Hipertexto 2012 - Slides da Conferência de Lúcia Santaella (PUC-SP)
O que é o virtual
1.
2. Pierre Lévy é um filósofo francês da
cultura virtual contemporânea.
Leciona no Departamento de Hipermídia
da Universidade de Paris VIII.
Especializou-se em abordagens
hipertextuais quando lecionou na
Universidade de Ottawa, no Canadá.
Após sua graduação, preocupou-se em
analisar e explicar as interações entre
Internet e sociedade.
Desenvolveu um conceito de rede,
juntamente com Michel Authier,
conhecido como ’Árvores do
Conhecimento’.
Lévy também pesquisa a inteligência
coletiva focando em um contexto
antropológico.
É um dos maiores estudiosos sobre
a Internet e um dos principais filósofos
da mídia atualmente.
Suas pesquisas se concentram
principalmente na área da cibernética.
3. “A palavra virtual
vem do latim
medieval virtualis,
derivando
por sua vez do
virtus, força,
potência.
Na filosofia
escolástica,
é virtual o
que existe
em potência
e não em
ato.” (p. 5)
Momento de virtualização. Afetando
a comunicação e os corpos.
Digitalização de mensagens e
extensão do ciberespaço.
A virtualização não é nem boa, nem
má.
O virtual surge como uma afinidade
ao falso, ilusório ou imaginário.
Momento de desterritorialização.
Surge uma nova sensibilidade
estética.
CONTEXTO ATUALI
4. VIRTUALIZAÇÃO:
É o movimento
inverso da
atualização.
Passa de uma
solução dada
a outro problema.
Um problema
repensado,
em vez de
uma solução
estável.
A entidade carrega e produz suas
virtualidades
O virtual constitui a entidade. As
virtualidades inerentes ao ser.
(problemáticas e nós de tensões)
ATUALIZAÇÃO (p. 6)
É a criação, invenção de uma forma
a partir de uma configuração
dinâmica de forças e de finalidades”
EX: Interação entre humanos e
sistemas informáticos.
Programas de computador, são
soluções a problemas.
II
5. O virtual é
não-presente
ou onipresente ?
Em uma empresa virtual, os
elementos são nômades. Livre de
pertinência em posição geográfica.
O texto agora apresenta-se como a
atualização de um hipertexto de
suporte informático ‘conectado à
memória digital’
“Quando uma pessoa, uma
coletividade, um ato, uma
informação se virtualizam, eles se
tornam ‘não-presentes’” (p. 9)
“A virtualização submete a narrativa
clássica a uma prova rude: unidade
de tempo sem unidade de lugar
(graças às interações em tempo
real por redes eletrônicas, às
transmissões ao vivo, aos sistemas
de telepresença)” (p. 9)
As representações
digitalizadas no
ciberespaço não
são totalmente
independentes
de espaço físico
uma vez que
estão hospedadas
nos servidores.
III
6. VIRTUALIZAÇÃO
(Desterritorialização)
“Saída da ‘presença’,
do ‘agora’ e do
‘isto’ como uma
das vias régias
da virtualização”
“Cada forma de vida inventa seu
mundo” (p. 10)
O universo cultural, próprio dos
humanos, estende ainda mais essa
variabilidade dos espaços e das
temporalidades. (p. 10)
A linguagem surge como sistema de
registro e de transmissão (oral,
escrita, audiovisual, digital)
INTERAÇÃO MEDIADA E PRESENCIAL
“As pessoas que mais telefonam são
também as que mais encontram
outras pessoas em carne e osso”
(p. 11)
IV
7. A virtualização,
passagem à
problemática,
deslocamento do ser
para a questão,
é algo que
necessariamente
põe em causa a
identidade clássica,
pensamento
apoiado em
definições,
determinações,
exclusões,
inclusões
e terceiros
excluídos’
(p. 12)
Partimos da mesa de trabalho do
trabalhador clássico às empresas
virtuais, interligadas em sistemas de
gestão eletrônica de documentos
(bancos de dados).
Memória virtual.
Reversão entre exterioridade e
interioridade.
VIRTUALIZAÇÃO DO CORPO
“Nova etapa na aventura de
autocriação que sustenta nossa
espécie” (p. 13)
Cuidados com o corpo. (dietas,
plásticas, academia, etc.)
Virtualização da informação, do
conhecimento, da economia e da
sociedade.
V
8. Telepresença
Projeção e Percepção
Corpo tangível
Corpo sonoro
Realidade virtual
Comandos
cerebrais
efetuando
movimentos
à distância
ONIPRESENÇA MIDIÁTICA
“Estamos ao mesmo tempo aqui e lá,
graças às técnicas de telepresença” (p.
13)
“Os sistemas ditos de realidade virtual
nos permitem experimentar, além
disso, uma integração dinâmica de
diferentes modalidades perceptivas” (p.
14)
O telefone é um exemplo de
telepresença. (forma parcial de
ubiquidade)
As vídeo chamadas são exemplos de
projeções associadas à telepresença.
Os sistemas de realidade virtual
transmitem uma quase presença.
Transmissão multimídia associada à
possibilidade de manipulação sensório-
motora.
VI
9. CICLO EVOLUTIVO
Desenvolvimento
ao longo dos
tempos.
O psiquismo constitui uma
interioridade.
A unidade do
psiquismo é de uma
‘multiplicidade fervilhante’
e sua interioridade
‘afetiva’ não é
em absoluto um
fechamento.
PSIQUISMO
‘O psiquismo, por construção,
transforma o exterior em interior (o lado
de dentro é uma dobra do lado de fora)
e vice-versa’.
MULTIDÕES EM INTERAÇÃO
‘Os coletivos humanos são espécies de
megapsiquismos, não apenas por
serem percebidos e afetivamente
investidos por pessoas, mas porque
podem ser adequadamente modelados
por uma topologia uma semiótica, uma
axiologia e uma energética
mutuamente imanentes’.
VII
10. SOFTWARES
Os softwares são
micromódulos
cognitivos automáticos
que aumentam a
capacidade de
cálculo, raciocínio,
imaginação,
criação,
comunicação,
aprendizagem
e navegação,
dos humanos.
VIRTUALIZAÇÃO DA MEMÓRIA
A escrita, o alfabeto e a imprensa.
As sabedorias passam de geração em
geração.
Surgimento de uma memória
dinâmica ou consciência comum.
Paisagens de significação partilhadas
nas árvores do conhecimento.
A memória coletiva é virtualizada no
ciberespaço.
Diálogos virtuais em fóruns
eletrônicos.
Passa-se da inteligência coletiva ao
coletivo inteligente.
O ciberespaço manifesta
propriedades novas.
VIII
11. Desterritorialização
do texto
O ciberespaço está
misturando as
noções de unidade,
identidade e de
localização.
No mundo digital, a
distinção entre o
original e a cópia
deixa de ter qualquer
pertinência.
Uma tecnologia intelectual, quase
sempre, exterioriza, objetiviza,
virtualiza uma função cognitiva, uma
atividade mental.
A partir da escrita, as mensagens,
frequentemente, são separadas no
tempo e espaço de sua fonte de
emissão.
‘A tela informática é uma nova máquina
de ler’.
A passagem ao hipertexto é uma
virtualização.
A digitalização e as novas formas de
apresentação do texto nos interessam
por darem acesso a outras maneiras
de ler e compreender.
Devido à possibilidade de interação, a
partir do hipertexto, toda leitura tornou-
se um ato de escrita.
IX
12. As obras de arte
possuem aspectos de
virtualidade. Enquanto
fonte de prestígio, aura
ou valor mercantil.
Surgem novas moedas
virtuais. Valores de
troca entre o que
é intercambiado
no ciberespaço.
A informação se
torna mercadoria.
O plágio se torna
crime comum.
VIRTUALIZAÇÃO DA ECONOMIA
“A informação e o conhecimento, de
fato, são doravante a principal fonte
de produção de riqueza” (p. 33)
Vivemos em um mundo onde há
coisas ‘materiais’ e ‘imateriais’.
A informação e o conhecimento são
bens imateriais. Supondo a metafísica
da substância.
Vivemos uma economia da
desterritorialização.
Os mercados online são exemplos de
virtualização do mercado.
No mercado virtual entra questão dos
direitos autorais e da apropriação de
conteúdo.
X
13. Máquinas
Darwinianas
“A noção de
inteligência coletiva
não é uma simples
metáfora”
Além da inteligência
artificial e da
capacidade de
aprendizagem,
projetam-se
sistemas
capazes de
autocriação.
CORPO COLETIVO
‘Cada corpo individual torna-se parte
integrante de um imenso hipercorpo
híbrido e mundializado’
A reunião de conhecimentos, saberes
e informações individuais dá origem à
Inteligência coletiva.
Há um processo de virtualização do
saber, da memória e do corpo.
RESPLANDECÊNCIA
‘A virtualização do corpo não é
portanto uma desencarnação mas
uma reinvenção, uma reencarnação,
uma multiplicação, uma vetorização,
uma heterogênese do humano’
XI
14. ALGORÍTIMOS
A linguagem de
programação e os
códigos informáticos
surgem como um
formato evoluído
de comandos e
fórmulas
matemáticas.
“Um cérebro é ao mesmo tempo o
resultado de um processo darwiniano
na escala da evolução biológica e na
escala da aprendizagem individual”
Mensagens complexas:
Ideogramas, diagramas, mapas,
esquemas, mensagens iconográficas
e fílmicas.
Passagem do privado ao público.
Atributos de virtualização.
Inversão entre o interno e o externo.
Corpo ampliado e modificado.
Surgimento de novos signos.
Extensões cognitivas.
Intercâmbios subjetivos.
Transformação nas ações humanas e
nas relações sociais.
Virtualização dos relacionamentos.
XII
15. Desterritorialização
dos relacionamentos
Virtualização da arte
Surgimento de novos
códigos linguísticos
Códigos eletrônicos
Linguagens de
programação
Criação de
universos de
significação
XIII OS 3 PROCESSOS DE
VIRTUALIZAÇÃO
Virtualização do tempo real.
Virtualização das ações, do corpo e do
ambiente físico.
Virtualização da violência.
(complexidade das ações sociais)
O TRÍVIO (TRÍPLICE VÍA)
Gramática ( saber ler e escrever
corretamente )
Dialética ( saber racional)
Retórica ( saber compor discursos e
convencer )
16. PADRONIZAÇÃO
‘A padronização
permite a
compatibilidade
entre sistemas
de informação,
sistemas
econômicos,
sistemas de
transporte
distintos’.
‘As árvores do conhecimento
propõem uma verdadeira
gramatização do reconhecimento
dos saberes’.
‘A operação dialética funda o virtual
porque abre, sempre de uma forma
diferente, um segundo mundo’
‘As operações gramaticais
multiplicam os graus de liberdade’
A retórica reúne operações de
criação de um mundo humano.
‘O ato retórico, que diz respeito à
essência do virtual, coloca questões,
dispõe tensões e propõe finalidades’.
( pondo em jogo e em cena no
processo vital )
XIV
17. Virtualização da
inteligência.
O pensamento
coletivo está no
indivíduo.
‘O desenvolvimento da comunicação
assistida por computador e das redes
digitais planetárias aparece como a
realização de um projeto mais ou
menos bem formulado, o da
constituição deliberada de novas formas
de inteligência coletiva, mais flexíveis,
mais democráticas, fundadas sobre a
reciprocidade e o respeito das
singularidades’. (Cap 7)
Estão associadas à virtualização, a
desterritorialização e a constituição
recíproca da interioridade e da
exterioridade.
INTELIGÊNCIA
‘O conjunto canônico das aptidões
cognitivas, o saber, as capacidades de
perceber, de lembrar, de aprender, de
imaginar e de raciocinar’.
XV
18. Aa tecnologia é uma
das principais
responsável pela
transformação do
mundo moderno.
A virtualização da
presença e do saber
possibilita um
intercâmbio maior de
conhecimentos.
O coletivo humano é o palco de uma
ecologia ou economia cognitiva.
Os sistemas de comunicação, de
escrita, de registro e de tratamento
da informação fazem parte de um
conjunto de tecnologias intelectuais.
As infraestruturas de comunicação e
as tecnologias intelectuais
estabelecem estreitas relações com
as formas de organização política e
econômica.
O ideal é que todos pudessem tomar
conhecimento das leis e discuti-las.
As técnicas não determinam. As
técnicas condicionam.
XVI
19. Como coordenar as
inteligências que se
multiplicam umas
através das outras ?
Como fazer sociedade
de maneira flexível,
intensa e inventiva ?
O ideal da inteligência coletiva será o
momento em que haverá ‘avaliação
permanente das obras pelos pares e
pelo público, reinterpretação
constante da herança,
inaceitabilidade do argumento de
autoridade, incitação a enriquecer o
patrimônio comum, cooperação
competitiva, educação contínua do
gosto e do senso crítico, valorização
do julgamento pessoal, preocupação
com a variedade, encorajamento à
imaginação, à inovação, à pesquisa
livre’.
XVII
20. A comunidade
científica é um exemplo
de coletivo inteligente
unido pela circulação
de objetos.
A inventividade
científica é responsável
por colocar os objetos
em circulação,
transformando
assim sua
identidade da
comunidade.
O indivíduo dominante exerce uma
função de unificação e coordenação.
VIRTUALIZAÇÃO DA RIQUEZA
O dinheiro não é a riqueza, mas a
sua virtualidade.
A moeda no regime capitalista
constitui um dos objetos mais
eficazes. Mas precisa circular.
Precisa haver fluxo econômico.
Se cada um guardasse o próprio
dinheiro em um cofre pessoal, o
jogo econômico contemporâneo se
desmantelaria.
XVIII
21. O ciberespaço faz
circular conhecimento e
riqueza.
A técnica virtualiza a
ação e as funções
orgânicas.
Os objetos mantém
os homens juntos.
Tem relação de
memória com o espaço.
A extensão do ciberespaço
representa o último dos grandes
surgimentos de objetos indutores de
inteligência coletiva.
O que torna a internet interessante?
Dizer que ela é anarquista é um
modo grosseiro e falso de
representar as coisas.
Trata-se de um objeto comum,
dinâmico, construído, ou pelo menos
alimentado, por todos os que o
utilizam.
O ciberespaço possibilita o
intercâmbio de saberes em um
espaço de compartilhamento de
memórias individuais e coletivas.
Induz o crescimento considerável da
força virtualizante e circulação de
objetos científicos e monetários.
XIX
22. POTENCIALIZAÇÃO
Do real ao possível
Real ( Atual )
Possível ( Virtual )
A potencialização
produz ordem e
informação.
A potencialização
pode ser assimilada
a uma subida na
contracorrente da
entropia.
Entropia ‘é uma grandeza termodinâmica
que mensura
o grau de irreversibilidade
de um sistema, encontrando-se
geralmente associada ao que denomina-
se por "desordem“’
( Wikipédia )
LATENTE x MANIFESTO
SUBSTÂNCIA
Possível (insiste) – Real (subsiste)
ACONTECIMENTO
Virtual (existe) – Atual (acontece)
Embora vivemos hoje a sua
aceleração, a virtualização não é um
fenômeno recente.
O virtual não está aí. Sua essência
está na saída. Ele existe.
XX
23. ARTE DA VIDA
(Restabelecer o
equilíbrio)
‘Quando o possível
esmaga o virtual,
quando a
substância
sufoca o
acontecimento,
o papel da arte
viva (ou arte
da vida) é restabelecer
o equilíbrio’.
REALIZAÇÃO
Do potencial ao real (do que insiste
ao que subsiste)
POTENCIALIZAÇÃO
(o inverso)
ATUALIZAÇÃO
Do virtual ao atual (do que existe ao
que acontece)
VIRTUALIZAÇÃO
(o oposto)
XXI
Apresentação:
O que é o virtual ?
De: Pierre Lévy
Por: Juliano Dornelles