O documento discute as atividades agrícolas, de criação de gado e pesca em diferentes escalas, desde a global até a nacional. A agricultura depende de fatores naturais como clima e solo, com as regiões temperadas sendo mais propícias. Existem grandes contrastes entre a agricultura moderna mecanizada dos países ricos versus a agricultura tradicional manual dos países pobres.
1. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
9ºano
AULA Nº6
Olá turma!
Hoje, vamos falar de agricultura, criação de gado e pescas, atividades primárias a diferentes escalas, da escala
global à escala nacional.
A agricultura
É a primeira atividade produtiva que o Homem desenvolveu. A sua descoberta foi tão importante que
revolucionou o mundo dos nossos antepassados e iniciou uma nova era. Falamos da Revolução do Neolítico, há
10 000 anos atrás, da passagem do nomadismo ao sedentarismo e do começo da atividade produtiva agrícola
assim como da alteração da paisagem de forma consciente pelo ser humano, isto é, da construção do espaço
geográfico.
Antes como agora, a atividade agrícola depende de um conjunto de fatores, uns físicos, outros humanos.
Entre os fatores físicos ou naturais podemos salientar o clima, o relevo e o solo. Porquê?
O clima porque é o mais importante de todos.
E, dentro do clima, a temperatura e a humidade.
Qualquer ser vivo só sobrevive com água e com uma temperatura ambiente que permita o funcionamento de
todo o seu organismo. É claro que, animais ou plantas, podem suportar situações adversas mas, caso seja
ultrapassado o limite do suportável, o ser vivo morre.
Quando falamos de temperatura do ar, o que é limitativo da vida é o frio. Se os valores de temperatura são muito
baixos o solo fica coberto de gelo, a água gela e a agricultura torna-se impossível.
A humidade do ar é, também, fundamental. Todo o organismo vivo é feito de células e, nestas, a acumulação de
água é grande embora variável de organismo para organismo. Ora, a humidade do ar – quantidade de vapor de
água que existe na atmosfera terreste, vai permitir a formação de nuvens, estas originam precipitação que,
chegada à terra, vai alimentar as plantas e os animais. Donde, caso não exista chuva ou ela seja escassa, não
vai haver vida.
Conjugando temperatura e humidade, podemos afirmar que o frio e a aridez (secura) são fatores que, estando
presentes, vão condicionar ou, mesmo, impedir a prática da agricultura.
A nível global, isto significa que há vastas regiões à superfície da Terra que não suportam qualquer tipo de
agricultura: regiões polares e subpolares, regiões montanhosas a partir de certa altitude e desertos, sejam
quentes (Saara) ou temperados (Góbi).
Dito de outro modo, é nas regiões temperadas
do hemisfério Norte e do hemisfério Sul, que
se localizam as principais áreas de produção
agrícola.
Países como os EUA (milho), China (trigo e
arroz), Índia (arroz), a Norte, Austrália e
Argentina, no Sul, são exemplos de grandes
produtores de cereais no mundo e ocupam os
primeiros lugares na produção a nível mundial
(ver gráfico ao lado).
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2. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
Neste planisfério climático podemos identificar as áreas do globo (mais extensas no hemisfério Norte do que no hemisfério
Sul) que, pelas suas caraterísticas climáticas, apresentam maiores potencialidades agrícolas.
Planisfério
Físico
do
Mundo
A conjugação do relevo e do clima retira, igualmente, áreas significativas à produção agrícola. Porém, nas regiões tropicais, é
em altitude que se encontram situações climáticas favoráveis à agricultura.
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3. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
A localização dos principais produtores mundiais de cereais, por exemplo, reflete as condições de clima e relevo
mais favoráveis assim como de solo. Um solo forma-se ao longo de muitos e muitos anos, a partir da
desagregação das rochas e da putrefação de animais e plantas que vão enriquecendo o solo em matéria
orgânica. É nas regiões temperadas dos hemisférios norte e sul que se encontram as chamadas “terras negras”,
solos castanhos que são os mais férteis à superfície do globo.
De acordo com a legenda deste planisfério, o chaparral e as florestas temperadas constituem
as áreas do globo de solos mais férteis.
Para ultrapassar a existência de condições naturais menos propícias à prática agrícola, há técnicas que podem
lutar contra essas adversidades e provocar uma melhoria das condições mais desejáveis com os objetivos dos
produtores.
Desde que se tornou um agricultor, o homem sempre procurou soluções para os obstáculos que o impedem de
obter o que deseja. Muitas técnicas agrícolas que ainda hoje se mantêm são fruto de uma grande habilidade e
engenho humano mas, em termos de resultados económicos, poucas vantagens delas resultam.
Com a revolução industrial (meados do século XVIII), contudo, a agricultura passou a usufruir de técnicas e
tecnologia que explicam os enormes sucessos obtidos, hoje, na produção agrícola mundial.
Os especialistas dizem que, o que se produz, é suficiente para que não houvesse fome no mundo. Infelizmente,
fome e subnutrição são problemas gravíssimos que ainda persistem no mundo atual. Má distribuição e
fenómenos políticos são, mais do que o clima, o relevo e os solos, causas dos cenários reais de milhares de
seres humanos que todos os dias são vítimas desta lamentável situação. Em muitos outros países, é o
desperdício resultante dos excedentes de produção que provoca revolta em quem não tem de comer.
Tal como já sabemos pelas aulas anteriores e pelo que discutimos nas aulas presenciais, há grandes contrastes
entre os países ditos desenvolvidos e os ditos em desenvolvimento.
Genericamente, nos países ricos, pratica-se uma agricultura moderna, sinónimo de agricultura mecanizada.
Nos países pobres, pelo contrário, pratica-se uma agricultura tradicional onde imperam técnicas tradicionais, isto
é, manuais.
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4. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
Como podemos observer pelos
documentos ao lado, comprova-se que a
produção é superior ao crescimento
populacional.
Segundo a FAO, Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura, desde 1962 até 2013, a
produção de carnes foi sempre superior
ao número de habitantes no mundo. E,
as projeções, apontam para um cenário
semelhante até 2050.
O segundo gráfico, referente à produção
de alimentos, apesar de considerar o
período de 1951 até 1995, permite
admitir que a tendência representada se
manteve nos anos seguintes, isto é, a
população aumenta mas a produção de
alimentos sempre foi superior ao
crescimento demográfico.
Nesta imagem, que perspetiva o futuro
em termos de procura alimentar,
identifica-se um dos graves problemas
ambientais relacionados com as
modernas práticas agrícolas. À medida
que se forem reduzindo os níveis de
pobreza irá aumentar a procura de
alimentos. Para responder a este
aumento, muitos agricultores sentir-seão impelidos a práticas agrícolas
intensivas com as quais querem obter os
máximos lucros. Ora, a realidade atual
mostra que tais práticas são inimigas do
ambiente: gastam muita energia fossil,
esgotam os solos e são muito poluentes
das águas e dos solos.
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5. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
Como podemos
ver neste
planisfério, são os
países mais
pobres, em África
e Ásia, que mais
sofrem com a
fome.
A América latina
já evoluiu no
sentido de
ultrapassar o
problema na
maioria dos
países.
Como é fácil concluir pelo texto atrás e pelas imagens já analisadas, para além dos fatores físicos de que
depende a agricultura, há que considerar os fatores humanos.
Grau de desenvolvimento económico e nível técnico em que se encontra uma sociedade são o resultado de um
passado histórico que, principalmente, a partir da Revolução Industrial, tem provocado uma divisão entre um
número reduzido de países que se industrializaram e um número muito extenso de países que, dada a sua
condição de colonizados, durante muito tempo não puderam avançar para a industrialização e que, por isso, se
encontram ainda num estádio de crescimento e desenvolvimento humano muito inferior ao dos países de IDH
muito alto e alto.
Os tipos de agricultura que se praticam no mundo traduzem estas mesmas diferenças. Revelam, também, que
há um tipo de agricultura que, sendo moderna e recorrendo a técnicas avançadas e sofisticadas, se localiza em
países pobres e onde a maioria da população ainda vive de uma agricultura de subsistência. É a agricultura de
plantação, comercial, especulativa, praticada por multinacionais que, nesses países, exploram os solos mais
férteis e produzem exclusivamente para exportação. Cacau, café, borracha, chá, algodão, cana sacarina,
bananas, são exemplos de produtos que compões a variedade de produtos que engrossam os fluxos de
exportação desde países tropicais até aos países ricos das regiões temperadas.
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7. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
Agricultura moderna: grandes explorações, regulares, abertas; monocultura especializada, ora de cereais de
sequeiro (trigo, aveia ou centeio), ora de cereais irrigados (milho) recorrendo, neste caso, a sofisticados sistemas
de irrigação; elevada produtividade do trabalho (forte mecanização) e elevados rendimentos da terra.
Como atividade que busca o lucro, este tipo de agricultura recorre a diferentes fatores de produção para além
dos básicos, terra, capital e trabalho. A terra, tem que ser mais extensa e, portanto, comprada ou concentrada na
mão de agricultores que se associam para juntar as suas terras e criar explorações de maiores dimensões, mais
rentáveis (emparcelamento).
O capital tem que ser substancialmente mais volumoso podendo ser necessário solicitar empréstimo a um
banco. O dinheiro é necessário, por exemplo, para comprar terra, máquinas, ferramentas, sistemas de irrigação,
sementes selecionadas, investigação laboratorial, salários, energia fóssil …
O trabalho é exercida por um número reduzido de trabalhadores comparativamente com a extensão da
exploração dado que, as técnicas dominantes, são mecanizadas. Nestas explorações, também, tem que haver
técnicos especializados como engenheiros agrónomos, veterinários e contabilista.
Hoje, há uma tendência para condenar esta forma tão intensiva de trabalhar a terra. Atingem-se excessos de
produção que, muitas vezes, são eliminados para manter os preços de venda altos quando, noutras partes do
mundo, há quem morra de fome.
Para atingir níveis de rendimento e produtividade elevadíssimos gastam-se verbas avultadas em adubos e
fertilizantes fabricados que, uma vez no solo, vão causar poluição e, mesmo, alterar o sabor dos produtos.
Chega-se a um ponto, por vezes, de não se justificar mais investimento pois, a partir de certa altura, os solos
estão tão saturados que já não produzem mais por muito que neles se invista.
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8. RESUMO DAS AULAS DE GEOGRAFIA – 2013/2014
Agricultura tradicional: pequenas explorações, irregulares, vedadas; sistema de cultura policultural com recurso,
por vezes, ao esforço muscular dos animais, uso de técnicas rudimentares; baixíssima produtividade do trabalho
e rendimentos variáveis da terra.
Fonte - http://pt.alltech.com/blog/posts/agricultura-de-precisao
https://www.google.pt/search?sistema-semi-hidroponico-de-morangos
Dois exemplos da aplicação da técnica ao serviço da agricultura moderna. À esquerda, o uso de meios
informáticos para a obtenção da máxima precisão de resultados numa exploração. À direita, a técnica de
produzir morangos sem uso de terra, isto é, por hidroponia.
Numa próxima aula, falaremos de pecuária e pesca.
Prof. Idalina Leite
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