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Goiânia, 18 de julho de 2010 (12:07)                                De: 18 a 24 de julho de 2010



   PERFIL
   Pouco conhecido, vice de Marconi tem luz própria

   José Eliton Figueirêdo Júnior se destaca como advogado atuante no Direito Eleitoral e tem a política como tradição familiar:
   o pai foi prefeito de Posse, na região Nordeste do Estado

   NILSON GOMES - Especial para o Jornal Opção

   Dona Mirtes, então primeira-dama de Posse, no Nordeste goiano, não dormia esperando                        Fernando Leite/Jornal Opção

   Júnior. O esporte que o filho havia acabado de escolher era um assombro, mistura de
   vaquejada e rodeio com loucura mesmo. Colocavam mesas de bar no picadeiro e, ao
   redor, rapazes corajosos. Soltava-se um touro de quase uma tonelada ou um boi com
   meio metro de chifres. Nas arquibancadas, o público torcia, claro, pa ra a fera. Quem se
   levantasse da cadeira ou tentasse se des viar da investida do animal era
   automaticamente desclassificado. O último recebia o prêmio. Dona Mirtes conta que
   Júnior nunca chegou em casa laureado nem mac hucado pelo touro. Se caía do cavalo,
   era literalmente.

   O esport e anterior de Júnior havia sido a vaquejada. Subia num cavalo e corria atrás do
   gado em dupla com o amigo João Batista Costa, atual secretário de Meio Ambiente de
   Posse. A tarefa era derrubar a vaca em um ponto det erminado. A aflição de dona Mirt es
   começava antes: “Eles soltavam a vaca num corredor estreit o e o Júnior esporeava o
   cavalo atrás”. O corredor acabava no palco da festa, o picadeiro. Ganhava quem fizesse
   o serviço completo (correr e derrubar — na mão) em menos tempo. Um fazendeiro da
   região, Antônio Moreira, emprestou a Júnior um cavalo famoso pela beleza e a rapidez,
   amestrado para vaquejada. Júnior ficou treinando com o animal e, enquanto se tornava
   ás, mantinha-o perto de casa. Numa manhã, foi buscar o cavalo do fazendeiro: “E ra o
   lugar mais limpo”. Fugira. O rapaz ficou desesperado. Chamou os amigos, matou aula,
                                                                                                Advogado José Eliton Júnior coleciona
   procurou para cima e para baixo. Nada. Primeiro, contou aos pais. Bronca. Continuou          elogios de quem o conhece: opção pela
   procurando. Nada. Foi ao fazendeiro. Seu Ant ônio, olha, num é de ver que s eu cavalo           política para fazer algo pelo povo
   fugiu. O senhor me desculpe, não foi descuido etc. etc. etc., mas eu vou pagar. Olha, Júnior, esse cavalo é de estimação,
   não tem nem preço. Se tiver eu vou pagar, o senhor pode ficar tranquilo. Bom, tranquilo seu Antônio não ficou, mas
   perdoou. Uma bela tarde, dias depois, chega à porta de dona Mirtes outro agricultor vizinho puxando um cavalo. Era o fujão.
   Não teve de pagar o animal, só que não escapou da conta: havia comido a roça do vizinho. Findava ali a carreira do
   destemido derrubador de boi bravo.

   Antes da vaquejada, os hematomas de Júnior tinham outro motivo, o bicicross. Dona Mirtes perdeu a conta de bandeides,
   esparadrapo, mertiolate, gase e outros apetrechos de farmácia gastos nos braç os, pernas, ombros e tudo quant o é lugar do
   corpo do atleta. Não chegou a quebrar o pai, mas quebrou o braç o, as bicicletas e a crista: “Era um menino
   desassombrado, mas consciente”, lembra a mãe. Dona Mirtes não sabe, mas Júnior corria até com a bicicleta sem freios.
   Dona Mirtes não sabia, mas o menino desassombrado, que derrubava boi, que ficava ao redor da mesa esperando touro,
   que praticava bicicross com bike sem freios teria o mesmo desassombro na política. Dona Mirtes só soube disso enquanto
   assistia, emocionada, a convenção do Democ ratas que escolhe u José Eliton de Figuerêdo Júnior candidato a vice -
   governador na chapa de Marconi Perillo, da coligação Goiás Quer Mais.

   Warner de Sousa Barbosa, o Vavá, soube ant es. Tem nome de empres a de Hollywood, há muitos anos não vai ao cinema,
   mas teve ideia que só em filme de roteiro B: “Vou lançar doutor Júnior para vic e-governador”. No dia seguinte, enc ontro do
   Democratas em Posse, Vavá falaria como vic e-prefeito. E falou. Lançou Júnior, ninguém lhe deu muita conversa, à exceção
   da pessoa certa, o presidente do DEM goiano, o deputado federal Ronaldo Caiado. Graças a ele, a ideia de Vavá saiu da
   ficção, cumprindo sua previsão não da noite anterior: “Desde menino ele é líder”, conta Vavá sobre o primo. Só mesmo
   tendo muita lideranç a para escalar Júnior no time da AABB, clube recreativo do Banco do Brasil, local de trabalho do José
Eliton de Figuerêdo pai, o que foi prefeito de Posse nos anos 1980, fazendo de dona Mirtes a preocupada primeira -dama.
Ainda há na cidade quem tente encontrar um jogador de futebol pior que Júnior. Perna comprida, muito fôlego, muita
disposição, mas nenhum talento para dribles, arremat es, passes, os fundament os rudimentares do es port e.

A jogada certa era outra: Vavá acertou na adivinhação e dona Mirtes aumentou a preocupação. Ela viu den tro de casa que
política rende em canseira sem dar nada em futuro para quem participa diretament e. O marido, advogado bem -suc edido,
aposentado pelo BB, além de prefeito, ocupou diversos cargos estaduais, nenhum com rendimento financeiro. Logo agora
que Júnior está com o escritório bem arrumadinho, bonitinho, entrou na política. “Respeito demais a opção dele de ajudar
os goianos sendo candidato”, resigna-se a mãe. Está em campanha para Marc oni e José Eliton, agora orgulhosa mesmo
ficou foi quart a-feira, dia 7, com o filho tomando posse no Senado como integrante da comissão de notáveis, entre eles
ministros de tribunais superiores, para reescrever o Código Eleitoral.

Ficar entre ministros não é exatamente uma novidade para José Eliton. Ao se formar em Direit o, depois de interromper o
curso de História, voltou imediatamente para Posse. Era julho de 1996 e o pai era novamente candidato a prefeito. Sim,
José Eliton pai é advogado, mas, sim, confiou a defesa da coligação ao filho recém -formado. O promotor da comarca à
época, Tito Amaral, se recorda do bac harel: “O que tinha de talentoso, tinha de brigão. E ele era muito talent oso”. A fama de
bom de briga, no âmbito da discussão, o acompanha desde a infância. Vavá conta diversas histórias de Júnior comprando
encrenca, mesmo em des vantagem numérica. A habilidade que faltou no futebol, sobrou na articulação: “Ele é bom demais
de conversa e mais ainda de argumento”, elogia V avá. Tito se surpreendeu com a qualidade de Júnior do mesmo jeito que
Wilson Dias, o juiz de Direito de Posse. Tito previu que Júnior seria ministro do Supremo Tribunal Federal. Bom, integrante
do S TF ele ainda não é, mas já advogou ali diversas vezes e, em outra corte, o Tribunal Superior Eleitoral, é conhecido e
elogiado.

Eduardo Alckmin foi ministro do TSE e demonstra vasto voc abulário ao enumerar os adjetivos para definir José Elit on: “Ele
é brilhante, talentoso, atuante, lúcido, preparado, estudioso”. Júnior trabalhou com Alckmin e da convivência saíram
distribuindo cent elhas assim um sobre o o utro. Ao saber que o ex-pupilo seria candidato a vice-governador, Alckmin fez a
mesma pergunta que dona Mirtes: “Como alguém pode abandonar uma carreira tão bem -sucedida”. O ministro lamenta
mais ainda pela profissão: “Sempre me surpreendo que alguém queira deixar a advocacia ou ao menos interrompê -la”.
Logo ressalta a importância da nova atribuição de Júnior: “Política é um caminho de muito sacrifício. O político sério tem
uma vida de quase sacerdócio”. E elogia o candidato a vice: “Fico alegre em saber que um profissional talent oso e uma
pessoa sens ível como o dr. José Eliton Júnior se dedique à política. Portanto, ao mesmo tempo em que fiquei surpreso,
também estou feliz com sua escolha”. Praticamente as mesmas palavras da mãe. O próprio candidato a vic e responde por
que deixa um dos melhores escritórios especializados em Direito Eleitoral e, portanto, lucrativo, para entrar em algo pouco
ou nada atraente para honestos como a política: “É a oportunidade de fazer, de construir. Quem vem de uma terra sofrida
como o Nordeste goiano não pode perder a chance de fazer algo pela região”.

O leitor deve estar se perguntando como um advogado lá da sofrida terra de Posse foi parar no escritório de um ministro de
tribunal superior. A história é longa, mas se resume assim: quem está acostumado a derrubar touro a unha não tem medo
de cara feia, não teme um “não”. José Eliton se destacou na defesa de seus correligionários em Posse a ponto de chamar a
atenção de um dos principais advogados do País, Felicíssimo de Sena, então presidente da OAB de Goiás. Felicíssimo
chegou à mesma conclusão que o promotor Tito: um texto daquele, um conhecimento de Direito como aquele, enfim, um
conteúdo naquele nível era exagero para um rapaz de 20 e poucos anos. E José Eliton voltou a morar em Goiânia, em
2004, participando da banca de Felicíssimo. O mesmo roteiro para Alckmin: o ministro conta de seu espanto com a
qualidade do jovem advogado. E assim, à custa do próprio talento, José Eliton virou parceiro do escritório de um ex -ministro
do TSE.

Desde que largou de andar de bicicross e derrubar touro na mão, José Eliton Júnior virou outro sem deixar de ser o mesmo.
Dona Mirtes enumera-lhe os amigos e constata: “São os mesmos do tempo de Posse”. Claro, a lista aumentou, com
senadores, ministros, advogados renomados. Aliás, desde que parou de subir em cavalo, José Eliton não para de subir na
vida. Antes, começou a subir na rede. Estudante da Universidade Católica de Goiás, hoje P UC, Júnior passou a jogar
voleibol. Levou a sério o sobe-levanta-corta e se deu melhor que no corre-derruba. Na vaquejada, nenhuma conquista; no
vôlei, chegou à seleção da PUC e competiu em torneios estaduais e nacionais. Seu 1,89m faria dele um baix urec o nas
equipes de hoje, mas há 15 anos estava na média: “Naquela época, era o padrão”, lembra o candidato a vice-governador.

Entre uma partida e outra de vôlei, mantinha a dedicação aos livros, não apenas aos de Direito. “O Júnior lê muito desde
pequeno”, diz a mãe, normalista do tempo em que professor devorava livros. Na hora da entrevista, o repórt er testou o
candidato. No momento, o que o sr. está lendo? “No momento, o plano de governo da coligação”. Foi alfabetizado na obra
de Mont eiro Lobato, passou a juventude com a literatura nacional e chegou à universidade devora ndo os clássicos
mundiais. Mirtes já advertiu os filhos (além de Júnior, a contadora Raquel, servidora concursada da Secretaria da Fazenda,
e a arquiteta Renata, que foi para a Europa faz er pós -graduação e se estabeleceu na Irlanda, onde projeta shoppings): “A
bíblia é minha”. Não, ela não se refere ao livro máximo dos cristãos, mas aos livros máximos da infância brasileira, os do
Sítio do Pica-P au Amarelo. O volume que os filhos dos Figuerêdo leram é em papel finíssimo. Os três têm tão boa
recordação que pediram a bíblia com “b” minúsculo. Mirtes foi salomônica: vai ficar na casa em comum do trio, a dos pais.
Mesmo com o incentivo paterno, Júnior prefere filosofia a romances, daí citar Sócrates e Platão com a mesma facilidade
com que outros políticos falam em música brega. Entre escritores, seu preferido é Émile Zola. O repórter desconfia e pede
que cite trechos de “Germinal”. E ele passa na prova. Então, começ a a contar trechos também do filme baseado na obra.
Fala que já leu Balzac e é confrontado com a observação: diga nome de algo dele que não seja “A mulher de 30 anos”. E
tome o candidato citando parágrafos de “Ilusões perdidas”.

Enquanto jogava vôlei como meio de rede da PUC e no Clube Social Feminino e lia os clássicos, Júnior tinha de defender
algum dinheiro. Olhou os anúncios classificados, oba!, oportunidade para universitários num negócio estrangeiro. E foi
vender cursos de Inglês. Batia de porta em porta, pé no chão, poeira, sol quente. Minha senhora, seu filho precisa. Não! Ô,
meu jovem, para concorrer no mercado de trabalho globalizado é muito importante saber outro idioma. Não! E de não em
não encheu a paciência e abandonou o ofício tendo conseguido vender apenas um exemplar. Para um amigo. Eram os
anos 1980 dos quais traz o gosto pela MPB e o rock nacional. No internacional, é fã de Pink Floyd. Frequentava os hoje
derrubados Ginásio Rio Vermelho e Estádio Olímpico. Não caiu na onda de cheirar loló, fazer tatuagem, deixar o c abelo
crescer: “Sempre fui muito conservador”. Na faculdade, nada de política estudantil. Para ele, política mesmo era a das
urnas, tradicional.

Como o pai, ele militava o tempo inteiro. O primo Vavá e a mãe cont am que, nas eleições presidenciais de 1989, a casa se
dividia em três: José Eliton pai apoiava Ulysses Guimarães, Jos é Eliton filho ficou com Mario Covas e a irmã do meio,
Raquel, torcia para Lula. “Júnior fazia campanha mesmo!”, exclama o primo para enfatizar. Júnior levou de Goiânia uma
bandeira imensa, “maior que um carro”, com o nome de Covas. Começ ou a desfilar com ela por Posse inteira, “se
mostrando, exibindo o candidato dele”. Eram os tempos pré-tucanos nos governos federal e estadual e, no Nordeste de
Goiás, quase ninguém era PS DB. Germano Barbosa, um tio de Júnior, chegou -lhe a carraspana: “Sai daqui agora com essa
bandeira, moleque. Sai! Aqui em Posse só entra Ulysses”. Em vez de enrolar o parente, enrolou a bandeira: “S ó obedeci
porque era meu tio”.

Assim, na casa cheia de gente o tempo inteiro, Júnior se fez adulto. Agora, vai voltar a Posse empunhando u ma bandeira
com o mesmo número, mas com outro nome, o seu. Antes de ser eleito, para sequer pensar em vaidade por tão novo ter a
oportunidade de alcançar posição tão alta, a mãe se encarrega de dinamitar o topete que ele não tem: “Ele sempre
aprendeu em casa a pisar na vaidade todos os dias, a pisotear a arrogância, porque tudo passa, ainda mais os mandatos,
que têm dia e hora para terminar”. Outra arte que Júnior aprendeu com os pais foi a do diálogo. Os colegas da advocacia
atribuem parte de seu sucesso à facilidade para articular. Com isso, tem clientes em todos os partidos. Advoga para o DEM
como já defendeu o PMDB, deputados do PT, prefeitos das mais diferentes siglas. “Isso (a proeza da comunicação) ele tem
desde criança”, baba o pai.

Em Posse, seu prestígio de advogado é tamanho que ultrapassou o de político, mesmo que ele tenha atuado em todas as
campanhas. As disputas eleitorais ensejam muita confusão, nem todas políticas ou jurídicas. Em 1994, o deputado
representante de Posse, Walter Rodrigues, hoje presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, saiu vice da agora
senadora Lúcia Vânia. Ainda se podia distribuir alimentos e os generosos representados pelo então candidato a vice
fizeram uma grande festa, tendo como organizadores jovens como o hoje candidato a vice. Fim do evento, um passou mal.
Depois, outro. E mais outros. E quase todos. Dez esseis anos depois não se sabe se foram as duas caixas d’água de chope
que provocaram a maior disenteria coletiva da história de Posse. Quem conta, atualmente, ri, mas o próprio sofreu à época.

Antes de Lúcia, o adolescente Júnior esteve com Henrique Santillo na eleição de 1986: “Fui ao aeroporto recepcionar o
Santillo e o líder da juventude, Marconi Perillo”. Na terceira eleição seguint e, Marconi é que era ca ndidato a governador e
José Eliton, já advogado, coordenou a assessoria jurídica naquela parte do Estado. Agora, novament e na terc eira eleição
seguinte, outros adolescent es como Júnior irão ao campo de aviação de Posse receber Marconi e seu vice local. Don a
Mirtes parece não acreditar. É tradição na família Júnior enviar à mãe suas fotos de pescaria: “É cada peixão que eu fico
me perguntando se é de verdade ou se é inflável”. A candidat ura é para valer, dona Mirtes, e só infla com voto e torce tanto
para o filho que fica apreensiva com o sofrimento para andar atrás desses votos. Se em Posse, de proporções bem
menores, o casal penava em época de eleição, imagine no Estado inteiro. Mas ela se acostumou às conquistas do filho.
Dona Mirtes resiste em concordar, mas vê-lo ao lado de Marconi, com amplas chances de chegarem ao governo, enche-lhe
de orgulho o coração, que antes cabia Posse e agora tem mais de 340 mil quilômetros quadrados — o coração da mãe é do
tamanho do Estado de Goiás.

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Jornal Opção - Perfil José Eliton

  • 1. Goiânia, 18 de julho de 2010 (12:07) De: 18 a 24 de julho de 2010 PERFIL Pouco conhecido, vice de Marconi tem luz própria José Eliton Figueirêdo Júnior se destaca como advogado atuante no Direito Eleitoral e tem a política como tradição familiar: o pai foi prefeito de Posse, na região Nordeste do Estado NILSON GOMES - Especial para o Jornal Opção Dona Mirtes, então primeira-dama de Posse, no Nordeste goiano, não dormia esperando Fernando Leite/Jornal Opção Júnior. O esporte que o filho havia acabado de escolher era um assombro, mistura de vaquejada e rodeio com loucura mesmo. Colocavam mesas de bar no picadeiro e, ao redor, rapazes corajosos. Soltava-se um touro de quase uma tonelada ou um boi com meio metro de chifres. Nas arquibancadas, o público torcia, claro, pa ra a fera. Quem se levantasse da cadeira ou tentasse se des viar da investida do animal era automaticamente desclassificado. O último recebia o prêmio. Dona Mirtes conta que Júnior nunca chegou em casa laureado nem mac hucado pelo touro. Se caía do cavalo, era literalmente. O esport e anterior de Júnior havia sido a vaquejada. Subia num cavalo e corria atrás do gado em dupla com o amigo João Batista Costa, atual secretário de Meio Ambiente de Posse. A tarefa era derrubar a vaca em um ponto det erminado. A aflição de dona Mirt es começava antes: “Eles soltavam a vaca num corredor estreit o e o Júnior esporeava o cavalo atrás”. O corredor acabava no palco da festa, o picadeiro. Ganhava quem fizesse o serviço completo (correr e derrubar — na mão) em menos tempo. Um fazendeiro da região, Antônio Moreira, emprestou a Júnior um cavalo famoso pela beleza e a rapidez, amestrado para vaquejada. Júnior ficou treinando com o animal e, enquanto se tornava ás, mantinha-o perto de casa. Numa manhã, foi buscar o cavalo do fazendeiro: “E ra o lugar mais limpo”. Fugira. O rapaz ficou desesperado. Chamou os amigos, matou aula, Advogado José Eliton Júnior coleciona procurou para cima e para baixo. Nada. Primeiro, contou aos pais. Bronca. Continuou elogios de quem o conhece: opção pela procurando. Nada. Foi ao fazendeiro. Seu Ant ônio, olha, num é de ver que s eu cavalo política para fazer algo pelo povo fugiu. O senhor me desculpe, não foi descuido etc. etc. etc., mas eu vou pagar. Olha, Júnior, esse cavalo é de estimação, não tem nem preço. Se tiver eu vou pagar, o senhor pode ficar tranquilo. Bom, tranquilo seu Antônio não ficou, mas perdoou. Uma bela tarde, dias depois, chega à porta de dona Mirtes outro agricultor vizinho puxando um cavalo. Era o fujão. Não teve de pagar o animal, só que não escapou da conta: havia comido a roça do vizinho. Findava ali a carreira do destemido derrubador de boi bravo. Antes da vaquejada, os hematomas de Júnior tinham outro motivo, o bicicross. Dona Mirtes perdeu a conta de bandeides, esparadrapo, mertiolate, gase e outros apetrechos de farmácia gastos nos braç os, pernas, ombros e tudo quant o é lugar do corpo do atleta. Não chegou a quebrar o pai, mas quebrou o braç o, as bicicletas e a crista: “Era um menino desassombrado, mas consciente”, lembra a mãe. Dona Mirtes não sabe, mas Júnior corria até com a bicicleta sem freios. Dona Mirtes não sabia, mas o menino desassombrado, que derrubava boi, que ficava ao redor da mesa esperando touro, que praticava bicicross com bike sem freios teria o mesmo desassombro na política. Dona Mirtes só soube disso enquanto assistia, emocionada, a convenção do Democ ratas que escolhe u José Eliton de Figuerêdo Júnior candidato a vice - governador na chapa de Marconi Perillo, da coligação Goiás Quer Mais. Warner de Sousa Barbosa, o Vavá, soube ant es. Tem nome de empres a de Hollywood, há muitos anos não vai ao cinema, mas teve ideia que só em filme de roteiro B: “Vou lançar doutor Júnior para vic e-governador”. No dia seguinte, enc ontro do Democratas em Posse, Vavá falaria como vic e-prefeito. E falou. Lançou Júnior, ninguém lhe deu muita conversa, à exceção da pessoa certa, o presidente do DEM goiano, o deputado federal Ronaldo Caiado. Graças a ele, a ideia de Vavá saiu da ficção, cumprindo sua previsão não da noite anterior: “Desde menino ele é líder”, conta Vavá sobre o primo. Só mesmo tendo muita lideranç a para escalar Júnior no time da AABB, clube recreativo do Banco do Brasil, local de trabalho do José
  • 2. Eliton de Figuerêdo pai, o que foi prefeito de Posse nos anos 1980, fazendo de dona Mirtes a preocupada primeira -dama. Ainda há na cidade quem tente encontrar um jogador de futebol pior que Júnior. Perna comprida, muito fôlego, muita disposição, mas nenhum talento para dribles, arremat es, passes, os fundament os rudimentares do es port e. A jogada certa era outra: Vavá acertou na adivinhação e dona Mirtes aumentou a preocupação. Ela viu den tro de casa que política rende em canseira sem dar nada em futuro para quem participa diretament e. O marido, advogado bem -suc edido, aposentado pelo BB, além de prefeito, ocupou diversos cargos estaduais, nenhum com rendimento financeiro. Logo agora que Júnior está com o escritório bem arrumadinho, bonitinho, entrou na política. “Respeito demais a opção dele de ajudar os goianos sendo candidato”, resigna-se a mãe. Está em campanha para Marc oni e José Eliton, agora orgulhosa mesmo ficou foi quart a-feira, dia 7, com o filho tomando posse no Senado como integrante da comissão de notáveis, entre eles ministros de tribunais superiores, para reescrever o Código Eleitoral. Ficar entre ministros não é exatamente uma novidade para José Eliton. Ao se formar em Direit o, depois de interromper o curso de História, voltou imediatamente para Posse. Era julho de 1996 e o pai era novamente candidato a prefeito. Sim, José Eliton pai é advogado, mas, sim, confiou a defesa da coligação ao filho recém -formado. O promotor da comarca à época, Tito Amaral, se recorda do bac harel: “O que tinha de talentoso, tinha de brigão. E ele era muito talent oso”. A fama de bom de briga, no âmbito da discussão, o acompanha desde a infância. Vavá conta diversas histórias de Júnior comprando encrenca, mesmo em des vantagem numérica. A habilidade que faltou no futebol, sobrou na articulação: “Ele é bom demais de conversa e mais ainda de argumento”, elogia V avá. Tito se surpreendeu com a qualidade de Júnior do mesmo jeito que Wilson Dias, o juiz de Direito de Posse. Tito previu que Júnior seria ministro do Supremo Tribunal Federal. Bom, integrante do S TF ele ainda não é, mas já advogou ali diversas vezes e, em outra corte, o Tribunal Superior Eleitoral, é conhecido e elogiado. Eduardo Alckmin foi ministro do TSE e demonstra vasto voc abulário ao enumerar os adjetivos para definir José Elit on: “Ele é brilhante, talentoso, atuante, lúcido, preparado, estudioso”. Júnior trabalhou com Alckmin e da convivência saíram distribuindo cent elhas assim um sobre o o utro. Ao saber que o ex-pupilo seria candidato a vice-governador, Alckmin fez a mesma pergunta que dona Mirtes: “Como alguém pode abandonar uma carreira tão bem -sucedida”. O ministro lamenta mais ainda pela profissão: “Sempre me surpreendo que alguém queira deixar a advocacia ou ao menos interrompê -la”. Logo ressalta a importância da nova atribuição de Júnior: “Política é um caminho de muito sacrifício. O político sério tem uma vida de quase sacerdócio”. E elogia o candidato a vice: “Fico alegre em saber que um profissional talent oso e uma pessoa sens ível como o dr. José Eliton Júnior se dedique à política. Portanto, ao mesmo tempo em que fiquei surpreso, também estou feliz com sua escolha”. Praticamente as mesmas palavras da mãe. O próprio candidato a vic e responde por que deixa um dos melhores escritórios especializados em Direito Eleitoral e, portanto, lucrativo, para entrar em algo pouco ou nada atraente para honestos como a política: “É a oportunidade de fazer, de construir. Quem vem de uma terra sofrida como o Nordeste goiano não pode perder a chance de fazer algo pela região”. O leitor deve estar se perguntando como um advogado lá da sofrida terra de Posse foi parar no escritório de um ministro de tribunal superior. A história é longa, mas se resume assim: quem está acostumado a derrubar touro a unha não tem medo de cara feia, não teme um “não”. José Eliton se destacou na defesa de seus correligionários em Posse a ponto de chamar a atenção de um dos principais advogados do País, Felicíssimo de Sena, então presidente da OAB de Goiás. Felicíssimo chegou à mesma conclusão que o promotor Tito: um texto daquele, um conhecimento de Direito como aquele, enfim, um conteúdo naquele nível era exagero para um rapaz de 20 e poucos anos. E José Eliton voltou a morar em Goiânia, em 2004, participando da banca de Felicíssimo. O mesmo roteiro para Alckmin: o ministro conta de seu espanto com a qualidade do jovem advogado. E assim, à custa do próprio talento, José Eliton virou parceiro do escritório de um ex -ministro do TSE. Desde que largou de andar de bicicross e derrubar touro na mão, José Eliton Júnior virou outro sem deixar de ser o mesmo. Dona Mirtes enumera-lhe os amigos e constata: “São os mesmos do tempo de Posse”. Claro, a lista aumentou, com senadores, ministros, advogados renomados. Aliás, desde que parou de subir em cavalo, José Eliton não para de subir na vida. Antes, começou a subir na rede. Estudante da Universidade Católica de Goiás, hoje P UC, Júnior passou a jogar voleibol. Levou a sério o sobe-levanta-corta e se deu melhor que no corre-derruba. Na vaquejada, nenhuma conquista; no vôlei, chegou à seleção da PUC e competiu em torneios estaduais e nacionais. Seu 1,89m faria dele um baix urec o nas equipes de hoje, mas há 15 anos estava na média: “Naquela época, era o padrão”, lembra o candidato a vice-governador. Entre uma partida e outra de vôlei, mantinha a dedicação aos livros, não apenas aos de Direito. “O Júnior lê muito desde pequeno”, diz a mãe, normalista do tempo em que professor devorava livros. Na hora da entrevista, o repórt er testou o candidato. No momento, o que o sr. está lendo? “No momento, o plano de governo da coligação”. Foi alfabetizado na obra de Mont eiro Lobato, passou a juventude com a literatura nacional e chegou à universidade devora ndo os clássicos mundiais. Mirtes já advertiu os filhos (além de Júnior, a contadora Raquel, servidora concursada da Secretaria da Fazenda, e a arquiteta Renata, que foi para a Europa faz er pós -graduação e se estabeleceu na Irlanda, onde projeta shoppings): “A bíblia é minha”. Não, ela não se refere ao livro máximo dos cristãos, mas aos livros máximos da infância brasileira, os do Sítio do Pica-P au Amarelo. O volume que os filhos dos Figuerêdo leram é em papel finíssimo. Os três têm tão boa recordação que pediram a bíblia com “b” minúsculo. Mirtes foi salomônica: vai ficar na casa em comum do trio, a dos pais. Mesmo com o incentivo paterno, Júnior prefere filosofia a romances, daí citar Sócrates e Platão com a mesma facilidade com que outros políticos falam em música brega. Entre escritores, seu preferido é Émile Zola. O repórter desconfia e pede que cite trechos de “Germinal”. E ele passa na prova. Então, começ a a contar trechos também do filme baseado na obra. Fala que já leu Balzac e é confrontado com a observação: diga nome de algo dele que não seja “A mulher de 30 anos”. E
  • 3. tome o candidato citando parágrafos de “Ilusões perdidas”. Enquanto jogava vôlei como meio de rede da PUC e no Clube Social Feminino e lia os clássicos, Júnior tinha de defender algum dinheiro. Olhou os anúncios classificados, oba!, oportunidade para universitários num negócio estrangeiro. E foi vender cursos de Inglês. Batia de porta em porta, pé no chão, poeira, sol quente. Minha senhora, seu filho precisa. Não! Ô, meu jovem, para concorrer no mercado de trabalho globalizado é muito importante saber outro idioma. Não! E de não em não encheu a paciência e abandonou o ofício tendo conseguido vender apenas um exemplar. Para um amigo. Eram os anos 1980 dos quais traz o gosto pela MPB e o rock nacional. No internacional, é fã de Pink Floyd. Frequentava os hoje derrubados Ginásio Rio Vermelho e Estádio Olímpico. Não caiu na onda de cheirar loló, fazer tatuagem, deixar o c abelo crescer: “Sempre fui muito conservador”. Na faculdade, nada de política estudantil. Para ele, política mesmo era a das urnas, tradicional. Como o pai, ele militava o tempo inteiro. O primo Vavá e a mãe cont am que, nas eleições presidenciais de 1989, a casa se dividia em três: José Eliton pai apoiava Ulysses Guimarães, Jos é Eliton filho ficou com Mario Covas e a irmã do meio, Raquel, torcia para Lula. “Júnior fazia campanha mesmo!”, exclama o primo para enfatizar. Júnior levou de Goiânia uma bandeira imensa, “maior que um carro”, com o nome de Covas. Começ ou a desfilar com ela por Posse inteira, “se mostrando, exibindo o candidato dele”. Eram os tempos pré-tucanos nos governos federal e estadual e, no Nordeste de Goiás, quase ninguém era PS DB. Germano Barbosa, um tio de Júnior, chegou -lhe a carraspana: “Sai daqui agora com essa bandeira, moleque. Sai! Aqui em Posse só entra Ulysses”. Em vez de enrolar o parente, enrolou a bandeira: “S ó obedeci porque era meu tio”. Assim, na casa cheia de gente o tempo inteiro, Júnior se fez adulto. Agora, vai voltar a Posse empunhando u ma bandeira com o mesmo número, mas com outro nome, o seu. Antes de ser eleito, para sequer pensar em vaidade por tão novo ter a oportunidade de alcançar posição tão alta, a mãe se encarrega de dinamitar o topete que ele não tem: “Ele sempre aprendeu em casa a pisar na vaidade todos os dias, a pisotear a arrogância, porque tudo passa, ainda mais os mandatos, que têm dia e hora para terminar”. Outra arte que Júnior aprendeu com os pais foi a do diálogo. Os colegas da advocacia atribuem parte de seu sucesso à facilidade para articular. Com isso, tem clientes em todos os partidos. Advoga para o DEM como já defendeu o PMDB, deputados do PT, prefeitos das mais diferentes siglas. “Isso (a proeza da comunicação) ele tem desde criança”, baba o pai. Em Posse, seu prestígio de advogado é tamanho que ultrapassou o de político, mesmo que ele tenha atuado em todas as campanhas. As disputas eleitorais ensejam muita confusão, nem todas políticas ou jurídicas. Em 1994, o deputado representante de Posse, Walter Rodrigues, hoje presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, saiu vice da agora senadora Lúcia Vânia. Ainda se podia distribuir alimentos e os generosos representados pelo então candidato a vice fizeram uma grande festa, tendo como organizadores jovens como o hoje candidato a vice. Fim do evento, um passou mal. Depois, outro. E mais outros. E quase todos. Dez esseis anos depois não se sabe se foram as duas caixas d’água de chope que provocaram a maior disenteria coletiva da história de Posse. Quem conta, atualmente, ri, mas o próprio sofreu à época. Antes de Lúcia, o adolescente Júnior esteve com Henrique Santillo na eleição de 1986: “Fui ao aeroporto recepcionar o Santillo e o líder da juventude, Marconi Perillo”. Na terceira eleição seguint e, Marconi é que era ca ndidato a governador e José Eliton, já advogado, coordenou a assessoria jurídica naquela parte do Estado. Agora, novament e na terc eira eleição seguinte, outros adolescent es como Júnior irão ao campo de aviação de Posse receber Marconi e seu vice local. Don a Mirtes parece não acreditar. É tradição na família Júnior enviar à mãe suas fotos de pescaria: “É cada peixão que eu fico me perguntando se é de verdade ou se é inflável”. A candidat ura é para valer, dona Mirtes, e só infla com voto e torce tanto para o filho que fica apreensiva com o sofrimento para andar atrás desses votos. Se em Posse, de proporções bem menores, o casal penava em época de eleição, imagine no Estado inteiro. Mas ela se acostumou às conquistas do filho. Dona Mirtes resiste em concordar, mas vê-lo ao lado de Marconi, com amplas chances de chegarem ao governo, enche-lhe de orgulho o coração, que antes cabia Posse e agora tem mais de 340 mil quilômetros quadrados — o coração da mãe é do tamanho do Estado de Goiás.