O documento lista obras de arte de diversos artistas modernistas brasileiros como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Manuel Bandeira. Também apresenta trechos de textos de autores como Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Graça Aranha, além de informações sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 e sua importância para a arte brasileira.
15. Manuel Bandeira
Enfunando os papos, Saem da penumbra Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!".
O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado.
Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos.
O meu verso é bom Frumento sem joio Faço rimas com Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A formas a forma.
Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia Mas há artes poéticas .
Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei" - "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - "A grande arte é como Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo."
Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas: - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Verte a sombra imensa;
Lá, fugindo ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é
Que soluças tu, Transido de frio, Sapo cururu Da beira do rio...
1918
30. Germinal
1
Nuvens voam pelo ar como bandos de garças, Artista boêmio, o sol, mescla na cordilheira pinceladas esparsas de ouro fosco. Num mastro, apruma-se a bandeira de São João, desfraldando o seu alvo losango.
Juca Mulato cisma. A sonolência vence-o
Vem, na tarde que expira e na voz de um curiango, o narcótico do ar parado, esse veneno que há no ventre da treva e na alma do silêncio. Um sorriso ilumina o seu rosto moreno.
No piquete relincha um poldro; um galo álacre tatala a asa triunfal, ergue a crista de lacre, clarina a recolher entre varas de cerdos e mexem-se ruivos bois processionais e lerdos e, num magote escuro, a manada se abisma na treva.
Anoiteceu.
Juca Mulato cisma.
47. MANIFESTOS DE OSWALD DE ANDRADE
Manifesto Antropófago deglutir a cultura
Manifesto Pau – Brasil avesso ao pedantismo
48. Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade
49. ANÁLISE LITERÁRIA
Verso livre, ausência de pontuação, o contrataste da natureza européia (frio, chuva) com a natureza tropical (marcada pelo sol). O português tenta vestir o índio de valores repressivos, porém, este despe o português com uma locução interjetiva:
QUE PENA !
Voltaire Schilling
59. Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Ele apresentou uma série de três espetáculos. Mostrou ao público paulista as seguintes obras: no dia 13, a "Segunda Sonata", o "Segundo Trio" e a "Valsa mística" (simples coletânea), o "Rondante" (simples coletânea), "A Fiandeira" e "Danças Africanas"; no dia 15, "O Ginete do Pierrozinho", "Festim Pagão", "Solidão", "Cascavel" e "Terceiro Quarteto"; no dia 17, "Terceiro Trio", "Historietas: a) Lune de Octobre, b)Voilà la Vie, c)Je Vis San Retard, Car vite s'écoule la vie", "Segunda Sonata", "Camponesa cantadeira" (suíte floral), "Num Berço Encantado" (simples coletânaea),"Dança Infernal" e "Quatuor" (com coro feminino). Villa-Lobos não foi o único compositor moderno interpretado na Semana de Arte Moderna.
62. MACUNAÍMA – 1928
Romance que reúne lendas e mitos indígenas para compor a história do ‘herói sem nenhum caráter’ que nasceu na floresta amazônica, era um sujeito malandro e preguiçoso em busca dos prazeres da vida.
Ao longo da narrativa o índio negro vira branco, vira inseto, vira peixe e até mesmo um pato, tudo isso dependendo das circunstâncias.
Personagem surrealista.
63. CONTINUIDADE…
Porteriormente responsável por cargos ligados à CULTURA , criou a Lei que organizou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Em 1936 Mario de Andrade a Manuel Bandeira indicaram Rodrigo Melo Franco de Andrade (advogado) para organizar e dirigir o SPHAN, futuro IPHAN. O Ministro da Educação e da Saúde na data era Gustavo Capanema.
64. CONTINUIDADE…
SPAM
Sociedade Pró Arte Moderna
- Nasceu de modo espontâneo, em 1932, seguindo a trilha aberta pela Semana de Arte Moderna, tem a finalidade de ampliar os espaços da arte.
- Alberto da Veiga Guignard teve obras de sua autoria expostas na 1ª e na 2ª exposição da Sociedade.
65. Da esquerda para a direita: Cândido Portinari, Antônio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade, 1936.
66. A IMPORTÂNCIA ESTÉTICA
A semana significa um atestado de óbito da arte dominante. O academicismo, o romantismo musical e o parnasianismo literário esboroaram – se por inteiro.
Mario de Andrade diz mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho social, uma maior impregnação com a angústia do tempo. A renovação estética estava acima de outras preocupações. O principal inimigo eram as formas artísticas do passado, e se instaura o império da experimentação, algo de indispensável para a fundação de uma arte VERDADEIRAMENTE NACIONAL.
67. 80 ANOS DEPOIS (2002)
-Programação tímida para comemoração dos 80 anos da Semana.
- Itaú Cultural celebra a Semana 22 com mostras na internet.
- MAM/SP faz exposições e debates.
- Obras de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral vão ao MAC.
- Curtas (cinema) apresentam quem foram os modernistas no centro cultural de SP.
- CCBB/RJ (Centro CulturalBanco do Brasil) revive a programação da Semana de 22.
68. CONCLUINDO
A semana de arte moderna é o ápice do individualismo do artista, ponto este que começa a ser explorado desde o romantismo. Além deste ponto auge é importante salientar que as estéticas modernas começam a explorar o questionamento do que é a arte e de como ela pode ser produzida, resultando nas mais diversas estéticas que surgiram no século XX.