O documento discute a Semana de Arte Moderna de 1922 no Brasil. Em três frases, resume:
A Semana de Arte Moderna marcou o início do modernismo no Brasil e ocorreu em fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Reuniu artistas como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira que buscavam uma identidade nacional para as artes brasileiras influenciadas pelos movimentos de vanguarda europeus. A Semana representou um marco no rompimento com as estruturas artísticas do passado
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A Semana de Arte Moderna
As manifestações modernistas ocorreram principalmente nas artes plásticas e na
literatura, mas também houve presença da música e até mesmo da arquitetura.
A Semana de Arte Moderna é considerada o marco do modernismo no Brasil.
Os modernistas buscavam uma identidade nacional para as artes brasileiras,
influenciados pelos movimentos de vanguarda europeia: expressionismo, cubismo,
futurismo e surrealismo.
As manifestações se relacionavam com as transformações políticas, econômicas e
sociais do período.
“O passado é lição para se meditar, não para reproduzir.”
ANDRADE, Mário de. Prefácio interessantíssimo. Pauliceia desvairada.
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A Semana de Arte Moderna
Não foi por acaso que a Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo, no
Teatro Municipal, em fevereiro de 1922.
1922
Comemoração do primeiro centenário da
Independência do Brasil.
Teatro Municipal
Inaugurado em 1911, idealizado para as grandes
apresentações de Ópera, era orgulho da elite
paulistana. Considerado pelos modernistas o melhor
local dentro da cidade de São Paulo para realização do
evento.
São Paulo
Para os modernistas, apenas São Paulo reunia as
condições para sediar a Semana. Pela diversidade de
raças, crenças e classes sociais de sua população era
o palco ideal para o evento que mostrava uma arte
inovadora, que rompia com as estruturas do passado.
Segundo Mário de Andrade, “São Paulo estava, ao
mesmo tempo, pela sua atualidade comercial e sua
industrialização, em contato mais espiritual e mais
técnico com a atualidade do mundo”.
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Os Antecedentes da Semana
Mário de Andrade afirmava que a Semana de Arte Moderna abriu na verdade a
segunda fase do modernismo, que foi de 1922 a 1930. Para o autor, o modernismo
no Brasil teve início em 1917 com a exposição da pintura de Anita Malfatti.
Para entender melhor o período que antecede a Semana, veremos a seguir uma
breve retrospectiva dos três anos anteriores:
1917:
• Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade.
• Mário de Andrade, com o pseudônimo de Mário Sobral,
publica o poema regionalista Juca Mulato.
• O Pirralho, semanário humorístico dirigido por Oswald
de Andrade, publica a primeira versão de Memórias
sentimentais de João Miramar, com ilustrações de Di
Cavalcanti.
• Di Cavalcante realiza sua exposição de caricaturas.
DiCavalcanti,pintor,ilustrador,caricaturistaedesenhista
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• É inaugurada em São Paulo a rumorosa exposição de
Anita Malfatti.
• O Jornal Estado de São Paulo publica o polêmico
artigo “Paranoia ou mistificação? A propósito da
Exposição Malfatti”, assinado por Monteiro Lobato.
• Os jovens artistas de São Paulo, liderados por Mário
de Andrade e Oswald de Andrade, unem-se em defesa
de Anita e da arte moderna.
Os Antecedentes da Semana
"A Boba", de Anita Malfatti, 1917.
Óleo sobre tela, 61 x 50,6 cm. Museu de Arte
Contemporânea, São Paulo-SP.
Museu de Arte Contemporânea da Universidade de
São Paulo (MAC-USP).
MuseudeArteContemporânea
daUniversidadedeSãoPaulo
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As revistas e os manifestos KLAXON
• Primeiro periódico modernista.
• Fruto das agitações de 1921 e da Semana de
Arte Moderna de 1922.
• Circulou de maio de 1922 a janeiro de 1923.
• Anunciava a modernidade do século XX.
Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer
representar a época de 1920 em diante. Por isso é
polimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante,
contraditório, invejado, insultado, feliz.
Revista Klaxon. Edição fac-similar. São Paulo: Livraria Martins/Secretaria da
Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1976.
O Modernismo dos anos 1920
Divulgação
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Manifesto da Poesia Pau-Brasil
• Escrito por Oswald de Andrade.
• Inicialmente publicado no jornal Correio da
Manhã, em 18 de março de 1924.
• Em 1925, uma forma reduzida e alterada do
texto, abriu o livro de poesias Pau-Brasil.
• Proposta de uma literatura vinculada à
realidade brasileira, a partir da redescoberta do
Brasil.
“A poesia existe nos fatos. Os
casebres de açafrão e de ocre nos
verdes da Favela, sob o azul
cabralino, são fatos estéticos.
A Poesia para os poetas. Alegria
dos que não sabem e descobrem.”
ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica.
São Paulo: Globo, Secretaria do Estado da Cultura,
1990.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
Divulgação/FAAP/TarsiladoAmaral
Empreendimentos
"Pau Brasil", livro com ilustrações de Tarsila do
Amaral para o marido, Oswald de Andrade, que faz
parte da exposição "Da Antropofagia a Brasília-Brasil,
1920 a 1950", na FAAP-SP.
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A Revista
• Publicação responsável pela divulgação do modernismo em Minas Gerais.
• Circulou entre agosto de 1925 e janeiro de 1926.
• Carlos Drummond de Andrade era um de seus redatores.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
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Verde-Amarelismo
• Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e
Cassiano Ricardo, em 1926.
• Era contra o nacionalismo Pau-Brasil, de Oswald de Andrade.
• Apresentava a proposta de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo.
• Idolatra o Tupi.
• Elege a anta como símbolo nacional, por conta disso também fica conhecido como “Escola da
Anta”.
• Oswald contra-ataca, primeiro em 1927 com o artigo Antologia, depois em 1928 com o
Manifesto Antropófago.
• Em 1929, o grupo verde-amarelista também publica um manifesto, intitulado “Nhengaçu
Verde-Amarelo - Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta”.
O Modernismo dos anos 1920
As revistas e os manifestos
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Revista de Antropofagia
• Teve duas fases (ou “dentições”, segundo os antropófagos):
• Surgiu como uma nova etapa do nacionalismo Pau-Brasil.
• Resposta ao grupo verde-amarelista.
1ª: publicada entre maio de 1928 a fevereiro de 1929.
2ª: Apareceu semanalmente no jornal Diário de São Paulo,
de março a agosto de 1929.
Principais representantes antropófagos:
Oswald de Andrade, Raul Bopp, Geraldo Ferraz,
Oswald Costa, Tarsila do Amaral e a jovem Patrícia
Galvão, a Pagu.
As revistas e os manifestos
O Modernismo dos anos 1920
Divulgação
Capa da edição fac-similar reunindo os 16 números
da Revista de Antropofagia, lançada em 1977 pela
Metal Leve, SP.
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Outras Revistas
• De setembro de 1927 a janeiro de 1928, Revista Verde de Cataguazes – Minas Gerais.
• Em 1924, Revista Estética – Rio de Janeiro.
• Em 1926, Revista Terra Roxa e Outras Terras – São Paulo.
• Em 1927, Revista Festa – Rio De Janeiro.
As revistas e os manifestos
O Modernismo dos anos 1920
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Características Gerais do Primeiro Momento Modernista
Rompimento com todas as estruturas do passado; caráter anárquico e forte sentido
destruidor.
No final da década de 1920, a postura nacionalista apresenta duas vertentes distintas: de um
lado um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, politicamente
identificado com as esquerdas; de outro, um nacionalismo ufanista, utópico, exagerado,
identificado com as correntes políticas de extrema direita.
O nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de
fontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nas ruas),
a valorização do índio verdadeiramente brasileiro.
Paródias: tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras.
O Modernismo dos anos 1920
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A geração dos anos 1920
Os principais autores da primeira geração de modernistas
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Manuel Bandeira
Alcântara Machado
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiados
E vão fazendo telhado
Oswald de Andrade
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Mário de Andrade:
“Minha obra badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945).
Chamado “papa do modernismo”.
Estreia em 1917 com Há uma gota de sangue em cada
poema, sob o impacto da Primeira Guerra Mundial; são
poemas que refletem influência parnasiana.
A adesão absoluta aos padrões modernos se manifesta em
Pauliceia Desvairada, com poemas inspirados na cidade
de São Paulo.
Em 1928, lança a prosa antropofágica Macunaíma, em
um estilo muito pessoal, que é um marco no modernismo
e na literatura brasileira.
A geração dos anos 1920
ArquivoMáriodeAndrade/IEB
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Mário de Andrade
Características:
A poesia de Mário de Andrade tem
caráter revolucionário, que rompe com
todas as estruturas do passado.
Em toda a sua obra, o autor lutou por
uma língua brasileira, que estivesse
mais próxima do falar do povo.
Valorizava os brasileirismos e o folclore,
como bem atestam os livros Clã do
jabuti e Remate de males.
Suas poesias, romances e contos
revestem-se de uma nítida crítica
social, tendo como alvo a alta
burguesia e a aristocracia.
Poema de abertura do livro Pauliceia Desvairada:
Inspiração
São Paulo! comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!...Traje de losangos...Cinza e ouro...
Luz e bruma...Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes...
Perfumes de paris...Arys!
Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!...
São Paulo! comoção de minha vida...
Galicismo a berrar nos desertos da América!
ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Círculo do livro, 1976.
A geração dos anos 1920
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Oswald de Andrade:
“Como poucos, eu amei a palavra liberdade e por ela briguei.”
José Oswald de Souza Andrade (1890-1954)
Foi figura fundamental dos principais acontecimentos
da vida cultural brasileira na metade do século XX.
Polêmico, irônico, gozador.
Foi idealizador dos principais manifestos modernistas.
A geração dos anos 1920
RevistadeAntropofagia
"Manifesto Antropófago" escrito por Oswald de
Andrade, inspirado no quadro "Abaporu", de Tarsila
do Amaral. Revista de Antropofagia, ano I, n. 1, São
Paulo, maio de 1928. In. Mestres do
Modernismo/coord. Editorial e introdução de Maria
Alice Milliet; textos de Marcelo Mattos Araújo, Paulina
Nemirowsky, Fernando Xavier Ferreira e outros. São
Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo:
Fundação José e Paulina Nemirowsky e Pinacoteca do
Estado, 2005. Pág. 226.
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Oswald de Andrade:
A obra de Oswald apresenta um nacionalismo que busca as
origens sem perder a visão crítica da realidade brasileira.
Utiliza a paródia como forma de repensar a literatura.
Valoriza o falar cotidiano, numa busca do que seria a língua
brasileira.
Critica a sociedade burguesa capitalista, notadamente nas
obras produzidas após 1930, como o romance Serafim
Ponte Grande e a peça O rei da vela.
Características:
Inovou a poesia com seus pequenos poemas, em que
sempre haviam um forte apelo visual, criando os
chamados “poemas pílulas”.
Seus romances quebram com toda a estrutura dos
romances tradicionais.
Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor
OswalddeAndrade
A geração dos anos 1920
GlobalEditora
Capa do livro "Serafim Ponte Grande", de Oswald de
Andrade, publicado em 1933.
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Manuel Bandeira:
“Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.”
Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (1886-1968).
Aos 18 anos contraiu tuberculose, doença que o
acompanhou por toda a vida, afirmava que era “um tísico
profissional”. Desenganado pelos médicos, viveu para as
letras e preparando-se para a morte.
Sua obra inicialmente foi influenciada por parnasianos e
simbolistas.
Bandeira inicia sua produção modernista com a publicação
dos livros Carnaval, em 1919, O ritmo dissoluto, em
1924.
Em 1930 publicou Libertinagem, uma das obras mais
importantes da literatura brasileira, na qual estão alguns
de seus mais famosos poemas, como Poética,
Pneumotórax, Evocação do Recife e Irene no Céu.
A geração dos anos 1920
Poeta Manuel Bandeira tocando violão
Fonte: Enciclopédia Ilustrada do Brasil –
Vol.5, p. 1452. Bloch Editores.
Reprodução
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Manuel Bandeira
Características de sua obra:
Liberdade de conteúdo e forma.
Buscou na própria vida inspiração para
seus grandes temas:
Valorização do português falado no Brasil.
A tristeza e a alegria dos homens.
Idealização de um mundo melhor.
Humor.
Ceticismo.
Ironia.
Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
-Licença, meu branco!
E São Pedro, bonachão:
-Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Manuel Bandeira
A geração dos anos 1920