3. Compreensão e explicação
- Opondo-se à ideia de que seja
possível assimilar os métodos das
ciências naturais ao estudo da
sociedade, vários críticos da corrente
positivista elaboraram outras
estratégias;
- Nesse contexto, autores como
Wilhelm Dilthey (1833-1911) e George
Simmel (1858-1918) propõem a
elaboração de um conhecimento mais
voltado às ciências sociais.
Wilhelm Dilthey
Fonte: Wikipédia
4. Compreensão e explicação
- E é de Dilthey a distinção - que se
tornou famosa - entre o
“compreender” que as ciências
sociais buscariam e o “explicar”
almejado pelas ciências naturais;
- Isso ocorre, pois os processos da
experiência humana são vivos e,
assim, a tarefa da Sociologia, antes do
que explicá-los, deveria ser a busca
da compreensão do “sentido”
(significado) dos mesmos;
George Simmel
Fonte: Wikipédia
5. Compreensão e explicação
- O autor mais expressivo,
considerado um dos criadores da
Sociologia, dessa corrente é o
alemão Max Weber (1864-1920),
que fez significativas contribuições
a esse "paradigma" de estudo da
sociedade, que procura o
“sentido” da “ação social”. Para
tanto, Weber construiu toda uma
metodologia e conceitos
relevantes.
Max Weber
Fonte: Wikipédia
6. Objetividade e conhecimento na
Sociologia
- Para Weber, os valores e ideais que inspiram um
cientista social são intrínsecos à busca do
conhecimento; daí sua crítica ao positivismo. Porém,
ele propunha uma clara distinção entre os
“julgamentos de valor” e o “saber empírico”;
- A ciência social compreende ambos os aspectos – já
que os julgamentos de valor estão no significado dado
aos objetos e problemas, enquanto o saber empírico
está relacionado com a busca de respostas às
questões formuladas, por meio dos instrumentos
racionais da ciência;
7. Objetividade e conhecimento na
Sociologia
- Todavia, o cientista social não deve estabelecer receitas para a
praxis, nem dizer o que deve ser feito, mas sim o que pode ser feito.
Isso porque a ação prática vincula-se a deveres e convicções que
estão ancorados no mundo da política prática. E, para Weber, a
ciência social deve distinguir-se dessa esfera tanto quanto possível;
- Nesse sentido, ele dizia que: “A tarefa do professor é servir aos seus
alunos com o seu conhecimento e experiência e, não, impor-lhe suas
opiniões políticas pessoais”.
- Em outras palavras, a ciência (e o professor que é representante
dela) tem um compromisso com a “verdade” que não deve ser
restringido pelas crenças e convicções políticas de qualquer de seus
praticantes.
8. Compreensão da realidade social e
conexão de sentido
- De acordo com Weber, o objetivo da Sociologia
deveria ser a compreensão da conduta social. Ele vê
a conduta humana como feita pela “ação”, dotada
de “significados subjetivos” dados por quem a
executa e que a orientam;
- Quando a orientação dirige-se a outros, trata-se de
uma ação social. E, assim, o estudo da ação social,
torna-se central na sociologia weberiana;
9. Compreensão da realidade social e
conexão de sentido
- “A explicação sociológica [em Weber] busca compreender e
interpretar o sentido, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de
um ou mais indivíduos referida a outro ou outros – ou seja, da ação
social, não se propondo a julgar a validez de tais atos nem a
compreender o agente enquanto pessoa. Compreender uma ação é
captar e interpretar sua conexão de sentido, que será mais ou menos
evidente para o sociólogo” (Barbosa e Quintaneiro, 2002, 114);
- Em outras palavras, o método da “conexão de sentido” diz respeito a
“apreender os nexos entre os diversos elos significativos de um
processo particular e reconstruir esse processo como uma unidade
[...]. Realizar isso é precisamente compreender o sentido da ação”
(Cohn, 1991, 28).
10. Tipo ideal, ação e relação social
- Um dos principais instrumentos da metodologia de
Weber é o de “tipo ideal”, ou seja, a
conceituação/modelo de uma situação ou fenômeno
real, que busca, racionalmente, isolar seus elementos
fundamentais (nem sempre constantes em todas as suas
situações concretas), em traços sintéticos. Exemplos de
tipos ideais: capitalismo, burocracia, igreja, partido
político etc.
- O tipo ideal é, então, um guia para a pesquisa empírica,
pois serve (por comparação) para conduzir o cientista
numa realidade complexa;
11. Tipo ideal, ação e relação social
- Como já se disse a “ação social” é muito importante na
sociologia weberiana. E Weber elabora, com fins de
entendimento da ação humana e de processos sociais, quatro
“tipos ideais” de ação:
:: Ação racional com relação a fins
(congruência/adequação entre meios e fins);
:: Ação racional com relação a valores (orientada
pelos valores últimos);
:: Ação tradicional (ditada pelo costume) e
:: Ação afetiva (regida pela emoção e sentimentos).
- Já a “relação social” é definida por Weber com respeito ao
elemento de sentido partilhado (sem que haja necessariamente
reciprocidade quanto a este), existente na execução de ações
sociais.
12. Tipo ideal, ação e relação social
- Entes coletivos (desde um casal a empresas,
Estados, clubes etc.) existem como formas de
relação social, que desapareceriam caso
desaparecessem sua atividades sociais
orientadas significativamente.
- Quanto mais assumirem teor racional, mais
as relações sociais serão regidas por normas,
leis, regulamentos etc.
13. Dominação, desencantamento do
mundo e burocratização
- Para Weber o fundamento da vida social (ou seja, da
sociedade) encontra-se na questão da dominação, isto é, os
elementos que justificariam a legitimidade do mando de uns
sobre outros – em outras palavras, a questão da ordem
social;
- Na reflexão sobre esse ponto, ele elabora três tipos de
princípios de autoridade, que se justificariam em diferentes
fontes:
:: Autoridade racional (legalidade, crença nas regras,
racionalidade);
:: Autoridade tradicional (costumes habituais,
antiguidade);
14. Dominação, desencantamento do
mundo e burocratização
- A modernidade, para Weber, tenderia cada vez mais a uma
racionalização do mundo – englobando suas diferentes
esferas: religião, administração, política etc. – e isso
provocaria um predomínio do tipo de autoridade racional,
cujo instrumento mais relevante seria a burocracia;
- Porém, o que Weber chama de “desencantamento do
mundo” (maior racionalidade operada pela ciência e pela
técnica) estaria produzindo também uma cultura mais
medíocre, rotinizada e adaptada ao cotidiano – que poderia,
todavia, ser de tempos em tempos afetada por ondas
emocionais (carismáticas).
15. Racionalização e Capitalismo
- Em sua obra clássica A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo (1905), Weber enlaça vários
temas de sua sociologia na análise do surgimento
do capitalismo no ocidente;
- Em sua análise, bastante original e discutida até
hoje, ressalta como um fator explicativo importante
o caráter “racional” da ética calvinista (salvação
pelas obras) que possui importância em termos de
valores (poupança, ética do trabalho) e condições
para o surgimento do capitalismo;
16. Racionalização e Capitalismo
- Weber mostra, então, o quanto o
capitalismo dependeu, no seu
desenvolvimento inicial, de indivíduos dessa
crença. Assim como, discute o fato de que o
capitalismo tenha progredido mais rápido nos
países protestantes que nos católicos.
17. Referências
BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira e QUINTANEIRO,
Tânia. Max Weber. In: QUINTANEIRO, Tânia et al. Um
toque de clássicos. Belo Horizonte, Ed. UFMG, pp.
107-149.
COHN, Gabriel. Introdução. In: ___ (org.). Weber
(coleção Grandes Cientistas Sociais). São Paulo, Ática,
1991, pp. 7-34.