3. - Progressos técnicos
- Progressos agrícolas
- Desenvolvimento dos transportes
- Melhoria no clima.
Contribuíram para o renascimento económico
europeu dos séculos XII e XIII.
Este ressurgimento traduziu-se num
reaparecimento do comércio e das cidades e
num grande aumento da população.
4. A partir do século XI verificaram-se, na Europa, alguns
progressos nos instrumentos e nas técnicas agrícolas.
- Instrumentos de ferro (charrua)
- O afolhamento trienal: para evitar o cansaço da terra.
- Técnicas de irrigação: construção de canais de rega e utilização
da nora.
- Adubação da terra com estrume animal.
- Novas forças motrizes: moinho de vento e divulgação do moinho
de água.
- Arroteias florestais e a drenagem de pântanos possibilitaram o
aumento das áreas cultiváveis.
Os progressos técnicos e a melhoria climática verificados a partir
do século XI possibilitaram o aumento da produção agrícola.
A melhoria agrícola contribuiu para a diminuição das fomes e para
melhores condições de vida do mundo rural.
5. Transportes terrestres
- Utilização da ferradura nos animais de tração (cavalo, boi...).
- Sistema de atrelagem em fila.
Transportes marítimos
- Uso da bússola.
- Leme de cadaste (fixo à popa).
- Vela triangular.
- Cartas de navegação (portulanos).
- Astrolábio.
Os progressos verificados na produção agrícola e nos
transportes estimularam a reanimação da atividade comercial.
Este dinamismo do comércio também beneficiou com o clima de
relativa paz na Europa (fim das invasões bárbaras) e consequente
maior segurança nas deslocações.
6. O crescimento da produção possibilitou uma melhoria
alimentar que se refletiu na diminuição das fomes e das
epidemias.
A taxa de mortalidade diminuiu, sobretudo a taxa de
mortalidade infantil, conduzindo a um crescimento
demográfico.
A produção de excedentes possibilitou a melhoria das
condições de vida das populações.
Por sua vez, o crescimento demográfico também foi um
fator de incremento da produção agrícola, pois provocou a
necessidade de produção de maior quantidade de bens.
7. Entre os séculos XI e XIII, o crescimento demográfico
impulsionou o desenvolvimento de movimentos de
expansão colonização de novos espaços.
As margens do mar Báltico, a Escandinávia e as
regiões eslavas da Polónia e da Rússia, a leste do rio
Elba, foram as principais zonas de colonização.
A ocupação destes novos espaços teve motivações
essencialmente económicas.
A procura de novas terras para cultivo constituiu o
principal motor destes movimentos de colonização.
8. Entre os séculos XI e XIII também se desenvolveram as Cruzadas,
movimento de carácter militar e religioso.
Este movimento impulsionado pelos reinos cristãos da Europa, tinha
como principais objetivos:
- Libertar a Palestina do domínio dos Turcos
- Reconquistar a Península Ibérica aos muçulmanos (Foi neste
movimento que D. Henrique chegou ao Condado Portucalense).
As Cruzadas contribuíram para uma reabertura da Europa ao
comércio internacional. Os contactos entre Oriente e Ocidente
reacenderam-se, desenvolvendo-se trocas comerciais entre o
Mediterrâneo oriental e ocidental.
Apelo do Papa Urbano II à luta contra os pagãos
É urgente ajudar os nossos irmãos do Oriente. Os Turcos e os Árabes
atacaram-nos (...). É por isso que vos peço e exorto - aos pobres como
aos ricos - que acorrais em ajuda dos peregrinos de Cristo. Aos que
forem e perderam a vida durante a viagem ou na luta contra os pagãos,
os seus pecados serão perdoados nessa hora, pelo poder que Deus me
concedeu.
Foucher de Chartes, História de Jerusalém
9. Para a reanimação comercial contribuiu não só o clima de paz, a produção de excedentes,
os progressos nos transportes terrestres e marítimos, mas também a reabertura da
Europa com a reativação das rotas comerciais mediterrânicas, entre Oriente e Ocidente.
Os principais locais de animação comercial eram os portos, as feiras e os mercados.
As feiras tinham geralmente uma periodicidade anual.
Os mercados tinham um carácter mais local e realizavam-se com bastante frequência,
estando ligados, sobretudo, ao desenvolvimento do comércio interno.
Estes locais de comércio constituíam uma fonte de rendimento fiscal para os reis, embora
também tivessem sido criadas as chamadas feiras francas ou seja, isentas de impostos,
como forma de atrair mais mercadores.
No caso de Portugal, a criação de feiras foi promovida pelos reis D. Afonso III e D. Dinis,
através da atribuição de Cartas de Feira a determinadas localidades. Bem perto de nós
realiza-se anualmente a Feira de S. Mateus que se iniciou na Idade Média como sendo
uma feira franca.
As feiras da Champanha (França) foram as principais feiras da Europa desta época. Estas
situavam-se na confluência das rotas terrestres e fluviais que ligavam o Norte da Itália à
Flandres e o Ocidente às regiões ricas a leste do Reno e serviam de pontos de encontro de
mercadores das mais variadas regiões da Europa.
10. A reanimação comercial esteve ligada ao crescimento das cidades e ao
nascimento de um novo grupo social: a burguesia.
A afluência de comerciantes, artífices, camponeses e estrangeiros aos núcleos
urbanos provocou o crescimento populacional das cidades. Estas viram-se
obrigadas a aumentar a sua área habitacional para além das suas muralhas.
Novos habitantes instalavam-se do lado de fora das muralhas, fundando
burgos novos. Estes locais eram as zonas preferidas dos burgueses para aí
estabelecer os seus negócios e oficinas.
Rapidamente, também estes aglomerados cresceram motivando a construção
de uma nova muralha, no perímetro exterior ao da primitiva muralha.
Outros fatores que contribuíram para a animação da vida das cidades foram a
realização de feiras, associadas, geralmente, à organização de festas religiosas
e às peregrinações a locais considerados "santos" como Roma, Terra Santa e
Santiago de Compostela.
A renovação urbana foi também acompanhada do embelezamento das cidades
e da construção de catedrais.
11. Na Idade Média, a sociedade era
acentuadamente hierarquizada.
Caracterizava-se pela oposição entre as
estruturas feudais e as instituições concelhias
e urbanas.
O poder régio funcionou, a princípio, como
moderador e aproveitou-se destas
circunstâncias para se fortalecer.
12. À semelhança das sociedades europeias, também a
sociedade portuguesa medieval era uma sociedade
senhorial, dividida em grupos privilegiados e não
privilegiados. Encontrava-se hierarquizada em
ordens: clero, nobreza e povo.
A nobreza e o clero receberam doações régias de
grandes propriedades e benefícios, que constituíram
em senhorios laicos (ou honras) e senhorios
eclesiásticos (ou coutos).
Estas doações eram feitas como reconhecimento
pelos serviços prestados no período da Reconquista.
13. O clero recebeu ainda doações de particulares.
Senhorios laicos e senhorios eclesiásticos
beneficiavam dos serviços gratuitos (jeiras e jugadas)
e rendas dos colonos, vilãos ou malados e dos
serviços dos servos da gleba.
Os senhorios eclesiásticos gozavam também do foro
eclesiástico, ou seja, de tribunais próprios, isenções
fiscais, direito de asilo e direito de cobrança de
impostos (dízimos).
Os reguengos eram as terras pertencentes ao rei.
14. Os concelhos foram criados através da atribuição de
cartas de foral pelo rei a determinadas localidades.
Naqueles documentos encontravam-se definidos os
direitos e obrigações dos vizinhos (habitantes do
concelho).
Na Carta de Foral estabelecia-se também a organização
administrativa do concelho.
Foral de Lisboa
Os moradores de Lisboa que tiverem pão, vinho, figos ou
azeite em Santarém ou noutros lugares e os trouxerem
para Lisboa para seu consumo não devem portagem por
esses géneros (...).
Os meus homens nobres e os freires ou hospitalários e os
mosteiros paguem tributo à vila assim como os outros
cavaleiros de Lisboa.
Do Foral concedido por D. Afonso Henriques, em 1170
15. Na organização social concelhia havia homens-bons,
vilãos e peões.
Os homens-bons do concelho, ou cavaleiros-vilãos,
provinham do grupo dos proprietários mais ricos.
Os vilãos eram os pequenos proprietários e os peões
eram os rendeiros.
Havia ainda os jornaleiros e os servos.
Os homens-bons do concelho elegiam uma
Assembleia de Magistrados que administrava o
concelho segundo uma feição "democrática".
Apesar de o rei ter um seu representante no concelho
(alcaide), as comunidades possuíam uma certa
autonomia e não dependiam de um senhor nobre ou
eclesiástico.
16. A reanimação do comércio e das cidades conduziu a uma diminuição
do poder dos senhores feudais.
De facto, de um modo geral, a burguesia apoiava o rei, procurando
obter deste apoios para o seu desenvolvimento comercial.
Por sua vez, os reis aproveitaram o apoio dos burgueses para
enfraquecer o poder dos senhores feudais.
Este conjunto de circunstâncias contribuiu para o desenvolvimento de
um movimento de centralização do poder real.
Em Portugal, alguns reis da 1 ª dinastia tomaram um conjunto de
medidas no sentido de limitar o poder do clero e da nobreza e de
fortalecer o seu próprio poder: realização de inquirições; publicação
das leis de desamortização; organização da administração do reino
segundo uma hierarquia de cargos político-administrativos; adoção de
uma política de conquistas com o objetivo de aumentar os domínios
régios.
No entanto, os reis reuniam periodicamente Cortes, a fim de obterem
o consentimento das ordens sociais para a tomada de decisões
importantes, como a quebra da moeda, decisão da paz e da guerra...
As Cortes significavam, portanto, alguma limitação do poder real.
17. O ressurgimento económico do século XIII
também se verificou em Portugal.
Lisboa adquiriu, gradualmente, maior
importância, como ponto de ligação das rotas
marítimas do comércio europeu, entre o
Mediterrâneo e o Norte da Europa.
18. A partir do século XII, a Europa reabriu-se ao
comércio internacional, através de uma rede de rotas
comerciais marítimas, terrestres e fluviais que
confluíam em vários pontos da Europa.
Para o desenvolvimento dessas rotas, contribuiu a
afirmação, no século XIII, em determinadas regiões da
Europa, de algumas cidades que se tornaram
importantes centros de trocas comerciais.
As principais foram: as cidades-feiras da Champanha
(na França); as cidades do Norte da Itália, como
Génova, Florença, Pisa, Milão e Veneza; as cidades da
Flandres, como Bruges; e as cidades alemãs
associadas na Liga Hanseática.
19. A reanimação comercial do século XIII foi acompanhada do
desenvolvimento de novas técnicas comerciais e de novos
meios de pagamento.
O cálculo e a contabilidade, as letras de câmbio e os
cheques foram alguns dos novos instrumentos que
contribuíram para o desenvolvimento comercial deste
período.
Surgiram também as primeiras companhias comerciais, as
bolsas de mercadores e os cambistas. Estes últimos viriam
a tornar-se banqueiros quando passaram a receber
depósitos, transferir dinheiro e conceder empréstimos a
juros.
20. Com o fim da Reconquista, Portugal iniciou um período de
desenvolvimento agrícola, florestal e comercial.
D. Dinis mandou secar pântanos, plantar o pinhal de Leiria, concedeu
cartas de feira a algumas localidades, fundou a Bolsa de Mercadores e
organizou a defesa da costa portuguesa contra as incursões dos
piratas.
As principais exportações portuguesas, nos séculos XII e XIII, eram
produtos agrícolas, como azeite, mel, vinho, frutos secos e cortiça.
O sal era um dos produtos com maior importância no comércio
externo português.
Em troca dos produtos exportados, Portugal importava cereais,
metais, madeiras, especiarias e artigos de luxo, provenientes da
Europa, Norte de África e Próximo Oriente.
Ao longo do século XIV, apesar da crise geral europeia, o dinamismo
comercial português continuou a desenvolver-se. D. Afonso IV
realizou um tratado de comércio com a Inglaterra e D. Fernando
fundou a Companhia das Naus.
21. Neste período de ressurgimento económico, Lisboa
tornou-se numa importante e cosmopolita cidade.
Servia de porto de escala e de intercâmbio na passagem
das rotas que ligavam regiões mediterrâneas ao Norte da
Europa, contornando a Península Ibérica pelo Atlântico.
Essas rotas ligavam o Mediterrâneo Oriental, a Itália, o Sul
de Espanha e o Norte de África com a França, a Inglaterra
a Flandres e o mar Báltico.
A privilegiada situação geográfica de Lisboa, bem como do
seu porto, situado na foz do rio Tejo, contribuíram para o
seu florescimento comercial.
Muitos mercadores estrangeiros, das mais variadas
regiões da Europa, afluíam a Lisboa.
Muitos chegavam mesmo a fixar os seus negócios nesta
cidade.
Também de Lisboa partiam mercadores portugueses,
sobretudo rumo ao Norte da Europa, para transacionarem
os seus produtos.
22. D 2 A cultura portuguesa face aos modelos
europeus
23. A cultura reflete a forma de pensar e de sentir
de uma sociedade num determinado tempo e
num determinado espaço.
A condição social das pessoas e as suas
possibilidades económicas influenciam a
cultura.
Temos vários tipos de cultura:
- Cultura monástica
- Cultura cortesã
- Cultura popular
24. Desenvolveu-se nos mosteiros, igrejas e catedrais.
Nesta época, estes locais eram grandes centros de
cultura com importantes bibliotecas e obras de arte
onde os monges copistas se dedicavam à produção
de livros e ao ensino.
Também desenvolveram a música sacra e o canto
gregoriano.
Podemos dizer que o controlo da sabedoria, na
época, estava nestes locais e nas mãos dos religiosos.
Em Portugal destacamos dois locais de grande cultura
monástica: os mosteiros de Alcobaça e de Santa Cruz
de Coimbra.
25. Nos grandes palácios e castelos, o rei e os nobres
organizavam grandes saraus culturais.
Assistiam-se a peças de teatro ou a espetáculos
de jograis onde se cantava e recitava poesia para
além de se lerem romances de cavalaria..
Mas também se organizavam atividades ao ar
livre como caçadas e torneios.
Em Portugal os reis D. Sancho I e D. Dinis
desenvolveram muito a cultura cortesã, sendo
eles próprios também poetas trovadores.
26. Esta forma de cultura estava ligada ao
divertimento e à religião.
Bailes, festas e romarias, procissões, danças e
malabarismos, eram formas de cultura popular.
Estas formas de cultura aproveitavam festas
religiosas ou feiras francas para se manifestarem.
A cultura popular alimentava-se ainda de lendas
e contos que passavam de boca em boca por via
oral.
27. O clero, devido ao seu cada vez maior poder, encheu-se
de vícios e abandonou os princípios defendidos por
Cristo.
As ordens religiosas mendicantes pretendiam que os
membros do clero vivessem na pobreza e na simplicidade
como viveu Jesus.
- Os Franciscanos – fundada por São Francisco de Assis.
- Dominicanos – fundada por São Domingos de Gusmão.
Negavam os bens materiais e viviam de esmolas.
Pregavam, ensinavam e prestavam assistência aos pobres
e doentes.
Fixavam-se nas cidades onde havia mais miséria.
28. Nas cidades mais importantes da Europa surgiram, no
século XII, associações de estudantes e professores que
deram origem às primeiras universidades.
Estas instituições eram apoiadas pela Igreja e pelos reis
porque se revelaram bastante úteis na formação de altos
funcionários públicos ou homens de leis, por exemplo.
As universidades contribuíram para a internacionalização
da cultura porque recebiam estudantes de todos os lados.
Em Portugal a universidade foi fundada em Lisboa pelo rei
D. Dinis (1290). Em 1309 a universidade foi transferida
para Coimbra, tornando-se uma das universidades mais
antigas da Europa.
29. Principais características:
- A utilização de elementos de influência romana
como o arco de volta perfeita, a abóbada de berço
e a planta basilical.
- Janelas pequenas retirando luminosidade ao
interior.
- Paredes grossas com contrafortes pelo lado de
fora.
- Tímpanos, arquivoltas, colunas e capitéis com
esculturas de motivos geométricos ou com cenas
da Bíblia.
30. Os edifícios românicos tinham um aspeto
robusto parecendo umas fortalezas.
Este aspeto defensivo relacionava-se com o facto
da Europa ter vivido um período de invasões.
A decoração dos edifícios e dos espaços era
muito rica em cenas religiosas ou episódios da
vida quotidiana.
A decoração era como um livro que as pessoas
que não sabiam ler podiam interpretar.
31. Esta forma de arte surgiu numa época de paz
onde já não havia grandes preocupações com a
defesa ou a segurança.
Reis, nobres e cidades empenharam-se em
construir catedrais magníficas.
As cidades rivalizavam entre si porque cada uma
delas pretendia construir a catedral mais alta
para estar mais “perto do céu”.
Para além das catedrais também foram
construídos imponentes castelos.
32. Principais características:
- Impressão de verticalidade das construções que
atingem grandes alturas e terminam em pináculos.
- Utilização de arcos quebrados nos portais.
- Utilização de abóbada de cruzamento de ogivas
que distribuem o peso por colunas, arcobotantes e
contrafortes, permitindo a abertura de janelões e
rosáceas com vitrais para iluminar melhor o
interior.
- Utilização de colunas mais finas, tornando os
interiores mais amplos.
33. Novo Clube de História 7, (parte 2),Pedro
Almiro Neves, Porto Editora
Missão: História, (7 º ano), Cláudia Amaral,
Eliseu Alves e outros, Porto Editora.