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Dj Poppy
     Nascida na África do Sul, cedo se radicou em terras lusas, onde ganharia o
     gosto pela noite. Após o período de difícil aceitação, pela família, do facto de
     trabalhar à noite, tornou-se o maior nome feminino do djing nacional.
     Dona de uma garra e determinação ímpares, Dj Poppy, já considerada um Vibe
     versão mulher, veio para ficar e marcar a diferença pela qualidade. Um caso
     como poucos!


     De onde vem o nome Poppy?                        Que linha tocavas quando começaste?              Dizem que és como uma versão feminina do
                                                                                                       Dj Vibe. Como comentas esta afirmação?
     Como nasci na Miria, os meus pais, na altura,    Eu comecei com uma brincadeira, no Docks.
     registaram-me como Iolanda Poppy. É o meu        Fui gerente em algumas discotecas e na altura    Sim, muita gente diz que eu sou o Vibe das
     nome no registo que está feito na África do      geria o Docks e o W (o W só a 4ª Feira). Um      mulheres, o que para mim é um privilégio e
     Sul, mas como os meus pais vieram a Portugal     dia, os Djs fizeram-me uma praxe - sendo a       um orgulho. O Vibe é o nosso “Master at work”   ,
     quando eu tinha 8 meses visitar a família e      nova gerente teria que misturar um disco… e      como eu costumo chamá-lo e é, e será sempre,
     depois decidiram ficar cá de vez só que não      misturei. Depois, começámos aos Sábados. Eles    o nosso nº 1, é uma pessoa de quem eu tenho
     deixaram fazer o registo como Iolanda Poppy. É   embebedavam-se e eu fazia a última meia hora.    muita referência e gosto de ouvir. Uma das
     o meu nome de casa, toda a minha família me      Ia tudo para o meio da pista e a Poppy ficava    coisas que mais adorei, foi ouvir o Tó tocar
     trata assim, apenas na escola me tratavam por    ali a tocar e o bichinho quando morde... No W,   Deep House. Um dia fui ao Norte e fui a um sítio
     Iolanda.                                         também comecei a fazer umas brincadeiras         onde ele estava a tocar, pois queria saber qual
                                                      às 4ªas Feiras, sempre muito nervosa, pois       a evolução dele, já que também vinha do tribal
     Quais são as tuas grandes paixões?               sou muito perfeccionista. Às tantas, notei que   e visto que a onda agora seria mais essa, quis
                                                      ao andar pela casa as pessoas começaram a        ir ouvir qual a mudança dele e fiquei de boca
     Gosto de música, de estar com pessoas bem-       perguntar-me a que horas tocava e isso foi       aberta num set de 2 horas e meia. Eu identifico-
     dispostas, com os amigos, e de viagens.          um empurrão para mim. Eu sou muito pés           me muito com a música que ele toca, pois
                                                      assentes na terra, sigo as minhas metas e não    quando ele está a tocar eu oiço uma e outra
     Antes de ingressares no mundo da música o        passo por cima de ninguém para atingir os        faixa e vejo-me nos meus sets. Quando abriu
     que fazias?                                      meus objectivos, mas quando quero uma coisa      a discoteca Companhia, na Covilhã, o Tó abriu
                                                      é a sério e só entro em projectos em que eu      no Sábado e eu fiz o Domingo. Fiquei super
     Eu trabalho na noite há 15 anos, mas antes       acredito e com os quais me identifico. Quando    contente com o convite, por partilhar o fim-
     estudava. Comecei a sair a noite com 17 anos     comecei, gostava assim de uma linha mais         de-semana da abertura com uma pessoa como
     e logo passados 4, 5 meses, apaixonei-me logo    forte, pois normalmente, quando começamos,       ele, e correu muito bem. Foi uma das melhores
     por aquele mundo. Eu ia muito ao Alcântara-      quereremos sempre tocar mais forte, mas          noites, dito pela boca deles.
     Mar e ao Kremlin, na altura e ao Plateau. Um dia,quando começamos a ter mais alguma cultura
     o Xana, que era do Alcântara, chamou-me para     temos tendência para gostar mais de música.      Ganhaste, em 2003, o prémio de Dj revelação
     beber umas “unhas” chamou o Manuel Faria e
                          ,                                                                            pela PortugalNight ao lado de cinco homens.
     o Samuel, e na altura e convidaram-me para E actualmente, qual o teu estilo?                      O que sentiste nesse momento?
     trabalhar lá aos fins-de-semana.
                                                       Tal como me dizem alguns amigos, eu toco        Fiquei super feliz e super lisonjeada porque
     Como se dá a tua aproximação ao djing?            um house brincalhão. Sou muito eclética e       não estava nada a espera. Foi um voto de
                                                       gosto de coisas diferentes. Adoro Deep House,   confiança e um “puxãozinho” que fez com que
     Quando comecei a trabalhar no Alcântara, Tech House e House Minimal. Já não gosto de              acreditasse um bocadinho mais e me desse
     eu só tinha 18 anos e trabalhava 4ª, Sexta e música muito pesada e tanto o Techno como            reconhecimento e, pelas pessoas que são e
     Sábado e nunca pedi autorização aos meus o Tribal estão completamente fora daquilo                revista séria que é, fiquei muito contente, deu-
     pais para nada, ainda para mais, sendo maior, que eu gosto. Não sei explicar qual o estilo,       me mais energia e fez com que acreditasse que
     apenas os informava. O meu pai dizia apenas mas gosto de uma mistura de sons ecléticos.           se calhar deveria levar isto mais a sério.
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     “Tu vais, mas o teu irmão vai contigo!”… e lá Por vezes, até posso ir um pouco mais pelo
     ia. Por vezes, quando faltava alguém do bar comercial, mas outro tipo de comercial que            Neste momento, tens uma carreira bastante
     ou assim, o meu irmão substituía-os, até que não é o I Gotta Feeling ou Babilónia. Recuso-        sólida. Como antevês o teu futuro neste
     um dia foi para light jockey e começou a ter me a tocar esse género de sons pois não me           meio?
     gosto pela música. Ao acompanhar a evolução identifico e não toco coisas que eu não gosto.
     do meu irmão e comprando-lhe alguns discos Agora um Dj toca para as pessoas e eu prefiro          Eu não sou muito de pensar no futuro e fazer
     também fui desenvolvendo a minha paixão tocar uma remistura de Tears for Fears ou de              grandes planos. Eu vivo o presente, não vivo
     pela música, mas sem nunca ter entrado por Stevie Wonder, ir buscar remisturas de coisas          o passado. Antigamente, era tudo muito mais
     aquela coisa de querer ser dj ou entrar numa antigas, do que tocar estas coisas às quais eu       difícil. Hoje em dia, está na moda ser Dj. Eu
     cabine. Sempre acompanhei a carreira do meu chamo “bolos” e que são hits de Verão que para        venho de uma cultura e de uma educação que
     irmão, sempre lhe dei apoio e a minha opinião o ano não se ouvem e que, aliás, já toda a gente    quando eu comecei, tinha toda a minha família
     para ele sempre foi importante, como é hoje, e está farta de ouvir.                               a ligar para o meu pai a dizer que ele era doido
     vice versa.                                                                                       por me deixar trabalhar à noite. Uma rapariga
51
que namorasse com um Dj, nem pensar, por
ser um homem da noite, e eu venho dessa
educação. O meu pai e a minha mãe sempre
me apoiaram e aliás eu sou o que sou hoje,
tenho o que tenho, graças ao meu pai que
sempre foi uma pessoa apaixonada por música,
organizava festas de passagem de ano, eu
gravava cassetes com ele e o amor e gosto que
tenho foi por ele. Quando comecei a tocar e a
levar a música mais a sério, foi quando o perdi,
em 2003, e eu sou uma pessoa que interiorizo
muito, não sou muito de contar a minha vida,
sou uma pessoa muito frontal, peco um pouco
por isso, pois por vezes sou mal interpretada.
Prefiro uma verdade má do que uma mentira
boa. Relativamente à minha carreira, é o que
eu digo, neste meio uma coisa é verdade, não
tens apenas que ser bom. Há três coisas que
eu digo sempre, que são muito importantes, e
começam por três P´s, que são a persistência,
perseverança e profissionalismo. Tens que
correr atrás pois nada te cai do céu. Não podes
estar à espera de seres muito bom e te ligarem
pois não ligam, a verdade é essa.

Produção musical, Poppy?

Estou a tirar o curso de produção. Confesso
que sou um bocadinho preguiçosa, ainda não
aprendi o suficiente pois é mais complicado do
que eu pensava. Acho que a produção é o passo
seguinte do Dj e cada vez mais é importante
porque, como já referi há pouco, hoje em dia
toda a gente tem acesso às nossas músicas e se
eu conseguir fazer algo mais meu, o acesso será
mais dificultado. Nós cada vez temos que provar
mais do que provava-mos e com a produção
aprendemos muito sobre a música. Eu estou
a tirar o curso na Pro Dj, sou embaixadora da
escola, estou a ter aulas com o Viriato Muata,
uma pessoa com uma capacidade imensa e
com um conhecimento musical muito vasto.
Só que eu não vivo bem com o insucesso e por
isso nunca vou lançar um hit de Verão. Eu para
lançar quero uma coisa que fique. Em toda a
minha vida eu sempre fui pelo caminho mais
difícil e adoro desafios. E o meu desafio, neste
momento, é fazer algo que fique.

Referências tuas tanto nacionais como
internacionais?

Nacionais são Dj Vibe, Jiggy, King Bizz e Stereo
Addiction. Internacionais, Carlo Lio, Pryda,
Doomwork, Alex Kenji e H.O.S.H.

Em que espaços te sentes bem a actuar?

Em clubes e gosto muito de sunset´s. Acho que
Portugal ainda não percebeu bem o conceito
de sunset, talvez só daqui a 2, 3 anos. Eu prefiro
uma festa que comece as 4h, 5h da tarde que é
o que se passa em Ibiza. Gosto muito também
de actuar em clubes assim para 300, 400
pessoas, essa é mais a minha praia.

Clubes de eleição?

Companhia na Covilhã, Estação da Luz e Pedra
do Couto.

Gigs que tenham marcado a tua carreira?

No ano passado, houve um que me marcou
muito no NoSoloÁgua, em Portimão, à noite.
Foi no dia a seguir à abertura do Sasha, estava
tudo fechado, não havia nada aberto e eu
toquei a noite toda sozinha. Confesso que sou
um bocadinho egoísta, não gosto de back to
back´s e essas coisas. Foi uma noite muito gira
e isto porque estava muita gente do Porto, de
Lisboa e do Algarve, estava tudo fechado e foi
como que uma prova para muitos. Muita gente
torcia o nariz e pensava que por ser de Lisboa
eu tocava comercial. Eu sou um pouco pelos          fazer uma banda, a banda sem voz também e Português?
     desafios e quanto mais dizem, quanto mais           complicado e então é como se tivéssemos uma
     falam, mais força eu tenho e mais força me          banda e a puséssemos a tocar.                   Antigamente, as pessoas adequavam-se às
     dão, e foi um set daqueles! Sem dúvida, um dos                                                      casas, eu venho do Alcântara-Mar em que às
     maiores sets da minha vida. Muita gente veio,       És uma pessoa aplicada?                         vezes estava a ver o Pedro Lorena ou o Tó a fazer
     na altura, dar-me os parabéns. A Abigail Bailey                                                     porta e eles diziam às pessoas que estavam
     estava lá também e veio logo ter comigo. A          Sou a pessoa mais crítica. Antes de alguém me muitos desportivas para entrar e elas iam a casa
     opinião de quem percebe de música para mim          criticar eu já me critiquei 100 vezes. Encontro mudar de roupa, se fosse preciso, pois havia o
     é muito importante. De quem não percebe,            em mim mais os defeitos do que as qualidades. direito de admissão que hoje em dia é proibido.
     pouco me interessa.                                 Ando sempre à procura da perfeição.             Por vezes, se pedimos este ou aquele valor para
                                                                                                         as entradas por não querermos que entrem,
     Recentemente foste a Dj mais requisitada Achas a promoção e o marketing eles pagam e ainda gozam. Agora eu invisto
     nas festas de promoção do Sensation importantes na actualidade na carreira de numa casa e não posso ter o ambiente que
     Wicked Wonderland. Como te sentes em um Dj, musico ou produtor?                                     quero? Falta glamour na noite portuguesa.
     relação a isso?
                                                         Acho que sim, mas a imagem não pode estar O que é, para ti, a noite perfeita?
     Sinto-me muito feliz e orgulhosa e vou acima do profissionalismo e acho que as
     confidenciar que ao início pensei que me pessoas se importam mais com a imagem. Eu na cabine, um sítio bonito, com gente bonita
     estivessem a enrolar e a tentar ser simpáticos, Como eu costumo dizer, as pessoas às vezes e bem disposta e que tenha uma pista onde as
     pois para mim é tudo culpado até prova em viam-me a chegar a uma cabine e diziam que pessoas apreciem música e onde possa tocar
     contrário e acho sempre um pouco duvidoso lá vinha a loira gira, mas que não toca nada. aquilo que gosto.
     quando dizem que sou a mais pedida, pois já Metem logo o rótulo de que loira e gira não é
     levei muitas chapadas por acreditar naquilo profissional. Tal e qual a história de ir para uma Quais os teus temas de sempre?
     que os outros diziam. As festas correram muito cabine sem roupa ou com decote, estando a
     bem, fiquei muito contente o feedback foi
                                                         vender a minha imagem e não a minha música. É uma pergunta difícil, pois gosto de muita
     óptimo e acho que o mais gratificante é voltar
                                                         Eu quero é que as pessoas gostem da minha coisa, mas Kings of Tomorrow, 6pm, o Be
     uma casa onde já tenha ido tocar.
                                                         música. Eu faço produções para revistas, já fiz Yourself da Celeda é uma música de que gosto
                                                         a Maxmen, entre outras, e em cada sítio é cada muito e anda sempre comigo, agora a Sky &
     Em tempos foste também sócia gerente da
                                                         macaco no seu galho.                            Sand, mas é complicado porque há muita coisa
     discoteca W. O que te levou a abandonar
                                                                                                         boa hoje em dia.
     este projecto?
                                                         Qual achas que é a situação da música
     Deixei de acreditar nele. Foram 7 anos da electrónica, no nosso país?                               Para terminar, uma mensagem para os
     minha vida, e não é fácil gerir uma casa durante                                                    nossos leitores.
     este período de tempo, pois hoje em dia o Há um mal na noite, para mim, que é haver
     difícil não é abrir discotecas, é mantê-las. Esse muita quantidade e pouca qualidade. Ha tantos Continuem a ver o Portugalnight, pois ainda
                                                                                                                                                         fot. Nuno Ribeiro - Direitos reservados Portugalnight




     é o grande segredo e o grande trabalho. Nada espaços e quando se pergunta onde está bom, consegue ser a revista que dá valor a muitos
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     funciona a telecomando e eu quando entre em poucos são os que estão a dar. Os donos das artistas de que não se fala tanto. Já sabe o que
     projectos é de corpo e alma. Estava na porta, casas querem abrir com Djs top convidados, é bom há muito tempo, esta revista. Como eu
     quando punha música punha música, se a estar sempre com a casa a abarrotar e reaver costumo dizer, não inventem mais Djs, apenas
     casa de banho estivesse suja, eu pegava numa o investimento a curto prazo, mas não é ressuscitem os que cá estão. Esteve-se muito
     esfregona e limpava, se tivesse gente no bar a assim. Se vão por aí estão tramados. Há muito tempo sem se falar do Jiggy e o Portugalnight
     menos, ia para o bar, portanto tem que ser com pouco apoio nas casas, das bebidas, eventos, tem lhe dado bastante a mão e mostrado o que
     corpo e alma, vestir a camisola. Fiz o meu papel etc. Temos festivais todas as semanas, tudo anda a fazer e isso é bom. Da noite, acho que
     no W.                                               muito seguido e as discotecas não aguentam. é a revista mais conceituada e comparando
                                                         Os patrocínios investem muito em festivais com outras, sem querer ofender ninguém, é a
     Tu vês o djing como uma arte?                       e as casas que estão o ano inteiro a dar-lhes única que implica qualidade. É uma revista que
                                                         dinheiro ressentem-se com esta situação.        sabe o que quer e o que é bom e que desde
     Claro que sim. O Dj é um artista. Um músico                                                         início sempre me acarinhou e apoiou desde o
     canta, tem a banda com ele, só com a voz. É difícil O que é, para ti, o ambiente nocturno prémio de Dj revelação em 2003.

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ENTREVISTA FR€AK.SOM PARA JORNAL DE ESPINHO
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O estranho
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Jornalmicrofonia#21
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A trajetória de Dj Poppy, destaque feminino do djing nacional

  • 1. Dj Poppy Nascida na África do Sul, cedo se radicou em terras lusas, onde ganharia o gosto pela noite. Após o período de difícil aceitação, pela família, do facto de trabalhar à noite, tornou-se o maior nome feminino do djing nacional. Dona de uma garra e determinação ímpares, Dj Poppy, já considerada um Vibe versão mulher, veio para ficar e marcar a diferença pela qualidade. Um caso como poucos! De onde vem o nome Poppy? Que linha tocavas quando começaste? Dizem que és como uma versão feminina do Dj Vibe. Como comentas esta afirmação? Como nasci na Miria, os meus pais, na altura, Eu comecei com uma brincadeira, no Docks. registaram-me como Iolanda Poppy. É o meu Fui gerente em algumas discotecas e na altura Sim, muita gente diz que eu sou o Vibe das nome no registo que está feito na África do geria o Docks e o W (o W só a 4ª Feira). Um mulheres, o que para mim é um privilégio e Sul, mas como os meus pais vieram a Portugal dia, os Djs fizeram-me uma praxe - sendo a um orgulho. O Vibe é o nosso “Master at work” , quando eu tinha 8 meses visitar a família e nova gerente teria que misturar um disco… e como eu costumo chamá-lo e é, e será sempre, depois decidiram ficar cá de vez só que não misturei. Depois, começámos aos Sábados. Eles o nosso nº 1, é uma pessoa de quem eu tenho deixaram fazer o registo como Iolanda Poppy. É embebedavam-se e eu fazia a última meia hora. muita referência e gosto de ouvir. Uma das o meu nome de casa, toda a minha família me Ia tudo para o meio da pista e a Poppy ficava coisas que mais adorei, foi ouvir o Tó tocar trata assim, apenas na escola me tratavam por ali a tocar e o bichinho quando morde... No W, Deep House. Um dia fui ao Norte e fui a um sítio Iolanda. também comecei a fazer umas brincadeiras onde ele estava a tocar, pois queria saber qual às 4ªas Feiras, sempre muito nervosa, pois a evolução dele, já que também vinha do tribal Quais são as tuas grandes paixões? sou muito perfeccionista. Às tantas, notei que e visto que a onda agora seria mais essa, quis ao andar pela casa as pessoas começaram a ir ouvir qual a mudança dele e fiquei de boca Gosto de música, de estar com pessoas bem- perguntar-me a que horas tocava e isso foi aberta num set de 2 horas e meia. Eu identifico- dispostas, com os amigos, e de viagens. um empurrão para mim. Eu sou muito pés me muito com a música que ele toca, pois assentes na terra, sigo as minhas metas e não quando ele está a tocar eu oiço uma e outra Antes de ingressares no mundo da música o passo por cima de ninguém para atingir os faixa e vejo-me nos meus sets. Quando abriu que fazias? meus objectivos, mas quando quero uma coisa a discoteca Companhia, na Covilhã, o Tó abriu é a sério e só entro em projectos em que eu no Sábado e eu fiz o Domingo. Fiquei super Eu trabalho na noite há 15 anos, mas antes acredito e com os quais me identifico. Quando contente com o convite, por partilhar o fim- estudava. Comecei a sair a noite com 17 anos comecei, gostava assim de uma linha mais de-semana da abertura com uma pessoa como e logo passados 4, 5 meses, apaixonei-me logo forte, pois normalmente, quando começamos, ele, e correu muito bem. Foi uma das melhores por aquele mundo. Eu ia muito ao Alcântara- quereremos sempre tocar mais forte, mas noites, dito pela boca deles. Mar e ao Kremlin, na altura e ao Plateau. Um dia,quando começamos a ter mais alguma cultura o Xana, que era do Alcântara, chamou-me para temos tendência para gostar mais de música. Ganhaste, em 2003, o prémio de Dj revelação beber umas “unhas” chamou o Manuel Faria e , pela PortugalNight ao lado de cinco homens. o Samuel, e na altura e convidaram-me para E actualmente, qual o teu estilo? O que sentiste nesse momento? trabalhar lá aos fins-de-semana. Tal como me dizem alguns amigos, eu toco Fiquei super feliz e super lisonjeada porque Como se dá a tua aproximação ao djing? um house brincalhão. Sou muito eclética e não estava nada a espera. Foi um voto de gosto de coisas diferentes. Adoro Deep House, confiança e um “puxãozinho” que fez com que Quando comecei a trabalhar no Alcântara, Tech House e House Minimal. Já não gosto de acreditasse um bocadinho mais e me desse eu só tinha 18 anos e trabalhava 4ª, Sexta e música muito pesada e tanto o Techno como reconhecimento e, pelas pessoas que são e Sábado e nunca pedi autorização aos meus o Tribal estão completamente fora daquilo revista séria que é, fiquei muito contente, deu- pais para nada, ainda para mais, sendo maior, que eu gosto. Não sei explicar qual o estilo, me mais energia e fez com que acreditasse que apenas os informava. O meu pai dizia apenas mas gosto de uma mistura de sons ecléticos. se calhar deveria levar isto mais a sério. 50 “Tu vais, mas o teu irmão vai contigo!”… e lá Por vezes, até posso ir um pouco mais pelo ia. Por vezes, quando faltava alguém do bar comercial, mas outro tipo de comercial que Neste momento, tens uma carreira bastante ou assim, o meu irmão substituía-os, até que não é o I Gotta Feeling ou Babilónia. Recuso- sólida. Como antevês o teu futuro neste um dia foi para light jockey e começou a ter me a tocar esse género de sons pois não me meio? gosto pela música. Ao acompanhar a evolução identifico e não toco coisas que eu não gosto. do meu irmão e comprando-lhe alguns discos Agora um Dj toca para as pessoas e eu prefiro Eu não sou muito de pensar no futuro e fazer também fui desenvolvendo a minha paixão tocar uma remistura de Tears for Fears ou de grandes planos. Eu vivo o presente, não vivo pela música, mas sem nunca ter entrado por Stevie Wonder, ir buscar remisturas de coisas o passado. Antigamente, era tudo muito mais aquela coisa de querer ser dj ou entrar numa antigas, do que tocar estas coisas às quais eu difícil. Hoje em dia, está na moda ser Dj. Eu cabine. Sempre acompanhei a carreira do meu chamo “bolos” e que são hits de Verão que para venho de uma cultura e de uma educação que irmão, sempre lhe dei apoio e a minha opinião o ano não se ouvem e que, aliás, já toda a gente quando eu comecei, tinha toda a minha família para ele sempre foi importante, como é hoje, e está farta de ouvir. a ligar para o meu pai a dizer que ele era doido vice versa. por me deixar trabalhar à noite. Uma rapariga
  • 2. 51 que namorasse com um Dj, nem pensar, por ser um homem da noite, e eu venho dessa educação. O meu pai e a minha mãe sempre me apoiaram e aliás eu sou o que sou hoje, tenho o que tenho, graças ao meu pai que sempre foi uma pessoa apaixonada por música, organizava festas de passagem de ano, eu gravava cassetes com ele e o amor e gosto que tenho foi por ele. Quando comecei a tocar e a levar a música mais a sério, foi quando o perdi, em 2003, e eu sou uma pessoa que interiorizo muito, não sou muito de contar a minha vida, sou uma pessoa muito frontal, peco um pouco por isso, pois por vezes sou mal interpretada. Prefiro uma verdade má do que uma mentira boa. Relativamente à minha carreira, é o que eu digo, neste meio uma coisa é verdade, não tens apenas que ser bom. Há três coisas que eu digo sempre, que são muito importantes, e começam por três P´s, que são a persistência, perseverança e profissionalismo. Tens que correr atrás pois nada te cai do céu. Não podes estar à espera de seres muito bom e te ligarem pois não ligam, a verdade é essa. Produção musical, Poppy? Estou a tirar o curso de produção. Confesso que sou um bocadinho preguiçosa, ainda não aprendi o suficiente pois é mais complicado do que eu pensava. Acho que a produção é o passo seguinte do Dj e cada vez mais é importante porque, como já referi há pouco, hoje em dia toda a gente tem acesso às nossas músicas e se eu conseguir fazer algo mais meu, o acesso será mais dificultado. Nós cada vez temos que provar mais do que provava-mos e com a produção aprendemos muito sobre a música. Eu estou a tirar o curso na Pro Dj, sou embaixadora da escola, estou a ter aulas com o Viriato Muata, uma pessoa com uma capacidade imensa e com um conhecimento musical muito vasto. Só que eu não vivo bem com o insucesso e por isso nunca vou lançar um hit de Verão. Eu para lançar quero uma coisa que fique. Em toda a minha vida eu sempre fui pelo caminho mais difícil e adoro desafios. E o meu desafio, neste momento, é fazer algo que fique. Referências tuas tanto nacionais como internacionais? Nacionais são Dj Vibe, Jiggy, King Bizz e Stereo Addiction. Internacionais, Carlo Lio, Pryda, Doomwork, Alex Kenji e H.O.S.H. Em que espaços te sentes bem a actuar? Em clubes e gosto muito de sunset´s. Acho que Portugal ainda não percebeu bem o conceito de sunset, talvez só daqui a 2, 3 anos. Eu prefiro uma festa que comece as 4h, 5h da tarde que é o que se passa em Ibiza. Gosto muito também de actuar em clubes assim para 300, 400 pessoas, essa é mais a minha praia. Clubes de eleição? Companhia na Covilhã, Estação da Luz e Pedra do Couto. Gigs que tenham marcado a tua carreira? No ano passado, houve um que me marcou muito no NoSoloÁgua, em Portimão, à noite. Foi no dia a seguir à abertura do Sasha, estava tudo fechado, não havia nada aberto e eu toquei a noite toda sozinha. Confesso que sou um bocadinho egoísta, não gosto de back to back´s e essas coisas. Foi uma noite muito gira e isto porque estava muita gente do Porto, de Lisboa e do Algarve, estava tudo fechado e foi como que uma prova para muitos. Muita gente torcia o nariz e pensava que por ser de Lisboa
  • 3. eu tocava comercial. Eu sou um pouco pelos fazer uma banda, a banda sem voz também e Português? desafios e quanto mais dizem, quanto mais complicado e então é como se tivéssemos uma falam, mais força eu tenho e mais força me banda e a puséssemos a tocar. Antigamente, as pessoas adequavam-se às dão, e foi um set daqueles! Sem dúvida, um dos casas, eu venho do Alcântara-Mar em que às maiores sets da minha vida. Muita gente veio, És uma pessoa aplicada? vezes estava a ver o Pedro Lorena ou o Tó a fazer na altura, dar-me os parabéns. A Abigail Bailey porta e eles diziam às pessoas que estavam estava lá também e veio logo ter comigo. A Sou a pessoa mais crítica. Antes de alguém me muitos desportivas para entrar e elas iam a casa opinião de quem percebe de música para mim criticar eu já me critiquei 100 vezes. Encontro mudar de roupa, se fosse preciso, pois havia o é muito importante. De quem não percebe, em mim mais os defeitos do que as qualidades. direito de admissão que hoje em dia é proibido. pouco me interessa. Ando sempre à procura da perfeição. Por vezes, se pedimos este ou aquele valor para as entradas por não querermos que entrem, Recentemente foste a Dj mais requisitada Achas a promoção e o marketing eles pagam e ainda gozam. Agora eu invisto nas festas de promoção do Sensation importantes na actualidade na carreira de numa casa e não posso ter o ambiente que Wicked Wonderland. Como te sentes em um Dj, musico ou produtor? quero? Falta glamour na noite portuguesa. relação a isso? Acho que sim, mas a imagem não pode estar O que é, para ti, a noite perfeita? Sinto-me muito feliz e orgulhosa e vou acima do profissionalismo e acho que as confidenciar que ao início pensei que me pessoas se importam mais com a imagem. Eu na cabine, um sítio bonito, com gente bonita estivessem a enrolar e a tentar ser simpáticos, Como eu costumo dizer, as pessoas às vezes e bem disposta e que tenha uma pista onde as pois para mim é tudo culpado até prova em viam-me a chegar a uma cabine e diziam que pessoas apreciem música e onde possa tocar contrário e acho sempre um pouco duvidoso lá vinha a loira gira, mas que não toca nada. aquilo que gosto. quando dizem que sou a mais pedida, pois já Metem logo o rótulo de que loira e gira não é levei muitas chapadas por acreditar naquilo profissional. Tal e qual a história de ir para uma Quais os teus temas de sempre? que os outros diziam. As festas correram muito cabine sem roupa ou com decote, estando a bem, fiquei muito contente o feedback foi vender a minha imagem e não a minha música. É uma pergunta difícil, pois gosto de muita óptimo e acho que o mais gratificante é voltar Eu quero é que as pessoas gostem da minha coisa, mas Kings of Tomorrow, 6pm, o Be uma casa onde já tenha ido tocar. música. Eu faço produções para revistas, já fiz Yourself da Celeda é uma música de que gosto a Maxmen, entre outras, e em cada sítio é cada muito e anda sempre comigo, agora a Sky & Em tempos foste também sócia gerente da macaco no seu galho. Sand, mas é complicado porque há muita coisa discoteca W. O que te levou a abandonar boa hoje em dia. este projecto? Qual achas que é a situação da música Deixei de acreditar nele. Foram 7 anos da electrónica, no nosso país? Para terminar, uma mensagem para os minha vida, e não é fácil gerir uma casa durante nossos leitores. este período de tempo, pois hoje em dia o Há um mal na noite, para mim, que é haver difícil não é abrir discotecas, é mantê-las. Esse muita quantidade e pouca qualidade. Ha tantos Continuem a ver o Portugalnight, pois ainda fot. Nuno Ribeiro - Direitos reservados Portugalnight é o grande segredo e o grande trabalho. Nada espaços e quando se pergunta onde está bom, consegue ser a revista que dá valor a muitos 52 funciona a telecomando e eu quando entre em poucos são os que estão a dar. Os donos das artistas de que não se fala tanto. Já sabe o que projectos é de corpo e alma. Estava na porta, casas querem abrir com Djs top convidados, é bom há muito tempo, esta revista. Como eu quando punha música punha música, se a estar sempre com a casa a abarrotar e reaver costumo dizer, não inventem mais Djs, apenas casa de banho estivesse suja, eu pegava numa o investimento a curto prazo, mas não é ressuscitem os que cá estão. Esteve-se muito esfregona e limpava, se tivesse gente no bar a assim. Se vão por aí estão tramados. Há muito tempo sem se falar do Jiggy e o Portugalnight menos, ia para o bar, portanto tem que ser com pouco apoio nas casas, das bebidas, eventos, tem lhe dado bastante a mão e mostrado o que corpo e alma, vestir a camisola. Fiz o meu papel etc. Temos festivais todas as semanas, tudo anda a fazer e isso é bom. Da noite, acho que no W. muito seguido e as discotecas não aguentam. é a revista mais conceituada e comparando Os patrocínios investem muito em festivais com outras, sem querer ofender ninguém, é a Tu vês o djing como uma arte? e as casas que estão o ano inteiro a dar-lhes única que implica qualidade. É uma revista que dinheiro ressentem-se com esta situação. sabe o que quer e o que é bom e que desde Claro que sim. O Dj é um artista. Um músico início sempre me acarinhou e apoiou desde o canta, tem a banda com ele, só com a voz. É difícil O que é, para ti, o ambiente nocturno prémio de Dj revelação em 2003.