da natureza, nas mil contradições, que a terra mãe encerra. Há em mim, Senhor, a bondade do santo e maldade do demônio; Existe, no meu peito febril, a humildade do cordeiro e a energia do leão, na luta de sobrevivência dos átomos e moléculas de mim mesmo. Há em mim, Jesus, a pureza da criança e perversidade do homem bicho, antropóide na evolução secular do tempo e do espaço ilimitado. Há em mim, Cristo, o ideal supremo de criar, multiplicando o bem e desejo incontido de destruir! Há em mim, Senhor, o amor e o ódio, a limpidez e a impureza. Há em mim, Redentor, o incomum afeto pela donzela e ao mesmo tempo o desdém pela fragilidade de sua conduta. Ah! Onipotente, como a moral, é tão frágil nas mulheres! Por que elas são tudo e o nada? Por que são deusas da virgindade e do carinho? E por que vive nelas a hipocrisia? como tudo é hipócrita neste mundo adverso. 74 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 74 2/8/aaaa 22:14:56
  • 75. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia Seguindo, ó criador, nas estradas poeirentas deste planeta primitivo, caminhando sempre perante os empecilhos, que encontramos alheio a nossa vontade fraca de não mais querer viver. Andando sempre na chuva, que molha tranqüilamente os cabelos revoltos na luta do globo, viajando pelos desertos da atividade, mirando astros mansos no céu azul em noite dourada, percorrendo a solidão da cidade onde o homem animal acuado como fera entre feras, pelejando, para continuar a viver e vivendo, para mais tarde, morrer, como tudo deixa de existir na comédia da existência. Há em mim onipotente admiração por tudo aquilo, que criaste e há em mim também o desprezo por tudo aquilo, que vejo contaminando a substância e beleza de todas as coisas. Há em mim admiração pelos santos, que constroem a paz e indiferença pelos crápulas, que corrompem a razão e os ensinamentos de Cristo, que faleceu, para exemplificar à comunidade a forma correta de se conduzir e de seguir, para o eterno sideral! Há em mim, Jesus, contemplação pelas leis, que regem o concerto musical dos astros; Há em mim, pobre ser cansado nas querelas do existir, o entusiasmo por tudo aquilo, que brota e envelhece e a suprema desgraça de sentir, que tudo se extingue após nascer dando lugar a contínua transformação de tudo e do nada, por que nascer? Por que vegetar e morrer, para transformar? Caminhando pelas montanhas e pelas serras verdes dos picos altos, querendo ser Deus, para alcançar a grandeza de todas as coisas, que não compreendo no meu cérebro incompreendido. 75 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 75 2/8/aaaa 22:14:57
  • 76. Siomar Rodrigues de Sousa Há em mim, Senhor, fantástica vontade de não mais querer viver, é o coração a gritar dentro do corpo, é o anseio de voltar, para a casa paterna, é o ser, que revolta na carne, desejando as estrelas, o infinito, é o filho, que sofreu nas jornadas do ignoto, que aprendeu amar a Cristo e que retorna ao lar despido do orgulho, que entorpecia o íntimo, que vegetando pelos caminhos afora perdeu nas ruas, nas sarjetas a vaidade. É o novo homem diplomado pela Universidade da vida; Ó Senhor, perdoa-me por ter pecado contra leis de Moisés, nos milênios das encarnações do orbe, onde meu próprio ser tentou cumprir missões, que o destino confiou. Caminhando pelo universo, sigo humilde com o espírito cabisbaixo de vergonha, de ser minúsculo diante da grandeza de tudo, que foi criado e da pequeninês de minh’alma errante. 76 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 76 2/8/aaaa 22:14:57
  • 77. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia MINHA FAMÍLIA Minha família, meus irmãos são planetas, nebulosas, galáxias, que bordam estreladas noites do Brasil no esplendor, na magnitude do incomensurável, na amplidão do sideral espaço, nas profundezas do infinito. Minha família, meus irmãos são toda a humanidade, que habita nosso planeta azul formado com milhões de cachoeiras, dando toque de ternura nos caminhos duros desta sideral caminhada, sofrida, que tortura, fere, mata. Minha família, meus irmãos, são miseráveis, que habitam favelas imundas na periferia das cidades. Minha família, meus irmãos são mendigos, excluídos, abandonados, velhinhos em esquecidos abrigos, crianças dos orfanatos, deserdados, abandonados por pais também abandonados na competição do capital egoísta. Minha família, meus irmãos são pássaros na orquestra das sinfonias, dando toque mágico no espetáculo da criação, da existência nas trilhas do imponderável . 77 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 77 2/8/aaaa 22:14:57
  • 78. Siomar Rodrigues de Sousa Minha família, são os excluídos, não amados, estropiados, proletários do magro salário da fome, da escravidão. Minha família, meus irmãos são prisioneiros de penitenciárias, imundas, criminosos, filhos da criminosa sociedade, estuprados no humano egoísmo. Minha família, meus irmãos, são frutos da contradição do existir, são todos aqueles que sofrem nos hospitais, presídios, catástrofes; São todos aqueles que, sofrendo, fizeram-me padecer na cumplicidade do viver no palco do universo tão infinito na pequenez de insignificantes almas, pobres demais. Minha família, meu pai, minha mãe, meu irmão são astros solitários do céu azul, são nebulosas, galáxias, que dão ternura na imensidão do universo. 78 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 78 2/8/aaaa 22:14:57
  • 79. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia DESAGREGAÇÃO SOCIAL (A INGRATIDÃO DOS FILHOS) Dizia Augusto dos Anjos, o irmão poeta noutras remotas plagas. Vez ninguém assistiu o formidável enterro de sua última quimera, somente a ingratidão, esta pantera, foi sua companheira inseparável, vamos ascenda seu cigarro, a mão, que afaga, é a mesma, que apedreja!... Eu, pobre poeta contemporâneo, no vermelho sertão da carne, lastimo, pergunto por que a desagregação social? Por que a frigidez do íntimo, da sociedade, da família, dos filhos, que mil vezes apunhalam, dilacerando corações, estraçalhando-os em mil pedaços, na dor, que fere, tortura, na provação cruel, insana. Por que a ingratidão dos filhos? Por que a dor covarde contra pais, de grisalhos cabelos, que após a guerra da criação fantástica, do sacrifício, da renúncia, pugnando contra intempéries do dia-a-dia da existência atribulada, e hoje no entardecer dos anos a facada, que tortura, fere, mata. Dizia o poeta n’outros natais, vez ninguém assistiu o formidável enterro de sua última quimera, somente a ingratidão esta pantera, foi sua companheira inseparável. Por que o desencontro das almas no resgate das provações? Por que o desamor e não o amor, por que a indiferença e não o encontro de afeto, de ideais, por que a desavença e não a melodia de gêmeas almas na comunhão da ternura, 79 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 79 2/8/aaaa 22:14:57
  • 80. Siomar Rodrigues de Sousa que entorpece espíritos repletos de êxtase de encontro a Deus. Filhos do mundo curti vossos pais, enquanto é tempo e estão vivos, próximos de vós, enquanto seus corpos estão quentes, sob vossos olhares; Aproximai-vos deles, beijando-os na face sofrida, cansada pelos atropelos do viver; Dizei a eles... pai, eu te amo tanto, perdoe-me pelos erros do passado, do presente, do futuro. Filhos do mundo, curti vossos pais; Se forem da idade terceira, curti-os o triplo, porque já sofreram por vós, já rezaram, já suplicaram a Deus, para proteger-vos nos tropeços da eterna caminhada estelar. Filhos do mundo, o poeta contemporâneo, não o de ontem, suplica amai vossos pais, enquanto estão pertos de vós, porque depois na laje fria do cemitério será tarde demais, para pedir perdão pelo desprezo. Filhos do mundo amai vossos pais, hoje, agora, sempre, e dizei a eles quão grande é vosso amor. Filhos do mundo não vos esqueçais de que amanhã sereis pais, avós e podereis também, ser abandonados, nos asilos, na indiferença, que tortura, fere, mata. Filhos do mundo dizei a vossos pais, hoje, agora, sempre, quão grande é vosso amor, antes, que seja tarde demais, só restando beijá-los na fria rampa dos campanários. 80 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 80 2/8/aaaa 22:14:57
  • 81. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia IMAGEM DE MULHER BONITA Tua imagem de mulher bonita penetrou na retina dos olhos meus, invadindo e estraçalhando o coração do poeta. Teu corpo magnífico, esculpido em carne branca, provocando o despertar do sexo, motivando a reação do sangue, que corre loucamente pelas veias, eu querendo-a, desejando-a, para o amor do espírito ou do corpo, com todas as honras que o prazer merece. Noite estrelada, céu azul atlântico, lua cheia; Ouve-se a sinfonia dos astros; Sozinho no leito, cabeça febril, imaginando-te divinamente nua com teus quadris redondos, estupidamente arrebitados, na arquitetura de teu vulto escultural; Teus seios duros desafiando minha boca a beijá-los suavemente e eu sussurrando a teus ouvidos: eu te amo boneca de sonho, boneca de carne. Sinto-me na penumbra de tua suíte e tu, sedutora de calcinha preta, abraçada a meu corpo quente; Música suave na eletrola, tua cabeça debruçada no meu peito; Eu, acariciando teus quadris cheios de tesão; Tu querendo ser possuída e eu querendo possuir-te, teus lábios beijando-me, teus olhos em êxtase, mirando meus olhos e eu a dizer-te: tu és divina e única, tu és meu amor. 81 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 81 2/8/aaaa 22:14:57
  • 82. Siomar Rodrigues de Sousa Tu, louca, desvairada, colocando meu sexo dentro de teu sexo, minha carne dentro de tua carne, permitindo o gozo infinito de dois seres que se querem, se amam, se completam. Boa noite, donzela, fêmea de minh’alma; Durma tranqüila, feliz a meu lado e quando o sol invadir teu quarto na manhã de primavera, quero tua boca beijando minha boca, teus seios roçando meu peito, e tu querendo dizer-me: sou tua, somente tua, para sempre, para todo o sempre. 82 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 82 2/8/aaaa 22:14:57
  • 83. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia INTERMINÁVEL BEIJO DE AMOR Quis beijar-te a boca, num beijo do tamanho de um século e sentir que tu és a própria felicidade que o mundo ou a natureza encerra na magia misteriosa do existir. Quis beijar-te a boca, num beijo interminável como o próprio universo, bordado com bilhões de estrelas brancas e ornamentado com a ternura eterna da poesia natural de Deus. Quis beijar-te a boca, na meiguice do beijo inesquecível e entregar-te um buquê de rosas vermelhas, como prova do amor supremo que sinto pela tua alma rosada de mulher ideal. Quis beijar-te a boca e levar meus lábios a tocar teus lábios, e deixar que eles se comunguem no mistério da carne e do espírito, na doce e pura atração das almas gêmeas entrelaçadas. Quis beijar-te a boca, num beijo milenar e dizer-te que, entre milhões de mulheres no mundo inteiro, tu és divina e única e sobretudo inspiradora de um santo poema de amor. Quis ofertar-te estes versos, roubados da harmonia de um beijo infinito e dizer-te: suprema é a mulher que consegue estremecer o coração do poeta e fazê-lo produzir, em delírios e êxtase, um poema de amor num planeta tão conturbado pelo imediatismo do prazer e da ilusão passageira, que os bens materiais provocam em todos aqueles, que são cegos de espírito e mortos de coração. 83 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 83 2/8/aaaa 22:14:57
  • 84. Siomar Rodrigues de Sousa ONDE ANDARÁS Onde andarás, graciosa loura de olhos azul atlântico?... Onde andarás, loura formosa, com teu corpo sexy, teu quadril esculpido no cálculo matemático... Onde andarás mulher de sexo, mulher de amor, onde andarás fêmea completa de tesão, na natural frescura comum a todas as virgens belas. Onde andarás, loura fatal, com teus quadris redondos, bem esculpidos na tua calça azul da cor de teus olhos mansos?... onde andarás, meu amor passageiro, como tudo, que é belo, breve, inconstante. Saibas, loura de olhos azul atlântico, que onde tu andares com teu andar sexy lá estará minh’alma de poeta, venerando tua beleza milenar. 84 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 84 2/8/aaaa 22:14:57
  • 85. POEMAS SELECIONADOS em Uberlândia GAROTA CENTER SHOPPING EI – LA que surge altiva, bela, peregrina, desfilando sua ternura pelo Center Shopping, motivando emoções no supremo êxtase, sensibilizando o poeta no delírio do poema de amor, que enlouquece corações eleitos. EI – LA que surge no Center Shopping, com seu sorriso, dissipando trevas do espírito; é como o universo, intimando amores perfeitos na poesia de Deus. EI – LA que surge com seus lábios paralelos, sua curvilínea imagem, iluminando o ambiente com seu vulto gracioso, clonando a garota de Ipanema de Vinicius e Jobim. EI – LA que surge no Center Shopping como meteoro em noite estrelada, bela, seu corpo é poema de carne e osso, provocando adrenalina na juventude em festa, inspirando o artista no fantástico canto destes versos de amor e posse, nos magníficos sonhos do Shopping. 85 POEMAS SELECIONADOS EM UBERLANDIA-08-02-2010.indd 85 2/8/aaaa 22:14:57