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                                                                                                            | E-ISSN 1808-2599 |




                 Diagramas semióticos
               em textos comunicacionais
                                                Irene de Araújo Machado



                                                                      1 Introdução:                                         1/18
     Resumo                                                           o difícil exercício da leitura
     O presente artigo discorre sobre a leitura
     dos textos de comunicação como processo de                       Em tempos de sociedade de informação,
     aprimoramento cognitivo. Para isso, parte da                     de homens e feitos midiáticos, não é difícil
     hipótese da necessidade de alfabetização semiótica




                                                                                                                            Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
     nas estruturas relacionais e diagramáticas que                   reconhecer que o discurso sobre o mundo se
     as linguagens dos meios introduziram na cultura.                 tornou enunciação dos meios tecnológicos.
     Propõe, assim, exercícios de leitura estrutural
                                                                      Tampouco existe algum mistério na definição
     de textos jornalísticos em seu processo de
     representação. Pretende com isso examinar como os                que atribui aos chamados textos da comunicação
     acontecimentos significam, como se tornam textos
                                                                      mediada a experimentação de códigos criadores
     e de que instrumentos as linguagens se servem
     para construir argumentos que possam ser lidos na                de linguagens técnicas que, ao se constituírem
     estruturalidade de sua composição.
                                                                      para além da expressão verbal, enunciam-se
     Palavras-chave
     Estrutura. Diagrama. Linguagem. Argumentação.                    como exemplares inconfundíveis da cultura
     Leitura. Visualidade.
                                                                      visual. O difícil, neste caso, é operar a leitura
                                                                      argumentativa dos textos produzidos pelo
                                                                      processo de transcodificação e configurados por
                                                                      estruturas de diferentes linguagens. Ainda que a
                                                                      transmissão de informação seja objetivo imediato,
                                                                      os procedimentos composicionais dos textos

Irene de Araújo Machado | irenemac@uol.com.br                         estão comprometidos com um processo maior de
Universidade de São Paulo - USP. Possui graduação em Letras pela      trânsito de ideias.
Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas pela Universidade
de São Paulo (1977), Mestrado em Comunicação e Semiótica pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1985) e Doutorado em   Sabemos que o grande feito da cultura letrada foi
Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade
de São Paulo (1993). Atualmente é Professora Assistente Doutora da    a criação do homem leitor, aquele que aprende
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo onde
ministra a disciplina Semiótica da Comunicação na Cultura e orienta
                                                                      o alfabeto para ler textos escritos onde quer que
pesquisas de mestrado e doutorado. É Editora Científica de MATRIZes
                                                                      eles se manifestem. O aprendizado da escrita e da
e pesquisadora do CNPq (PQII).
www.e-compos.org.br
                                                                                                            | E-ISSN 1808-2599 |


leitura nunca teve como objetivo uma finalidade                   para a disseminação de formulações simplistas,
profissional, mas sim um aprimoramento                            seja aquela que prega a superioridade de um
intelectual. É possível dizer que somos                           sistema de signos em relação a outros – como
alfabetizados, igualmente, para ler as linguagens                 a repetido slogan “Uma imagem vale mais do
formadas por códigos que excedem a grafia de                      que mil palavras” –, seja a da subserviência da
palavras? Estamos capacitados para alcançar o                     interpretação da imagem pela palavra. Além
potencial argumentativo dos textos constituídos                   das contradições que propagam, tais dicotomias
por diferentes estruturas de linguagem da                         postulam o caráter auto-explicativo das imagens
cultura de meios? Difícil afirmar com certeza,                    que em textos informativos não passam de
sobretudo porque o exercício pleno da linguagem,                  evidências ilustrativas sem necessidade de um                 2/18

historicamente vinculado a formas de poder, de                    aprendizado formal.
controle e de acesso aos patrimônios culturais
                                                                  Diríamos, inicialmente, que todo
e cognitivos, não se restringe às facilidades
                                                                  empreendimento comprometido com uma




                                                                                                                                Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
implementadas por meios digitais. Aqui começa o
                                                                  ampliação de exercícios “com” e “nas”
nosso problema.
                                                                  linguagens da comunicação, representa um
As estruturas visuais da cultura de imagens                       adentramento em esferas de controle e uma
é um campo bastante rico de reflexões nesse                       conquista de bens culturais que não deveria
sentido, menos pela novidade que anuncia e                        ser apenas privilégio de muitos, mas exercício
mais pelas contradições das práticas de leitura                   das faculdades intelectuais em ambientes
que tem estimulado. Se, por um lado, a cultura                    de interação. A alfabetização nas escritas
de imagens surge no contracampo da cultura                        contemporâneas e na leitura dos sistemas
literária, polarizando a relação entre palavra                    de signos deveria estar na ordem do dia dos
e imagem, por outro, o exercício de leitura                       estudos sobre a linguagem dos meios. Como
das imagens, grosso modo, não avançou nas                         já alertara, em seu tempo, o linguista Roman
singularidades dos signos visuais, sobretudo                      Jakobson (1971), “propriedade privada” é um
no que diz respeito aos diagramas icônicos do                     corpo estranho e nocivo à vida da linguagem. Se
pensamento para a constituição de argumentos                      cultura e linguagem se confundem, é impossível
gráficos1. Enquanto a escrita da imagem                           considerar as linguagens da comunicação
compete a profissionais, a leitura da imagem é                    como um bem restrito a poucos. A prática de
privilégio de especialistas, o que abre caminho                   leitura dos textos de comunicação representa


1 Diagrama é um conceito caro à teoria semiótica por valorizar as relações de ideias no fluxo que configura o movimento de
raciocínios. Argumentação gráfica é a operação diagramática do raciocínio e linguagem da argumentação que se tornou objeto de
estudo de um Projeto de Pesquisa em desenvolvimento com bolsa produtividade do CNPq (MACHADO, 2008).
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                                                                                        | E-ISSN 1808-2599 |


uma possibilidade não apenas de explorar as         Cada um a seu modo oferece instrumentos
potencialidades semióticas do conhecimento          de intervenção na linguagem do jornalismo.
humano na cultura de meios como também              Pretende-se com isso examinar como os
sua disseminação.                                   acontecimentos significam, como se tornam
                                                    textos e de que procedimentos as linguagens se
O presente artigo examina e formula uma
                                                    servem para formular sua argumentação gráfica.
possibilidade de leitura das estruturas
                                                    O objetivo é compreender como os textos podem
diagramáticas nos textos comunicacionais como
                                                    ser lidos em sua variedade de códigos, não
forma de alfabetização nas suas linguagens
                                                    apenas interpretados dentro de premissas a
da cultura visual dos meios. Não se trata de
                                                    priori estabelecidas.                               3/18
simplesmente afirmar sua condição de veículos
potenciais de transmissão de informações de um      Nesse sentido, a estruturalidade da linguagem
para muitos. Pelo contrário, neles identificamos    informativa será o objeto primordial de análise.
processos argumentativos realizados pelas           Desenvolvido no contexto de uma cultura visual,




                                                                                                        Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
linguagens que representam formas de                o jornalismo aprimorou-se como linguagem
aprimoramentos cognitivos. Assim como os livros     de refazer contextos, de recodificar textos
introduziram a necessidade de aprendizagem          e de reelaborar códigos, levando às últimas
para a escrita e a leitura dos signos gráfico-      consequências a semiose das formações
alfabéticos, os textos de comunicação, desde        interpretantes da cultura.
que se constituíram como linguagem impressa,
                                                    Longe de firmar oposições e confrontos entre
demandam processos de alfabetização que, se já
                                                    verbal e não-verbal, o texto de comunicação
estiveram centrados nas formas tipográficas, hoje
                                                    revela-se como espaço semiótico de relações
se diversificaram em códigos de ordenamentos
                                                    estruturais configuradas por diferentes códigos
gráfico-visuais diferenciados, sobretudo se
                                                    não necessariamente solidários: cada um
forem consideradas as dimensões audiovisuais
                                                    afirma o que a codificação permite. Nesse caso,
dos meios eletrônico-digitais. Aproximar-se dos
                                                    experimenta-se com desenvoltura o trânsito
processos de codificação e recodificação através
                                                    entre linguagens. Quer dizer, as linguagens
de leitura pontual é o que se propõe nesse
                                                    resultam de uma programação transcodificadora
momento. Para isso, estrategicamente, nossa
                                                    que inclui um planejamento para significar o
análise ficará restrita à linguagem impressa
                                                    que não é possível representar com os signos
do jornalismo que tem no meio impresso o seu
                                                    disponíveis. Por isso, aquilo que não é possível
habitat, mas não seu medium, uma vez que é
                                                    dizer com signos verbais será experimentado em
notório o diálogo com o cinema, a fotografia,
                                                    outras bases gráficas. Os textos comunicacionais
a televisão, as artes, a literatura e o design.
www.e-compos.org.br
                                                                                          | E-ISSN 1808-2599 |


constroem uma semiose que, como bem formulou          comunicacionais em prol do aprimoramento
Décio Pignatari (1968), nasce sob o signo do          cognitivo da cultura humana. São textos de
design. Tal é a hipótese que motivou o contexto       circulação social ampla que podem ser lidos na
desta investigação sobre semiosis in design.          rua. Basta que a leitura seja feita com a cabeça
Graças à semiose, experiências de linguagem           levantada (BARTHES, 1988, p. 40).
realizadas em diferentes esferas da cultura
contribuem para a produção de novos processos         2 Escrita e leitura de estruturas
                                                      relacionais em textos de comunicação
significantes e de novas demandas de leitura.
Se os textos comunicacionais pressupõem               Tempos de crise são um bom momento para

estruturas relacionais sem as quais a linguagem       rever conceitos que tempos de muitas certezas       4/18

não se realiza, não há como descartá-las do           não permitem enxergar. A história recente tem

conjunto da significação.                             sido cenário de adversidades e de convulsões:
                                                      dos impactos ambientais à crise econômica
O exercício aqui proposto surge de uma demanda




                                                                                                          Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
                                                      global, como nossos jornais diários não cansam
por conhecimento estrutural da linguagem na
                                                      de anunciar. Convém observar, porém, que as
cultura de meios. Contudo, o eixo argumentativo
                                                      notícias da crise não chegam até nós por meio
da análise é um rigoroso questionamento de
                                                      de textos caudalosos. Formatos minimalistas
alguns raciocínios simplistas segundo os quais
                                                      de composição sob forma de manchete ou de
os textos de comunicação são porta vozes da
                                                      vinheta têm sido fonte de disparos com alta
verdade ideologicamente constituída e, para isso,
                                                      dose de especulação. No jornal impresso,
constroem artimanhas e mazelas do discurso
                                                      pequenas tiras, com planos justapostos de
linguístico manipulador consagrado por modos
                                                      imagens, sintetizam ideias do cenário em
de dizer convencionados por regras igualmente
                                                      pauta, cumprindo o papel de vinhetas de
consolidadas. Apoiados no compromisso ético,
                                                      enunciados instantâneos.
não apenas dos textos de comunicação como
também de todos os sistemas culturais, defende-se     Assim se enuncia a chamada crise estrutural dos

aqui a necessidade de aprendizado de leitura das      modelos políticos, econômicos e sociais que se

estruturas relacionais que, na história da cultura,   formaram e se consolidaram após os confrontos

os textos comunicacionais exercitaram sob forma       bélicos mundiais do século XX e da Guerra

de design de linguagens em suas possibilidades        Fria subsequente. Analistas e cientistas não se

gráficas e diagramáticas não limitadas à palavra.     cansam de anunciar a necessidade de mudanças
                                                      estruturais nos empreendimentos que visam, se
Semiosis in design reporta-se a esse exercício
                                                      não resolver, pelo menos evitar o colapso.
de leitura da diversidade significante nos textos
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                                                                                          | E-ISSN 1808-2599 |


Se forem considerados alguns episódios da            século passado, que “estrutura” era palavra
história ideológica recente, o uso eloquente do      maldita. Vinculada aos vários estruturalismos
termo “estrutural” no discurso da crise torna-       – particularmente à produção de intelectuais
se a incógnita de uma equação estranha, que          franceses – foi julgada e condenada pela carga
não pode ser desconsiderada pelos estudiosos         semântica de alienação, incapaz de exprimir
da linguagem. Sobretudo porque “estrutural”          uma visão de mundo engajada. Deveria, pois,
diz respeito a “estrutura”, e o campo de             ser banida do universo teórico. Quais eram as
conhecimento que fez da estrutura um objeto          ideias tão ameaçadoras das atividades teóricas
de estudo foi a teoria do “estruturalismo”           que propunham compreender a estrutura das
– conjunto de formulações que marcaram o             manifestações? Vale a pena compartilhar alguns       5/18

pensamento em ciências humanas na segunda            pontos dessas ideias cuja história começa a ser
metade do século XX.                                 recuperada (ver DOSSE, 2007).

Há, pelo menos, uma pergunta que não pode            Dentre as formulações desenvolvidas em




                                                                                                          Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
deixar de ser formulada neste momento: como          diversas áreas das ciências humanas –
o estruturalismo, considerado o principal            etnologia, linguística, psicanálise, sociologia,
contraponto à dialética materialista, pode           crítica literária, história – o estudo da
definir o caráter das condutas capazes de            “estrutura” introduziu o exercício de conjugar
acionar mudanças radicais em esferas decisivas       uma atividade investigativa e uma forma de
da vida pública contemporânea?                       linguagem: “o estruturalismo é sobretudo uma
                                                     nova linguagem” (COELHO, 1967, p. X). Daí
Ainda que não se trate de reavivar cadáveres, é
                                                     a presença orientadora da língua nas teorias,
muito difícil, para os que resistiram aos ataques
                                                     despertando interesses pela busca de estrutura
contra os vários estruturalismos nos anos 60,
                                                     de linguagem nas manifestações de cultura sem
concordar com a reivindicação de mudanças
                                                     distinção. Contrariando o princípio naturalista
estruturais na sociedade sem antes exigir precisão
                                                     da linguagem como expressão do pensamento,
no uso do conceito. Nesse sentido, examinar o
                                                     desenvolveu-se o conceito de linguagem como
emprego do termo “estrutura” no discurso da crise
                                                     esfera de articulação das ideias, conceitos e
atual é uma forma de discutir, criticamente, como
                                                     relações. Chamou-se a atenção para o signo e,
se apresenta hoje a leitura estrutural do mundo.
                                                     ao fazê-lo, desvendou-se a convencionalidade
Afinal, conceitos têm história, e não se pode
                                                     das relações significativas que acionam o campo
ignorar a história do estruturalismo.
                                                     de forças da semiose: nenhum significado cabe
As novas gerações certamente desconhecem             num único termo porque a significação só se
que houve um tempo, a partir dos anos 50 do          realiza como relação encadeada. Com isso, a
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                                                                                       | E-ISSN 1808-2599 |


noção de que existe uma relação natural entre       Se, por um lado, a noção de estrutura tornou-
linguagem e realidade passa a ser alvo de           se fundamento teórico do estruturalismo e
grandes questionamentos, sobretudo porque           o principal caminho para a descoberta das
esta relação natural nega a convenção. Em           linguagens na cultura, por outro, definiu um
linhas gerais, a compreensão da estrutura           modo de olhar o mundo: a estruturalidade de
como possibilidade de levar adiante o projeto       relações em níveis de abstração completamente
estruturalista de “desnaturalização dos             fora da sucessividade causal. Esta seria a
signos como forma de combater, no plano das         “história entre parênteses”. É muito prematuro
superestruturas, a ideologia burguesa” (idem,       afirmar que tal história orienta as enunciações
p. XIII), constitui-se numa grande ameaça ao        sobre a crise atual. Não se pode, contudo,          6/18

logos – à palavra e à verdade única que ela pode    ignorar que o jogo de forças de significado
significar. Nesse caso, a descoberta de que os      descortina relações estruturais com as quais
signos são guiados por convenções torna-se uma      interagimos. Se não é possível, ainda, alcançar




                                                                                                        Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
premissa fundamental.                               o corte sincrônico da estruturalidade, podemos,
                                                    minimamente, exercitar o olhar estrutural
Não cabe aqui recuperar a história
                                                    sobre o mundo. Isso posto, é necessário dizer
do estruturalismo para realizar um
                                                    que o alvo não são as ações que reivindicam
redimensionamento consequente de suas
                                                    mudanças estruturais da vida social, mas o
formulações. Se é verdade que “a fecundidade
                                                    próprio discurso da crise que se manifesta
de uma ciência mede-se pelo valor operatório
                                                    nas mensagens de textos informativos – que
dos conceitos que nela se produzem” (idem,
                                                    desenvolvem um olhar sobre o mundo por meio,
p. VII), o estruturalismo forneceu conceitos
                                                    evidentemente, de relações estruturais com
fundamentais para a leitura do mundo em suas
                                                    poder argumentativo. Este é o primeiro passo
transformações culturais. Dentre eles, o que
                                                    de nosso exercício em que a leitura estrutural é
vem em nosso socorro para que possamos pensar
                                                    realizada como atividade alfabetizadora.
ações consequentes para a crise é exatamente
o conceito de tempo-espaço histórico. Ainda         Se, num primeiro nível, estrutura diz respeito a
que o estruturalismo tenha sido condenado por       relações que, ao serem evocadas, projetam um
polarizar o conceito de história ao desqualificar   nível de abstração, num outro nível, evoca padrão
a sucessividade em nome de uma operação             de conexão. Assim formulada, estrutura se torna
diacrônico-sincrônica, dele herdamos a noção        chave conceitual para o exame do padrão de
de neutralização do tempo como forma de             conexão que se desenha entre acontecimentos
compreender a estruturalidade de uma                e suas representações – da história entre
nova estrutura.                                     parênteses não fundada na causalidade,
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mas como parte de relações sistêmicas. Tal         dedutivos e das demonstrações categóricas
é a hipótese que fecunda o exercício de            fundadas em asserções generalizadoras.
leitura estrutural dos textos jornalísticos        A lógica interna do discurso jornalístico
enunciadores da crise. Para a investigação de      é tomada por diagramas relacionais que
sua pertinência e implicações, recorreremos        configuram verdadeiros mapas da crise.
a uma formação discursiva que tem sido             Não é à toa que o mapa se tornou o gênero
reiterada em textos de caráter analítico com       textual por excelência deste discurso.
força argumentativa. O que se observa é que        Contrariando o discurso da verdade única que,
os argumentos gráficos não ficam contidos          supostamente, é a base do texto informativo,
na palavra, à esfera verbal, mas extrapolam        o mapa – entendido em sua estrutura                7/18

e encontram o continuum semiótico da               gráfico-visual de representação indicial de
cultura. A expressão gráfico-visual se desloca     caminhos – abre para outras possibilidades de
da esfera do logos – razão ou pensamento – e       interpretação, de inferências e de abduções.




                                                                                                      Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
se lança para este lugar de projeção de signos     Os mapas que são reproduzidos nos mais
em relação, a esfera do semeion. A semiose         variados textos do jornal impresso diário nos
do grafismo visual dos textos comunicativos        convidam ao exercício da leitura estrutural do
toma corpo sob forma da linguagem do design,       mundo em suas abstrações argumentativas de
modus operandi da escrita e da leitura             caráter sistêmico.
relacionais em textos de comunicação, como se
                                                   Para articular diferentes níveis de abstração,
espera examinar nas análises que se seguem.
                                                   o discurso estrutural não pode ser considerado
                                                   como elaboração de um código único. Há que
3 A representação dos argumentos
gráficos pelos mapas da crise                      se considerar o cruzamento de formações
                                                   semióticas diversificadas. Logo, nosso exercício
Ainda que o estruturalismo nos anos 60 tenha
                                                   se inicia pela percepção do mapa como texto
sido radicalmente questionado, é inegável sua
                                                   produzido como discurso linguístico e visual,
contribuição para o desenvolvimento da leitura
                                                   sem centramento, portanto, em uma classe
estrutural do mundo em seus diferentes níveis
                                                   de signos. Do ponto de vista de sua formação
de abstração. Assim, os textos jornalísticos não
                                                   semiótica, o mapa dimensiona os constituintes
apenas enunciam a necessidade de mudanças
                                                   indiciais e simbólicos, ainda que à primeira
estruturais como também constroem olhares
                                                   vista seja possível reconhecer apenas uma
e discursos estruturais sobre a crise. Basta
                                                   certa configuração icônica em que o mapa
observar que, na formulação de argumentos,
                                                   redimensiona o território.
não há o predomínio exclusivo dos raciocínios
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                  Figura 2 – Mapa 1




                                                                           8/18




                                                                           Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
Fonte: Folha de S. Paulo, 10 de outubro de 2008, p. B9.




                  Figura 3 – Mapa 2




Fonte: Folha de S. Paulo, 29 de outubro de 2008, p. A16.
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                                                                                          | E-ISSN 1808-2599 |


Aprendemos em nossas aulas de geografia               território”. Com isso quis dizer algo muito
que ler o mapa não é a mesma coisa que ler            simples, mas não tão facilmente entendido: o
pelo mapa. Enquanto que para ler o mapa é             mapa não é o referente, mas um processo de
necessário reconhecer as relações icônicas            representação por meio de signos que surgem
que, via de regra, resultam da vinculação             de interpretações culturais – as relações
entre representação e referente, a leitura pelo       interpretantes dos conhecimentos. Logo, inútil
mapa vai além do reconhecimento, chegando a           pensar o mapa como um todo único a ilustrar
uma visão estrutural com diferentes níveis de         uma sentença. Cumpre-nos, pois, ler o jogo de
abstração. Quer dizer, por meio da representação      forças que a construção gráfica indicia.
gráfico-visual desenrolam-se interpretações,                                                               9/18
                                                      Afirmar que o jogo de forças é representado
ideias e argumentos motivados pelas esferas
                                                      visualmente no mapa 1 por distinções de
indiciais e simbólicas. Ler “pelo” é ler “através”,
                                                      cores primárias, azul e vermelho, é uma foram
estabelecendo relações de diferentes ordens:
                                                      de compreender o mecanismo dedutivo do




                                                                                                           Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
a abstração de uma abstração. Para isso, vale
                                                      argumento gráfico. A escala das cores e as
um olhar comparativo para os mapas da crise
                                                      legendas constroem variações indiciais que
reproduzidos nos textos jornalísticos muito mais
                                                      acrescentam ao mapa o raciocínio indutivo. Lê-
pelo que indicia do que pelo que referencia.
                                                      se, então, a possibilidade do desaquecimento da
Ainda que eu possa ler o mesmo mapa – o mapa-
                                                      economia no mundo no contexto do aquecimento
múndi – em cada texto, leio diferentes relações e
                                                      climático do planeta, o que representa, em
posso chegar a diferentes abstrações de sentido.
                                                      última instância, a nossa guerra fria – e esta
Logo, a leitura estrutural da chamada visualidade
                                                      é uma abstração a que a leitura estrutural do
dos gráficos esconde alguns desafios perceptivos
                                                      mapa nos permite alcançar. Esta, porém, já não
e cognitivos.
                                                      é da ordem indicial, mas simbólica, uma vez que
Comparando os mapas representados em                  mobiliza registros culturais e históricos. O mesmo
diferentes noticiários e edições jornalísticas, a     encaminhamento de leitura constrói o argumento
apreensão imediata reconhece a preocupação            do mapa 2, referente à emissão de gás carbônico,
em apresentar dados sobre a condição                  contudo com uma diferença: a escala de cores é
climática do planeta de uma perspectiva               reproduzida, no mapa, pela fotografia de áreas
global. Para além disso, os mapas constroem           devastadas. As informações referenciais da foto
relações e, ao fazê-lo, posicionam jogos de           entram para a composição indicial dos mapas,
forças à espera de interpretações. Alfred             criando diferentes configurações entre os mapas,
Korzibsky (apud BORGES, 1999, p. 5) foi               o de 1961 e o de 2005. Logo, há que se ler no
mais longe ao afirmar que “o mapa não é o             mapa: os tons verdes para regiões com grandes
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                                                                                         | E-ISSN 1808-2599 |


reservas florestais e os tons marrons para regiões   facilitando a leitura do texto. A ideia de que
devastadas e com a terra exposta como ferida na      existem padrões de conexão entre a diversidade
superfície do planeta.                               de espécies vivas do planeta é um caro
                                                     argumento do pensamento ecológico, graças ao
O exercício de leitura estrutural realizado
                                                     qual é possível realizar uma leitura estrutural
até aqui, ainda que com diferentes níveis de
                                                     do mundo e não apenas da crise. A formação de
abstração, é quase uma evidência que o próprio
                                                     uma consciência ecológica sistêmica se tornou
convívio cultural se encarrega de estimular.
                                                     a demanda fundamental de nosso tempo sem a
Deveria, pois, constituir o alfabeto básico de
                                                     qual as mudanças estruturais, reivindicadas no
leitura visual. Concentrando-se, porém, no
                                                     contexto da crise, não acontecem.                   10/18
mapa como gênero discursivo chega-se a outra
abstração, formulada como pergunta: por que é
                                                     4 Design de um palíndromo cartográfico
o mapa-múndi o signo elementar de composição
                                                     O mapa-múndi assim apreendido não é
do discurso da crise? Não existiriam formas




                                                                                                         Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
                                                     apenas uma representação gráfico-visual.
visuais talvez até mais eficientes, como barras,
                                                     Trata-se de um sistema semiótico formado
gráficos de porcentagens ou painéis com
                                                     por representações de diferentes áreas
índices comparativos?
                                                     de conhecimento: das artes plásticas, da
Convém pensar na função persuasiva da                matemática, da fotografia, da geometria, da
linguagem e inserir o argumento que defende a        geografia, da computação gráfica e da ecologia.
visão integradora do planeta não circunscrita pela   Com suas cores, formas, linhas, proporções,
noção da globalização econômica, malgrado as         índices, porcentagens e legendas, dimensiona
implicações intercontinentais. A insistência em      ecossistemas comunicacionais que selecionam e
ler os índices pelo mapa é uma premissa para a       combinam articulações diferenciadas.
formação de uma consciência ecológica em que
                                                     Seleção e combinação definem a base estrutural
os homens, suas ações, suas interações com o
                                                     da linguagem segundo o linguista Roman
ambiente e demais espécies explicitem o convívio
                                                     Jakobson (1971). Ainda que a estrutura da
no mundo. A representação gráfico-visual sob
                                                     linguagem possa configurar uma relação
forma de mapa insere o homem no ecossistema
                                                     invariável, em funcionamento a linguagem
de que faz parte, ainda que não todos os seres
                                                     mobiliza variáveis e variações de sentidos
humanos tenham consciência deste fato.
                                                     graças à função comunicativa, que Jakobson
O mapa que representa um padrão de conexão           identificou em seis manifestações diferentes:
no ecossistema do planeta não é, decididamente,      função emotiva, referencial, conativa,
o território e está longe de ser sua ilustração,     fática, poética e metalinguística. À função
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                                                                                      | E-ISSN 1808-2599 |


metalinguística creditou a possibilidade de        propiciar a construção de textos para abranger
relações combinatórias imprevisíveis, de criação   relações sistêmicas complexas e em grande
de informação nova, uma vez que a combinação       escala.
envolve intervenção no código. Com isso, a
                                                   Não é do software que se trata, mas da releitura
linguagem se volta para si, para a estrutura da
                                                   do mundo que as estruturas relacionais do
codificação. A metalinguagem se apresenta,
                                                   design gráfico nas linguagens da comunicação e
assim, como possibilidade de recodificação.
                                                   na enunciação do discurso da crise.
Em que medida é possível observar processos de
                                                   No momento em que a atenção do planeta se
recodificação na utilização dos mapas do mundo
                                                   voltou para os painéis eletrônicos das bolsas       11/18
nos textos de comunicação? É hora de avançar em
                                                   de valores, entre outubro e dezembro de 2008,
outra direção.
                                                   telas se tornaram a selva em que monstros
Como se afirmou inicialmente, apesar da            atacavam por meio de números, curvas, gráficos,




                                                                                                       Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
condenação ao estruturalismo, as necessidades      tabelas com cores luminosas e indicadores
relacionais em diferentes níveis de abstração      em movimentação intensa, muito próximas do
– de uma obra artística aos ecossistemas do        movimento dos atritos elétricos da atmosfera
planeta – desenvolveram a capacidade de ver        que os raios desenham durante tempestades.
estruturalmente o mundo e transformar esta         Configurou-se uma crise cuja ameaça foi
visão em diferentes formas de linguagem. Esta      anunciada por telas com dígitos, luzes, cores
crescente demanda da produção significante me      e diagramas projetados em tempo real para os
parece acolher o desenvolvimento das operações     quatro cantos do mundo, atingindo a todos com
de semiose que, por intervir diretamente nos       a mesma força e intensidade.
códigos, produzem design, o que levou Décio
                                                   Se o século XXI se iniciou sob o impacto
Pignatari (1968) a entender a potencialidade
                                                   do aquecimento global, o mapa do cenário
das linguagens da comunicação e das estruturas
                                                   econômico assumiu outras cores: em vez do
relacionais das mensagens como processos
                                                   calor derretendo geleiras, estamos às voltas com
nascidos sob o signo do design.
                                                   frentes frias desequilibrando o aquecimento
Enquanto o senso comum afirma que os               econômico alimentado pelas forças implacáveis
gráficos são facilitadores da leitura, designers   da globalização, tal como se representa no mapa
da linguagem informática criam software para       1. As previsões não são nada otimistas e o que
a interação no ecossistema em sua dinâmica         vemos é um planeta atingido por uma frente fria
planetária. Trata-se de atender à necessidade      global. Poucos são os lugares a conservar o calor
de projetar linguagens informáticas de modo a      do aquecimento econômico.
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                                                                                                            | E-ISSN 1808-2599 |


Quando vislumbrou a noção de aldeia global                       têm avançado nesta linha de pensamento.
em que os meios de comunicação teriam                            Suas observações levaram-no à compreensão,
papel primordial, Marshall McLuhan não                           não dos meios, mas das operações de design
pensava exatamente em economia, mas em                           que acontecem no campo das linguagens e
um campo de estudo ainda em formação,                            dos códigos desenvolvidos pelos diferentes
cuja denominação se originou da mesma raiz                       sistemas em interação na galáxia. Nesse
grega de oikos (de lar ou terra). Definiu este                   sentido, diferentemente das galáxias
campo como ambiente ou ecologia: ecologia e                      agregadoras de meios, Lunenfeld entende
economia se originam da raiz oikos. Pensava                      que o presente estágio de nossa cultura
que os meios de comunicação, ao promoverem                       desenvolve-se como “a constelação do design”                   12/18

trocas de informações em escala planetária,                      (2003, p.10-15). Trata-se de uma linha de
aprimorando as tecnologias eletro-eletrônicas                    pensamento de Lunenfeld que elaborou
bem como os satélites, criariam uma ecologia.                    uma formulação desafiadora, como se pode




                                                                                                                                Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
Os meios funcionariam, assim, como extensões                     ler a seguir.
de diferentes expressões sensoriais formadoras
                                                                             Certa vez eu vi Koolhaas2 analisar a evolução
de ambientes de comunicação numa ecologia                                    da arquitetura em relação à globalização do
planetária (ver MACHADO, 2009).                                              capital. Ele exibiu a projeção do mercado
                                                                             com o hemisfério ocidental à esquerda, Eu-
Porque o centro irradiador dessa ecologia é                                  rásia no centro e Austrália à direita. Koolha-
                                                                             as começou a falar das estratégias mundiais
a troca de mensagens comunicacionais, e não                                  dominantes lendo, da esquerda para a di-
os bens econômicos, McLuhan compreendeu                                      reita: dólar $, euro €, yen ¥. Numa brilhante
                                                                             inversão das normas cartográficas, então, o
a interação das diferentes linguagens – do                                   próximo slide situava a Ásia à esquerda, a
alfabeto à tipografia, da escrita manuscrita à                               Europa no centro e os EUA à direita, criando
                                                                             um supergráfico de estratégias: ¥ € $, ou,
letra impressa – em confronto com as culturas
                                                                             como Koolhass chamou, o YES global (LU-
orais, como uma galáxia que ele nomeou                                       NENFELD, 2003, p. 13).

“galáxia de Gutenberg”. A metáfora da galáxia
                                                                 O gráfico apresentado por Koolhaas não consta
de Gutenberg serviu de lição para outros
                                                                 no livro de onde esta citação foi retirada;
estudiosos interessados em compreender
                                                                 contudo, encontra-se disponível na fonte web da
os efeitos que os meios de comunicação e
                                                                 legenda, de onde recolhemos para reprodução.
as tecnologias introduzem na cultura. Peter
Lunenfeld (2003) é um desses teóricos que



2 Rem Koolhaas é um arquiteto holandês, fundador do Office for Metropolitan Architecture (OMA), em Londres (1975). Consagrou-
se como escritor, filósofo, designer e visionário, conquistando, assim, muitos seguidores.
www.e-compos.org.br
                                                                                                | E-ISSN 1808-2599 |




                                           Figura 6 – Mapa 4: ¥ € $ global




                                                                                                                 13/18




                                                                                                                 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
                          Fonte: Rem Koolhaas, Dilemmas in the Evolution of the Cities, 2007
                                Disponível em: <josegenao.wordpress.com/2007/06/>.




O gráfico de Koolhaas na verdade não é                       em confronto com a experiência. Para Décio
exatamente o mapa-múndi, mas um interpretante                Pignatari (1968, p. 30), “o interpretante,
das relações econômicas sintetizadas na                      assim, não é uma coisa, mas antes o processo
palavra ¥ € $, que, por seu turno, resulta de                relacional pelo qual os signos são absorvidos,
uma intervenção metalinguística no mapa, isto                utilizados e criados”.
é, realinhamento dos continentes segundo as
                                                             Num primeiro momento, é possível dizer que a
variações dos mercados e de suas moedas. Há,
                                                             base gráfica formadora do argumento foi o mapa-
portanto, um argumento gráfico muito preciso
                                                             múndi segundo uma percepção de movimento
na representação de Koolhaas: mudança radical
                                                             em economias emergentes no contexto global,
no jogo de forças da economia globalizada e do
                                                             não da globalização econômica, mas no globo
surgimento de novos mercados desencadeado
                                                             terrestre. Contudo, não há aqui uma estrutura de
pelo aquecimento de economias emergentes.
                                                             cor e legenda. Tal como as pressões atmosféricas,
Graças à operação de design, o gráfico apresenta             as pressões dos agentes econômicos são
um interpretante do signo, ou seja, uma                      mobilizadoras e interventoras. Assim, quando
estrutura em que a interpretação é reelaborada               Koolhaas inverte a cartografia, ele opera uma
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                                                                                         | E-ISSN 1808-2599 |


modelização das relações ecológicas em função        ao movimento dos códigos num jogo entre mapa
das transformações econômicas. Quando, porém,        e cifras, alternando as direções da leitura. O
desenha o signo gráfico da moeda de cada região      neologismo ¥ € $ surge do movimento reverso do
no contexto desta cartografia, surge um signo        mapa, não da linearidade unidirecional da escrita
novo: o ¥ € $ global. Este é um signo novo porque    alfabética (somente da esquerda para a direita).
sua base gráfica não são as letras do alfabeto –     O modelo produzido já não é mais um mapa-
nem ocidental, nem oriental – mas as cifras das      múndi, mas uma representação gráfico-visual de
moedas respectivas. Paradoxalmente, a leitura        um ponto de vista sobre o mundo. Atente-se que
que nossa visão realiza não leva em conta os         o Japão, potência econômica cifrada pelo iene,
signos gráficos, mas a semiose acústica de outra     ocupa uma pequena fração do espaço, no canto           14/18

palavra, o termo yes da língua inglesa. Assim,       esquerdo da parte inferior do quadro, criando
a carta do globo terrestre é renomeada com os        uma desproporção com a massa gráfica do
signos gráficos da semiose econômica. Ainda          continente europeu (euro) e americano (dólar),




                                                                                                            Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
que se possa ler o signo ¥ € $ como a palavra        em linha ascendente e na diagonal.
yes, no contexto do gráfico desenhado pelo jogo
                                                     Há que se considerar igualmente a operação
de forças ecológico-econômico trata-se de uma
                                                     sensorial e cognitiva que aqui se manifesta como
controvérsia: um contexto de crise. Algo muito
                                                     gesto de leitura realizado por associações. O
próprio da globalização que firma a positividade a
                                                     ¥ € $ global só é lido como letra do alfabeto
partir de movimentos subterrâneos de negação.
                                                     fonético porque conhecemos as palavras a
Se este fosse um artigo de economia,                 partir das quais a notação gráfica foi realizada:
certamente eu iria encaminhar ideias                 iene, euro, dólar. Estamos, pois, mergulhados
econômicas do exemplo apresentado por                no ambiente da cultura escrita alfabética que
Koolhaas. O viés semiótico, porém, enfatiza          desenvolve códigos e sistemas notacionais para
a controvérsia do processo de modelização            atender necessidades comunicativas e cognitivas
semiótica do design deste signo novo resultante      que não cabem na interação pela linguagem
de classes de signos distintas, abrindo caminho      verbal ordinária. Fora deste ambiente, talvez o
para a constelação do design que Lunenfeld           ¥ € $ global soe como um nonsense. Aqui não
(2003, p. 10) entende dominar a cultura de           é. A semiotização do código é uma demanda do
nosso tempo de crises e de controvérsias.            ambiente de relação em design.

Chamo de palíndromo cartográfico o texto que         Toda essa decomposição analítica da interação
resulta de diferentes semioses porque, tal como      com o gráfico se realiza em presença do signo
no palíndromo, a composição se realiza graças        discreto, das cifras e das letras. Isso não acontece
www.e-compos.org.br
                                                                                         | E-ISSN 1808-2599 |


com o signo contínuo: o mapa-múndi não pode        melhor, acontecem. A partir do momento em que
ser decomposto em unidades sem perder sua          eles passam a ser objeto de interpretação, eles
capacidade de representar o sistema do planeta.    se tornam signos de leitura que se oferecem sob
Ainda que seja resultado da modelização de         forma de alguma composição e podem ser assim
outras representações, estas não projetam o mapa   dimensionados por outras leituras. Tenta-se
em fragmentos. Ele só significa in continuum:      recuperar a cadeia associativa de intuições e
uma constelação, como queria Lunenfeld.            de probabilidades que os processos sensoriais
                                                   transformam em percepções. A leitura assim
5 Considerações finais                             concebida é um gesto de raciocínio que na

Tanto a galáxia de Gutenberg quanto a              busca por deduções dos fatos não abandona as          15/18


constelação do design são reveladoras das          inferências e abduções. Em vez de ser guiada

conjugações sistêmicas não apenas dos textos       pela lógica, segue os passos nem sempre fluidos

como também do modo de ver o mundo e de nele       da analógica.




                                                                                                         Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
conviver. As diferentes estruturas constroem
                                                   A leitura estrutural assim concebida define
diferentes mensagens. No caso da consciência
                                                   duplamente o que tentamos examinar aqui
ecológica apresentada nos vários textos, não se
                                                   como semiosis in design. Por um lado, nomeia
trata de verdade única nem de teleologia. Trata-
                                                   o processo semiótico que traduz a ação do signo
se de interação sistêmica expressa em leituras
                                                   em sua interação dinâmica com outros signos;
estruturais com diferentes níveis de abstração
                                                   por outro, qualifica a semiose como operação
– tão necessárias para todo ato de conhecimento.
                                                   tradutora ou de transcodificação, típica do design.
Com isso, afirma-se a necessidade da abstração
                                                   In design define o caráter da semiose gráfica dos
tanto para o processo de argumentação quanto
                                                   textos no contexto produtivo da linguagem, cujo
da alfabetização na cultura, uma vez que nenhum
                                                   objetivo é alcançar diagramas de pensamento
sistema de signo é auto-suficiente.
                                                   sem o qual o conhecimento não consolida bases

A análise dos textos aqui apresentada não tem      argumentativas de signos culturais.

como objetivo uma focalização exaustiva de
procedimentos a partir de teorias. O objetivo
                                                   Referências
é explicitar no exercício a leitura das relações   BARTHES, Roland. Escrever a leitura. In: ______.
                                                   O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1988. p.
estruturais que colocam em jogo diferentes
                                                   40-42.
abstrações, ativando o contexto de relações,
                                                   BORGES, Jorge Luis. Da impossibilidade de construir
aproximações e distanciamentos na operação
                                                   a carta do império em escala um por um. In: ______.
cognitiva que a mente põe em ação em contato       Obras Completas. São Paulo: Globo, 1999. p.5.
com o mundo. Os acontecimentos existem, ou
www.e-compos.org.br
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PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem.
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Semiotic diagrams in                                       Diagramas semióticos en
communication texts                                        textos comunicacionales
Abstract                                                   Resumen
This article addresses the reading of communication        El presente artículo presenta una reflexión sobre
texts as a cognitive enhancement process. For this,        la lectura de los textos de comunicación como
it starts from an assumption of need for semiotic          un proceso de mejoría cognitiva en la cultura.
literacy in the relational and diagrammatic                Para ello, parte de la hipótesis de la necesidad de
structures that the media languages have introduced        una alfabetización semiótica en las estructuras
in the culture. It thus proposes structural reading        relacionales y diagramáticas que los lenguajes de
exercises with journalistic texts in their process of      los medios introdujeron en su cultura. Propone,
representation. With this, it intends to verify how        así, ejercicios de lectura estructural de textos
events are brought about to signify, how they become       periodísticos en su proceso de representación.          17/18
texts and what instruments languages use in order          Pretende, por lo tanto, examinar cómo los
to build arguments that can be read within the             acontecimientos significan, cómo se vuelven textos
structuralism of their composition.                        y de qué instrumentos se sirven los lenguajes para

Keywords                                                   construir argumentos que puedan ser leídos en la
                                                           estructuralidad de su composición.




                                                                                                                   Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
Structure. Diagram. Language. Argumentation.
Reading. Visuality.                                        Palabras clave
                                                           Estructura. Diagrama. Lenguaje. Argumentación.
                                                           Lectura. Visualidad.




                                 Recebido em:           Aceito em:
                                 14 de julho de 2009    10 de novembro de 2009
www.e-compos.org.br
                                                                                                                                         | E-ISSN 1808-2599 |



Expediente                                                                         E-COMPÓS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599

A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico da              Revista da Associação Nacional dos Programas
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação                  de Pós-Graduação em Comunicação.
(Compós). Lançada em 2004, tem como principal finalidade difundir a                Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
produção acadêmica de pesquisadores da área de Comunicação, inseridos              A identificação das edições, a partir de 2008,
em instituições do Brasil e do exterior.                                           passa a ser volume anual com três números.


CONSELHO EDITORIAL                                                                 João Freire Filho
                                                                                   Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Afonso Albuquerque
Universidade Federal Fluminense, Brasil                                            John DH Downing
                                                                                   University of Texas at Austin, Estados Unidos
Alberto Carlos Augusto Klein
Universidade Estadual de Londrina, Brasil                                          José Luiz Aidar Prado
                                                                                   Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Alex Fernando Teixeira Primo
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil                                  José Luiz Warren Jardim Gomes Braga
                                                                                   Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
Alfredo Vizeu
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil                                         Juremir Machado da Silva
                                                                                   Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
Ana Carolina Damboriarena Escosteguy
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil                      Lorraine Leu
                                                                                   University of Bristol, Grã-Bretanha
Ana Silvia Lopes Davi Médola
Universidade Estadual Paulista, Brasil                                             Luiz Claudio Martino
                                                                                   Universidade de Brasília, Brasil                                      18/18
André Luiz Martins Lemos
Universidade Federal da Bahia, Brasil                                              Maria Immacolata Vassallo de Lopes
                                                                                   Universidade de São Paulo, Brasil
Ângela Freire Prysthon
Universidade Federal de Pernambuco, Brasil                                         Maria Lucia Santaella
                                                                                   Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Antônio Fausto Neto
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil                                      Mauro Pereira Porto
                                                                                   Tulane University, Estados Unidos
Antonio Carlos Hohlfeldt
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil                      Muniz Sodre de Araujo Cabral
                                                                                   Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil




                                                                                                                                                         Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009.
Arlindo Ribeiro Machado
Universidade de São Paulo, Brasil                                                  Nilda Aparecida Jacks
                                                                                   Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
César Geraldo Guimarães
Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil                                       Paulo Roberto Gibaldi Vaz
                                                                                   Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Cristiane Freitas Gutfreind
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil                      Renato Cordeiro Gomes
                                                                                   Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
Denilson Lopes
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil                                     Ronaldo George Helal
                                                                                   Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Eduardo Peñuela Cañizal
Universidade Paulista, Brasil                                                      Rosana de Lima Soares
                                                                                   Universidade de São Paulo, Brasil
Erick Felinto de Oliveira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil                                   Rossana Reguillo
                                                                                   Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores do Occidente, México
Francisco Menezes Martins
                                                                                   Rousiley Celi Moreira Maia
Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil                                              Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
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Universidade Federal da Bahia, Brasil                                              Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
Janice Caiafa                                                                      Veneza Mayora Ronsini
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil                                     Universidade Federal de Santa Maria, Brasil
Jeder Silveira Janotti Junior                                                      Vera Regina Veiga França
Universidade Federal da Bahia, Brasil                                              Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil


COMISSÃO EDITORIAL
Felipe da Costa Trotta | Universidade Federal de Pernambuco, Brasil                COMPÓS | www.compos.org.br
Rose Melo Rocha | Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil                Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
CONSULTORES AD HOC
                                                                                   Presidente
Arthur Autran Franco de Sá Neto | Universidade Federal de São Carlos               Itania Maria Mota Gomes
Carlos Eduardo Franciscato | Universidade Federal de Sergipe
                                                                                   Universidade Federal da Bahia, Brasil
Elisa Reinhardt Piedras | Universidade Federal do Rio Grande do Sul
                                                                                   itania@ufba.br
Elizabeth Bastos Duarte | Universidade Federal de Santa Maria
Marcia Benetti Machado | Universidade Federal do Rio Grande do Sul                 Vice-presidente
Sandra Maria Lúcia Pereira Gonçalves | Universidade Federal do Rio Grande do Sul   Julio Pinto
Suzana Kilpp | Universidade do Vale do Rio dos Sinos                               Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil
Tattiana Gonçalves Teixeira | Universidade Federal de Santa Catarina               juliopinto@pucminas.br
Vander Casaqui | Escola Superior de Propaganda e Marketing
Vicente Gosciola | Universidade Anhembi Morumbi                                    Secretária-Geral
Walter Teixeira Lima Junior | Fundação Cásper Líbero                               Ana Carolina Escosteguy
                                                                                   Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
REVISÃO DE TEXTO E TRADUÇÃO | Everton Cardoso
                                                                                   carolad@pucrs.br
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  • 1. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Diagramas semióticos em textos comunicacionais Irene de Araújo Machado 1 Introdução: 1/18 Resumo o difícil exercício da leitura O presente artigo discorre sobre a leitura dos textos de comunicação como processo de Em tempos de sociedade de informação, aprimoramento cognitivo. Para isso, parte da de homens e feitos midiáticos, não é difícil hipótese da necessidade de alfabetização semiótica Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. nas estruturas relacionais e diagramáticas que reconhecer que o discurso sobre o mundo se as linguagens dos meios introduziram na cultura. tornou enunciação dos meios tecnológicos. Propõe, assim, exercícios de leitura estrutural Tampouco existe algum mistério na definição de textos jornalísticos em seu processo de representação. Pretende com isso examinar como os que atribui aos chamados textos da comunicação acontecimentos significam, como se tornam textos mediada a experimentação de códigos criadores e de que instrumentos as linguagens se servem para construir argumentos que possam ser lidos na de linguagens técnicas que, ao se constituírem estruturalidade de sua composição. para além da expressão verbal, enunciam-se Palavras-chave Estrutura. Diagrama. Linguagem. Argumentação. como exemplares inconfundíveis da cultura Leitura. Visualidade. visual. O difícil, neste caso, é operar a leitura argumentativa dos textos produzidos pelo processo de transcodificação e configurados por estruturas de diferentes linguagens. Ainda que a transmissão de informação seja objetivo imediato, os procedimentos composicionais dos textos Irene de Araújo Machado | irenemac@uol.com.br estão comprometidos com um processo maior de Universidade de São Paulo - USP. Possui graduação em Letras pela trânsito de ideias. Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas pela Universidade de São Paulo (1977), Mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1985) e Doutorado em Sabemos que o grande feito da cultura letrada foi Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (1993). Atualmente é Professora Assistente Doutora da a criação do homem leitor, aquele que aprende Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo onde ministra a disciplina Semiótica da Comunicação na Cultura e orienta o alfabeto para ler textos escritos onde quer que pesquisas de mestrado e doutorado. É Editora Científica de MATRIZes eles se manifestem. O aprendizado da escrita e da e pesquisadora do CNPq (PQII).
  • 2. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | leitura nunca teve como objetivo uma finalidade para a disseminação de formulações simplistas, profissional, mas sim um aprimoramento seja aquela que prega a superioridade de um intelectual. É possível dizer que somos sistema de signos em relação a outros – como alfabetizados, igualmente, para ler as linguagens a repetido slogan “Uma imagem vale mais do formadas por códigos que excedem a grafia de que mil palavras” –, seja a da subserviência da palavras? Estamos capacitados para alcançar o interpretação da imagem pela palavra. Além potencial argumentativo dos textos constituídos das contradições que propagam, tais dicotomias por diferentes estruturas de linguagem da postulam o caráter auto-explicativo das imagens cultura de meios? Difícil afirmar com certeza, que em textos informativos não passam de sobretudo porque o exercício pleno da linguagem, evidências ilustrativas sem necessidade de um 2/18 historicamente vinculado a formas de poder, de aprendizado formal. controle e de acesso aos patrimônios culturais Diríamos, inicialmente, que todo e cognitivos, não se restringe às facilidades empreendimento comprometido com uma Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. implementadas por meios digitais. Aqui começa o ampliação de exercícios “com” e “nas” nosso problema. linguagens da comunicação, representa um As estruturas visuais da cultura de imagens adentramento em esferas de controle e uma é um campo bastante rico de reflexões nesse conquista de bens culturais que não deveria sentido, menos pela novidade que anuncia e ser apenas privilégio de muitos, mas exercício mais pelas contradições das práticas de leitura das faculdades intelectuais em ambientes que tem estimulado. Se, por um lado, a cultura de interação. A alfabetização nas escritas de imagens surge no contracampo da cultura contemporâneas e na leitura dos sistemas literária, polarizando a relação entre palavra de signos deveria estar na ordem do dia dos e imagem, por outro, o exercício de leitura estudos sobre a linguagem dos meios. Como das imagens, grosso modo, não avançou nas já alertara, em seu tempo, o linguista Roman singularidades dos signos visuais, sobretudo Jakobson (1971), “propriedade privada” é um no que diz respeito aos diagramas icônicos do corpo estranho e nocivo à vida da linguagem. Se pensamento para a constituição de argumentos cultura e linguagem se confundem, é impossível gráficos1. Enquanto a escrita da imagem considerar as linguagens da comunicação compete a profissionais, a leitura da imagem é como um bem restrito a poucos. A prática de privilégio de especialistas, o que abre caminho leitura dos textos de comunicação representa 1 Diagrama é um conceito caro à teoria semiótica por valorizar as relações de ideias no fluxo que configura o movimento de raciocínios. Argumentação gráfica é a operação diagramática do raciocínio e linguagem da argumentação que se tornou objeto de estudo de um Projeto de Pesquisa em desenvolvimento com bolsa produtividade do CNPq (MACHADO, 2008).
  • 3. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | uma possibilidade não apenas de explorar as Cada um a seu modo oferece instrumentos potencialidades semióticas do conhecimento de intervenção na linguagem do jornalismo. humano na cultura de meios como também Pretende-se com isso examinar como os sua disseminação. acontecimentos significam, como se tornam textos e de que procedimentos as linguagens se O presente artigo examina e formula uma servem para formular sua argumentação gráfica. possibilidade de leitura das estruturas O objetivo é compreender como os textos podem diagramáticas nos textos comunicacionais como ser lidos em sua variedade de códigos, não forma de alfabetização nas suas linguagens apenas interpretados dentro de premissas a da cultura visual dos meios. Não se trata de priori estabelecidas. 3/18 simplesmente afirmar sua condição de veículos potenciais de transmissão de informações de um Nesse sentido, a estruturalidade da linguagem para muitos. Pelo contrário, neles identificamos informativa será o objeto primordial de análise. processos argumentativos realizados pelas Desenvolvido no contexto de uma cultura visual, Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. linguagens que representam formas de o jornalismo aprimorou-se como linguagem aprimoramentos cognitivos. Assim como os livros de refazer contextos, de recodificar textos introduziram a necessidade de aprendizagem e de reelaborar códigos, levando às últimas para a escrita e a leitura dos signos gráfico- consequências a semiose das formações alfabéticos, os textos de comunicação, desde interpretantes da cultura. que se constituíram como linguagem impressa, Longe de firmar oposições e confrontos entre demandam processos de alfabetização que, se já verbal e não-verbal, o texto de comunicação estiveram centrados nas formas tipográficas, hoje revela-se como espaço semiótico de relações se diversificaram em códigos de ordenamentos estruturais configuradas por diferentes códigos gráfico-visuais diferenciados, sobretudo se não necessariamente solidários: cada um forem consideradas as dimensões audiovisuais afirma o que a codificação permite. Nesse caso, dos meios eletrônico-digitais. Aproximar-se dos experimenta-se com desenvoltura o trânsito processos de codificação e recodificação através entre linguagens. Quer dizer, as linguagens de leitura pontual é o que se propõe nesse resultam de uma programação transcodificadora momento. Para isso, estrategicamente, nossa que inclui um planejamento para significar o análise ficará restrita à linguagem impressa que não é possível representar com os signos do jornalismo que tem no meio impresso o seu disponíveis. Por isso, aquilo que não é possível habitat, mas não seu medium, uma vez que é dizer com signos verbais será experimentado em notório o diálogo com o cinema, a fotografia, outras bases gráficas. Os textos comunicacionais a televisão, as artes, a literatura e o design.
  • 4. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | constroem uma semiose que, como bem formulou comunicacionais em prol do aprimoramento Décio Pignatari (1968), nasce sob o signo do cognitivo da cultura humana. São textos de design. Tal é a hipótese que motivou o contexto circulação social ampla que podem ser lidos na desta investigação sobre semiosis in design. rua. Basta que a leitura seja feita com a cabeça Graças à semiose, experiências de linguagem levantada (BARTHES, 1988, p. 40). realizadas em diferentes esferas da cultura contribuem para a produção de novos processos 2 Escrita e leitura de estruturas relacionais em textos de comunicação significantes e de novas demandas de leitura. Se os textos comunicacionais pressupõem Tempos de crise são um bom momento para estruturas relacionais sem as quais a linguagem rever conceitos que tempos de muitas certezas 4/18 não se realiza, não há como descartá-las do não permitem enxergar. A história recente tem conjunto da significação. sido cenário de adversidades e de convulsões: dos impactos ambientais à crise econômica O exercício aqui proposto surge de uma demanda Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. global, como nossos jornais diários não cansam por conhecimento estrutural da linguagem na de anunciar. Convém observar, porém, que as cultura de meios. Contudo, o eixo argumentativo notícias da crise não chegam até nós por meio da análise é um rigoroso questionamento de de textos caudalosos. Formatos minimalistas alguns raciocínios simplistas segundo os quais de composição sob forma de manchete ou de os textos de comunicação são porta vozes da vinheta têm sido fonte de disparos com alta verdade ideologicamente constituída e, para isso, dose de especulação. No jornal impresso, constroem artimanhas e mazelas do discurso pequenas tiras, com planos justapostos de linguístico manipulador consagrado por modos imagens, sintetizam ideias do cenário em de dizer convencionados por regras igualmente pauta, cumprindo o papel de vinhetas de consolidadas. Apoiados no compromisso ético, enunciados instantâneos. não apenas dos textos de comunicação como também de todos os sistemas culturais, defende-se Assim se enuncia a chamada crise estrutural dos aqui a necessidade de aprendizado de leitura das modelos políticos, econômicos e sociais que se estruturas relacionais que, na história da cultura, formaram e se consolidaram após os confrontos os textos comunicacionais exercitaram sob forma bélicos mundiais do século XX e da Guerra de design de linguagens em suas possibilidades Fria subsequente. Analistas e cientistas não se gráficas e diagramáticas não limitadas à palavra. cansam de anunciar a necessidade de mudanças estruturais nos empreendimentos que visam, se Semiosis in design reporta-se a esse exercício não resolver, pelo menos evitar o colapso. de leitura da diversidade significante nos textos
  • 5. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Se forem considerados alguns episódios da século passado, que “estrutura” era palavra história ideológica recente, o uso eloquente do maldita. Vinculada aos vários estruturalismos termo “estrutural” no discurso da crise torna- – particularmente à produção de intelectuais se a incógnita de uma equação estranha, que franceses – foi julgada e condenada pela carga não pode ser desconsiderada pelos estudiosos semântica de alienação, incapaz de exprimir da linguagem. Sobretudo porque “estrutural” uma visão de mundo engajada. Deveria, pois, diz respeito a “estrutura”, e o campo de ser banida do universo teórico. Quais eram as conhecimento que fez da estrutura um objeto ideias tão ameaçadoras das atividades teóricas de estudo foi a teoria do “estruturalismo” que propunham compreender a estrutura das – conjunto de formulações que marcaram o manifestações? Vale a pena compartilhar alguns 5/18 pensamento em ciências humanas na segunda pontos dessas ideias cuja história começa a ser metade do século XX. recuperada (ver DOSSE, 2007). Há, pelo menos, uma pergunta que não pode Dentre as formulações desenvolvidas em Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. deixar de ser formulada neste momento: como diversas áreas das ciências humanas – o estruturalismo, considerado o principal etnologia, linguística, psicanálise, sociologia, contraponto à dialética materialista, pode crítica literária, história – o estudo da definir o caráter das condutas capazes de “estrutura” introduziu o exercício de conjugar acionar mudanças radicais em esferas decisivas uma atividade investigativa e uma forma de da vida pública contemporânea? linguagem: “o estruturalismo é sobretudo uma nova linguagem” (COELHO, 1967, p. X). Daí Ainda que não se trate de reavivar cadáveres, é a presença orientadora da língua nas teorias, muito difícil, para os que resistiram aos ataques despertando interesses pela busca de estrutura contra os vários estruturalismos nos anos 60, de linguagem nas manifestações de cultura sem concordar com a reivindicação de mudanças distinção. Contrariando o princípio naturalista estruturais na sociedade sem antes exigir precisão da linguagem como expressão do pensamento, no uso do conceito. Nesse sentido, examinar o desenvolveu-se o conceito de linguagem como emprego do termo “estrutura” no discurso da crise esfera de articulação das ideias, conceitos e atual é uma forma de discutir, criticamente, como relações. Chamou-se a atenção para o signo e, se apresenta hoje a leitura estrutural do mundo. ao fazê-lo, desvendou-se a convencionalidade Afinal, conceitos têm história, e não se pode das relações significativas que acionam o campo ignorar a história do estruturalismo. de forças da semiose: nenhum significado cabe As novas gerações certamente desconhecem num único termo porque a significação só se que houve um tempo, a partir dos anos 50 do realiza como relação encadeada. Com isso, a
  • 6. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | noção de que existe uma relação natural entre Se, por um lado, a noção de estrutura tornou- linguagem e realidade passa a ser alvo de se fundamento teórico do estruturalismo e grandes questionamentos, sobretudo porque o principal caminho para a descoberta das esta relação natural nega a convenção. Em linguagens na cultura, por outro, definiu um linhas gerais, a compreensão da estrutura modo de olhar o mundo: a estruturalidade de como possibilidade de levar adiante o projeto relações em níveis de abstração completamente estruturalista de “desnaturalização dos fora da sucessividade causal. Esta seria a signos como forma de combater, no plano das “história entre parênteses”. É muito prematuro superestruturas, a ideologia burguesa” (idem, afirmar que tal história orienta as enunciações p. XIII), constitui-se numa grande ameaça ao sobre a crise atual. Não se pode, contudo, 6/18 logos – à palavra e à verdade única que ela pode ignorar que o jogo de forças de significado significar. Nesse caso, a descoberta de que os descortina relações estruturais com as quais signos são guiados por convenções torna-se uma interagimos. Se não é possível, ainda, alcançar Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. premissa fundamental. o corte sincrônico da estruturalidade, podemos, minimamente, exercitar o olhar estrutural Não cabe aqui recuperar a história sobre o mundo. Isso posto, é necessário dizer do estruturalismo para realizar um que o alvo não são as ações que reivindicam redimensionamento consequente de suas mudanças estruturais da vida social, mas o formulações. Se é verdade que “a fecundidade próprio discurso da crise que se manifesta de uma ciência mede-se pelo valor operatório nas mensagens de textos informativos – que dos conceitos que nela se produzem” (idem, desenvolvem um olhar sobre o mundo por meio, p. VII), o estruturalismo forneceu conceitos evidentemente, de relações estruturais com fundamentais para a leitura do mundo em suas poder argumentativo. Este é o primeiro passo transformações culturais. Dentre eles, o que de nosso exercício em que a leitura estrutural é vem em nosso socorro para que possamos pensar realizada como atividade alfabetizadora. ações consequentes para a crise é exatamente o conceito de tempo-espaço histórico. Ainda Se, num primeiro nível, estrutura diz respeito a que o estruturalismo tenha sido condenado por relações que, ao serem evocadas, projetam um polarizar o conceito de história ao desqualificar nível de abstração, num outro nível, evoca padrão a sucessividade em nome de uma operação de conexão. Assim formulada, estrutura se torna diacrônico-sincrônica, dele herdamos a noção chave conceitual para o exame do padrão de de neutralização do tempo como forma de conexão que se desenha entre acontecimentos compreender a estruturalidade de uma e suas representações – da história entre nova estrutura. parênteses não fundada na causalidade,
  • 7. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | mas como parte de relações sistêmicas. Tal dedutivos e das demonstrações categóricas é a hipótese que fecunda o exercício de fundadas em asserções generalizadoras. leitura estrutural dos textos jornalísticos A lógica interna do discurso jornalístico enunciadores da crise. Para a investigação de é tomada por diagramas relacionais que sua pertinência e implicações, recorreremos configuram verdadeiros mapas da crise. a uma formação discursiva que tem sido Não é à toa que o mapa se tornou o gênero reiterada em textos de caráter analítico com textual por excelência deste discurso. força argumentativa. O que se observa é que Contrariando o discurso da verdade única que, os argumentos gráficos não ficam contidos supostamente, é a base do texto informativo, na palavra, à esfera verbal, mas extrapolam o mapa – entendido em sua estrutura 7/18 e encontram o continuum semiótico da gráfico-visual de representação indicial de cultura. A expressão gráfico-visual se desloca caminhos – abre para outras possibilidades de da esfera do logos – razão ou pensamento – e interpretação, de inferências e de abduções. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. se lança para este lugar de projeção de signos Os mapas que são reproduzidos nos mais em relação, a esfera do semeion. A semiose variados textos do jornal impresso diário nos do grafismo visual dos textos comunicativos convidam ao exercício da leitura estrutural do toma corpo sob forma da linguagem do design, mundo em suas abstrações argumentativas de modus operandi da escrita e da leitura caráter sistêmico. relacionais em textos de comunicação, como se Para articular diferentes níveis de abstração, espera examinar nas análises que se seguem. o discurso estrutural não pode ser considerado como elaboração de um código único. Há que 3 A representação dos argumentos gráficos pelos mapas da crise se considerar o cruzamento de formações semióticas diversificadas. Logo, nosso exercício Ainda que o estruturalismo nos anos 60 tenha se inicia pela percepção do mapa como texto sido radicalmente questionado, é inegável sua produzido como discurso linguístico e visual, contribuição para o desenvolvimento da leitura sem centramento, portanto, em uma classe estrutural do mundo em seus diferentes níveis de signos. Do ponto de vista de sua formação de abstração. Assim, os textos jornalísticos não semiótica, o mapa dimensiona os constituintes apenas enunciam a necessidade de mudanças indiciais e simbólicos, ainda que à primeira estruturais como também constroem olhares vista seja possível reconhecer apenas uma e discursos estruturais sobre a crise. Basta certa configuração icônica em que o mapa observar que, na formulação de argumentos, redimensiona o território. não há o predomínio exclusivo dos raciocínios
  • 8. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Figura 2 – Mapa 1 8/18 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Fonte: Folha de S. Paulo, 10 de outubro de 2008, p. B9. Figura 3 – Mapa 2 Fonte: Folha de S. Paulo, 29 de outubro de 2008, p. A16.
  • 9. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Aprendemos em nossas aulas de geografia território”. Com isso quis dizer algo muito que ler o mapa não é a mesma coisa que ler simples, mas não tão facilmente entendido: o pelo mapa. Enquanto que para ler o mapa é mapa não é o referente, mas um processo de necessário reconhecer as relações icônicas representação por meio de signos que surgem que, via de regra, resultam da vinculação de interpretações culturais – as relações entre representação e referente, a leitura pelo interpretantes dos conhecimentos. Logo, inútil mapa vai além do reconhecimento, chegando a pensar o mapa como um todo único a ilustrar uma visão estrutural com diferentes níveis de uma sentença. Cumpre-nos, pois, ler o jogo de abstração. Quer dizer, por meio da representação forças que a construção gráfica indicia. gráfico-visual desenrolam-se interpretações, 9/18 Afirmar que o jogo de forças é representado ideias e argumentos motivados pelas esferas visualmente no mapa 1 por distinções de indiciais e simbólicas. Ler “pelo” é ler “através”, cores primárias, azul e vermelho, é uma foram estabelecendo relações de diferentes ordens: de compreender o mecanismo dedutivo do Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. a abstração de uma abstração. Para isso, vale argumento gráfico. A escala das cores e as um olhar comparativo para os mapas da crise legendas constroem variações indiciais que reproduzidos nos textos jornalísticos muito mais acrescentam ao mapa o raciocínio indutivo. Lê- pelo que indicia do que pelo que referencia. se, então, a possibilidade do desaquecimento da Ainda que eu possa ler o mesmo mapa – o mapa- economia no mundo no contexto do aquecimento múndi – em cada texto, leio diferentes relações e climático do planeta, o que representa, em posso chegar a diferentes abstrações de sentido. última instância, a nossa guerra fria – e esta Logo, a leitura estrutural da chamada visualidade é uma abstração a que a leitura estrutural do dos gráficos esconde alguns desafios perceptivos mapa nos permite alcançar. Esta, porém, já não e cognitivos. é da ordem indicial, mas simbólica, uma vez que Comparando os mapas representados em mobiliza registros culturais e históricos. O mesmo diferentes noticiários e edições jornalísticas, a encaminhamento de leitura constrói o argumento apreensão imediata reconhece a preocupação do mapa 2, referente à emissão de gás carbônico, em apresentar dados sobre a condição contudo com uma diferença: a escala de cores é climática do planeta de uma perspectiva reproduzida, no mapa, pela fotografia de áreas global. Para além disso, os mapas constroem devastadas. As informações referenciais da foto relações e, ao fazê-lo, posicionam jogos de entram para a composição indicial dos mapas, forças à espera de interpretações. Alfred criando diferentes configurações entre os mapas, Korzibsky (apud BORGES, 1999, p. 5) foi o de 1961 e o de 2005. Logo, há que se ler no mais longe ao afirmar que “o mapa não é o mapa: os tons verdes para regiões com grandes
  • 10. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | reservas florestais e os tons marrons para regiões facilitando a leitura do texto. A ideia de que devastadas e com a terra exposta como ferida na existem padrões de conexão entre a diversidade superfície do planeta. de espécies vivas do planeta é um caro argumento do pensamento ecológico, graças ao O exercício de leitura estrutural realizado qual é possível realizar uma leitura estrutural até aqui, ainda que com diferentes níveis de do mundo e não apenas da crise. A formação de abstração, é quase uma evidência que o próprio uma consciência ecológica sistêmica se tornou convívio cultural se encarrega de estimular. a demanda fundamental de nosso tempo sem a Deveria, pois, constituir o alfabeto básico de qual as mudanças estruturais, reivindicadas no leitura visual. Concentrando-se, porém, no contexto da crise, não acontecem. 10/18 mapa como gênero discursivo chega-se a outra abstração, formulada como pergunta: por que é 4 Design de um palíndromo cartográfico o mapa-múndi o signo elementar de composição O mapa-múndi assim apreendido não é do discurso da crise? Não existiriam formas Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. apenas uma representação gráfico-visual. visuais talvez até mais eficientes, como barras, Trata-se de um sistema semiótico formado gráficos de porcentagens ou painéis com por representações de diferentes áreas índices comparativos? de conhecimento: das artes plásticas, da Convém pensar na função persuasiva da matemática, da fotografia, da geometria, da linguagem e inserir o argumento que defende a geografia, da computação gráfica e da ecologia. visão integradora do planeta não circunscrita pela Com suas cores, formas, linhas, proporções, noção da globalização econômica, malgrado as índices, porcentagens e legendas, dimensiona implicações intercontinentais. A insistência em ecossistemas comunicacionais que selecionam e ler os índices pelo mapa é uma premissa para a combinam articulações diferenciadas. formação de uma consciência ecológica em que Seleção e combinação definem a base estrutural os homens, suas ações, suas interações com o da linguagem segundo o linguista Roman ambiente e demais espécies explicitem o convívio Jakobson (1971). Ainda que a estrutura da no mundo. A representação gráfico-visual sob linguagem possa configurar uma relação forma de mapa insere o homem no ecossistema invariável, em funcionamento a linguagem de que faz parte, ainda que não todos os seres mobiliza variáveis e variações de sentidos humanos tenham consciência deste fato. graças à função comunicativa, que Jakobson O mapa que representa um padrão de conexão identificou em seis manifestações diferentes: no ecossistema do planeta não é, decididamente, função emotiva, referencial, conativa, o território e está longe de ser sua ilustração, fática, poética e metalinguística. À função
  • 11. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | metalinguística creditou a possibilidade de propiciar a construção de textos para abranger relações combinatórias imprevisíveis, de criação relações sistêmicas complexas e em grande de informação nova, uma vez que a combinação escala. envolve intervenção no código. Com isso, a Não é do software que se trata, mas da releitura linguagem se volta para si, para a estrutura da do mundo que as estruturas relacionais do codificação. A metalinguagem se apresenta, design gráfico nas linguagens da comunicação e assim, como possibilidade de recodificação. na enunciação do discurso da crise. Em que medida é possível observar processos de No momento em que a atenção do planeta se recodificação na utilização dos mapas do mundo voltou para os painéis eletrônicos das bolsas 11/18 nos textos de comunicação? É hora de avançar em de valores, entre outubro e dezembro de 2008, outra direção. telas se tornaram a selva em que monstros Como se afirmou inicialmente, apesar da atacavam por meio de números, curvas, gráficos, Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. condenação ao estruturalismo, as necessidades tabelas com cores luminosas e indicadores relacionais em diferentes níveis de abstração em movimentação intensa, muito próximas do – de uma obra artística aos ecossistemas do movimento dos atritos elétricos da atmosfera planeta – desenvolveram a capacidade de ver que os raios desenham durante tempestades. estruturalmente o mundo e transformar esta Configurou-se uma crise cuja ameaça foi visão em diferentes formas de linguagem. Esta anunciada por telas com dígitos, luzes, cores crescente demanda da produção significante me e diagramas projetados em tempo real para os parece acolher o desenvolvimento das operações quatro cantos do mundo, atingindo a todos com de semiose que, por intervir diretamente nos a mesma força e intensidade. códigos, produzem design, o que levou Décio Se o século XXI se iniciou sob o impacto Pignatari (1968) a entender a potencialidade do aquecimento global, o mapa do cenário das linguagens da comunicação e das estruturas econômico assumiu outras cores: em vez do relacionais das mensagens como processos calor derretendo geleiras, estamos às voltas com nascidos sob o signo do design. frentes frias desequilibrando o aquecimento Enquanto o senso comum afirma que os econômico alimentado pelas forças implacáveis gráficos são facilitadores da leitura, designers da globalização, tal como se representa no mapa da linguagem informática criam software para 1. As previsões não são nada otimistas e o que a interação no ecossistema em sua dinâmica vemos é um planeta atingido por uma frente fria planetária. Trata-se de atender à necessidade global. Poucos são os lugares a conservar o calor de projetar linguagens informáticas de modo a do aquecimento econômico.
  • 12. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Quando vislumbrou a noção de aldeia global têm avançado nesta linha de pensamento. em que os meios de comunicação teriam Suas observações levaram-no à compreensão, papel primordial, Marshall McLuhan não não dos meios, mas das operações de design pensava exatamente em economia, mas em que acontecem no campo das linguagens e um campo de estudo ainda em formação, dos códigos desenvolvidos pelos diferentes cuja denominação se originou da mesma raiz sistemas em interação na galáxia. Nesse grega de oikos (de lar ou terra). Definiu este sentido, diferentemente das galáxias campo como ambiente ou ecologia: ecologia e agregadoras de meios, Lunenfeld entende economia se originam da raiz oikos. Pensava que o presente estágio de nossa cultura que os meios de comunicação, ao promoverem desenvolve-se como “a constelação do design” 12/18 trocas de informações em escala planetária, (2003, p.10-15). Trata-se de uma linha de aprimorando as tecnologias eletro-eletrônicas pensamento de Lunenfeld que elaborou bem como os satélites, criariam uma ecologia. uma formulação desafiadora, como se pode Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Os meios funcionariam, assim, como extensões ler a seguir. de diferentes expressões sensoriais formadoras Certa vez eu vi Koolhaas2 analisar a evolução de ambientes de comunicação numa ecologia da arquitetura em relação à globalização do planetária (ver MACHADO, 2009). capital. Ele exibiu a projeção do mercado com o hemisfério ocidental à esquerda, Eu- Porque o centro irradiador dessa ecologia é rásia no centro e Austrália à direita. Koolha- as começou a falar das estratégias mundiais a troca de mensagens comunicacionais, e não dominantes lendo, da esquerda para a di- os bens econômicos, McLuhan compreendeu reita: dólar $, euro €, yen ¥. Numa brilhante inversão das normas cartográficas, então, o a interação das diferentes linguagens – do próximo slide situava a Ásia à esquerda, a alfabeto à tipografia, da escrita manuscrita à Europa no centro e os EUA à direita, criando um supergráfico de estratégias: ¥ € $, ou, letra impressa – em confronto com as culturas como Koolhass chamou, o YES global (LU- orais, como uma galáxia que ele nomeou NENFELD, 2003, p. 13). “galáxia de Gutenberg”. A metáfora da galáxia O gráfico apresentado por Koolhaas não consta de Gutenberg serviu de lição para outros no livro de onde esta citação foi retirada; estudiosos interessados em compreender contudo, encontra-se disponível na fonte web da os efeitos que os meios de comunicação e legenda, de onde recolhemos para reprodução. as tecnologias introduzem na cultura. Peter Lunenfeld (2003) é um desses teóricos que 2 Rem Koolhaas é um arquiteto holandês, fundador do Office for Metropolitan Architecture (OMA), em Londres (1975). Consagrou- se como escritor, filósofo, designer e visionário, conquistando, assim, muitos seguidores.
  • 13. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Figura 6 – Mapa 4: ¥ € $ global 13/18 Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Fonte: Rem Koolhaas, Dilemmas in the Evolution of the Cities, 2007 Disponível em: <josegenao.wordpress.com/2007/06/>. O gráfico de Koolhaas na verdade não é em confronto com a experiência. Para Décio exatamente o mapa-múndi, mas um interpretante Pignatari (1968, p. 30), “o interpretante, das relações econômicas sintetizadas na assim, não é uma coisa, mas antes o processo palavra ¥ € $, que, por seu turno, resulta de relacional pelo qual os signos são absorvidos, uma intervenção metalinguística no mapa, isto utilizados e criados”. é, realinhamento dos continentes segundo as Num primeiro momento, é possível dizer que a variações dos mercados e de suas moedas. Há, base gráfica formadora do argumento foi o mapa- portanto, um argumento gráfico muito preciso múndi segundo uma percepção de movimento na representação de Koolhaas: mudança radical em economias emergentes no contexto global, no jogo de forças da economia globalizada e do não da globalização econômica, mas no globo surgimento de novos mercados desencadeado terrestre. Contudo, não há aqui uma estrutura de pelo aquecimento de economias emergentes. cor e legenda. Tal como as pressões atmosféricas, Graças à operação de design, o gráfico apresenta as pressões dos agentes econômicos são um interpretante do signo, ou seja, uma mobilizadoras e interventoras. Assim, quando estrutura em que a interpretação é reelaborada Koolhaas inverte a cartografia, ele opera uma
  • 14. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | modelização das relações ecológicas em função ao movimento dos códigos num jogo entre mapa das transformações econômicas. Quando, porém, e cifras, alternando as direções da leitura. O desenha o signo gráfico da moeda de cada região neologismo ¥ € $ surge do movimento reverso do no contexto desta cartografia, surge um signo mapa, não da linearidade unidirecional da escrita novo: o ¥ € $ global. Este é um signo novo porque alfabética (somente da esquerda para a direita). sua base gráfica não são as letras do alfabeto – O modelo produzido já não é mais um mapa- nem ocidental, nem oriental – mas as cifras das múndi, mas uma representação gráfico-visual de moedas respectivas. Paradoxalmente, a leitura um ponto de vista sobre o mundo. Atente-se que que nossa visão realiza não leva em conta os o Japão, potência econômica cifrada pelo iene, signos gráficos, mas a semiose acústica de outra ocupa uma pequena fração do espaço, no canto 14/18 palavra, o termo yes da língua inglesa. Assim, esquerdo da parte inferior do quadro, criando a carta do globo terrestre é renomeada com os uma desproporção com a massa gráfica do signos gráficos da semiose econômica. Ainda continente europeu (euro) e americano (dólar), Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. que se possa ler o signo ¥ € $ como a palavra em linha ascendente e na diagonal. yes, no contexto do gráfico desenhado pelo jogo Há que se considerar igualmente a operação de forças ecológico-econômico trata-se de uma sensorial e cognitiva que aqui se manifesta como controvérsia: um contexto de crise. Algo muito gesto de leitura realizado por associações. O próprio da globalização que firma a positividade a ¥ € $ global só é lido como letra do alfabeto partir de movimentos subterrâneos de negação. fonético porque conhecemos as palavras a Se este fosse um artigo de economia, partir das quais a notação gráfica foi realizada: certamente eu iria encaminhar ideias iene, euro, dólar. Estamos, pois, mergulhados econômicas do exemplo apresentado por no ambiente da cultura escrita alfabética que Koolhaas. O viés semiótico, porém, enfatiza desenvolve códigos e sistemas notacionais para a controvérsia do processo de modelização atender necessidades comunicativas e cognitivas semiótica do design deste signo novo resultante que não cabem na interação pela linguagem de classes de signos distintas, abrindo caminho verbal ordinária. Fora deste ambiente, talvez o para a constelação do design que Lunenfeld ¥ € $ global soe como um nonsense. Aqui não (2003, p. 10) entende dominar a cultura de é. A semiotização do código é uma demanda do nosso tempo de crises e de controvérsias. ambiente de relação em design. Chamo de palíndromo cartográfico o texto que Toda essa decomposição analítica da interação resulta de diferentes semioses porque, tal como com o gráfico se realiza em presença do signo no palíndromo, a composição se realiza graças discreto, das cifras e das letras. Isso não acontece
  • 15. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | com o signo contínuo: o mapa-múndi não pode melhor, acontecem. A partir do momento em que ser decomposto em unidades sem perder sua eles passam a ser objeto de interpretação, eles capacidade de representar o sistema do planeta. se tornam signos de leitura que se oferecem sob Ainda que seja resultado da modelização de forma de alguma composição e podem ser assim outras representações, estas não projetam o mapa dimensionados por outras leituras. Tenta-se em fragmentos. Ele só significa in continuum: recuperar a cadeia associativa de intuições e uma constelação, como queria Lunenfeld. de probabilidades que os processos sensoriais transformam em percepções. A leitura assim 5 Considerações finais concebida é um gesto de raciocínio que na Tanto a galáxia de Gutenberg quanto a busca por deduções dos fatos não abandona as 15/18 constelação do design são reveladoras das inferências e abduções. Em vez de ser guiada conjugações sistêmicas não apenas dos textos pela lógica, segue os passos nem sempre fluidos como também do modo de ver o mundo e de nele da analógica. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. conviver. As diferentes estruturas constroem A leitura estrutural assim concebida define diferentes mensagens. No caso da consciência duplamente o que tentamos examinar aqui ecológica apresentada nos vários textos, não se como semiosis in design. Por um lado, nomeia trata de verdade única nem de teleologia. Trata- o processo semiótico que traduz a ação do signo se de interação sistêmica expressa em leituras em sua interação dinâmica com outros signos; estruturais com diferentes níveis de abstração por outro, qualifica a semiose como operação – tão necessárias para todo ato de conhecimento. tradutora ou de transcodificação, típica do design. Com isso, afirma-se a necessidade da abstração In design define o caráter da semiose gráfica dos tanto para o processo de argumentação quanto textos no contexto produtivo da linguagem, cujo da alfabetização na cultura, uma vez que nenhum objetivo é alcançar diagramas de pensamento sistema de signo é auto-suficiente. sem o qual o conhecimento não consolida bases A análise dos textos aqui apresentada não tem argumentativas de signos culturais. como objetivo uma focalização exaustiva de procedimentos a partir de teorias. O objetivo Referências é explicitar no exercício a leitura das relações BARTHES, Roland. Escrever a leitura. In: ______. O rumor da língua. São Paulo: Brasiliense, 1988. p. estruturais que colocam em jogo diferentes 40-42. abstrações, ativando o contexto de relações, BORGES, Jorge Luis. Da impossibilidade de construir aproximações e distanciamentos na operação a carta do império em escala um por um. In: ______. cognitiva que a mente põe em ação em contato Obras Completas. São Paulo: Globo, 1999. p.5. com o mundo. Os acontecimentos existem, ou
  • 16. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | COELHO, Eduardo Prado. Introdução a um pensamento cruel: estruturas, estruturalidade e estruturalismos. In: ______ (coord.). Estruturalismo: antologia de textos teóricos. São Paulo: Martins Fontes, 1967. p. I-LXXV. DOSSE, François. História do estruturalismo. Bauru: EDUSC, 2007. JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação. Tradução: Isidoro Blinkstein. São Paulo: Cultrix, 1971. LUNENFELD, Peter. The Design Cluster. In: 16/18 LAUREL,Brenda (ed.). Design research: methods and perspectives. Cambridge: MIT Press, 2003. MACHADO, Irene. Controvérsias sobre a cientificidade da linguagem. Líbero. Revista do Programa de Pós- Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. graduação da Faculdade Cásper Líbero, ano XI, n. 22, p.63-74, dez. 2008. ______. Ecologia das extensões culturais. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO, 18., 2009, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Compós, 2009. PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1968.
  • 17. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Semiotic diagrams in Diagramas semióticos en communication texts textos comunicacionales Abstract Resumen This article addresses the reading of communication El presente artículo presenta una reflexión sobre texts as a cognitive enhancement process. For this, la lectura de los textos de comunicación como it starts from an assumption of need for semiotic un proceso de mejoría cognitiva en la cultura. literacy in the relational and diagrammatic Para ello, parte de la hipótesis de la necesidad de structures that the media languages have introduced una alfabetización semiótica en las estructuras in the culture. It thus proposes structural reading relacionales y diagramáticas que los lenguajes de exercises with journalistic texts in their process of los medios introdujeron en su cultura. Propone, representation. With this, it intends to verify how así, ejercicios de lectura estructural de textos events are brought about to signify, how they become periodísticos en su proceso de representación. 17/18 texts and what instruments languages use in order Pretende, por lo tanto, examinar cómo los to build arguments that can be read within the acontecimientos significan, cómo se vuelven textos structuralism of their composition. y de qué instrumentos se sirven los lenguajes para Keywords construir argumentos que puedan ser leídos en la estructuralidad de su composición. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Structure. Diagram. Language. Argumentation. Reading. Visuality. Palabras clave Estructura. Diagrama. Lenguaje. Argumentación. Lectura. Visualidad. Recebido em: Aceito em: 14 de julho de 2009 10 de novembro de 2009
  • 18. www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 | Expediente E-COMPÓS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599 A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico da Revista da Associação Nacional dos Programas Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Pós-Graduação em Comunicação. (Compós). Lançada em 2004, tem como principal finalidade difundir a Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. produção acadêmica de pesquisadores da área de Comunicação, inseridos A identificação das edições, a partir de 2008, em instituições do Brasil e do exterior. passa a ser volume anual com três números. CONSELHO EDITORIAL João Freire Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Afonso Albuquerque Universidade Federal Fluminense, Brasil John DH Downing University of Texas at Austin, Estados Unidos Alberto Carlos Augusto Klein Universidade Estadual de Londrina, Brasil José Luiz Aidar Prado Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil Alex Fernando Teixeira Primo Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil José Luiz Warren Jardim Gomes Braga Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Alfredo Vizeu Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Juremir Machado da Silva Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Ana Carolina Damboriarena Escosteguy Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Lorraine Leu University of Bristol, Grã-Bretanha Ana Silvia Lopes Davi Médola Universidade Estadual Paulista, Brasil Luiz Claudio Martino Universidade de Brasília, Brasil 18/18 André Luiz Martins Lemos Universidade Federal da Bahia, Brasil Maria Immacolata Vassallo de Lopes Universidade de São Paulo, Brasil Ângela Freire Prysthon Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Maria Lucia Santaella Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil Antônio Fausto Neto Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Mauro Pereira Porto Tulane University, Estados Unidos Antonio Carlos Hohlfeldt Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Muniz Sodre de Araujo Cabral Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.12, n.3, set./dez. 2009. Arlindo Ribeiro Machado Universidade de São Paulo, Brasil Nilda Aparecida Jacks Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil César Geraldo Guimarães Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Paulo Roberto Gibaldi Vaz Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Cristiane Freitas Gutfreind Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Renato Cordeiro Gomes Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil Denilson Lopes Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Ronaldo George Helal Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Eduardo Peñuela Cañizal Universidade Paulista, Brasil Rosana de Lima Soares Universidade de São Paulo, Brasil Erick Felinto de Oliveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Rossana Reguillo Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores do Occidente, México Francisco Menezes Martins Rousiley Celi Moreira Maia Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Gelson Santana Samuel Paiva Universidade Anhembi/Morumbi, Brasil Universidade Federal de São Carlos, Brasil Goiamérico Felício Sebastião Albano Universidade Federal de Goiás, Brasil Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil Hector Ospina Sebastião Carlos de Morais Squirra Universidad de Manizales, Colômbia Universidade Metodista de São Paulo, Brasil Herom Vargas Simone Maria Andrade Pereira de Sá Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Brasil Universidade Federal Fluminense, Brasil Ieda Tucherman Suzete Venturelli Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Universidade de Brasília, Brasil Itania Maria Mota Gomes Valério Cruz Brittos Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Janice Caiafa Veneza Mayora Ronsini Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Jeder Silveira Janotti Junior Vera Regina Veiga França Universidade Federal da Bahia, Brasil Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil COMISSÃO EDITORIAL Felipe da Costa Trotta | Universidade Federal de Pernambuco, Brasil COMPÓS | www.compos.org.br Rose Melo Rocha | Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação CONSULTORES AD HOC Presidente Arthur Autran Franco de Sá Neto | Universidade Federal de São Carlos Itania Maria Mota Gomes Carlos Eduardo Franciscato | Universidade Federal de Sergipe Universidade Federal da Bahia, Brasil Elisa Reinhardt Piedras | Universidade Federal do Rio Grande do Sul itania@ufba.br Elizabeth Bastos Duarte | Universidade Federal de Santa Maria Marcia Benetti Machado | Universidade Federal do Rio Grande do Sul Vice-presidente Sandra Maria Lúcia Pereira Gonçalves | Universidade Federal do Rio Grande do Sul Julio Pinto Suzana Kilpp | Universidade do Vale do Rio dos Sinos Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil Tattiana Gonçalves Teixeira | Universidade Federal de Santa Catarina juliopinto@pucminas.br Vander Casaqui | Escola Superior de Propaganda e Marketing Vicente Gosciola | Universidade Anhembi Morumbi Secretária-Geral Walter Teixeira Lima Junior | Fundação Cásper Líbero Ana Carolina Escosteguy Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil REVISÃO DE TEXTO E TRADUÇÃO | Everton Cardoso carolad@pucrs.br EDITORAÇÃO ELETRÔNICA | Raquel Castedo