O documento discute as relações tróficas entre predadores e presas e suas adaptações. A predação é um processo ecológico fundamental que influencia a evolução e a dinâmica de populações. Tanto predadores quanto presas desenvolveram adaptações para capturar/evitar a captura. A interação entre populações pode levar a equilíbrios dinâmicos ou extinções locais. Exemplos clássicos como a lebre-da-neve e o lince-canadense ilustram essas dinâmicas.
3. Predação
• Definição padrão: um indivíduo (predador) come
outro indivíduo (presa)
• Conceito amplo (caça, herbivoria, parasitismo,
etc)
• Relação desarmônica mais estudada em
ecologia
• Alta significância ecológica e evolutiva
4. Adaptações de predadores
(forma e função relacionada com a dieta)
• À medida que as presas aumentam
de tamanho, tornam-se mais
difíceis de capturar e os
predadores se tornam mais
especializados
• Mobilidade
• Órgãos de sentido (visão, olfato)
• Estruturas bucais e aparelho
digestivo relacionados com a dieta
5. A percepção do risco da predação: presas desenvolvem
adaptações para evitar seus predadores
•
Refúgios físicos e funcionais
(tamanho)
•
Escape (sentidos aguçados e
velocidade)
•
Coloração (críptica/coloração
de advertência)
•
Adaptações estruturais e
químicas nas plantas e animais
(cheiros ruins, secreções
nocivas, espinhos, carapaças,
etc.)
7. Resultados possíveis da predação
• 1. População de predadores tem pouco efeito na
abundância da população de presas
• 2. População de predadores erradicam a população
de presas (o que pode levar a extinção do predador
por falta de alimento)
• 3. Populações de predadores e presas coexistem
em um equilíbrio dinâmico
9. Exemplo clássico!
A lebre da neve e
o lince
canadense
exibem ciclos
clássicos com
periodicidade de
10 anos.
A lebre alimenta-se
de raízes
(embaixo da
neve); o lince
alimenta-se
primariamente
da lebre.A
10. Mudanças evolutivas desejáveis
para o predador
Desenvolvimento de moderação por parte dos
predadores
- diversificação de presas,
- preferência por presas idosas ou juvenis,
- redução na própria eficiência de captura,
- mecanismos de territorialidade
Predadores não moderados se extinguem!
12. O que favorece a “estabilidade” de
sistemas de presas e predadores?
Sistemas complexos com muitas espécies de
presas e predadores
Sistemas com refúgios espaciais ou de tamanho
Sistemas nos quais os predadores selecionam
preferencialmente as presas de menor valor
reprodutivo
13.
14. Teias alimentares
⇒ Cadeias alimentares
⇒ Teias alimentares
⇒ Conectância =
No Ligações
No Ligações possíveis
No Ligações
possíveis:
N (N – 1)
_________
2
15. ⇒ Onivoria: alimentação em mais de um nível
⇒ Problemas para classificar:
⇒
Aedes spp.
Fitoplancton marinho: ¼ de biomassa pode vir de bactérias
mais bacteriovoria em maior profundidade
(Zubkov & Tarran. 2008. Nature 455:224).
18. CASCATAS TRÓFICAS
A cascata trófica é um importante mecanismo na regulação em
cadeias tróficas
Cascatas tróficas podem emergir a partir de efeitos diretos entre
populações, no qual predadores consomem suas presas e,
portanto, diminuem a abundância de presas que influenciam
níveis tróficos inferiores
Porém, as cascatas tróficas também podem emergir a partir de
efeitos comportamentais indiretos, nos quais as presas alteram
seu comportamento de forrageamento em resposta ao risco de
predação
22. Controle de produtores: tentando generalizar...
“de baixo para cima” produtores vivem bastante (?terrestre)
“de cima para baixo”: produtores vivem pouco (?aquático)
Por que o mundo é verde?
1) Hairston et al. (1960): predadores controlam herbívoros
2) Murdoch (1966): mundo espinhento e de sabor desagradável
23. Todas cascatas são molhadas?
Cascatas devem ser mais comuns nas seguintes situações:
1)
2)
3)
4)
hábitats discretos e homogêneos;
dinâmica de pop. presas são rápidas em relação a consumidores;
a presa comum tende a ser consumida por todos;
níveis tróficos tendem a ser discretos com interações fortes.
Ambientes pelágicos de lagos, bentos de rios e costões rochosos
tendem a atender as situações acima.
Em comunidades ricas: relações difusas tamponariam efeitos,
embora ainda assim possam existir como:
“gotas” tróficas (cascatas em nível de espécies)
24. Efeitos não esperados:remoção de um competidor pode diminuir densidade de outro.
-2
Biomassa (g m )
Densidade herbívoro
(indivíduos m-2)
remoção de um predador pode causar diminuição densidade presa.
a
10000
8000
6000
b
4000
2000
c
c
0
100
80
a
b
60
a
b
40
20
0
plantas
plantas
plantas
plantas
+
+
+
herbívoros
herbívoros herbívoros
+
+
1 predador 4 predadores
Fonte: Finke, D.L. & R.F. Reno. 2004. Predator diversity dampens trophic cascades. Nature 429: 407-410
25. ⇒ Cadeias em geral com 2 a 5 níveis; frequentemente 3 ou 4.
⇒ Hipóteses para explicar poucos níveis
a) fluxo de energia
↑ produtividade, ↑ maior número níveis
↑ eficiência transferências, ↑ número níveis
⇒ Meta-análise rejeitou hipótese, embora ambientes mais
produtivos contenham maior S; “chance” de existir várias
cadeias dentro da teia
b) restrições de comportamento e forma de predadores
- predadores teriam que ser cada vez maiores
- áreas de vida teriam que ser cada vez maiores
⇒ por que não predar herbívoros ?
c) susceptibilidade de predadores à perturbações
26. Biocomplexidade: além da listagem
Estrutura: relação entre espécies
A
1
2
3
B
4
C
5
E
6
7
F
8
9
10
Diversidade de espécies
11
13 14
15
27. Diversidade de interações
uma comunidade campestre na Inglaterra
Dawah et al. (1995). Structure of the parasitoid communities of grass-feeding chalcid wasps. J. Anim. Ecol. 64 708-720
28. Diversidade de interações
uma floresta tropical em Porto Rico
Espécies tróficas
Waide & Reagan (orgs) 1996. The Food Web of a Tropical Forest. Univ. Chicago Press.
29. Intensidade de predação
• Predação pode eliminar espécies da comunidade
• Coexistência mediada pelo predador
– Reduz a pressão exercida pela competição
• Predadores como espécies-chave
30. Espécies chaves
-- Espécies importantes na comunidade; sua retirada causa grandes
mudanças na composição e abundância relativa de muitas spp.
-- Em geral relacionado a relações tróficas
-- Exemplos: Pisaster sp., Onças (predadores de topo)
Palmito, Araucária (provisão de recursos, às vezes em
épocas de escassez)
32. Evidência empírica
Comunidades em costões rochosos:
–
–
–
–
Pisaster (estrela-do-mar),
predador de topo
Teia trófica relativamente
estável (constante)
Pisaster alimenta-se de
outro predador Thais
(caramujo), e quítons,
cracas, lapas, bivalves, e
outros moluscos
Thais alimenta-se de
bivalves e cracas
Paine (1966) American Naturalist.
42. Espécies engenheiras
-- “Organismos que direta ou indiretamente modulam a disponibilidade
de recursos (outros que não eles mesmos) para outras espécies,
causando mudanças no estado físico de materiais bióticos e abióticos”
Jones, Lawton e Shachak (1994). Oikos 69:373-386.
-- Dois tipos:
Engenheiros autogênicos: mudam o ambiente a partir de seu
próprio corpo (tecidos vivos ou mortos)
Exemplos: Árvores de florestas;
“Explosão” algas planctônicas mar
Plantas que retém água em cavidades
Engenheiros alogênicos: mudam o ambiente transformando materiais
biológicos ou não de um estado físico para outro
Exemplos: Castor
“Bioturbators”
Minhocas
Cupins de montículo
Elefantes
Homo sapiens também !!!
43.
44.
45.
46. Prochilodus mariae
(Curimbatá ou Curimba)
Flecker, A.S. 1996. Ecosystem
engineering by a dominant detritivore in
a diverse tropical stream. Ecology
77:1845-54.
fotos: A.S. Flecker
foto: M. Landines (Fishbase)
47. Flecker, A.S. 1996. Ecosystem engineering
by a dominant detritivore in a diverse tropical
stream. Ecology 77:1845-54.
55. A vulnerabilidade da teia trófica
Co-extinções:
efeito dominó
multiplicador
de extinções
pouco
conhecido
Avaliações
ainda iniciais
Koh et al. 2004, Science 305:1632
57. Aplicações práticas
Biomanipulação de cadeias tróficas
Qual o objetivo?
- Melhorar a qualidade da água por meio da redução do
fitoplâncton e diminuição da turbidez da água.
Como é feito?
-Indução do aumento da predação do zooplâncton sobre o
fitoplâncton
- Redução da biomassa de peixes zooplanctívoros
(pesca ou introdução de peixes pícivoros)
58. Aplicações práticas
Biomanipulação de
cadeias tróficas
Lago Mendota (Wisconsin, EUA)
Estoque de alevinos de duas
espécies
de peixes antes e após a
biomanipulação
Espécies se alimentam de
zooplânton
Lathrop et al. (2002)
59. Aplicações práticas
Controle biológico
Introdução de um inimigo natural
- Controle populacional de uma praga
Melhor que usar pesticidas (herbicidas, inseticidas, etc)
Funciona se o predador/parasitóide for especialista
Problemas com predadores/parasitóides generalistas
Exemplos:
- Coelhos na Austrália
- Serpentes na Austrália
- Besouros no lago Moon Darra (Austrália)