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Escola Superior de Propaganda e Marketing

        Comunicação Social - Publicidade e Propaganda




Sistemas de Informação - ECR e SCM tecnologias para marketing e logística.




                        Por: Paula Garcia Gonçalves




                         Orientador: Filipe Müller




                            Porto Alegre 2004

                                                                             1
Agradecimentos




Agradeço em especial ao meu orientador

Filipe Müller, pelo apoio, motivação e por seu

grande conhecimento que me foi passado ao

longo deste trabalho e aos Srs. Juliano

Carpes, Dalmo Oliveira e Emilio, pela ajuda

atenção que foram muito importantes para o

desenvolvimento deste trabalho. Assim como

meu pai Luis Felipe de Barros Goncalves por

estar   sempre   presente   nas   horas   mais

necessárias.




                                            2
RESUMO



       Esta pesquisa versa sobre o tema Sistemas de Informação aplicados à logística e ao

marketing. Desta forma é desenvolvida uma analise de dois sistemas em particular ECR -

Efficient consumer e SCM - Supply Chain Management, os quais atuam no varejo e na

indústria respectivamente. Este se caracteriza por ser um estudo teórico aplicado, pois

analisa inicialmente a bibliografia e documentos existentes sobre o tema para poder aplicá-lo

no estudo de dois casos (Lojas Renner e RGE). Para analise empírica foram utilizadas

entrevistas estruturadas e informais com profissionais da área de logística e marketing das

empresas selecionadas, a fim de identificar as aplicações e melhorias causadas pelo uso

destas ferramentas.



       Observa-se que os investimentos nestes sistemas se dão principalmente em função da

diminuição de tempo de envio e recebimento das mensagens, assim como do aumento da

qualidade percebida para o cliente com a diminuição do tempo de resposta e entrega.



       A fundamentação teórica permite a comparação da doutrina com a prática, buscando

a considerações sobre a importância destes sistemas como aliados dos processos de logística

das empresas referidas, diante da atmosfera atual de globalização e avanços tecnológicos

cada vez mais rápidos e significativos no ambiente empresarial.




                                                                                          3
SUMÁRIO




1 INTRODUÇÃO: .......................................................................................................................... 7
1 INTRODUÇÃO: .......................................................................................................................... 8
       1.1 Situação Problemática: .....................................8
       1.2. Justificativa: ..........................................10
       1.3 Objetivos: ............................................12
          1.3.1. Objetivo Geral ......................................12
          1.3.2 Objetivos Específicos: .................................12
       1.4 Metodologia: ..........................................13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................ 15

2.1 Conceitos e definições: .....................................................................................................15
     2.1.1 O Marketing na Logística .................................15
     2.1.2 Logística ............................................18
     2.1.3 Sistemas de Informação ..................................20
        2.1.3.1 Sistema de Informação Gerencial (MIS) ....................21
        2.1.3.2 Sistemas de Informação de Marketing (SIM) .................22
     2.1.4 Tecnologia de Informação (TI) e Sistemas de Informação ............24
     2.1.5 Cadeia de valor: .......................................25
     2.1.6 Efeito Chicote: ........................................28

2.2 Tendências de Mercado.....................................................................................................31
     2.2.1 Redução de Estoques: ...................................31
     2.2.2 Organização em rede ....................................33
        2.2.2.1 Padronizações da rede - cadeia de suprimentos ................34

2.3 Teoria da Comunicação: ...................................................................................................34

2.4 Ferramentas de informação...............................................................................................37
     2.4.1 SCM: ..............................................38
        2.4.1.1 Processos de SCM...................................40
        2.4.1.2. Histórico do SCM: ..................................41
     2.4.2 ECR ...............................................42
        2.4.2.1.Reposição Contínua..................................43
        2.4.2.2 Gerenciamento por Categoria ...........................45
3. RGE - RIO GRANDE ENERGIA ............................................................................................ 48

3.1 Características da empresa ................................................................................................48
     3.1.1 Mercado ............................................49




                                                                                                                                       4
3.1.3 Visão ..............................................51
       3.1.4 Valores .............................................52
       3.1.5 Negócio ............................................52
          3.1.5.1 Política de Qualidade Total: ............................52
          3.1.5.2 Políticas de Gerenciamento de Risco e Controle de Perdas: ........53
          3.1.5.3 Política Ambiental: ..................................53
          3.1.5.4 Política de Segurança da Informação: ......................54

3.2 Sistemas de Controle de Estoques.....................................................................................54
     3.2.1 Controle de Estoques e seu auxilio: ..........................55
     3.2.2 Vantagens: ..........................................56

3.3 Aplicações do Supply Chain na RGE ...............................................................................57
     3.3.1 Formas de atuação do Supply Chain ..........................60

3.4 Adequação do Market Place no Departamento de Suprimentos .......................................61
     3.4.1 Calculo do tempo economizado com o Market Place (conforme média de
     tempo das atividades): .......................................62
     3.4.2 Ganhos com o Market Place:...............................63

3.5 O Marketing da RGE ........................................................................................................63
     3.5.1 Pesquisa de Qualidade ANEEL .............................65

3.6 Price Cap ...........................................................................................................................67
4.LOJAS RENNER....................................................................................................................... 69

4.1 Histórico............................................................................................................................69

4.2. Características da empresa ...............................................................................................70
     4.2.1 Mercado ............................................71
        4.2.1.1 Produtos e Serviços ..................................71
        4.2.1.2 Fornecedores ......................................71
        4.1.2.3 Concorrentes ......................................72
        4.1.2.4 Entrantes .........................................72
     4.2.2 Missão:.............................................73
     4.2.3 Visão ..............................................73
     4.2.4 Princípios Empresariais ..................................73
     4.2.5 Valores .............................................74
     4.2.6 Negócio ............................................75
     4.2.7 Estilo de Gestão .......................................76

4.3 Cadeia Logística das Alianças Estratégicas Renner..........................................................76
     4.3.1 Cadeia Logística das Parcerias..............................77
     4.3.2 Estratégia Logística das Lojas Renner .........................78
     4.3.3 Coordenação do fluxo de Produtos ...........................78
     4.3.4 Política de Aquisição ou Compra ............................79

4.4 Ambiente de Negócios Lojas Renner................................................................................81




                                                                                                                                        5
4.5 ECR nas Lojas Renner ......................................................................................................82
     4.5.1 Ganhos obtidos com o ECR: ...............................83

4.6 Quick Response.................................................................................................................84
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 88

ANEXOS.........................................................................................................................................93




Figura 1 - Logística e os elos da cadeia se suprimentos......................................................................17

Figura 2 - Fluxo de Informação ..........................................................................................................21

Figura 3 - Vantagem Competitiva: Cadeia de valor (Michael Porter) .............................................26

Figura 4 - Cadeia de valor...................................................................................................................27

Figura 5 - Cadeia de valor ampliada ...................................................................................................27

Figura 6 - Efeito chicote......................................................................................................................29

Figura 7 - Chicoteamento - pedidos versus vendas.............................................................................30

Figura 8 - Sistema de transmissão da informação...............................................................................35

Figura 9 - Competição entre unidades de negócio virtuais .................................................................39

Figura 10 - Trabalho Conjunto (ECR) ................................................................................................43

Figura 11 - Modelos de Distribuição ..................................................................................................44

Figura 12 - árvore de decisão ..............................................................................................................47

Figura 13 - Atuação do SCM na RGE ................................................................................................57

Figura 14 - Distribuição Renner..........................................................................................................77

Figura 15 - Pirâmide da Moda ............................................................................................................85




                                                                                                                                               6
LISTA DE ABREVIATURAS



       ECR     Efficient consumer response

       SCM     Supply Chain Management

       SMI     Supply Managed Inventory

       SOLE    Society of Logistic Engineers

       MIS     Management Information System

       SIM     Sistema de Informação de Marketing

       SAD     Sistema de Apoio à Decisão

       SBC     Sistema de Base de Conhecimento

       TI      Tecnologia de Informação

       GTIN    Global Trade Item Number

       SSCC    Serial Shipping Container Code

       GLN     Global Location Number

       EDI     Electronic Data Interchange

       PDV     Ponto de Venda

       CD      Centro de Distribuição
       EDI     Electronic Data Interchange
       PDV     Ponto de Venda
       CD      Centro de Distribuição




                                                    7
1 INTRODUÇÃO:



       Este estudo é baseado na bibliografia existente sobre sistemas de informação. Para tanto,

foram selecionadas duas empresas que são tidas como referência na implementação das

ferramentas ECR - Efficient consumer response ou Resposta Eficiente ao Consumidor (utilizada

pelo varejo) e SCM - Supply Chain Management ou Gerenciamento de Cadeias de Suprimento

(desenvolvida pelas indústrias), são elas: Lojas Renner e Rio Grande Energia, respectivamente.



       Busca-se neste trabalho compreender o assunto não tão somente através dos aspectos

administrativos, mas, também, considerando a abordagem da comunicação social como base

para o estudo de casos. A fim de identificar de forma mais completa a aplicabilidade e as

melhorias proporcionadas por estas ferramentas, este projeto faz uma revisão da literatura sobre

sistemas de informação nos processos logísticos e mercadológicos, identificando assim as

ferramentas de intercâmbio de informação utilizadas neste trabalho.

       Por fim, o estudo de casos analisa os impactos e resultados da aplicação destas dentro

das empresas selecionadas (Lojas Renner e Rio Grande Energia), tidas como referência na

implementação destes sistemas.




1.1 Situação Problemática:



         Vivemos na Era da informação, na qual a diversificação e a competitividade entre

empresas vêm crescendo com o apoio das melhorias causadas pelos sistemas de tomada de

decisão, que se tomam cada vez mais essenciais na redução de custos e no aumento da qualidade,

principalmente relacionados à diminuição dos estoques e do tempo de entrega.




                                                                                                 8
Segundo Rodrigues (1993), a formação de estoques está ligada ao alto lead time, ou

seja, tempo de entrega de compra de matéria prima, sendo o ideal o nascimento dos estoques da

necessidade de atender pedidos. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003), por sua vez,

afirmam que a informação, se bem utilizada pelos gerentes, pode reduzir estoques através da

gestão das cadeias de suprimento e do aperfeiçoamento de projetos. Sendo a carência desta, a

causa do fenômeno chamado “Efeito Chicote”, responsável pela variabilidade na quantidade de

estoque. Podemos por assim dizer que, a variável tempo é a grande influenciadora deste

processo, sendo as ferramentas de informação responsáveis por melhorias significativas na

diminuição deste efeito. Fundamentalmente, o “Efeito Chicote” é tido como problemática

significativa da logística, por ser causa direta do aumento de estoques e variabilidade da

demanda, gerando gastos significativos para empresa. Por este motivo a logística vem passando

por uma transformação em busca da melhoria na comunicação, na qual o tempo de preparação,

envio e chegada da informação são quase instantâneos. Segundo Bailou (2001), o total do tempo

de preparação, transmissão, entrada e preenchimento do pedido podiam representar 50 a 70 % do

ciclo em alguns setores. O que hoje já não é mais realidade graças à aplicação dos sistemas de

informação, sendo necessário entender as aplicações e melhorias que estes podem causar.



         Visto que a economia é globalizada e, portanto, nem sempre o local de produção é o

mesmo de consumo, o estudo da logística tomou-se ainda mais significativo para o

aperfeiçoamento das empresas no cenário atual.



         Segundo definição adotada em 1998 pelo Council of Logistics Management (Conselho

Gerencial de Logística) apud Novaes (2001) p.85, “Logística é a parcela do processo da cadeia

de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias primas,

estoques em processo, produtos acabados e informações, relacionadas desde seu ponto de origem

até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes”. Bowersox

(2001) possui outra abordagem, em sua obra define a logística como concentração do fluxo




                                                                                            9
eficiente de bens ao longo do canal de distribuição, sendo as informações precisas e em tempo

hábil vistas como cruciais para a eficácia do projeto logístico.



          Dentre a diversidade de sistemas de informação, que podem auxiliar o processo

logístico, optamos por limitar o trabalho ao estudo de duas delas, na qual possamos fazer uma

análise mais abrangente dos elos da cadeia de suprimentos. São elas: ECR e SCM, que já estão

em uso principalmente nas grandes empresas, tendo como exemplo e objeto de análise as Lojas

Renner e Rio Grande Energia que são tidas como referência nestes processos respectivamente.

Todavia, esta tecnologia ainda é muito nova e se têm poucos estudos comparativos sobre a

funcionalidade e a aplicação das mesmas.



          Desta forma, sendo os sistemas de informação importantes aliados no processo de

logística das empresas, tendo como objeto de estudo as empresas Lojas Renner e Rio Grande

Energia, questiona-se: quais os impactos dos sistemas de informação em um processo logístico e

mercadológico nas empresas Lojas Renner e Rio Grande Energia?



1.2. Justificativa:




        Diante da atual necessidade de informação na cadeia de suprimentos e das melhorias

causadas pela informatização e pelo avanço das tecnologias, é adequado estudar a bibliografia

existente sobre o assunto, para entender e perceber a diversidade de opiniões dos autores e

descobrir apontamentos teóricos. ferramentas selecionadas (ECR e SCM), que serão

posteriormente estudadas individualmente. Conforme Bowersox (2001), através do uso de banco

de dados, previsões conjuntas e intercâmbio de informações, é possível minimizar a variabilidade

e a incerteza nas previsões, para diminuir os estoques. Porém ainda é necessário entender a

forma com que estas ferramentas podem ser utilizadas e quais são as reais melhorias causadas

por elas dentro das empresas; pois além de utilizar os sistemas de informação é necessário saber




                                                                                            10
de que forma aplicá-los. Uma vez que não se pode apenas introduzir novas tecnologias nas

empresas sem saber a forma para lidar com elas, pois ao invés de solucionar problemas elas

podem causar maior desordem (HILL 2004).



       Para tomar este estudo viável é necessário limitá-lo, a fim de fazer uma análise mais

aprofundada. Por conseguinte foram selecionadas duas empresas: Lojas Renner e Rio Grande

Energia, que são tidas como referenciais no investimento em sistemas de informação.



       Atualmente, o percentual de uso das ferramentas de gestão nas 708 maiores empresas do

mundo está na média de 68%, sendo o número médio de 16 ferramentas utilizadas por empresa

(RIGBY 2003).



       Desta forma, as empresas estão investindo forte em informatização em busca de maior

competitividade no mercado, tendo sido os gastos com a implementação destas tecnologias, logo

compensados pelos ganhos significativos em eficiência. Segundo a pesquisa “Administração de

Recursos de Informática” da EAESP - FGV, os investimentos das maiores empresas mundiais

com tecnologia da informação superou um trilhão de dólares em 2001, sendo a logística vista

hoje como uma das chaves de sucesso para a estratégia de uma empresa.



       A partir disso, é de interesse acadêmico tal análise para o entendimento da aplicação dos

sistemas de informação dentro dos processos logísticos e da averiguação das formas de

minimizar o “Efeito Chicote” a partir das melhorias da comunicação dentro da cadeia, causadas

pelo uso das Diante da problemática, este estudo visa investigar as melhoria e aplicações dos

novos métodos de sistema de informação para minimização, redução e eliminação de estoques,

através da anulação do “Efeito Chicote”.



       Levando em consideração a diversidade de ferramentas de informação utilizadas

atualmente, foram escolhias duas delas para estudo: ECR e SCM, por atuarem em pontos




                                                                                            11
diferenciados da cadeia de suprimentos, podendo, assim, visualizar as melhorias e aplicações da

tecnologia nos processos logísticos como um todo. O ECR foi selecionado por ser uma

ferramenta considerada de sucesso no mercado tendo sido consolidada em uma base grande de

empresas; já o SCM encontra-se em fase intermediária de implementação, mas, de qualquer

forma, é considerado de grande relevância por proporcionar uma visão de materiais e da cadeia

de abastecimento de forma incomparável com relação às demais tecnologias.Dentre as empresas

que utilizam as ferramentas abordadas neste estudo foram selecionadas Lojas Renner, por ser

uma das primeiras empresas a adotar o ECR no Brasil e a RGE, por ser a primeira no mundo a

fazer uso do SMI - Supply Managed Inventory - Relacionamento do Gerenciamento de

Abastecimento (um dos principais instrumentos para SCM).




1.3 Objetivos:




1.3.1. Objetivo Geral




     Identificar as aplicações e melhorias da utilização da informação nos processos logísticos e

mercadológicos nas empresas Lojas Renner e Rio Grande Energia.




1.3.2 Objetivos Específicos:


-Revisar a literatura sobre sistemas de informação nos processos logísticos e mercadológicos;




                                                                                                12
-Identificar as ferramentas de intercâmbio de informação utilizadas nos processos logísticos e

mercadológicos;



-Verificar as aplicações destas ferramentas de informação utilizadas nos processos logísticos e

mercadológicos nas Lojas Renner e Rio Grande Energia;



-Analisar os impactos e resultados da aplicação destas ferramentas nas Lojas Renner e Rio

Grande Energia




1.4 Metodologia:


      Esta pesquisa tem base na fundamentação teórica desenvolvido inicialmente, que tem

como finalidade entender os sistemas de informação, sua importância e aplicações. Sendo

realizado através de levantamento em fontes secundárias: levantamentos bibliográficos, através

dos trabalhos já feitos por outros - livros, revistas, artigos, teses, dissertações, publicações e

levantamentos documentais - através de pesquisas anteriores feitas pelas empresas selecionadas

para estudo, assim como registros nelas existente acerca do assunto a ser pesquisado. Para

Masshall e Rossman apud Roesch (1999), a revisão bibliográfica é fundamental para o

desenvolvimento do projeto de pesquisa que busca o desenvolvimento da teoria, pois tem como

função demonstrar os pressupostos das questões de pesquisa, assim como definir as questões e

hipóteses.



      A parte empírica do trabalho se dará através de entrevistas estruturadas e informais,

segundo Gil (1999) estas possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos,

sendo muito eficiente para a obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento. Para

o autor, a entrevista informal deve ser a menos estruturada possível, podendo ser distinguida da




                                                                                              13
conversação informal apenas pelo objetivo básico, que é o de coletar dados. Deste modo, pode

obter uma visão geral do problema, bem como a identificação de alguns aspectos da

personalidade do entrevistado; já a entrevista estruturada desenvolve-se através de uma relação

de perguntas cujas respostas são previamente estabelecidas, ou seja, são todas perguntas abertas.

Sendo duas para o setor de marketing da Renner, duas para o setor de logística da Renner, duas

para o setor de logística da RGE e duas para o setor de marketing da RGE. Para a obtenção dos

dados quantitativos da parte empírica do trabalho serão realizados levantamentos em fontes

secundárias e documentais.



        Esta pesquisa desenvolve um estudo de dois casos, pois para Yin (2001) é possível fazer

um análise de vários casos, sendo esta uma variante dos estudos de projeto de caso. Por este

motivo, pode se denominá-lo como estudo de caso múltiplo.



        Este versa particularmente sobre o tema: sistemas de informação, buscando ligar a teoria

à prática, através do estudo de duas empresas específicas, pois sempre que o estudo tiver base na

parte teórica e técnica do assunto para poder buscar entender como, particularmente, os sistemas

de informação influenciam dentro de uma determinada organização, podemos denominá-lo de

estudo de caso (ROESCH 1999).



       Existem diversas classificações de estudo de caso, conforme Eckstein apud Roesch

(1999), este é configurativo-disciplinado, pois analisa os padrões buscando a interpretação da

literatura existente sobre o assunto, para posteriormente considerar de que forma a teoria se

aplica ou deveria ter sido aplicada a determinado caso. De acordo com Samara (1997), o estudo

de caso pode também ser também chamado de pesquisa qualitativa, pois visa entender o assunta

em profundidade. A análise qualitativa possibilita quantificar as qualidades, quando nos

referimos a algo no mundo que queremos captar, sendo a realidade algo essencial neste tipo de

pesquisa (DEMO, 2000).




                                                                                              14
Este se caracteriza por ser um estudo teórico- aplicado, pois busca na teoria a base para o

estudo de casos.




2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA




2.1 Conceitos e definições:




2.1.1 O Marketing na Logística




             O Marketing na logística O avanço tecnológico vem ocasionando alterações

principalmente na concepção de promoção e distribuição, pelo fato da descoberta da necessidade

de estabelecer um vínculo entre ambas, a fim de estreitar o relacionamento empresa-cliente. Esta

mudança tem como causa principalmente a identificação da importância das informações para a

logística, que trabalha com o intuito de atender a demanda, enquanto o marketing de gerá-la.

Sendo assim, o trabalho conjunto destas duas ferramentas pode se tomar uma solução inteligente

para interação dos sistemas da empresa, assim como minimização de conflitos. Desta forma, a

logística ocupa uma posição estratégica entre a produção e o marketing. (GOMES, RIBEIRO,

2004).



             Segundo o Kotler (2000) p.56, “O Marketing é visto como a tarefa de criar, e




                                                                                                15
fornecer bens e serviços a clientes, sejam estes pessoas físicas ou jurídicas”. Segundo ele, a

logística não pode ver a cadeia de suprimentos apenas como ponto de destino, mas deveria

estabelecer um mercado-alvo e a partir deste momento construir um processo rotativo de

comunicação entre a empresa e o mercado.



       McCarthy foi o criador das ferramentas do mix de marketing, muito utilizadas por

Kotler, denominadas de 4 P’ (Produto, Preço, Promoção e Praça), usadas para se obter a resposta

adequada dos mercados. Segundo esta concepção de marketing, podemos identificar a logística

como sendo parte dele, uma vez que está inserida no P - Praça, sendo responsável pelo estudo do

abastecimento com o intuito de suprir os mercados.



       Segundo Kotler (2000), o mix de marketing pode também ser utilizado para

diferenciação da empresa conforme seus objetivos e metas, sendo importante estabelecer o custo

e benefício das seguintes ferramentas e seus componentes:



                  Produto: variedade, design, qualidade, características, marca, embalagem,

                  tamanho, serviço, garantias e devoluções;

                  Preço: preço de lista, desconto, concessões, prazo para pagamento, condições

                  de financiamento;

                  Promoção: promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações

                  públicas, marketing direto;

                  Praça: canais, cobertura, variedades, locais, estoques, transporte



        Para Chistopher (2000), a definição de 4P’s para criação de valor no marketing já não é

suficiente. É necessário aumentar a taxa de inovação, lançar produtos e serviços mais

rapidamente, atender à demanda com tempo de espera menor e conquistar maior confiança, pois

afinal cada vez o cliente esta mais exigente, buscando maiores patamares de serviço, ou seja, no




                                                                                            16
momento em que uma expectativa é alcançada se faz necessário criar uma nova em um nível

superior de aceitação e concepção de produto/serviço.



         O modelo de Mello (1996), abaixo, identifica as formas de interação entre logística e os

elos da cadeia de suprimento, na qual a informação era levada apenas em um sentido, vale dizer,

o fluxo de informação de produto ia apenas do fornecedor para o consumidor. Hoje em dia, ele é

cíclico e surgiu da identificação da necessidade de se estabelecer comunicação, um feedback

(resposta), para conhecer os desejos e as necessidades do público-alvo, com o escopo de traçar a

personalidade do consumidor e fidelizá-lo.




Figura 1 - Logística e os elos da cadeia se suprimentos

         Fonte: Mello (1996)




              Este esquema demonstra a mudança de conceito da direção da informação, representado




                                                                                             17
por um esquema cíclico, sendo este um sistema aberto de realimentação da informação, tendo como

facilitador a tecnologia da informação, responsável pela realimentação do sistema, visando a

minimizar as perdas e falhas da mesma, representando o comportamento de uma empresa conforme

três componentes:

      - Processos: atividades;

      - Pessoas: trabalhadores, funcionários;

      - Tecnologia da Informação: facilitador da comunicação entre os elos.




2.1.2 Logística




       A logística sempre teve sua importância, apesar de que somente nas últimas duas

décadas tomou-se ponto de atenção e estudo dos diretores (MELLO, 1996). De qualquer forma,

as empresas estão cada vez mais investindo em tecnologia para gerenciar seus negócios tanto

dentro da cadeia quanto nos serviços externos.



       Existem diversas definições de logística, sendo ambas importantes por serem

complementares e harmônicas: segundo a definição de logística adotada em 1998 pelo Council

of Logistics Management (Conselho Gerencial de Logística), apud Novaes (2001), et al p. 25,

“Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o

fluxo eficiente e eficaz de matérias primas, estoque em processos, produtos acabados e

informações, relacionadas, desde seu ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito

de atender ao requisito dos clientes”.



       Já para Mello et al, 1996, p. 18, logística é “o processo que integra, coordena e controla:




                                                                                              18
a Movimentação de Materiais, Inventários de Produtos Acabados e Informações relacionadas;

Fornecedores através de uma Empresa; para satisfazer as Necessidades dos Clientes”.



        Para Dias, (1985), et al p.30, “a logística é responsável pela movimentação de materiais

e produtos, através da utilização de equipamentos, mão-de-obra e instalações, de tal forma que o

consumidor tenha acesso ao produto na hora e com o menor custo que lhe convenha”.



        Segundo definição de Gomes e Ribeiro (2004) et al p. 89, “a logística é o processo de

gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação dos armazéns e o armazenamento de

materiais, peças e produtos acabados”.



        A logística consiste em uma técnica e, ao mesmo tempo, uma ciência que suporta a

realização dos objetivos empresariais, a programação dos mesmos e consecução, serve para

management (gerenciamento), o engineering (engenharia) e as atividades técnicas nos temas

solicitados, o projeto, o fornecimento e a preservação dos recursos". (Sole - Society of Logistic

Engineers - Sociedade de Engenheiros Logísticos).



        Como se pode observar em cada uma dessas definições, a logística não é entendida

somente como distribuição física aos clientes de produtos e artigos comerciais, num maior

âmbito, ela se ocupa da oferta, por parte das empresas de produtos, de artigos comerciais e

serviços.

       As finalidades da logística podem ser compreendidas nos 8 conceitos estabelecidos e

classificados por A. Sole como Rs:

*Right Material (materiais justos);

*Right Quantity (na quantidade justa);

*Right Quality (de justa qualidade);

*Right Place (no lugar justo);




                                                                                             19
*Right Time (no tempo justo);

*Right Method (com o método justo);

*Right Cost (segundo o custo Justo);

*Right Impression (com uma boa impressão).



       Um dos objetivos da logística é aumentar o grau de satisfação do cliente. Para atingir

esta meta, é necessário aplicá-la às áreas funcionais e em campos de atividades.




2.1.3 Sistemas de Informação




       Segundo Gomes e Ribeiro (2004), existem duas abordagens para sistemas de informação,

uma delas considerando-o como integração de setores; a outra tem relação apenas ao uso da

informática. O autor traz a abordagem dos seguintes autores: Dantas, Cautela Prates, Bio,

Rezende e Abreu, como sendo referenciais da teoria na qual o sistema de informação tem relação

com integração de setores; e Prince e Rezende como indicação da teoria na qual os sistemas da

empresa são um conjunto de hardwares e softwares.

        Para Melo, et al (1998), p.30, “O sistema de informação é todo e qualquer sistema que

tem informações como entrada visando gerar informações de saída”. Neste sistema a expectativa

de se obter tais informações para satisfazer determinadas necessidades, corresponde ao objetivo

geral dos sistemas de informação”. Para o autor, é possível descrever os estágios dos sistemas de

informação em três etapas: coleta de dados, produção ou tratamento da informação e uso geral da

informação. Deve-se levar em consideração o feedback, que é a retro alimentação da informação

funcionando para correções e controle do processamento de sistemas. Conforme o esquema de

fluxo de Informação abaixo:




                                                                                             20
Figura 2 - Fluxo de Informação
Fonte: Melo (1998)



         Stair, (1998), p.50, possui uma abordagem muito próxima a de Melo, na qual “o

sistema de informação é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados que

coletam (entrada), manipulam e armazenam (processo) e disseminam (saída) os dados de

informações e fornecem um mecanismo de feedback ”.



         Para Cruz, 1998, p. 48, os sistemas de informações “são o conjunto que disponibiliza

os meios necessários à operação do processo decisório em qualquer organização por meio do

processamento dos dados disponíveis”. Esta versão é considerada atual, pois hoje a

informação não esta somente na mão dos gerentes, mas é um processo que abrange todos os

funcionários, pois a companhia deve possuir caráter único, integração e harmonia, sendo os

sistemas de informação ferramentas para a integração empresarial, abrangendo, hoje,

tecnologia da informação que antigamente não possuíam.




2.1.3.1 Sistema de Informação Gerencial (MIS)




                                                                                                21
Os MIS, management information system (Sistema de Informações Gerenciais),

surgiram na década de 60, utilizados para produzir relatórios, que passaram a ser utilizados para

mais amplamente no momento em que se identificou a necessidade e a importância da

informação. Dentre os principais sistemas de informação gerencial inicial estavam os relatórios

programados, relatórios de demanda e relatórios de execução, que ajudaram a minimizar custo e

a agilizar as atividades empresariais (STAIR, 1998).



        Para Ein-dor e Segev (1985), no sistema de informação gerencial existem duas

abordagens distintas: uma que trabalha os sistemas de informação de administração colocando

ênfase na realização física do processo, como exemplo a citação de Maravec àpud Ein-dor e

Segev (1985) p. 28, “um sistema de informações gerencial pode ser definido como os

procedimentos, as metodologias, a organização, os elementos de software e hardware

necessários para inserir e recuperar dados selecionados conforme forem sendo exigidos para

operação e a gestão de uma companhia”.



       A outra, distingue os sistemas em relação as suas funções dentro da empresa: tomada de

decisão, planejamento, determinar o curso das ações, dentre outros. Para o autor, esta definição

se toma empírica, pois pode ser definida conforme as suas aplicações e formas de interação entre

o gerente e estes sistemas.




2.1.3.2 Sistemas de Informação de Marketing (SIM)



       As decisões de marketing são muito delicadas para serem tomadas de qualquer forma,

para tanto podemos contar com o SIM, para aumentar o nível de acerto na tomada decisão.




                                                                                             22
Segundo Freitas, é possível optar por um sistema de apoio como um SAD - sistema de apoio a

decisão e um SBC - sistema de base de conhecimento.



       Segundo Freitas (1993) et al p.34, o SIM é “uma rede complexa de relações estruturadas,

onde se relacionam homens, máquinas e processos, os quais têm por objetivo alimentar um fluxo

ordenado de informações pertinentes, oriundas de fontes internas e externas à empresa, e

destinado a servir de base às decisões de marketing”.




    Existem quatro elementos formadores do SIM:

-   Sistema de inteligência: meio de informação sobre o ambiente comercial;

-   Sistema contábil: registra vendas, estoques, etc;

-   Sistema de estudos e de pesquisa: preparação, coleta, análise e exportação dos dados; e

-   Sistema de modelização: meios e instrumentos de análise dos dados para a decisão de

    marketing.



    Segundo Kotler, et al. (2000), p. 122, “um sistema de informações de marketing é

constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos, para a coleta, classificação, análise,

avaliação, distribuição de informações necessárias de maneira precisa e oportuna para os que

tomam decisões de marketing”. Estas informações têm base nos registros internos da empresa,

atividades de inteligência de marketing, pesquisa e análise de suporte à decisão.



    O autor dá grande ênfase para um sistema que ele denomina “sistema de informações de

vendas”, que devem ser atualizados a cada instante, sendo estes os atuais softwares para

automação da força de vendas e colocam ainda mais conhecimento ao alcance dos vendedores.




                                                                                              23
2.1.4 Tecnologia de Informação (TI) e Sistemas de Informação



       Existem diversas abordagens sobre diferenças entre tecnologia da informação e sistema

de informação: uma, a considera como o processador das informações captadas pelo sistema e a

considera apenas a TI como interligação de sistemas e competitividade para a empresa. Segundo

Alter apud Carvalho e Laurindo (2003), as distinções entre a tecnologia da informação e

sistemas de informação estão nas formas de considerações, ou seja, apenas em aspectos técnicos

ou em fluxo de trabalho, pessoas e as informações.



       Para Gomes, Ribeiro et al 2004, p.78, “A união do Sistema de Informação com a

Tecnologia de Informação resulta em um grupo de telas e relatórios, habitualmente gerados nas

unidades de tecnologia da informação, que possuía maioria dos recursos de processamento de

dados e gerencia a tecnologia da informação da empresa e seus recursos, gerando informações

profícuas e oportunas aos clientes e usuários”.



       Para Cruz, et al 1998, p.20, Tecnologia da Informação “é todo e qualquer dispositivo que

tenha capacidade para tratar dados e ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica,

quer esteja aplicada no produto, quer esteja aplicada no processo”. Esta definição abrange tanto

o processo produtivo quanto à tecnologia, que faz parte do produto ou serviço. Já para McGowan

(1997), o papel da tecnologia é solucionar os problemas ou oferecer novos serviços de coleta de

dados, transformando a informação em conhecimento. Assim sendo, a informação não é

considerada apenas um dado dentro da máquina, ela passa a tomar-se livre e aberta dentro da

empresa. (GOMES RIBEIRO, 2004).



       Desta forma, os conceitos mais abrangentes de tecnologia ligam informação e

conhecimento técnico para fornecer dados através de recursos de hardware e software, sendo

igualmente importante o alinhamento da TI com a estratégia da empresa (CARVALHO e




                                                                                            24
LAURINDO 2003).



       Devido às. novas tecnologias, os custos de manipulação, armazenamento e transmissão

da informação estão diminuindo com relação ao custo de processamento manual; podemos

considerá-lo oito mil vezes mais econômicos do que há trinta anos atrás.

Nas entradas, antes do surgimento do código de barras, a taxa de erro era de um em trezentos;

atualmente, é de um em três milhões (MC GOWAN, 1997).



       A tecnologia da informação esta transformando o processamento das atividades, com

relação ao tempo e à precisão da fabricação, tendo importância não tão somente maneira de

produção, mas também a diversidade de canais e fluxos, o que eleva ainda mais as formar de

explorar as atividades, sendo responsável por uma melhor comunicação entre as atividades e as

empresas. Dentre todos os fatores já citados, podemos identificar, também, o efeito destas novas

tecnologias no quesito competitividade, sendo possível coordenar as atividades da empresas em

locais remotos, criando inter-relacionamentos.




2.1.5 Cadeia de valor:




       A cadeia de valor é usada para descrever os passos que um bem ou serviço passa, sendo

estes relacionados como hierarquias de propriedades comuns ou relacionamentos estreitos, o que

toma as parcerias uma alternativa para estes relacionamentos; estas são denominadas de

“parceria de valor agregado”, que são empresas independentes que trabalham juntas para gerir o

fluxo de produtos e serviços (MC GOWAN, 1997).



       A tecnologia da informação vem causando transformações na cadeia de valor, no que diz




                                                                                            25
respeito à ampliação de seus limites, com relação ao que diz respeito ao que pode ser feito em

menor tempo com a finalidade de abordar de melhor forma as oportunidades.

        A troca da informação é o que sustenta a organização, por isso é preciso criar

visibilidade no canal, para que seja orientada pela demanda real. (Christopher, 2000).



        Segundo Porter e Millar apud Carvalho Laurindo (1993) et al p.56, “A cadeia de valor é

um conjunto de atividades tecnológicas e economicamente distintas que a empresa utiliza para

realizar seus negócios”. Sendo cada parte da cadeia independente, mas que são ligadas, pois cada

atividade afeta o custo e a eficiência da outra.




        Estas atividades podem ser classificadas em:

        •    Atividade-meio ou de suporte (apoio): infra-estrutura empresarial, gerenciamento de

            recursos humanos, desenvolvimento de tecnologias, aquisição de insumos;

        •   Atividade-fim ou primárias: logística interna, operações, logística externa, marketing

            de vendas, prestação de serviços (assistência técnica).




              A figura abaixo ilustra a forma com que Porter abordou estas vantagens

competitivas na cadeia de valor, citadas acima:




Figura 3 - Vantagem Competitiva: Cadeia de valor (Michael Porter)
Fonte: Material de aula do curso de MBA- logística da Escola Superior de Propaganda e Marketing de Porto
Alegre, por Filipe Muller.




                                                                                                       26
As atividades que criam valor para o cliente, na concepção de Porter, foram adaptadas

por Christopher para abranger os conceitos de logística, logo abaixo:




Figura 4 - Cadeia de valor
Fonte: Chistôpher (2000)


        Segundo a visão de Porter, Apud Chistopher (2000), p. 123, “A cadeia de valor

representa todas as atividades que acontecem dentro da empresa com a finalidade de criar valor

para todos os clientes”.



        Com a análise da importância da estratégia esse modelo foi ampliado, tendo em vista a

criação de parcerias para a execução das atividades, segundo figura abaixo:




Figura 5 - Cadeia de valor ampliada
Fonte: Chistopher (2000)




                                                                                           27
Neste modelo, as atividades primárias de Porter foram adaptadas de tal forma que a

logística compreenda as operações, a construção da marca (marketing e vedas) visando à criação

de valor do fornecedor para o consumidor. Sendo assim, para Chistopher, o marketing encontra-

se como uma parte da logística, ao contrario da definição de Kotler, na qual a logística é um dos

P’s do mix de marketing.




2.1.6 Efeito Chicote:




        O grande problema que norteia a questão da falta de informação na cadeia de

suprimentos é chamado “Efeito Chicote”. Segundo Simchi-Levi e Kaminsky (1993), este

fenômeno ocorre quando há falta da informação e aumento da variabilidade da demanda, que são

responsáveis por conseqüências ao longo de todos os elos da cadeia de suprimentos. Este

processo gera mais gastos para a empresa, podendo ser reduzidos e administrados de forma mais

eficaz através da comunicação mais rápida e eficiente.



        Segundo Domier, Emst, Fender, Kouvelis (2000), a variação sazonal na demanda é causa

do “Efeito Chicote”. Sendo assim, este efeito se refere ao fenômeno onde a variação na cadeia

exige uma alteração maior do que a real do ponto-de-venda, sendo que a variação dos pedidos é

maior quando se mexe o montante, ou seja, a propagação da variação.



        Fundamentalmente, são quatro os principais fatores que contribuem para o “Efeito

Chicote”: atualização das previsões de demanda, políticas para consolidação de carregamentos,

flutuações de preço e racionamento dos ressuprimentos quando a demanda é superior à oferta.



        A figura abaixo representa o trajeto do efeito em estudo em uma cadeia simples de




                                                                                              28
quatro estágios: varejista, atacadista, distribuidor e fábrica, sendo estas consideradas as etapas

percorridas neste processo:




Figura 6 - Efeito chicote
Fonte: Simchi-Levi e Kaminsky (1993)




             É importante identificar as técnicas e ferramentas que permitem controlar este efeito,

para tanto alguns fatores tomam-se importantes contribuintes para o aumento da variabilidade,

são eles:

-    Previsão de demanda: técnicas de gestão de estoques, como por exemplo a política de

     estoques mín.-máx., a qual quando o estoque se encontra abaixo de determinado valor;

     ponto de reabastecimento o estoque é reabastecido até o ponto de estoque máximo

     determinado para aquele momento;

-    Lead Time: lead times maiores levam a maior variabilidade, pois uma pequena mudança

     com um grande lead time implica diferença significativa no estoque, por isso é necessário

     criar sistemas de resposta à demanda mais rápidos e sistemas de informação e de entrega




                                                                                               29
mais eficientes.

        - Pedido por lote: causador de distorções e alteração nas variáveis de pedidos, pois não se

        tem noção exata da demanda do cliente por unidade.

           A figura abaixo demonstra as vendas de um produto comparado às ordens colocadas

pelo varejista ao fabricante:




Figura 7 - Chicoteamento - pedidos versus vendas
Fonte: Domier, Emst, Fender, Kouvelis (2000)


               Podemos observar que a distorção entre as vendas e os pedidos colocados é bastante

significativa. Para Steinke, et al (2003), as novas tecnologias de informação como SCM e ECR

estão causando uma verdadeira revolução nas empresas, com a diminuição das Bullwhips (forma

com o qual o autor denomina o “Efeito Chicote”) reduzindo os lead time e custos, tendo em vista

a diminuição do “Efeito Chicote”, através da obtenção qualificada da informação em menor

tempo, ajudando na diminuição da variabilidade, uma vez que se tem conhecimento da demanda

real.




                                                                                               30
2.2 Tendências de Mercado

        No mercado globalizado a informação tomou-se “mercadoria” valiosa no mix de

marketing, proposto pelo professor Jerome McCarthy, no início da década de 60. Com a

evolução da tecnologia da informação e da tecnologia de armazenamento e transporte, a

comunicação tomou-se importante em todas as áreas, não tão somente na promoção, responsável

pela comunicação entre empresa e seu consumidor final, mas também na comunicação entre os

elos da cadeia de distribuição, praça ou logística, trazendo melhorias principalmente na

diminuição do lead time e minimização de custos.



        Segundo Bowersox, (2001), a tecnologia de informação está evoluindo em ritmo

extraordinário, em velocidade e capacidade de armazenamento, gerando significativamente a

redução de custos e espaço físico.




2.2.1 Redução de Estoques:




        Os consultores e autoridades em cadeias de suprimentos costumam dizer que na cadeia

de suprimentos moderna, a informação substitui os estoques, pelo aproveitamento eficaz de

informação agora disponível; pode-se projetar e operar as cadeias de suprimentos muito mais

eficazmente (SINCHIN-LEVI e KAMINSKY, 2003).



            Normalmente, o grau de risco associado à manutenção de estoques se dá através da

variabilidade da demanda de um produto e seu canal de distribuição, sendo que os reflexos de

uma maior variabilidade da demanda são percebidos imediatamente nos níveis de estoque de




                                                                                        31
segurança, parcela dos estoques destinada à garantia dos níveis desejados de disponibilidade de

produto Estes níveis constituem uma reserva estratégica de produto (WANKE, 2004).



        Apesar das reduções nos custos de estoque, ele ainda é considerado crítico em alguns

casos. Os gerentes de logística e de operações constantemente se deparam com a necessidade de

reduzir estoques, sem prejudicar a qualidade percebida. Para o autor, o estoque é um item alvo

para redução de custos, principalmente pelo valor imobilizado nesta conta do ativo o que afeta

diretamente o retomo sobre o capital dos acionistas. (LIMA, 2004).



        Com o intuito de reduzir os estoques, atualmente, existem diversas ações para aumentar

o grau de previsibilidade da demanda, através do acesso e compartilhamento da informação de

vendas obtida em tempo real junto aos consumidores e é neste sentido que as ferramentas de

sistemas de informação como ECR e SCM.



        Segundo Ching (2001), a problemática dos estoques tem base nos autos custos, mesmo

quanto excluídos os custos de aquisição das mercadorias, pois estão associados a três categorias:

        - custo de pedir: custos fixos administrativos, associando aquisição para reposição de

estoques, custos de preenchimento de pedido e serviços burocráticos de contabilidade a

almoxarifado, de recebimento verificação do pedido, nota e quantidade.

        -custos de manter: custo de armazenagem, custo de seguro, deteriorização e absolência.

        - custo total: referente aos custos de pedir mais os custos de manter.



        Segundo Gomes e Ribeiro (2004), quanto maiores os custos de movimentação e

manuseio de produto e a confiabilidade no suprimento menor os estoques, já quanto maior for a

demanda e sua variabilidade, assim como maior serão os níveis de estoque quanto maiores forem

o lead time, o custo do processamento de pedido, as economias de escala, a demanda e sua

variabilidade.




                                                                                              32
2.2.2 Organização em rede




       A organização em rede é tida como uma forma de aproximar as habilidades e

capacidades que estão presentes em toda a rede de informações, caracterizada como “rede

virtual”. Segundo Christopher (2000), o gerenciamento da cadeia é o meio mais eficiente de

satisfazer lucrativamente as necessidades do cliente, sendo mais importante do que executar

múltiplas atividades de agregação de valor.

       Para McGowan (1997), não mais é observada a tendência das grandes empresas

possuírem maior competitividade por terem posse de maior maquinário. Observamos hoje a

tendência das parcerias de empresas, sendo cada uma responsável por uma atividade na cadeia

de valor, este se dá principalmente devido às novas tecnologias de baixo custo.

       Segundo Kotler (2000), existe a rede de relacionamento de marketing, que consiste na

ligação entre a empresa, seus clientes, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências de

propaganda e acadêmicos, dentre outros, sendo o lucro e o sucesso as conseqüências de uma boa

rede de relacionamentos entre os públicos interessados.



       Esta integração pode ser vista também como uma cadeia produtiva global ou cadeias

internacionais de suprimento, visto que pode existir grande dispersão geografia entre as

empresas. (CARVALHO e LAURINDO 2003). Segundo Prazeres et al. (2004), “Uma rede não é

uma associação, é um espaço por onde se transita, emitindo, recebendo informações ou fazendo-

as circular, é um espaço de troca e construção coletiva”. Sendo assim, as redes de organizações

são tidas como espaços de troca coletiva e, portanto, qualificadores de informação e

experiências. A concepção de redes tem valor agregado principalmente com as novas tecnologias

de informação e comunicação, que são tidas como elemento articulatório.




                                                                                            33
2.2.2.1 Padronizações da rede - cadeia de suprimentos



        Em função das tendências de organizações em rede e da necessidade de integração das

empresas, foram criadas formas de padronização, para tanto foi criado, dentro da Associação

ECR Brasil, o Comitê de Padronização que tem por objetivo discutir, definir e implementar os

padrões da cadeia de abastecimento, visando menor custo e maior eficiência e produtividade,

através da simplificação e racionalização para eliminar desperdício.



    Dentre os trabalhos de padronização realizados pela ECR Brasil estão:

    1. Utilização do código de barras: Foram recomendados formatos de etiquetas,

        recomendações de leitura e de manutenção da base de dados;

    2. Sistema de cadastramento de produtos: Recomendação de base para cadastro padrão e o

        desenvolvimento do catálogo eletrônico;

    3. Unitização de carga: Reduzir significativamente o preço de custo dos produtos, além da

        unitização modular e a adoção do pallet;

    4. Padronização de veículos: são feitas recomendações e teste de capacidade e

        comprimento de carrocerias, arranjos de pallet, altura da doca e movimentação;

    5. Entrega programada: Consiste na otimização das entregas do fornecedor no varejo ou

        atacado com o objetivo de otimizar o uso de caminhões, pessoal, docas e outros

        equipamentos. (ASSOCIAÇÃO ECR BRASIL)




2.3 Teoria da Comunicação:




                                                                                          34
Dentro da área de comunicação social podemos observar a preocupação com a

receptação da informação através do modelo de Shannon e Weaver, responsáveis pela teoria da

informação ou teoria matemática da comunicação Segundo Wolf (1999), tais estudos objetivam

a melhoria da velocidade de transmissão de mensagens, diminuindo as distorções e aumentando

o rendimento global do processo de transmissão de informação, sendo esta, essencialmente, uma

teoria sobre a transmissão ótima da mensagem.



         A origem deste modelo tem base na engenharia das telecomunicações, precursoras das

tecnologias da informação. As primeiras pesquisas têm embasamento no estudo da velocidade e

quantidade das transmissões por telégrafo, tendo como objetivo a minimização das distorções

nas comunicações. A publicação considerada mais significativa foi desenvolvida por Shannon

em 1948, na Bell System Technical Journal.




         Este estudo deu base ao sistema abaixo:




Figura 8 - Sistema de transmissão da informação
Fonte: Shannon e Weaver, 1949 apub Wolf (1999)




                                                                                          35
Neste modelo, observa-se que o autor enfatiza a transmissão da mensagem como sendo

do emissor para o receptor, enquanto a energia percorre o caminho contrário. Podemos por assim

dizer, que esta é a primeira percepção de feedback, sendo as distorções da mensagem

consideradas ruídos da comunicação.



       Segundo Mattelart apud Shannon (2002), p.58, o problema da comunicação consiste, em

“reproduzir em um ponto dado de maneira exata ou aproximativa, uma mensagem selecionada

em outro ponto”. Esta teoria considera a informação como um dado bruto, sendo determinados

pelo autor cinco elementos para análise que estão compreendidos na figura também citado por

Wolf, a cima, são eles:

-   Fonte: produto da mensagem;

-   Codificador ou emissor: transforma a mensagem para tomá-la transmissível;

-   Canal: meio de transporte dos sinais;

-   Decodificador: reconstrutor da mensagem; e

-   Destinação: pessoa que recebe a mensagem.



    Para Torquato (1986), a empresa é um sistema aberto de comunicação no qual os elementos,

acima citados, fazem parte da organização, sendo este processo dividido em duas partes: a

primeira a transmissão e a segunda a recuperação (necessária para o controle da fonte).



    Podemos considerar os sistemas de informação como codificadores e decodificadores desta

mensagem, tendo como papel diminuir o ruído na comunicação e no canal de forma a aumentar a

velocidade e a qualidade da mesma da fonte para o receptor, sendo estes representados pelos elos

da cadeia de suprimentos. Como principais codificadores neste contexto, temos os controles de

comunicação de dados, dentre os principais utilizados atualmente, estão:

    - GTIN (Global Trade Item Number): identificador de cada unidade de produto vendido,

engradado ou caixa;




                                                                                            36
- SSCC (Serial Shipping Container Code) Código de Série de Unidade Logística: utilizado

para controlar pallet ou Container de embarque;

- GLN: (Global Location Number): utilizado na captura de e mensagens eletrônicas

    - Alinhamento de dados mestres;

    - EDI (Electronic data interchange): para alinhamento de dados mestres e transferência da

informação;

    - Tecnologias de integração local: buscando integração da informação com baixo custo e alta

integridade.




2.4 Ferramentas de informação




        Inicialmente, a ligação entre os elos da cadeia se dava de forma unicamente física e

operacional; com o tempo, foi se percebendo a necessidade de estabelecer estratégias em busca

de qualidade, ao invés de realizar as operações de forma individual: começou-se a buscar a

logística para ganhar competitividade através da priorização da troca de informações cada vez

mais aprimorada e rápida, em busca de qualidade e fortalecimento e estabelecimento de

parcerias.



       Desta forma, os sistemas de informação combinam equipamentos e software, para

gerenciar, controlar e medir as atividades logísticas, surgindo novas tecnologias dentre elas SCM

e o ECR, capazes de controlar todos os produtos através de um chip.




                                                                                             37
2.4.1 SCM:




       Existem diversas definições para SCM. Segundo Mello (2004), muitas pessoas

confundem os termos SCM e Logística, sendo que a definição de SCM é mais ampla do que o de

Logística. Para Borges et al. (2004), p.78 , “o SCM é a ciência que visa unir todas as fases do

processo da cadeia de suprimentos, visando otimizar os métodos e etapas de produção, compras e

suprimentos, inventário, administração, previsões, armazenagem, transporte e entrega dos

produtos.”. Já para o International Center for Competitive Excellence — University of North

Caroline (Centro Internacional de Excelência de Competitividade da Universidade da Carolina do

Norte) (1994), SCM é a integração dos processos de negócios do usuário final através de

fornecedores (originais), que fornecem produtos, serviços e informações e agregam valor para os

consumidores.



       Esta tecnologia também pode ser considerada uma visão expandida e atualizada,

buscando intensificar, somar e amplificar os benefícios de uma gestão integrada da cadeia de

suprimentos. Assim, as estratégias e as decisões deixam de ser formuladas e firmadas sob a

perspectiva de uma única empresa e passam a fazer parte da cadeia produtiva como um todo.

(PARRA E PIRES, APUD PIRES, 2002).



       O esquema de Porter, evidenciado no capítulo sobre Cadeia de Valor, resulta em um

modelo competitivo com base no fundamento de Parra e Pires sobre o negócio virtual que destaca

cada vez mais a competição entre cadeias produtivas. Sendo assim, atualmente, as mais efetivas

práticas na SCM visam a obter unidade de negócio virtual, eliminando as desvantagens de custo,

conforme figura abaixo:




                                                                                           38
Figura 9 - Competição entre unidades de negócio virtuais
Fonte: Pires (1998) apud Parra e Pires (2004)


        Desta forma, o SCM é responsável pela estruturação de parcerias e alianças estratégicas,

tendo como objetivo tomar realidade as sinergias entre as partes da cadeia, visando atender de

forma mais eficiente, tanto através da redução de custos, como através da adição de mais valor ao

produto final. Segundo Mello (2004), o SCM necessita de um alto grau de integração entre

fornecedor e cliente (o que na maioria das vezes é bastante difícil), pois as parcerias diminuem

custos ao longo da cadeia (entre 10% e 30%) e tempo médio de estocagem (cerca de 50%).



         Dentro deste contexto de integração, a função de compras não consta como parte da

logística, mas é considerada um componente central no SCM, o que mais uma vez evidencia este

como sendo uma ferramenta não só de logística, mas também de marketing, que vem cada vez

mais incorporando a logística integrada à realidade das empresas.




                                                                                             39
2.4.1.1 Processos de SCM




        Existem processos de negócios considerados chaves para o sucesso de implementação do

SCM, segundo Fleury, Apud Borges (2004), são eles:

        - Relacionamento com os clientes: desenvolvimento de equipes focadas nos clientes

estratégicos, que busquem um entendimento comum sobre características de produtos e serviços,

a fim de tomá-los atrativos para aquela classe de clientes;

        - Serviço aos clientes: fornecer um ponto de contato único para todos os clientes,

atendendo de forma eficiente a suas consultas e requisições;

        - Administração da demanda: adita, compila e continuamente atualiza dados de

demanda, com o objetivo de equilibrar a oferta com a demanda;

        - Atendimento de pedidos: atende aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo

de entrega combinado;

        - Administração do Fluxo de produção: o foco é desenvolver sistemas flexíveis de

produção que sejam capazes de responder rapidamente às mudanças nas condições do mercado;

       - Compras/Suprimento: deve objetivar as relações de parceria com fornecedores para

garantir respostas rápidas e a contínua melhoria de desempenho;

       - Desenvolvimento de novos produtos: a organização tem que buscar o mais cedo

possível o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de novos produtos.



       Além destes processos, o SCM agrega algumas técnicas e procedimentos como o JIT,

Kabam e engenharia simultânea, que foram amplamente adotadas por várias empresas,

contribuindo para um significativo avanço da qualidade e produtividade. (Silva, 2004). De

qualquer forma, o uso do SCM em empresas nacionais é recente, porém seus resultados têm

alcançado índices cada vez maiores na redução dos custos logísticos, tempos do fluxo de

produtos no canal de suprimentos, maximização dos lucros e ampliando a penetração em novos




                                                                                          40
mercados e economia mundial. Mas, segundo Cecatto apud Silva (2004) et al, “A importância do

SCM no desenvolvimento das Empresas Brasileiras ressalta, que o envolvimento das empresas

ainda é uma barreira nas empresas brasileiras, onde é muito comum encontrarmos estruturas

muito departamentalizadas e com má comunicação interna”. Por este motivo é importante que as

empresas nacionais estejam preparadas para as novas tecnologias, a fim de competir no mercado

mundial, sendo necessário o investimento nestas novas técnicas buscando qualidade e agilidade,

que podem ser proporcionadas por uma maior integração da cadeia de suprimentos.




2.4.1.2. Histórico do SCM:




         O processo de desenvolvimento do SCM teve início no Controle de Estoque da década

de 60. Com a revolução na área de produção na década de 70, perdeu-se a noção da previsão de

consumo. Sendo assim, foi desenvolvida uma ferramenta denominada MRP - Material

Requirement Planning ou Planejamento de Requerimento de Material, sendo ampliado este

conceito para planejamento mestre - MPS, Master Plan Scheduling ou Plano Maior de Horário

Marcado, na década de 80, no qual as áreas produtivas e estoque foram integradas a compras,

vendas e algumas funções financeiras. Logo após, surgem as ferramentas para controlar todas as

áreas de uma empresa, como exemplo temos o ERP - Enterprise Resource Planning, surgindo de

forma conjunta ao conceito de Supply Chain, responsáveis pelo gerenciamento da cadeia de

suprimentos como um todo (FERREIRA E BORGES, 2004).



         O conceito de SCM surgiu como uma evolução natural do conceito de logística,

representando a integração externa, pois estende a coordenação dos fluxos de materiais e

informações aos fornecedores e ao cliente final, enquanto a logística representa uma integração




                                                                                            41
interna de atividades.




2.4.2 ECR




        O ECR foi gerado pelas redes de supermercados, fabricantes de produtos de consumo

não duráveis e prestadores de serviços logísticos na década de 80. Segundo a ECR Brasil, este é

um movimento global, no qual empresas industriais e comerciais, juntamente com os demais

integrantes da cadeia de abastecimento (operadores logísticos, bancos, fabricantes de

equipamentos e veículos, empresas de informática, etc.) trabalham em conjunto na busca de

padrões comuns e processos eficientes que permitam minimizar os custos e otimizar a

produtividade em suas relações.



       O objetivo do ECR é coordenar a troca de informações entre a indústria e o varejo,

possibilitando, dentre outras coisas, a determinação do melhor mix de marketing no ponto de

venda e a quantidade de produto necessário em determinado momento, a fim de reduzir o custo

gerado pela estocagem. Conforme Wanke (2004), o ECR é a forma encontrada possibilitar o

trabalho conjunto para reduzir custos e agregar valor ao consumidor final. Neste conceito as

informações geradas pelo consumidor auxiliam na busca por menores preços, melhores produtos,

melhor disposição, maior variabilidade e maior conveniência para o cliente final, segundo

esquema abaixo:




                                                                                            42
Figura 10 - Trabalho Conjunto (ECR)
Fonte: material do curso de MBA de logística da ESPM Porto Alegre



        Esta ferramenta vem causando alterações significativas para empresa, pois através da

transmissão eletrônica em tempo real para os fabricantes do consumo do PDV (Ponto de Venda)

e da transmissão eletrônica da demanda futura projetada do PDV, trabalha com a finalidade de

integrar marketing e logística através da informação que possibilita ações mais precisas.




2.4.2.1.Reposição Contínua




        Segundo a ECR Brasil, a Reposição Contínua tem base na informação da demanda e são

coletadas no PDV através de leitoras óticas e repassadas eletronicamente para repor

continuamente o estoque sem perdas e sem a utilização de papéis, como era feito há alguns anos

atrás. Um comprador do varejo, no Brasil, é responsável por gerenciar uma imensidão de

produtos, através da reposição contínua, o gerenciamento fica facilitado disponibilizando tempo

para outras atividades empresariais.




                                                                                            43
Dentre os benefícios da reposição contínua estão: a redução de falta de produtos nas

 lojas, a diminuição de estoques, a possibilidade de menores custos logísticos e maiores e mais

 concretas previsões de produção (no caso de fornecedores).



          Segundo Ferreira (2004), na reposição contínua, o estoque e seus limites são controlados

 por meio eletrônico, através de um fluxo de informações que vai do comércio até a indústria, o

 que acaba com a concentração das negociações no final do mês. Para o fornecedor, reduz

 produtos em falta e para o varejo, ajuda a promover a lealdade às marcas e um maior

 conhecimento do consumidor, melhorando a relação com os elos da cadeia. Para atacadistas,

 reduz o número de produtos devolvidos, diminuindo os estoques.



          Nesta concepção foram criados três modelos de distribuição:



 -   Direto de Loja: o fornecedor entrega sua mercadoria direto para as lojas;

 -   Via CD - Centro de Distribuição: o fornecedor destina seu produto para um centro de

     distribuição que se encarregará de distribuí-lo para as lojas; e

 -   Via Cross-Docking: ocorre quando o fornecedor destina seu produto para um local no qual

     ele é receptado e no mesmo momento repassado para as lojas.




Figura 11 - Modelos de Distribuição
Fonte: ECR Brasil




                                                                                              44
O Cross-Docking é uma ótima alternativa na redução de estoques, pois os produtos

    saem do fornecedor e são interceptados e distribuídos no mesmo momento às lojas, o que

    proporciona maior agilidade, menor lead time e diminuição de custos de estocagem.



                Foram estabelecidas pela ECR Brasil três formas de gerenciar a cadeia de

    suprimentos, de acordo com a responsabilidade e da decisão de reposição, são elas:

-     No varejo: modelo tradicional em que o varejo calcula a necessidade e envia um pedido ao

       fornecedor - é o RMI {Retail Management Inventory),

-     No fornecedor: o varejista informa ao fornecedor a posição de estoques, ou vendas, ou

       previsão de vendas; logo após calcula a necessidade de reposição e avisa ao fornecedor; e

-     No operador logístico: as decisões são tomadas pelo operador logístico de acordo com

       parâmetros definidos pelo fornecedor e varejista.



               Desta forma, através da concepção da importância da tecnologia na reposição e na

necessidade da informação entre os elos da cadeia, a reposição contínua vem se tomando uma

grande tendência, principalmente pela forma com a qual vem sendo tratada esta questão com

seriedade pela ECR Brasil e pelas empresas vinculadas, vindo a proporcionar o estudo da cadeia

de suprimentos e sua padronização para uma melhor comunicação que vise a diminuir os ruídos

(estudado no capítulo de teoria da comunicação).




2.4.2.2 Gerenciamento por Categoria




               Segundo a ECR Europe e ECR Brasil, o Gerenciamento de Categorias é uma das

etapas de um planejamento estratégico, na qual os produtos são definidos conforme categorias e




                                                                                                   45
subcategorias e principais segmentos, para poderem ser identificados através da árvore de

decisão, para poder visualizar produtos substitutos entre si ou intimamente relacionados, sendo

definido como o processo no qual os produtos são gerenciados como unidade de negócio

(grupos).



             Cada categoria é atribuída conforme comparação entre elas, considerando as

informações de consumidor, distribuidor, fornecedor e varejista, sendo a cada etapa atribuída uma

função, dentre elas:

             - Definição da categoria: determina os produtos que formam a categoria,

subcategoria e principais segmentos;

             -Papel da categoria: atribuí-se um papel para a categoria com base na comparação,

considerando as informações sobre os consumidores, distribuidor, fornecedor e varejista;

        - Avaliação da categoria: envolve obtenção, organização e análise das informações

necessárias para entender o desempenho atual da categoria e identificar oportunidades;

-   Cartão de metas da categoria: determina os objetivos que serão definidos pelo varejista e o

    fornecedor a partir do plano de negócios. (LARÁN e MELGARÉ, 2004).



             A figura, abaixo, identifica e ilustra as etapas do gerenciamento por categoria, sendo

baseada em dados do mercado, dados internos do varejo e pesquisas com o consumidor:




                                                                                               46
Figura 12 - árvore de decisão
Fonte: Harris, slide apresentado no III Congresso ECR Brasil.




        Kotler (2000), possui uma abordagem muito próxima a questão de gerenciamento de

categorias, que ele denomina de gerenciamento de linha de produtos, as quais ele subdivide e

categoriza-os em níveis. Esta estratégia funciona de forma a demandar as decisões sobre o mix de

marketing, linha de produtos, marcas e embalagens. Desta forma, observa-se mais uma vez a

intervenção do marketing e da logística e a abrangência do ECR nestas duas áreas.




                                                                                             47
3. RGE - RIO GRANDE ENERGIA




3.1 Características da empresa




       A RGE é a distribuidora de energia elétrica da região norte-nordeste do Estado do Rio

Grande do Sul, que foi privatizada em outubro de 1997, sendo formada por grupos nacionais e

internacionais de energia. A empresa tem como principais acionistas: a CPFL Energia e a Ipê

Energia.



       A CPFL Energia é a maior empresa privada do setor elétrico com capital 100% nacional,

sendo uma holding de controle de empresas de energia da VBC Energia S.A., da 521

Participações S.A. e da Bonaire Participações S.A. Controla a Companhia Paulista de Força e

Luz, a Companhia Piratininga de Força e Luz e a RGE, ao passo que a IPÊ Energia, é uma

empresa presente em quatro continentes, a Public Service Enterprise Group é uma das mais

importantes empresas de gás e eletricidade dos EUA. Juntas, suas companhias geram mais de

13.000 MW de eletricidade em todo o mundo.



       A RGE atende, hoje, 254 municípios, que estão divididos em cinco Departamentos de

Operação: Metropolitano, Serra, Planalto, Noroeste e Missões, tendo uma área de cobertura de

90.896km2, 34% do território do estado. No total são 1.052.281 clientes, 55 subestações de

distribuição, 4 subestações de transmissão, 1.225,93 MVA de capacidade instalada de

distribuição e 167 MVA de transmissão. Fonte: Dados da RGE de dezembro de 2003).




                                                                                         48
3.1.1 Mercado




       O Mercado de Energia Livre também é chamado de Mercado Spot e funciona como uma

Bolsa de Mercadorias onde toda a energia elétrica excedente, ou em falta, é negociada no MAE

(Mercado Atacadista de Energia Elétrica).



       Atualmente, o preço Spot, ou preço MAE, é diretamente influenciado pelo patamar de

armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, pela evolução prevista da demanda e

pela disponibilidade atual e futura de usinas e linhas de transmissão. Sendo assim, os preços são

regulados através de modelos matemáticos que definem o CMO mensal (Custo Marginal de

Operação - que calcula o custo de produzir uma unidade de energia adicional à última unidade

consumida pelo mercado). O resultado do cálculo é passado para o MAE, que divulga o preço da

Energia Livre para cada uma das regiões elétricas do Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste - Centro

Oeste e Sul. A partir de 2003, o MAE terá, ainda, dois submercados: Norte - Nordeste, Sul -

Sudeste - Centro Oeste.



       No futuro, provavelmente, a energia será negociada como uma commodity, onde entrarão

as regras da oferta e demanda para determinar o preço. Fonte: site da RGE.



       No cenário de Mercado Livre, a responsabilidade da RGE é de garantir a entrega de

energia para seus clientes até 2014, através de compra antecipada feita pela empresa, porém,

neste mercado a diferenças entre commodities e serviços são muito estreitas, sendo assim a RGE

tem buscado meios para alcançar uma real vantagem competitiva.



       Numa economia globalizada e com a tendência de implantação de um mercado de energia




                                                                                             49
livre, a concorrência fica mais acirrada, tomando o cuidado na escolha dos fornecedores

redobrada. De qualquer forma, a abertura do mercado de energia elétrica traz inúmeras

oportunidades de negócios para as empresas fornecedoras, no entanto, para que as empresas

realmente possa reduzir despesas com energia, é necessário prestar atenção nas ofertas do setor

para gerenciar atentamente a demanda e seus contratos, compatibilizando suas necessidades

energéticas com as oscilações do mercado. Para os Clientes Livres, o preço da energia vai

depender fundamentalmente da oferta e da procura. No Brasil, por exemplo, grande parte da

energia vem de recursos hídricos, sendo que a falta de chuva em determinada região pode ser

fator preocupante na queda na produção e conseqüente desequilíbrio nesta oferta. Neste caso, o

preço tende a subir aumentando as despesas com energia além do previsto inicialmente. Para

tanto, a RGE contratou os volumes adicionais de energia para o atendimento das necessidades de

seus clientes até 2014.



       Desde 1997, o modelo centralizador do mercado de energia elétrica brasileiro está

mudando, gradualmente, para a descentralização. Estas alterações têm por objetivo oferecer a

todos os brasileiros um cenário competitivo de preços e, ao mesmo tempo, assegurar a

disponibilidade e qualidade da energia elétrica distribuída, através do uso do capital privado na

melhoria e expansão do sistema. O caminho para chegar a esses resultados tem por base os

seguintes princípios:




   -    Incentivo à competição: Foi criada a figura do consumidor ou cliente livre, que poderá

        escolher a fornecedora que melhor se adapta aos seus critérios de preço e outras

        vantagens que, no final, beneficiem o mercado consumidor como um todo. Por exemplo,

        se você está dentro da área de atuação da RGE e se enquadra na legislação sobre

        consumidores livres, poderá optar também pela RGE como sua fornecedora de energia.




                                                                                             50
-   Descentralização dos serviços das empresas elétricas: Antigamente era comum termos a

     situação de monopólio no setor, onde a mesma empresa gerava, transmitia e distribuía a

     energia elétrica. Agora, temos empresas especializadas em geração, transmissão e

     distribuição trabalhando separadamente. O resultado são investimentos mais claros,

     melhores serviços e tarifas mais transparentes.

 -   Acesso livre às Linhas de Transmissão: A legislação permite que, quaisquer que sejam os

     proprietários das Linhas de Transmissão, todos os produtores e clientes livres têm o

     direito de utilizá-las para transportar sua energia. Os proprietários, por outro lado,

     cobrarão uma tarifa por esta transmissão e serão responsáveis pela qualidade da infra-

     estrutura da rede.

 -   Distribuir energia elétrica na área concedida, buscando a permanente satisfação de

     Clientes, Acionistas, Parceiros, Colaboradores e Poder Concedente.




3.1.3 Visão




       Ser reconhecida pelos clientes pela excelência dos serviços de distribuição de energia

elétrica e pelos Acionistas, Colaboradores, Parceiros e Poder Concedente como líder em

excelência empresarial no setor elétrico do Brasil.



       A empresa procura se diferenciar através da confiabilidade e seriedade dos acionistas,

assim como pelo ISSO 9002 e OHSAS 18001, que assegura a qualidade dos serviços.




                                                                                         51
3.1.4 Valores




             - Segurança em primeiro lugar

             - Transparência no comportamento

              - Ética empresarial

              - Participação e valorização dos Colaboradores

              - Responsabilidade social e cidadania

              - Inovação operacional




3.1.5 Negócio




       A RGE orienta-se pela Gestão de Qualidade Total para atingir a eficiência, sendo o

objetivo fornecer energia com qualidade e responsabilidade para a população, procurando tomar-se

uma das melhores empresas do ramo em todo o Brasil, para tanto ela desenvolve políticas, são elas:




3.1.5.1 Política de Qualidade Total:


            Visa melhorar continuamente os serviços de distribuição de energia, buscando a

satisfação de Clientes, Acionistas, Parceiros e Colaboradores.




                                                                                             52
3.1.5.2 Políticas de Gerenciamento de Risco e Controle de Perdas:


            São políticas de comprometimento com a vida e com a qualidade, que se dão através

do desenvolvidos programas de segurança como: Viva com Segurança, Sistema Vida e Dicas de

Segurança, para tanto são promovidas atividades segundo as seguintes diretrizes.



   A. Segurança Total: Gerenciamento de riscos e controle as perdas acidentais que envolvam

       colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes, comunidade e a propriedade.

   B. Segurança em 1o Lugar: Subordinação e a execução de todas as tarefas ao atendimento dos

       requisitos de saúde e segurança.

   A. Risco Zero: Controle dos riscos, visando eliminar aqueles que possam resultar em lesões e

       enfermidades de pessoas e em perdas e danos patrimoniais.

   B. Cumprir Padrões: Fornecimento e manutenção do ambiente de trabalho seguro e

       saudável,conforme indicado pelas melhores práticas do negócio e de acordo com os

       requisitos legais e normativos.

   C. Melhoria Contínua: Promove o aperfeiçoamento contínuo e ampla divulgação do VIDA -

       Sistema de Gerenciamento de Riscos e Controle de Perdas.




3.1.5.3 Política Ambiental:



            Desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental, que controla os impactos

ambientais significativos das atividades da empresa, que é regulado segundo as seguintes diretrizes:



A. Melhorar     continuamente seus processos e atividades para a obtenção de avanços positivos em




                                                                                                 53
seu desempenho ambiental.

B. Atuar preventivamente contra a poluição, para que sejam evitados ou controlados impactos

ambientais negativos significativos.

C. Cumprir a legislação e normas aplicáveis em suas atividades.

D. Promover o senso de responsabilidade individual e gerencial com relação à proteção ambiental,

através da capacitação dos colaboradores e da conscientização dos prestadores de serviços.




3.1.5.4 Política de Segurança da Informação:


            Para a empresa a informação é um ativo que integra o seu patrimônio, cabendo aos

seus colaboradores garantir-lhe assertividade, integridade, disponibilidade e confidencialidade e,

assim, propiciar a correta condução dos seus negócios.




3.2 Sistemas de Controle de Estoques




        O Supply Chain é o sistema de informação de controle de estoques entre as bases, que atua

com o intuito de criar um elo de ligação entre o controle de atividade das bases e o gerenciamento

de materiais.



        O Controle de bases começa no momento em que o pedido é captado nas centrais de call

center e centros de operação e destruição. Através do sistema Open estas chamadas são convertidas

em ordens de serviço e com o Auto Track (sistema de gerenciamento de informações, gerenciado




                                                                                              54
por satélite) são convertidas para as bases operacionais. O controle de estoque nas bases tem

uniformizado as atividades, através da padronização da ordem de serviço apresentando a estrutura

de materiais necessária para determinada atividade, por sua vez a base de operações recebe a

ordem e seleciona os materiais para aquela atividade a fim de executar os trabalhos de campo. Uma

vez terminado, o eletricista digita as informações no Auto Track, registrando a conclusão da

atividade e mencionando os materiais utilizados. O consumo é imediatamente detectado pelo

sistema de logística que faz o reposicionamento. A cada semana o operador logístico repõem o

material, sendo as informações estendidas até os fornecedores que podem acompanhar os níveis de

estoque podendo fazer previsões precisão futura de curto e médio prazo.



        Para cada uma das bases são calculados pontos de reposição e estoques máximos, estes

parâmetros são responsáveis pela reposição automática, sendo assim não é mais necessário

solicitação manual de reposição.



        Este projeto visa eliminar os estoques intermediários, controlados pelos supervisores de

bases que pode controlar o processo através de aplicações contábeis pelo uso efetivo e não pela

saída de estoque.




3.2.1 Controle de Estoques e seu auxilio:




    O projeto de controle de Estoques veio a auxiliar principalmente nos seguintes parâmetros:



    -   O atendimento ao cliente

   -    As operações de base




                                                                                                 55
-   O setor de Suprimentos

  -   Os fornecedores




3.2.2 Vantagens:




  -   Padronização do processo produtivo

  -   Estimativas de consumo com base nas ordens de serviço

  -   Relatórios on line de materiais

  -   Demandas por equipes, bases e tipos de atividade

  -   Controle de equipamentos de proteção

  -   Relatório on line de sinistros e programas de manutenção

  -   Cadeia integrada de suprimento como o ECR que agiliza a ligação entre cliente e

      fornecedor

  -   Eliminação de atividades administrativas dos supervisores de bases


  -   Correta contabilização dos serviços realizados

      Fluxo de informações rastreáveis, com a aplicação do materiais vinculados a rodem de

      serviço.



      Cultura de responsabilidade do eletricista pela atividade.




                                                                                         56
3.3 Aplicações do Supply Chain na RGE




            O Supply Chain é o sistema de informação que permite para a RGE visualizar o

momento seguinte, quer seja ele estável ou variável, ganhando-se em planejamento e organização.

As informações repassadas por este sistema permitem dentre outras coisas a tomada de decisões

tanto na logística quanto no marketing, mesmo que neste segundo ela se dê de forma indireta,

conforme esquema abaixo:




Figura 13 - Atuação do SCM na RGE




                                                                                           57
Este sistema é aplicado desde a colocação de colocação de pedidos de revisão de campo (free cast)

com os fornecedores até a aplicação efetiva dos materiais pelas equipes de manutenção da RGE

(sistemas auto track) e pelas obras de manutenção e investimento (sistema PCO), ele informa sobre

as necessidades dos clientes internos, estoques, consumo aplicado e atendimento, assim como

processos de aquisição e logística. O giro de estoque alcançou um aumento de 15%, uma vez que o

Supply Chain troca estoque por informação, já a ruptura de estoque de materiais diminuiu, pois

dispondo de mais informações, o planejamento é aprimorado e as situações de exceção tendem a

diminuir consideravelmente.




                                                                                             58
De qualquer forma, o maior impacto causado por este sistema esta ligado ao fator agilidade,

desde o envio da efetiva entrega dos materiais aos clientes internos, passando pela gestão do

operador logístico, até o pedido aos fornecedores, os quais eram enviados via fax, hoje, a empresa

conta com um sistema chamado Market Place, que foi desenvolvido dentro da própria RGE.



       A maior dificuldade percebida na implantação do SCM na empresa foi a questão de unir os

elos da cadeia, de forma a compatibilizar os sistemas de informação de cada um dos agentes

(etapas) da cadeia, para interfacear cinco sistemas diferentes. A questão da mudança no sistema

gerou necessidade de treinamento para os funcionários saberem lidar com o novo hardware, assim

como preparar os fornecedores para as mudanças.



       Antes da implantação do SCM, a RGE administrava de forma isolada os elos da cadeia de

suprimentos, sem uma visão geral sistêmica. A demanda não era, até então, vista pelo

departamento de Suprimentos, que por sua vez, não repassava a informação para os fornecedores.

Existia um sistema chamado SAPR/3, que não conseguia ligar todos os elos da cadeia de

suprimentos, apenas a parte que está diretamente ligada as necessidades imediatas do cliente. Este

sistema teve papel importante na melhoria do atendimento ao cliente interno, nas parcerias com os

fornecedores, na acuracidade de estoques e na diminuição do ruído na transmissão das informações

gerenciais.



       Segundo o coordenador da divisão de logística da RGE, o projeto já foi pago e teve tempo

de retomo de 14 meses.




                                                                                               59
3.3.1 Formas de atuação do Supply Chain




     A.     Relacionamento com o Cliente: o cliente interno é capaz de visualizar o fluxo de

            materiais da cadeia, verificando os materiais que estão em trânsito e as previsões

            de entrega. O Supply Chain é fundamental na solicitação de necessidades de

            transferência do status do processo e na redução no tempo de atendimento.

     B.     Serviços ao Cliente: visualização das demandas futuras e gerenciamento e

            reposição dos próprios pontos de reposição de estoque e demais parâmetros de

            planejamento de estoques.

     C.     Administração da Demanda: permite consolidar as demandas de diferentes

            clientes internos, fornecendo subsídios no planejamento e programação dos

            campos, permitindo visualizar as tendências da demanda. Na administração da

            demanda ainda é utilizado o sistema SAP R/3.

     D.     Atendimento de Pedidos: criação e atendimento automático de pedidos, tanto no

            relacionamento com o mercado (fornecedores, pedidos via contrato) quanto no

            âmbito interno (clientes internos da RGE).

     E.     Administração do Fluxo de Produção: através da visualização das demandas

            futuras pode-se obter informações importantes para a gestão dos recursos de

            redução, planejando-se as oscilações da demanda de forma a não interferir na

            produção.

     F.     Compras / Suprimentos: cotações e compras on-line via portal Web - RGE -

            Market Place, cotações eletrônicas de transferência de processos, da

            formalização dos processos e de ganhos de negociações, assim como acordos de

            longo prazo, como, por exemplo: parcerias com fornecedores Estuda-se a

            implantação de SMI (Supply Management Inventory) neste setor.




                                                                                          60
G.         Desenvolvimento de Novos Produtos: a RGE não trabalha no desenvolvimento

                  de produtos, porém o Supply Chain atua diretamente no módulo de qualidade

                  dos produtos, através da homologação de novos materiais e novos fornecedores,

                  através de formulários eletrônicos e workflow de aprovação.




3.4 Adequação do Market Place no Departamento de Suprimentos



            O Market Place trouxe mudanças significativas nas formas de negociação da RGE.

Antes, existia grande emissão de papéis para envio de cotações, pedidos de compra e contratos aos

fornecedores que somavam em tomo de 300 pedidos por mês. Após o Market Place este processo

ocorre através de pedido eletrônico sem a necessidade de emissão de papel via fax. Existiam,

antigamente, grandes conflitos no momento do follow up com o fornecedor, pois o mesmo não

emitia o “aceite” para documentos de compra, dificultando o processo, o que atualmente é feito nos

pedidos de compra via comprovante eletrônico.



      A cada nova necessidade de compra, o analista de logística precisava solicitar ao comprador

a emissão de pedido, mesmo para os itens contratados. Por sua vez, o comprador tinha que calcular

o valor líquido para adaptar a cotação ao sistema SAP/R3 e depois cadastrar preço por preço, sendo

que várias pessoas tinham acesso a “visualização” dos preços antes do termino das negociações, o

que tomava a informação não muito segura e confidencial. Hoje, os preços vêem lacrados e só são

abertos após o encerramento dos Rounds de negociação, sendo que este sistema só autoriza

compras de fornecedores homologados, os quais digitam os preços líquidos, alíquotas de impostos

e demais condições comerciais para formar o chamado mapa de cotas, que processa

automaticamente as informações, podendo ser exportado para Excel e/ou Word.




                                                                                              61
Outra problemática era a necessários de arquivamento de todas as cotações (assinadas) e dos

comparativos de preços em pastas tipo Z, o que causava o acumulo de material com o

arquivamento de em média 100 pastas com processos de compra por mês, que acabavam ocupando

espaço físico útil da empresa. Os documentos que registram as modificações de preços tinham que

ser preenchidos em extensos formulários e armazenados em pastas específicas para serem

apresentados em auditorias. Atualmente, com o Market Place, todos os documentos de compra têm

arquivamento eletrônico por tempo indeterminado.




3.4.1 Calculo do tempo economizado com o Market Place (conforme
média de tempo das atividades):




      40 horas - calculo de valor liquido do comprador

      30 horas - processamento de informações

      10 horas - emissão de pedido de compra

      20 horas — cotações e comparações de vendas

      10 horas - armazenamento de pastas e apresentações para auditorias

      Total de Tempo Economizado: 110 horas
Fonte: Apresentação do Departamento de Suprimentos - Divisão de Compras - RGE Market Place




                                                                                             62
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  • 1. Escola Superior de Propaganda e Marketing Comunicação Social - Publicidade e Propaganda Sistemas de Informação - ECR e SCM tecnologias para marketing e logística. Por: Paula Garcia Gonçalves Orientador: Filipe Müller Porto Alegre 2004 1
  • 2. Agradecimentos Agradeço em especial ao meu orientador Filipe Müller, pelo apoio, motivação e por seu grande conhecimento que me foi passado ao longo deste trabalho e aos Srs. Juliano Carpes, Dalmo Oliveira e Emilio, pela ajuda atenção que foram muito importantes para o desenvolvimento deste trabalho. Assim como meu pai Luis Felipe de Barros Goncalves por estar sempre presente nas horas mais necessárias. 2
  • 3. RESUMO Esta pesquisa versa sobre o tema Sistemas de Informação aplicados à logística e ao marketing. Desta forma é desenvolvida uma analise de dois sistemas em particular ECR - Efficient consumer e SCM - Supply Chain Management, os quais atuam no varejo e na indústria respectivamente. Este se caracteriza por ser um estudo teórico aplicado, pois analisa inicialmente a bibliografia e documentos existentes sobre o tema para poder aplicá-lo no estudo de dois casos (Lojas Renner e RGE). Para analise empírica foram utilizadas entrevistas estruturadas e informais com profissionais da área de logística e marketing das empresas selecionadas, a fim de identificar as aplicações e melhorias causadas pelo uso destas ferramentas. Observa-se que os investimentos nestes sistemas se dão principalmente em função da diminuição de tempo de envio e recebimento das mensagens, assim como do aumento da qualidade percebida para o cliente com a diminuição do tempo de resposta e entrega. A fundamentação teórica permite a comparação da doutrina com a prática, buscando a considerações sobre a importância destes sistemas como aliados dos processos de logística das empresas referidas, diante da atmosfera atual de globalização e avanços tecnológicos cada vez mais rápidos e significativos no ambiente empresarial. 3
  • 4. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO: .......................................................................................................................... 7 1 INTRODUÇÃO: .......................................................................................................................... 8 1.1 Situação Problemática: .....................................8 1.2. Justificativa: ..........................................10 1.3 Objetivos: ............................................12 1.3.1. Objetivo Geral ......................................12 1.3.2 Objetivos Específicos: .................................12 1.4 Metodologia: ..........................................13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................ 15 2.1 Conceitos e definições: .....................................................................................................15 2.1.1 O Marketing na Logística .................................15 2.1.2 Logística ............................................18 2.1.3 Sistemas de Informação ..................................20 2.1.3.1 Sistema de Informação Gerencial (MIS) ....................21 2.1.3.2 Sistemas de Informação de Marketing (SIM) .................22 2.1.4 Tecnologia de Informação (TI) e Sistemas de Informação ............24 2.1.5 Cadeia de valor: .......................................25 2.1.6 Efeito Chicote: ........................................28 2.2 Tendências de Mercado.....................................................................................................31 2.2.1 Redução de Estoques: ...................................31 2.2.2 Organização em rede ....................................33 2.2.2.1 Padronizações da rede - cadeia de suprimentos ................34 2.3 Teoria da Comunicação: ...................................................................................................34 2.4 Ferramentas de informação...............................................................................................37 2.4.1 SCM: ..............................................38 2.4.1.1 Processos de SCM...................................40 2.4.1.2. Histórico do SCM: ..................................41 2.4.2 ECR ...............................................42 2.4.2.1.Reposição Contínua..................................43 2.4.2.2 Gerenciamento por Categoria ...........................45 3. RGE - RIO GRANDE ENERGIA ............................................................................................ 48 3.1 Características da empresa ................................................................................................48 3.1.1 Mercado ............................................49 4
  • 5. 3.1.3 Visão ..............................................51 3.1.4 Valores .............................................52 3.1.5 Negócio ............................................52 3.1.5.1 Política de Qualidade Total: ............................52 3.1.5.2 Políticas de Gerenciamento de Risco e Controle de Perdas: ........53 3.1.5.3 Política Ambiental: ..................................53 3.1.5.4 Política de Segurança da Informação: ......................54 3.2 Sistemas de Controle de Estoques.....................................................................................54 3.2.1 Controle de Estoques e seu auxilio: ..........................55 3.2.2 Vantagens: ..........................................56 3.3 Aplicações do Supply Chain na RGE ...............................................................................57 3.3.1 Formas de atuação do Supply Chain ..........................60 3.4 Adequação do Market Place no Departamento de Suprimentos .......................................61 3.4.1 Calculo do tempo economizado com o Market Place (conforme média de tempo das atividades): .......................................62 3.4.2 Ganhos com o Market Place:...............................63 3.5 O Marketing da RGE ........................................................................................................63 3.5.1 Pesquisa de Qualidade ANEEL .............................65 3.6 Price Cap ...........................................................................................................................67 4.LOJAS RENNER....................................................................................................................... 69 4.1 Histórico............................................................................................................................69 4.2. Características da empresa ...............................................................................................70 4.2.1 Mercado ............................................71 4.2.1.1 Produtos e Serviços ..................................71 4.2.1.2 Fornecedores ......................................71 4.1.2.3 Concorrentes ......................................72 4.1.2.4 Entrantes .........................................72 4.2.2 Missão:.............................................73 4.2.3 Visão ..............................................73 4.2.4 Princípios Empresariais ..................................73 4.2.5 Valores .............................................74 4.2.6 Negócio ............................................75 4.2.7 Estilo de Gestão .......................................76 4.3 Cadeia Logística das Alianças Estratégicas Renner..........................................................76 4.3.1 Cadeia Logística das Parcerias..............................77 4.3.2 Estratégia Logística das Lojas Renner .........................78 4.3.3 Coordenação do fluxo de Produtos ...........................78 4.3.4 Política de Aquisição ou Compra ............................79 4.4 Ambiente de Negócios Lojas Renner................................................................................81 5
  • 6. 4.5 ECR nas Lojas Renner ......................................................................................................82 4.5.1 Ganhos obtidos com o ECR: ...............................83 4.6 Quick Response.................................................................................................................84 REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 88 ANEXOS.........................................................................................................................................93 Figura 1 - Logística e os elos da cadeia se suprimentos......................................................................17 Figura 2 - Fluxo de Informação ..........................................................................................................21 Figura 3 - Vantagem Competitiva: Cadeia de valor (Michael Porter) .............................................26 Figura 4 - Cadeia de valor...................................................................................................................27 Figura 5 - Cadeia de valor ampliada ...................................................................................................27 Figura 6 - Efeito chicote......................................................................................................................29 Figura 7 - Chicoteamento - pedidos versus vendas.............................................................................30 Figura 8 - Sistema de transmissão da informação...............................................................................35 Figura 9 - Competição entre unidades de negócio virtuais .................................................................39 Figura 10 - Trabalho Conjunto (ECR) ................................................................................................43 Figura 11 - Modelos de Distribuição ..................................................................................................44 Figura 12 - árvore de decisão ..............................................................................................................47 Figura 13 - Atuação do SCM na RGE ................................................................................................57 Figura 14 - Distribuição Renner..........................................................................................................77 Figura 15 - Pirâmide da Moda ............................................................................................................85 6
  • 7. LISTA DE ABREVIATURAS ECR Efficient consumer response SCM Supply Chain Management SMI Supply Managed Inventory SOLE Society of Logistic Engineers MIS Management Information System SIM Sistema de Informação de Marketing SAD Sistema de Apoio à Decisão SBC Sistema de Base de Conhecimento TI Tecnologia de Informação GTIN Global Trade Item Number SSCC Serial Shipping Container Code GLN Global Location Number EDI Electronic Data Interchange PDV Ponto de Venda CD Centro de Distribuição EDI Electronic Data Interchange PDV Ponto de Venda CD Centro de Distribuição 7
  • 8. 1 INTRODUÇÃO: Este estudo é baseado na bibliografia existente sobre sistemas de informação. Para tanto, foram selecionadas duas empresas que são tidas como referência na implementação das ferramentas ECR - Efficient consumer response ou Resposta Eficiente ao Consumidor (utilizada pelo varejo) e SCM - Supply Chain Management ou Gerenciamento de Cadeias de Suprimento (desenvolvida pelas indústrias), são elas: Lojas Renner e Rio Grande Energia, respectivamente. Busca-se neste trabalho compreender o assunto não tão somente através dos aspectos administrativos, mas, também, considerando a abordagem da comunicação social como base para o estudo de casos. A fim de identificar de forma mais completa a aplicabilidade e as melhorias proporcionadas por estas ferramentas, este projeto faz uma revisão da literatura sobre sistemas de informação nos processos logísticos e mercadológicos, identificando assim as ferramentas de intercâmbio de informação utilizadas neste trabalho. Por fim, o estudo de casos analisa os impactos e resultados da aplicação destas dentro das empresas selecionadas (Lojas Renner e Rio Grande Energia), tidas como referência na implementação destes sistemas. 1.1 Situação Problemática: Vivemos na Era da informação, na qual a diversificação e a competitividade entre empresas vêm crescendo com o apoio das melhorias causadas pelos sistemas de tomada de decisão, que se tomam cada vez mais essenciais na redução de custos e no aumento da qualidade, principalmente relacionados à diminuição dos estoques e do tempo de entrega. 8
  • 9. Segundo Rodrigues (1993), a formação de estoques está ligada ao alto lead time, ou seja, tempo de entrega de compra de matéria prima, sendo o ideal o nascimento dos estoques da necessidade de atender pedidos. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003), por sua vez, afirmam que a informação, se bem utilizada pelos gerentes, pode reduzir estoques através da gestão das cadeias de suprimento e do aperfeiçoamento de projetos. Sendo a carência desta, a causa do fenômeno chamado “Efeito Chicote”, responsável pela variabilidade na quantidade de estoque. Podemos por assim dizer que, a variável tempo é a grande influenciadora deste processo, sendo as ferramentas de informação responsáveis por melhorias significativas na diminuição deste efeito. Fundamentalmente, o “Efeito Chicote” é tido como problemática significativa da logística, por ser causa direta do aumento de estoques e variabilidade da demanda, gerando gastos significativos para empresa. Por este motivo a logística vem passando por uma transformação em busca da melhoria na comunicação, na qual o tempo de preparação, envio e chegada da informação são quase instantâneos. Segundo Bailou (2001), o total do tempo de preparação, transmissão, entrada e preenchimento do pedido podiam representar 50 a 70 % do ciclo em alguns setores. O que hoje já não é mais realidade graças à aplicação dos sistemas de informação, sendo necessário entender as aplicações e melhorias que estes podem causar. Visto que a economia é globalizada e, portanto, nem sempre o local de produção é o mesmo de consumo, o estudo da logística tomou-se ainda mais significativo para o aperfeiçoamento das empresas no cenário atual. Segundo definição adotada em 1998 pelo Council of Logistics Management (Conselho Gerencial de Logística) apud Novaes (2001) p.85, “Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias primas, estoques em processo, produtos acabados e informações, relacionadas desde seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes”. Bowersox (2001) possui outra abordagem, em sua obra define a logística como concentração do fluxo 9
  • 10. eficiente de bens ao longo do canal de distribuição, sendo as informações precisas e em tempo hábil vistas como cruciais para a eficácia do projeto logístico. Dentre a diversidade de sistemas de informação, que podem auxiliar o processo logístico, optamos por limitar o trabalho ao estudo de duas delas, na qual possamos fazer uma análise mais abrangente dos elos da cadeia de suprimentos. São elas: ECR e SCM, que já estão em uso principalmente nas grandes empresas, tendo como exemplo e objeto de análise as Lojas Renner e Rio Grande Energia que são tidas como referência nestes processos respectivamente. Todavia, esta tecnologia ainda é muito nova e se têm poucos estudos comparativos sobre a funcionalidade e a aplicação das mesmas. Desta forma, sendo os sistemas de informação importantes aliados no processo de logística das empresas, tendo como objeto de estudo as empresas Lojas Renner e Rio Grande Energia, questiona-se: quais os impactos dos sistemas de informação em um processo logístico e mercadológico nas empresas Lojas Renner e Rio Grande Energia? 1.2. Justificativa: Diante da atual necessidade de informação na cadeia de suprimentos e das melhorias causadas pela informatização e pelo avanço das tecnologias, é adequado estudar a bibliografia existente sobre o assunto, para entender e perceber a diversidade de opiniões dos autores e descobrir apontamentos teóricos. ferramentas selecionadas (ECR e SCM), que serão posteriormente estudadas individualmente. Conforme Bowersox (2001), através do uso de banco de dados, previsões conjuntas e intercâmbio de informações, é possível minimizar a variabilidade e a incerteza nas previsões, para diminuir os estoques. Porém ainda é necessário entender a forma com que estas ferramentas podem ser utilizadas e quais são as reais melhorias causadas por elas dentro das empresas; pois além de utilizar os sistemas de informação é necessário saber 10
  • 11. de que forma aplicá-los. Uma vez que não se pode apenas introduzir novas tecnologias nas empresas sem saber a forma para lidar com elas, pois ao invés de solucionar problemas elas podem causar maior desordem (HILL 2004). Para tomar este estudo viável é necessário limitá-lo, a fim de fazer uma análise mais aprofundada. Por conseguinte foram selecionadas duas empresas: Lojas Renner e Rio Grande Energia, que são tidas como referenciais no investimento em sistemas de informação. Atualmente, o percentual de uso das ferramentas de gestão nas 708 maiores empresas do mundo está na média de 68%, sendo o número médio de 16 ferramentas utilizadas por empresa (RIGBY 2003). Desta forma, as empresas estão investindo forte em informatização em busca de maior competitividade no mercado, tendo sido os gastos com a implementação destas tecnologias, logo compensados pelos ganhos significativos em eficiência. Segundo a pesquisa “Administração de Recursos de Informática” da EAESP - FGV, os investimentos das maiores empresas mundiais com tecnologia da informação superou um trilhão de dólares em 2001, sendo a logística vista hoje como uma das chaves de sucesso para a estratégia de uma empresa. A partir disso, é de interesse acadêmico tal análise para o entendimento da aplicação dos sistemas de informação dentro dos processos logísticos e da averiguação das formas de minimizar o “Efeito Chicote” a partir das melhorias da comunicação dentro da cadeia, causadas pelo uso das Diante da problemática, este estudo visa investigar as melhoria e aplicações dos novos métodos de sistema de informação para minimização, redução e eliminação de estoques, através da anulação do “Efeito Chicote”. Levando em consideração a diversidade de ferramentas de informação utilizadas atualmente, foram escolhias duas delas para estudo: ECR e SCM, por atuarem em pontos 11
  • 12. diferenciados da cadeia de suprimentos, podendo, assim, visualizar as melhorias e aplicações da tecnologia nos processos logísticos como um todo. O ECR foi selecionado por ser uma ferramenta considerada de sucesso no mercado tendo sido consolidada em uma base grande de empresas; já o SCM encontra-se em fase intermediária de implementação, mas, de qualquer forma, é considerado de grande relevância por proporcionar uma visão de materiais e da cadeia de abastecimento de forma incomparável com relação às demais tecnologias.Dentre as empresas que utilizam as ferramentas abordadas neste estudo foram selecionadas Lojas Renner, por ser uma das primeiras empresas a adotar o ECR no Brasil e a RGE, por ser a primeira no mundo a fazer uso do SMI - Supply Managed Inventory - Relacionamento do Gerenciamento de Abastecimento (um dos principais instrumentos para SCM). 1.3 Objetivos: 1.3.1. Objetivo Geral Identificar as aplicações e melhorias da utilização da informação nos processos logísticos e mercadológicos nas empresas Lojas Renner e Rio Grande Energia. 1.3.2 Objetivos Específicos: -Revisar a literatura sobre sistemas de informação nos processos logísticos e mercadológicos; 12
  • 13. -Identificar as ferramentas de intercâmbio de informação utilizadas nos processos logísticos e mercadológicos; -Verificar as aplicações destas ferramentas de informação utilizadas nos processos logísticos e mercadológicos nas Lojas Renner e Rio Grande Energia; -Analisar os impactos e resultados da aplicação destas ferramentas nas Lojas Renner e Rio Grande Energia 1.4 Metodologia: Esta pesquisa tem base na fundamentação teórica desenvolvido inicialmente, que tem como finalidade entender os sistemas de informação, sua importância e aplicações. Sendo realizado através de levantamento em fontes secundárias: levantamentos bibliográficos, através dos trabalhos já feitos por outros - livros, revistas, artigos, teses, dissertações, publicações e levantamentos documentais - através de pesquisas anteriores feitas pelas empresas selecionadas para estudo, assim como registros nelas existente acerca do assunto a ser pesquisado. Para Masshall e Rossman apud Roesch (1999), a revisão bibliográfica é fundamental para o desenvolvimento do projeto de pesquisa que busca o desenvolvimento da teoria, pois tem como função demonstrar os pressupostos das questões de pesquisa, assim como definir as questões e hipóteses. A parte empírica do trabalho se dará através de entrevistas estruturadas e informais, segundo Gil (1999) estas possibilita a obtenção de dados referentes aos mais diversos aspectos, sendo muito eficiente para a obtenção de dados em profundidade acerca do comportamento. Para o autor, a entrevista informal deve ser a menos estruturada possível, podendo ser distinguida da 13
  • 14. conversação informal apenas pelo objetivo básico, que é o de coletar dados. Deste modo, pode obter uma visão geral do problema, bem como a identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado; já a entrevista estruturada desenvolve-se através de uma relação de perguntas cujas respostas são previamente estabelecidas, ou seja, são todas perguntas abertas. Sendo duas para o setor de marketing da Renner, duas para o setor de logística da Renner, duas para o setor de logística da RGE e duas para o setor de marketing da RGE. Para a obtenção dos dados quantitativos da parte empírica do trabalho serão realizados levantamentos em fontes secundárias e documentais. Esta pesquisa desenvolve um estudo de dois casos, pois para Yin (2001) é possível fazer um análise de vários casos, sendo esta uma variante dos estudos de projeto de caso. Por este motivo, pode se denominá-lo como estudo de caso múltiplo. Este versa particularmente sobre o tema: sistemas de informação, buscando ligar a teoria à prática, através do estudo de duas empresas específicas, pois sempre que o estudo tiver base na parte teórica e técnica do assunto para poder buscar entender como, particularmente, os sistemas de informação influenciam dentro de uma determinada organização, podemos denominá-lo de estudo de caso (ROESCH 1999). Existem diversas classificações de estudo de caso, conforme Eckstein apud Roesch (1999), este é configurativo-disciplinado, pois analisa os padrões buscando a interpretação da literatura existente sobre o assunto, para posteriormente considerar de que forma a teoria se aplica ou deveria ter sido aplicada a determinado caso. De acordo com Samara (1997), o estudo de caso pode também ser também chamado de pesquisa qualitativa, pois visa entender o assunta em profundidade. A análise qualitativa possibilita quantificar as qualidades, quando nos referimos a algo no mundo que queremos captar, sendo a realidade algo essencial neste tipo de pesquisa (DEMO, 2000). 14
  • 15. Este se caracteriza por ser um estudo teórico- aplicado, pois busca na teoria a base para o estudo de casos. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Conceitos e definições: 2.1.1 O Marketing na Logística O Marketing na logística O avanço tecnológico vem ocasionando alterações principalmente na concepção de promoção e distribuição, pelo fato da descoberta da necessidade de estabelecer um vínculo entre ambas, a fim de estreitar o relacionamento empresa-cliente. Esta mudança tem como causa principalmente a identificação da importância das informações para a logística, que trabalha com o intuito de atender a demanda, enquanto o marketing de gerá-la. Sendo assim, o trabalho conjunto destas duas ferramentas pode se tomar uma solução inteligente para interação dos sistemas da empresa, assim como minimização de conflitos. Desta forma, a logística ocupa uma posição estratégica entre a produção e o marketing. (GOMES, RIBEIRO, 2004). Segundo o Kotler (2000) p.56, “O Marketing é visto como a tarefa de criar, e 15
  • 16. fornecer bens e serviços a clientes, sejam estes pessoas físicas ou jurídicas”. Segundo ele, a logística não pode ver a cadeia de suprimentos apenas como ponto de destino, mas deveria estabelecer um mercado-alvo e a partir deste momento construir um processo rotativo de comunicação entre a empresa e o mercado. McCarthy foi o criador das ferramentas do mix de marketing, muito utilizadas por Kotler, denominadas de 4 P’ (Produto, Preço, Promoção e Praça), usadas para se obter a resposta adequada dos mercados. Segundo esta concepção de marketing, podemos identificar a logística como sendo parte dele, uma vez que está inserida no P - Praça, sendo responsável pelo estudo do abastecimento com o intuito de suprir os mercados. Segundo Kotler (2000), o mix de marketing pode também ser utilizado para diferenciação da empresa conforme seus objetivos e metas, sendo importante estabelecer o custo e benefício das seguintes ferramentas e seus componentes: Produto: variedade, design, qualidade, características, marca, embalagem, tamanho, serviço, garantias e devoluções; Preço: preço de lista, desconto, concessões, prazo para pagamento, condições de financiamento; Promoção: promoção de vendas, publicidade, força de vendas, relações públicas, marketing direto; Praça: canais, cobertura, variedades, locais, estoques, transporte Para Chistopher (2000), a definição de 4P’s para criação de valor no marketing já não é suficiente. É necessário aumentar a taxa de inovação, lançar produtos e serviços mais rapidamente, atender à demanda com tempo de espera menor e conquistar maior confiança, pois afinal cada vez o cliente esta mais exigente, buscando maiores patamares de serviço, ou seja, no 16
  • 17. momento em que uma expectativa é alcançada se faz necessário criar uma nova em um nível superior de aceitação e concepção de produto/serviço. O modelo de Mello (1996), abaixo, identifica as formas de interação entre logística e os elos da cadeia de suprimento, na qual a informação era levada apenas em um sentido, vale dizer, o fluxo de informação de produto ia apenas do fornecedor para o consumidor. Hoje em dia, ele é cíclico e surgiu da identificação da necessidade de se estabelecer comunicação, um feedback (resposta), para conhecer os desejos e as necessidades do público-alvo, com o escopo de traçar a personalidade do consumidor e fidelizá-lo. Figura 1 - Logística e os elos da cadeia se suprimentos Fonte: Mello (1996) Este esquema demonstra a mudança de conceito da direção da informação, representado 17
  • 18. por um esquema cíclico, sendo este um sistema aberto de realimentação da informação, tendo como facilitador a tecnologia da informação, responsável pela realimentação do sistema, visando a minimizar as perdas e falhas da mesma, representando o comportamento de uma empresa conforme três componentes: - Processos: atividades; - Pessoas: trabalhadores, funcionários; - Tecnologia da Informação: facilitador da comunicação entre os elos. 2.1.2 Logística A logística sempre teve sua importância, apesar de que somente nas últimas duas décadas tomou-se ponto de atenção e estudo dos diretores (MELLO, 1996). De qualquer forma, as empresas estão cada vez mais investindo em tecnologia para gerenciar seus negócios tanto dentro da cadeia quanto nos serviços externos. Existem diversas definições de logística, sendo ambas importantes por serem complementares e harmônicas: segundo a definição de logística adotada em 1998 pelo Council of Logistics Management (Conselho Gerencial de Logística), apud Novaes (2001), et al p. 25, “Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias primas, estoque em processos, produtos acabados e informações, relacionadas, desde seu ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender ao requisito dos clientes”. Já para Mello et al, 1996, p. 18, logística é “o processo que integra, coordena e controla: 18
  • 19. a Movimentação de Materiais, Inventários de Produtos Acabados e Informações relacionadas; Fornecedores através de uma Empresa; para satisfazer as Necessidades dos Clientes”. Para Dias, (1985), et al p.30, “a logística é responsável pela movimentação de materiais e produtos, através da utilização de equipamentos, mão-de-obra e instalações, de tal forma que o consumidor tenha acesso ao produto na hora e com o menor custo que lhe convenha”. Segundo definição de Gomes e Ribeiro (2004) et al p. 89, “a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, a movimentação dos armazéns e o armazenamento de materiais, peças e produtos acabados”. A logística consiste em uma técnica e, ao mesmo tempo, uma ciência que suporta a realização dos objetivos empresariais, a programação dos mesmos e consecução, serve para management (gerenciamento), o engineering (engenharia) e as atividades técnicas nos temas solicitados, o projeto, o fornecimento e a preservação dos recursos". (Sole - Society of Logistic Engineers - Sociedade de Engenheiros Logísticos). Como se pode observar em cada uma dessas definições, a logística não é entendida somente como distribuição física aos clientes de produtos e artigos comerciais, num maior âmbito, ela se ocupa da oferta, por parte das empresas de produtos, de artigos comerciais e serviços. As finalidades da logística podem ser compreendidas nos 8 conceitos estabelecidos e classificados por A. Sole como Rs: *Right Material (materiais justos); *Right Quantity (na quantidade justa); *Right Quality (de justa qualidade); *Right Place (no lugar justo); 19
  • 20. *Right Time (no tempo justo); *Right Method (com o método justo); *Right Cost (segundo o custo Justo); *Right Impression (com uma boa impressão). Um dos objetivos da logística é aumentar o grau de satisfação do cliente. Para atingir esta meta, é necessário aplicá-la às áreas funcionais e em campos de atividades. 2.1.3 Sistemas de Informação Segundo Gomes e Ribeiro (2004), existem duas abordagens para sistemas de informação, uma delas considerando-o como integração de setores; a outra tem relação apenas ao uso da informática. O autor traz a abordagem dos seguintes autores: Dantas, Cautela Prates, Bio, Rezende e Abreu, como sendo referenciais da teoria na qual o sistema de informação tem relação com integração de setores; e Prince e Rezende como indicação da teoria na qual os sistemas da empresa são um conjunto de hardwares e softwares. Para Melo, et al (1998), p.30, “O sistema de informação é todo e qualquer sistema que tem informações como entrada visando gerar informações de saída”. Neste sistema a expectativa de se obter tais informações para satisfazer determinadas necessidades, corresponde ao objetivo geral dos sistemas de informação”. Para o autor, é possível descrever os estágios dos sistemas de informação em três etapas: coleta de dados, produção ou tratamento da informação e uso geral da informação. Deve-se levar em consideração o feedback, que é a retro alimentação da informação funcionando para correções e controle do processamento de sistemas. Conforme o esquema de fluxo de Informação abaixo: 20
  • 21. Figura 2 - Fluxo de Informação Fonte: Melo (1998) Stair, (1998), p.50, possui uma abordagem muito próxima a de Melo, na qual “o sistema de informação é uma série de elementos ou componentes inter-relacionados que coletam (entrada), manipulam e armazenam (processo) e disseminam (saída) os dados de informações e fornecem um mecanismo de feedback ”. Para Cruz, 1998, p. 48, os sistemas de informações “são o conjunto que disponibiliza os meios necessários à operação do processo decisório em qualquer organização por meio do processamento dos dados disponíveis”. Esta versão é considerada atual, pois hoje a informação não esta somente na mão dos gerentes, mas é um processo que abrange todos os funcionários, pois a companhia deve possuir caráter único, integração e harmonia, sendo os sistemas de informação ferramentas para a integração empresarial, abrangendo, hoje, tecnologia da informação que antigamente não possuíam. 2.1.3.1 Sistema de Informação Gerencial (MIS) 21
  • 22. Os MIS, management information system (Sistema de Informações Gerenciais), surgiram na década de 60, utilizados para produzir relatórios, que passaram a ser utilizados para mais amplamente no momento em que se identificou a necessidade e a importância da informação. Dentre os principais sistemas de informação gerencial inicial estavam os relatórios programados, relatórios de demanda e relatórios de execução, que ajudaram a minimizar custo e a agilizar as atividades empresariais (STAIR, 1998). Para Ein-dor e Segev (1985), no sistema de informação gerencial existem duas abordagens distintas: uma que trabalha os sistemas de informação de administração colocando ênfase na realização física do processo, como exemplo a citação de Maravec àpud Ein-dor e Segev (1985) p. 28, “um sistema de informações gerencial pode ser definido como os procedimentos, as metodologias, a organização, os elementos de software e hardware necessários para inserir e recuperar dados selecionados conforme forem sendo exigidos para operação e a gestão de uma companhia”. A outra, distingue os sistemas em relação as suas funções dentro da empresa: tomada de decisão, planejamento, determinar o curso das ações, dentre outros. Para o autor, esta definição se toma empírica, pois pode ser definida conforme as suas aplicações e formas de interação entre o gerente e estes sistemas. 2.1.3.2 Sistemas de Informação de Marketing (SIM) As decisões de marketing são muito delicadas para serem tomadas de qualquer forma, para tanto podemos contar com o SIM, para aumentar o nível de acerto na tomada decisão. 22
  • 23. Segundo Freitas, é possível optar por um sistema de apoio como um SAD - sistema de apoio a decisão e um SBC - sistema de base de conhecimento. Segundo Freitas (1993) et al p.34, o SIM é “uma rede complexa de relações estruturadas, onde se relacionam homens, máquinas e processos, os quais têm por objetivo alimentar um fluxo ordenado de informações pertinentes, oriundas de fontes internas e externas à empresa, e destinado a servir de base às decisões de marketing”. Existem quatro elementos formadores do SIM: - Sistema de inteligência: meio de informação sobre o ambiente comercial; - Sistema contábil: registra vendas, estoques, etc; - Sistema de estudos e de pesquisa: preparação, coleta, análise e exportação dos dados; e - Sistema de modelização: meios e instrumentos de análise dos dados para a decisão de marketing. Segundo Kotler, et al. (2000), p. 122, “um sistema de informações de marketing é constituído de pessoas, equipamentos e procedimentos, para a coleta, classificação, análise, avaliação, distribuição de informações necessárias de maneira precisa e oportuna para os que tomam decisões de marketing”. Estas informações têm base nos registros internos da empresa, atividades de inteligência de marketing, pesquisa e análise de suporte à decisão. O autor dá grande ênfase para um sistema que ele denomina “sistema de informações de vendas”, que devem ser atualizados a cada instante, sendo estes os atuais softwares para automação da força de vendas e colocam ainda mais conhecimento ao alcance dos vendedores. 23
  • 24. 2.1.4 Tecnologia de Informação (TI) e Sistemas de Informação Existem diversas abordagens sobre diferenças entre tecnologia da informação e sistema de informação: uma, a considera como o processador das informações captadas pelo sistema e a considera apenas a TI como interligação de sistemas e competitividade para a empresa. Segundo Alter apud Carvalho e Laurindo (2003), as distinções entre a tecnologia da informação e sistemas de informação estão nas formas de considerações, ou seja, apenas em aspectos técnicos ou em fluxo de trabalho, pessoas e as informações. Para Gomes, Ribeiro et al 2004, p.78, “A união do Sistema de Informação com a Tecnologia de Informação resulta em um grupo de telas e relatórios, habitualmente gerados nas unidades de tecnologia da informação, que possuía maioria dos recursos de processamento de dados e gerencia a tecnologia da informação da empresa e seus recursos, gerando informações profícuas e oportunas aos clientes e usuários”. Para Cruz, et al 1998, p.20, Tecnologia da Informação “é todo e qualquer dispositivo que tenha capacidade para tratar dados e ou informações, tanto de forma sistêmica como esporádica, quer esteja aplicada no produto, quer esteja aplicada no processo”. Esta definição abrange tanto o processo produtivo quanto à tecnologia, que faz parte do produto ou serviço. Já para McGowan (1997), o papel da tecnologia é solucionar os problemas ou oferecer novos serviços de coleta de dados, transformando a informação em conhecimento. Assim sendo, a informação não é considerada apenas um dado dentro da máquina, ela passa a tomar-se livre e aberta dentro da empresa. (GOMES RIBEIRO, 2004). Desta forma, os conceitos mais abrangentes de tecnologia ligam informação e conhecimento técnico para fornecer dados através de recursos de hardware e software, sendo igualmente importante o alinhamento da TI com a estratégia da empresa (CARVALHO e 24
  • 25. LAURINDO 2003). Devido às. novas tecnologias, os custos de manipulação, armazenamento e transmissão da informação estão diminuindo com relação ao custo de processamento manual; podemos considerá-lo oito mil vezes mais econômicos do que há trinta anos atrás. Nas entradas, antes do surgimento do código de barras, a taxa de erro era de um em trezentos; atualmente, é de um em três milhões (MC GOWAN, 1997). A tecnologia da informação esta transformando o processamento das atividades, com relação ao tempo e à precisão da fabricação, tendo importância não tão somente maneira de produção, mas também a diversidade de canais e fluxos, o que eleva ainda mais as formar de explorar as atividades, sendo responsável por uma melhor comunicação entre as atividades e as empresas. Dentre todos os fatores já citados, podemos identificar, também, o efeito destas novas tecnologias no quesito competitividade, sendo possível coordenar as atividades da empresas em locais remotos, criando inter-relacionamentos. 2.1.5 Cadeia de valor: A cadeia de valor é usada para descrever os passos que um bem ou serviço passa, sendo estes relacionados como hierarquias de propriedades comuns ou relacionamentos estreitos, o que toma as parcerias uma alternativa para estes relacionamentos; estas são denominadas de “parceria de valor agregado”, que são empresas independentes que trabalham juntas para gerir o fluxo de produtos e serviços (MC GOWAN, 1997). A tecnologia da informação vem causando transformações na cadeia de valor, no que diz 25
  • 26. respeito à ampliação de seus limites, com relação ao que diz respeito ao que pode ser feito em menor tempo com a finalidade de abordar de melhor forma as oportunidades. A troca da informação é o que sustenta a organização, por isso é preciso criar visibilidade no canal, para que seja orientada pela demanda real. (Christopher, 2000). Segundo Porter e Millar apud Carvalho Laurindo (1993) et al p.56, “A cadeia de valor é um conjunto de atividades tecnológicas e economicamente distintas que a empresa utiliza para realizar seus negócios”. Sendo cada parte da cadeia independente, mas que são ligadas, pois cada atividade afeta o custo e a eficiência da outra. Estas atividades podem ser classificadas em: • Atividade-meio ou de suporte (apoio): infra-estrutura empresarial, gerenciamento de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologias, aquisição de insumos; • Atividade-fim ou primárias: logística interna, operações, logística externa, marketing de vendas, prestação de serviços (assistência técnica). A figura abaixo ilustra a forma com que Porter abordou estas vantagens competitivas na cadeia de valor, citadas acima: Figura 3 - Vantagem Competitiva: Cadeia de valor (Michael Porter) Fonte: Material de aula do curso de MBA- logística da Escola Superior de Propaganda e Marketing de Porto Alegre, por Filipe Muller. 26
  • 27. As atividades que criam valor para o cliente, na concepção de Porter, foram adaptadas por Christopher para abranger os conceitos de logística, logo abaixo: Figura 4 - Cadeia de valor Fonte: Chistôpher (2000) Segundo a visão de Porter, Apud Chistopher (2000), p. 123, “A cadeia de valor representa todas as atividades que acontecem dentro da empresa com a finalidade de criar valor para todos os clientes”. Com a análise da importância da estratégia esse modelo foi ampliado, tendo em vista a criação de parcerias para a execução das atividades, segundo figura abaixo: Figura 5 - Cadeia de valor ampliada Fonte: Chistopher (2000) 27
  • 28. Neste modelo, as atividades primárias de Porter foram adaptadas de tal forma que a logística compreenda as operações, a construção da marca (marketing e vedas) visando à criação de valor do fornecedor para o consumidor. Sendo assim, para Chistopher, o marketing encontra- se como uma parte da logística, ao contrario da definição de Kotler, na qual a logística é um dos P’s do mix de marketing. 2.1.6 Efeito Chicote: O grande problema que norteia a questão da falta de informação na cadeia de suprimentos é chamado “Efeito Chicote”. Segundo Simchi-Levi e Kaminsky (1993), este fenômeno ocorre quando há falta da informação e aumento da variabilidade da demanda, que são responsáveis por conseqüências ao longo de todos os elos da cadeia de suprimentos. Este processo gera mais gastos para a empresa, podendo ser reduzidos e administrados de forma mais eficaz através da comunicação mais rápida e eficiente. Segundo Domier, Emst, Fender, Kouvelis (2000), a variação sazonal na demanda é causa do “Efeito Chicote”. Sendo assim, este efeito se refere ao fenômeno onde a variação na cadeia exige uma alteração maior do que a real do ponto-de-venda, sendo que a variação dos pedidos é maior quando se mexe o montante, ou seja, a propagação da variação. Fundamentalmente, são quatro os principais fatores que contribuem para o “Efeito Chicote”: atualização das previsões de demanda, políticas para consolidação de carregamentos, flutuações de preço e racionamento dos ressuprimentos quando a demanda é superior à oferta. A figura abaixo representa o trajeto do efeito em estudo em uma cadeia simples de 28
  • 29. quatro estágios: varejista, atacadista, distribuidor e fábrica, sendo estas consideradas as etapas percorridas neste processo: Figura 6 - Efeito chicote Fonte: Simchi-Levi e Kaminsky (1993) É importante identificar as técnicas e ferramentas que permitem controlar este efeito, para tanto alguns fatores tomam-se importantes contribuintes para o aumento da variabilidade, são eles: - Previsão de demanda: técnicas de gestão de estoques, como por exemplo a política de estoques mín.-máx., a qual quando o estoque se encontra abaixo de determinado valor; ponto de reabastecimento o estoque é reabastecido até o ponto de estoque máximo determinado para aquele momento; - Lead Time: lead times maiores levam a maior variabilidade, pois uma pequena mudança com um grande lead time implica diferença significativa no estoque, por isso é necessário criar sistemas de resposta à demanda mais rápidos e sistemas de informação e de entrega 29
  • 30. mais eficientes. - Pedido por lote: causador de distorções e alteração nas variáveis de pedidos, pois não se tem noção exata da demanda do cliente por unidade. A figura abaixo demonstra as vendas de um produto comparado às ordens colocadas pelo varejista ao fabricante: Figura 7 - Chicoteamento - pedidos versus vendas Fonte: Domier, Emst, Fender, Kouvelis (2000) Podemos observar que a distorção entre as vendas e os pedidos colocados é bastante significativa. Para Steinke, et al (2003), as novas tecnologias de informação como SCM e ECR estão causando uma verdadeira revolução nas empresas, com a diminuição das Bullwhips (forma com o qual o autor denomina o “Efeito Chicote”) reduzindo os lead time e custos, tendo em vista a diminuição do “Efeito Chicote”, através da obtenção qualificada da informação em menor tempo, ajudando na diminuição da variabilidade, uma vez que se tem conhecimento da demanda real. 30
  • 31. 2.2 Tendências de Mercado No mercado globalizado a informação tomou-se “mercadoria” valiosa no mix de marketing, proposto pelo professor Jerome McCarthy, no início da década de 60. Com a evolução da tecnologia da informação e da tecnologia de armazenamento e transporte, a comunicação tomou-se importante em todas as áreas, não tão somente na promoção, responsável pela comunicação entre empresa e seu consumidor final, mas também na comunicação entre os elos da cadeia de distribuição, praça ou logística, trazendo melhorias principalmente na diminuição do lead time e minimização de custos. Segundo Bowersox, (2001), a tecnologia de informação está evoluindo em ritmo extraordinário, em velocidade e capacidade de armazenamento, gerando significativamente a redução de custos e espaço físico. 2.2.1 Redução de Estoques: Os consultores e autoridades em cadeias de suprimentos costumam dizer que na cadeia de suprimentos moderna, a informação substitui os estoques, pelo aproveitamento eficaz de informação agora disponível; pode-se projetar e operar as cadeias de suprimentos muito mais eficazmente (SINCHIN-LEVI e KAMINSKY, 2003). Normalmente, o grau de risco associado à manutenção de estoques se dá através da variabilidade da demanda de um produto e seu canal de distribuição, sendo que os reflexos de uma maior variabilidade da demanda são percebidos imediatamente nos níveis de estoque de 31
  • 32. segurança, parcela dos estoques destinada à garantia dos níveis desejados de disponibilidade de produto Estes níveis constituem uma reserva estratégica de produto (WANKE, 2004). Apesar das reduções nos custos de estoque, ele ainda é considerado crítico em alguns casos. Os gerentes de logística e de operações constantemente se deparam com a necessidade de reduzir estoques, sem prejudicar a qualidade percebida. Para o autor, o estoque é um item alvo para redução de custos, principalmente pelo valor imobilizado nesta conta do ativo o que afeta diretamente o retomo sobre o capital dos acionistas. (LIMA, 2004). Com o intuito de reduzir os estoques, atualmente, existem diversas ações para aumentar o grau de previsibilidade da demanda, através do acesso e compartilhamento da informação de vendas obtida em tempo real junto aos consumidores e é neste sentido que as ferramentas de sistemas de informação como ECR e SCM. Segundo Ching (2001), a problemática dos estoques tem base nos autos custos, mesmo quanto excluídos os custos de aquisição das mercadorias, pois estão associados a três categorias: - custo de pedir: custos fixos administrativos, associando aquisição para reposição de estoques, custos de preenchimento de pedido e serviços burocráticos de contabilidade a almoxarifado, de recebimento verificação do pedido, nota e quantidade. -custos de manter: custo de armazenagem, custo de seguro, deteriorização e absolência. - custo total: referente aos custos de pedir mais os custos de manter. Segundo Gomes e Ribeiro (2004), quanto maiores os custos de movimentação e manuseio de produto e a confiabilidade no suprimento menor os estoques, já quanto maior for a demanda e sua variabilidade, assim como maior serão os níveis de estoque quanto maiores forem o lead time, o custo do processamento de pedido, as economias de escala, a demanda e sua variabilidade. 32
  • 33. 2.2.2 Organização em rede A organização em rede é tida como uma forma de aproximar as habilidades e capacidades que estão presentes em toda a rede de informações, caracterizada como “rede virtual”. Segundo Christopher (2000), o gerenciamento da cadeia é o meio mais eficiente de satisfazer lucrativamente as necessidades do cliente, sendo mais importante do que executar múltiplas atividades de agregação de valor. Para McGowan (1997), não mais é observada a tendência das grandes empresas possuírem maior competitividade por terem posse de maior maquinário. Observamos hoje a tendência das parcerias de empresas, sendo cada uma responsável por uma atividade na cadeia de valor, este se dá principalmente devido às novas tecnologias de baixo custo. Segundo Kotler (2000), existe a rede de relacionamento de marketing, que consiste na ligação entre a empresa, seus clientes, fornecedores, distribuidores, revendedores, agências de propaganda e acadêmicos, dentre outros, sendo o lucro e o sucesso as conseqüências de uma boa rede de relacionamentos entre os públicos interessados. Esta integração pode ser vista também como uma cadeia produtiva global ou cadeias internacionais de suprimento, visto que pode existir grande dispersão geografia entre as empresas. (CARVALHO e LAURINDO 2003). Segundo Prazeres et al. (2004), “Uma rede não é uma associação, é um espaço por onde se transita, emitindo, recebendo informações ou fazendo- as circular, é um espaço de troca e construção coletiva”. Sendo assim, as redes de organizações são tidas como espaços de troca coletiva e, portanto, qualificadores de informação e experiências. A concepção de redes tem valor agregado principalmente com as novas tecnologias de informação e comunicação, que são tidas como elemento articulatório. 33
  • 34. 2.2.2.1 Padronizações da rede - cadeia de suprimentos Em função das tendências de organizações em rede e da necessidade de integração das empresas, foram criadas formas de padronização, para tanto foi criado, dentro da Associação ECR Brasil, o Comitê de Padronização que tem por objetivo discutir, definir e implementar os padrões da cadeia de abastecimento, visando menor custo e maior eficiência e produtividade, através da simplificação e racionalização para eliminar desperdício. Dentre os trabalhos de padronização realizados pela ECR Brasil estão: 1. Utilização do código de barras: Foram recomendados formatos de etiquetas, recomendações de leitura e de manutenção da base de dados; 2. Sistema de cadastramento de produtos: Recomendação de base para cadastro padrão e o desenvolvimento do catálogo eletrônico; 3. Unitização de carga: Reduzir significativamente o preço de custo dos produtos, além da unitização modular e a adoção do pallet; 4. Padronização de veículos: são feitas recomendações e teste de capacidade e comprimento de carrocerias, arranjos de pallet, altura da doca e movimentação; 5. Entrega programada: Consiste na otimização das entregas do fornecedor no varejo ou atacado com o objetivo de otimizar o uso de caminhões, pessoal, docas e outros equipamentos. (ASSOCIAÇÃO ECR BRASIL) 2.3 Teoria da Comunicação: 34
  • 35. Dentro da área de comunicação social podemos observar a preocupação com a receptação da informação através do modelo de Shannon e Weaver, responsáveis pela teoria da informação ou teoria matemática da comunicação Segundo Wolf (1999), tais estudos objetivam a melhoria da velocidade de transmissão de mensagens, diminuindo as distorções e aumentando o rendimento global do processo de transmissão de informação, sendo esta, essencialmente, uma teoria sobre a transmissão ótima da mensagem. A origem deste modelo tem base na engenharia das telecomunicações, precursoras das tecnologias da informação. As primeiras pesquisas têm embasamento no estudo da velocidade e quantidade das transmissões por telégrafo, tendo como objetivo a minimização das distorções nas comunicações. A publicação considerada mais significativa foi desenvolvida por Shannon em 1948, na Bell System Technical Journal. Este estudo deu base ao sistema abaixo: Figura 8 - Sistema de transmissão da informação Fonte: Shannon e Weaver, 1949 apub Wolf (1999) 35
  • 36. Neste modelo, observa-se que o autor enfatiza a transmissão da mensagem como sendo do emissor para o receptor, enquanto a energia percorre o caminho contrário. Podemos por assim dizer, que esta é a primeira percepção de feedback, sendo as distorções da mensagem consideradas ruídos da comunicação. Segundo Mattelart apud Shannon (2002), p.58, o problema da comunicação consiste, em “reproduzir em um ponto dado de maneira exata ou aproximativa, uma mensagem selecionada em outro ponto”. Esta teoria considera a informação como um dado bruto, sendo determinados pelo autor cinco elementos para análise que estão compreendidos na figura também citado por Wolf, a cima, são eles: - Fonte: produto da mensagem; - Codificador ou emissor: transforma a mensagem para tomá-la transmissível; - Canal: meio de transporte dos sinais; - Decodificador: reconstrutor da mensagem; e - Destinação: pessoa que recebe a mensagem. Para Torquato (1986), a empresa é um sistema aberto de comunicação no qual os elementos, acima citados, fazem parte da organização, sendo este processo dividido em duas partes: a primeira a transmissão e a segunda a recuperação (necessária para o controle da fonte). Podemos considerar os sistemas de informação como codificadores e decodificadores desta mensagem, tendo como papel diminuir o ruído na comunicação e no canal de forma a aumentar a velocidade e a qualidade da mesma da fonte para o receptor, sendo estes representados pelos elos da cadeia de suprimentos. Como principais codificadores neste contexto, temos os controles de comunicação de dados, dentre os principais utilizados atualmente, estão: - GTIN (Global Trade Item Number): identificador de cada unidade de produto vendido, engradado ou caixa; 36
  • 37. - SSCC (Serial Shipping Container Code) Código de Série de Unidade Logística: utilizado para controlar pallet ou Container de embarque; - GLN: (Global Location Number): utilizado na captura de e mensagens eletrônicas - Alinhamento de dados mestres; - EDI (Electronic data interchange): para alinhamento de dados mestres e transferência da informação; - Tecnologias de integração local: buscando integração da informação com baixo custo e alta integridade. 2.4 Ferramentas de informação Inicialmente, a ligação entre os elos da cadeia se dava de forma unicamente física e operacional; com o tempo, foi se percebendo a necessidade de estabelecer estratégias em busca de qualidade, ao invés de realizar as operações de forma individual: começou-se a buscar a logística para ganhar competitividade através da priorização da troca de informações cada vez mais aprimorada e rápida, em busca de qualidade e fortalecimento e estabelecimento de parcerias. Desta forma, os sistemas de informação combinam equipamentos e software, para gerenciar, controlar e medir as atividades logísticas, surgindo novas tecnologias dentre elas SCM e o ECR, capazes de controlar todos os produtos através de um chip. 37
  • 38. 2.4.1 SCM: Existem diversas definições para SCM. Segundo Mello (2004), muitas pessoas confundem os termos SCM e Logística, sendo que a definição de SCM é mais ampla do que o de Logística. Para Borges et al. (2004), p.78 , “o SCM é a ciência que visa unir todas as fases do processo da cadeia de suprimentos, visando otimizar os métodos e etapas de produção, compras e suprimentos, inventário, administração, previsões, armazenagem, transporte e entrega dos produtos.”. Já para o International Center for Competitive Excellence — University of North Caroline (Centro Internacional de Excelência de Competitividade da Universidade da Carolina do Norte) (1994), SCM é a integração dos processos de negócios do usuário final através de fornecedores (originais), que fornecem produtos, serviços e informações e agregam valor para os consumidores. Esta tecnologia também pode ser considerada uma visão expandida e atualizada, buscando intensificar, somar e amplificar os benefícios de uma gestão integrada da cadeia de suprimentos. Assim, as estratégias e as decisões deixam de ser formuladas e firmadas sob a perspectiva de uma única empresa e passam a fazer parte da cadeia produtiva como um todo. (PARRA E PIRES, APUD PIRES, 2002). O esquema de Porter, evidenciado no capítulo sobre Cadeia de Valor, resulta em um modelo competitivo com base no fundamento de Parra e Pires sobre o negócio virtual que destaca cada vez mais a competição entre cadeias produtivas. Sendo assim, atualmente, as mais efetivas práticas na SCM visam a obter unidade de negócio virtual, eliminando as desvantagens de custo, conforme figura abaixo: 38
  • 39. Figura 9 - Competição entre unidades de negócio virtuais Fonte: Pires (1998) apud Parra e Pires (2004) Desta forma, o SCM é responsável pela estruturação de parcerias e alianças estratégicas, tendo como objetivo tomar realidade as sinergias entre as partes da cadeia, visando atender de forma mais eficiente, tanto através da redução de custos, como através da adição de mais valor ao produto final. Segundo Mello (2004), o SCM necessita de um alto grau de integração entre fornecedor e cliente (o que na maioria das vezes é bastante difícil), pois as parcerias diminuem custos ao longo da cadeia (entre 10% e 30%) e tempo médio de estocagem (cerca de 50%). Dentro deste contexto de integração, a função de compras não consta como parte da logística, mas é considerada um componente central no SCM, o que mais uma vez evidencia este como sendo uma ferramenta não só de logística, mas também de marketing, que vem cada vez mais incorporando a logística integrada à realidade das empresas. 39
  • 40. 2.4.1.1 Processos de SCM Existem processos de negócios considerados chaves para o sucesso de implementação do SCM, segundo Fleury, Apud Borges (2004), são eles: - Relacionamento com os clientes: desenvolvimento de equipes focadas nos clientes estratégicos, que busquem um entendimento comum sobre características de produtos e serviços, a fim de tomá-los atrativos para aquela classe de clientes; - Serviço aos clientes: fornecer um ponto de contato único para todos os clientes, atendendo de forma eficiente a suas consultas e requisições; - Administração da demanda: adita, compila e continuamente atualiza dados de demanda, com o objetivo de equilibrar a oferta com a demanda; - Atendimento de pedidos: atende aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo de entrega combinado; - Administração do Fluxo de produção: o foco é desenvolver sistemas flexíveis de produção que sejam capazes de responder rapidamente às mudanças nas condições do mercado; - Compras/Suprimento: deve objetivar as relações de parceria com fornecedores para garantir respostas rápidas e a contínua melhoria de desempenho; - Desenvolvimento de novos produtos: a organização tem que buscar o mais cedo possível o envolvimento dos fornecedores no desenvolvimento de novos produtos. Além destes processos, o SCM agrega algumas técnicas e procedimentos como o JIT, Kabam e engenharia simultânea, que foram amplamente adotadas por várias empresas, contribuindo para um significativo avanço da qualidade e produtividade. (Silva, 2004). De qualquer forma, o uso do SCM em empresas nacionais é recente, porém seus resultados têm alcançado índices cada vez maiores na redução dos custos logísticos, tempos do fluxo de produtos no canal de suprimentos, maximização dos lucros e ampliando a penetração em novos 40
  • 41. mercados e economia mundial. Mas, segundo Cecatto apud Silva (2004) et al, “A importância do SCM no desenvolvimento das Empresas Brasileiras ressalta, que o envolvimento das empresas ainda é uma barreira nas empresas brasileiras, onde é muito comum encontrarmos estruturas muito departamentalizadas e com má comunicação interna”. Por este motivo é importante que as empresas nacionais estejam preparadas para as novas tecnologias, a fim de competir no mercado mundial, sendo necessário o investimento nestas novas técnicas buscando qualidade e agilidade, que podem ser proporcionadas por uma maior integração da cadeia de suprimentos. 2.4.1.2. Histórico do SCM: O processo de desenvolvimento do SCM teve início no Controle de Estoque da década de 60. Com a revolução na área de produção na década de 70, perdeu-se a noção da previsão de consumo. Sendo assim, foi desenvolvida uma ferramenta denominada MRP - Material Requirement Planning ou Planejamento de Requerimento de Material, sendo ampliado este conceito para planejamento mestre - MPS, Master Plan Scheduling ou Plano Maior de Horário Marcado, na década de 80, no qual as áreas produtivas e estoque foram integradas a compras, vendas e algumas funções financeiras. Logo após, surgem as ferramentas para controlar todas as áreas de uma empresa, como exemplo temos o ERP - Enterprise Resource Planning, surgindo de forma conjunta ao conceito de Supply Chain, responsáveis pelo gerenciamento da cadeia de suprimentos como um todo (FERREIRA E BORGES, 2004). O conceito de SCM surgiu como uma evolução natural do conceito de logística, representando a integração externa, pois estende a coordenação dos fluxos de materiais e informações aos fornecedores e ao cliente final, enquanto a logística representa uma integração 41
  • 42. interna de atividades. 2.4.2 ECR O ECR foi gerado pelas redes de supermercados, fabricantes de produtos de consumo não duráveis e prestadores de serviços logísticos na década de 80. Segundo a ECR Brasil, este é um movimento global, no qual empresas industriais e comerciais, juntamente com os demais integrantes da cadeia de abastecimento (operadores logísticos, bancos, fabricantes de equipamentos e veículos, empresas de informática, etc.) trabalham em conjunto na busca de padrões comuns e processos eficientes que permitam minimizar os custos e otimizar a produtividade em suas relações. O objetivo do ECR é coordenar a troca de informações entre a indústria e o varejo, possibilitando, dentre outras coisas, a determinação do melhor mix de marketing no ponto de venda e a quantidade de produto necessário em determinado momento, a fim de reduzir o custo gerado pela estocagem. Conforme Wanke (2004), o ECR é a forma encontrada possibilitar o trabalho conjunto para reduzir custos e agregar valor ao consumidor final. Neste conceito as informações geradas pelo consumidor auxiliam na busca por menores preços, melhores produtos, melhor disposição, maior variabilidade e maior conveniência para o cliente final, segundo esquema abaixo: 42
  • 43. Figura 10 - Trabalho Conjunto (ECR) Fonte: material do curso de MBA de logística da ESPM Porto Alegre Esta ferramenta vem causando alterações significativas para empresa, pois através da transmissão eletrônica em tempo real para os fabricantes do consumo do PDV (Ponto de Venda) e da transmissão eletrônica da demanda futura projetada do PDV, trabalha com a finalidade de integrar marketing e logística através da informação que possibilita ações mais precisas. 2.4.2.1.Reposição Contínua Segundo a ECR Brasil, a Reposição Contínua tem base na informação da demanda e são coletadas no PDV através de leitoras óticas e repassadas eletronicamente para repor continuamente o estoque sem perdas e sem a utilização de papéis, como era feito há alguns anos atrás. Um comprador do varejo, no Brasil, é responsável por gerenciar uma imensidão de produtos, através da reposição contínua, o gerenciamento fica facilitado disponibilizando tempo para outras atividades empresariais. 43
  • 44. Dentre os benefícios da reposição contínua estão: a redução de falta de produtos nas lojas, a diminuição de estoques, a possibilidade de menores custos logísticos e maiores e mais concretas previsões de produção (no caso de fornecedores). Segundo Ferreira (2004), na reposição contínua, o estoque e seus limites são controlados por meio eletrônico, através de um fluxo de informações que vai do comércio até a indústria, o que acaba com a concentração das negociações no final do mês. Para o fornecedor, reduz produtos em falta e para o varejo, ajuda a promover a lealdade às marcas e um maior conhecimento do consumidor, melhorando a relação com os elos da cadeia. Para atacadistas, reduz o número de produtos devolvidos, diminuindo os estoques. Nesta concepção foram criados três modelos de distribuição: - Direto de Loja: o fornecedor entrega sua mercadoria direto para as lojas; - Via CD - Centro de Distribuição: o fornecedor destina seu produto para um centro de distribuição que se encarregará de distribuí-lo para as lojas; e - Via Cross-Docking: ocorre quando o fornecedor destina seu produto para um local no qual ele é receptado e no mesmo momento repassado para as lojas. Figura 11 - Modelos de Distribuição Fonte: ECR Brasil 44
  • 45. O Cross-Docking é uma ótima alternativa na redução de estoques, pois os produtos saem do fornecedor e são interceptados e distribuídos no mesmo momento às lojas, o que proporciona maior agilidade, menor lead time e diminuição de custos de estocagem. Foram estabelecidas pela ECR Brasil três formas de gerenciar a cadeia de suprimentos, de acordo com a responsabilidade e da decisão de reposição, são elas: - No varejo: modelo tradicional em que o varejo calcula a necessidade e envia um pedido ao fornecedor - é o RMI {Retail Management Inventory), - No fornecedor: o varejista informa ao fornecedor a posição de estoques, ou vendas, ou previsão de vendas; logo após calcula a necessidade de reposição e avisa ao fornecedor; e - No operador logístico: as decisões são tomadas pelo operador logístico de acordo com parâmetros definidos pelo fornecedor e varejista. Desta forma, através da concepção da importância da tecnologia na reposição e na necessidade da informação entre os elos da cadeia, a reposição contínua vem se tomando uma grande tendência, principalmente pela forma com a qual vem sendo tratada esta questão com seriedade pela ECR Brasil e pelas empresas vinculadas, vindo a proporcionar o estudo da cadeia de suprimentos e sua padronização para uma melhor comunicação que vise a diminuir os ruídos (estudado no capítulo de teoria da comunicação). 2.4.2.2 Gerenciamento por Categoria Segundo a ECR Europe e ECR Brasil, o Gerenciamento de Categorias é uma das etapas de um planejamento estratégico, na qual os produtos são definidos conforme categorias e 45
  • 46. subcategorias e principais segmentos, para poderem ser identificados através da árvore de decisão, para poder visualizar produtos substitutos entre si ou intimamente relacionados, sendo definido como o processo no qual os produtos são gerenciados como unidade de negócio (grupos). Cada categoria é atribuída conforme comparação entre elas, considerando as informações de consumidor, distribuidor, fornecedor e varejista, sendo a cada etapa atribuída uma função, dentre elas: - Definição da categoria: determina os produtos que formam a categoria, subcategoria e principais segmentos; -Papel da categoria: atribuí-se um papel para a categoria com base na comparação, considerando as informações sobre os consumidores, distribuidor, fornecedor e varejista; - Avaliação da categoria: envolve obtenção, organização e análise das informações necessárias para entender o desempenho atual da categoria e identificar oportunidades; - Cartão de metas da categoria: determina os objetivos que serão definidos pelo varejista e o fornecedor a partir do plano de negócios. (LARÁN e MELGARÉ, 2004). A figura, abaixo, identifica e ilustra as etapas do gerenciamento por categoria, sendo baseada em dados do mercado, dados internos do varejo e pesquisas com o consumidor: 46
  • 47. Figura 12 - árvore de decisão Fonte: Harris, slide apresentado no III Congresso ECR Brasil. Kotler (2000), possui uma abordagem muito próxima a questão de gerenciamento de categorias, que ele denomina de gerenciamento de linha de produtos, as quais ele subdivide e categoriza-os em níveis. Esta estratégia funciona de forma a demandar as decisões sobre o mix de marketing, linha de produtos, marcas e embalagens. Desta forma, observa-se mais uma vez a intervenção do marketing e da logística e a abrangência do ECR nestas duas áreas. 47
  • 48. 3. RGE - RIO GRANDE ENERGIA 3.1 Características da empresa A RGE é a distribuidora de energia elétrica da região norte-nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, que foi privatizada em outubro de 1997, sendo formada por grupos nacionais e internacionais de energia. A empresa tem como principais acionistas: a CPFL Energia e a Ipê Energia. A CPFL Energia é a maior empresa privada do setor elétrico com capital 100% nacional, sendo uma holding de controle de empresas de energia da VBC Energia S.A., da 521 Participações S.A. e da Bonaire Participações S.A. Controla a Companhia Paulista de Força e Luz, a Companhia Piratininga de Força e Luz e a RGE, ao passo que a IPÊ Energia, é uma empresa presente em quatro continentes, a Public Service Enterprise Group é uma das mais importantes empresas de gás e eletricidade dos EUA. Juntas, suas companhias geram mais de 13.000 MW de eletricidade em todo o mundo. A RGE atende, hoje, 254 municípios, que estão divididos em cinco Departamentos de Operação: Metropolitano, Serra, Planalto, Noroeste e Missões, tendo uma área de cobertura de 90.896km2, 34% do território do estado. No total são 1.052.281 clientes, 55 subestações de distribuição, 4 subestações de transmissão, 1.225,93 MVA de capacidade instalada de distribuição e 167 MVA de transmissão. Fonte: Dados da RGE de dezembro de 2003). 48
  • 49. 3.1.1 Mercado O Mercado de Energia Livre também é chamado de Mercado Spot e funciona como uma Bolsa de Mercadorias onde toda a energia elétrica excedente, ou em falta, é negociada no MAE (Mercado Atacadista de Energia Elétrica). Atualmente, o preço Spot, ou preço MAE, é diretamente influenciado pelo patamar de armazenamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas, pela evolução prevista da demanda e pela disponibilidade atual e futura de usinas e linhas de transmissão. Sendo assim, os preços são regulados através de modelos matemáticos que definem o CMO mensal (Custo Marginal de Operação - que calcula o custo de produzir uma unidade de energia adicional à última unidade consumida pelo mercado). O resultado do cálculo é passado para o MAE, que divulga o preço da Energia Livre para cada uma das regiões elétricas do Brasil: Norte, Nordeste, Sudeste - Centro Oeste e Sul. A partir de 2003, o MAE terá, ainda, dois submercados: Norte - Nordeste, Sul - Sudeste - Centro Oeste. No futuro, provavelmente, a energia será negociada como uma commodity, onde entrarão as regras da oferta e demanda para determinar o preço. Fonte: site da RGE. No cenário de Mercado Livre, a responsabilidade da RGE é de garantir a entrega de energia para seus clientes até 2014, através de compra antecipada feita pela empresa, porém, neste mercado a diferenças entre commodities e serviços são muito estreitas, sendo assim a RGE tem buscado meios para alcançar uma real vantagem competitiva. Numa economia globalizada e com a tendência de implantação de um mercado de energia 49
  • 50. livre, a concorrência fica mais acirrada, tomando o cuidado na escolha dos fornecedores redobrada. De qualquer forma, a abertura do mercado de energia elétrica traz inúmeras oportunidades de negócios para as empresas fornecedoras, no entanto, para que as empresas realmente possa reduzir despesas com energia, é necessário prestar atenção nas ofertas do setor para gerenciar atentamente a demanda e seus contratos, compatibilizando suas necessidades energéticas com as oscilações do mercado. Para os Clientes Livres, o preço da energia vai depender fundamentalmente da oferta e da procura. No Brasil, por exemplo, grande parte da energia vem de recursos hídricos, sendo que a falta de chuva em determinada região pode ser fator preocupante na queda na produção e conseqüente desequilíbrio nesta oferta. Neste caso, o preço tende a subir aumentando as despesas com energia além do previsto inicialmente. Para tanto, a RGE contratou os volumes adicionais de energia para o atendimento das necessidades de seus clientes até 2014. Desde 1997, o modelo centralizador do mercado de energia elétrica brasileiro está mudando, gradualmente, para a descentralização. Estas alterações têm por objetivo oferecer a todos os brasileiros um cenário competitivo de preços e, ao mesmo tempo, assegurar a disponibilidade e qualidade da energia elétrica distribuída, através do uso do capital privado na melhoria e expansão do sistema. O caminho para chegar a esses resultados tem por base os seguintes princípios: - Incentivo à competição: Foi criada a figura do consumidor ou cliente livre, que poderá escolher a fornecedora que melhor se adapta aos seus critérios de preço e outras vantagens que, no final, beneficiem o mercado consumidor como um todo. Por exemplo, se você está dentro da área de atuação da RGE e se enquadra na legislação sobre consumidores livres, poderá optar também pela RGE como sua fornecedora de energia. 50
  • 51. - Descentralização dos serviços das empresas elétricas: Antigamente era comum termos a situação de monopólio no setor, onde a mesma empresa gerava, transmitia e distribuía a energia elétrica. Agora, temos empresas especializadas em geração, transmissão e distribuição trabalhando separadamente. O resultado são investimentos mais claros, melhores serviços e tarifas mais transparentes. - Acesso livre às Linhas de Transmissão: A legislação permite que, quaisquer que sejam os proprietários das Linhas de Transmissão, todos os produtores e clientes livres têm o direito de utilizá-las para transportar sua energia. Os proprietários, por outro lado, cobrarão uma tarifa por esta transmissão e serão responsáveis pela qualidade da infra- estrutura da rede. - Distribuir energia elétrica na área concedida, buscando a permanente satisfação de Clientes, Acionistas, Parceiros, Colaboradores e Poder Concedente. 3.1.3 Visão Ser reconhecida pelos clientes pela excelência dos serviços de distribuição de energia elétrica e pelos Acionistas, Colaboradores, Parceiros e Poder Concedente como líder em excelência empresarial no setor elétrico do Brasil. A empresa procura se diferenciar através da confiabilidade e seriedade dos acionistas, assim como pelo ISSO 9002 e OHSAS 18001, que assegura a qualidade dos serviços. 51
  • 52. 3.1.4 Valores - Segurança em primeiro lugar - Transparência no comportamento - Ética empresarial - Participação e valorização dos Colaboradores - Responsabilidade social e cidadania - Inovação operacional 3.1.5 Negócio A RGE orienta-se pela Gestão de Qualidade Total para atingir a eficiência, sendo o objetivo fornecer energia com qualidade e responsabilidade para a população, procurando tomar-se uma das melhores empresas do ramo em todo o Brasil, para tanto ela desenvolve políticas, são elas: 3.1.5.1 Política de Qualidade Total: Visa melhorar continuamente os serviços de distribuição de energia, buscando a satisfação de Clientes, Acionistas, Parceiros e Colaboradores. 52
  • 53. 3.1.5.2 Políticas de Gerenciamento de Risco e Controle de Perdas: São políticas de comprometimento com a vida e com a qualidade, que se dão através do desenvolvidos programas de segurança como: Viva com Segurança, Sistema Vida e Dicas de Segurança, para tanto são promovidas atividades segundo as seguintes diretrizes. A. Segurança Total: Gerenciamento de riscos e controle as perdas acidentais que envolvam colaboradores, parceiros, fornecedores, clientes, comunidade e a propriedade. B. Segurança em 1o Lugar: Subordinação e a execução de todas as tarefas ao atendimento dos requisitos de saúde e segurança. A. Risco Zero: Controle dos riscos, visando eliminar aqueles que possam resultar em lesões e enfermidades de pessoas e em perdas e danos patrimoniais. B. Cumprir Padrões: Fornecimento e manutenção do ambiente de trabalho seguro e saudável,conforme indicado pelas melhores práticas do negócio e de acordo com os requisitos legais e normativos. C. Melhoria Contínua: Promove o aperfeiçoamento contínuo e ampla divulgação do VIDA - Sistema de Gerenciamento de Riscos e Controle de Perdas. 3.1.5.3 Política Ambiental: Desenvolvimento do Sistema de Gestão Ambiental, que controla os impactos ambientais significativos das atividades da empresa, que é regulado segundo as seguintes diretrizes: A. Melhorar continuamente seus processos e atividades para a obtenção de avanços positivos em 53
  • 54. seu desempenho ambiental. B. Atuar preventivamente contra a poluição, para que sejam evitados ou controlados impactos ambientais negativos significativos. C. Cumprir a legislação e normas aplicáveis em suas atividades. D. Promover o senso de responsabilidade individual e gerencial com relação à proteção ambiental, através da capacitação dos colaboradores e da conscientização dos prestadores de serviços. 3.1.5.4 Política de Segurança da Informação: Para a empresa a informação é um ativo que integra o seu patrimônio, cabendo aos seus colaboradores garantir-lhe assertividade, integridade, disponibilidade e confidencialidade e, assim, propiciar a correta condução dos seus negócios. 3.2 Sistemas de Controle de Estoques O Supply Chain é o sistema de informação de controle de estoques entre as bases, que atua com o intuito de criar um elo de ligação entre o controle de atividade das bases e o gerenciamento de materiais. O Controle de bases começa no momento em que o pedido é captado nas centrais de call center e centros de operação e destruição. Através do sistema Open estas chamadas são convertidas em ordens de serviço e com o Auto Track (sistema de gerenciamento de informações, gerenciado 54
  • 55. por satélite) são convertidas para as bases operacionais. O controle de estoque nas bases tem uniformizado as atividades, através da padronização da ordem de serviço apresentando a estrutura de materiais necessária para determinada atividade, por sua vez a base de operações recebe a ordem e seleciona os materiais para aquela atividade a fim de executar os trabalhos de campo. Uma vez terminado, o eletricista digita as informações no Auto Track, registrando a conclusão da atividade e mencionando os materiais utilizados. O consumo é imediatamente detectado pelo sistema de logística que faz o reposicionamento. A cada semana o operador logístico repõem o material, sendo as informações estendidas até os fornecedores que podem acompanhar os níveis de estoque podendo fazer previsões precisão futura de curto e médio prazo. Para cada uma das bases são calculados pontos de reposição e estoques máximos, estes parâmetros são responsáveis pela reposição automática, sendo assim não é mais necessário solicitação manual de reposição. Este projeto visa eliminar os estoques intermediários, controlados pelos supervisores de bases que pode controlar o processo através de aplicações contábeis pelo uso efetivo e não pela saída de estoque. 3.2.1 Controle de Estoques e seu auxilio: O projeto de controle de Estoques veio a auxiliar principalmente nos seguintes parâmetros: - O atendimento ao cliente - As operações de base 55
  • 56. - O setor de Suprimentos - Os fornecedores 3.2.2 Vantagens: - Padronização do processo produtivo - Estimativas de consumo com base nas ordens de serviço - Relatórios on line de materiais - Demandas por equipes, bases e tipos de atividade - Controle de equipamentos de proteção - Relatório on line de sinistros e programas de manutenção - Cadeia integrada de suprimento como o ECR que agiliza a ligação entre cliente e fornecedor - Eliminação de atividades administrativas dos supervisores de bases - Correta contabilização dos serviços realizados Fluxo de informações rastreáveis, com a aplicação do materiais vinculados a rodem de serviço. Cultura de responsabilidade do eletricista pela atividade. 56
  • 57. 3.3 Aplicações do Supply Chain na RGE O Supply Chain é o sistema de informação que permite para a RGE visualizar o momento seguinte, quer seja ele estável ou variável, ganhando-se em planejamento e organização. As informações repassadas por este sistema permitem dentre outras coisas a tomada de decisões tanto na logística quanto no marketing, mesmo que neste segundo ela se dê de forma indireta, conforme esquema abaixo: Figura 13 - Atuação do SCM na RGE 57
  • 58. Este sistema é aplicado desde a colocação de colocação de pedidos de revisão de campo (free cast) com os fornecedores até a aplicação efetiva dos materiais pelas equipes de manutenção da RGE (sistemas auto track) e pelas obras de manutenção e investimento (sistema PCO), ele informa sobre as necessidades dos clientes internos, estoques, consumo aplicado e atendimento, assim como processos de aquisição e logística. O giro de estoque alcançou um aumento de 15%, uma vez que o Supply Chain troca estoque por informação, já a ruptura de estoque de materiais diminuiu, pois dispondo de mais informações, o planejamento é aprimorado e as situações de exceção tendem a diminuir consideravelmente. 58
  • 59. De qualquer forma, o maior impacto causado por este sistema esta ligado ao fator agilidade, desde o envio da efetiva entrega dos materiais aos clientes internos, passando pela gestão do operador logístico, até o pedido aos fornecedores, os quais eram enviados via fax, hoje, a empresa conta com um sistema chamado Market Place, que foi desenvolvido dentro da própria RGE. A maior dificuldade percebida na implantação do SCM na empresa foi a questão de unir os elos da cadeia, de forma a compatibilizar os sistemas de informação de cada um dos agentes (etapas) da cadeia, para interfacear cinco sistemas diferentes. A questão da mudança no sistema gerou necessidade de treinamento para os funcionários saberem lidar com o novo hardware, assim como preparar os fornecedores para as mudanças. Antes da implantação do SCM, a RGE administrava de forma isolada os elos da cadeia de suprimentos, sem uma visão geral sistêmica. A demanda não era, até então, vista pelo departamento de Suprimentos, que por sua vez, não repassava a informação para os fornecedores. Existia um sistema chamado SAPR/3, que não conseguia ligar todos os elos da cadeia de suprimentos, apenas a parte que está diretamente ligada as necessidades imediatas do cliente. Este sistema teve papel importante na melhoria do atendimento ao cliente interno, nas parcerias com os fornecedores, na acuracidade de estoques e na diminuição do ruído na transmissão das informações gerenciais. Segundo o coordenador da divisão de logística da RGE, o projeto já foi pago e teve tempo de retomo de 14 meses. 59
  • 60. 3.3.1 Formas de atuação do Supply Chain A. Relacionamento com o Cliente: o cliente interno é capaz de visualizar o fluxo de materiais da cadeia, verificando os materiais que estão em trânsito e as previsões de entrega. O Supply Chain é fundamental na solicitação de necessidades de transferência do status do processo e na redução no tempo de atendimento. B. Serviços ao Cliente: visualização das demandas futuras e gerenciamento e reposição dos próprios pontos de reposição de estoque e demais parâmetros de planejamento de estoques. C. Administração da Demanda: permite consolidar as demandas de diferentes clientes internos, fornecendo subsídios no planejamento e programação dos campos, permitindo visualizar as tendências da demanda. Na administração da demanda ainda é utilizado o sistema SAP R/3. D. Atendimento de Pedidos: criação e atendimento automático de pedidos, tanto no relacionamento com o mercado (fornecedores, pedidos via contrato) quanto no âmbito interno (clientes internos da RGE). E. Administração do Fluxo de Produção: através da visualização das demandas futuras pode-se obter informações importantes para a gestão dos recursos de redução, planejando-se as oscilações da demanda de forma a não interferir na produção. F. Compras / Suprimentos: cotações e compras on-line via portal Web - RGE - Market Place, cotações eletrônicas de transferência de processos, da formalização dos processos e de ganhos de negociações, assim como acordos de longo prazo, como, por exemplo: parcerias com fornecedores Estuda-se a implantação de SMI (Supply Management Inventory) neste setor. 60
  • 61. G. Desenvolvimento de Novos Produtos: a RGE não trabalha no desenvolvimento de produtos, porém o Supply Chain atua diretamente no módulo de qualidade dos produtos, através da homologação de novos materiais e novos fornecedores, através de formulários eletrônicos e workflow de aprovação. 3.4 Adequação do Market Place no Departamento de Suprimentos O Market Place trouxe mudanças significativas nas formas de negociação da RGE. Antes, existia grande emissão de papéis para envio de cotações, pedidos de compra e contratos aos fornecedores que somavam em tomo de 300 pedidos por mês. Após o Market Place este processo ocorre através de pedido eletrônico sem a necessidade de emissão de papel via fax. Existiam, antigamente, grandes conflitos no momento do follow up com o fornecedor, pois o mesmo não emitia o “aceite” para documentos de compra, dificultando o processo, o que atualmente é feito nos pedidos de compra via comprovante eletrônico. A cada nova necessidade de compra, o analista de logística precisava solicitar ao comprador a emissão de pedido, mesmo para os itens contratados. Por sua vez, o comprador tinha que calcular o valor líquido para adaptar a cotação ao sistema SAP/R3 e depois cadastrar preço por preço, sendo que várias pessoas tinham acesso a “visualização” dos preços antes do termino das negociações, o que tomava a informação não muito segura e confidencial. Hoje, os preços vêem lacrados e só são abertos após o encerramento dos Rounds de negociação, sendo que este sistema só autoriza compras de fornecedores homologados, os quais digitam os preços líquidos, alíquotas de impostos e demais condições comerciais para formar o chamado mapa de cotas, que processa automaticamente as informações, podendo ser exportado para Excel e/ou Word. 61
  • 62. Outra problemática era a necessários de arquivamento de todas as cotações (assinadas) e dos comparativos de preços em pastas tipo Z, o que causava o acumulo de material com o arquivamento de em média 100 pastas com processos de compra por mês, que acabavam ocupando espaço físico útil da empresa. Os documentos que registram as modificações de preços tinham que ser preenchidos em extensos formulários e armazenados em pastas específicas para serem apresentados em auditorias. Atualmente, com o Market Place, todos os documentos de compra têm arquivamento eletrônico por tempo indeterminado. 3.4.1 Calculo do tempo economizado com o Market Place (conforme média de tempo das atividades): 40 horas - calculo de valor liquido do comprador 30 horas - processamento de informações 10 horas - emissão de pedido de compra 20 horas — cotações e comparações de vendas 10 horas - armazenamento de pastas e apresentações para auditorias Total de Tempo Economizado: 110 horas Fonte: Apresentação do Departamento de Suprimentos - Divisão de Compras - RGE Market Place 62