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PARTE EXPLICATIVA 
INTRODUÇÃO 
. O problema 
. A função do jornalista como manipulador 
. Os "indignados úteis" 
. O paroxismo do ódio 
. A ideia do novo Curso 
AVISO LEGAL 
A IMPORTÂNCIA DO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA 
. O "gerenciamento do ódio" 
. As razões óbvias para a estimulação do ódio 
. A razão extra para o incentivo ao ódio 
COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS 
. 1. O poço humano de insatisfações 
Lição número 1 – A insatisfação existencial 
. 2. A frustração adicional 
Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração 
. 3. A ameaça ao bem-estar pessoal 
Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal 
. 4. O responsável pela frustração 
Lição número 4 – A responsabilização do adversário político 
. 5. O aproveitamento do potencial de reação agressiva 
Conteúdo específico da manipulação 
Efeito da manipulação no manipulado 
Predisposição à agressão 
Validação e incentivo à agressão 
Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão 
. 6. A criação do hábito 
1. A demonização do alvo. 
2. A rapidez da resposta dos manipulados. 
3. O hábito que se torna vício. 
4. A autonomia obediente dos manipulados. 
Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de agressão 
. 7. A exploração do hábito 
Lição número 7 – O estágio do vício 
. 8. A evolução para o ódio 
Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio
. 9. A catarse pública 
Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse pública 
FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
. Domínio dos principais veículos da mídia 
. Contágio social 
. Persistência e congruência 
. Ausência de referências políticas passadas 
. Desinteresse do brasileiro pela política internacional 
. Insatisfação social de classe 
. Hiato temporal entre a versão e o fato 
FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
. A alienação política do brasileiro 
. A índole afetuosa do brasileiro 
. A conscientização social da atividade de manipulação jornalística 
. O desenvolvimento do espírito crítico 
. Fontes alternativas de informação 
. A necessidade de ampliação do leque dos militantes odientos 
QUESTÕES ÉTICAS, MORAIS E TÉCNICAS SOBRE A MANIPULAÇÃO 
. A amoralidade intrínseca à manipulação 
O teste de (falta de) caráter 
A questão da culpa no manipulador 
Os prejuízos gerados aos manipulados 
O mal que fazemos a quem nos ajuda 
A verdadeira natureza da atividade manipulativa na política 
O paralelismo destrutivo 
O mundo dos carneirinhos 
A lei da ocultação dos ganhos e das perdas 
O enquadramento de teste 
O risco real de um processo criminal 
. A vivência da pessoa manipulada 
As fases da manipulação bem-sucedida 
Fato 
Significado do fato 
Reação ao fato 
Pressupostos da atuação do manipulado 
Impressão de urgência 
Ilusão de participação efetiva 
A Grande Ilusão 
Benefícios adicionais 
Sensação intensa de vida 
Integração a um grupo 
Sensação de estar lutando por seus objetivos e valores
. A importância do estímulo ao vira-latismo 
. O transe manipulativo 
. A esquizofrenia estratégica 
. A síndrome do motorista de táxi 
ANATOMIA PSICOLÓGICA DO ÓDIO 
. A vivência do ódio 
. A estrutura do ódio 
Foco temporal 
Modalidade 
Envolvimento pessoal 
Intensidade 
Comparação 
Tempo 
Critério 
Abrangência do foco de atenção 
. A mensagem do ódio 
. A ambivalência interna 
. A ambivalência externa 
. A relação entre o ódio e a Sombra 
. A justificativa conveniente 
. A intolerância em relação à diferença 
. O rótulo liberador 
. A liberação do ímpeto destrutivo 
. A vitória dos sentimentos "negativos" 
. O ódio e o gostinho da morte 
. Os temperamentos pessoal e nacional, e sua relação com o ódio 
. O desejo sexual oculto 
. O Casal Diabólico da política nacional
CURSO DE DESINTOXICAÇÃO DO ÓDIO POLÍTICO 
INTRODUÇÃO 
O problema 
Há muito, nós, os professores do Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, vimos notando uma preocupante tendência entre nossos alunos. Embora, durante o Curso, façamos questão de observar repetidamente que as técnicas de manipulação têm por alvo o grande público, ou seja, os consumidores de notícias políticas, muitos desses alunos acabaram assimilando as atitudes agressivas estimuladas em nossos leitores pela aplicação das técnicas do Curso Básico. 
O resultado? Carregam demais na emoção ao escreverem seus textos, perdendo com isso a frieza necessária à boa aplicação das técnicas de manipulação jornalística. Alguns editores têm se queixado de que as matérias desses profissionais se assemelham aos textos de certos colunistas raivosos ou às participações de anônimos em caixas de comentários da Web. Esse deslize profissional acarreta edições longas e trabalhosas, além da perda de tempo precioso. Há relatos, também, de casos de desavenças na vida pessoal de nossos alunos, motivadas por excesso de envolvimento político. 
A situação descrita acima equivale a um traficante de drogas se tornar dependente de drogas, a um autor de autoajuda praticar as baboseiras impingidas a seus leitores, ou a um publicitário acreditar nas falsas virtudes dos produtos exaltados em suas peças enganosas. 
Um exemplo clássico de exacerbação emocional:
Foto copiada da Web 
Que xingamento você ouve internamente ao pensar nessa educada senhora? 
(Adendo importante: não estamos afirmando que ela tenha sido nossa aluna. Até porque é proibido aos professores dos Cursos citar nominalmente qualquer aluno.) 
Outros exemplos de exacerbação emocional, não tão clássicos, mas recorrentes:
Outro, um pouco mais chocante: 
A função do jornalista como manipulador 
Nosso objetivo como manipuladores sociais é criar ilusões que convençam e, eventualmente, prejudiquem outras pessoas, e não a nós mesmos. 
Sempre ressaltamos nas aulas que cada grupo cumpre uma função específica no esquema geral. Cabe ao jornalista manipular, e ao leitor reagir. As atitudes agressivas devem ser conteúdo exclusivo dos chamados "indignados úteis" (link abaixo para a origem da expressão), ou seja, dos leitores "convertidos" à nossa causa. 
http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/04/midia-corporativa-e- instituto-millenium.html 
No Curso Básico não treinamos os chamados "instigadores da Sombra", jornalistas e articulistas que têm a função, por meio de seu comportamento raivoso, de estimular diretamente uma reação semelhante em seus leitores. Essa é outra função política valiosa, de que tratamos somente no Curso Avançado de Jornalismo Manipulativo. A função dos alunos do Curso Básico é estimular indiretamente a agressividade dos leitores, por meio do conteúdo dos textos e reportagens. 
Os "indignados úteis" 
Qualquer pessoa sensata que navegue, mesmo ocasionalmente, pelas redes sociais reconhecerá o extraordinário efeito do trabalho de manipulação realizado por nossos alunos. Criou-se uma notável geração de "indignados úteis", prontos a explodir em xingamentos, acusações e comentários raivosos ao menor estímulo da nossa parte. 
Basta uma manchete safadinha, um título oposicionista, uma "levantada de bola" qualquer, e esse dedo apontado para os nossos adversários é seguido instantaneamente por uma multidão de leitores raivosos, sedentos de um novo linchamento virtual. 
Como bem notou um de nossos alunos, essa geração de leitores parece se comprazer com a vivência de "ódio borbulhante". Tornaram-se dependentes de uma carga diária de estimulação agressiva. Querem sempre mais ― e mais lhes damos. Quantos não passaram, eles mesmos, a buscar ou a produzir situações extras de liberação do ódio? Alguns chegaram a perpetrar imagens históricas, como esta:
"Diagnóstico" de uma médica 
Foto copiada da Web 
Ou esta: 
Nasci no país errado 
Foto copiada da Web
Ou esta: 
Canibalismo político 
Foto de Marcos Bezerra 
O paroxismo do ódio 
Se há um paroxismo do prazer, há também um paroxismo do ódio, um orgasmo, um êxtase na expressão ilimitada da agressividade pessoal. 
Tudo bem, se os comportamentos tresloucados se limitarem aos consumidores de notícias, instigados por nós. 
Cartum de Alves
Ou mesmo se os nossos auxiliares na mídia impressa e virtual (artistas, pensadores, blogueiros etc.) mergulharem em sua piscina particular de ódio.
Mas tudo mal, se nós mesmos passarmos a nos contaminar com o ódio que cultivamos diariamente em nossos consumidores de notícias. 
Esse é o problema. 
A ideia do novo Curso 
Há pouco mais de dois meses, nós, os professores dos Cursos, conversávamos sobre o extraordinário resultado obtido por nossos alunos,
de alguns anos para cá. Mudamos o estado de espírito do Brasil. A destacar, os seguintes feitos: 
. "Provar" a inutilidade ou a falsidade de todas as conquistas importantes do grupo ocupante do poder central; 
. Instigar a população contra seus benfeitores (aqueles que criaram uma situação de pleno emprego, de inclusão social de milhões de brasileiros, de oportunidades inéditas de estudo, de acesso amplo a bens e viagens etc.);
. Esconder habilmente os escândalos de responsabilidade de nossos aliados políticos, alguns com o auxílio preguiçoso da Justiça (o encobrimento, é claro, não o próprio escândalo); 
Nenhuma menção ao PSDB, é claro. 
. Associar a ideia de corrupção unicamente ao partido atualmente no poder, embora os partidos de nossos aliados sejam os mais afetados pelas cassações políticas e condenações jurídicas;
Ranking da cassação divulgado pelo Ministério Público Federal em 2013. 
http://www.prpa.mpf.mp.br/institucional/prpa/campanhas/politicoscassadosdossie.pdf 
. Trazer de volta do passado o "complexo de vira-latas", que muitos pensavam já ter sido superado com os avanços recentes do país;
. Fazer a nova geração de jovens jogar a culpa no governo federal por todos os problemas nacionais (mesmo os problemas de âmbito municipal e estadual); 
Resposta ao "É Tóis" de Dilma. 
O viaduto era de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e da empreiteira construtora. 
O Itaquerão foi construído pela empreiteira Odebrecht. 
O atendimento do SUS é realizado pelas prefeituras. O governo federal apenas repassa os recursos, que são administrados pela Secretaria Municipal de Saúde.
. Inimizar toda uma categoria profissional contra a atual presidente...
... e contra seu partido; 
. Voltar o cidadão comum contra a oportunidade de promover a Copa do Mundo, um sonho de qualquer nação moderna; 
. Esconder os benefícios do torneio, disseminando a mentira de que se tratava de um gasto inútil, e não um investimento valioso;
. Fazer o brasileiro médio sentir vergonha de torcer pela sua Seleção nacional de futebol, justamente o esporte entranhado na alma do povo (é bem verdade que o início da Copa do Mundo, infelizmente, mudou de maneira radical a situação); 
. E o mais importante: transformar uma parcela da população brasileira, povo naturalmente feliz com a vida, em motos perpétuos do ódio. 
Vejam estas observações de estrangeiros que vieram assistir à Copa do Mundo:
http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2014/07/aplaudir-por-do- sol-abracar-veja-o-que-surpreendeu-os-estrangeiros.html 
Obviamente, esses estrangeiros não encontraram nenhum dos nossos dedicados leitores. 
. E o que dizer da extraordinária falta de educação, sensibilidade e escrúpulos exposta ao mundo pela abastada plateia brasileira em partidas da Copa do Mundo? Fazer um grupo enorme de pessoas sentir orgulho do seu lado bárbaro, convenhamos, não é para qualquer manipulador. 
Nem nas mais ousadas fantasias de nossos patrões imaginou-se resultado tão brilhante na história da manipulação política. 
Entretanto, como sempre avaliamos também o lado negativo de todos os nossos procedimentos, tivemos de admitir o problema exposto mais acima (a contaminação de nossos alunos pelo ódio).
De novo: não estamos afirmando que ele seja um de nossos alunos. 
Como sempre fazemos nesse caso (a identificação de um problema sério), abrimos logo uma sessão de brainstorming (técnica mais conhecida internamente como brain shitting – sem tradução, O.K.?), para buscar uma solução criativa. 
Da sessão veio a ideia de criarmos o primeiro Rehab Político, sugestão logo brindada com os adjetivos "genial", "revolucionária" e alguns palavrões elogiosos que evitaremos mencionar. 
Vamos então, primeiro, à parte teórica do novo Curso, na qual explicaremos em detalhes como produzimos o ódio político em nossos leitores e quais são os principais componentes dessa emoção. Esses componentes serão os alvos das técnicas de desintoxicação apresentadas logo a seguir na parte prática do Curso. 
Gostaríamos de agradecer a decisiva colaboração de nossa equipe de psicólogos, responsável por todas as técnicas da parte prática e por muitos esclarecimentos compartilhados na parte teórica.
AVISO LEGAL 
Por questões jurídicas, nossa equipe de advogados recomendou (significando: exigiu) esse preâmbulo legal, visando alertar nossos leitores sobre a parte prática do Curso de Desintoxicação do Ódio Político. 
"As técnicas da parte prática deste Curso foram criadas por psicólogos capacitados e visam proporcionar bem-estar emocional a pessoas que se tornaram dependentes da vivência diária de raiva e ódio, por motivos políticos. Apesar disso, não podemos garantir que elas farão somente o bem, em todos os casos, dado que cada sistema psicológico difere bastante dos demais. Aplique as técnicas com critério, parando imediatamente caso sinta ou pressinta qualquer incômodo psicológico além do normal. Não podemos nos responsabilizar pelos possíveis efeitos, caso você continue a aplicar uma técnica nessa situação. Respeite o seu sistema e os seus limites psicológicos." 
Nós de novo. Segundo a nossa experiência pessoal e coletiva, essas técnicas são, sim, infalíveis. Qualquer pessoa normal que as aplicar com zelo conseguirá se livrar dos sentimentos sufocantes de indignação, raiva e ódio, que tanto mal fazem à saúde psíquica e orgânica. 
Agora, se você aplicar essas técnicas direitinho e, mesmo assim, continuar sentindo ódio ao menor estímulo proporcionado pela grande mídia ou pelas redes sociais, fazer o quê? Você é um daqueles raros "casos perdidos", e estará condenado a passar o resto da vida borbulhando em ódio, correndo o risco de sofrer doenças psicossomáticas como úlcera, gastrite, pressão alta e, quem sabe, um infarto (bem feito!), por não conseguir ter o mínimo de autocontrole emocional e de capacidade intelectual. 
Mas ao menos tente. Precisamos de cada um dos nossos aliados da grande mídia, em sua capacidade manipulativa máxima, nessa luta derradeira pela mudança do governo central. 
Importante 
Estamos liberando, de início, a parte explicativa do Curso, com suas 129 páginas. A parte prática será liberada nas próximas semanas, ainda a tempo de permitir a aplicação antes do segundo turno das eleições (e antes das reações definitivas a estas). O hiato é importante para que a base seja bem assimilada por nossos alunos. 
Leia com calma, aos poucos, porque esse material, além de secreto, é extremamente elucidativo do tempo presente na grande mídia e na política nacional.
A IMPORTÂNCIA DO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA 
O "gerenciamento do ódio" 
Há um mundo de verdade na frase talvez falsamente atribuída ao presidente Jânio Quadros: "Política é gerenciamento do ódio". 
É uma verdade válida para quem está no poder, que deve evitar o ódio da população, e para quem está fora do poder, que deve estimular o ódio da população contra os ocupantes do poder. 
Este não é o momento de dar lições históricas, mas certamente você já aprendeu o quanto o ódio foi e é importante também nas lutas pela libertação dos povos e nas lutas pela opressão de outros povos. 
Se o colonizador não é odiado, o povo colonizado não se mobiliza para expulsá-lo do país. Por outro lado, pense no ódio alemão aos judeus na II Guerra, por exemplo, ou no ódio americano ao povo muçulmano, atualmente, e entenderá por que algumas nações se sentem justificadas em suas barbaridades. 
Agora, um ponto importante: você já pensou em quem gerencia o ódio, em todos esses casos? Os líderes da luta, sempre. Em nosso caso específico, o do Brasil no presente, esses líderes são os políticos profissionais e a grande mídia. Se esses líderes forem bem-sucedidos na tentativa de inculcar o ódio nos alvos da manipulação, estarão bem perto da realização de seu objetivo político. 
As razões óbvias para a estimulação do ódio 
Resumindo, política é luta pelo poder. Luta exige energia, determinação, esforço incessante. Sem emoção, nada disso se manifestará. E como a nossa luta visa desalojar do poder o grupo adversário, a agressividade,
logicamente, tem que desempenhar o papel decisivo no resultado. Daí porque precisamos estimular, em nossos leitores, emoções agressivas contra o grupo atualmente situado no poder central. 
Essas emoções, instigadas repetidamente por meio das técnicas ensinadas no Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, farão com que os leitores atuem como cidadãos representantes dos nossos interesses políticos em todo o período pré-eleitoral, e ainda levarão a que estejam do nosso lado no momento mais importante da luta: a hora do voto. 
Um simples sentimento de insatisfação não basta. Esvai-se e resulta em nada. Uma raiva ocasional, idem. Só haverá garantia da decisiva participação dos manipulados no processo político, tanto antes da votação quanto no momento do voto, se eles estiverem movidos pelo ódio, uma emoção que impregna a psique a ponto de não mais sair dela. 
É por isso que, numa das brincadeiras do Curso Avançado, fazemos nossos alunos repetirem, entusiasmados e em coro: "Mais um que odeia e se emput***, mais um eleitor-robô que obedece". 
A razão extra para o incentivo ao ódio 
Eleições são apenas um caminho para a conquista do poder central. Dependendo das circunstâncias históricas, o golpe aberto ou o "golpe branco" (dado pela Justiça) se tornam opções favoritadas, isto é, bem- vindas, na luta política. 
Nenhum conjunto de eleitores está mais predisposto a aceitar essas opções radicais do que o grupo de cidadãos impregnados de ódio aos governantes. Mais que "predisposto", diríamos "sedento". 
Jânio de Freitas, sobre os leitores black blocs. 
Vindo o pretexto e o golpe, podemos contar com o apoio decisivo desse grupo de cidadãos manipulados. Nem precisamos acrescentar que o apoio da grande mídia estaria garantido a priori.
COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS 
Há toda uma arte na estimulação e na fixação do ódio seletivo, por meio da manipulação jornalística. Precisamos não só fazer nossos leitores sentirem-se mal, muito mal, em reação aos fatos relatados nas notícias, mas também precisamos garantir que reações afetivas como indignação, raiva e ódio se tornem permanentemente associadas à suposta fonte de seu infortúnio, a ponto de serem exercitadas espontaneamente – ou seja, mesmo quando eles não estão sob o efeito direto de nossas técnicas manipulativas. 
Para que você entenda o sentido real do que já vem fazendo ao aplicar as técnicas ensinadas no Curso Básico, trataremos agora, ponto a ponto, da estratégia de estimulação e impregnação do ódio nos alvos de sua manipulação jornalística. 
1. O POÇO HUMANO DE INSATISFAÇÕES 
Talvez esta seja a mais politicamente incorreta de todas as verdades sobre o ser humano: cada um de nós tem, dentro de si, um poço bem fundo de insatisfações pessoais. 
Essa verdade, embora negada pelo cidadão comum, foi reconhecida por intelectuais e estudiosos da psique humana. Não por outro motivo, Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, escreveu a obra O Mal-Estar na Civilização.
Observe ao seu redor a busca humana desesperada por esse estado abstrato e ilusório chamado "felicidade". Lembre-se das religiões oferecendo conforto e milagres para os sofredores, das drogas que fazem alguém entrar imediatamente em um estado paradisíaco, da comida que proporciona satisfação imediata para tantos gulosos, do sexo e seu alívio bem-vindo de tensões, entre outras situações semelhantes. 
Um observador atento do comportamento humano perceberá que, mais do que a busca por hipotéticos estados "positivos" ou agradáveis de ser, esses esforços revelam a intenção de fuga a um estado "negativo" ou desagradável, realmente vivenciado por essas pessoas. 
Esse estado psicológico, geral e difuso, é resultante do acúmulo de insatisfações na pessoa, ao longo de toda uma existência. Se quisermos resumir o estado de modo simples, a frase ideal seria: "Não estou nem um pouco satisfeito com a minha vida". 
É esse estado que motiva a busca incessante de prazeres, como se eles pudessem magicamente eliminar a insatisfação existencial. Quem disse que o ser humano é um ser racional? Parafraseando Descartes: "Sofro, logo insisto". Na direção errada. 
Não há manipulador social, consciente ou intuitivo, que desconheça essa triste verdade humana. 
Imagine um cidadão realmente feliz da vida: não haverá ninguém mais imune às inúmeras técnicas empregadas pelos enganadores de todas as áreas da manipulação social. Tente fazê-lo odiar um partido, tente vender- lhe um produto "milagroso", tente fazê-lo entrar para uma seita, tente fazer com que siga uma "fórmula infalível" para o sucesso profissional. 
Ele responderá ao seu melhor esforço com um leve sorriso de compreensão e um juízo nada elogioso sobre suas intenções, sua inteligência ou seu caráter. 
O "gancho" de qualquer manipulador sempre será uma fraqueza do seu alvo, e a fraqueza mais óbvia é a insatisfação com a vida pessoal. 
É importante ver o consumidor de suas notícias como alguém que pensa estar encobrindo com perfeição esse segredo de polichinelo: ele sofre por ser uma pessoa frustrada. 
Na prática, essa fraqueza essencial se manifesta como uma predisposição para aceitar qualquer convite razoavelmente bem formulado no sentido de uma satisfação importante: "Quer (x)? Siga por aqui". Preencha o X do modo como quiser, desde que seja a satisfação de uma necessidade humana. Obviamente, só aceita um convite desses quem não se sente satisfeito. 
Se quiséssemos realmente ajudar outras pessoas, não ofereceríamos satisfações ilusórias. Ao contrário, ensinaríamos esse processo de exploração de insatisfações pessoais, tornando-as conscientes de como é fácil prometer aquilo que não será cumprido, e de como é rápido ceder à promessa de satisfação garantida.
Nesse caso, perderíamos uma oportunidade garantida de manipulação – o que seria lamentável. 
Esta é a primeira lição, justamente por ser a mais importante de todas. 
Lição número 1 – A insatisfação existencial 
"A principal fonte de toda indignação, raiva ou ódio político que você possa gerar em seu alvo sempre será humana, e não política: o poço interno de insatisfações existente dentro de cada um de nós". 
2. A FRUSTRAÇÃO ADICIONAL 
Entendido esse primeiro ponto, surge a questão: Como acessar esse poço de insatisfações pessoais e usá-lo na manipulação política? 
Existe uma ponte mágica para o poço: uma nova frustração qualquer. 
Observe que o conteúdo mais profundo do "poço" é justamente este: frustrações pessoais. De onde vêm as insatisfações pessoais? Obviamente, da frustração de necessidades tidas como importantes. Por exemplo, uma pessoa está amorosamente insatisfeita por quê? Por que se sente frustrada em suas necessidades amorosas. 
As experiências de frustração sempre geram insatisfações, que permanecem ativas até a satisfação das respectivas necessidades. 
Para ter acesso pleno ao poço de insatisfações pessoais devemos acessar seus níveis mais profundos, ou seja, o nível das frustrações pessoais, a origem das insatisfações. 
Nesse caso, iguais se atraem: ao conseguir fazer o leitor vivenciar uma frustração qualquer, associada à política, você estará automaticamente estimulando todas aquelas frustrações pessoais dele, e consequentemente tornando-as uma fonte de sentimentos disponíveis à manipulação, a começar das insatisfações pessoais (derivadas dessas frustrações). 
Veja como é conveniente acessar esse "poço", no caso de direcionamento do cidadão contra determinada pessoa ou grupo. 
Muitos conhecem o axioma psicológico: "Frustração gera agressão". Se uma pessoa realmente vivencia a frustração de uma necessidade importante como resultado de sua manipulação, ela automaticamente se encontra predisposta a reagir a esse fato (real ou fictício) com pensamentos e ações agressivas. 
E se essa frustração for associada a um responsável (a pessoa ou grupo visado pela manipulação política), obviamente a predisposição à agressão terá como alvo o suposto responsável. 
Este esquema já deve ser de fácil compreensão para você: 
Necessidade => frustração => insatisfação => predisposição à agressão.
E ele é de grande utilidade a um manipulador social. 
. Pode-se atuar sobre o ponto 1 (a necessidade), prometendo uma satisfação garantida. É o que fazem os criadores de produtos "milagrosos", em qualquer de suas áreas de atividade. Pense em "autoajuda". 
. Pode-se atuar sobre o ponto 2 (a frustração), ativando-a no sentido de produzir os dois efeitos seguintes, como o fazemos em nosso trabalho de manipulação. 
. Pode-se atuar sobre o ponto 3 (a insatisfação causada pela demora na satisfação ou por algum bloqueio persistente), explorando o sofrimento humano. Pense em "Fala, que eu te escuto". 
. Pode-se atuar sobre o ponto 4 (a predisposição à agressão), criando um contexto em que a livre manifestação de ímpetos destrutivos seria compreensível e até inevitável. Pense no incentivo aos linchamentos reais e virtuais. 
Em nosso Curso Avançado vamos além do famoso axioma psicológico, ensinando que: "Sem frustração não há agressividade, sem agressividade não há ódio, sem ódio não há fixação da natureza perversa do inimigo". Como você aprenderá mais à frente, é preciso odiar para demonizar. E tudo depende desse esquema. 
Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração 
"A primeira obrigação do manipulador político é lembrar ou criar uma frustração na consciência do manipulado, gerada por uma necessidade importante insatisfeita". 
3. A AMEAÇA AO BEM-ESTAR PESSOAL 
Imagine qualquer situação em que alguém parta para um ataque verbal ou físico contra outra pessoa. 
Agora verifique a validade desta afirmação: a pessoa agredida sempre estará associada, na mente do agressor, a uma frustração intensamente vivenciada por ele. 
Não importa a origem dessa frustração que levou à agressão do suposto responsável. Pode ter sido um xingamento, uma agressão física, um roubo, um bloqueio a uma ação importante, um prejuízo financeiro – alguma necessidade pessoal foi gravemente afetada e, por conseguinte, alguma violação ou ameaça de violação ao bem-estar pessoal estava em jogo. 
A pessoa só foi atacada, nesse caso, por ser vista como a responsável pela origem da frustração: ela causou a ofensa moral, a agressão física, a perda, o bloqueio, ela gerou o prejuízo financeiro etc. Ela frustrou alguma necessidade básica, afetando fortemente o bem-estar da pessoa atingida pelo ato.
Vale lembrar que todos temos a expectativa de manutenção do bem- estar pessoal, ou seja, da satisfação das necessidades básicas. Quando essa expectativa subitamente é violada, vivencia-se uma frustração. 
Além disso, quando alguém se sente prejudicado como na situação descrita acima, é natural que atribua a quem o prejudicou um caráter perverso. Atos definem pessoas. Se agiu desse modo, é desse modo. 
Vamos a outro esquema simples e muito importante: 
Caráter perverso, intenção ou ato maldoso, ou ato desastroso => Ameaça ou violação ao bem-estar pessoal => Necessidade afetada => Sentimento de frustração. 
Toda manipulação política bem-sucedida capricha nestes pontos: 
(1) Atribui a uma pessoa ou a um grupo político um caráter perverso, uma intenção ou ato maldoso, ou um ato desastroso; 
... e afirma, para o leitor, que... 
(2) Essa pessoa ou grupo é responsável por alguma ameaça ou violação importante ao seu bem-estar pessoal: ou seja,... 
(3) Ela frustrou, frustra ou frustrará uma necessidade importante do leitor. 
Uma palavra sobre "ato desastroso". Em política, é comum a técnica de atribuir incompetência ao adversário. Afinal, ele ocupa um posto (ou pretende ocupá-lo), no qual terá de exibir competência. Atribuir ao adversário qualquer ato desastroso que gere consequências sérias na vida dos cidadãos funciona politicamente somente por causa desse efeito. 
O item 3, acima, é um componente fundamental da fórmula usada para implantar uma frustração na consciência do manipulado e para, por meio dela, acessar seu poço pessoal de insatisfações. 
Desenhando em palavras a vivência do manipulado: 
"Essa pessoa ou esse grupo me fez, está fazendo ou fará mal". 
O manipulador que pretenda direcionar os sentimentos agressivos de alguém contra outra pessoa ou grupo precisa criar essa impressão de verdade (externa), ou essa experiência de crença (interna), no manipulado. Precisa fazê-lo crer que uma violação ao seu bem-estar aconteceu, está acontecendo ou acontecerá à sua pessoa. 
Você aprenderá mais à frente que este é também o conteúdo primário do "transe manipulativo" e a principal fonte do estresse contínuo que a manipulação eficiente consegue produzir nas pessoas manipuladas. 
Pense bem: como alguém conseguirá mobilizar outra pessoa para que responsabilize e ataque um alvo, sem que esse alguém se sinta frustrado em alto grau por esse mesmo alvo?
Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal 
"Uma vivência de frustração que possa gerar agressão depende de dois fatores associados: (1) um caráter perverso, uma intenção ou ato maldoso, ou um ato desastroso de responsabilidade de outra pessoa, o qual (2) represente uma ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal da pessoa prejudicada". 
4. O RESPONSÁVEL PELA FRUSTRAÇÃO 
Este ponto é fácil de deduzir: o responsável por essa ameaça ou violação, e, portanto, pela frustração do leitor, sempre será a pessoa ou grupo que desejamos minar ou eliminar, politicamente. 
Em nosso Curso Avançado, ensinamos a jamais criar uma manchete, um artigo ou mesmo uma notinha manipulativa sem que se tenha respondido a estas quatro perguntas (relativas aos quatro componentes iniciais do transe manipulativo): 
1. Você atribuiu um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, ao inimigo? 
2. Você fez o leitor vivenciar uma grande ameaça ou violação ao próprio bem-estar, como efeito do ponto 1? 
3. Que necessidade importante do leitor está sendo frustrada por esse inimigo dele? 
4. Quão intenso, nesse leitor, será o sentimento de frustração? 
O dedo do manipulador aponta para um adversário político e passa a mensagem: "Você é mau por natureza, ou é o responsável por uma intenção ou ato maldoso, ou por um ato desastroso que afetou, afeta ou afetará imensamente o bem-estar do leitor". 
Nos três casos possíveis, o leitor precisa vivenciar a frustração de uma necessidade pessoal importante, para então aceitar a existência de um grande prejuízo para si mesmo e a responsabilização de quem supostamente lhe causou esse prejuízo. 
Lição número 4 – A responsabilização do adversário político 
"Toda iniciativa de manipulação jornalística de sua parte deve atribuir ao nosso adversário político, ao máximo grau possível, um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, que ameace ou viole o bem-estar dos leitores". 
5. O APROVEITAMENTO DO POTENCIAL DE REAÇÃO AGRESSIVA 
Se conseguimos realizar com perfeição as atividades já mencionadas, o manipulado terá passado por todos os pontos abordados acima. São eles:
Conteúdo específico da manipulação 
Pessoa ou grupo político visado + Caráter perverso, intenção ou ato maldoso, ou ato desastroso 
↓ 
Efeito da manipulação no manipulado 
Ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal + Necessidade afetada + Intenso sentimento de frustração ↓ 
Estimulação do poço pessoal de insatisfações 
↓ 
Vivência muito desagradável de perigo, frustração e insatisfação 
↓ 
Predisposição à agressão 
Explicando bem: 
Conteúdo específico da manipulação 
Apresentamos ao leitor algum conteúdo em que se atribui a pessoa ou grupo político um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso. 
Efeito da manipulação no manipulado 
Esse ato representa uma grave ameaça ou uma grave violação ao bem- estar do leitor, por afetar importante necessidade pessoal. Em consequência, geramos no leitor um intenso sentimento de frustração. 
Esse sentimento reativa naturalmente seu "poço pessoal de insatisfações", levando a uma vivência quase insuportável caracterizada por um misto de sensação de perigo (derivada da ameaça ou violação), certeza de frustração de uma necessidade importante e experiência de insatisfação. 
A função do poço pessoal de insatisfações torna-se bem clara: ele potencializa a intensidade da frustração presente, como resultado da ativação das frustrações e insatisfações passadas do leitor. Nós obrigamos o leitor a vivenciar novamente o estado de insatisfação existencial, para que possamos explorar o sofrimento no sentido dos nossos interesses. 
Predisposição à agressão 
Para se livrar do incômodo quase insuportável na consciência, atribuído à pessoa ou grupo político visado pelo manipulador, o manipulado se sentirá disposto a atacar imediatamente o responsável pela ameaça ou violação ao seu bem-estar e por esses sentimentos intensamente desagradáveis. 
Validação e incentivo à agressão
Entra em cena, novamente, o manipulador, proporcionando a "válvula de escape" ou o canal de expressão por onde o manipulado expressará sua insatisfação, indignação, agressividade ou, até mesmo, o seu ódio. 
A primeira providência será validar psicologicamente a predisposição e, como efeito dela, a expressão dos sentimentos agressivos. 
Muitos devem se lembrar do mais famoso VTNC da política nacional, e de como imediatamente a grande mídia correu para validar, no dia seguinte, em suas manchetes, a manifestação "popular", justificando ou mesmo louvando a histórica exibição internacional de ausência de parâmetros civilizatórios (custamos para encontrar esse eufemismo). 
A mensagem transmitida por qualquer validação de ato agressivo dos manipulados é sempre a mesma: "É isto que nós queremos de vocês. Continuem". 
A segunda providência será ensinar ao manipulado como ele deve expressar essa agressividade, para que possamos obter o máximo efeito possível na intenção de fustigar ou minar nosso adversário político. 
Essa função é cumprida diariamente pelos instigadores da Sombra (isto é, do lado sombrio dos leitores), os famosos colunistas pitbulls, com seu proverbial descaso pelo respeito ao adversário, suas palavras de ordem, frases acusatórias, substantivos desqualificadores e xingamentos repetitivos, reproduzidos acriticamente pelos leitores fiéis. 
Foi uma decisão sábia da grande mídia promover, para o exercício dessa função, um "mix" de jornalistas, artistas, escritores, poetas, músicos etc., passando a falsa impressão de que toda a sociedade está ali representada, e de que ela, por inteiro, abona esse tipo de comportamento antissocial. 
Sabemos que você, imediatamente, será capaz de lembrar vários nomes que se encaixam na descrição acima. 
Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão 
"Criada a predisposição à agressão, ela receberá livre trânsito, sendo aproveitada pelo manipulador por meio: 
1. Da validação dessa experiência, com argumentos, justificativas etc.; 
2. Do oferecimento de exemplos práticos sobre como expressar a raiva ou o ódio contra o alvo escolhido por nós". 
6. A CRIAÇÃO DO HÁBITO 
A exposição diária ao jornalismo habilmente manipulativo gera vários efeitos nos manipulados. Mais à frente analisaremos os diversos efeitos danosos. Agora importam apenas os efeitos favoráveis à nossa atividade. 
1. A demonização do alvo.
A demonização de um ser humano depende de uma negação e de uma afirmação. A negação cria a lacuna que será preenchida pela afirmação. 
A negação corresponde à desumanização. Desumanizar uma pessoa significa negar-lhe certas qualidades e atributos básicos a um ser humano normal – notadamente, as qualidades e atributos positivos. Essa negação cria uma lacuna: a pessoa desumanizada não é o que as outras pessoas normais são. E o que iremos colocar no lugar dessa lacuna? 
A afirmação corresponde à demonização propriamente dita. Demonizar uma pessoa significar atribuir-lhe certas qualidades e atributos próprios de alguém "dominado pelo demônio", ou seja, pelo Mal. É importante que essa atribuição gere, na mente do leitor, a impressão de se tratar de um ser humano "estragado", "perdido", totalmente comprometido com o lado sombrio da vida. 
a) A desumanização do inimigo. 
Todo inimigo é desumanizado. Portanto, para criar um inimigo, primeiro desumanize uma pessoa. 
O título e o subtítulo mostrados na imagem da capa seguinte dizem tudo: "Desumanização – Como se Legitima a Violência". 
Outro título e subtítulo do livro que mostram bem a importância da negação da humanidade alheia, para que se permita a expressão dos mais selvagens instintos humanos. "Menos do que Humano – Como Nós Rebaixamos, Escravizamos e Exterminamos Outras Pessoas".
Em nenhum momento devemos atribuir a nossos adversários políticos qualquer qualidade humana positiva. Eles devem ser um vazio daquilo que apreciamos em outros. 
Lembre-se de todas as manchetes e matérias relativas ao ex-presidente Lula. Tente se lembrar de uma única qualidade admirável reconhecida pela grande mídia nesse político, nos últimos anos. 
Nas raras vezes em que uma qualidade humana positiva precisa ser associada ao inimigo, sempre haverá a "explicação" necessária, o "mas" depois do "sim", expondo o interesse obscuro, a agenda oculta, a prática demagógica, a exploração da credulidade alheia etc., que estaria por trás daquela suposta qualidade apreciável. 
Tente pensar em qualquer alvo demonizado pela grande mídia e veja se consegue imaginar essa pessoa agindo como uma pessoa normal: alguém que, como você, acorda para um novo dia, tem seus problemas pessoais, possui qualidades admiráveis, sacrifica-se eventualmente por familiares, busca fazer o melhor, é atormentado aqui e ali pela consciência moral, tem hábitos que não consegue controlar... 
Acho que você não conseguiu. Esse é um indício claro de sucesso da manipulação: essa pessoa foi desumanizada, sistematicamente, a ponto de não mais pensarmos nela como um ser humano normal.
"Um experimento para os bobalhões da internet: imaginem só por um minuto que as celebridades que vocês fazem de tudo para insultar sejam seres humanos reais". 
b) A representação demonizada do inimigo. 
Pare e pense: como os linchadores da vida real pensam no alvo de seu ódio? 
Agora imagine esse mesmo alvo de violência, mas pense nele como um ser humano normal – embora possa ter cometido algum ato reprovável. Você conseguiria vê-lo como alguém merecedor de espancamento coletivo seguido de morte? 
Um alvo de linchamento virtual ou real não pode ser representando mentalmente, ou seja, imaginado, concebido em pensamento, como um ser humano normal. Porque, se o for, a mente humana não deixará que você tenha, em relação a ele, sentimentos e comportamentos típicos de linchador. 
Sabe por quê? Porque é exatamente esse o modo como você se representa, ou como você pensa em si mesmo: ou seja, como um ser humano normal, digno, que às vezes comete algum erro grave – mas que é essencialmente bom. 
Se sua mente permitisse que você atacasse cruelmente alguém nessas mesmas condições, ela estaria abrindo a brecha para que todo o seu potencial de agressividade se voltasse contra você mesmo. Pau que dá em Chico, dá em Francisco. Mas pau que dá em Osvaldo, não dá em Francisco ou Chico. Não é fácil entender? 
Para liberar em si mesmo sentimentos e comportamentos bárbaros em relação a uma pessoa, você tem que pensar nela de um modo bem diferente daquele em que pensa em si mesmo. E esse modo de pensar precisa ser a porta de entrada para aqueles sentimentos e comportamentos selvagens. A porta de entrada, no caso, é a demonização do outro. 
A representação da pessoa demonizada precisa ser bem diferente, em natureza, da sua representação de você mesmo. Em essência, esse modo de pensar sobre o outro precisa atribuir-lhe uma natureza desumana e um caráter mau e irreversível. Já em nosso caso, pensamos em nós mesmos como humanizados, bons e dotados da capacidade de correção, em caso de erro.
No Curso Avançado ensinamos a fórmula "Reagimos ao que pensamos ser verdade". Para fazermos nossos leitores reagirem a nossos adversários políticos com ódio, precisamos caprichar no quesito "representação dos inimigos". Nossos leitores precisam pensar neles como pessoas más a ponto da desumanidade – e, além disso, como pessoas incorrigíveis. Demônios humanos, na verdade. 
Quando conseguimos implantar essa distinção na mente dos manipulados, ou seja, a separação estanque entre o modo como eles, nossos "indignados úteis", se veem, e como veem seus alvos políticos, estamos também tomando uma medida imprescindível para garantir a sanidade mental dos nossos apoiadores. Essa proteção psicológica irá permitir que eles continuem sendo instrumentos valiosos aos nossos propósitos. Afinal, não queremos formar uma geração de indignados úteis pirados (embora alguns professores suspeitem ser exatamente isso o que esteja acontecendo). 
E como produzimos o efeito de demonização? Desumanizando o inimigo repetidamente, ao longo do tempo, num bom número de situações, quase sempre muitos importantes. Atribuindo-lhe sempre intenções malévolas, a autoria de atos perversos ou criminosos, e reafirmando a sua incompetência incorrigível. 
Quando um alvo político é repetidamente, durante meses ou anos, acusado de ter caráter perverso, de ser responsável por intenções ou atos maldosos, de perpetrar atos maldosos e de tomar medidas desastrosas ao bem-estar de uma população, esse alvo político tende a ser visto como o suprassumo da maldade e da incompetência. Em termos simples, ele se torna demonizado. 
Carlos Brickmann, sobre as campanhas de desmoralização de inimigos da imprensa. 
Este é o critério definitivo de uma boa campanha: o alvo, mesmo inocentado de tudo, continua sendo visto como a essência do Mal pela opinião pública. 
Todas as características positivas da pessoa restam eliminadas. Sobra apenas o lado do Mal. Ela é, em essência e plenamente, somente aquilo mostrado sobre ela, aquele símbolo de tudo-que-há-de-pior-no-mundo. Em nosso Curso Avançado chamamos esse procedimento de A Técnica do Vilão Perfeito, modelada a partir de filmes norte-americanos. Você sabe: se no final da história o vilão cai num tanque de ácido sulfúrico, a plateia vibra de alivio, prazer e sadismo justificado. 
O povo criou o ditado "Cão danado, todos a ele", que reflete muito bem esse estágio da manipulação política: a partir da demonização de uma pessoa ou grupo, torna-se habitual e instantâneo responsabilizá-lo por tudo
e nada, a partir de qualquer boato, rumor, suposição, acusação caluniosa, manchete manipulativa ou notinha safada. 
Nos últimos anos, temos acompanhando a extraordinária disseminação do meme "É culpa do PT", partido que já foi responsabilizado por todos os males imagináveis, desde a falência de uma universidade estadual de São Paulo até a queda misteriosa de um avião no Sudeste Asiático. 
Em nosso Curso Avançado ensinamos uma musiquinha composta por um de nossos professores, a qual ilustra bem a gama infinita de possibilidades de responsabilização já utilizadas pela grande mídia e por nossos apoiadores nas redes sociais. Ela é composta apenas de dísticos (estrofes de dois versos), nos quais o primeiro verso é um problema social, uma tragédia, um inconveniente qualquer na vida pessoal etc., e o segundo verso diz: "É culpa do PT". Após cada dístico, aparece no telão a prova da "culpa". As risadas são inevitáveis. 
Só duas estrofes, oferecidas como uma palinha (já estamos no limite da irresponsabilidade em termos de revelação do conteúdo do Curso Avançado): 
É CULPA DO PT! 
"Se meu time é uma m****, 
É culpa do PT! " 
"Se caiu o viaduto, 
É culpa do PT!" 
O refrão, cantado após quatro dísticos padrões, também é um dístico: 
"Só petralha é que não vê:
É culpa do PT!". 
Temos certeza de que você poderá criar mais de uma dúzia de dísticos padrões apenas recorrendo a lembranças de responsabilizações recentes na grande mídia. 
Copiado da Web. 
Demonizado um alvo, resta apenas contar o número de acusações e atribuições maldosas que ele ou seus defensores receberão, com ou sem motivo.
Qualificações pejorativas destinadas ao psicanalista Christian Dunker em caixa de comentários, por ter ousado criticar o blogueiro direitista Rodrigo Constantino, da revista "Veja". 
http://blogdaboitempo.com.br/2014/07/07/ilustrando-a-barbarie- treplica-a-rodrigo-constantino/ 
A prática de responsabilização do inimigo pode chegar a um ponto obsessivo. Delírios acontecem:
Comentário sobre a decisão de um desembargador da Justiça do Rio.
Reação de muitos tuiteiros ante a notícia da trágica morte do candidato Eduardo Campos, quando todas as análises dos especialistas davam a presidenta como a principal "perdedora" política com o acidente. 
Esse comportamento dos manipulados exemplifica a perfeita assimilação do conteúdo político que lhes foi imposto e constitui admirável feito da parte dos manipuladores. Obviamente, o exagero sempre é perceptível, e logo se torna alvo fácil para a ironia alheia. 
Copiado da Web. 
No plano internacional, exemplos clássicos de demonização do inimigo são o modo como o norte-americano médio pensa sobre os muçulmanos (leia-se "terroristas islâmicos em potencial"), o modo como os israelenses pensam sobre os palestinos e a campanha da mídia dita "ocidental" na crise da Ucrânia, em que o presidente russo Vladimir Putin foi retratado como o demônio em pessoa e acusado, sem provas, da derrubada de um avião civil. 
Como se percebe, a demonização do Outro é a porta aberta para todo o lixo interior do lado sombrio de quem demoniza o adversário. Não há mais limites para o desejo e a ação (sempre violenta) de quem se sente justificado a atacar um alvo demonizado. 
Essa constatação é muito importante: você não conseguirá que alguém despeje a própria maldade interna sobre outra pessoa a menos que aquela pessoa seja, para esse alguém, o equivalente ao Mal: um ser humano perdido e irrecuperável, o suprassumo da ruindade (corrupto, pervertido, seja lá o que for) ― o próprio demônio na Terra. 
A demonização é o meio; o fim é o seu efeito no manipulado: a liberação plena da agressividade. É a demonização de um ser humano que leva, na internet, ao linchamento virtual, e que leva, na vida real, ao linchamento "ao vivo".
Em resumo, a demonização é o ponto final do processo de representação degradante do adversário. Como tal, nós a consideramos um objetivo altamente louvável da manipulação política. 
Trecho de post do comentarista Esfinge, no Jornal GGN. 
http://jornalggn.com.br/noticia/o-eleitor-difuso-esta-e-a-discussao- relevante-a-equacionar-por-esfinge 
2. A rapidez da resposta dos manipulados. 
Quando o leitor é exposto inúmeras vezes à sequência de passos manipulativos ensinada mais acima (da leitura da notícia à liberação da agressividade), um efeito muito útil se manifesta: torna-se cada vez mais fácil estimular o poço de frustrações pessoais desse leitor. O processo se torna cada vez mais rápido, desde a reestimulação até o ataque. Ao começar a ler a manchete, o post, o comentário, a notinha, o leitor já se sente predisposto a responsabilizar o alvo escolhido por nós e a liberar a agressividade contra ele.
3. O hábito que se torna vício. 
Criado o hábito, deseja-se, naturalmente, mais do mesmo. Em muitos manipulados, o hábito se torna vício: cria-se a dependência de uma dose diária de liberação da agressividade contra os alvos que escolhemos. 
Na luta política, nem mais um velório é respeitado. 
Alguns colunistas, mesmo sendo nossos simpatizantes, já sentiram na pele esse efeito, ao ocasionalmente elogiarem algum integrante do governo. As acusações de mudança de lado são seguidas de uma chuva de impropérios que chega a assustá-los a ponto de gerar textos históricos. 
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2014/05/1458088- com-odio-e-com-medo.shtml 
A mensagem dos manipulados é clara: "Eu vim aqui para agredir, e você quer que eu elogie? Então você será o agredido. Toma!". 
É como se dissessem: "Desde quando um alvo demonizado possui alguma qualidade humana?"
A lição aprendida por esses jornalistas? Nenhuma oportunidade de responsabilização e agressão deve ser perdida pelo manipulador. 
Alguns dos nossos alunos tiveram de aprender essa lição básica no susto. 
4. A autonomia obediente dos manipulados. 
O ápice da manipulação bem-sucedida é a condição curiosamente denominada, por um de nossos psicólogos, como "autonomia obediente". O manipulado não mais depende de nossas iniciativas para propagar a nossa luta. Ao contrário, ele toma iniciativas no trabalho, na família, nas redes sociais e nas ruas no sentido de defender nossos interesses, defendendo quem defendemos e atacando nossos adversários e, especialmente, quem os defende. 
À primeira vista parece um ser autônomo, mas se observarmos suas falas, seus textos e seus cartazes, perceberemos que nada ali escapa daquilo que assimilou de nós: os mesmos argumentos, as mesmas palavras de ordens, os mesmos substantivos depreciativos, os mesmos xingamentos e, principalmente, os mesmos alvos. 
Roboticamente, o "autônomo obediente" interpreta tudo o que acontece no mundo segundo o enquadramento que nós estabelecemos nas centenas de matérias lidas por eles. 
E, por serem obedientes na orientação básica, também são bons para obedecer ordens. Um exemplo: 
Atualizando: foram 6 posts que incitavam os seguidores a atacar o jornalista. 
Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de agressão 
"A repetição do procedimento de responsabilização e de incentivo à agressão deve levar, idealmente, à demonização do adversário e à formação de 'autônomos obedientes', no sentido dos nossos propósitos políticos". 
7. A EXPLORAÇÃO DO HÁBITO 
A Lei do Aproveitamento, ensinada em nosso Curso Avançado, é de simples compreensão: "A predisposição ama a oportunidade". 
Ao criarmos, no leitor, o hábito da responsabilização seguinda de agressão, estamos produzindo uma predisposição mais elaborada (e mais útil aos nossos propósitos) do que a predisposição inicial à agressão
derivada de suas insatisfações na vida: agora, o leitor se encontra predisposto a agredir os alvos que nós escolhemos. 
Essa nova predisposição estará, portanto, acessível ao aproveitamento pelo manipulador experiente. Aproveita-se a predisposição focada seguindo- se lei exposta acima, ou seja, oferecendo-se muitas oportunidades ao leitor. 
É amplo o repertório disponível à grande mídia, e realmente usado nesse oferecimento. Basta consultar o nosso Curso Básico de Jornalismo Manipulativo. Mas queremos destacar alguns recursos que servem para aproveitamento imediato, por serem sintéticos e adequados aos tempos modernos: 
. Manchetes acusatórias (sobre fatos reais ou forjados). 
Não se preocupe: ninguém lerá a matéria, e muito menos o desmentido baseado em informações fatuais. 
. Manchetes editorializadas.
Na manchete editorializada oferecemos o leitor não só o "fato", mas também os "argumentos" que ele deverá usar para divulgar o erro do adversário. 
. Titulos de colunas. 
As colunas não têm o ranço do "dono do veículo", portanto servem de canal de convencimento mais palatável ao grande público. 
. Notinhas de colunistas.
A nova geração gosta de ler um pouco de cada vez. Isso faz com que as colunas, com suas notinhas, sejam um recurso ótimo para divulgação e disseminação de notícias contra nossos adversários. 
. Imagens editorializadas. 
A foto escolhida para ilustrar a previsão de derrota deve combinar com a mensagem do título, visando gerar nos leitores a reação óbvia de "Se f****!". 
Melhor ainda se a imagem nem precisar de contexto explicativo. Que tal esta?
Foto de Daniel Ferreira na capa do "Correio Braziliense" (8/9/2014). 
. Frases retiradas do contexto. 
Aliás, esta é a única situação em que permitimos a presença da palavra "Lula" em título de matéria jornalística. 
. Tuítes.
Repare na importância de fornecer ao leitor comum um lembrete constituído de expressão curta que será usado na divulgação da notícia: "falha de Dilma", "discurso do medo", "censura democrática", "volta, Lula", "derrota de Dilma", "parar de reclamar", "briga de classes", "uso político". 
Essas categorias de estímulos simples e rápidos geram imediata reação por parte dos leitores já treinados a responderem à manipulação do modo como nós desejamos. Em notícias más ou boas para nossos adversários, nossos "autônomos obedientes" sempre estarão presentes. 
Na verdade, em qualquer notícia:
Internauta culpando o PT pela "presença" do vírus Ebola no Brasil. 
Ou em qualquer oportunidade: 
Comentário sobre um vídeo do YouTube.
Comentários em matéria sobre o programa "VídeoShow". 
Comentário sobre o artigo "Querida, destruí o Universo", a respeito de declarações do físico inglês Stephen Hawking. 
Comentário sobre um vídeo do funk. 
Eles não perdoam nem anúncios de CDs.
E veem petistas maldosos tem todos os lugares. 
Bem, nem só a turma da internet possui esse foco obsessivo e disseminado (e esse é o problema). Duas, digamos, jornalistas: 
Leia Ucrânia em Hungria. E ela tem, sim. O cacife não é propriamente político, mas bélico. Seu Vlademir, Vlademir... 
O reforço contínuo da fórmula da manipulação, em textos da grande mídia, aprofunda a demonização do alvo, aumenta a rapidez da resposta (ou seja, diminui o tempo entre a leitura e a liberação da agressão), transforma o hábito num vício e, por fim, tende a criar uma legião de "autônomos obedientes" aos nossos interesses políticos. 
Resumindo, poderíamos dizer que as três funções básicas do manipulador político são:
1. Criar a predisposição focada em quem ainda não a possui; 
2. Fornecer oportunidades frequentes de expressão dessa predisposição, a quem já a possui; 
3. Intensificar a predisposição focada, a ponto de tornar a responsabilização seguida de agressão um hábito (ou, melhor ainda, um vício) da pessoa manipulada. 
Lição número 7 – O estágio do vício 
"Manipulados são como cãezinhos: é importante reforçar, a cada oportunidade, a lição ensinada aos leitores já amestrados, até que o hábito se torne um vício". 
8. A EVOLUÇÃO PARA O ÓDIO 
Nem seria preciso mencionar que a continuidade desse processo, do lado do leitor, tem início na insatisfação, passa pela indignação, leva à raiva e chega, por fim, ao ódio. 
O ódio é a resposta psicológica à demonização do oponente político. Quando esses dois fatores entram em campo (a demonização do oponente e o ódio sentido por ele), está garantida a liberação plena da agressividade pessoal. Se alguém sente ódio por alguma pessoa ou grupo visto como o suprassumo da maldade ou da incompetência, tudo é justificável a seus olhos. O "ataque ao cão danado" é uma situação fora dos limites da civilização.
O ódio não exige lógica de si mesmo. 
As frases sábias do Twitter que só valem para os leitores. 
Em geral, a agressão plenamente liberada se expressa de dois modos: a catarse odienta e a catarse depreciativa. 
A catarse odienta é própria de quem não admite, ou de quem há muito abandonou, qualquer freio moral na luta por seus objetivos. Consiste na simples liberação não filtrada de todo o lixo interior, e se manifesta por meio das piores acusações, desqualificações, xingamentos e palavrões, não raro chegando-se a desejar publicamente a morte do inimigo. 
Todos conhecemos vários internautas que usam como único "argumento", em sua luta política a nosso favor, manifestações de catarse odienta. 
A catarse depreciativa expressa basicamente o mesmo conteúdo, mas de forma supostamente mais civilizada. O ódio é travestido de deboche ou ironia. Um ou outro argumento aparece no meio de acusações e xingamentos, de modo a garantir um verniz civilizatório aos textos e a manifestar uma presença ainda que tímida da consciência moral do indivíduo.
Marcelo Tas, deturpando a afirmação de Lula sobre o fim do DEM para usá-la como base de crítica irônica. 
As duas formas de ação servem a nossos propósitos. Não convém ficarmos associados apenas aos pitbulls da política porque isso traria muitas críticas aos defensores de nossos interesses, por parte das pessoas decentes (sim, elas existem). 
Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio 
"O objetivo final da manipulação política é transformar leitores em eleitores dos nossos candidatos, mas o objetivo imediato é formar uma legião de 'autônomos obedientes' que se sintam justificados na vivência e na expressão do ódio direcionado aos nossos adversários". 
9. A CATARSE PÚBLICA 
O momento mais festejado entre os manipuladores políticos é a situação de catarse pública. 
Um resultado positivo de nossos esforços, resultado de certo modo trivial, é conseguirmos que determinado grupo de leitores se tornem "autônomos obedientes" e passem a defender ferozmente os nossos apadrinhados políticos e a atacar barbaramente os nossos adversários políticos. 
Outro resultado positivo, bem mais valioso, é conseguirmos que centenas ou milhares de pessoas expressem simultaneamente o seu ódio, com todas as consequências negativas que essa liberação inconsequente da agressividade possa lhes trazer. 
Aqui é preciso distinguir entre manifestações de protesto, que são cíclicas na maioria das sociedades, e catarses movidas pelo ódio. As manifestações de 2013, no Brasil, foram claramente um momento de desafogo social. Basta lembrar as convocações virtuais de então, que conclamavam "todos os brasileiros" a saírem às ruas para "protestar contra tudo". Já as catarses movidas pelo ódio são direcionadas e têm relação direta com a manipulação política antecedente. 
Quem não se lembra da noite da eleição da atual presidente Dilma Rousseff, em 2010? Baseando-se em nossos argumentos manipulativos (em especial, o argumento de que os "nordestinos vagabundos" seriam responsáveis pela vitória da candidata do PT), as redes sociais xingaram em peso os habitantes da Região Nordeste – para depois descobrirem que, mesmo se o Norte e o Nordeste fossem eliminados do mapa da votação, Dilma teria vencido o pleito. 
Vários internautas foram processados por essas manifestações de ódio, e alguns deles ficaram com seus nomes tristemente marcados para sempre na memória do grande público. 
E no dia da posse da atual presidente? Nova catarse pública, agora desejando o assassinato da suprema mandatária da Nação. Novamente,
escândalo nacional e internacional, e nova entrada em cena do Ministério Público que deixou alguns "autônomos obedientes" com a ficha suja. 
A mais recente catarse, bem fácil de lembrar, foi a manifestação da torcida no jogo inicial da Copa do Mundo, no Maracanã, que levou para a cesta de lixo da civilização um bom número de colunistas sociais, apresentadores de programas, subcelebridades globais, socialites, professores, entre outros, que compartilharam orgulhosamente os vídeos da catarse. 
Mais à frente neste Curso, trataremos em detalhes dos danos infligidos aos "autônomos obedientes". 
Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse pública 
"O ápice da excelência manipulativa na política é a catarse pública. Não podemos fazer nada para produzi-la, com segurança, mas seu trabalho deve ter como um dos objetivos contribuir para que um dia ela ocorra, no sentido dos nossos interesses".
FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
Os fatores seguintes, quando presentes, ajudam os jornalistas a obter pleno sucesso em sua atividade manipulativa. 
Domínio dos principais veículos da mídia 
Como se sabe, no Brasil os grandes veículos da mídia são dominados por poucas famílias, unificadas pelo propósito de substituir os atuais donos do poder central. Essa circunstância feliz permite que se estabeleça, na prática, o pensamento único em suas publicações. O pensamento único é representado por uma interpretação única dos fatos e por um vilão único no universo político nacional. 
Já se tornou corriqueira a situação de manchetes idênticas num mesmo dia, que parecem ter sido produzidas por uma "central de manchetes" da grande mídia. 
Montagem do site Brasil 247 
Montagem do site Brasil 247
Montagem da internet 
Montagem da internet 
Outro exemplo corriqueiro é a participação sequencial de meios da grande mídia na criação e exploração de supostos escândalos que afetam o governo central. 
Como já presenciamos inúmeras vezes, uma revista (que não precisamos nomear) lança o "escândalo", os jornais divulgam o fato com estardalhaço, os telejornais desenvolvem a trama, os jornais repercutem o desenvolvimento, os radialistas comentam indignados, os colunistas caluniam e xingam os mesmos alvos de sempre – até que o "escândalo" desapareça após um desmentido categórico da realidade. Passa-se um tempo (bem pouco) até a estratégia ser repetida. Incessantemente. 
O domínio dos veículos da mídia, portanto, permite o pensamento único e a exploração organizada dos ataques contra os nossos adversários políticos, facilitando a nossa tarefa de manipulação jornalística.
Estatísticas feita pela Uerj, comparando o número de manchetes negativas sobre os candidatos à Presidência. 
http://www.manchetometro.com.br/ 
Contágio social 
O mais importante (e escandaloso) experimento secreto realizado pelo Facebook (veja o quadro abaixo) comprovou um fato empiricamente conhecido pelos manipuladores profissionais: emoções são contagiosas. 
"Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks" (Evidência experimental de contágio emocional em larga escala por meio de redes sociais). 
http://www.forbes.com/sites/kashmirhill/2014/06/28/facebook- manipulated-689003-users-emotions-for-science/ 
http://www.pnas.org/content/111/24/8788.full 
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/06/em-experimento- secreto-facebook-manipula-emocoes-de-usuarios.html
Quando se forma a impressão de que "todos" estão fazendo algo (migrando para uma rede social, tatuando o corpo, optando por um candidato, etc.), a tendência do indíviduo é "ir com a onda", ou seja, fazer o que "todos" estão fazendo. O experimento do Facebook revelou que esse processo de tomada de decisão também sé dá na área das emoções, além da área dos comportamentos: se "todos" parecem estar num determinado estado de espírito, o usuário tenderá a adotar aquele mesmo estado de espírito, "positivo" ou "negativo". 
O contágio social é justamente o fenômeno psicossocial aproveitado pela grande mídia nestes últimos anos, visando voltar a população contra o partido que se encontra no poder. Com grande custo e depois de muitos anos, conseguimos criar um estado de espírito pessimista mesmo naqueles que se beneficiaram das medidas do governo. 
Mais de 10 anos de inflação dentro da meta, crescimento econômico, pleno emprego, 30 de milhões de novos consumidores integrados ao mercado e...
A impressão generalizada de que "está tudo ruim" (para não dizer um palavrão), embora a realidade cotidiana esteja muito boa, exemplifica o conceito de "contágio social" e representa uma vitória significativa dos manipuladores atuantes na grande mídia.
Persistência e congruência 
Esses dois fatores estão juntos porque um não funciona sem o outro. Persistir na manipulação, mantendo o foco insistentemente com o passar dos dias, semanas, meses e anos, quase sempre leva ao convencimento do manipulado, em especial se ele não tiver outra fonte que contradite a mensagem do manipulador. 
Tão importante quanto a persistência é a congruência, isto é, a ausência de mensagens contraditórias. A contradição quebra o encanto em que o manipulado vivia, embevecido pelas mensagens anteriores do manipulador. 
Um exemplo de como não se deve agir: 
Até aqui tudo bem: atribuiu-se a outrem aquilo que a própria pessoa faz (a prática do ódio). O problema é a quebra de continuidade:
Ao personificar a atitude atribuída ao adversário (o ódio), o tuiteiro desfaz a eficácia do primeiro tuíte. A ilusão de realidade se perde quando alguém se trai no momento seguinte. A congruência, assim como a persistência, é um fator indispensável à boa manipulação política. 
Outro exemplo infeliz: compartilhar link de Reinaldo Azevedo para criticar o uso do ódio na política. Como diz o povo: "Se não gosta de missa, não vá à igreja". 
E depois... 
E a coerência, como fica?
Como ensinamos no Curso Avançado, a regra seguida pelo bom manipulador é esta: "Só uma mensagem, repetida à exaustão, sem contradição". 
Ausência de referências políticas passadas 
Outra circunstância que torna bem mais fácil o nosso trabalho, especialmente em relação aos jovens, é a ausência de referências pessoais sobre o passado da política nacional. 
Já lá se vão quase 12 anos do (cá entre nós) desastroso governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o país quebrou três vezes em seu segundo mandato. Os eleitores de outubro de 2014 que estiverem com 22 anos de idade, tinham 10 anos à época da substituição dos donos do poder (de FHC para Lula). Ou seja, não viveram ativamente os fatos políticos de então. Sua memória é um vazio propício ao preenchimento interesseiro. 
Cabe a nós, como vimos fazendo corretamente, ocultar ao máximo os fatos desabonadores do passado e transmitir a impressão de que nenhum outro governo foi tão incompetente e corrupto quanto o atual. 
Podemos contar com a proverbial preguiça dos jovens, que têm todas as fontes disponíveis na Web, mas não verificam nem mesmo a validade das estapafúrdias correntes de e-mail que recebem diariamente.
http://www.youtube.com/watch?v=Uo5Lj1QtD1o 
Desinteresse do brasileiro pela política internacional 
Não é segredo de ninguém o desinteresse total do brasileiro médio e da juventude brasileira pela política internacional – justamente a origem das forças mais importantes do cenário político, em qualquer momento da História. 
Daí a facilidade com que são manipulados por grupos e ONGs do exterior, os quais deixam de lado suas funções originais e passam a atuar como representantes de interesses nacionais alienígenas – geralmente, dos Estados Unidos.
Convocação do Greenpeace, uma ONG ecológica, para manifestação contra a Copa. 
A aceitação passiva desses chamamentos já gerou situações tragicômicas, como a luta pela PEC 37, cujo conteúdo era desconhecido pela maioria dos manifestantes, mas foi adotada como causa "popular" graças a uma publicação de vídeo no YouTube. 
Enganação feita por um desconhecido, em nome do Anonymous, durante os protestos de 2013. 
Jovens seguem jovens. Por isso, grupos estrangeiros interessados em desestabilizar governos legítimos costumam usar belas jovens como símbolos de campanhas de agitação social, sempre com a mesma apresentação atraente.
Nativa do Brasil 
Aproveitando-se da ingenuidade política dos jovens, essas agitadoras sociais transmitem meias verdades e mentiras completas, sempre envelopando sua mensagem em slogans e palavras de ordem bem curtas e fáceis de lembrar. 
Insatisfação social de classe
Como se sabe, a ascensão social de mais de 30 milhões de brasileiros nos Governos Lula e Dilma gerou tensões sociais inéditas em nosso país. Aeroportos, shopping centers e restaurantes do país passaram a ser frequentados por uma gente estranha, nova, desacostumada com o modo "natural" (e elegante) de se comportar nesses lugares. 
Além disso, privilégios caros às classes mais altas, como viajar para destinos "nobres" do exterior (pense em Miami), foram democratizados nos últimos anos, gerando profundas insatisfações de classe.
"Não tem mais graça ir a Nova York (EUA) ou Paris (FRA) e correr o risco de encontrar o porteio do prédio onde mora". 
Aliás, nem precisa ser algum privilégio. 
Por causa desse caldo (amargo) de cultura, o grupo social mais endinheirado é altamente receptivo a qualquer ataque feito contra os responsáveis por tal situação. Quem acessa o Facebook e o Twitter já presenciou cenas chocantes de discriminação derivadas do pavor da inclusão social. 
O promotor confundido com um reles usuário de rodoviária sebenta. 
Hiato temporal entre a versão e o fato 
Esse fator foi magnificamente ilustrado pelo movimento "#NãovaiterCopa ― ou, se houver, será a Copa dos Horrores", bancado pela grande mídia. A campanha contra a Copa começou anos antes de sua realização. Durante dezenas de meses, os veículos midiáticos reinaram absolutos em suas denúncias, em seu pessimismo e em seu catastrofismo, justamente porque não havia meio de confrontar essas "informações" com os fatos reais. 
Nesse longo período, passou-se ao grande público somente uma mensagem, um ponto de vista, um conjunto monolítico de "fatos" cuidadosamente escolhidos pelos donos dos veículos, por meio de reportagens, notinhas, editorais, matérias de colunistas, declarações de
subcelebridades, posts de instigadores da Sombra... Nunca se juntou um exército de colaboradores tão empenhado e afinado. 
Além disso, o interesse dos ingleses em tirar dos brasileiros a Copa do Mundo do Brasil, após a derrota na Fifa para a Rússia e o Catar, forneceu à mídia nativa várias reportagens pessimistas quanto à nossa capacidade de organização do torneio, com a "autoridade" da fonte externa. 
O caos das manifestações na Copa das Confederações, brilhantemente orquestrado, pareceu confirmar as piores previsões. 
O importante é perceber que a mídia pôde nadar de braçada durante anos porque o evento ainda não tinha acontecido. Bastou que ele se iniciasse para que todos os veículos passassem a reproduzir os fatos – diametralmente opostos às previsões. Até porque todo o país inteiro tinha acesso aos fatos, assim como os estrangeiros em nosso país, e não se podia mais evitar a verdade. 
E a Copa que não teríamos, ou mesmo a Copa dos Horrores, aquela que seria o maior fracasso administrativo da História do Brasil, tornou-se a Copa das Copas, a melhor Copa do Mundo de Futebol de todos os tempos. 
A realidade da Copa atualizou o ditado popular, acrescentando ao "antes" o "durante": "O melhor da festa é esperar por ela. O pior da festa é desesperar por ela". 
Esse descompasso temporal entre versão e fato é também aproveitado nas previsões do noticiário econômico. Certamente você já viu, no final de cada ano, a lista de previsões erradas das Mães Dinahs do jornalismo econômico-financeiro brasileiro. Previsões mais curtas (as da inflação mensal, do PIB trimestral etc.) rendem bons risos aos internautas, quando desmascaradas. Mas até lá...
FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO 
A alienação política do brasileiro 
A tradicional alienação política do povo brasileiro tem um lado altamente positivo: permite-nos enganar com facilidade grande parte dos eleitores, atribuindo responsabilidades pesadas a quem não tem e livrando da responsabilidade pesada quem a merece. 
O lado negativo dessa alienação política é a dificuldade extrema de envolver os cidadãos brasileiros em algo mais do que o ativismo de sofá. Muitos deverão se lembrar de quantos anos foram necessários para a geração Facebook sair da internet e ir às ruas protestar contra nossos alvos políticos. 
Mas o acento ficou lá. 
A catarse social de meados de 2013 chegou num momento em que muitos de nós estávamos já desiludidos de ver as ruas pegarem fogo, depois de tantos anos de manipulação e incitamento aos protestos físicos. 
Passado o desabafo coletivo, entretanto, a excitação refluiu até voltar aos níveis pré-junho de 2013, refluxo ajudado, certamente, por alguns complicadores, como a desmedida e desfocada agressividade de grupos parasitas, notadamente os Black Blocs e os anarquistas.
A tentativa de assassinato de um serralheiro e de sua família. 
A preguiça participativa, fora da Web, será um grande obstáculo para o sucesso de nossos esforços na luta contra o governo central, nas eleições vindouras. 
A índole afetuosa do brasileiro 
Somos um país recordista em assassinatos e violência em geral. Mas, paradoxalmente, as relações diretas de brasileiros, entre familiares, amigos, conhecidos e até desconhecidos, são marcadas pela afetividade positiva. 
Esse foi outro problema que quase nos desiludiu durante o longo trabalho de manipulação política: como transformar um povo afetuoso, brincalhão e hospitaleiro num povo odiento? Como fazer com que pessoas divertidas e amigas se transformem em algozes de parentes, amigos, colegas e desconhecidos? 
Como inimizar os brasileiros, entre si – respeitada a divisão ideal: defensores dos nossos candidatos para cá, defensores do governo central para lá? 
Anos de campanha negativista e de exemplos dados pelos nossos mais destacados colunistas e blogueiros acabaram vingando: a Web brasileira tornou-se um lindo campo de batalha, em que internautas expõem publicamente seu ódio, sem medo de serem felizes em sua virulência e sem receio de prejuízos futuros por suas palavras destemperadas. 
Mas, como se viu na Copa do Mundo, o lado positivo da brasilidade desperta ao menor estímulo, a ponto de encantar instantaneamente os turistas estrangeiros. Essa constatação indica a necessidade de continuarmos ensinando a forma "certa" de tratar os adversários cotidianos, para que o ódio não seja neutralizado pela índole boa do cidadão comum. 
A importância fundamental do treinamento realizado pela mídia
Imagine a seguinte situação: chegue perto de um brasileiro comum e pergunte se ele prefere ver seu time como campeão do Brasileirão ou, nesse mesmo ano, ver seu candidato a Presidente como o vitorioso do pleito. Em quase 90% das vezes, a opção será pelo time. 
Agora pense no seguinte: não convivemos pacificamente com torcedores dos mais variados times, entre eles os times rivais, em nossa família, em nosso trabalho, em nossas relações cotidianas e afetivas? Sentimos ódio por algum deles, apenas porque torcem por times diferentes? Vivenciamos essa situação de diferença como sendo irreconciliável: se ele é diferente de mim, tenho que atacá-lo, até o ponto de desejar-lhe a morte? Não, é claro. Até cônjuges continuam a se amar, torcendo por times rivais. 
Então por que essas atitudes e comportamentos de rivalidade, agressividade e ódio se manifestam numa questão psicologicamente menos importante para nós? Ora, porque fomos treinados para isso. No futebol, fomos treinados a odiar somente os argentinos (e você sabe por quem). Na política, somos treinados cotidianamente a ver em nossos adversários a essência do Mal e a quase desejar a sua extinção. 
E muitos anos foram necessários para que esse treinamento produzisse uma geração de militantes odiosos justamente porque essa é uma reação pouco natural no cidadão brasileiro. O caráter nacional, associado à alienação política, atuou contra nós, esses dois fatores na função de obstáculos ferrenhos que felizmente foram superados (ainda que temporariamente) graças à persistência e à congruência da grande mídia. 
A conscientização social da atividade de manipulação jornalística 
Repare nesta informação impressionante. Quando lançamos publicamente o Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, em janeiro de
2010, este era o número de resultados do Google para "jornalismo manipulativo": 
Isso mesmo. Apenas 36 resultados – contando com as repetições. 
A captura de tela mostra como era tênue a consciência política do brasileiro quanto ao que vínhamos fazendo em termos de manipulação política. 
Atualmente, as redes sociais discutem todos os dias as mais de 400 técnicas de manipulação que, pioneiramente, revelamos em nosso Curso, há mais de 4 anos. E vão muito além, identificando outras técnicas, derivadas da notável criatividade de nossos alunos e da perspicácia do consumidor crítico de notícias. 
O fato preocupante é que estamos chegando cada vez mais perto da situação que, em nossas aulas, denominamos o Grande Medo: a descoberta chocante, pelo consumidor de notícias, de que a grande mídia nunca esteve e nunca estará do lado dos interesses populares – isto é, de que ela sempre defendeu e defenderá interesses que implicam justamente a derrota de causas benéficas à grande maioria da população. 
Daí a importância do que denominamos "estratégia preventiva": a atribuição desse papel (o de inimigos da população) aos nossos adversários políticos, de modo a estabelecer um contraste protetor: ora, se eles são os inimigos da população, nós, que os combatemos, não podemos ser inimigos dela. Somos, ao contrário, seus defensores. 
Essa estratégia preventiva tem evitado, até aqui, a ocorrência daquela conscientização trágica que constitui nosso Grande Medo. Mas quanto mais o cidadão comum perceba as inúmeras formas e técnicas de manipulação que empregamos em nosso trabalho, mais perto ele se encontrará desse momento da verdade. 
Como bem afirmou um de nossos alunos, "quando o manipulado acordar do seu transe manipulativo, a realidade vai doer – mais em nós do que neles". 
O desenvolvimento do espírito crítico 
Esse problema vem atrelado ao anterior. 
As redes sociais apresentam uma dinâmica interna, em que alguns internautas naturalmente se destacam, passando a agir como líderes e mentores de um grande grupo virtual. Vários deles, no campo oposto ao nosso, têm feito um trabalho preocupante de conscientização dos eleitores, despertando o espírito crítico em relação às nossas manipulações.
Daí a importância de contarmos com um bom número de artistas e pensadores do nosso lado, no mundo virtual, para incentivar os internautas a reproduzir acriticamente as correntes de e-mails, os memes, as notinhas, posts e tuítes com conteúdo agressivo ou ofensivo aos atuais ocupantes do poder central. 
Certamente você reparou que, nos últimos meses, vários desses artistas e pensadores foram promovidos e apoiados pela grande mídia (sem a qual, diga-se logo, suas ideias não teriam a menor repercussão). Um exemplo: 
Link para a "denúncia" sobre a compra de um avião de 50 milhões de dólares. 
Esse nosso aliado artístico, a propósito, é um excelente exemplo da distinção feita pelos estudiosos da inteligência humana: o Q.I. (quociente de inteligência) é um potencial de inteligência, que depende da habilidade de aplicação prática. Um equívoco primário (mas compreensível) leva muitas pessoas a supor que essa aplicação do potencial esteja garantida, automaticamente. QIs altos, se não complementados pela sabedoria prática, podem resultar em voos muitos baixos de inteligência efetiva. 
Aviso: pule as capturas de tela a seguir, se não quiser vivenciar vários momentos de vergonha-alheia.
Todos os invejosos são socialistas. Tese interessante... 
Como se sabe, a USP é uma universidade estadual, administrada pelo governo do PSDB. 
Lutar contra uma ditadura é "fazer merda".
Como se sabe, a PM de São Paulo está subordinada ao governador do Estado, atualmente do PSDB. 
Matéria-bomba que jamais explodirá na grande mídia. 
Em "todos os lugares" leia-se "aqueles frequentados pela elite branca". 
Link para um artigo irônico de Antonio Prata, reproduzindo o pensamento de direta no Brasil.
Com a palavra, o maior gênio da atualidade (o físico inglês Stephen Hawking): 
"What is your I.Q.? 
I have no idea. People who boast about their I.Q. are losers" 
"Qual é o seu Q.I.? 
Não tenho a menor ideia. Pessoas que ostentam seu Q.I. são perdedores". 
http://www.nytimes.com/2004/12/12/magazine/12QUESTIONS.html 
Livro do professor Luiz Machado. 
O déficit cognitivo não é raro nesse grupo de nossos apoiadores.
http://portala8.com/cotidiano/cantor-lobao-entra-na-conversa-errada-e- paga-mico/
Esse problema faz com que eles vivam, ingenuamente, "levantando bola" para a cortada matadora dos nossos adversários. 
Alguém reparou no duplo sentido delicioso da frase da "mocinha inteligente"? 
Jornalistas radicais também levantam bolas, desnecessariamente.
O que nos remete ao tema central do item: quanto mais facilmente artistas, pensadores e jornalistas sejam desmascarados pelos fatos (e devemos admitir que esta é a situação corriqueira), mais o espírito crítico dos nossos adversários virtuais se desenvolve, atrapalhando os nossos esforços de manipulação. 
Até tu, Papa Francisco?
Fontes alternativas de informação 
Este problema soma-se aos dois anteriores. 
Em essência, a manipulação jornalística segue estas diretrizes: 
Providências em relação a pessoas e grupos do nosso lado 
a) Fato ruim. 
Ocultar ou minimizar. 
b) Fato bom. 
Divulgar e/ou supervalorizar. 
c) "Fato" inexistente positivo. 
Criar. 
Providências em relação a pessoas e grupos do outro lado 
a) Fato ruim. 
Divulgar e/ou supervalorizar. 
b) Fato bom. 
Ocultar ou minimizar. 
c) "Fato" inexistente negativo. 
Criar. 
Se você tem um mínimo de conhecimento da atuação da grande mídia, pode apontar dezenas de matérias em que tais diretrizes foram aplicadas com propriedade (embora nem sempre com sucesso). As técnicas geradas pela adoção dessas diretrizes são ensinadas em nosso Curso Básico de Jornalismo Manipulativo. 
Nosso grande inimigo no esforço de criarmos um contexto fantasioso que estimule a preferência pelos nossos candidatos, políticos e grupos, atualmente, chama-se internet. 
Como você já percebeu, é comum esta situação: uma revista (cujo nome novamente não precisamos mencionar) lança uma "denúncia" em sua capa. Antes mesmo de ela chegar à casa dos assinantes ou às bancas, seus potenciais leitores já tiveram acesso à desconstrução da "denúncia", realizada detalhadamente na internet. 
Vale o mesmo para fatos que a mídia tenta, desesperadamente, ocultar da população.
A internet não perdoa. Não esquece. Não alivia. E, como se sabe, os jovens, integrantes dessa faixa etária tão facilmente manipulável por não ter ainda experiência de vida nem passado político, são os que mais vivem na internet. A convivência diária com pessoas mais experientes, críticas e inteligentes acaba neutralizando aqueles fatores positivos para a manipulação.
A internet também permite acesso a informações que preferíamos esconder. Tudo bem, que a maioria dos internautas não pesquise o passado, visando formar uma opinião sobre ele. Mas alguns fazem esse serviço pela maioria, e o resultado definitivamente não é bom. 
Buscando em acervos digitais, esses internautas inconvenientes já mostraram à nova geração a real situação, por exemplo, dos Anos FHC. Entre outras vergonhas nacionais, foram mostrados: 
. Os juros estratosféricos. 
. A humilhante submissão do país ao FMI. 
. A denúncia de compra da reeleição para presidente. 
. Os vários escândalos de corrupção do governo de então. 
. As filas intermináveis de candidatos a empregos, até mesmo para garis. 
. Os Natais das "lembrancinhas de R$5,00", 
. Os aeroportos vazios. 
. A recessão causada pelo racionamento de energia elétrica. 
. As compras coletivas do mês em supermercados. 
. Os grupos de caronas para economizar gasolina. 
. Os nordestinos que se alimentavam de calangos e que promoviam saques por causa da fome. 
. As matérias ensinando os brasileiros a aproveitar alimentos e roupas. 
. Os conselhos de economistas sobre pagamentos de dívidas e empréstimos com agiotas. 
. A angústia de pais e mães que não viam uma perspectiva boa de futuro para os seus filhos. 
E tantos outros exemplos de adaptação forçada de toda uma população a um tempo muito difícil. 
Daí o eleitor atual compara com a situação presente, em que: 
. Cada Natal é melhor que o anterior. 
. O dinheirinho suado vai para a poupança. 
. "Crise" não é mais a essência da vida pessoal, e sim uma palavra só encontrada em artigos de colunistas de Economia. 
. As férias são gozadas em viagens no exterior. 
. O estudo dos filhos está bem encaminhado. 
. As vendas de carros e apartamentos batem recordes.
. Os aeroportos estão entupidos de novos turistas nacionais. 
. O carrinho de compras dos supermercados vive cheio. 
. O lar do brasileiro médio possui muitos bens úteis e supérfluos. 
. O futuro é uma esperança concreta, porque o tempo difícil passou. 
E todo o esforço de criação de pessimismo pela grande mídia vai pelo ralo. 
Outra fonte alternativa de informação para os mais jovens são os parentes mais velhos. Eles viveram aquele tempo difícil e podem lhes contar sobre experiências assustadoras. 
Um ponto importante: você já deve ter reparado que um dos nossos principais objetivos políticos é gerar, nos atuais cidadãos, o medo-quase- pânico de vivenciar uma situação exatamente como aquela que o país acabou de superar. E deve também ter notado que sugerimos que a continuidade deste governo levará inevitavelmente a população a viver a situação causada pelo governo anterior, ou seja, por aqueles políticos que tentamos fazer retornar ao Planalto Central. 
Daí a necessidade extrema de se evitar a associação "antigo governo – caos", minando a associação "atual governo – bem-estar" para conseguir convencer os eleitores que a associação correta é "atual e futuro governo – caos". 
A necessidade de ampliação do leque dos militantes odientos 
Este comentário no site GGN reproduz com precisão cirúrgica um ponto abordado constantemente nas aulas de nossos Cursos. 
Ou seja, de nada adianta pregar para convertidos. O efeito da pregação, nessas pessoas, é o aumento de intensidade do apego à doutrina – em termos práticos: mais ódio direcionado contra nossos alvos políticos. 
Mas esse é um efeito, de um lado, desejável, porque tais pessoas se tornam mais comprometidas com a nossa luta, e, de outro lado, indesejável, porque elas se tornam mais fanáticas e menos eficientes na
luta. Viram caricaturas de militantes políticos, tema já explorado em vários Tumblrs de nossos adversários. 
Por isso é necessário que a nossa pregação convença outros eleitores. Só assim conseguiremos aumentar a massa crítica (perdão, acrítica) que nos garantirá a vitória nas próximas eleições. 
Os próprios manipulados percebem essa situação e, intoxicados pela urgência de mudança do governo, perdem-se em sonhos estapafúrdios como este: 
Ou este: 
Uma pessoa, um voto. Uma pessoa que odeia Dilma, Lula ou o PT, um voto. Essa pessoa pode odiar até explodir suas artérias de raiva, mais ela só terá (se sobreviver à implosão emocional), um voto no dia da eleição.
O pior resultado dos nossos esforços seria estigmatizar (pela caricatura) os apoiadores dos nossos candidatos e, além disso, não conseguir expandir o número desses apoiadores.
QUESTÕES ÉTICAS, MORAIS E TÉCNICAS SOBRE A MANIPULAÇÃO 
Nossa equipe de psicólogos intuiu que uma das causas prováveis para a assimilação do ódio por nossos jornalistas poderia derivar de um "mecanismo de defesa" (desculpem a linguagem técnica). 
Explicando: a consciência de estarmos mentindo e manipulando diariamente não é psicologicamente saudável. Por isso, algum meio de evitar essa conscientização chocante é naturalmente buscado pelo manipulador. Se ele passa a acreditar no conteúdo da manipulação, essa atividade, magicamente, deixa de ser algo reprovável: não é mais manipulação, mas convicção política. A consciência moral descansa, o trabalho se desenvolve sem traumas. 
Mas, como já ressaltamos, isso implica assimilar as atitudes raivosas que cultivamos em nossos consumidores. 
Portanto, precisamos oferecer a vocês uma forma diferente de lidar com a culpa derivada da atividade manipulativa diária. Este é o objetivo da presente seção do Curso. 
A AMORALIDADE INTRÍNSECA À MANIPULAÇÃO 
O teste de (falta de) caráter 
É sabido que, nas primeiras aulas ministradas aos candidatos a oficial da CIA (não confunda: "agente" é o recrutado; "oficial" é o recrutador ou espião que pertence à agência), o instrutor da nova turma aplica o famoso teste de (falta de) caráter. 
Num dado ponto da palestra, de surpresa, ele pergunta se os ouvintes têm noção daquilo que serão obrigados a fazer (mentir, falsear, enganar, sabotar e até matar), e então põe o teste em prática: "Aqueles aqui presentes que tenham algum escrúpulo moral quanto a realizar esses atos, por favor, pensem bem antes de continuar no curso e, se for o caso,... retirem-se". 
O silêncio angustiante que se segue à comunicação do palestrante é uma espécie de pacto sinistro entre instrutor e alunos. Retomada a palestra, todos têm consciência de que acabaram de efetuar, conjuntamente, a travessia de um portal. Daí para frente, a menção a qualquer ato tido antes como moralmente reprovável será vista apenas como a sugestão de um recurso possível e aceitável no cumprimento das missões secretas. Lembramos que a obrigação de mentir, por exemplo, vale até mesmo para ocultar do próprio cônjuge a condição de oficial da CIA. 
Em nosso Curso, modelado daquele e de vários cursos semelhantes, também fazemos o teste de (falta de) caráter. Não espanta que nossos
alunos sejam tão aplicados nas técnicas reveladas em nosso texto-base, a partir da simbólica travessia do portal. 
Obviamente, só aceitamos no Curso quem já demonstra, em seu perfil psicológico, um saudável desprezo pela verdade e pelo Código de Ética do jornalismo. Mas mesmo nessas pessoas pode haver um resquício de consciência moral, que poderá levá-la à convicção de veracidade das suas manipulações, como forma de defesa psicológica. 
A questão da culpa no manipulador 
Talvez esta seja a mais importante questão psicológica dos nossos Cursos: como lidar com a culpa derivada da consciência de que estamos mentindo, distorcendo os fatos, violando nosso juramento profissional e, com isso, lesando os nossos consumidores, os quais, além de não receberem informações precisas sobre a realidade, prejudicam-se pessoalmente por causa das nossas técnicas de estimulação do ódio contra nossos adversários? 
Já que estamos fazendo uma espécie de "jogo da verdade", seria bom enumerarmos os prejuízos que causamos aos nossos consumidores, antes de explicarmos como lidar com essa questão. 
Os prejuízos gerados aos manipulados 
Quando os consumidores de notícias aceitam nossas informações distorcidas ou falsas, eles se sujeitam a vários danos, além da evidente desconexão cognitiva (intelectual) com a realidade. 
Por uma questão didática, organizaremos esses danos segundo as dimensões da personalidade. 
. Dimensão orgânica. 
Faz bem sentir estresse várias vezes durante o dia? Já reparou no efeito das informações sobre política em seu organismo, especialmente daquelas informações que geram frustração, raiva ou ódio? Informações, aliás, que constituem, no caso presente, a maioria, já que o grupo ocupante do poder precisa ser combatido diariamente. 
. Dimensão emocional. 
Quantos livros de autoajuda já foram publicados prometendo a felicidade a seus leitores? Todos gostamos dos tais "sentimentos positivos". Mas a atual conjuntura política exige que a manipulação jornalística estimule principalmente os sentimentos ditos negativos: frustração, desespero, raiva, ódio. E os leitores, ouvintes e espectadores sofrem. Diariamente. 
. Dimensão intelectual. 
É a dimensão do dano primário: ao invés de fazermos o nosso trabalho de bem informar ao grande público, criamos ilusões interesseiras de realidade. Uma grande parcela da população é privada do conhecimento da realidade política nacional porque precisa ser doutrinada para votar nos candidatos que apoiamos.
Outro dano intelectual reside na humilhação imposta a nossos consumidores, que acabam se deixando guiar por, sejamos sinceros, profissionais incompetentes e, em alguns casos, verdadeiros idiotas, como colunistas de cultura deplorável, blogueiros instigadores da Sombra, videomakers histéricos etc. 
. Dimensão social. 
A manipulação jornalística, na área da política, possui um componente social inevitável, por suas repercussões nem sempre positivas na vida dos manipulados. 
É incontável o número de pessoas que já tiveram sua reputação social degradada por se deixarem levar pelas mentiras e manipulações midiáticas. 
Já mostramos algumas imagens que dão bem a noção do estrago na reputação, causado por atitudes intempestivas de pessoas manipuladas pela grande mídia. 
Incluímos nesse item, também, os problemas de relacionamento gerados com amigos e com familiares, numa inversão de hierarquia difícil de aceitar (mas fácil de compreender): conseguimos que muitos brasileiros amáveis dessem mais importância ao apego à sua (na verdade, nossa) opção política do que ao apego a pessoas de convívio íntimo. Quantas relações foram estragadas para sempre por brigas políticas fúteis (fúteis porque o resultado delas em nada influenciou a realidade do país)? 
Quantas "inimizades eternas" já foram criadas nas redes sociais, entre estranhos? 
. Dimensão legal. 
Vários processos de calúnia, injúria e difamação, motivados pela atuação política na internet, foram tema de notícias da grande mídia, mas você já pensou em quantos outros foram abertos sem que tanto o agredido quanto o agressor quisessem divulgação – especialmente o agressor? 
Sua memória certamente possui informações sobre alguns casos graves, envolvendo nomes que preferimos não mencionar porque essas pessoas já perderem muito na vida, às vezes por causa de alguns tuítes mal pensados. 
Quantas pessoas foram presas (ou mesmo feridas) ao responderem ao clamor midiático pelas manifestações populares contra nossos adversários, em 2013? 
O ponto-chave aqui é: alguma dessas pessoas teve ajuda da grande mídia, ao enfrentar um processo judicial? Algum órgão da imprensa ajudou a pagar o advogado ou as custas do processo – apesar de ela saber que, muitas vezes, o conteúdo que gerou a demanda era exatamente aquele ensinado por seus jornalistas? 
. Dimensão profissional. 
Quantas pessoas já perderam a oportunidade de um bom emprego porque empresas avaliadoras de currículos tiveram acesso a participações
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Como o ódio é cultivado e explorado na política

  • 2. PARTE EXPLICATIVA INTRODUÇÃO . O problema . A função do jornalista como manipulador . Os "indignados úteis" . O paroxismo do ódio . A ideia do novo Curso AVISO LEGAL A IMPORTÂNCIA DO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA . O "gerenciamento do ódio" . As razões óbvias para a estimulação do ódio . A razão extra para o incentivo ao ódio COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS . 1. O poço humano de insatisfações Lição número 1 – A insatisfação existencial . 2. A frustração adicional Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração . 3. A ameaça ao bem-estar pessoal Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal . 4. O responsável pela frustração Lição número 4 – A responsabilização do adversário político . 5. O aproveitamento do potencial de reação agressiva Conteúdo específico da manipulação Efeito da manipulação no manipulado Predisposição à agressão Validação e incentivo à agressão Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão . 6. A criação do hábito 1. A demonização do alvo. 2. A rapidez da resposta dos manipulados. 3. O hábito que se torna vício. 4. A autonomia obediente dos manipulados. Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de agressão . 7. A exploração do hábito Lição número 7 – O estágio do vício . 8. A evolução para o ódio Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio
  • 3. . 9. A catarse pública Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse pública FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO . Domínio dos principais veículos da mídia . Contágio social . Persistência e congruência . Ausência de referências políticas passadas . Desinteresse do brasileiro pela política internacional . Insatisfação social de classe . Hiato temporal entre a versão e o fato FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO . A alienação política do brasileiro . A índole afetuosa do brasileiro . A conscientização social da atividade de manipulação jornalística . O desenvolvimento do espírito crítico . Fontes alternativas de informação . A necessidade de ampliação do leque dos militantes odientos QUESTÕES ÉTICAS, MORAIS E TÉCNICAS SOBRE A MANIPULAÇÃO . A amoralidade intrínseca à manipulação O teste de (falta de) caráter A questão da culpa no manipulador Os prejuízos gerados aos manipulados O mal que fazemos a quem nos ajuda A verdadeira natureza da atividade manipulativa na política O paralelismo destrutivo O mundo dos carneirinhos A lei da ocultação dos ganhos e das perdas O enquadramento de teste O risco real de um processo criminal . A vivência da pessoa manipulada As fases da manipulação bem-sucedida Fato Significado do fato Reação ao fato Pressupostos da atuação do manipulado Impressão de urgência Ilusão de participação efetiva A Grande Ilusão Benefícios adicionais Sensação intensa de vida Integração a um grupo Sensação de estar lutando por seus objetivos e valores
  • 4. . A importância do estímulo ao vira-latismo . O transe manipulativo . A esquizofrenia estratégica . A síndrome do motorista de táxi ANATOMIA PSICOLÓGICA DO ÓDIO . A vivência do ódio . A estrutura do ódio Foco temporal Modalidade Envolvimento pessoal Intensidade Comparação Tempo Critério Abrangência do foco de atenção . A mensagem do ódio . A ambivalência interna . A ambivalência externa . A relação entre o ódio e a Sombra . A justificativa conveniente . A intolerância em relação à diferença . O rótulo liberador . A liberação do ímpeto destrutivo . A vitória dos sentimentos "negativos" . O ódio e o gostinho da morte . Os temperamentos pessoal e nacional, e sua relação com o ódio . O desejo sexual oculto . O Casal Diabólico da política nacional
  • 5. CURSO DE DESINTOXICAÇÃO DO ÓDIO POLÍTICO INTRODUÇÃO O problema Há muito, nós, os professores do Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, vimos notando uma preocupante tendência entre nossos alunos. Embora, durante o Curso, façamos questão de observar repetidamente que as técnicas de manipulação têm por alvo o grande público, ou seja, os consumidores de notícias políticas, muitos desses alunos acabaram assimilando as atitudes agressivas estimuladas em nossos leitores pela aplicação das técnicas do Curso Básico. O resultado? Carregam demais na emoção ao escreverem seus textos, perdendo com isso a frieza necessária à boa aplicação das técnicas de manipulação jornalística. Alguns editores têm se queixado de que as matérias desses profissionais se assemelham aos textos de certos colunistas raivosos ou às participações de anônimos em caixas de comentários da Web. Esse deslize profissional acarreta edições longas e trabalhosas, além da perda de tempo precioso. Há relatos, também, de casos de desavenças na vida pessoal de nossos alunos, motivadas por excesso de envolvimento político. A situação descrita acima equivale a um traficante de drogas se tornar dependente de drogas, a um autor de autoajuda praticar as baboseiras impingidas a seus leitores, ou a um publicitário acreditar nas falsas virtudes dos produtos exaltados em suas peças enganosas. Um exemplo clássico de exacerbação emocional:
  • 6. Foto copiada da Web Que xingamento você ouve internamente ao pensar nessa educada senhora? (Adendo importante: não estamos afirmando que ela tenha sido nossa aluna. Até porque é proibido aos professores dos Cursos citar nominalmente qualquer aluno.) Outros exemplos de exacerbação emocional, não tão clássicos, mas recorrentes:
  • 7. Outro, um pouco mais chocante: A função do jornalista como manipulador Nosso objetivo como manipuladores sociais é criar ilusões que convençam e, eventualmente, prejudiquem outras pessoas, e não a nós mesmos. Sempre ressaltamos nas aulas que cada grupo cumpre uma função específica no esquema geral. Cabe ao jornalista manipular, e ao leitor reagir. As atitudes agressivas devem ser conteúdo exclusivo dos chamados "indignados úteis" (link abaixo para a origem da expressão), ou seja, dos leitores "convertidos" à nossa causa. http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/04/midia-corporativa-e- instituto-millenium.html No Curso Básico não treinamos os chamados "instigadores da Sombra", jornalistas e articulistas que têm a função, por meio de seu comportamento raivoso, de estimular diretamente uma reação semelhante em seus leitores. Essa é outra função política valiosa, de que tratamos somente no Curso Avançado de Jornalismo Manipulativo. A função dos alunos do Curso Básico é estimular indiretamente a agressividade dos leitores, por meio do conteúdo dos textos e reportagens. Os "indignados úteis" Qualquer pessoa sensata que navegue, mesmo ocasionalmente, pelas redes sociais reconhecerá o extraordinário efeito do trabalho de manipulação realizado por nossos alunos. Criou-se uma notável geração de "indignados úteis", prontos a explodir em xingamentos, acusações e comentários raivosos ao menor estímulo da nossa parte. Basta uma manchete safadinha, um título oposicionista, uma "levantada de bola" qualquer, e esse dedo apontado para os nossos adversários é seguido instantaneamente por uma multidão de leitores raivosos, sedentos de um novo linchamento virtual. Como bem notou um de nossos alunos, essa geração de leitores parece se comprazer com a vivência de "ódio borbulhante". Tornaram-se dependentes de uma carga diária de estimulação agressiva. Querem sempre mais ― e mais lhes damos. Quantos não passaram, eles mesmos, a buscar ou a produzir situações extras de liberação do ódio? Alguns chegaram a perpetrar imagens históricas, como esta:
  • 8. "Diagnóstico" de uma médica Foto copiada da Web Ou esta: Nasci no país errado Foto copiada da Web
  • 9. Ou esta: Canibalismo político Foto de Marcos Bezerra O paroxismo do ódio Se há um paroxismo do prazer, há também um paroxismo do ódio, um orgasmo, um êxtase na expressão ilimitada da agressividade pessoal. Tudo bem, se os comportamentos tresloucados se limitarem aos consumidores de notícias, instigados por nós. Cartum de Alves
  • 10. Ou mesmo se os nossos auxiliares na mídia impressa e virtual (artistas, pensadores, blogueiros etc.) mergulharem em sua piscina particular de ódio.
  • 11. Mas tudo mal, se nós mesmos passarmos a nos contaminar com o ódio que cultivamos diariamente em nossos consumidores de notícias. Esse é o problema. A ideia do novo Curso Há pouco mais de dois meses, nós, os professores dos Cursos, conversávamos sobre o extraordinário resultado obtido por nossos alunos,
  • 12. de alguns anos para cá. Mudamos o estado de espírito do Brasil. A destacar, os seguintes feitos: . "Provar" a inutilidade ou a falsidade de todas as conquistas importantes do grupo ocupante do poder central; . Instigar a população contra seus benfeitores (aqueles que criaram uma situação de pleno emprego, de inclusão social de milhões de brasileiros, de oportunidades inéditas de estudo, de acesso amplo a bens e viagens etc.);
  • 13. . Esconder habilmente os escândalos de responsabilidade de nossos aliados políticos, alguns com o auxílio preguiçoso da Justiça (o encobrimento, é claro, não o próprio escândalo); Nenhuma menção ao PSDB, é claro. . Associar a ideia de corrupção unicamente ao partido atualmente no poder, embora os partidos de nossos aliados sejam os mais afetados pelas cassações políticas e condenações jurídicas;
  • 14. Ranking da cassação divulgado pelo Ministério Público Federal em 2013. http://www.prpa.mpf.mp.br/institucional/prpa/campanhas/politicoscassadosdossie.pdf . Trazer de volta do passado o "complexo de vira-latas", que muitos pensavam já ter sido superado com os avanços recentes do país;
  • 15. . Fazer a nova geração de jovens jogar a culpa no governo federal por todos os problemas nacionais (mesmo os problemas de âmbito municipal e estadual); Resposta ao "É Tóis" de Dilma. O viaduto era de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte e da empreiteira construtora. O Itaquerão foi construído pela empreiteira Odebrecht. O atendimento do SUS é realizado pelas prefeituras. O governo federal apenas repassa os recursos, que são administrados pela Secretaria Municipal de Saúde.
  • 16. . Inimizar toda uma categoria profissional contra a atual presidente...
  • 17. ... e contra seu partido; . Voltar o cidadão comum contra a oportunidade de promover a Copa do Mundo, um sonho de qualquer nação moderna; . Esconder os benefícios do torneio, disseminando a mentira de que se tratava de um gasto inútil, e não um investimento valioso;
  • 18. . Fazer o brasileiro médio sentir vergonha de torcer pela sua Seleção nacional de futebol, justamente o esporte entranhado na alma do povo (é bem verdade que o início da Copa do Mundo, infelizmente, mudou de maneira radical a situação); . E o mais importante: transformar uma parcela da população brasileira, povo naturalmente feliz com a vida, em motos perpétuos do ódio. Vejam estas observações de estrangeiros que vieram assistir à Copa do Mundo:
  • 19. http://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2014/07/aplaudir-por-do- sol-abracar-veja-o-que-surpreendeu-os-estrangeiros.html Obviamente, esses estrangeiros não encontraram nenhum dos nossos dedicados leitores. . E o que dizer da extraordinária falta de educação, sensibilidade e escrúpulos exposta ao mundo pela abastada plateia brasileira em partidas da Copa do Mundo? Fazer um grupo enorme de pessoas sentir orgulho do seu lado bárbaro, convenhamos, não é para qualquer manipulador. Nem nas mais ousadas fantasias de nossos patrões imaginou-se resultado tão brilhante na história da manipulação política. Entretanto, como sempre avaliamos também o lado negativo de todos os nossos procedimentos, tivemos de admitir o problema exposto mais acima (a contaminação de nossos alunos pelo ódio).
  • 20. De novo: não estamos afirmando que ele seja um de nossos alunos. Como sempre fazemos nesse caso (a identificação de um problema sério), abrimos logo uma sessão de brainstorming (técnica mais conhecida internamente como brain shitting – sem tradução, O.K.?), para buscar uma solução criativa. Da sessão veio a ideia de criarmos o primeiro Rehab Político, sugestão logo brindada com os adjetivos "genial", "revolucionária" e alguns palavrões elogiosos que evitaremos mencionar. Vamos então, primeiro, à parte teórica do novo Curso, na qual explicaremos em detalhes como produzimos o ódio político em nossos leitores e quais são os principais componentes dessa emoção. Esses componentes serão os alvos das técnicas de desintoxicação apresentadas logo a seguir na parte prática do Curso. Gostaríamos de agradecer a decisiva colaboração de nossa equipe de psicólogos, responsável por todas as técnicas da parte prática e por muitos esclarecimentos compartilhados na parte teórica.
  • 21. AVISO LEGAL Por questões jurídicas, nossa equipe de advogados recomendou (significando: exigiu) esse preâmbulo legal, visando alertar nossos leitores sobre a parte prática do Curso de Desintoxicação do Ódio Político. "As técnicas da parte prática deste Curso foram criadas por psicólogos capacitados e visam proporcionar bem-estar emocional a pessoas que se tornaram dependentes da vivência diária de raiva e ódio, por motivos políticos. Apesar disso, não podemos garantir que elas farão somente o bem, em todos os casos, dado que cada sistema psicológico difere bastante dos demais. Aplique as técnicas com critério, parando imediatamente caso sinta ou pressinta qualquer incômodo psicológico além do normal. Não podemos nos responsabilizar pelos possíveis efeitos, caso você continue a aplicar uma técnica nessa situação. Respeite o seu sistema e os seus limites psicológicos." Nós de novo. Segundo a nossa experiência pessoal e coletiva, essas técnicas são, sim, infalíveis. Qualquer pessoa normal que as aplicar com zelo conseguirá se livrar dos sentimentos sufocantes de indignação, raiva e ódio, que tanto mal fazem à saúde psíquica e orgânica. Agora, se você aplicar essas técnicas direitinho e, mesmo assim, continuar sentindo ódio ao menor estímulo proporcionado pela grande mídia ou pelas redes sociais, fazer o quê? Você é um daqueles raros "casos perdidos", e estará condenado a passar o resto da vida borbulhando em ódio, correndo o risco de sofrer doenças psicossomáticas como úlcera, gastrite, pressão alta e, quem sabe, um infarto (bem feito!), por não conseguir ter o mínimo de autocontrole emocional e de capacidade intelectual. Mas ao menos tente. Precisamos de cada um dos nossos aliados da grande mídia, em sua capacidade manipulativa máxima, nessa luta derradeira pela mudança do governo central. Importante Estamos liberando, de início, a parte explicativa do Curso, com suas 129 páginas. A parte prática será liberada nas próximas semanas, ainda a tempo de permitir a aplicação antes do segundo turno das eleições (e antes das reações definitivas a estas). O hiato é importante para que a base seja bem assimilada por nossos alunos. Leia com calma, aos poucos, porque esse material, além de secreto, é extremamente elucidativo do tempo presente na grande mídia e na política nacional.
  • 22. A IMPORTÂNCIA DO ÓDIO PARA O SUCESSO DA MANIPULAÇÃO POLÍTICA O "gerenciamento do ódio" Há um mundo de verdade na frase talvez falsamente atribuída ao presidente Jânio Quadros: "Política é gerenciamento do ódio". É uma verdade válida para quem está no poder, que deve evitar o ódio da população, e para quem está fora do poder, que deve estimular o ódio da população contra os ocupantes do poder. Este não é o momento de dar lições históricas, mas certamente você já aprendeu o quanto o ódio foi e é importante também nas lutas pela libertação dos povos e nas lutas pela opressão de outros povos. Se o colonizador não é odiado, o povo colonizado não se mobiliza para expulsá-lo do país. Por outro lado, pense no ódio alemão aos judeus na II Guerra, por exemplo, ou no ódio americano ao povo muçulmano, atualmente, e entenderá por que algumas nações se sentem justificadas em suas barbaridades. Agora, um ponto importante: você já pensou em quem gerencia o ódio, em todos esses casos? Os líderes da luta, sempre. Em nosso caso específico, o do Brasil no presente, esses líderes são os políticos profissionais e a grande mídia. Se esses líderes forem bem-sucedidos na tentativa de inculcar o ódio nos alvos da manipulação, estarão bem perto da realização de seu objetivo político. As razões óbvias para a estimulação do ódio Resumindo, política é luta pelo poder. Luta exige energia, determinação, esforço incessante. Sem emoção, nada disso se manifestará. E como a nossa luta visa desalojar do poder o grupo adversário, a agressividade,
  • 23. logicamente, tem que desempenhar o papel decisivo no resultado. Daí porque precisamos estimular, em nossos leitores, emoções agressivas contra o grupo atualmente situado no poder central. Essas emoções, instigadas repetidamente por meio das técnicas ensinadas no Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, farão com que os leitores atuem como cidadãos representantes dos nossos interesses políticos em todo o período pré-eleitoral, e ainda levarão a que estejam do nosso lado no momento mais importante da luta: a hora do voto. Um simples sentimento de insatisfação não basta. Esvai-se e resulta em nada. Uma raiva ocasional, idem. Só haverá garantia da decisiva participação dos manipulados no processo político, tanto antes da votação quanto no momento do voto, se eles estiverem movidos pelo ódio, uma emoção que impregna a psique a ponto de não mais sair dela. É por isso que, numa das brincadeiras do Curso Avançado, fazemos nossos alunos repetirem, entusiasmados e em coro: "Mais um que odeia e se emput***, mais um eleitor-robô que obedece". A razão extra para o incentivo ao ódio Eleições são apenas um caminho para a conquista do poder central. Dependendo das circunstâncias históricas, o golpe aberto ou o "golpe branco" (dado pela Justiça) se tornam opções favoritadas, isto é, bem- vindas, na luta política. Nenhum conjunto de eleitores está mais predisposto a aceitar essas opções radicais do que o grupo de cidadãos impregnados de ódio aos governantes. Mais que "predisposto", diríamos "sedento". Jânio de Freitas, sobre os leitores black blocs. Vindo o pretexto e o golpe, podemos contar com o apoio decisivo desse grupo de cidadãos manipulados. Nem precisamos acrescentar que o apoio da grande mídia estaria garantido a priori.
  • 24. COMO CULTIVAR O ÓDIO NOS CONSUMIDORES DE NOTÍCIAS Há toda uma arte na estimulação e na fixação do ódio seletivo, por meio da manipulação jornalística. Precisamos não só fazer nossos leitores sentirem-se mal, muito mal, em reação aos fatos relatados nas notícias, mas também precisamos garantir que reações afetivas como indignação, raiva e ódio se tornem permanentemente associadas à suposta fonte de seu infortúnio, a ponto de serem exercitadas espontaneamente – ou seja, mesmo quando eles não estão sob o efeito direto de nossas técnicas manipulativas. Para que você entenda o sentido real do que já vem fazendo ao aplicar as técnicas ensinadas no Curso Básico, trataremos agora, ponto a ponto, da estratégia de estimulação e impregnação do ódio nos alvos de sua manipulação jornalística. 1. O POÇO HUMANO DE INSATISFAÇÕES Talvez esta seja a mais politicamente incorreta de todas as verdades sobre o ser humano: cada um de nós tem, dentro de si, um poço bem fundo de insatisfações pessoais. Essa verdade, embora negada pelo cidadão comum, foi reconhecida por intelectuais e estudiosos da psique humana. Não por outro motivo, Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, escreveu a obra O Mal-Estar na Civilização.
  • 25. Observe ao seu redor a busca humana desesperada por esse estado abstrato e ilusório chamado "felicidade". Lembre-se das religiões oferecendo conforto e milagres para os sofredores, das drogas que fazem alguém entrar imediatamente em um estado paradisíaco, da comida que proporciona satisfação imediata para tantos gulosos, do sexo e seu alívio bem-vindo de tensões, entre outras situações semelhantes. Um observador atento do comportamento humano perceberá que, mais do que a busca por hipotéticos estados "positivos" ou agradáveis de ser, esses esforços revelam a intenção de fuga a um estado "negativo" ou desagradável, realmente vivenciado por essas pessoas. Esse estado psicológico, geral e difuso, é resultante do acúmulo de insatisfações na pessoa, ao longo de toda uma existência. Se quisermos resumir o estado de modo simples, a frase ideal seria: "Não estou nem um pouco satisfeito com a minha vida". É esse estado que motiva a busca incessante de prazeres, como se eles pudessem magicamente eliminar a insatisfação existencial. Quem disse que o ser humano é um ser racional? Parafraseando Descartes: "Sofro, logo insisto". Na direção errada. Não há manipulador social, consciente ou intuitivo, que desconheça essa triste verdade humana. Imagine um cidadão realmente feliz da vida: não haverá ninguém mais imune às inúmeras técnicas empregadas pelos enganadores de todas as áreas da manipulação social. Tente fazê-lo odiar um partido, tente vender- lhe um produto "milagroso", tente fazê-lo entrar para uma seita, tente fazer com que siga uma "fórmula infalível" para o sucesso profissional. Ele responderá ao seu melhor esforço com um leve sorriso de compreensão e um juízo nada elogioso sobre suas intenções, sua inteligência ou seu caráter. O "gancho" de qualquer manipulador sempre será uma fraqueza do seu alvo, e a fraqueza mais óbvia é a insatisfação com a vida pessoal. É importante ver o consumidor de suas notícias como alguém que pensa estar encobrindo com perfeição esse segredo de polichinelo: ele sofre por ser uma pessoa frustrada. Na prática, essa fraqueza essencial se manifesta como uma predisposição para aceitar qualquer convite razoavelmente bem formulado no sentido de uma satisfação importante: "Quer (x)? Siga por aqui". Preencha o X do modo como quiser, desde que seja a satisfação de uma necessidade humana. Obviamente, só aceita um convite desses quem não se sente satisfeito. Se quiséssemos realmente ajudar outras pessoas, não ofereceríamos satisfações ilusórias. Ao contrário, ensinaríamos esse processo de exploração de insatisfações pessoais, tornando-as conscientes de como é fácil prometer aquilo que não será cumprido, e de como é rápido ceder à promessa de satisfação garantida.
  • 26. Nesse caso, perderíamos uma oportunidade garantida de manipulação – o que seria lamentável. Esta é a primeira lição, justamente por ser a mais importante de todas. Lição número 1 – A insatisfação existencial "A principal fonte de toda indignação, raiva ou ódio político que você possa gerar em seu alvo sempre será humana, e não política: o poço interno de insatisfações existente dentro de cada um de nós". 2. A FRUSTRAÇÃO ADICIONAL Entendido esse primeiro ponto, surge a questão: Como acessar esse poço de insatisfações pessoais e usá-lo na manipulação política? Existe uma ponte mágica para o poço: uma nova frustração qualquer. Observe que o conteúdo mais profundo do "poço" é justamente este: frustrações pessoais. De onde vêm as insatisfações pessoais? Obviamente, da frustração de necessidades tidas como importantes. Por exemplo, uma pessoa está amorosamente insatisfeita por quê? Por que se sente frustrada em suas necessidades amorosas. As experiências de frustração sempre geram insatisfações, que permanecem ativas até a satisfação das respectivas necessidades. Para ter acesso pleno ao poço de insatisfações pessoais devemos acessar seus níveis mais profundos, ou seja, o nível das frustrações pessoais, a origem das insatisfações. Nesse caso, iguais se atraem: ao conseguir fazer o leitor vivenciar uma frustração qualquer, associada à política, você estará automaticamente estimulando todas aquelas frustrações pessoais dele, e consequentemente tornando-as uma fonte de sentimentos disponíveis à manipulação, a começar das insatisfações pessoais (derivadas dessas frustrações). Veja como é conveniente acessar esse "poço", no caso de direcionamento do cidadão contra determinada pessoa ou grupo. Muitos conhecem o axioma psicológico: "Frustração gera agressão". Se uma pessoa realmente vivencia a frustração de uma necessidade importante como resultado de sua manipulação, ela automaticamente se encontra predisposta a reagir a esse fato (real ou fictício) com pensamentos e ações agressivas. E se essa frustração for associada a um responsável (a pessoa ou grupo visado pela manipulação política), obviamente a predisposição à agressão terá como alvo o suposto responsável. Este esquema já deve ser de fácil compreensão para você: Necessidade => frustração => insatisfação => predisposição à agressão.
  • 27. E ele é de grande utilidade a um manipulador social. . Pode-se atuar sobre o ponto 1 (a necessidade), prometendo uma satisfação garantida. É o que fazem os criadores de produtos "milagrosos", em qualquer de suas áreas de atividade. Pense em "autoajuda". . Pode-se atuar sobre o ponto 2 (a frustração), ativando-a no sentido de produzir os dois efeitos seguintes, como o fazemos em nosso trabalho de manipulação. . Pode-se atuar sobre o ponto 3 (a insatisfação causada pela demora na satisfação ou por algum bloqueio persistente), explorando o sofrimento humano. Pense em "Fala, que eu te escuto". . Pode-se atuar sobre o ponto 4 (a predisposição à agressão), criando um contexto em que a livre manifestação de ímpetos destrutivos seria compreensível e até inevitável. Pense no incentivo aos linchamentos reais e virtuais. Em nosso Curso Avançado vamos além do famoso axioma psicológico, ensinando que: "Sem frustração não há agressividade, sem agressividade não há ódio, sem ódio não há fixação da natureza perversa do inimigo". Como você aprenderá mais à frente, é preciso odiar para demonizar. E tudo depende desse esquema. Lição número 2 – A vivência imposta de uma frustração "A primeira obrigação do manipulador político é lembrar ou criar uma frustração na consciência do manipulado, gerada por uma necessidade importante insatisfeita". 3. A AMEAÇA AO BEM-ESTAR PESSOAL Imagine qualquer situação em que alguém parta para um ataque verbal ou físico contra outra pessoa. Agora verifique a validade desta afirmação: a pessoa agredida sempre estará associada, na mente do agressor, a uma frustração intensamente vivenciada por ele. Não importa a origem dessa frustração que levou à agressão do suposto responsável. Pode ter sido um xingamento, uma agressão física, um roubo, um bloqueio a uma ação importante, um prejuízo financeiro – alguma necessidade pessoal foi gravemente afetada e, por conseguinte, alguma violação ou ameaça de violação ao bem-estar pessoal estava em jogo. A pessoa só foi atacada, nesse caso, por ser vista como a responsável pela origem da frustração: ela causou a ofensa moral, a agressão física, a perda, o bloqueio, ela gerou o prejuízo financeiro etc. Ela frustrou alguma necessidade básica, afetando fortemente o bem-estar da pessoa atingida pelo ato.
  • 28. Vale lembrar que todos temos a expectativa de manutenção do bem- estar pessoal, ou seja, da satisfação das necessidades básicas. Quando essa expectativa subitamente é violada, vivencia-se uma frustração. Além disso, quando alguém se sente prejudicado como na situação descrita acima, é natural que atribua a quem o prejudicou um caráter perverso. Atos definem pessoas. Se agiu desse modo, é desse modo. Vamos a outro esquema simples e muito importante: Caráter perverso, intenção ou ato maldoso, ou ato desastroso => Ameaça ou violação ao bem-estar pessoal => Necessidade afetada => Sentimento de frustração. Toda manipulação política bem-sucedida capricha nestes pontos: (1) Atribui a uma pessoa ou a um grupo político um caráter perverso, uma intenção ou ato maldoso, ou um ato desastroso; ... e afirma, para o leitor, que... (2) Essa pessoa ou grupo é responsável por alguma ameaça ou violação importante ao seu bem-estar pessoal: ou seja,... (3) Ela frustrou, frustra ou frustrará uma necessidade importante do leitor. Uma palavra sobre "ato desastroso". Em política, é comum a técnica de atribuir incompetência ao adversário. Afinal, ele ocupa um posto (ou pretende ocupá-lo), no qual terá de exibir competência. Atribuir ao adversário qualquer ato desastroso que gere consequências sérias na vida dos cidadãos funciona politicamente somente por causa desse efeito. O item 3, acima, é um componente fundamental da fórmula usada para implantar uma frustração na consciência do manipulado e para, por meio dela, acessar seu poço pessoal de insatisfações. Desenhando em palavras a vivência do manipulado: "Essa pessoa ou esse grupo me fez, está fazendo ou fará mal". O manipulador que pretenda direcionar os sentimentos agressivos de alguém contra outra pessoa ou grupo precisa criar essa impressão de verdade (externa), ou essa experiência de crença (interna), no manipulado. Precisa fazê-lo crer que uma violação ao seu bem-estar aconteceu, está acontecendo ou acontecerá à sua pessoa. Você aprenderá mais à frente que este é também o conteúdo primário do "transe manipulativo" e a principal fonte do estresse contínuo que a manipulação eficiente consegue produzir nas pessoas manipuladas. Pense bem: como alguém conseguirá mobilizar outra pessoa para que responsabilize e ataque um alvo, sem que esse alguém se sinta frustrado em alto grau por esse mesmo alvo?
  • 29. Lição número 3 – A violação ao bem-estar pessoal "Uma vivência de frustração que possa gerar agressão depende de dois fatores associados: (1) um caráter perverso, uma intenção ou ato maldoso, ou um ato desastroso de responsabilidade de outra pessoa, o qual (2) represente uma ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal da pessoa prejudicada". 4. O RESPONSÁVEL PELA FRUSTRAÇÃO Este ponto é fácil de deduzir: o responsável por essa ameaça ou violação, e, portanto, pela frustração do leitor, sempre será a pessoa ou grupo que desejamos minar ou eliminar, politicamente. Em nosso Curso Avançado, ensinamos a jamais criar uma manchete, um artigo ou mesmo uma notinha manipulativa sem que se tenha respondido a estas quatro perguntas (relativas aos quatro componentes iniciais do transe manipulativo): 1. Você atribuiu um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, ao inimigo? 2. Você fez o leitor vivenciar uma grande ameaça ou violação ao próprio bem-estar, como efeito do ponto 1? 3. Que necessidade importante do leitor está sendo frustrada por esse inimigo dele? 4. Quão intenso, nesse leitor, será o sentimento de frustração? O dedo do manipulador aponta para um adversário político e passa a mensagem: "Você é mau por natureza, ou é o responsável por uma intenção ou ato maldoso, ou por um ato desastroso que afetou, afeta ou afetará imensamente o bem-estar do leitor". Nos três casos possíveis, o leitor precisa vivenciar a frustração de uma necessidade pessoal importante, para então aceitar a existência de um grande prejuízo para si mesmo e a responsabilização de quem supostamente lhe causou esse prejuízo. Lição número 4 – A responsabilização do adversário político "Toda iniciativa de manipulação jornalística de sua parte deve atribuir ao nosso adversário político, ao máximo grau possível, um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso, que ameace ou viole o bem-estar dos leitores". 5. O APROVEITAMENTO DO POTENCIAL DE REAÇÃO AGRESSIVA Se conseguimos realizar com perfeição as atividades já mencionadas, o manipulado terá passado por todos os pontos abordados acima. São eles:
  • 30. Conteúdo específico da manipulação Pessoa ou grupo político visado + Caráter perverso, intenção ou ato maldoso, ou ato desastroso ↓ Efeito da manipulação no manipulado Ameaça ou violação importante ao bem-estar pessoal + Necessidade afetada + Intenso sentimento de frustração ↓ Estimulação do poço pessoal de insatisfações ↓ Vivência muito desagradável de perigo, frustração e insatisfação ↓ Predisposição à agressão Explicando bem: Conteúdo específico da manipulação Apresentamos ao leitor algum conteúdo em que se atribui a pessoa ou grupo político um caráter perverso, uma intenção ou um ato maldoso, ou um ato desastroso. Efeito da manipulação no manipulado Esse ato representa uma grave ameaça ou uma grave violação ao bem- estar do leitor, por afetar importante necessidade pessoal. Em consequência, geramos no leitor um intenso sentimento de frustração. Esse sentimento reativa naturalmente seu "poço pessoal de insatisfações", levando a uma vivência quase insuportável caracterizada por um misto de sensação de perigo (derivada da ameaça ou violação), certeza de frustração de uma necessidade importante e experiência de insatisfação. A função do poço pessoal de insatisfações torna-se bem clara: ele potencializa a intensidade da frustração presente, como resultado da ativação das frustrações e insatisfações passadas do leitor. Nós obrigamos o leitor a vivenciar novamente o estado de insatisfação existencial, para que possamos explorar o sofrimento no sentido dos nossos interesses. Predisposição à agressão Para se livrar do incômodo quase insuportável na consciência, atribuído à pessoa ou grupo político visado pelo manipulador, o manipulado se sentirá disposto a atacar imediatamente o responsável pela ameaça ou violação ao seu bem-estar e por esses sentimentos intensamente desagradáveis. Validação e incentivo à agressão
  • 31. Entra em cena, novamente, o manipulador, proporcionando a "válvula de escape" ou o canal de expressão por onde o manipulado expressará sua insatisfação, indignação, agressividade ou, até mesmo, o seu ódio. A primeira providência será validar psicologicamente a predisposição e, como efeito dela, a expressão dos sentimentos agressivos. Muitos devem se lembrar do mais famoso VTNC da política nacional, e de como imediatamente a grande mídia correu para validar, no dia seguinte, em suas manchetes, a manifestação "popular", justificando ou mesmo louvando a histórica exibição internacional de ausência de parâmetros civilizatórios (custamos para encontrar esse eufemismo). A mensagem transmitida por qualquer validação de ato agressivo dos manipulados é sempre a mesma: "É isto que nós queremos de vocês. Continuem". A segunda providência será ensinar ao manipulado como ele deve expressar essa agressividade, para que possamos obter o máximo efeito possível na intenção de fustigar ou minar nosso adversário político. Essa função é cumprida diariamente pelos instigadores da Sombra (isto é, do lado sombrio dos leitores), os famosos colunistas pitbulls, com seu proverbial descaso pelo respeito ao adversário, suas palavras de ordem, frases acusatórias, substantivos desqualificadores e xingamentos repetitivos, reproduzidos acriticamente pelos leitores fiéis. Foi uma decisão sábia da grande mídia promover, para o exercício dessa função, um "mix" de jornalistas, artistas, escritores, poetas, músicos etc., passando a falsa impressão de que toda a sociedade está ali representada, e de que ela, por inteiro, abona esse tipo de comportamento antissocial. Sabemos que você, imediatamente, será capaz de lembrar vários nomes que se encaixam na descrição acima. Lição número 5 – A validação e a moldagem da agressão "Criada a predisposição à agressão, ela receberá livre trânsito, sendo aproveitada pelo manipulador por meio: 1. Da validação dessa experiência, com argumentos, justificativas etc.; 2. Do oferecimento de exemplos práticos sobre como expressar a raiva ou o ódio contra o alvo escolhido por nós". 6. A CRIAÇÃO DO HÁBITO A exposição diária ao jornalismo habilmente manipulativo gera vários efeitos nos manipulados. Mais à frente analisaremos os diversos efeitos danosos. Agora importam apenas os efeitos favoráveis à nossa atividade. 1. A demonização do alvo.
  • 32. A demonização de um ser humano depende de uma negação e de uma afirmação. A negação cria a lacuna que será preenchida pela afirmação. A negação corresponde à desumanização. Desumanizar uma pessoa significa negar-lhe certas qualidades e atributos básicos a um ser humano normal – notadamente, as qualidades e atributos positivos. Essa negação cria uma lacuna: a pessoa desumanizada não é o que as outras pessoas normais são. E o que iremos colocar no lugar dessa lacuna? A afirmação corresponde à demonização propriamente dita. Demonizar uma pessoa significar atribuir-lhe certas qualidades e atributos próprios de alguém "dominado pelo demônio", ou seja, pelo Mal. É importante que essa atribuição gere, na mente do leitor, a impressão de se tratar de um ser humano "estragado", "perdido", totalmente comprometido com o lado sombrio da vida. a) A desumanização do inimigo. Todo inimigo é desumanizado. Portanto, para criar um inimigo, primeiro desumanize uma pessoa. O título e o subtítulo mostrados na imagem da capa seguinte dizem tudo: "Desumanização – Como se Legitima a Violência". Outro título e subtítulo do livro que mostram bem a importância da negação da humanidade alheia, para que se permita a expressão dos mais selvagens instintos humanos. "Menos do que Humano – Como Nós Rebaixamos, Escravizamos e Exterminamos Outras Pessoas".
  • 33. Em nenhum momento devemos atribuir a nossos adversários políticos qualquer qualidade humana positiva. Eles devem ser um vazio daquilo que apreciamos em outros. Lembre-se de todas as manchetes e matérias relativas ao ex-presidente Lula. Tente se lembrar de uma única qualidade admirável reconhecida pela grande mídia nesse político, nos últimos anos. Nas raras vezes em que uma qualidade humana positiva precisa ser associada ao inimigo, sempre haverá a "explicação" necessária, o "mas" depois do "sim", expondo o interesse obscuro, a agenda oculta, a prática demagógica, a exploração da credulidade alheia etc., que estaria por trás daquela suposta qualidade apreciável. Tente pensar em qualquer alvo demonizado pela grande mídia e veja se consegue imaginar essa pessoa agindo como uma pessoa normal: alguém que, como você, acorda para um novo dia, tem seus problemas pessoais, possui qualidades admiráveis, sacrifica-se eventualmente por familiares, busca fazer o melhor, é atormentado aqui e ali pela consciência moral, tem hábitos que não consegue controlar... Acho que você não conseguiu. Esse é um indício claro de sucesso da manipulação: essa pessoa foi desumanizada, sistematicamente, a ponto de não mais pensarmos nela como um ser humano normal.
  • 34. "Um experimento para os bobalhões da internet: imaginem só por um minuto que as celebridades que vocês fazem de tudo para insultar sejam seres humanos reais". b) A representação demonizada do inimigo. Pare e pense: como os linchadores da vida real pensam no alvo de seu ódio? Agora imagine esse mesmo alvo de violência, mas pense nele como um ser humano normal – embora possa ter cometido algum ato reprovável. Você conseguiria vê-lo como alguém merecedor de espancamento coletivo seguido de morte? Um alvo de linchamento virtual ou real não pode ser representando mentalmente, ou seja, imaginado, concebido em pensamento, como um ser humano normal. Porque, se o for, a mente humana não deixará que você tenha, em relação a ele, sentimentos e comportamentos típicos de linchador. Sabe por quê? Porque é exatamente esse o modo como você se representa, ou como você pensa em si mesmo: ou seja, como um ser humano normal, digno, que às vezes comete algum erro grave – mas que é essencialmente bom. Se sua mente permitisse que você atacasse cruelmente alguém nessas mesmas condições, ela estaria abrindo a brecha para que todo o seu potencial de agressividade se voltasse contra você mesmo. Pau que dá em Chico, dá em Francisco. Mas pau que dá em Osvaldo, não dá em Francisco ou Chico. Não é fácil entender? Para liberar em si mesmo sentimentos e comportamentos bárbaros em relação a uma pessoa, você tem que pensar nela de um modo bem diferente daquele em que pensa em si mesmo. E esse modo de pensar precisa ser a porta de entrada para aqueles sentimentos e comportamentos selvagens. A porta de entrada, no caso, é a demonização do outro. A representação da pessoa demonizada precisa ser bem diferente, em natureza, da sua representação de você mesmo. Em essência, esse modo de pensar sobre o outro precisa atribuir-lhe uma natureza desumana e um caráter mau e irreversível. Já em nosso caso, pensamos em nós mesmos como humanizados, bons e dotados da capacidade de correção, em caso de erro.
  • 35. No Curso Avançado ensinamos a fórmula "Reagimos ao que pensamos ser verdade". Para fazermos nossos leitores reagirem a nossos adversários políticos com ódio, precisamos caprichar no quesito "representação dos inimigos". Nossos leitores precisam pensar neles como pessoas más a ponto da desumanidade – e, além disso, como pessoas incorrigíveis. Demônios humanos, na verdade. Quando conseguimos implantar essa distinção na mente dos manipulados, ou seja, a separação estanque entre o modo como eles, nossos "indignados úteis", se veem, e como veem seus alvos políticos, estamos também tomando uma medida imprescindível para garantir a sanidade mental dos nossos apoiadores. Essa proteção psicológica irá permitir que eles continuem sendo instrumentos valiosos aos nossos propósitos. Afinal, não queremos formar uma geração de indignados úteis pirados (embora alguns professores suspeitem ser exatamente isso o que esteja acontecendo). E como produzimos o efeito de demonização? Desumanizando o inimigo repetidamente, ao longo do tempo, num bom número de situações, quase sempre muitos importantes. Atribuindo-lhe sempre intenções malévolas, a autoria de atos perversos ou criminosos, e reafirmando a sua incompetência incorrigível. Quando um alvo político é repetidamente, durante meses ou anos, acusado de ter caráter perverso, de ser responsável por intenções ou atos maldosos, de perpetrar atos maldosos e de tomar medidas desastrosas ao bem-estar de uma população, esse alvo político tende a ser visto como o suprassumo da maldade e da incompetência. Em termos simples, ele se torna demonizado. Carlos Brickmann, sobre as campanhas de desmoralização de inimigos da imprensa. Este é o critério definitivo de uma boa campanha: o alvo, mesmo inocentado de tudo, continua sendo visto como a essência do Mal pela opinião pública. Todas as características positivas da pessoa restam eliminadas. Sobra apenas o lado do Mal. Ela é, em essência e plenamente, somente aquilo mostrado sobre ela, aquele símbolo de tudo-que-há-de-pior-no-mundo. Em nosso Curso Avançado chamamos esse procedimento de A Técnica do Vilão Perfeito, modelada a partir de filmes norte-americanos. Você sabe: se no final da história o vilão cai num tanque de ácido sulfúrico, a plateia vibra de alivio, prazer e sadismo justificado. O povo criou o ditado "Cão danado, todos a ele", que reflete muito bem esse estágio da manipulação política: a partir da demonização de uma pessoa ou grupo, torna-se habitual e instantâneo responsabilizá-lo por tudo
  • 36. e nada, a partir de qualquer boato, rumor, suposição, acusação caluniosa, manchete manipulativa ou notinha safada. Nos últimos anos, temos acompanhando a extraordinária disseminação do meme "É culpa do PT", partido que já foi responsabilizado por todos os males imagináveis, desde a falência de uma universidade estadual de São Paulo até a queda misteriosa de um avião no Sudeste Asiático. Em nosso Curso Avançado ensinamos uma musiquinha composta por um de nossos professores, a qual ilustra bem a gama infinita de possibilidades de responsabilização já utilizadas pela grande mídia e por nossos apoiadores nas redes sociais. Ela é composta apenas de dísticos (estrofes de dois versos), nos quais o primeiro verso é um problema social, uma tragédia, um inconveniente qualquer na vida pessoal etc., e o segundo verso diz: "É culpa do PT". Após cada dístico, aparece no telão a prova da "culpa". As risadas são inevitáveis. Só duas estrofes, oferecidas como uma palinha (já estamos no limite da irresponsabilidade em termos de revelação do conteúdo do Curso Avançado): É CULPA DO PT! "Se meu time é uma m****, É culpa do PT! " "Se caiu o viaduto, É culpa do PT!" O refrão, cantado após quatro dísticos padrões, também é um dístico: "Só petralha é que não vê:
  • 37. É culpa do PT!". Temos certeza de que você poderá criar mais de uma dúzia de dísticos padrões apenas recorrendo a lembranças de responsabilizações recentes na grande mídia. Copiado da Web. Demonizado um alvo, resta apenas contar o número de acusações e atribuições maldosas que ele ou seus defensores receberão, com ou sem motivo.
  • 38. Qualificações pejorativas destinadas ao psicanalista Christian Dunker em caixa de comentários, por ter ousado criticar o blogueiro direitista Rodrigo Constantino, da revista "Veja". http://blogdaboitempo.com.br/2014/07/07/ilustrando-a-barbarie- treplica-a-rodrigo-constantino/ A prática de responsabilização do inimigo pode chegar a um ponto obsessivo. Delírios acontecem:
  • 39. Comentário sobre a decisão de um desembargador da Justiça do Rio.
  • 40. Reação de muitos tuiteiros ante a notícia da trágica morte do candidato Eduardo Campos, quando todas as análises dos especialistas davam a presidenta como a principal "perdedora" política com o acidente. Esse comportamento dos manipulados exemplifica a perfeita assimilação do conteúdo político que lhes foi imposto e constitui admirável feito da parte dos manipuladores. Obviamente, o exagero sempre é perceptível, e logo se torna alvo fácil para a ironia alheia. Copiado da Web. No plano internacional, exemplos clássicos de demonização do inimigo são o modo como o norte-americano médio pensa sobre os muçulmanos (leia-se "terroristas islâmicos em potencial"), o modo como os israelenses pensam sobre os palestinos e a campanha da mídia dita "ocidental" na crise da Ucrânia, em que o presidente russo Vladimir Putin foi retratado como o demônio em pessoa e acusado, sem provas, da derrubada de um avião civil. Como se percebe, a demonização do Outro é a porta aberta para todo o lixo interior do lado sombrio de quem demoniza o adversário. Não há mais limites para o desejo e a ação (sempre violenta) de quem se sente justificado a atacar um alvo demonizado. Essa constatação é muito importante: você não conseguirá que alguém despeje a própria maldade interna sobre outra pessoa a menos que aquela pessoa seja, para esse alguém, o equivalente ao Mal: um ser humano perdido e irrecuperável, o suprassumo da ruindade (corrupto, pervertido, seja lá o que for) ― o próprio demônio na Terra. A demonização é o meio; o fim é o seu efeito no manipulado: a liberação plena da agressividade. É a demonização de um ser humano que leva, na internet, ao linchamento virtual, e que leva, na vida real, ao linchamento "ao vivo".
  • 41. Em resumo, a demonização é o ponto final do processo de representação degradante do adversário. Como tal, nós a consideramos um objetivo altamente louvável da manipulação política. Trecho de post do comentarista Esfinge, no Jornal GGN. http://jornalggn.com.br/noticia/o-eleitor-difuso-esta-e-a-discussao- relevante-a-equacionar-por-esfinge 2. A rapidez da resposta dos manipulados. Quando o leitor é exposto inúmeras vezes à sequência de passos manipulativos ensinada mais acima (da leitura da notícia à liberação da agressividade), um efeito muito útil se manifesta: torna-se cada vez mais fácil estimular o poço de frustrações pessoais desse leitor. O processo se torna cada vez mais rápido, desde a reestimulação até o ataque. Ao começar a ler a manchete, o post, o comentário, a notinha, o leitor já se sente predisposto a responsabilizar o alvo escolhido por nós e a liberar a agressividade contra ele.
  • 42. 3. O hábito que se torna vício. Criado o hábito, deseja-se, naturalmente, mais do mesmo. Em muitos manipulados, o hábito se torna vício: cria-se a dependência de uma dose diária de liberação da agressividade contra os alvos que escolhemos. Na luta política, nem mais um velório é respeitado. Alguns colunistas, mesmo sendo nossos simpatizantes, já sentiram na pele esse efeito, ao ocasionalmente elogiarem algum integrante do governo. As acusações de mudança de lado são seguidas de uma chuva de impropérios que chega a assustá-los a ponto de gerar textos históricos. http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2014/05/1458088- com-odio-e-com-medo.shtml A mensagem dos manipulados é clara: "Eu vim aqui para agredir, e você quer que eu elogie? Então você será o agredido. Toma!". É como se dissessem: "Desde quando um alvo demonizado possui alguma qualidade humana?"
  • 43. A lição aprendida por esses jornalistas? Nenhuma oportunidade de responsabilização e agressão deve ser perdida pelo manipulador. Alguns dos nossos alunos tiveram de aprender essa lição básica no susto. 4. A autonomia obediente dos manipulados. O ápice da manipulação bem-sucedida é a condição curiosamente denominada, por um de nossos psicólogos, como "autonomia obediente". O manipulado não mais depende de nossas iniciativas para propagar a nossa luta. Ao contrário, ele toma iniciativas no trabalho, na família, nas redes sociais e nas ruas no sentido de defender nossos interesses, defendendo quem defendemos e atacando nossos adversários e, especialmente, quem os defende. À primeira vista parece um ser autônomo, mas se observarmos suas falas, seus textos e seus cartazes, perceberemos que nada ali escapa daquilo que assimilou de nós: os mesmos argumentos, as mesmas palavras de ordens, os mesmos substantivos depreciativos, os mesmos xingamentos e, principalmente, os mesmos alvos. Roboticamente, o "autônomo obediente" interpreta tudo o que acontece no mundo segundo o enquadramento que nós estabelecemos nas centenas de matérias lidas por eles. E, por serem obedientes na orientação básica, também são bons para obedecer ordens. Um exemplo: Atualizando: foram 6 posts que incitavam os seguidores a atacar o jornalista. Lição número 6 – A criação dos hábitos de responsabilização e de agressão "A repetição do procedimento de responsabilização e de incentivo à agressão deve levar, idealmente, à demonização do adversário e à formação de 'autônomos obedientes', no sentido dos nossos propósitos políticos". 7. A EXPLORAÇÃO DO HÁBITO A Lei do Aproveitamento, ensinada em nosso Curso Avançado, é de simples compreensão: "A predisposição ama a oportunidade". Ao criarmos, no leitor, o hábito da responsabilização seguinda de agressão, estamos produzindo uma predisposição mais elaborada (e mais útil aos nossos propósitos) do que a predisposição inicial à agressão
  • 44. derivada de suas insatisfações na vida: agora, o leitor se encontra predisposto a agredir os alvos que nós escolhemos. Essa nova predisposição estará, portanto, acessível ao aproveitamento pelo manipulador experiente. Aproveita-se a predisposição focada seguindo- se lei exposta acima, ou seja, oferecendo-se muitas oportunidades ao leitor. É amplo o repertório disponível à grande mídia, e realmente usado nesse oferecimento. Basta consultar o nosso Curso Básico de Jornalismo Manipulativo. Mas queremos destacar alguns recursos que servem para aproveitamento imediato, por serem sintéticos e adequados aos tempos modernos: . Manchetes acusatórias (sobre fatos reais ou forjados). Não se preocupe: ninguém lerá a matéria, e muito menos o desmentido baseado em informações fatuais. . Manchetes editorializadas.
  • 45. Na manchete editorializada oferecemos o leitor não só o "fato", mas também os "argumentos" que ele deverá usar para divulgar o erro do adversário. . Titulos de colunas. As colunas não têm o ranço do "dono do veículo", portanto servem de canal de convencimento mais palatável ao grande público. . Notinhas de colunistas.
  • 46. A nova geração gosta de ler um pouco de cada vez. Isso faz com que as colunas, com suas notinhas, sejam um recurso ótimo para divulgação e disseminação de notícias contra nossos adversários. . Imagens editorializadas. A foto escolhida para ilustrar a previsão de derrota deve combinar com a mensagem do título, visando gerar nos leitores a reação óbvia de "Se f****!". Melhor ainda se a imagem nem precisar de contexto explicativo. Que tal esta?
  • 47. Foto de Daniel Ferreira na capa do "Correio Braziliense" (8/9/2014). . Frases retiradas do contexto. Aliás, esta é a única situação em que permitimos a presença da palavra "Lula" em título de matéria jornalística. . Tuítes.
  • 48. Repare na importância de fornecer ao leitor comum um lembrete constituído de expressão curta que será usado na divulgação da notícia: "falha de Dilma", "discurso do medo", "censura democrática", "volta, Lula", "derrota de Dilma", "parar de reclamar", "briga de classes", "uso político". Essas categorias de estímulos simples e rápidos geram imediata reação por parte dos leitores já treinados a responderem à manipulação do modo como nós desejamos. Em notícias más ou boas para nossos adversários, nossos "autônomos obedientes" sempre estarão presentes. Na verdade, em qualquer notícia:
  • 49. Internauta culpando o PT pela "presença" do vírus Ebola no Brasil. Ou em qualquer oportunidade: Comentário sobre um vídeo do YouTube.
  • 50. Comentários em matéria sobre o programa "VídeoShow". Comentário sobre o artigo "Querida, destruí o Universo", a respeito de declarações do físico inglês Stephen Hawking. Comentário sobre um vídeo do funk. Eles não perdoam nem anúncios de CDs.
  • 51. E veem petistas maldosos tem todos os lugares. Bem, nem só a turma da internet possui esse foco obsessivo e disseminado (e esse é o problema). Duas, digamos, jornalistas: Leia Ucrânia em Hungria. E ela tem, sim. O cacife não é propriamente político, mas bélico. Seu Vlademir, Vlademir... O reforço contínuo da fórmula da manipulação, em textos da grande mídia, aprofunda a demonização do alvo, aumenta a rapidez da resposta (ou seja, diminui o tempo entre a leitura e a liberação da agressão), transforma o hábito num vício e, por fim, tende a criar uma legião de "autônomos obedientes" aos nossos interesses políticos. Resumindo, poderíamos dizer que as três funções básicas do manipulador político são:
  • 52. 1. Criar a predisposição focada em quem ainda não a possui; 2. Fornecer oportunidades frequentes de expressão dessa predisposição, a quem já a possui; 3. Intensificar a predisposição focada, a ponto de tornar a responsabilização seguida de agressão um hábito (ou, melhor ainda, um vício) da pessoa manipulada. Lição número 7 – O estágio do vício "Manipulados são como cãezinhos: é importante reforçar, a cada oportunidade, a lição ensinada aos leitores já amestrados, até que o hábito se torne um vício". 8. A EVOLUÇÃO PARA O ÓDIO Nem seria preciso mencionar que a continuidade desse processo, do lado do leitor, tem início na insatisfação, passa pela indignação, leva à raiva e chega, por fim, ao ódio. O ódio é a resposta psicológica à demonização do oponente político. Quando esses dois fatores entram em campo (a demonização do oponente e o ódio sentido por ele), está garantida a liberação plena da agressividade pessoal. Se alguém sente ódio por alguma pessoa ou grupo visto como o suprassumo da maldade ou da incompetência, tudo é justificável a seus olhos. O "ataque ao cão danado" é uma situação fora dos limites da civilização.
  • 53. O ódio não exige lógica de si mesmo. As frases sábias do Twitter que só valem para os leitores. Em geral, a agressão plenamente liberada se expressa de dois modos: a catarse odienta e a catarse depreciativa. A catarse odienta é própria de quem não admite, ou de quem há muito abandonou, qualquer freio moral na luta por seus objetivos. Consiste na simples liberação não filtrada de todo o lixo interior, e se manifesta por meio das piores acusações, desqualificações, xingamentos e palavrões, não raro chegando-se a desejar publicamente a morte do inimigo. Todos conhecemos vários internautas que usam como único "argumento", em sua luta política a nosso favor, manifestações de catarse odienta. A catarse depreciativa expressa basicamente o mesmo conteúdo, mas de forma supostamente mais civilizada. O ódio é travestido de deboche ou ironia. Um ou outro argumento aparece no meio de acusações e xingamentos, de modo a garantir um verniz civilizatório aos textos e a manifestar uma presença ainda que tímida da consciência moral do indivíduo.
  • 54. Marcelo Tas, deturpando a afirmação de Lula sobre o fim do DEM para usá-la como base de crítica irônica. As duas formas de ação servem a nossos propósitos. Não convém ficarmos associados apenas aos pitbulls da política porque isso traria muitas críticas aos defensores de nossos interesses, por parte das pessoas decentes (sim, elas existem). Lição número 8 – A convivência justificada com o ódio "O objetivo final da manipulação política é transformar leitores em eleitores dos nossos candidatos, mas o objetivo imediato é formar uma legião de 'autônomos obedientes' que se sintam justificados na vivência e na expressão do ódio direcionado aos nossos adversários". 9. A CATARSE PÚBLICA O momento mais festejado entre os manipuladores políticos é a situação de catarse pública. Um resultado positivo de nossos esforços, resultado de certo modo trivial, é conseguirmos que determinado grupo de leitores se tornem "autônomos obedientes" e passem a defender ferozmente os nossos apadrinhados políticos e a atacar barbaramente os nossos adversários políticos. Outro resultado positivo, bem mais valioso, é conseguirmos que centenas ou milhares de pessoas expressem simultaneamente o seu ódio, com todas as consequências negativas que essa liberação inconsequente da agressividade possa lhes trazer. Aqui é preciso distinguir entre manifestações de protesto, que são cíclicas na maioria das sociedades, e catarses movidas pelo ódio. As manifestações de 2013, no Brasil, foram claramente um momento de desafogo social. Basta lembrar as convocações virtuais de então, que conclamavam "todos os brasileiros" a saírem às ruas para "protestar contra tudo". Já as catarses movidas pelo ódio são direcionadas e têm relação direta com a manipulação política antecedente. Quem não se lembra da noite da eleição da atual presidente Dilma Rousseff, em 2010? Baseando-se em nossos argumentos manipulativos (em especial, o argumento de que os "nordestinos vagabundos" seriam responsáveis pela vitória da candidata do PT), as redes sociais xingaram em peso os habitantes da Região Nordeste – para depois descobrirem que, mesmo se o Norte e o Nordeste fossem eliminados do mapa da votação, Dilma teria vencido o pleito. Vários internautas foram processados por essas manifestações de ódio, e alguns deles ficaram com seus nomes tristemente marcados para sempre na memória do grande público. E no dia da posse da atual presidente? Nova catarse pública, agora desejando o assassinato da suprema mandatária da Nação. Novamente,
  • 55. escândalo nacional e internacional, e nova entrada em cena do Ministério Público que deixou alguns "autônomos obedientes" com a ficha suja. A mais recente catarse, bem fácil de lembrar, foi a manifestação da torcida no jogo inicial da Copa do Mundo, no Maracanã, que levou para a cesta de lixo da civilização um bom número de colunistas sociais, apresentadores de programas, subcelebridades globais, socialites, professores, entre outros, que compartilharam orgulhosamente os vídeos da catarse. Mais à frente neste Curso, trataremos em detalhes dos danos infligidos aos "autônomos obedientes". Lição número 9 – A cereja do bolo da manipulação: a catarse pública "O ápice da excelência manipulativa na política é a catarse pública. Não podemos fazer nada para produzi-la, com segurança, mas seu trabalho deve ter como um dos objetivos contribuir para que um dia ela ocorra, no sentido dos nossos interesses".
  • 56. FATORES FAVORÁVEIS AO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO Os fatores seguintes, quando presentes, ajudam os jornalistas a obter pleno sucesso em sua atividade manipulativa. Domínio dos principais veículos da mídia Como se sabe, no Brasil os grandes veículos da mídia são dominados por poucas famílias, unificadas pelo propósito de substituir os atuais donos do poder central. Essa circunstância feliz permite que se estabeleça, na prática, o pensamento único em suas publicações. O pensamento único é representado por uma interpretação única dos fatos e por um vilão único no universo político nacional. Já se tornou corriqueira a situação de manchetes idênticas num mesmo dia, que parecem ter sido produzidas por uma "central de manchetes" da grande mídia. Montagem do site Brasil 247 Montagem do site Brasil 247
  • 57. Montagem da internet Montagem da internet Outro exemplo corriqueiro é a participação sequencial de meios da grande mídia na criação e exploração de supostos escândalos que afetam o governo central. Como já presenciamos inúmeras vezes, uma revista (que não precisamos nomear) lança o "escândalo", os jornais divulgam o fato com estardalhaço, os telejornais desenvolvem a trama, os jornais repercutem o desenvolvimento, os radialistas comentam indignados, os colunistas caluniam e xingam os mesmos alvos de sempre – até que o "escândalo" desapareça após um desmentido categórico da realidade. Passa-se um tempo (bem pouco) até a estratégia ser repetida. Incessantemente. O domínio dos veículos da mídia, portanto, permite o pensamento único e a exploração organizada dos ataques contra os nossos adversários políticos, facilitando a nossa tarefa de manipulação jornalística.
  • 58. Estatísticas feita pela Uerj, comparando o número de manchetes negativas sobre os candidatos à Presidência. http://www.manchetometro.com.br/ Contágio social O mais importante (e escandaloso) experimento secreto realizado pelo Facebook (veja o quadro abaixo) comprovou um fato empiricamente conhecido pelos manipuladores profissionais: emoções são contagiosas. "Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks" (Evidência experimental de contágio emocional em larga escala por meio de redes sociais). http://www.forbes.com/sites/kashmirhill/2014/06/28/facebook- manipulated-689003-users-emotions-for-science/ http://www.pnas.org/content/111/24/8788.full http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/06/em-experimento- secreto-facebook-manipula-emocoes-de-usuarios.html
  • 59. Quando se forma a impressão de que "todos" estão fazendo algo (migrando para uma rede social, tatuando o corpo, optando por um candidato, etc.), a tendência do indíviduo é "ir com a onda", ou seja, fazer o que "todos" estão fazendo. O experimento do Facebook revelou que esse processo de tomada de decisão também sé dá na área das emoções, além da área dos comportamentos: se "todos" parecem estar num determinado estado de espírito, o usuário tenderá a adotar aquele mesmo estado de espírito, "positivo" ou "negativo". O contágio social é justamente o fenômeno psicossocial aproveitado pela grande mídia nestes últimos anos, visando voltar a população contra o partido que se encontra no poder. Com grande custo e depois de muitos anos, conseguimos criar um estado de espírito pessimista mesmo naqueles que se beneficiaram das medidas do governo. Mais de 10 anos de inflação dentro da meta, crescimento econômico, pleno emprego, 30 de milhões de novos consumidores integrados ao mercado e...
  • 60. A impressão generalizada de que "está tudo ruim" (para não dizer um palavrão), embora a realidade cotidiana esteja muito boa, exemplifica o conceito de "contágio social" e representa uma vitória significativa dos manipuladores atuantes na grande mídia.
  • 61. Persistência e congruência Esses dois fatores estão juntos porque um não funciona sem o outro. Persistir na manipulação, mantendo o foco insistentemente com o passar dos dias, semanas, meses e anos, quase sempre leva ao convencimento do manipulado, em especial se ele não tiver outra fonte que contradite a mensagem do manipulador. Tão importante quanto a persistência é a congruência, isto é, a ausência de mensagens contraditórias. A contradição quebra o encanto em que o manipulado vivia, embevecido pelas mensagens anteriores do manipulador. Um exemplo de como não se deve agir: Até aqui tudo bem: atribuiu-se a outrem aquilo que a própria pessoa faz (a prática do ódio). O problema é a quebra de continuidade:
  • 62. Ao personificar a atitude atribuída ao adversário (o ódio), o tuiteiro desfaz a eficácia do primeiro tuíte. A ilusão de realidade se perde quando alguém se trai no momento seguinte. A congruência, assim como a persistência, é um fator indispensável à boa manipulação política. Outro exemplo infeliz: compartilhar link de Reinaldo Azevedo para criticar o uso do ódio na política. Como diz o povo: "Se não gosta de missa, não vá à igreja". E depois... E a coerência, como fica?
  • 63. Como ensinamos no Curso Avançado, a regra seguida pelo bom manipulador é esta: "Só uma mensagem, repetida à exaustão, sem contradição". Ausência de referências políticas passadas Outra circunstância que torna bem mais fácil o nosso trabalho, especialmente em relação aos jovens, é a ausência de referências pessoais sobre o passado da política nacional. Já lá se vão quase 12 anos do (cá entre nós) desastroso governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o país quebrou três vezes em seu segundo mandato. Os eleitores de outubro de 2014 que estiverem com 22 anos de idade, tinham 10 anos à época da substituição dos donos do poder (de FHC para Lula). Ou seja, não viveram ativamente os fatos políticos de então. Sua memória é um vazio propício ao preenchimento interesseiro. Cabe a nós, como vimos fazendo corretamente, ocultar ao máximo os fatos desabonadores do passado e transmitir a impressão de que nenhum outro governo foi tão incompetente e corrupto quanto o atual. Podemos contar com a proverbial preguiça dos jovens, que têm todas as fontes disponíveis na Web, mas não verificam nem mesmo a validade das estapafúrdias correntes de e-mail que recebem diariamente.
  • 64. http://www.youtube.com/watch?v=Uo5Lj1QtD1o Desinteresse do brasileiro pela política internacional Não é segredo de ninguém o desinteresse total do brasileiro médio e da juventude brasileira pela política internacional – justamente a origem das forças mais importantes do cenário político, em qualquer momento da História. Daí a facilidade com que são manipulados por grupos e ONGs do exterior, os quais deixam de lado suas funções originais e passam a atuar como representantes de interesses nacionais alienígenas – geralmente, dos Estados Unidos.
  • 65. Convocação do Greenpeace, uma ONG ecológica, para manifestação contra a Copa. A aceitação passiva desses chamamentos já gerou situações tragicômicas, como a luta pela PEC 37, cujo conteúdo era desconhecido pela maioria dos manifestantes, mas foi adotada como causa "popular" graças a uma publicação de vídeo no YouTube. Enganação feita por um desconhecido, em nome do Anonymous, durante os protestos de 2013. Jovens seguem jovens. Por isso, grupos estrangeiros interessados em desestabilizar governos legítimos costumam usar belas jovens como símbolos de campanhas de agitação social, sempre com a mesma apresentação atraente.
  • 66. Nativa do Brasil Aproveitando-se da ingenuidade política dos jovens, essas agitadoras sociais transmitem meias verdades e mentiras completas, sempre envelopando sua mensagem em slogans e palavras de ordem bem curtas e fáceis de lembrar. Insatisfação social de classe
  • 67. Como se sabe, a ascensão social de mais de 30 milhões de brasileiros nos Governos Lula e Dilma gerou tensões sociais inéditas em nosso país. Aeroportos, shopping centers e restaurantes do país passaram a ser frequentados por uma gente estranha, nova, desacostumada com o modo "natural" (e elegante) de se comportar nesses lugares. Além disso, privilégios caros às classes mais altas, como viajar para destinos "nobres" do exterior (pense em Miami), foram democratizados nos últimos anos, gerando profundas insatisfações de classe.
  • 68. "Não tem mais graça ir a Nova York (EUA) ou Paris (FRA) e correr o risco de encontrar o porteio do prédio onde mora". Aliás, nem precisa ser algum privilégio. Por causa desse caldo (amargo) de cultura, o grupo social mais endinheirado é altamente receptivo a qualquer ataque feito contra os responsáveis por tal situação. Quem acessa o Facebook e o Twitter já presenciou cenas chocantes de discriminação derivadas do pavor da inclusão social. O promotor confundido com um reles usuário de rodoviária sebenta. Hiato temporal entre a versão e o fato Esse fator foi magnificamente ilustrado pelo movimento "#NãovaiterCopa ― ou, se houver, será a Copa dos Horrores", bancado pela grande mídia. A campanha contra a Copa começou anos antes de sua realização. Durante dezenas de meses, os veículos midiáticos reinaram absolutos em suas denúncias, em seu pessimismo e em seu catastrofismo, justamente porque não havia meio de confrontar essas "informações" com os fatos reais. Nesse longo período, passou-se ao grande público somente uma mensagem, um ponto de vista, um conjunto monolítico de "fatos" cuidadosamente escolhidos pelos donos dos veículos, por meio de reportagens, notinhas, editorais, matérias de colunistas, declarações de
  • 69. subcelebridades, posts de instigadores da Sombra... Nunca se juntou um exército de colaboradores tão empenhado e afinado. Além disso, o interesse dos ingleses em tirar dos brasileiros a Copa do Mundo do Brasil, após a derrota na Fifa para a Rússia e o Catar, forneceu à mídia nativa várias reportagens pessimistas quanto à nossa capacidade de organização do torneio, com a "autoridade" da fonte externa. O caos das manifestações na Copa das Confederações, brilhantemente orquestrado, pareceu confirmar as piores previsões. O importante é perceber que a mídia pôde nadar de braçada durante anos porque o evento ainda não tinha acontecido. Bastou que ele se iniciasse para que todos os veículos passassem a reproduzir os fatos – diametralmente opostos às previsões. Até porque todo o país inteiro tinha acesso aos fatos, assim como os estrangeiros em nosso país, e não se podia mais evitar a verdade. E a Copa que não teríamos, ou mesmo a Copa dos Horrores, aquela que seria o maior fracasso administrativo da História do Brasil, tornou-se a Copa das Copas, a melhor Copa do Mundo de Futebol de todos os tempos. A realidade da Copa atualizou o ditado popular, acrescentando ao "antes" o "durante": "O melhor da festa é esperar por ela. O pior da festa é desesperar por ela". Esse descompasso temporal entre versão e fato é também aproveitado nas previsões do noticiário econômico. Certamente você já viu, no final de cada ano, a lista de previsões erradas das Mães Dinahs do jornalismo econômico-financeiro brasileiro. Previsões mais curtas (as da inflação mensal, do PIB trimestral etc.) rendem bons risos aos internautas, quando desmascaradas. Mas até lá...
  • 70. FATORES COMPLICADORES DO SUCESSO DA MANIPULAÇÃO A alienação política do brasileiro A tradicional alienação política do povo brasileiro tem um lado altamente positivo: permite-nos enganar com facilidade grande parte dos eleitores, atribuindo responsabilidades pesadas a quem não tem e livrando da responsabilidade pesada quem a merece. O lado negativo dessa alienação política é a dificuldade extrema de envolver os cidadãos brasileiros em algo mais do que o ativismo de sofá. Muitos deverão se lembrar de quantos anos foram necessários para a geração Facebook sair da internet e ir às ruas protestar contra nossos alvos políticos. Mas o acento ficou lá. A catarse social de meados de 2013 chegou num momento em que muitos de nós estávamos já desiludidos de ver as ruas pegarem fogo, depois de tantos anos de manipulação e incitamento aos protestos físicos. Passado o desabafo coletivo, entretanto, a excitação refluiu até voltar aos níveis pré-junho de 2013, refluxo ajudado, certamente, por alguns complicadores, como a desmedida e desfocada agressividade de grupos parasitas, notadamente os Black Blocs e os anarquistas.
  • 71. A tentativa de assassinato de um serralheiro e de sua família. A preguiça participativa, fora da Web, será um grande obstáculo para o sucesso de nossos esforços na luta contra o governo central, nas eleições vindouras. A índole afetuosa do brasileiro Somos um país recordista em assassinatos e violência em geral. Mas, paradoxalmente, as relações diretas de brasileiros, entre familiares, amigos, conhecidos e até desconhecidos, são marcadas pela afetividade positiva. Esse foi outro problema que quase nos desiludiu durante o longo trabalho de manipulação política: como transformar um povo afetuoso, brincalhão e hospitaleiro num povo odiento? Como fazer com que pessoas divertidas e amigas se transformem em algozes de parentes, amigos, colegas e desconhecidos? Como inimizar os brasileiros, entre si – respeitada a divisão ideal: defensores dos nossos candidatos para cá, defensores do governo central para lá? Anos de campanha negativista e de exemplos dados pelos nossos mais destacados colunistas e blogueiros acabaram vingando: a Web brasileira tornou-se um lindo campo de batalha, em que internautas expõem publicamente seu ódio, sem medo de serem felizes em sua virulência e sem receio de prejuízos futuros por suas palavras destemperadas. Mas, como se viu na Copa do Mundo, o lado positivo da brasilidade desperta ao menor estímulo, a ponto de encantar instantaneamente os turistas estrangeiros. Essa constatação indica a necessidade de continuarmos ensinando a forma "certa" de tratar os adversários cotidianos, para que o ódio não seja neutralizado pela índole boa do cidadão comum. A importância fundamental do treinamento realizado pela mídia
  • 72. Imagine a seguinte situação: chegue perto de um brasileiro comum e pergunte se ele prefere ver seu time como campeão do Brasileirão ou, nesse mesmo ano, ver seu candidato a Presidente como o vitorioso do pleito. Em quase 90% das vezes, a opção será pelo time. Agora pense no seguinte: não convivemos pacificamente com torcedores dos mais variados times, entre eles os times rivais, em nossa família, em nosso trabalho, em nossas relações cotidianas e afetivas? Sentimos ódio por algum deles, apenas porque torcem por times diferentes? Vivenciamos essa situação de diferença como sendo irreconciliável: se ele é diferente de mim, tenho que atacá-lo, até o ponto de desejar-lhe a morte? Não, é claro. Até cônjuges continuam a se amar, torcendo por times rivais. Então por que essas atitudes e comportamentos de rivalidade, agressividade e ódio se manifestam numa questão psicologicamente menos importante para nós? Ora, porque fomos treinados para isso. No futebol, fomos treinados a odiar somente os argentinos (e você sabe por quem). Na política, somos treinados cotidianamente a ver em nossos adversários a essência do Mal e a quase desejar a sua extinção. E muitos anos foram necessários para que esse treinamento produzisse uma geração de militantes odiosos justamente porque essa é uma reação pouco natural no cidadão brasileiro. O caráter nacional, associado à alienação política, atuou contra nós, esses dois fatores na função de obstáculos ferrenhos que felizmente foram superados (ainda que temporariamente) graças à persistência e à congruência da grande mídia. A conscientização social da atividade de manipulação jornalística Repare nesta informação impressionante. Quando lançamos publicamente o Curso Básico de Jornalismo Manipulativo, em janeiro de
  • 73. 2010, este era o número de resultados do Google para "jornalismo manipulativo": Isso mesmo. Apenas 36 resultados – contando com as repetições. A captura de tela mostra como era tênue a consciência política do brasileiro quanto ao que vínhamos fazendo em termos de manipulação política. Atualmente, as redes sociais discutem todos os dias as mais de 400 técnicas de manipulação que, pioneiramente, revelamos em nosso Curso, há mais de 4 anos. E vão muito além, identificando outras técnicas, derivadas da notável criatividade de nossos alunos e da perspicácia do consumidor crítico de notícias. O fato preocupante é que estamos chegando cada vez mais perto da situação que, em nossas aulas, denominamos o Grande Medo: a descoberta chocante, pelo consumidor de notícias, de que a grande mídia nunca esteve e nunca estará do lado dos interesses populares – isto é, de que ela sempre defendeu e defenderá interesses que implicam justamente a derrota de causas benéficas à grande maioria da população. Daí a importância do que denominamos "estratégia preventiva": a atribuição desse papel (o de inimigos da população) aos nossos adversários políticos, de modo a estabelecer um contraste protetor: ora, se eles são os inimigos da população, nós, que os combatemos, não podemos ser inimigos dela. Somos, ao contrário, seus defensores. Essa estratégia preventiva tem evitado, até aqui, a ocorrência daquela conscientização trágica que constitui nosso Grande Medo. Mas quanto mais o cidadão comum perceba as inúmeras formas e técnicas de manipulação que empregamos em nosso trabalho, mais perto ele se encontrará desse momento da verdade. Como bem afirmou um de nossos alunos, "quando o manipulado acordar do seu transe manipulativo, a realidade vai doer – mais em nós do que neles". O desenvolvimento do espírito crítico Esse problema vem atrelado ao anterior. As redes sociais apresentam uma dinâmica interna, em que alguns internautas naturalmente se destacam, passando a agir como líderes e mentores de um grande grupo virtual. Vários deles, no campo oposto ao nosso, têm feito um trabalho preocupante de conscientização dos eleitores, despertando o espírito crítico em relação às nossas manipulações.
  • 74. Daí a importância de contarmos com um bom número de artistas e pensadores do nosso lado, no mundo virtual, para incentivar os internautas a reproduzir acriticamente as correntes de e-mails, os memes, as notinhas, posts e tuítes com conteúdo agressivo ou ofensivo aos atuais ocupantes do poder central. Certamente você reparou que, nos últimos meses, vários desses artistas e pensadores foram promovidos e apoiados pela grande mídia (sem a qual, diga-se logo, suas ideias não teriam a menor repercussão). Um exemplo: Link para a "denúncia" sobre a compra de um avião de 50 milhões de dólares. Esse nosso aliado artístico, a propósito, é um excelente exemplo da distinção feita pelos estudiosos da inteligência humana: o Q.I. (quociente de inteligência) é um potencial de inteligência, que depende da habilidade de aplicação prática. Um equívoco primário (mas compreensível) leva muitas pessoas a supor que essa aplicação do potencial esteja garantida, automaticamente. QIs altos, se não complementados pela sabedoria prática, podem resultar em voos muitos baixos de inteligência efetiva. Aviso: pule as capturas de tela a seguir, se não quiser vivenciar vários momentos de vergonha-alheia.
  • 75. Todos os invejosos são socialistas. Tese interessante... Como se sabe, a USP é uma universidade estadual, administrada pelo governo do PSDB. Lutar contra uma ditadura é "fazer merda".
  • 76. Como se sabe, a PM de São Paulo está subordinada ao governador do Estado, atualmente do PSDB. Matéria-bomba que jamais explodirá na grande mídia. Em "todos os lugares" leia-se "aqueles frequentados pela elite branca". Link para um artigo irônico de Antonio Prata, reproduzindo o pensamento de direta no Brasil.
  • 77. Com a palavra, o maior gênio da atualidade (o físico inglês Stephen Hawking): "What is your I.Q.? I have no idea. People who boast about their I.Q. are losers" "Qual é o seu Q.I.? Não tenho a menor ideia. Pessoas que ostentam seu Q.I. são perdedores". http://www.nytimes.com/2004/12/12/magazine/12QUESTIONS.html Livro do professor Luiz Machado. O déficit cognitivo não é raro nesse grupo de nossos apoiadores.
  • 79.
  • 80. Esse problema faz com que eles vivam, ingenuamente, "levantando bola" para a cortada matadora dos nossos adversários. Alguém reparou no duplo sentido delicioso da frase da "mocinha inteligente"? Jornalistas radicais também levantam bolas, desnecessariamente.
  • 81. O que nos remete ao tema central do item: quanto mais facilmente artistas, pensadores e jornalistas sejam desmascarados pelos fatos (e devemos admitir que esta é a situação corriqueira), mais o espírito crítico dos nossos adversários virtuais se desenvolve, atrapalhando os nossos esforços de manipulação. Até tu, Papa Francisco?
  • 82. Fontes alternativas de informação Este problema soma-se aos dois anteriores. Em essência, a manipulação jornalística segue estas diretrizes: Providências em relação a pessoas e grupos do nosso lado a) Fato ruim. Ocultar ou minimizar. b) Fato bom. Divulgar e/ou supervalorizar. c) "Fato" inexistente positivo. Criar. Providências em relação a pessoas e grupos do outro lado a) Fato ruim. Divulgar e/ou supervalorizar. b) Fato bom. Ocultar ou minimizar. c) "Fato" inexistente negativo. Criar. Se você tem um mínimo de conhecimento da atuação da grande mídia, pode apontar dezenas de matérias em que tais diretrizes foram aplicadas com propriedade (embora nem sempre com sucesso). As técnicas geradas pela adoção dessas diretrizes são ensinadas em nosso Curso Básico de Jornalismo Manipulativo. Nosso grande inimigo no esforço de criarmos um contexto fantasioso que estimule a preferência pelos nossos candidatos, políticos e grupos, atualmente, chama-se internet. Como você já percebeu, é comum esta situação: uma revista (cujo nome novamente não precisamos mencionar) lança uma "denúncia" em sua capa. Antes mesmo de ela chegar à casa dos assinantes ou às bancas, seus potenciais leitores já tiveram acesso à desconstrução da "denúncia", realizada detalhadamente na internet. Vale o mesmo para fatos que a mídia tenta, desesperadamente, ocultar da população.
  • 83. A internet não perdoa. Não esquece. Não alivia. E, como se sabe, os jovens, integrantes dessa faixa etária tão facilmente manipulável por não ter ainda experiência de vida nem passado político, são os que mais vivem na internet. A convivência diária com pessoas mais experientes, críticas e inteligentes acaba neutralizando aqueles fatores positivos para a manipulação.
  • 84. A internet também permite acesso a informações que preferíamos esconder. Tudo bem, que a maioria dos internautas não pesquise o passado, visando formar uma opinião sobre ele. Mas alguns fazem esse serviço pela maioria, e o resultado definitivamente não é bom. Buscando em acervos digitais, esses internautas inconvenientes já mostraram à nova geração a real situação, por exemplo, dos Anos FHC. Entre outras vergonhas nacionais, foram mostrados: . Os juros estratosféricos. . A humilhante submissão do país ao FMI. . A denúncia de compra da reeleição para presidente. . Os vários escândalos de corrupção do governo de então. . As filas intermináveis de candidatos a empregos, até mesmo para garis. . Os Natais das "lembrancinhas de R$5,00", . Os aeroportos vazios. . A recessão causada pelo racionamento de energia elétrica. . As compras coletivas do mês em supermercados. . Os grupos de caronas para economizar gasolina. . Os nordestinos que se alimentavam de calangos e que promoviam saques por causa da fome. . As matérias ensinando os brasileiros a aproveitar alimentos e roupas. . Os conselhos de economistas sobre pagamentos de dívidas e empréstimos com agiotas. . A angústia de pais e mães que não viam uma perspectiva boa de futuro para os seus filhos. E tantos outros exemplos de adaptação forçada de toda uma população a um tempo muito difícil. Daí o eleitor atual compara com a situação presente, em que: . Cada Natal é melhor que o anterior. . O dinheirinho suado vai para a poupança. . "Crise" não é mais a essência da vida pessoal, e sim uma palavra só encontrada em artigos de colunistas de Economia. . As férias são gozadas em viagens no exterior. . O estudo dos filhos está bem encaminhado. . As vendas de carros e apartamentos batem recordes.
  • 85. . Os aeroportos estão entupidos de novos turistas nacionais. . O carrinho de compras dos supermercados vive cheio. . O lar do brasileiro médio possui muitos bens úteis e supérfluos. . O futuro é uma esperança concreta, porque o tempo difícil passou. E todo o esforço de criação de pessimismo pela grande mídia vai pelo ralo. Outra fonte alternativa de informação para os mais jovens são os parentes mais velhos. Eles viveram aquele tempo difícil e podem lhes contar sobre experiências assustadoras. Um ponto importante: você já deve ter reparado que um dos nossos principais objetivos políticos é gerar, nos atuais cidadãos, o medo-quase- pânico de vivenciar uma situação exatamente como aquela que o país acabou de superar. E deve também ter notado que sugerimos que a continuidade deste governo levará inevitavelmente a população a viver a situação causada pelo governo anterior, ou seja, por aqueles políticos que tentamos fazer retornar ao Planalto Central. Daí a necessidade extrema de se evitar a associação "antigo governo – caos", minando a associação "atual governo – bem-estar" para conseguir convencer os eleitores que a associação correta é "atual e futuro governo – caos". A necessidade de ampliação do leque dos militantes odientos Este comentário no site GGN reproduz com precisão cirúrgica um ponto abordado constantemente nas aulas de nossos Cursos. Ou seja, de nada adianta pregar para convertidos. O efeito da pregação, nessas pessoas, é o aumento de intensidade do apego à doutrina – em termos práticos: mais ódio direcionado contra nossos alvos políticos. Mas esse é um efeito, de um lado, desejável, porque tais pessoas se tornam mais comprometidas com a nossa luta, e, de outro lado, indesejável, porque elas se tornam mais fanáticas e menos eficientes na
  • 86. luta. Viram caricaturas de militantes políticos, tema já explorado em vários Tumblrs de nossos adversários. Por isso é necessário que a nossa pregação convença outros eleitores. Só assim conseguiremos aumentar a massa crítica (perdão, acrítica) que nos garantirá a vitória nas próximas eleições. Os próprios manipulados percebem essa situação e, intoxicados pela urgência de mudança do governo, perdem-se em sonhos estapafúrdios como este: Ou este: Uma pessoa, um voto. Uma pessoa que odeia Dilma, Lula ou o PT, um voto. Essa pessoa pode odiar até explodir suas artérias de raiva, mais ela só terá (se sobreviver à implosão emocional), um voto no dia da eleição.
  • 87. O pior resultado dos nossos esforços seria estigmatizar (pela caricatura) os apoiadores dos nossos candidatos e, além disso, não conseguir expandir o número desses apoiadores.
  • 88. QUESTÕES ÉTICAS, MORAIS E TÉCNICAS SOBRE A MANIPULAÇÃO Nossa equipe de psicólogos intuiu que uma das causas prováveis para a assimilação do ódio por nossos jornalistas poderia derivar de um "mecanismo de defesa" (desculpem a linguagem técnica). Explicando: a consciência de estarmos mentindo e manipulando diariamente não é psicologicamente saudável. Por isso, algum meio de evitar essa conscientização chocante é naturalmente buscado pelo manipulador. Se ele passa a acreditar no conteúdo da manipulação, essa atividade, magicamente, deixa de ser algo reprovável: não é mais manipulação, mas convicção política. A consciência moral descansa, o trabalho se desenvolve sem traumas. Mas, como já ressaltamos, isso implica assimilar as atitudes raivosas que cultivamos em nossos consumidores. Portanto, precisamos oferecer a vocês uma forma diferente de lidar com a culpa derivada da atividade manipulativa diária. Este é o objetivo da presente seção do Curso. A AMORALIDADE INTRÍNSECA À MANIPULAÇÃO O teste de (falta de) caráter É sabido que, nas primeiras aulas ministradas aos candidatos a oficial da CIA (não confunda: "agente" é o recrutado; "oficial" é o recrutador ou espião que pertence à agência), o instrutor da nova turma aplica o famoso teste de (falta de) caráter. Num dado ponto da palestra, de surpresa, ele pergunta se os ouvintes têm noção daquilo que serão obrigados a fazer (mentir, falsear, enganar, sabotar e até matar), e então põe o teste em prática: "Aqueles aqui presentes que tenham algum escrúpulo moral quanto a realizar esses atos, por favor, pensem bem antes de continuar no curso e, se for o caso,... retirem-se". O silêncio angustiante que se segue à comunicação do palestrante é uma espécie de pacto sinistro entre instrutor e alunos. Retomada a palestra, todos têm consciência de que acabaram de efetuar, conjuntamente, a travessia de um portal. Daí para frente, a menção a qualquer ato tido antes como moralmente reprovável será vista apenas como a sugestão de um recurso possível e aceitável no cumprimento das missões secretas. Lembramos que a obrigação de mentir, por exemplo, vale até mesmo para ocultar do próprio cônjuge a condição de oficial da CIA. Em nosso Curso, modelado daquele e de vários cursos semelhantes, também fazemos o teste de (falta de) caráter. Não espanta que nossos
  • 89. alunos sejam tão aplicados nas técnicas reveladas em nosso texto-base, a partir da simbólica travessia do portal. Obviamente, só aceitamos no Curso quem já demonstra, em seu perfil psicológico, um saudável desprezo pela verdade e pelo Código de Ética do jornalismo. Mas mesmo nessas pessoas pode haver um resquício de consciência moral, que poderá levá-la à convicção de veracidade das suas manipulações, como forma de defesa psicológica. A questão da culpa no manipulador Talvez esta seja a mais importante questão psicológica dos nossos Cursos: como lidar com a culpa derivada da consciência de que estamos mentindo, distorcendo os fatos, violando nosso juramento profissional e, com isso, lesando os nossos consumidores, os quais, além de não receberem informações precisas sobre a realidade, prejudicam-se pessoalmente por causa das nossas técnicas de estimulação do ódio contra nossos adversários? Já que estamos fazendo uma espécie de "jogo da verdade", seria bom enumerarmos os prejuízos que causamos aos nossos consumidores, antes de explicarmos como lidar com essa questão. Os prejuízos gerados aos manipulados Quando os consumidores de notícias aceitam nossas informações distorcidas ou falsas, eles se sujeitam a vários danos, além da evidente desconexão cognitiva (intelectual) com a realidade. Por uma questão didática, organizaremos esses danos segundo as dimensões da personalidade. . Dimensão orgânica. Faz bem sentir estresse várias vezes durante o dia? Já reparou no efeito das informações sobre política em seu organismo, especialmente daquelas informações que geram frustração, raiva ou ódio? Informações, aliás, que constituem, no caso presente, a maioria, já que o grupo ocupante do poder precisa ser combatido diariamente. . Dimensão emocional. Quantos livros de autoajuda já foram publicados prometendo a felicidade a seus leitores? Todos gostamos dos tais "sentimentos positivos". Mas a atual conjuntura política exige que a manipulação jornalística estimule principalmente os sentimentos ditos negativos: frustração, desespero, raiva, ódio. E os leitores, ouvintes e espectadores sofrem. Diariamente. . Dimensão intelectual. É a dimensão do dano primário: ao invés de fazermos o nosso trabalho de bem informar ao grande público, criamos ilusões interesseiras de realidade. Uma grande parcela da população é privada do conhecimento da realidade política nacional porque precisa ser doutrinada para votar nos candidatos que apoiamos.
  • 90. Outro dano intelectual reside na humilhação imposta a nossos consumidores, que acabam se deixando guiar por, sejamos sinceros, profissionais incompetentes e, em alguns casos, verdadeiros idiotas, como colunistas de cultura deplorável, blogueiros instigadores da Sombra, videomakers histéricos etc. . Dimensão social. A manipulação jornalística, na área da política, possui um componente social inevitável, por suas repercussões nem sempre positivas na vida dos manipulados. É incontável o número de pessoas que já tiveram sua reputação social degradada por se deixarem levar pelas mentiras e manipulações midiáticas. Já mostramos algumas imagens que dão bem a noção do estrago na reputação, causado por atitudes intempestivas de pessoas manipuladas pela grande mídia. Incluímos nesse item, também, os problemas de relacionamento gerados com amigos e com familiares, numa inversão de hierarquia difícil de aceitar (mas fácil de compreender): conseguimos que muitos brasileiros amáveis dessem mais importância ao apego à sua (na verdade, nossa) opção política do que ao apego a pessoas de convívio íntimo. Quantas relações foram estragadas para sempre por brigas políticas fúteis (fúteis porque o resultado delas em nada influenciou a realidade do país)? Quantas "inimizades eternas" já foram criadas nas redes sociais, entre estranhos? . Dimensão legal. Vários processos de calúnia, injúria e difamação, motivados pela atuação política na internet, foram tema de notícias da grande mídia, mas você já pensou em quantos outros foram abertos sem que tanto o agredido quanto o agressor quisessem divulgação – especialmente o agressor? Sua memória certamente possui informações sobre alguns casos graves, envolvendo nomes que preferimos não mencionar porque essas pessoas já perderem muito na vida, às vezes por causa de alguns tuítes mal pensados. Quantas pessoas foram presas (ou mesmo feridas) ao responderem ao clamor midiático pelas manifestações populares contra nossos adversários, em 2013? O ponto-chave aqui é: alguma dessas pessoas teve ajuda da grande mídia, ao enfrentar um processo judicial? Algum órgão da imprensa ajudou a pagar o advogado ou as custas do processo – apesar de ela saber que, muitas vezes, o conteúdo que gerou a demanda era exatamente aquele ensinado por seus jornalistas? . Dimensão profissional. Quantas pessoas já perderam a oportunidade de um bom emprego porque empresas avaliadoras de currículos tiveram acesso a participações