SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 4
Downloaden Sie, um offline zu lesen
R E S E N H A
 Tempo Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro
 BASTOS, Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro de 2002.
 de 2002.




        Ciências sociais e trabalho
                intelectual
                                               ELIDE RUGAI BASTOS




RESUMO: O texto resenha Ciências sociais e trabalho intelectual, de Renato                           PALAVRAS-CHAVE:
Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002).                                                                ciências sociais,
                                                                                                     pensamento
                                                                                                     sociológico.




O
          O livro pode parecer, para o leitor desavisado, apenas um con-
          junto de estudos sobre autores - o que já seria bastante e, sem
          dúvida, de grande interesse e importância. Mas o texto é mais
          do que isso colocando e enfrentando problemas que centrali-
zam a reflexão das Ciências Sociais.
          Uma parte dessas questões encontra-se expressa e sistematiza-
da no primeiro ensaio, outras são desenvolvidas nos estudos sobre auto-
res, algumas ainda atravessam o trabalho como um todo. Sem pretender
esgotar o assunto, que ganha excelente formulação no livro de Renato
Ortiz, aponto algumas que me parecem fundamentais para uma revisita
ao métier de sociólogo e que podem se configurar como críticas a alguns
caminhos trilhados pelas políticas educacional e de pesquisa no país.
          A indagação sobre o que é o trabalho intelectual aciona a refle-
xão. A operacionalização se dá a partir da pergunta - como se processa o
trabalho intelectual? - para só depois discutir o que é esse trabalho e qual
seu sentido. Assim, reconstruindo o processo, mostra que se trata de um
                                                                                                     Professora do Depar-
fazer, procedimento que carrega consigo uma qualidade artesanal. Dessa                               tamento de Sociologia
característica resulta, de um lado, tratar-se de um artefato construído                              do IFCH - UNICAMP

                                                                                                                           209
BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro
 de 2002.




                              pedaço por pedaço, e de outro, ser uma construção referida à totalidade.
                              Em se tratando das Ciências Sociais, cada pesquisa coloca questões dife-
                              rentes ou, tratando-se da mesma problemática, de visões a partir de um
                              outro ângulo. Por esse motivo, faz-se necessário refazer todos os passos
                              da prática sociológica: investigação bibliográfica, pesquisa empírica, busca
                              de fontes primárias, leituras diversas, anotações, seleção de material, ela-
                              boração de conceitos, escritura. Trata-se, pois, de um trabalho árduo e
                              disso resulta a necessidade de um método para ancorar a reflexão. O
                              autor aponta essa importância mostrando a centralidade da metodologia
                              na análise dos diferentes autores enfocados.
                                          A partir dessas considerações define o trabalho intelectual pelo
                              que é e pelo que não é. Assim, é um projeto, uma ação deslocada para o
                              futuro na qual o indivíduo se realiza por inteiro. É um trabalho em seu
                              sentido profundo - não alienado, único, singular. Traz em si a idéia de
                              incompletude, isto é, a próxima reflexão tem o poder/dever de acrescen-
                              tar, criticar, renovar. Mais ainda, é resultado de um “demônio interior”,
                              que deve ser periodicamente alimentado. Não pode ser mensurado, ser
                              visto a partir da quantificação das ações ou por sua mecânica aplicabilidade.
                              Não deve ser confundido com a comercialização das idéias, com a
                              burocratização do pensamento. Não pode ser prisioneiro da instituciona-
                              lização das demandas do mercado, das fontes de financiamento ou dos
                              prazos, pois, na maior parte das vezes, isto constrange a construção do
                              objeto de pesquisa, que deve ser definido a partir de um amadurecimento
                              das questões.
                                          O tema desdobra-se na área das Ciências Sociais. Por que Ci-
                              ências Sociais e não Sociologia, uma vez que Renato Ortiz analisa textos
                              dos chamados pais da Sociologia ou clássicos contemporâneos da disci-
                              plina? Considerando que as Ciências Sociais vivem dos conceitos e que é
                              necessário lapidá-los, mostra que os instrumentos da lapidação são vários
                              e múltiplos. Disso decorre sua visão de articulação entre as diversas áre-
                              as. Trata-se da negação da fragmentação das Ciências Sociais, da afirma-
                              ção de um diálogo que persiste apesar das estruturas universitárias, das
                              políticas oficiais orientadoras da pesquisa. Em outro ângulo, da centralidade
                              de uma multidisciplinaridade que não se reduz à engenharia social mas
                              que se afirma como crítica.
                                          É essa qualidade crítica que caracteriza as Ciências Sociais. É
                              o que permite a ruptura com o senso comum - a depuração das noções do
                              senso comum transformando-as em abstrações mais complexas, capazes
                              de funcionar como categorias analíticas do pensamento. Esse traço resul-
                              ta numa tensão. As Ciências Sociais operam a partir de um duplo movi-
                              mento: tanto visam apreender a realidade como distanciam-se da realida-
                              de imediata, construindo uma outra espacialidade que permite o pensa-
                              mento. É essa operação que permite ir além da aparência, revelar o ocul-
                              to, ir além das consciências individuais.
210
BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro
 de 2002.




           Esse campo tenso permeia toda a reflexão sociológica. Por exem-
plo, as teorias e os conceitos representam de um lado a independência da
criação, da formulação do autor; de outro, devem encarnar-se em institui-
ções - universidades, centros de pesquisa - que propiciam possibilidades
de debates e conferem legitimidade às mesmas. Ou seja, as Ciências
Sociais puderam progredir não apenas por causa das boas idéias, mas
também pelo desenvolvimento dos centros de pesquisa, pela criação de
bibliotecas, pela edição de revistas acadêmicas, pela realização de con-
gressos e encontros científicos. Mas isso, que representou uma amplia-
ção da atuação, pode levar a alimentar uma lógica mercantil, alheia ao
trabalho acadêmico e submetida ao mundo midiático.
           Um terceiro conjunto de questões diz respeito à produção do
pensamento social, que no livro se explicita na análise dos diferentes au-
tores - Durkheim, Escola de Frankfurt, Benjamin, Bourdieu - ou no ba-
lanço sobre as Ciências Sociais no Brasil. Em cada uma dessas análises
Renato Ortiz mostra como os intelectuais dialogam com seu tempo e bus-
cam, direta ou indiretamente, soluções para a questão social. Inserindo a
reflexão no momento de sua produção, recupera não só o diálogo com os
intérpretes anteriores, como aponta as diferentes fases do pensamento do
autor. Tomo como exemplo o texto sobre As Formas Elementares da
Vida Religiosa de Durkheim. A questão das continuidades e desconti-
nuidades de sua argumentação contraposta aos livros escritos anterior-
mente não está referida apenas a um problema de lógica interna da pro-
posta durkheimiana, mas direciona-se à forma pela qual esse autor opera
uma reorganização dos conceitos. O procedimento também se aplica ao
balanço que Renato Ortiz faz das contribuições dos diferentes cientistas
sociais em relação àqueles que os antecederam.
           Além disso indaga, ao analisar os autores que produziram no
passado, sobre a contemporaneidade de sua obra. Essa contemporaneidade
não reside apenas na permanência dos temas, mas principalmente na aber-
tura dos mesmos para uma abordagem nova, que amplie o âmbito das
Ciências Sociais. Volto ao exemplo da análise sobre As Formas Elemen-
tares da Vida Religiosa, onde Renato mostra que o texto de Durkheim
pode ser colocado além de um estudo sobre a religião pois abre-se para a
temática da ideologia. Em outros termos, como o tema permite descortinar
um campo novo de reflexão que se constituirá em preocupações da socio-
logia contemporânea, da sociologia do conhecimento. Durkheim, ao co-
locar o problema do modo de apreensão do mundo - a representação -
permite o desdobramento da indagação em dois eixos - a forma e o con-
teúdo - isto é, o que é pensado e o modo de pensar. Simultaneamente a
retomada de um problema colocado no passado pela filosofia e seu refle-
xo para o futuro da sociologia.
           Assinalo, ainda, um texto que abre muitos temas à discussão:
Notas sobre as Ciências Sociais no Brasil. Mobilizando os elementos
                                                                                                                              211
BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro
 de 2002.




                              que servem de base para as reflexões anteriores, o autor mostra como e
                              porque a sociologia desenvolvida na Universidade de São Paulo entre os
                              anos 1950 e 1960 explicita os rumos das Ciências Sociais no Brasil e a
                              constituição do campo sociológico brasileiro. Não se trata apenas de pensar
                              a contribuição inegável desses autores, mas de apontar para um momento
                              em que essas ciências se institucionalizaram, em patamar diferente do de
                              1930. Analisar esse momento permite que explicite os resultado da re-
                              pressão operada pela ditadura militar tanto no campo da estruturação da
                              sociedade como na forma pela qual se organiza o pensamento. Este se
                              traduz mais em relatórios de pesquisa e em papers do que em livros.
                              Portanto, o período fornece uma visão fragmentada da situação social. A
                              quase ausência de livros, dificultada pela restrição do debate, resulta no
                              rompimento com uma tradição totalizadora que permitiria a síntese dos
                              problemas abordados fragmentariamente. Em outras palavras, a inter-
                              venção do intelectual na sociedade far-se-á prioritariamente como enge-
                              nharia social e pouquíssimo como crítica social.
                                        O livro, que reúne trabalhos escritos em momentos diversos,
                              tem uma clara linha que os unifica. Como se vê, trata-se de texto que
                              coloca para a reflexão problemas centrais tanto para o trabalho intelectual
                              como para o exercício das Ciências Sociais.




                                                                   Recebido para publicação em setembro/2002



                              BASTOS, Elide Rugai. Social Sciences and Intellectual Work. Tempo Social, Rev. Sociol. USP, S. Paulo,
                              14(2): 209-212, October 2002.


KEYWORDS:                     ABSTRACT: This text is a review of Ciências sociais e trabalho intelectual by
Social Sciences,              Renato Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002).
Sociological thinking.




212

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacional
Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacionalResenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacional
Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacionalWillian Fellipe
 
Spink linguagem e_producao_de_sentidos
Spink linguagem e_producao_de_sentidosSpink linguagem e_producao_de_sentidos
Spink linguagem e_producao_de_sentidosJéssica Petersen
 
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9O ensino das ciencias de base cognitiva cp9
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9Carlos Alberto Monteiro
 
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau152150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1Péricles Oliveira
 
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)Gabriella Vieira
 
EXEMPLO DE RESENHA CRITICA
EXEMPLO DE RESENHA CRITICAEXEMPLO DE RESENHA CRITICA
EXEMPLO DE RESENHA CRITICALarissa Gomes
 
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonRbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonsamispl
 
Apostila de sociologia 1° ano
Apostila de sociologia 1° anoApostila de sociologia 1° ano
Apostila de sociologia 1° anoAlexandre Quadrado
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-201158850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011renato1047
 

Was ist angesagt? (13)

Sociologia funcionalista de Durkheim
Sociologia funcionalista de DurkheimSociologia funcionalista de Durkheim
Sociologia funcionalista de Durkheim
 
Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacional
Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacionalResenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacional
Resenha crítica sobre o artigo liderança, poder e comportamento organizacional
 
Spink linguagem e_producao_de_sentidos
Spink linguagem e_producao_de_sentidosSpink linguagem e_producao_de_sentidos
Spink linguagem e_producao_de_sentidos
 
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9O ensino das ciencias de base cognitiva cp9
O ensino das ciencias de base cognitiva cp9
 
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau152150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1
52150697 resenha-critica-abnt-o-trabalho-thau1
 
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)
[Fichamento] charlot, bernard. por uma sociologia do sujeito (33 49)
 
EXEMPLO DE RESENHA CRITICA
EXEMPLO DE RESENHA CRITICAEXEMPLO DE RESENHA CRITICA
EXEMPLO DE RESENHA CRITICA
 
Apostila de sociologia 1⺠termo Eja
Apostila de sociologia   1⺠termo EjaApostila de sociologia   1⺠termo Eja
Apostila de sociologia 1⺠termo Eja
 
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonRbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
 
Apostila de sociologia 1° ano
Apostila de sociologia 1° anoApostila de sociologia 1° ano
Apostila de sociologia 1° ano
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Resenha crítica
Resenha crítica Resenha crítica
Resenha crítica
 
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-201158850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
58850836 resenhas-do-conc-peb-ii-2011
 

Andere mochten auch

LeituraMundoDigitalFabiana
LeituraMundoDigitalFabianaLeituraMundoDigitalFabiana
LeituraMundoDigitalFabianaffkuster
 
Còpia de la vida a priori de l'alba
Còpia de la vida a priori de l'albaCòpia de la vida a priori de l'alba
Còpia de la vida a priori de l'albajoycesf98
 
Importància d'escriure bé
Importància d'escriure béImportància d'escriure bé
Importància d'escriure béximojornet
 
O universo e o sistema solar. clase 4c
O universo e o sistema solar. clase 4cO universo e o sistema solar. clase 4c
O universo e o sistema solar. clase 4cRecursos Educativos
 
Sistemas Informacion Gerencial
Sistemas Informacion GerencialSistemas Informacion Gerencial
Sistemas Informacion Gerencialguestfb90a7
 
Missatges de la perla2013
Missatges de la perla2013Missatges de la perla2013
Missatges de la perla2013CEIP Gironella
 
Presentación1
Presentación1Presentación1
Presentación1facundito
 
La centralizacion y descentralizacion
La centralizacion y descentralizacionLa centralizacion y descentralizacion
La centralizacion y descentralizacionjuanitaelianita
 
Carreteiro na escola
Carreteiro na escolaCarreteiro na escola
Carreteiro na escola29setembro
 
Sala De 5 AñOs
Sala De 5 AñOsSala De 5 AñOs
Sala De 5 AñOsjapedro
 
Diferentes olhares para um mesmo mundo!
Diferentes olhares para um mesmo mundo!Diferentes olhares para um mesmo mundo!
Diferentes olhares para um mesmo mundo!LeandroFuzaro
 
Presentació1 activitats aquatiques
Presentació1 activitats aquatiquesPresentació1 activitats aquatiques
Presentació1 activitats aquatiquesKarina Villavicencio
 

Andere mochten auch (20)

LeituraMundoDigitalFabiana
LeituraMundoDigitalFabianaLeituraMundoDigitalFabiana
LeituraMundoDigitalFabiana
 
Còpia de la vida a priori de l'alba
Còpia de la vida a priori de l'albaCòpia de la vida a priori de l'alba
Còpia de la vida a priori de l'alba
 
Analise da pintura
Analise da pinturaAnalise da pintura
Analise da pintura
 
Importància d'escriure bé
Importància d'escriure béImportància d'escriure bé
Importància d'escriure bé
 
Nataly
NatalyNataly
Nataly
 
Le emozioni
Le emozioniLe emozioni
Le emozioni
 
O universo e o sistema solar. clase 4c
O universo e o sistema solar. clase 4cO universo e o sistema solar. clase 4c
O universo e o sistema solar. clase 4c
 
Sistemas Informacion Gerencial
Sistemas Informacion GerencialSistemas Informacion Gerencial
Sistemas Informacion Gerencial
 
Missatges de la perla2013
Missatges de la perla2013Missatges de la perla2013
Missatges de la perla2013
 
Presentación1
Presentación1Presentación1
Presentación1
 
La centralizacion y descentralizacion
La centralizacion y descentralizacionLa centralizacion y descentralizacion
La centralizacion y descentralizacion
 
Lei hermetica
Lei hermeticaLei hermetica
Lei hermetica
 
El verb
El verbEl verb
El verb
 
Ad1
Ad1 Ad1
Ad1
 
Simbiosis animal
Simbiosis animalSimbiosis animal
Simbiosis animal
 
Carreteiro na escola
Carreteiro na escolaCarreteiro na escola
Carreteiro na escola
 
Sala De 5 AñOs
Sala De 5 AñOsSala De 5 AñOs
Sala De 5 AñOs
 
Diferentes olhares para um mesmo mundo!
Diferentes olhares para um mesmo mundo!Diferentes olhares para um mesmo mundo!
Diferentes olhares para um mesmo mundo!
 
Beijing 2008
Beijing  2008Beijing  2008
Beijing 2008
 
Presentació1 activitats aquatiques
Presentació1 activitats aquatiquesPresentació1 activitats aquatiques
Presentació1 activitats aquatiques
 

Ähnlich wie Análise da obra Ciências sociais e trabalho intelectual de Renato Ortiz

SlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptxSlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptxAdoniasCarvalho4
 
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...christianceapcursos
 
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysisClaudinei de Almeida
 
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docx
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docxresumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docx
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docxPATRICIA D'ÁVILA
 
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...christianceapcursos
 
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...Natalia Ribeiro
 
O estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemO estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemQuitriaSilva2
 
Retratos sociológicos bernard lahite
Retratos sociológicos   bernard lahiteRetratos sociológicos   bernard lahite
Retratos sociológicos bernard lahiteMara Salvucci
 
Métodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita CientíficaMétodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita Científicaviviprof
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Planejamento de Filosofia e arte 2º bimestre
Planejamento de Filosofia e  arte  2º bimestrePlanejamento de Filosofia e  arte  2º bimestre
Planejamento de Filosofia e arte 2º bimestreMary Alvarenga
 
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma tese
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma teseResenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma tese
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma teseJuliana Gulka
 

Ähnlich wie Análise da obra Ciências sociais e trabalho intelectual de Renato Ortiz (20)

SlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptxSlidesSem10122000000000000000000000.pptx
SlidesSem10122000000000000000000000.pptx
 
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
 
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
1 burrel e_morgan - sociological paradigms and organizational analysis
 
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docx
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docxresumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docx
resumoexpandido.PatriciaMPSDPires.docx
 
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS:  BOURDIEU, ALE...
COMO FAZER SOCIOLOGIA? UM DIÁLOGO ENTRE ALGUNS CONTEMPORÂNEOS: BOURDIEU, ALE...
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
3
33
3
 
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...
Monografia "Tendência Histórico-Crítica e Emancipação Humana: concepções,sent...
 
Culler parte 2 traduzida
Culler parte 2 traduzidaCuller parte 2 traduzida
Culler parte 2 traduzida
 
O estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagemO estudo cientifico da aprendizagem
O estudo cientifico da aprendizagem
 
Retratos sociológicos bernard lahite
Retratos sociológicos   bernard lahiteRetratos sociológicos   bernard lahite
Retratos sociológicos bernard lahite
 
Métodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita CientíficaMétodos de Investigação e Escrita Científica
Métodos de Investigação e Escrita Científica
 
Aula1arquivoalunos
Aula1arquivoalunosAula1arquivoalunos
Aula1arquivoalunos
 
Miec
MiecMiec
Miec
 
Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Planejamento de Filosofia e arte 2º bimestre
Planejamento de Filosofia e  arte  2º bimestrePlanejamento de Filosofia e  arte  2º bimestre
Planejamento de Filosofia e arte 2º bimestre
 
Apresentação Metodologia do Trabalho Científico
Apresentação Metodologia do Trabalho CientíficoApresentação Metodologia do Trabalho Científico
Apresentação Metodologia do Trabalho Científico
 
Representações sociais da escola
Representações sociais da escolaRepresentações sociais da escola
Representações sociais da escola
 
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma tese
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma teseResenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma tese
Resenha: Um discurso sobre as ciências / Como se faz uma tese
 
3. psicologia social
3. psicologia social3. psicologia social
3. psicologia social
 

Kürzlich hochgeladen

Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfPastor Robson Colaço
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfmirandadudu08
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOColégio Santa Teresinha
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 

Kürzlich hochgeladen (20)

Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO4_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
Regência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdfRegência Nominal e Verbal português .pdf
Regência Nominal e Verbal português .pdf
 
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃOLEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
LEMBRANDO A MORTE E CELEBRANDO A RESSUREIÇÃO
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, Betel, Ordenança quanto à contribuição financeira, 2Tr24.pptx
 

Análise da obra Ciências sociais e trabalho intelectual de Renato Ortiz

  • 1. R E S E N H A Tempo Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro BASTOS, Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro de 2002. de 2002. Ciências sociais e trabalho intelectual ELIDE RUGAI BASTOS RESUMO: O texto resenha Ciências sociais e trabalho intelectual, de Renato PALAVRAS-CHAVE: Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002). ciências sociais, pensamento sociológico. O O livro pode parecer, para o leitor desavisado, apenas um con- junto de estudos sobre autores - o que já seria bastante e, sem dúvida, de grande interesse e importância. Mas o texto é mais do que isso colocando e enfrentando problemas que centrali- zam a reflexão das Ciências Sociais. Uma parte dessas questões encontra-se expressa e sistematiza- da no primeiro ensaio, outras são desenvolvidas nos estudos sobre auto- res, algumas ainda atravessam o trabalho como um todo. Sem pretender esgotar o assunto, que ganha excelente formulação no livro de Renato Ortiz, aponto algumas que me parecem fundamentais para uma revisita ao métier de sociólogo e que podem se configurar como críticas a alguns caminhos trilhados pelas políticas educacional e de pesquisa no país. A indagação sobre o que é o trabalho intelectual aciona a refle- xão. A operacionalização se dá a partir da pergunta - como se processa o trabalho intelectual? - para só depois discutir o que é esse trabalho e qual seu sentido. Assim, reconstruindo o processo, mostra que se trata de um Professora do Depar- fazer, procedimento que carrega consigo uma qualidade artesanal. Dessa tamento de Sociologia característica resulta, de um lado, tratar-se de um artefato construído do IFCH - UNICAMP 209
  • 2. BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro de 2002. pedaço por pedaço, e de outro, ser uma construção referida à totalidade. Em se tratando das Ciências Sociais, cada pesquisa coloca questões dife- rentes ou, tratando-se da mesma problemática, de visões a partir de um outro ângulo. Por esse motivo, faz-se necessário refazer todos os passos da prática sociológica: investigação bibliográfica, pesquisa empírica, busca de fontes primárias, leituras diversas, anotações, seleção de material, ela- boração de conceitos, escritura. Trata-se, pois, de um trabalho árduo e disso resulta a necessidade de um método para ancorar a reflexão. O autor aponta essa importância mostrando a centralidade da metodologia na análise dos diferentes autores enfocados. A partir dessas considerações define o trabalho intelectual pelo que é e pelo que não é. Assim, é um projeto, uma ação deslocada para o futuro na qual o indivíduo se realiza por inteiro. É um trabalho em seu sentido profundo - não alienado, único, singular. Traz em si a idéia de incompletude, isto é, a próxima reflexão tem o poder/dever de acrescen- tar, criticar, renovar. Mais ainda, é resultado de um “demônio interior”, que deve ser periodicamente alimentado. Não pode ser mensurado, ser visto a partir da quantificação das ações ou por sua mecânica aplicabilidade. Não deve ser confundido com a comercialização das idéias, com a burocratização do pensamento. Não pode ser prisioneiro da instituciona- lização das demandas do mercado, das fontes de financiamento ou dos prazos, pois, na maior parte das vezes, isto constrange a construção do objeto de pesquisa, que deve ser definido a partir de um amadurecimento das questões. O tema desdobra-se na área das Ciências Sociais. Por que Ci- ências Sociais e não Sociologia, uma vez que Renato Ortiz analisa textos dos chamados pais da Sociologia ou clássicos contemporâneos da disci- plina? Considerando que as Ciências Sociais vivem dos conceitos e que é necessário lapidá-los, mostra que os instrumentos da lapidação são vários e múltiplos. Disso decorre sua visão de articulação entre as diversas áre- as. Trata-se da negação da fragmentação das Ciências Sociais, da afirma- ção de um diálogo que persiste apesar das estruturas universitárias, das políticas oficiais orientadoras da pesquisa. Em outro ângulo, da centralidade de uma multidisciplinaridade que não se reduz à engenharia social mas que se afirma como crítica. É essa qualidade crítica que caracteriza as Ciências Sociais. É o que permite a ruptura com o senso comum - a depuração das noções do senso comum transformando-as em abstrações mais complexas, capazes de funcionar como categorias analíticas do pensamento. Esse traço resul- ta numa tensão. As Ciências Sociais operam a partir de um duplo movi- mento: tanto visam apreender a realidade como distanciam-se da realida- de imediata, construindo uma outra espacialidade que permite o pensa- mento. É essa operação que permite ir além da aparência, revelar o ocul- to, ir além das consciências individuais. 210
  • 3. BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro de 2002. Esse campo tenso permeia toda a reflexão sociológica. Por exem- plo, as teorias e os conceitos representam de um lado a independência da criação, da formulação do autor; de outro, devem encarnar-se em institui- ções - universidades, centros de pesquisa - que propiciam possibilidades de debates e conferem legitimidade às mesmas. Ou seja, as Ciências Sociais puderam progredir não apenas por causa das boas idéias, mas também pelo desenvolvimento dos centros de pesquisa, pela criação de bibliotecas, pela edição de revistas acadêmicas, pela realização de con- gressos e encontros científicos. Mas isso, que representou uma amplia- ção da atuação, pode levar a alimentar uma lógica mercantil, alheia ao trabalho acadêmico e submetida ao mundo midiático. Um terceiro conjunto de questões diz respeito à produção do pensamento social, que no livro se explicita na análise dos diferentes au- tores - Durkheim, Escola de Frankfurt, Benjamin, Bourdieu - ou no ba- lanço sobre as Ciências Sociais no Brasil. Em cada uma dessas análises Renato Ortiz mostra como os intelectuais dialogam com seu tempo e bus- cam, direta ou indiretamente, soluções para a questão social. Inserindo a reflexão no momento de sua produção, recupera não só o diálogo com os intérpretes anteriores, como aponta as diferentes fases do pensamento do autor. Tomo como exemplo o texto sobre As Formas Elementares da Vida Religiosa de Durkheim. A questão das continuidades e desconti- nuidades de sua argumentação contraposta aos livros escritos anterior- mente não está referida apenas a um problema de lógica interna da pro- posta durkheimiana, mas direciona-se à forma pela qual esse autor opera uma reorganização dos conceitos. O procedimento também se aplica ao balanço que Renato Ortiz faz das contribuições dos diferentes cientistas sociais em relação àqueles que os antecederam. Além disso indaga, ao analisar os autores que produziram no passado, sobre a contemporaneidade de sua obra. Essa contemporaneidade não reside apenas na permanência dos temas, mas principalmente na aber- tura dos mesmos para uma abordagem nova, que amplie o âmbito das Ciências Sociais. Volto ao exemplo da análise sobre As Formas Elemen- tares da Vida Religiosa, onde Renato mostra que o texto de Durkheim pode ser colocado além de um estudo sobre a religião pois abre-se para a temática da ideologia. Em outros termos, como o tema permite descortinar um campo novo de reflexão que se constituirá em preocupações da socio- logia contemporânea, da sociologia do conhecimento. Durkheim, ao co- locar o problema do modo de apreensão do mundo - a representação - permite o desdobramento da indagação em dois eixos - a forma e o con- teúdo - isto é, o que é pensado e o modo de pensar. Simultaneamente a retomada de um problema colocado no passado pela filosofia e seu refle- xo para o futuro da sociologia. Assinalo, ainda, um texto que abre muitos temas à discussão: Notas sobre as Ciências Sociais no Brasil. Mobilizando os elementos 211
  • 4. BASTOS, Elide Rugai. Ciências sociais e trabalho intelectual. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, outubro de 2002. que servem de base para as reflexões anteriores, o autor mostra como e porque a sociologia desenvolvida na Universidade de São Paulo entre os anos 1950 e 1960 explicita os rumos das Ciências Sociais no Brasil e a constituição do campo sociológico brasileiro. Não se trata apenas de pensar a contribuição inegável desses autores, mas de apontar para um momento em que essas ciências se institucionalizaram, em patamar diferente do de 1930. Analisar esse momento permite que explicite os resultado da re- pressão operada pela ditadura militar tanto no campo da estruturação da sociedade como na forma pela qual se organiza o pensamento. Este se traduz mais em relatórios de pesquisa e em papers do que em livros. Portanto, o período fornece uma visão fragmentada da situação social. A quase ausência de livros, dificultada pela restrição do debate, resulta no rompimento com uma tradição totalizadora que permitiria a síntese dos problemas abordados fragmentariamente. Em outras palavras, a inter- venção do intelectual na sociedade far-se-á prioritariamente como enge- nharia social e pouquíssimo como crítica social. O livro, que reúne trabalhos escritos em momentos diversos, tem uma clara linha que os unifica. Como se vê, trata-se de texto que coloca para a reflexão problemas centrais tanto para o trabalho intelectual como para o exercício das Ciências Sociais. Recebido para publicação em setembro/2002 BASTOS, Elide Rugai. Social Sciences and Intellectual Work. Tempo Social, Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 14(2): 209-212, October 2002. KEYWORDS: ABSTRACT: This text is a review of Ciências sociais e trabalho intelectual by Social Sciences, Renato Ortiz (São Paulo, Olho d'água, 2002). Sociological thinking. 212