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Edição dos Textos • LIANA FORTES
Revisão • SANDRA PAIVA                                       M487

Projeto Gráfico • INVENTUM DESIGN                            Memória das palavras / coordenação do projeto Ana Paula Brandão. - Rio de
                                                             Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2006
                                                                         il. color. - (A cor da cultura)
                                                             Inclui bibliografia
                                                             ISBN 85-7484-354-7
Fundação Roberto Marinho                                        1. Língua portuguesa - Brasil - Africanismo - Vocabulários, glossários, etc.
Rua Santa Alexandrina, 336 - Rio Comprido                    2. Línguas africanas - Influência sobre o português - Vocabulários, glossários,
20.261-232 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil                    etc. I. Brandão, Ana Paula. II. Fundação Roberto Marinho. III. Série.
                                                             06-0649.                                                    CDD 469.7981
Tel.: (21) 3232-8800 - Fax: (21) 3232-8031
                                                                                                                         CDU 811.134.3(81)
e-mail: frm@frm.org.br - www.frm.org.br
                                                             21.02.06     24.02.06                                        013454
Memória das Palavras
                                                                 por Rogério Andrade Barbosa

O Brasil é a nação que tem a segunda maior população negra do planeta. País multicultural,
traz a marca indelével dos africanos e de seus descendentes em sua formação. Em nosso
vocabulário, muitas das palavras usadas no dia-a-dia têm origem nos falares herdados da
mãe-África, procedentes de diferentes grupos étnico-lingüísticos, como os iorubás e,
especialmente, os povos bantos. Pois não existe apenas uma, mas várias Áfricas,
espalhadas num vasto continente, composto, hoje, de 53 países.

Segundo um provérbio da Guiné-Bissau:

A ORELHA VAI À ESCOLA TODOS OS DIAS.
Basta, portanto, ter ouvidos e sensibilidade para perceber essas influências. Algumas
palavras conservam seu sentido original, e muitas outras, dependendo da região e das
comunidades, ganharam novos significados. Como a língua é uma expressão viva de
cultura, ela é dinâmica. E outros vocábulos poderão surgir.
a
       Abadá: Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome
         dado a uma camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e
           trios elétricos carnavalescos.
                Abará: Quitute semelhante ao acarajé. A massa feita de feijão-
                  fradinho e os temperos são os mesmos. Os bolinhos envoltos
                     em folhas de bananeira são cozidos em banho-maria.
                       Acarajé: Bolinho de feijão frito no dendê e servido
                    com camarões secos.
              Afoxé: Dança, semelhante a um cortejo
         real, que desfila durante o carnaval e em
     cerimônias religiosas.
    Agogô: Instrumento musical formado por
    duas campânulas ocas de ferro.




6
Aluá: Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi.
Angola: Nome dado a uma das mais conhecidas modalidades do jogo de
capoeira. E, também, a um dos cinco países africanos de língua portuguesa.
Angu: Massa de farinha de milho ou mandioca. Angu-de-caroço: coisa
complicada.
Quando eu nasci
Meu pai batia sola,
minha mana pisava milho no pilão,
para o angu das manhãs...
Poema Autobiográfico - Solano Trindade

Azoeira: Barulhada. Zoeira.
Axé: Saudação. Força vital e espiritual.




                                                                             7
b                    Babá: Origem controvertida. Para alguns estudiosos, é
                        originária do quimbundo; para outros, é do idioma
                         iorubá. Pai-de-santo. Ama-seca.
                         Bagunça: Baderna.
                         Balangandãs: Enfeites,
                         originalmente de prata ou de
                        ouro, usados em dias de festa.
                   Bambambã ou bamba:
    Maioral, bom em quase tudo que faz.
    Bamberê: Cantiga de ninar entoada por
    negras velhas da Região Amazônica.
    Bamberê, bamberá,
    criança que chora quer mamá.
    Moça que namora quer casá.
    Galinha que canta quer botá.
    Bamberê, bamberá...




8
Banguela: Desdentado. Os escravos trazidos do porto de Benguela, em
Angola, costumavam limar ou arrancar os dentes superiores.
Viva nosso rei/ Preto de Benguela/
que casou a princesa com o infante de Castela.
Bantos: Povos trazidos do sul da África, principalmente de Angola e
Moçambique, que espalharam sua cultura, idiomas e modos.
Banzé: Confusão.
Banzo: Tristeza fatal que abatia os escravizados com saudades de sua terra
natal.
Baobá: Árvore de tronco enorme, reverenciada por seus poderes mágicos.
Batuque: Dança com sapateado e palmas, com som de instrumentos
de percussão. É uma variante das rodas de capoeira, praticada pelos negros
trazidos de Angola para o interior da Bahia. No sul do Brasil, é sinônimo de
rituais religiosos e, no interior do Pará, é uma espécie de samba.
"Um dos melhores batuqueiros da terra tinha
o apelido de Angolinha"
Religiões Negras - Edson Carneiro

Batuque na cozinha / Sinhá não quer/
Por causa do batuque / eu quebrei meu pé.
Versos tradicionais




                                                                               9
Berimbau: Instrumento musical, composto de um arco de madeira com
     uma corda de arame vibrada por uma vareta, tendo uma cabaça oca como
     caixa de ressonância.
     Bitelo: Grande. Tamanho exagerado.
     Bobó: Um tipo de purê feito de aipim ou inhame.
     Borocoxô: Molenga.
     Bunda: Nádegas, na língua falada pelos bundos de Angola.
     Búzios: Conchas marinhas usadas antigamente na África como moedas
     e, em nossos dias, em cerimônias religiosas e em jogos de previsão.




10
C
              Caçamba: Balde para tirar água de um poço.
               Cachaça: Bebida alcoólica. Durante muito tempo, negros
               escravizados, banhados em suor, giravam manualmente as
                rodas dos engenhos de açúcar. Os versos do partido-alto
                 abaixo são variantes de um "coco" nordestino:
                   Dizem que cachaça mata.
                  Cachaça não mata ninguém.
                 O que mata é pneu de automóvel,
                bala de revólver e trombada de trem.
              Jair do Cavaquinho

Uma trova popular coletada em Bragança, no Paraná, diz:
O vinho feito da uva.
A cerveja da banana.
A malvada da cachaça
Feita do suor da cana.
Cachimbo: Tubo de fumar, com um lugar escavado na ponta para se
colocar o tabaco.
Cacimba: Poço para se extrair água.
Caçula: O mais novo.



                                                                          11
Cacunda: Corcunda. Corcova. Costas.
     Assim é o mundo! Uns selados e outros cacundos.
     Provérbio nordestino

     Cafofo: Lugar que serve para guardar objetos usados.
     Cafuá: Esconderijo. Casebre.
     Cafundó: Lugar distante e isolado.
     Cafuné: Coçar a cabeça de alguém.
     Cafuzo: Mestiço de negro e índio.
     Calango: Lagarto. Dança
     afro-brasileira.
     Calombo: Inchaço.




12
Calunga: O mar ou, então, a boneca carregada pelas Damas do
Paço nos desfiles de reis e rainhas dos Maracatus de Nação em
Pernambuco. Símbolo da realeza e do poder dos ancestrais. Como atestam
os versos dessa antiga toada, recolhida por Mário de Andrade:
Valeu, valeu!
Pega na Calunga!
Danças Dramáticas do Brasil

Camundongo: Rato pequenino.
Candomblé: Casas ou terreiros de diferentes nações - Angola, Congo, Jeje,
Nagô, Ketu e Ijexá - onde são praticados os rituais trazidos da África. Esses
cultos são dirigidos por um babalorixá (pai-de-santo) ou por uma ialorixá
(mãe-de-santo). Um dos mais tradicionais é o do Gantois, em Salvador, na
Bahia. Conforme a letra de uma música de Gilberto Gil: "a fé não costuma
faiá". No passado, o candomblé foi muito perseguido:
 O Sr. Dr. Secretário da Polícia e Segurança Pública, por ofício que dirigiu
ao Dr. Primeiro Comissário Falcão, recomendou-lhe que faça cessar um
candomblé, que há dias está funcionando no lugar denominado Gantois,
e contra o qual tem havido queixas.
Diário de Notícias - Salvador - 6 de outubro de 1896.




                                                                                13
Canga: Tecido com que se envolve o corpo. Peça de madeira
     colocada no lombo dos animais.
     Canjica: Papa de milho.
     Capanga: Guarda-costas. Bolsa pequena que se leva a tiracolo.
     Capenga: Manco.
     Capoeira: Jogo de corpo, agilidade e arte, que usa técnicas de ataque
     e de defesa com os pés e as mãos. As rodas são acompanhadas por palmas,
     pandeiros, chocalhos, berimbaus e cânticos de marcação, como:
     É preta, é preta, é preta, Calunga.
     Capoeira é preta, Calunga.
     É preta, é preta, é preta, Calunga.
     Capoeira é preta, Calunga.
     Carimbo: Marca, sinal.
     Caruru: Iguaria da culinária afro-brasileira, feita com folhas, quiabos e
     camarões secos.
     Catimba: Manha. Astúcia.
     Catinga: Mau cheiro.
     Catita: Pequeno, baixo, miúdo. Nome dado no Nordeste a um ratinho novo.



14
Catupé: Cortejo afro-mineiro. As fardas de seus integrantes
são enfeitadas de fitas, e dançam e cantam acompanhados por
instrumentos de percussão.
...Ô, minha mãe/ o meu coração tá doendo/
se ele parar de bater/ já sabe que eu tô morrendo.
Caxambu: Dança e nome de um tambor grande.
Caxangá: Jogo praticado em círculo. Os versos de uma velha cantiga,
baseada nessa brincadeira, são bem populares.
Escravos de Jó
Jogavam caxangá
Tira bota
Deixa zambelê ficar
Guerreiro com guerreiro
Fazem zigue-zigue e zás...
Caxixi: Chocalho pequeno feito de palha.
Caxumba: Inflamação das glândulas salivares.
Cazumbá: Negro velho, personagem do Boi-Bumbá paraense.
Cazumbi: Alma penada.
Chilique: Desmaiar. "Ter um troço".



                                                                      15
Cochilar: Sono leve.
     Congadas ou congos: Danças dramáticas com enredo e personagens
     característicos, como reis, rainhas, príncipes, princesas, embaixadores, chefes
     de guerra e guerreiros, que se despedem, no final das apresentações, cantando:
     Quem tiver mulher e filho se despeça...
     Adeus, que eu já me vou.
     Coque: Bater na cabeça com o nó dos dedos.
     Cubata: Palhoça.
     Cuíca: Instrumento musical que emite um ronco peculiar.




16
d
Dendê: Fruto de uma palmeira.
Dengoso: Manhoso. Chorão.
Diamba: Um tipo de erva alucinógena.
Negro velho fuma diamba
para amansar a memória.
Urucungo - Raul Bopp




                                           17
Ebó: Oferenda feita aos
     orixás para se resolver os mais
     diferentes desejos e problemas.

     Eparrei: Saudação a Iansã.
     Erê: Divindade ligada à infância.
     Criança, em iorubá.
     Leva-se uma rapadura ao
     fogo, derretendo-a em água
     fervente. Coa-se e deixa-se no
     fogo para pegar o ponto. Depois,
     joga-se um pouco de canela em pó
     na mistura. Em seguida, mexe-se




e
     tudo e pulveriza-se com gengibre.
     Espalhe o conteúdo numa tábua amanteigada
          e corta-se em pedacinhos.
                Rapadura de Erê

                   Exu: Divindade que é considerada o intermediário entre
                    o Céu e a Terra. Aquele que está em todos os lugares. Dono
                     das encruzilhadas. Representa a ambivalência humana,
                      os comportamentos e desejos contraditórios.
                        Lá no caminho eu deixei minha redinha...
                        Tomando conta da cancela.
                       Toada de Exu



18
f                   Farofa: Mistura de farinha com água, azeite ou
                    gordura.
                    Por fora, muita farofa;
                   Por dentro, mulambo só.
                Adágio popular

          Fubá: Farinha de milho.
        Fulo: Irritado. Zangado.
       Fungar: Assoar o nariz, fuçar.
      Fuxico: Falar mal dos outros.
      Artesanato popular feito com
  pedaços de panos.
Fuzuê: Confusão.




                                                                     19
g                 Galalau: Pessoa muito alta.
                  Ganga Zumba: Título dado aos chefes guerreiros. Um dos mais
                  famosos líderes da confederação de Quilombo dos Palmares,
                   na Serra da Barriga, em Alagoas.
                    Ganzá: Chocalho.
                    Garapa: Caldo de cana.
                    Ginga: Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol.
                   Ginga, Angola! Não chora, povo bantu!
                   Canta, Congo, no jongo e no caxambu!
                   Nei Lopes

     Gonguê: Instrumento musical
     semelhante ao agogô.
     Gogó: Pomo-de-adão.
     Gororoba: Comida malfeita.
     Grigri: Amuleto que protege o seu
     possuidor.
     Guimba: Resto ou ponta do
     cigarro.



20
h   Hã: Interjeição de surpresa ou de admiração entre os iorubás.
        Hauçá: Nome de um dos povos africanos. A culinária
          baiana conserva o termo arroz-de-hauçá.
           Hum-hum: Interjeição de lamento ou de
           aborrecimento em Angola.




                                                                    21
i              Ialorixá: Mãe-de-santo. Sacerdotisa.
               Iansã: Senhora dos ventos, do ar e das tempestades.
             Ibejis: Divindades da alegria e da pureza. Em setembro, seus
            devotos oferecem comida, doces e presentes às crianças.
            Iemanjá: A grande mãe, poderosa rainha das águas.
           Ifá: Divindade da adivinhação.
         Ilê: Casa, moradia.
     Ilê-Aiyê: Bloco afro de Salvador, na Bahia, que realiza um trabalho de
     valorização e de afirmação da identidade dos negros.
     Inhaca: Azar. Mau cheiro.
     Inhame: Raiz alimentícia e medicinal.
     Iorubás ou nagôs: Povos sudaneses da África Ocidental,
     que se estabeleceram principalmente nos engenhos e
     lavouras da Bahia.
     Iroco: Orixá e nome de uma árvore sagrada na
     África, habitada por entidades sobrenaturais
     e brincalhonas. No Brasil, o seu papel
     é exercido pela gameleira-branca.



22
Jabaculê: Gorjeta.
Jagunço: Guerreiro. Capanga.
Janaína: Um dos nomes de Iemanjá.
Saravá, saravá
Dona Janaína, rainha do mar...
Dai-me licença
pra eu também brincar.




j
  D. Janaína - Manuel Bandeira

      Jegue: Jumento.
       Jiló: Fruto do jiloeiro.
         Jongo: Dança de umbigada na qual homens e mulheres sapateiam,
           alternadamente, ao centro de uma roda, provocando-se um ao outro,
            ao ritmo dos tambores e de cantos de desafio.
              Meu passado é africano/ Teu passado também é/
              Nossa cor é tão escura/ quanto o chão de massapé.
                Jongo do Irmão Café - Wilson Moreira e Nei Lopes




                                                                               23
l
                  Lamba: Desgraça. Trabalho pesado.
                 Lambada: Chicotada.
               Eu tenho orgulho de ser filho de escravo...
              Tronco, senzala, chicote, gritos, choros, gemidos...
            Orgulho Negro - Solano Trindade

         Lelê: Comida feita com milho ou fubá.
        Lelé: Maluco.
     Lengalenga: Conversa fiada.
     Libambo: Corrente de ferro que prendia o pescoço, as mãos
     ou os pés dos escravizados.
     Lundu: Dança e música afro-brasileira.




24
Macaco: Símio de tamanho pequeno.
Maculelê: Dança executada com bastões de
madeira, que se batem uns com os outros. No

mineiro-pau.
Sou eu, sou eu. Sou eu, mineiro-pau, sou eu.
                                             m
Sudeste há um bailado parecido, conhecido como



Macumba: Termo geralmente dado aos cultos afro-brasileiros.
Já fui três vezes na macumba, para fazê-la voltar...
Prometi uma canjica para o meu pai Oxalá.
Modinha de Getúlio Marinho da Silva

Mafuá: Lugar desorganizado.
Mambembe: Teatro itinerante.
Mamona: Planta. O talo é usado para fazer bolinhas de sabão em
brincadeiras infantis.




                                                                 25
Mandinga: Feitiço. Povo temido por seus conhecimentos de magia. Muitos
     eram islamizados e portavam ao pescoço talismãs com trechos do Alcorão.
     Preto velho tem mandinga
     de amansar feitor.
     Nega-mina tem um dengo
     de matar de amor.
     Nosso Nome, Resistência - Nei Lopes, Zé Luis e Sereno

     Maracatu: Dança afro-brasileira. Em Recife, os denominados maracatus de
     nação representam embaixadas africanas com todo um séquito real. Os passos
     são marcados tradicionalmente por instrumentos de percussão.
     Chegou, chegou,
     Meu povo
     Maracatu Elefante!
     Chegou, chegou!
     Ê, Ê, Ê, Ô, Ô, Ô! Maracatu!
     Nação de preto nagô!
     Letra e música de Capiba - 1950

     Maracutaia: Trapaça.
     Marimba: Instrumento musical, xilofone.



26
Marimbondo: Vespa.
Ô menina, o que você tem?
Marimbondo, sinhá, marimbondo, sinhá.
É hoje, é hoje que a palha da cana voa.
É hoje, é hoje que tem de avoar.
Cantiga do povo calunga, de Goiás

Massapé: Terra escura, argilosa, própria para a cultura da cana-de-açúcar.
Maxixe: Fruto de uma planta utilizada na culinária brasileira e nome de
dança de salão.
Miçanga: Contas de vidro.
Minhoca: Verme que vive sob a terra e serve de isca para pescar.
Moçambique: Nome de um folguedo popular praticado no Brasil e de
um país africano de língua portuguesa.
Moçambiqueiro, moçambiqueiro,
pra cima com sua cantiga.
A rainha do Brasil é a Senhora Aparecida.
Folguedos Populares do Brasil - Rossini Tavares

Mochila: Bolsa carregada a tiracolo.



                                                                             27
Mocotó: Pata de boi e também nome de um prato da culinária afro-brasileira.
     Mojubá: Uma das formas de saudar os orixás.
     Molambo: Pedaço de pano velho. Farrapo.
     Moleque: Menino de pouca idade. Travesso. Bagunceiro.
     Moqueca: Prato da culinária afro-brasileira, em geral de peixe ou de
     frutos do mar.
     A moqueca pra ser boa deve ser de camarão.
     O tempero que ela leva é pimenta com limão.
     Trova popular

     Moringa: Pote de barro.
     Muamba: Cesto para carregar mercadorias.
     Contrabando.




28
Mucamas: Negras escravizadas, selecionadas para trabalhar nas casas-
grandes e cuidar dos filhos do senhor.
Conheci um cantadô / Distimido e valente
Qui mangava dos amô / E zombava a fé dos crente
Mais um dia ele topô / Nos batente d'ua jinela
Com o bicho do amô / Mucama pomba e donzela
E o cantadô aos pôco / Foi se paxonano pruela
Té qui um dia ficô lôco / De tanto cantá parcela
E hoje vêve pela istrada / Rismungano qui a culpada
Foi a mucama da jinela
Parcelada ("Auto da Catingueira") - Elomar

Mungunzá: Comida feita de grãos de milho cozido, com leite de coco,
semelhante à canjica-doce. Nos velhos tempos, era apregoada nas ruas pelos
escravos de ganho.
Ei, mungunzá/ tá quentinho o mungunzá/ istá bom/ Ispiciá.
Pregões da Minha Terra - Solano Trindade

Muvuca: Confusão. Esconderijo.
Muxiba: Pelanca. Coisa ruim ou feia.




                                                                             29
n                           Nanã: Divindade da vida e da morte.
                            Negreiros ou tumbeiros: Navios que traziam os
                            escravizados amontoados e acorrentados em porões.
                         Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga
                        Levantai-vos heróis do Novo Mundo!
                       Andrada! Arranca esse pendão dos ares!
                      Colombo! Fecha a porta de teus mares!
     O Navio Negreiro - Castro Alves

     Nenê ou neném: Criança de colo.
     Nana neném.
     Neném não quer dormir.
     Nana neném
     que o papão já vem aí!
     Acalanto popular




30
Odara: Bom. Bonito.
Deixe eu dançar pro meu corpo ficar odara.
Minha cara, minha cuca ficar odara...
Odara - Caetano Veloso

Ogum: Divindade do ferro e senhor da guerra.
Omolu: Divindade da cura e das doenças.                     o
Ori: Cabeça humana, sede do saber e do espírito, na tradição dos orixás.
Orixás: Divindades ligadas aos elementos e às
forças da natureza.
Oxalá ou Obatalá: Divindade da criação,
pai de todos os orixás.
Oxóssi: Divindade da caça.
Oxum: Divindade vaidosa e faceira dos rios,
fontes e cachoeiras.
Oxumaré: Divindade do saber,
o arco-íris ou serpente encarregada de
transportar água para as nuvens.




                                                                           31
p
     Patota: Turma. Grupo.
     Peji: Altar.
      Pirão: Papa grossa de farinha de mandioca.
     Puíta: Tambor vibrador, semelhante à cuíca brasileira.




32
Quenga: Guisado de quiabo com galinha. Mulher
prostituída.
Quengo: Cabeça.
Quequerequê: O canto do galo, cocoricar.
Quiabo: Planta. Fruto do quiabeiro.
Quibebe: Comida feita com abóbora.
                                                       q
Quibungo: Bicho-papão, monstro com um buraco no meio das
costas, que se abre quando ele se abaixa para comer as crianças que
encontra no meio do caminho.
Minha mãezinha...
Acudi-me depressa, Quibungo tererê,
Quibungo quer me comer.
A Menina e o Quibungo - João da Silva Campos

Quilombos: Comunidades organizadas por negros escravizados que se
rebelavam contra o cativeiro. Atualmente, são sítios tombados e preservados
pelo Patrimônio Histórico Nacional, habitados por remanescentes desses
antigos refúgios. Os quilombolas, cantando, desafiavam os inimigos.
Folga, nego, branco não vem cá.
Se vié, pau há de levá.


                                                                              33
Quilombola: Habitante de Quilombos.
     Quimbanda: Curandeiro e adivinho.
     Quimbundo: Um dos idiomas falados em Angola.
     Quindim: Doce feito de gema de ovo, coco e açúcar.
     Quitanda: Venda.
     Quitute: Comida gostosa.
     Quizomba: Dança, festa, alegria. Tema de um enredo da
     Escola de Samba de Vila Isabel em 1988.
     Valeu, Zumbi,
     o grito forte dos Palmares.
     Que correu terras, céus e mares,
     Influenciando a abolição.
     Zumbi, valeu,
     hoje a vila é Quizomba.
     É batuque, canto e dança,
     jongo e maracatu.
     Vem, menininha,
     Pra dançar o caxambu.
     Quizomba, Festa da Raça.
     Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila




34
r   Ranzinza: Rabugento. Teimoso.
     Reco-reco: Instrumento de percussão no qual o músico
esfrega com uma vareta as aberturas feitas em um gomo de
bambu ou numa peça de madeira.
    Ritumba: Tambor. No Pará, há uma dança de São Benedito
    chamada retumbão.




                                                             35
s
     Saravá: Saudação.
                      Sacana: Patife. Sem-vergonha.
                       Samba: Do "semba", dança de umbigada ou de peitada
                         praticada em algumas regiões da África. Considera-se que o
                          primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, de Ernesto
                           dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida, em 1916:
                          O chefe da folia pelo telefone manda me avisar
                         Que com alegria não se questione para se brincar.

     Saravá, meu pai, vem me benzer!
     Já pedi ao meu pai-de-santo pra quebrar o meu encanto.
     Senzala: Moradias apertadas, sem janelas,
     onde os escravizados dormiam trancados.
     Ô, ô, ô, ô liberdade, senhor...
     Passava a noite, vinha o dia.
     O sangue do negro corria, dia a dia.
     De lamento em lamento,
     de agonia em agonia.
     Ele pedia o fim da tirania.
     Heróis da Liberdade - Império Serrano - 1969
     Mano Décio, Manoel Ferreira e Silas de Oliveira

     Sunga: Calção.


36
Tanga: Roupa.
                      Tantã: Tambor.
                         Tipóia: Rede usada como transporte. Tecido para
                          descansar o braço ou a mão.
                       Titica: Excremento de aves.
                   Tribufu: Feioso ou feiosa.
                   Tunda: Dar uma surra em alguém.
                   Tutu: Feijão cozido e refogado, reforçado com farinha. Bicho-
             papão, nos contos populares.




                                                                    t
Tutu-marambá, não venha mais cá...
Acalanto popular




                                                                                   37
u
     Umbanda: Sistema de práticas divinatórias afro-
     brasileiras com elementos do espiritismo e do catolicismo.
       Ungui: Tutu de feijão, em Minas Gerais.
        Urucubaca: Azar, má sorte.




38
v
Vatapá: Um tipo de pirão da
culinária afro-brasileira, à base de peixes e camarões.
Vissungos: Canções de trabalho outrora ouvidas nos serviços de mineração
e, hoje em dia, em algumas comunidades remanescentes de quilombos no
interior de Minas Gerais.
Caracará fura boi
é pru falta de aribu,
caracará...fura boi,
ou boi ou cavalo
é pru falta de aribu...
Cantiga de garimpo mineiro para secar água




                                                                           39
x
     Xangô: Divindade dos raios, dos trovões e da justiça. Tem como símbolo
     um machado de dois gumes.
     Xilofone: Instrumento musical de teclas de madeira. Marimba.
     Xingar: Ofender.
     Xinxim: Guisado de galinha, com azeite-de-dendê, que ainda leva
     camarões secos, amendoins e castanhas de caju moídos.
     Xodó: Amor.
     Que falta eu sinto de um bem
     Que falta me faz um xodó
     Mas como eu não tenho ninguém
     Eu levo a vida assim tão só
     Eu Só Quero um Xodó - Anastácia e Dominguinhos


40
Zabumba: Bombo. Tambor.
Zambi: Divindade suprema dos povos bantos.
Dos santos do céu Zambi é o maior
Eh! É com Nossa Senhora!
Cântico de macumba

Zanga: Pirraça. Antipatia.
Ziquizira: Doença. Mal-estar.
Zonzo: Estonteado.
Zumbi: Espírito que vagueia entre as sombras. Último
líder do Quilombo dos Palmares. No dia 20 de
novembro, data de sua morte, comemora-se o Dia
Nacional da Consciência Negra.
                                                       z
Zunzum: Boato.




                                                           41
Bibliografia
     ALVES, Castro. Os Escravos (texto integral). São Paulo: Martin Claret, 2003.
     ANDRADE, Mário. Danças Dramáticas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982.
     BANDEIRA, Manoel. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977.
     BOPP, Raul. Poemas Negros. Rio de Janeiro: Ariel, 1936.
     CARNEIRO, Edson. Religiões Negras e Negros Bantos. Rio de Janeiro: Civilização
     Brasileira, 1981.
     CASCUDO, Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional
     do Livro, 1962.
     CASCUDO, Câmara. Locuções Tradicionais do Brasil. São Paulo: Global, 2004.
     CASTRO, Yeda Pessoa. Falares Africanos na Bahia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
     CASTRO, Yeda Pessoa. Estação da Luz da Nossa Língua. Línguas Africanas. Rio de
     Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2005.
     FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro:
     Nova Fronteira, 1992.
     FILHO, Aires da Mata Machado. O Negro e o Garimpo em Minas Gerais. Rio de
     Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
     FILHO, Melo Morais. Festas e Tradições no Brasil. Rio de Janeiro: Garnier, 1946.
     FONSECA JR., Eduardo. Dicionário Yorubá-Português. Rio de Janeiro: Sociedade
     Yorubana Teológica de Cultura Afro-Brasileira, 1983.


42
GUENNEC, le Grégoire. Dicionário Português-Umbundu. Luanda: Orgal, 1972.
LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1996.
LOPES, Nei. Sambeabá – O Samba que Não se Aprende na Escola. Rio de Janeiro: Folha
Seca, 2003.
LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
MAGALHÃES, Basílio de. O Folclore no Brasil (organização de João da Silva Campos).
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1939.
MAIOR, Mário Souto. Alimentação e Folclore. Rio de Janeiro: Funarte, 1988.
MENDONÇA, Renato. A Influência Africana no Português do Brasil. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1972.
NAVARRO, Fred. Dicionário do Nordeste. São Paulo: Estação Liberdade, 2004.
RAMOS, Arthur. O Folclore Negro do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935.
RAMOS, Arthur. As Culturas Negras no Novo Mundo. São Paulo: Nacional, 1979.
RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Nacional, 1977.
SALLES, Vicente. Vocabulário Crioulo (Contribuição do Negro no Falar Regional
Amazônico). Belém: IAP, 2005.
TRINDADE, Solano. Tem Gente com Fome e Outros Poemas. Rio de Janeiro: DGIO –
Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 1988.




                                                                                                 43
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  • 1.
  • 2.
  • 3. GOVERNO FEDERAL Presidente da República • LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA MEC - Ministério da Educação Ministro da Educação • FERNANDO HADDAD Secretário Executivo • JOSÉ HENRIQUE PAIM FERNANDES Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade • RICARDO HENRIQUES SEPPIR - Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial • MATILDE RIBEIRO Subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas • ANTONIO DA SILVA PINTO Subsecretária de Ações Afirmativas • MARIA INÊS DA SILVA BARBOSA Coordenadora de Projetos da SubPlan • ELAINE PEREIRA DE SOUZA PETROBRAS Presidente da Petrobras • JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI DE AZEVEDO Gerente-Executivo da Comunicação Institucional da Petrobras • WILSON SANTAROSA CIDAN - Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro Presidente de Honra • ZEZÉ MOTTA Presidente • JACQUES D’ADESKY Diretor • ANTÔNIO POMPÊO Diretor • CARLOS ALBERTO MEDEIROS Secretário • SÉRGIO ABREU REDE GLOBO Central Globo de Comunicação Central Globo de Jornalismo FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO Presidente • JOSÉ ROBERTO MARINHO Secretário-Geral • HUGO BARRETO Superintendente-Executivo • NELSON SAVIOLI Gerente-Geral do Canal Futura • LUCIA ARAÚJO Gerente de Mobilização • MARISA VASSIMON Gerente de Desenvolvimento Institucional • MÔNICA DIAS PINTO
  • 5. ISBN - 85-7484-354-7 A Cor da Cultura - Saberes e Fazeres - Modo de Ver Copyright © Fundação Roberto Marinho Rio de Janeiro, 2006 Todos os direitos reservados 1ªa Edição - 2006 CANAL FUTURA Coordenação do Projeto • ANA PAULA BRANDÃO Líder do Projeto • GUSTAVO BALDONI Assistentes de Núcleo • MARIANA KAPPS E ALEXANDRE CALLADINNI Coordenação de Conteúdo • DÉBORA GARCIA, LEONARDO MACHADO E LEONARDO MENEZES Coordenação de Produção • VANESSA JARDIM, JOANA LEVY E JANAÍNA PAIXÃO Equipe de Mobilização • FLAVIA MOLETTA E PAULO VICENTE CRUZ EXPEDIENTE Consultoria Pedagógica • AZOILDA LORETTO DA TRINDADE Consultoria de Conteúdo • MÔNICA LIMA Consultoria A Cor da Cultura • WÂNIA SANT’ANNA Consultoria Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD/MEC • DENISE BOTELHO, EDILEUZA PENHA DE SOUZA, ANDRÉIA LISBOA DE SOUZA e ELIANE CAVALLEIRO Texto Final • ROGÉRIO ANDRADE BARBOSA Pesquisa de Imagens • DANIELA MARTINEZ Ilustrações • EDNEI MARX CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. Edição dos Textos • LIANA FORTES Revisão • SANDRA PAIVA M487 Projeto Gráfico • INVENTUM DESIGN Memória das palavras / coordenação do projeto Ana Paula Brandão. - Rio de Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2006 il. color. - (A cor da cultura) Inclui bibliografia ISBN 85-7484-354-7 Fundação Roberto Marinho 1. Língua portuguesa - Brasil - Africanismo - Vocabulários, glossários, etc. Rua Santa Alexandrina, 336 - Rio Comprido 2. Línguas africanas - Influência sobre o português - Vocabulários, glossários, 20.261-232 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil etc. I. Brandão, Ana Paula. II. Fundação Roberto Marinho. III. Série. 06-0649. CDD 469.7981 Tel.: (21) 3232-8800 - Fax: (21) 3232-8031 CDU 811.134.3(81) e-mail: frm@frm.org.br - www.frm.org.br 21.02.06 24.02.06 013454
  • 6. Memória das Palavras por Rogério Andrade Barbosa O Brasil é a nação que tem a segunda maior população negra do planeta. País multicultural, traz a marca indelével dos africanos e de seus descendentes em sua formação. Em nosso vocabulário, muitas das palavras usadas no dia-a-dia têm origem nos falares herdados da mãe-África, procedentes de diferentes grupos étnico-lingüísticos, como os iorubás e, especialmente, os povos bantos. Pois não existe apenas uma, mas várias Áfricas, espalhadas num vasto continente, composto, hoje, de 53 países. Segundo um provérbio da Guiné-Bissau: A ORELHA VAI À ESCOLA TODOS OS DIAS. Basta, portanto, ter ouvidos e sensibilidade para perceber essas influências. Algumas palavras conservam seu sentido original, e muitas outras, dependendo da região e das comunidades, ganharam novos significados. Como a língua é uma expressão viva de cultura, ela é dinâmica. E outros vocábulos poderão surgir.
  • 7. a Abadá: Túnica folgada e comprida. Atualmente, no Brasil, é o nome dado a uma camisa ou camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos. Abará: Quitute semelhante ao acarajé. A massa feita de feijão- fradinho e os temperos são os mesmos. Os bolinhos envoltos em folhas de bananeira são cozidos em banho-maria. Acarajé: Bolinho de feijão frito no dendê e servido com camarões secos. Afoxé: Dança, semelhante a um cortejo real, que desfila durante o carnaval e em cerimônias religiosas. Agogô: Instrumento musical formado por duas campânulas ocas de ferro. 6
  • 8. Aluá: Bebida feita de milho, arroz cozido ou com cascas de abacaxi. Angola: Nome dado a uma das mais conhecidas modalidades do jogo de capoeira. E, também, a um dos cinco países africanos de língua portuguesa. Angu: Massa de farinha de milho ou mandioca. Angu-de-caroço: coisa complicada. Quando eu nasci Meu pai batia sola, minha mana pisava milho no pilão, para o angu das manhãs... Poema Autobiográfico - Solano Trindade Azoeira: Barulhada. Zoeira. Axé: Saudação. Força vital e espiritual. 7
  • 9. b Babá: Origem controvertida. Para alguns estudiosos, é originária do quimbundo; para outros, é do idioma iorubá. Pai-de-santo. Ama-seca. Bagunça: Baderna. Balangandãs: Enfeites, originalmente de prata ou de ouro, usados em dias de festa. Bambambã ou bamba: Maioral, bom em quase tudo que faz. Bamberê: Cantiga de ninar entoada por negras velhas da Região Amazônica. Bamberê, bamberá, criança que chora quer mamá. Moça que namora quer casá. Galinha que canta quer botá. Bamberê, bamberá... 8
  • 10. Banguela: Desdentado. Os escravos trazidos do porto de Benguela, em Angola, costumavam limar ou arrancar os dentes superiores. Viva nosso rei/ Preto de Benguela/ que casou a princesa com o infante de Castela. Bantos: Povos trazidos do sul da África, principalmente de Angola e Moçambique, que espalharam sua cultura, idiomas e modos. Banzé: Confusão. Banzo: Tristeza fatal que abatia os escravizados com saudades de sua terra natal. Baobá: Árvore de tronco enorme, reverenciada por seus poderes mágicos. Batuque: Dança com sapateado e palmas, com som de instrumentos de percussão. É uma variante das rodas de capoeira, praticada pelos negros trazidos de Angola para o interior da Bahia. No sul do Brasil, é sinônimo de rituais religiosos e, no interior do Pará, é uma espécie de samba. "Um dos melhores batuqueiros da terra tinha o apelido de Angolinha" Religiões Negras - Edson Carneiro Batuque na cozinha / Sinhá não quer/ Por causa do batuque / eu quebrei meu pé. Versos tradicionais 9
  • 11. Berimbau: Instrumento musical, composto de um arco de madeira com uma corda de arame vibrada por uma vareta, tendo uma cabaça oca como caixa de ressonância. Bitelo: Grande. Tamanho exagerado. Bobó: Um tipo de purê feito de aipim ou inhame. Borocoxô: Molenga. Bunda: Nádegas, na língua falada pelos bundos de Angola. Búzios: Conchas marinhas usadas antigamente na África como moedas e, em nossos dias, em cerimônias religiosas e em jogos de previsão. 10
  • 12. C Caçamba: Balde para tirar água de um poço. Cachaça: Bebida alcoólica. Durante muito tempo, negros escravizados, banhados em suor, giravam manualmente as rodas dos engenhos de açúcar. Os versos do partido-alto abaixo são variantes de um "coco" nordestino: Dizem que cachaça mata. Cachaça não mata ninguém. O que mata é pneu de automóvel, bala de revólver e trombada de trem. Jair do Cavaquinho Uma trova popular coletada em Bragança, no Paraná, diz: O vinho feito da uva. A cerveja da banana. A malvada da cachaça Feita do suor da cana. Cachimbo: Tubo de fumar, com um lugar escavado na ponta para se colocar o tabaco. Cacimba: Poço para se extrair água. Caçula: O mais novo. 11
  • 13. Cacunda: Corcunda. Corcova. Costas. Assim é o mundo! Uns selados e outros cacundos. Provérbio nordestino Cafofo: Lugar que serve para guardar objetos usados. Cafuá: Esconderijo. Casebre. Cafundó: Lugar distante e isolado. Cafuné: Coçar a cabeça de alguém. Cafuzo: Mestiço de negro e índio. Calango: Lagarto. Dança afro-brasileira. Calombo: Inchaço. 12
  • 14. Calunga: O mar ou, então, a boneca carregada pelas Damas do Paço nos desfiles de reis e rainhas dos Maracatus de Nação em Pernambuco. Símbolo da realeza e do poder dos ancestrais. Como atestam os versos dessa antiga toada, recolhida por Mário de Andrade: Valeu, valeu! Pega na Calunga! Danças Dramáticas do Brasil Camundongo: Rato pequenino. Candomblé: Casas ou terreiros de diferentes nações - Angola, Congo, Jeje, Nagô, Ketu e Ijexá - onde são praticados os rituais trazidos da África. Esses cultos são dirigidos por um babalorixá (pai-de-santo) ou por uma ialorixá (mãe-de-santo). Um dos mais tradicionais é o do Gantois, em Salvador, na Bahia. Conforme a letra de uma música de Gilberto Gil: "a fé não costuma faiá". No passado, o candomblé foi muito perseguido: O Sr. Dr. Secretário da Polícia e Segurança Pública, por ofício que dirigiu ao Dr. Primeiro Comissário Falcão, recomendou-lhe que faça cessar um candomblé, que há dias está funcionando no lugar denominado Gantois, e contra o qual tem havido queixas. Diário de Notícias - Salvador - 6 de outubro de 1896. 13
  • 15. Canga: Tecido com que se envolve o corpo. Peça de madeira colocada no lombo dos animais. Canjica: Papa de milho. Capanga: Guarda-costas. Bolsa pequena que se leva a tiracolo. Capenga: Manco. Capoeira: Jogo de corpo, agilidade e arte, que usa técnicas de ataque e de defesa com os pés e as mãos. As rodas são acompanhadas por palmas, pandeiros, chocalhos, berimbaus e cânticos de marcação, como: É preta, é preta, é preta, Calunga. Capoeira é preta, Calunga. É preta, é preta, é preta, Calunga. Capoeira é preta, Calunga. Carimbo: Marca, sinal. Caruru: Iguaria da culinária afro-brasileira, feita com folhas, quiabos e camarões secos. Catimba: Manha. Astúcia. Catinga: Mau cheiro. Catita: Pequeno, baixo, miúdo. Nome dado no Nordeste a um ratinho novo. 14
  • 16. Catupé: Cortejo afro-mineiro. As fardas de seus integrantes são enfeitadas de fitas, e dançam e cantam acompanhados por instrumentos de percussão. ...Ô, minha mãe/ o meu coração tá doendo/ se ele parar de bater/ já sabe que eu tô morrendo. Caxambu: Dança e nome de um tambor grande. Caxangá: Jogo praticado em círculo. Os versos de uma velha cantiga, baseada nessa brincadeira, são bem populares. Escravos de Jó Jogavam caxangá Tira bota Deixa zambelê ficar Guerreiro com guerreiro Fazem zigue-zigue e zás... Caxixi: Chocalho pequeno feito de palha. Caxumba: Inflamação das glândulas salivares. Cazumbá: Negro velho, personagem do Boi-Bumbá paraense. Cazumbi: Alma penada. Chilique: Desmaiar. "Ter um troço". 15
  • 17. Cochilar: Sono leve. Congadas ou congos: Danças dramáticas com enredo e personagens característicos, como reis, rainhas, príncipes, princesas, embaixadores, chefes de guerra e guerreiros, que se despedem, no final das apresentações, cantando: Quem tiver mulher e filho se despeça... Adeus, que eu já me vou. Coque: Bater na cabeça com o nó dos dedos. Cubata: Palhoça. Cuíca: Instrumento musical que emite um ronco peculiar. 16
  • 18. d Dendê: Fruto de uma palmeira. Dengoso: Manhoso. Chorão. Diamba: Um tipo de erva alucinógena. Negro velho fuma diamba para amansar a memória. Urucungo - Raul Bopp 17
  • 19. Ebó: Oferenda feita aos orixás para se resolver os mais diferentes desejos e problemas. Eparrei: Saudação a Iansã. Erê: Divindade ligada à infância. Criança, em iorubá. Leva-se uma rapadura ao fogo, derretendo-a em água fervente. Coa-se e deixa-se no fogo para pegar o ponto. Depois, joga-se um pouco de canela em pó na mistura. Em seguida, mexe-se e tudo e pulveriza-se com gengibre. Espalhe o conteúdo numa tábua amanteigada e corta-se em pedacinhos. Rapadura de Erê Exu: Divindade que é considerada o intermediário entre o Céu e a Terra. Aquele que está em todos os lugares. Dono das encruzilhadas. Representa a ambivalência humana, os comportamentos e desejos contraditórios. Lá no caminho eu deixei minha redinha... Tomando conta da cancela. Toada de Exu 18
  • 20. f Farofa: Mistura de farinha com água, azeite ou gordura. Por fora, muita farofa; Por dentro, mulambo só. Adágio popular Fubá: Farinha de milho. Fulo: Irritado. Zangado. Fungar: Assoar o nariz, fuçar. Fuxico: Falar mal dos outros. Artesanato popular feito com pedaços de panos. Fuzuê: Confusão. 19
  • 21. g Galalau: Pessoa muito alta. Ganga Zumba: Título dado aos chefes guerreiros. Um dos mais famosos líderes da confederação de Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas. Ganzá: Chocalho. Garapa: Caldo de cana. Ginga: Movimento corporal na capoeira, na dança e no futebol. Ginga, Angola! Não chora, povo bantu! Canta, Congo, no jongo e no caxambu! Nei Lopes Gonguê: Instrumento musical semelhante ao agogô. Gogó: Pomo-de-adão. Gororoba: Comida malfeita. Grigri: Amuleto que protege o seu possuidor. Guimba: Resto ou ponta do cigarro. 20
  • 22. h Hã: Interjeição de surpresa ou de admiração entre os iorubás. Hauçá: Nome de um dos povos africanos. A culinária baiana conserva o termo arroz-de-hauçá. Hum-hum: Interjeição de lamento ou de aborrecimento em Angola. 21
  • 23. i Ialorixá: Mãe-de-santo. Sacerdotisa. Iansã: Senhora dos ventos, do ar e das tempestades. Ibejis: Divindades da alegria e da pureza. Em setembro, seus devotos oferecem comida, doces e presentes às crianças. Iemanjá: A grande mãe, poderosa rainha das águas. Ifá: Divindade da adivinhação. Ilê: Casa, moradia. Ilê-Aiyê: Bloco afro de Salvador, na Bahia, que realiza um trabalho de valorização e de afirmação da identidade dos negros. Inhaca: Azar. Mau cheiro. Inhame: Raiz alimentícia e medicinal. Iorubás ou nagôs: Povos sudaneses da África Ocidental, que se estabeleceram principalmente nos engenhos e lavouras da Bahia. Iroco: Orixá e nome de uma árvore sagrada na África, habitada por entidades sobrenaturais e brincalhonas. No Brasil, o seu papel é exercido pela gameleira-branca. 22
  • 24. Jabaculê: Gorjeta. Jagunço: Guerreiro. Capanga. Janaína: Um dos nomes de Iemanjá. Saravá, saravá Dona Janaína, rainha do mar... Dai-me licença pra eu também brincar. j D. Janaína - Manuel Bandeira Jegue: Jumento. Jiló: Fruto do jiloeiro. Jongo: Dança de umbigada na qual homens e mulheres sapateiam, alternadamente, ao centro de uma roda, provocando-se um ao outro, ao ritmo dos tambores e de cantos de desafio. Meu passado é africano/ Teu passado também é/ Nossa cor é tão escura/ quanto o chão de massapé. Jongo do Irmão Café - Wilson Moreira e Nei Lopes 23
  • 25. l Lamba: Desgraça. Trabalho pesado. Lambada: Chicotada. Eu tenho orgulho de ser filho de escravo... Tronco, senzala, chicote, gritos, choros, gemidos... Orgulho Negro - Solano Trindade Lelê: Comida feita com milho ou fubá. Lelé: Maluco. Lengalenga: Conversa fiada. Libambo: Corrente de ferro que prendia o pescoço, as mãos ou os pés dos escravizados. Lundu: Dança e música afro-brasileira. 24
  • 26. Macaco: Símio de tamanho pequeno. Maculelê: Dança executada com bastões de madeira, que se batem uns com os outros. No mineiro-pau. Sou eu, sou eu. Sou eu, mineiro-pau, sou eu. m Sudeste há um bailado parecido, conhecido como Macumba: Termo geralmente dado aos cultos afro-brasileiros. Já fui três vezes na macumba, para fazê-la voltar... Prometi uma canjica para o meu pai Oxalá. Modinha de Getúlio Marinho da Silva Mafuá: Lugar desorganizado. Mambembe: Teatro itinerante. Mamona: Planta. O talo é usado para fazer bolinhas de sabão em brincadeiras infantis. 25
  • 27. Mandinga: Feitiço. Povo temido por seus conhecimentos de magia. Muitos eram islamizados e portavam ao pescoço talismãs com trechos do Alcorão. Preto velho tem mandinga de amansar feitor. Nega-mina tem um dengo de matar de amor. Nosso Nome, Resistência - Nei Lopes, Zé Luis e Sereno Maracatu: Dança afro-brasileira. Em Recife, os denominados maracatus de nação representam embaixadas africanas com todo um séquito real. Os passos são marcados tradicionalmente por instrumentos de percussão. Chegou, chegou, Meu povo Maracatu Elefante! Chegou, chegou! Ê, Ê, Ê, Ô, Ô, Ô! Maracatu! Nação de preto nagô! Letra e música de Capiba - 1950 Maracutaia: Trapaça. Marimba: Instrumento musical, xilofone. 26
  • 28. Marimbondo: Vespa. Ô menina, o que você tem? Marimbondo, sinhá, marimbondo, sinhá. É hoje, é hoje que a palha da cana voa. É hoje, é hoje que tem de avoar. Cantiga do povo calunga, de Goiás Massapé: Terra escura, argilosa, própria para a cultura da cana-de-açúcar. Maxixe: Fruto de uma planta utilizada na culinária brasileira e nome de dança de salão. Miçanga: Contas de vidro. Minhoca: Verme que vive sob a terra e serve de isca para pescar. Moçambique: Nome de um folguedo popular praticado no Brasil e de um país africano de língua portuguesa. Moçambiqueiro, moçambiqueiro, pra cima com sua cantiga. A rainha do Brasil é a Senhora Aparecida. Folguedos Populares do Brasil - Rossini Tavares Mochila: Bolsa carregada a tiracolo. 27
  • 29. Mocotó: Pata de boi e também nome de um prato da culinária afro-brasileira. Mojubá: Uma das formas de saudar os orixás. Molambo: Pedaço de pano velho. Farrapo. Moleque: Menino de pouca idade. Travesso. Bagunceiro. Moqueca: Prato da culinária afro-brasileira, em geral de peixe ou de frutos do mar. A moqueca pra ser boa deve ser de camarão. O tempero que ela leva é pimenta com limão. Trova popular Moringa: Pote de barro. Muamba: Cesto para carregar mercadorias. Contrabando. 28
  • 30. Mucamas: Negras escravizadas, selecionadas para trabalhar nas casas- grandes e cuidar dos filhos do senhor. Conheci um cantadô / Distimido e valente Qui mangava dos amô / E zombava a fé dos crente Mais um dia ele topô / Nos batente d'ua jinela Com o bicho do amô / Mucama pomba e donzela E o cantadô aos pôco / Foi se paxonano pruela Té qui um dia ficô lôco / De tanto cantá parcela E hoje vêve pela istrada / Rismungano qui a culpada Foi a mucama da jinela Parcelada ("Auto da Catingueira") - Elomar Mungunzá: Comida feita de grãos de milho cozido, com leite de coco, semelhante à canjica-doce. Nos velhos tempos, era apregoada nas ruas pelos escravos de ganho. Ei, mungunzá/ tá quentinho o mungunzá/ istá bom/ Ispiciá. Pregões da Minha Terra - Solano Trindade Muvuca: Confusão. Esconderijo. Muxiba: Pelanca. Coisa ruim ou feia. 29
  • 31. n Nanã: Divindade da vida e da morte. Negreiros ou tumbeiros: Navios que traziam os escravizados amontoados e acorrentados em porões. Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga Levantai-vos heróis do Novo Mundo! Andrada! Arranca esse pendão dos ares! Colombo! Fecha a porta de teus mares! O Navio Negreiro - Castro Alves Nenê ou neném: Criança de colo. Nana neném. Neném não quer dormir. Nana neném que o papão já vem aí! Acalanto popular 30
  • 32. Odara: Bom. Bonito. Deixe eu dançar pro meu corpo ficar odara. Minha cara, minha cuca ficar odara... Odara - Caetano Veloso Ogum: Divindade do ferro e senhor da guerra. Omolu: Divindade da cura e das doenças. o Ori: Cabeça humana, sede do saber e do espírito, na tradição dos orixás. Orixás: Divindades ligadas aos elementos e às forças da natureza. Oxalá ou Obatalá: Divindade da criação, pai de todos os orixás. Oxóssi: Divindade da caça. Oxum: Divindade vaidosa e faceira dos rios, fontes e cachoeiras. Oxumaré: Divindade do saber, o arco-íris ou serpente encarregada de transportar água para as nuvens. 31
  • 33. p Patota: Turma. Grupo. Peji: Altar. Pirão: Papa grossa de farinha de mandioca. Puíta: Tambor vibrador, semelhante à cuíca brasileira. 32
  • 34. Quenga: Guisado de quiabo com galinha. Mulher prostituída. Quengo: Cabeça. Quequerequê: O canto do galo, cocoricar. Quiabo: Planta. Fruto do quiabeiro. Quibebe: Comida feita com abóbora. q Quibungo: Bicho-papão, monstro com um buraco no meio das costas, que se abre quando ele se abaixa para comer as crianças que encontra no meio do caminho. Minha mãezinha... Acudi-me depressa, Quibungo tererê, Quibungo quer me comer. A Menina e o Quibungo - João da Silva Campos Quilombos: Comunidades organizadas por negros escravizados que se rebelavam contra o cativeiro. Atualmente, são sítios tombados e preservados pelo Patrimônio Histórico Nacional, habitados por remanescentes desses antigos refúgios. Os quilombolas, cantando, desafiavam os inimigos. Folga, nego, branco não vem cá. Se vié, pau há de levá. 33
  • 35. Quilombola: Habitante de Quilombos. Quimbanda: Curandeiro e adivinho. Quimbundo: Um dos idiomas falados em Angola. Quindim: Doce feito de gema de ovo, coco e açúcar. Quitanda: Venda. Quitute: Comida gostosa. Quizomba: Dança, festa, alegria. Tema de um enredo da Escola de Samba de Vila Isabel em 1988. Valeu, Zumbi, o grito forte dos Palmares. Que correu terras, céus e mares, Influenciando a abolição. Zumbi, valeu, hoje a vila é Quizomba. É batuque, canto e dança, jongo e maracatu. Vem, menininha, Pra dançar o caxambu. Quizomba, Festa da Raça. Rodolfo, Jonas e Luiz Carlos da Vila 34
  • 36. r Ranzinza: Rabugento. Teimoso. Reco-reco: Instrumento de percussão no qual o músico esfrega com uma vareta as aberturas feitas em um gomo de bambu ou numa peça de madeira. Ritumba: Tambor. No Pará, há uma dança de São Benedito chamada retumbão. 35
  • 37. s Saravá: Saudação. Sacana: Patife. Sem-vergonha. Samba: Do "semba", dança de umbigada ou de peitada praticada em algumas regiões da África. Considera-se que o primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida, em 1916: O chefe da folia pelo telefone manda me avisar Que com alegria não se questione para se brincar. Saravá, meu pai, vem me benzer! Já pedi ao meu pai-de-santo pra quebrar o meu encanto. Senzala: Moradias apertadas, sem janelas, onde os escravizados dormiam trancados. Ô, ô, ô, ô liberdade, senhor... Passava a noite, vinha o dia. O sangue do negro corria, dia a dia. De lamento em lamento, de agonia em agonia. Ele pedia o fim da tirania. Heróis da Liberdade - Império Serrano - 1969 Mano Décio, Manoel Ferreira e Silas de Oliveira Sunga: Calção. 36
  • 38. Tanga: Roupa. Tantã: Tambor. Tipóia: Rede usada como transporte. Tecido para descansar o braço ou a mão. Titica: Excremento de aves. Tribufu: Feioso ou feiosa. Tunda: Dar uma surra em alguém. Tutu: Feijão cozido e refogado, reforçado com farinha. Bicho- papão, nos contos populares. t Tutu-marambá, não venha mais cá... Acalanto popular 37
  • 39. u Umbanda: Sistema de práticas divinatórias afro- brasileiras com elementos do espiritismo e do catolicismo. Ungui: Tutu de feijão, em Minas Gerais. Urucubaca: Azar, má sorte. 38
  • 40. v Vatapá: Um tipo de pirão da culinária afro-brasileira, à base de peixes e camarões. Vissungos: Canções de trabalho outrora ouvidas nos serviços de mineração e, hoje em dia, em algumas comunidades remanescentes de quilombos no interior de Minas Gerais. Caracará fura boi é pru falta de aribu, caracará...fura boi, ou boi ou cavalo é pru falta de aribu... Cantiga de garimpo mineiro para secar água 39
  • 41. x Xangô: Divindade dos raios, dos trovões e da justiça. Tem como símbolo um machado de dois gumes. Xilofone: Instrumento musical de teclas de madeira. Marimba. Xingar: Ofender. Xinxim: Guisado de galinha, com azeite-de-dendê, que ainda leva camarões secos, amendoins e castanhas de caju moídos. Xodó: Amor. Que falta eu sinto de um bem Que falta me faz um xodó Mas como eu não tenho ninguém Eu levo a vida assim tão só Eu Só Quero um Xodó - Anastácia e Dominguinhos 40
  • 42. Zabumba: Bombo. Tambor. Zambi: Divindade suprema dos povos bantos. Dos santos do céu Zambi é o maior Eh! É com Nossa Senhora! Cântico de macumba Zanga: Pirraça. Antipatia. Ziquizira: Doença. Mal-estar. Zonzo: Estonteado. Zumbi: Espírito que vagueia entre as sombras. Último líder do Quilombo dos Palmares. No dia 20 de novembro, data de sua morte, comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. z Zunzum: Boato. 41
  • 43. Bibliografia ALVES, Castro. Os Escravos (texto integral). São Paulo: Martin Claret, 2003. ANDRADE, Mário. Danças Dramáticas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982. BANDEIRA, Manoel. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. BOPP, Raul. Poemas Negros. Rio de Janeiro: Ariel, 1936. CARNEIRO, Edson. Religiões Negras e Negros Bantos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981. CASCUDO, Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1962. CASCUDO, Câmara. Locuções Tradicionais do Brasil. São Paulo: Global, 2004. CASTRO, Yeda Pessoa. Falares Africanos na Bahia. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001. CASTRO, Yeda Pessoa. Estação da Luz da Nossa Língua. Línguas Africanas. Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2005. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992. FILHO, Aires da Mata Machado. O Negro e o Garimpo em Minas Gerais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. FILHO, Melo Morais. Festas e Tradições no Brasil. Rio de Janeiro: Garnier, 1946. FONSECA JR., Eduardo. Dicionário Yorubá-Português. Rio de Janeiro: Sociedade Yorubana Teológica de Cultura Afro-Brasileira, 1983. 42
  • 44. GUENNEC, le Grégoire. Dicionário Português-Umbundu. Luanda: Orgal, 1972. LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1996. LOPES, Nei. Sambeabá – O Samba que Não se Aprende na Escola. Rio de Janeiro: Folha Seca, 2003. LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. MAGALHÃES, Basílio de. O Folclore no Brasil (organização de João da Silva Campos). Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1939. MAIOR, Mário Souto. Alimentação e Folclore. Rio de Janeiro: Funarte, 1988. MENDONÇA, Renato. A Influência Africana no Português do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. NAVARRO, Fred. Dicionário do Nordeste. São Paulo: Estação Liberdade, 2004. RAMOS, Arthur. O Folclore Negro do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1935. RAMOS, Arthur. As Culturas Negras no Novo Mundo. São Paulo: Nacional, 1979. RODRIGUES, Nina. Os Africanos no Brasil. São Paulo: Nacional, 1977. SALLES, Vicente. Vocabulário Crioulo (Contribuição do Negro no Falar Regional Amazônico). Belém: IAP, 2005. TRINDADE, Solano. Tem Gente com Fome e Outros Poemas. Rio de Janeiro: DGIO – Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 1988. 43