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SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
       E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – SEMADS

FUNDAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DE RIOS E LAGOAS - SERLA




ENCHENTES NO ESTADO
  DO RIO DE JANEIRO
                Aborda
                     dag   Geral
            Uma Abor dagem Geral




Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ de Cooperação Técnica Brasil – Alemanha

                             Agosto de 2001
SEMADS - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
           Palácio Guanabara – Prédio Anexo – sala 210
           Rua Pinheiro Machado s/no – Laranjeiras
           22.238-900 – Rio de Janeiro – RJ
           Tel: 21-2299-5290 – Fax: 21-2299-5285
           e-mail comunicacao@semads.rj.gov.br

S E R L A - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas
           Campo de São Cristóvão, 138/3º andar – S. Cristóvão
           20921-440 – Rio de Janeiro – RJ
           Tel: 21-2580-7218/0998
           e-mail serla@serla.rj.gov.br


2
APRESENTAÇÃO



       Águas pluviais, tão necessárias a sobrevivência humana e fundamental para o
equilíbrio dos ecossistemas com os quais interagimos são, muitas vezes, entregues
pela natureza com o rigor dos eventos naturais extremos, isto é, pela ocorrência de
estiagens prolongadas, onde a escassez é o fator relevante, ou pelas enchentes,
onde a abundância das águas concentradas no tempo e no espaço, gera
desconfortos, preocupações, prejuízos e, eventualmente, perda de vidas humanas.

      Controlar as enchentes e diminuir seu poder muitas vezes devastador sobre
os bens públicos e privados, assegurar a integridade física e garantir o bem estar
do cidadão, é dever constitucional das autoridades estabelecidas, embora haja
necessidade de estreita colaboração e envolvimento da própria sociedade.

      O avanço da ocupação territorial sobre áreas historicamente sujeitas a
inundação, a descaracterização da mata ciliar, o desmatamento desenfreado, o
descarte irresponsável dos resíduos domiciliares sobre as encostas e nos cursos
de água, a impermeabilização dos terrenos, as obras locais de caráter imediatista e
outras ações que por dezenas de anos foram praticadas pelo homem em nome do
desenvolvimento, hoje se tornam fatores agravantes na formação das enchentes.

      O presente relatório, fruto de um amplo trabalho de pesquisa no âmbito do
projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, reúne uma série de esclarecimentos sobre esses
eventos naturais, inclui uma abordagem especial para a situação no Estado do Rio
de Janeiro, ressalta a necessidade da adoção da área da bacia hidrográfica como
unidade territorial de gestão, bem como, apresenta novos conceitos para o controle
das enchentes e redução dos riscos de inundação e os conseqüentes prejuízos.

      O objetivo principal do trabalho é abrir discussões sobre o tema, de forma a
permitir a reavaliação e reflexão sobre os procedimentos e critérios usualmente
empregados e análise de medidas alternativas e complementares no controle das
enchentes.




                Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
                     Desenvolvimento Sustentável

                                                                                  3
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme decreto n o 1.825 de 20 de dezembro de
1907.




    C 837
            Costa, Helder
            Enchentes no Estado do Rio de Janeiro – Uma Abordagem Geral /
            Helder Costa, Wilfried Teuber.
            Rio de Janeiro: SEMADS 2001
                 160p.: il.
                 ISBN 85-87206-08-7
                 Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, Projeto PLANÁGUA-
             SEMADS/GTZ
                 Inclui Bibliografia.
                 1. Recursos Hídricos. 2.Cheias. 3. Saneamento Ambiental.
            I. PLANÁGUA. II Título. III. Rio de Janeiro (Estado). IV. SERLA
                                                                  CDD 627.4




Capa
Publicidade 2001


Foto da Capa: Enchente em Itaperuna / Rio Muriaé - Janeiro 1997
Antônio Cruz


Diagramação
Cláudio Alecrim


Editoração
Jackeline Motta dos Santos
Raul Lardosa Rebelo




Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ

O Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, de Cooperação Técnica
Brasil – Alemanha, vem apoiando o Estado do Rio de Janeiro no
gerenciamento de recursos hídricos com enfoque na proteção de
ecossistemas aquáticos.

Coordenadores: Antônio da Hora, Subsecretário Adjunto de Meio Ambiente SEMADS
               Wilfried Teuber, Planco Consulting / GTZ

Campo de São Cristóvão, 138/315
20.921-440 Rio de Janeiro - Brasil
Tel/Fax [0055] (21) 2580-0198
E-mail: serla@montreal.com.br

4
Coordenação

Helder Costa                       Consultor do Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ


Wilfried Teuber                    Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ


Colaboração
Alan Carlos Vieira Vargas              SERLA
Antonio Ferreira da Hora               Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
                                       Desenvolvimento Sustentável - Semads
Capitão Ivan Vieira da Silva           Secretaria de Defesa Civil
                                       Município do Rio de Janeiro
Cláudio Alecrim                        Consultor de diagramação
David Pacheco                          Faculdade de Cinema
                                       Universidade Federal Fluminense - UFF
Durval Alves Mello Neto                Rio-Águas, Município do Rio de Janeiro
Eliane Pinto Barbosa                   SERLA
Eny Gomes de Lannes                    SERLA
Eugenio Enrique Monteiro               Rio-Águas, Município do Rio de Janeiro
Fernando Riker Branco                  SERLA
Ignez Muchelin Selles                  SERLA
Jackeline Motta dos Santos             Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ
Joana Araújo                           Faculdade de Cinema
                                       Universidade Federal Fluminense - UFF
Jorge Paes Rios                        SERLA
Leila Heizer Santos                    SERLA
Lígia Maria Nascimento de Araújo       Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
                                       CPRM
Lúcio Bandeira                         Secretaria de Estado de Saneamento e
                                       Recursos Hídricos
Major Djalma Antonio Filho             Secretaria de Estado de Defesa Civil
Marlene Leal de Almeida Souza          Instituto Nacional de Meteorologia - INMET
Mônica da Hora                         SERLA
Nelson Martins Paez                    Geo-Rio, Município do Rio de Janeiro
Paulo Carneiro                         Laboratório de Hidrologia - COOPE / URFJ
Paulo Roberto Moreira Goulart          Secretaria de Estado de Defesa Civil
Rachel Saldanha de Alencar             Fundação Centro de informações do Estado do
                                       Rio de Janeiro - CIDE
Raul Lardosa Rebelo                    Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ
Rodrigo Raposo de Almeida              Projeto Managé
                                       Universidade Federal Fluminense - UFF
Rogério Luiz Feijor                    Geo-Rio, Município do Rio de Janeiro
Rosana Fânzeres Caminha                Secretaria de Estado de Saneamento e
                                       Recursos Hídricos
Sérgio Ayres Bloise                    SERLA
Silvio Torres                          SERLA
Tenente Arruda                         Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN
Thiago Soares Rodrigues                Estagiário
Valdo da Silva Marques                 Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
                                       SIMERJ
Valdemar Guimarães                     Agência Nacional de Águas - ANA
                                                          das Águas - ANA
Walter Binder                          Departamento Estadual de Recursos Hídricos
                                       Baviera/Alemanha
Vanderlei de Souza Napoleão            SERLA

                                                                                      5
RESUMO



     É secular o problema de enchentes no Estado do Rio de Janeiro, fenômeno natural
condicionado a fatores climáticos, principalmente às chuvas intensas de verão, cujos
efeitos são agravados pelas características do relevo: rios e córregos com forte declividade
drenando bruscamente das serras para as baixadas, quase ao nível do mar. A ocupação
dessas baixadas, áreas naturais de retenção das águas, pântanos e brejos, só foi possível
mediante grandes obras de drenagem e de diques de proteção.

     O principal objetivo dessas intervenções, a exemplo das obras de retificação e
canalização, era, como em todo mundo, direcionar e conduzir as águas das enchentes o
mais rápido possível rio abaixo, esperando assim, dominar os desafios da natureza.

     Sabe-se hoje que essas obras, embora proporcionem grandes melhorias locais em
épocas de enchentes mais freqüentes, muitas vezes transferem o problema para jusante
e agravam significativamente a situação das enchentes excepcionais. Outros fatores
antrópicos, como o desmatamento em grande escala, a urbanização e as atividades que
reduzem as áreas naturais de retenção, inclusive áreas de inundação, aumentaram
consideravelmente os volumes e os picos das cheias.

     Nas enchentes recentes podemos observar um crescimento dos prejuízos, resultado
da ocupação sempre mais progressiva de áreas naturais de inundação, e pela falta de
conscientização da população relativa aos riscos envolvidos.

     Para tentar reverter esse quadro, é importante avaliar e adaptar novas estratégias
no controle de enchentes já em andamento em outros países. Nessas novas concepções
os interesses locais de proteger a própria área devem ser harmonizados aos interesses
de toda a bacia, incluindo a proteção de toda a população, considerando os aspectos
sociais e econômicos, o ecossistema e as necessidades do próprio rio. Somente medidas
em harmonia com a natureza, e não contra ela, terão sucesso.

     Ou seja, em lugar de direcionar e acelerar as águas das enchentes rio abaixo, deve-
se restabelecer o quanto possível a retenção natural já nas cabeceiras, nas matas, nas
áreas ribeirinhas e conservar as áreas de inundação ainda existentes. É impossível evitar
as enchentes excepcionais, porém, é possível conter o agravamento contínuo das mesmas
e reduzir os prejuízos. Precisamos aprender a conviver com o fenômeno. Precisamos
divulgar medidas preventivas e conscientizar a população sobre os riscos aos quais está
exposta.

     Não urbanizar áreas de inundação é o melhor e economicamente mais viável método
para evitar e reduzir os riscos e prejuízos de enchentes.



6
Somente ações solidárias envolvendo a sociedade, os órgãos públicos do estado e
dos municípios, somados com a responsabilidade individual de cada cidadão por toda a
unidade territorial da bacia hidrográfica, podem produzir resultados positivos concretos.

     A legislação federal e estadual sobre a gestão de recursos hídricos, estabelece
condições para a integração das ações em todas as bacias hidrográficas do Estado do Rio
de Janeiro, com a participação da sociedade civil.

     O objetivo dessa publicação é informar e conscientizar a sociedade sobre o fenômeno
das enchentes, especialmente na área de planejamento regional urbano e rural, e sobre
os aspectos naturais e antrópicos das enchentes. Decisões sobre o uso do solo em áreas
de risco, caso as necessidades do rio e da natureza forem negligenciadas, podem acarretar
sérios problemas a proteção da população e aumentar os prejuízos decorrentes.




                                                                                       7
ENCHENTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
                                               UMA ABORDAGEM GERAL




Enchentes – Considerações Gerais................................................................................                               10


Causas Naturais das Enchentes......................................................................................                            13


Ciclo Hidrológico.....................................................................................................................         14
Chuvas......................................................................................................................................   19
Características das Chuvas no Estado do Rio de Janeiro................................................ 22
Escoamentos das Águas de Chuva......................................................................................                           29


Formação das Enchentes..................................................................................................                       35


Bacia Hidrográfica..................................................................................................................           37
Tempo de Concentração........................................................................................................                  37
Geometria das Bacias............................................................................................................               38
Tipo de Solo e Cobertura Vegetal.........................................................................................                      38
Relevo e Declividades............................................................................................................              40
Densidade de Drenagem.......................................................................................................                   41
Superposição de Hidrogramas.............................................................................................                       41
Características Gerais das Bacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro............. 43


Fatores Agravantes das Enchentes................................................................................                               49


Redução da Capacidade de Retenção Natural..................................................................                                    50
Obras de Macrodrenagem.....................................................................................................                    56
Obstáculos Artificiais aos Escoamentos Superficiais........................................................                                    62


8
Enchentes no Estado do Rio de Janeiro.......................................................................                             71


Início da Ocupação do Solo...................................................................................................... 72
Enchentes Históricas na Cidade do Rio de Janeiro...........................................................                              79
Principais Obras de Controle de Enchentes........................................................................                        83
Áreas Inundáveis no Estado do Rio de Janeiro................................................................... 94
Sistemas de Alerta.................................................................................................................. 110


Conseqüências das Inundações...................................................................................... 117


Obras de Controle de Enchentes..................................................................................... 126


Medidas Preventivas Complementares.......................................................................... 136


Controle de Enchentes e Engenharia Ambiental – Um Novo Conceito................ 138


Recomendações................................................................................................................... 145


Bibliografia............................................................................................................................. 151


Informações à População.................................................................................................. 153


Projeto PLANÁGUA............................................................................................................. 157




                                                                                                                                           9
necessárias para garantir            até um certo risco e não
      ENCHENTES:                      acessibilidade às novas áreas,       atenderão sua finalidade para
     CONSIDERAÇÕES                    alteram drasticamente os             enchentes decorrentes de
        GERAIS                        padrões de drenagem natural.         chuvas        além     daquelas
                                      Essa dinâmica gera constantes        estabelecidas no projeto. Além
        Enchente            é     o   modificações na configuração         disso,        muitas     vezes,
escoamento superficial das            das     enchentes        e    nas    simplesmente transferem e
águas decorrentes de chuvas           dimensões das áreas sujeitas         agravam o problema de um
fortes. Após suprir a retenção        às inundações.                       local para outro, águas abaixo.
natural da cobertura vegetal,                 Quanto        maior     a             Na    dificuldade    de
saturar os vazios do solo e           transformação e a modificação        direcionar a dinâmica do
preencher as depressões do            da superfície dos terrenos,          crescimento        urbano    nas
terreno, as águas pluviais            tornando-os              menos       grandes cidades, que muitas
buscam        os      caminhos        permeáveis à infiltração das         vezes      desconsidera       as
oferecidos pela drenagem              águas     e     diminuindo      a    funções naturais dos rios e
natural e / ou artificial, fluindo    capacidade       de    retenção      impermeabiliza e ocupa novas
até a capacidade máxima               natural, maior será a parcela        áreas, inclusive aquelas
disponível, no sentido do corpo       contribuinte          para     os    sujeitas a inundações, depara-
de   água     receptor      final.    escoamentos superficiais e           se freqüentemente com a
Dependendo de uma série de            maior a probabilidade de             necessidade de revisão dos
fatores     físicos     e       das   inundações.                          critérios e dados de projeto
proporções das chuvas, tais                   Em geral, não se             para mais intervenções.
limites podem ser superados e         dispõe de programas de                        Obras anteriores já não
os   volumes       excedentes         investimentos direcionados           atendem         os     objetivos
invadem áreas marginais.              para intervenções de controle        previstos. Surge o impasse da
Quando essas áreas são                e amenização dos efeitos das         decisão sobre os limites dos
ocupadas pelo homem, as               inundações, implementados,           riscos possíveis e aceitáveis a
águas entram em conflito              gradativamente, durante o            serem cobertos por novos
direto com suas economias,            crescimento urbano. Pelo             investimentos.
benfeitorias e atividades.            contrário,       quando        as             O confronto do homem
        A enchente é parte            conseqüências das enchentes          com a natureza será em vão,
integrante do ciclo da água na        ordinárias      se     agravam       pois a dinâmica das mutações
natureza e, portanto, trata-se        irremediavelmente, permanece         climatológicas a nível local,
de um fenômeno natural cujas          a     prática    de     grandes      regional e planetário, levam,
conseqüências só trarão danos         investimentos em obras locais,       com relação aos eventos
e prejuízos, à medida em que          conceitualmente superadas e          pluviométricos, à expectativa
seus efeitos interfiram no bem        impactantes.                         do imprevisível.
estar da sociedade.                           Convém ressaltar que                  Conclui-se          que
        A expansão urbana e           tais intervenções podem, a           enchentes não podem ser
as   intervenções       mínimas       princípio, garantir proteção local   evitadas, mas por outro lado, é


10
bem possível reduzir os            mais seguros, assim que os                     Solidário        a    essas
prejuízos ou mesmo torná-los       primeiros indícios de inundação     iniciativas, deve estar o próprio
mínimos. Assim sendo, novos        se manifestarem.                    cidadão,              devidamente
conceitos e práticas devem ser            Tanto maior será o           esclarecido sobre as causas
introduzidas para melhor           prejuízo quanto maior forem os      das enchentes e induzido pelo
convivência com o fenômeno.        bens materiais que o homem          Poder Público a participar
        Enchentes históricas,      mantém nas áreas sujeitas às        e          realizar         pequenas
isto é, aquelas que acarretam      inundações. É importante que        modificações, apesar de
prejuízos significativos à         o cidadão esteja consciente do      modestas, para propiciar maior
sociedade em conseqüência          risco que corre durante chuvas      retenção temporária e/ou
das     inundações,         são    intensas, e que lhe seja dada a     infiltração das águas pluviais
estudadas estatisticamente e       oportunidade        de     tomar    dentro da sua propriedade ou
enquadradas dentro de uma          pequenas providências a partir      do seu empreendimento.
escala de probabilidade que as     de   sistemas       de     alerta              O somatório dessas
caracterizam       segundo    a    eficientes, desenvolvidos e         pequenas                   iniciativas,
freqüência de ocorrência.          implantados        pelo   Poder     certamente representaria um
Apesar de uma        enchente      Público, com o mínimo da            ganho global enorme para a
histórica estar associada a        tecnologia hoje disponível.         sociedade, diminuindo o risco
uma pequena probabilidade de              Medidas de simples           e     os     transtornos           das
ocorrência a cada ano, a           implementação para retenção         inundações.
sociedade       deve       estar   superficial das águas de chuva                 Caberia         ao    Poder
consciente que o mesmo             ou mesmo a manutenção de            Público implementar as etapas
evento pode se manifestar no       áreas livres para infiltração,      do planejamento dentro de
dia seguinte e de novo nos         ainda não fazem parte do            uma ação setorial, integrada a
anos subseqüentes. Portanto,       planejamento da ocupação do         uma política maior, compatível,
medidas preventivas devem          solo pelo homem e, sequer,          por    exemplo,             com     as
ser adotadas para que os           são sugeridas, a nível de           pretensões das novas leis, que
impactos e os prejuízos não        projeto,        pelos     órgãos    instituíram           as     Políticas
tenham        as         mesmas    competentes.                        Nacional (Lei Federal no 9433)
proporções.                               Idéias, sugestões e          e Estadual (Lei Estadual n o
        É comum na cultura         ações fundamentadas na              3239) de Recursos Hídricos.
popular pensar que uma             compreensão dos conceitos                      Dentre os objetivos de
grande inundação levará muito      básicos do ciclo hidrológico,       ambas, está a prevenção e a
tempo    para      que    ocorra   devem ser incorporadas ao           defesa        contra            eventos
novamente. O fato com o            planejamento              global,   hidrológicos críticos de origem
tempo é esquecido, simples         fortalecendo       os     efeitos   natural ou do uso inadequado
providências deixam de ser         esperados         por      obras    dos        recursos          naturais,
tomadas como por exemplo,          estrategicamente projetadas         adotando a bacia hidrográfica
planejar o remanejamento de        no    âmbito        da     bacia    como unidade territorial de
bens materiais para níveis         hidrográfica.                       gestão.


                                                                                                           11
Sob        essa      nova      superior àquelas pequenas           mais econômicas e eficazes.
perspectiva, pelo menos para              sub-bacias que abrigam,                    Os diferentes temas
as bacias ou sub-bacias                   muitas vezes, parte de grandes      desenvolvidos a seguir tem a
hidrográficas ainda menos                 centros urbanos, onde a             pretensão de dotar o cidadão
ocupadas, vislumbra-se a                  questão do controle das             comum, autoridades públicas,
oportunidade de introduzir                enchentes requer soluções de        lideranças     comunitárias,
práticas         e          conceitos     responsabilidade do Poder           estudantes, professores e
contemporâneos                para    o   Público local. Por outro lado, o    políticos interessados, do
controle de enchentes através             referido Plano pode e deve fixar    conhecimento           básico
de     ações            a      serem      diretrizes      gerais      que     necessário     para    melhor
implementadas pelos planos                contemplem a adoção de              compreensão dos principais
de     recursos             hídricos,     novos conceitos e critérios, tais   agentes formadores das
instrumentos das referidas                como, conservar ao máximo a         enchentes, dos fatores físicos
políticas.                                retenção natural das águas de       agravantes, das possíveis
           Iniciativa recente do          chuva e a proibição de              conseqüências envolvidas e
Ministério do Meio Ambiente,              urbanizar áreas sujeitas a          das   grandes      mudanças
através da Secretaria de                  inundações.                         conceituais que devem ser
Recursos Hídricos, na sua                        A recuperação de áreas       introduzidas na gestão e na
missão        institucional          de   para infiltração, o aumento da      prática das intervenções para
promover e divulgar os                    capacidade de retenção,             controlar e amenizar os efeitos
objetivos da Política Nacional            através de soluções pontuais        das mesmas.
de    Recursos              Hídricos,     e regionais, a utilização
constituiu grupo de trabalho              sustentável das águas de
para discutir e elaborar o Plano          chuva e a revitalização dos
Nacional de Prevenção e                   cursos de água, fazem parte
Defesa        Contra         Eventos      de um conjunto de medidas
Hidrológicos           Críticos      de   postas em prática em países
Origem               Natural         ou   como Alemanha, Japão e
Decorrentes              do       Uso     Estados Unidos.
Inadequado dos Recursos                           O risco do colapso de
Naturais. O Plano está inserido           grandes obras como barragens
como meta do Programa                     de laminação de enchentes e
Águas do Brasil (Avança                   diques de contenção, que
Brasil).                                  podem gerar conseqüências
           Plano de tamanha               catastróficas, levaram estes
proporção,              certamente        países a rever a política para o
contemplará as grandes                    setor, em busca de alternativas
bacias hidrográficas de rios              estruturais e não estruturais,
federais e, portanto, com
abrangência significativamente


12
13
CICLO HIDROLÓGICO

       As águas na natureza
se movimentam, circulam e se
transformam no interior das
três unidades principais que
compõe o nosso Planeta, que
são a atmosfera (camada
gasosa que circunda a Terra),
a hidrosfera (águas oceânicas
e continentais) e litosfera
(crosta terrestre).
       A dinâmica de suas
transformações e a circulação
nas   referidas       unidades,
formam um grande, complexo         combinação de outros fatores    superfícies superiores das
e intrínseco ciclo chamado         físicos, o vapor d’água se      construções por ventura
ciclo hidrológico.                 concentra nas camadas mais      existentes (telhados, terraços,
        Por se tratar do ciclo     altas, formando nuvens que se   outros).
representativo do caminho          modelam e se movimentam                O que excede à essa
das águas nos seus diversos        em função do deslocamento       retenção, soma-se àquela
estados físicos (sólido, líquido   das massas de ar (vento).       parcela de chuva que atingiu
e gasoso) não permite,                    Em       determinadas    diretamente     o   solo,    se
claramente, a identificação do     condições físicas, surgem       infiltrando através dos vazios
início do mesmo.                   gotículas de água que se        entre os grãos do solo.
       Pegando uma “carona”        precipitam das nuvens e, sob           A   água     infiltrada
no circuito, no momento em         a ação da força da gravidade,   percola (escoa através dos
que a água evapora dos             formam      a    precipitação   vazios do solo) na direção das
oceanos e da superfície da         pluviométrica, ou seja, a       camadas mais profundas,
terra, passa a integrar o          chuva. As águas de chuva        contribuindo        para      o
conteúdo da atmosfera na           podem ser interceptadas,        abastecimento               dos
forma de umidade (vapor            em parte, pela vegetação        reservatórios subterrâneos
d’água). Dependendo das            (copa das árvores) que cobre    rasos (lençol freático) e
condições climáticas e       da    o   terreno     e/ou   pelas    profundos (aqüíferos).




14
Portanto, pode-se constatar que quanto
                                                 maior for a retenção na cobertura vegetal e a
                                                 infiltração das águas de chuva, menor será o
                                                 volume excedente disponível para o
                                                 escoamento superficial e, a princípio,
                                                 pressupõe-se menor chance de ocorrência de
                                                 enchentes e inundações.
                                                          Deve ficar claro que tudo dependerá da
        Quando a capacidade de infiltração do    quantidade de chuva, dos limites das
solo é superada, o excesso das águas de chuva    capacidades de retenção superficial, das taxas
vai avolumar os escoamentos superficiais já      de infiltração características do solo existente
iniciados sobre as áreas impermeáveis e as de    e das chuvas antecedentes.
menor permeabilidade, na direção das regiões              Assim, quanto maior as oportunidades
mais baixas, através das galerias de águas       das águas de chuva se infiltrarem, maior será
pluviais, quando houver, dos córregos, riachos   a recarga dos reservatórios subterrâneos,
e rios, chegando, por fim, ao oceano onde a      fortalecendo a capacidade de abastecimento
continuidade do ciclo se manifesta novamente     dos corpos de água durante os períodos típicos
através dos mecanismos de evaporação.            de estiagem (sem chuva). Estes conceitos
        Convém lembrar que a água retida na      serão melhor abordados adiante.
vegetação, bem como, aquela que ficou                     Com o propósito de proporcionar melhor
armazenada nas pequenas depressões do            entendimento das diferentes etapas que
terreno, nos lagos, lagoas, lagunas e            compõe o ciclo hidrológico, são apresentados,
reservatórios construídos pelo homem, também     a seguir, algumas definições e comentários úteis
passam pelo processo de evaporação,              para o acompanhamento dos assuntos tratados.
aumentando a umidade da atmosfera.
        É importante esclarecer que
durante os períodos sem chuva, as
águas armazenadas nos reservatórios
subterrâneos fluem lentamente, pela
ação da gravidade, para áreas mais
baixas, abastecendo os corpos de
água, (rios, lagos, lagunas,
reservatórios). Essa contribuição é
chamada de descarga base ou
escoamento base.




                                                                                              15
Evaporação
                                     A evaporação é a
                                  transformação física
                                  do estado líquido
                                  para     o    estado
                                  gasoso, sob a forma
           Atmosfera              de vapor d’água.
    A atmosfera é constituída     Pode ocorrer em
de diferentes camadas com         situações diversas
características distintas. A      sob      diferentes
primeira           chama-se       condições físicas.
troposfera e alcança                 De uma maneira
altitudes médias de 6 km nos      geral,       pode-se
pólos e 17km, no Equador,         identificar        os
com temperaturas variáveis e      seguintes tipos de
onde estão cerca de 90% do        evaporação:
vapor d’água total da             • evaporação direta – ocorre        • evaporação do solo –
atmosfera, principalmente            diretamente        sobre     a     ocorre a partir da água
nos 5km iniciais.                    precipitação, isto é, durante      retida    nas   camadas
    Portanto, a troposfera é a       sua queda e antes de               superiores do solo, seja
camada da atmosfera que              alcançar a superfície da           por      encharcamento,
mais interesse desperta para os      Terra;                             retidas nos interstícios, ou
estudos de formação das           • evaporação                  das     por elevação através do
nuvens e chuvas.                     superfícies líquidas –             efeito de capilaridade.
    A segunda camada                 ocorre     em      todas    as   • evaporação                por
denomina-se estratosfera,            superfícies          líquidas      transpiração – os vegetais
com temperatura constante,           disponíveis, isto é, nos           depois     de   retirarem
até cerca de 40km de                 lagos, lagoas, lagunas,            através do seu sistema
altitude.                            cursos        de       água,       radicular, a água e as
    A    terceira,      é     a      reservatórios, oceanos,            substâncias minerais nela
mesosfera, até 80km e,               nas águas acumuladas               dissolvidas, devolvem a
em seguida, a termosfera,            nas depressões do terreno          água para a atmosfera,
acima desse limite.                  e naquelas retidas sobre a         através das folhas, pelo
   Como                citado        vegetação em geral.                processo de transpiração.
anteriormente, a umidade
atmosférica é proveniente
basicamente do resultado do
processo de evaporação.


16
Condensação
        Atmosférica

     A condensação é a
alteração do estado de vapor
atmosférico para a forma                                    Precipitação
líquida, proporcionando a
criação de minúsculas gotas            O processo de aglutinação e coagulação contribuem
d’água, que, dado ao peso
                                    para o aumento do volume e peso das gotículas,
insignificante, permanecem na
atmosfera formando as               alcançando diâmetros da ordem de 0.2 a 0.5 milímetros,
nuvens.                             podendo então, ocorrer a precipitação.
     A capacidade máxima do            As gotas assim formadas, caem sob o efeito da
ar de reter vapor, depende,
                                    gravidade, à qual se contrapõem o empuxo e o atrito do ar
entre outros fatores, da
temperatura. Ar quente pode         atmosférico, proporcionando, ainda mais, o aumento do
reter muito mais vapor do que       volume da gotícula, determinando e caracterizando o
o ar frio. A umidade específica     diâmetro e a velocidade de queda máximos.
oscila de 25g por kg de ar             A precipitação pode ocorrer sob diversas formas:
tropical marítimo à 0,5g por kg
                                         •   chuva – precipitação em forma líquida, com
de ar polar continental. Por isso
quando o ar úmido ascendente        diâmetros variando entre 200 milésimos de milímetros e
se esfria e o limite de saturação   alguns milímetros;
é atingido, acontece a                   A chuva formada por gotículas cujos diâmetros são
c o n d e n s a ç ã o :
                                         inferiores a 0.5 milímetros é conhecida como garoa ou
a transformação do vapor em
água.                                    chuvisco;
     As gotículas não se                 •   neve – quando a condensação do vapor d’água
precipitam de imediato, devido      ocorre em temperaturas muito baixas (sublimação), formam-
ao peso reduzido e a influência
                                    se cristais de gelo que coagulam e se precipitam em forma
das      correntes        de   ar
ascensionais típicas da             de flocos;
turbulência atmosférica.                 •   granizo – precipitação em forma de pedras de gelo.
     A      nuvem        tem    o        Tal precipitação pode ocorrer pelo congelamento da gota
comportamento de um meio
                                    d’água ao atravessar camadas atmosféricas mais frias ou pela
coloidal disperso onde as
                                    recirculação de cristais de gelo no interior das nuvens;
gotículas se aglutinam ou se
coagulam em torno de núcleos             •   nevoeiro – o nevoeiro é uma nuvem ao nível do solo,
de condensação existentes em        com gotículas de diâmetro médio em torno de 0.02
condições naturais, podendo         milímetros, conhecido também como cerração ou russo;
ser cristais de cloreto de sódio
                                         •   orvalho – deposição de água sobre superfícies frias,
e de cloreto de cálcio, sais de
enxofre ou óxidos de                à noite, como resultado do esfriamento do solo e do ar
nitrogênio, cristais de quartzo     atmosférico adjacente, por efeito de irradiação de calor;
ou sílica, anidrido carbônico,           •   geada – deposição de uma finíssima camada de
cristais de gelo e poeiras. Tais
                                    gelo decorrente de processo de irradiação térmica,
núcleos possuem diâmetro
entre 1 a 5 vezes a milésima        ocorrendo em temperaturas muito baixas (sublimação do
parte do milímetro.                 vapor d’água).

                                                                                                17
Retenção
     Superficial
     Ocorrência    no
processo do ciclo
hidrológico que pode
acumular água de
duas formas:

      • interceptação
vegetal – relativa à
parcela            da
precipitação que fica
retida     sobre     a        Infiltração
vegetação de uma            É a parcela da
maneira geral;           precipitação       que
      • acumulação       infiltra no terreno
nas depressões –         através dos vazios do
relativa à parcela       solo, contribuindo             Escoamento               Escoamento
retidas            nas   para     as    águas           Subterrâneo               Superficial
depressões         do    subterrâneas       dos         Ocorre através           É a parcela das
terreno.                 lençóis superficiais e    dos interstícios do      águas de chuva que
     A     água    da    para as camadas           solo     totalmente      flui sobre os terrenos,
retenção superficial     mais      profundas       encharcado, com          sob     a   ação    da
retorna à atmosfera      impermeáveis que          d i r e ç ã o            gravidade, buscando
pela evaporação          cortam o fluxo vertical   predominantemente        as      linhas      de
c o n f o r m e          retendo       grande      horizontal,      onde    talvegue, alcançando
anteriormente            quantidade de água        prevalecem          as   os cursos de água,
citado.                  no solo acima delas.      forças de gravidade      os      lagos,      os
                                                   e     pressão.     Tal   oceanos.
                                                   escoamento se dá
                                                   na     direção     dos
                                                   pontos mais baixos
                                                   ou      de     menor
                                                   potencial e, desta
                                                   forma,       retornam
                                                   suas     águas     aos
                                                   corpos hídricos.


18
Tipos de Precipitação Pluviométrica


                                          As precipitações podem ser grupadas em três tipos
                                   fundamentais, em função dos agentes que lhes dão origem.

                                           •    Precipitação Orográfica
                                          As massas de ar úmido e quente que se formam sobre
                                   os continentes ou sobre os oceanos, com grandes quantidades
            CHUVAS                 de vapor d’água decorrentes dos processos de evaporação,
                                   podem ser deslocadas pelos ventos contra barreiras orográficas
       Como visto antes, as        (montanhas ou cordilheiras). O contato com essas barreiras
nuvens nada mais são que           defletem rapidamente essas massas para o alto, fazendo com
massas concentradas de             que se esfriem e sofram os processos de condensação e
gotículas de água suspensas.       precipitação.
Tais gotículas são formadas
em conseqüência da
condensação do vapor
d’água ao redor de pequenas
partículas presentes na
atmosfera.
          As condições físicas
para a condensação são
estabelecidas pela expansão
das correntes de ar em
ascensão que se esfriam com
a    altitude    e   perdem   a
capacidade de reter vapor
d’água.
          Verifica-se   que   a           Pela rapidez com que a massa de ar se eleva,
ocorrência de chuvas tem           dependendo da topografia e quantidade de umidade, pode gerar
ligação direta com a rapidez       chuvas muito intensas.
com que as massas de ar se
esfriam, intensificando o
                                           •    Precipitação Ciclônica
crescimento do tamanho da
                                          Existem grandes áreas da superfície terrestre que
gotícula pela condensação e
                                   apresentam características térmicas e de umidade uniformes
aglutinação, até a instabilidade
                                   que são transmitidas gradativamente às massas de ar acima
da sustentação no ar e a
                                   estagnadas ou que sobre elas se deslocam lentamente. Essas
conseqüente queda pela ação
                                   massas de ar, em grande volume e extensão, passam a
da    força     da   gravidade,
                                   apresentar também, características térmicas de umidade que
caracterizando a precipitação
                                   as caracterizam.
pluviométrica.

                                                                                              19
Em geral, essas massas de ar formam-             •   Precipitação Convectiva
se em regiões como o Ártico, a Antártica, a              Resulta da ascensão do ar úmido e
Patagônia, o Pantanal Mato-grossense, o           quente, em regiões de clima quente, em função
Deserto do Saara, e outros, e podem se            da densidade, criando um processo de
encontrar umas com as outras, à medida que        convecção térmica.
se deslocam sobre o globo terrestre.                     Tal fenômeno cria uma célula de
         Quando duas massas de ar de              convecção onde o ar quente sobe rapidamente
diferentes temperaturas se encontram, a           pelo centro da nuvem, esfriando-se, propiciando
tendência será a formação de uma cunha da         a condensação e a precipitação. Quando o ar
massa de ar mais fria sob a massa mais quente,    mais seco chega ao topo da nuvem, após a
empurrando-a para cima.                           perda de umidade, diverge para a atmosfera
         Forma-se uma grande superfície frontal   retornando ao solo de forma convergente por
cuja linha de contato com a crosta terrestre      baixo da nuvem, realimentando-a de umidade
chama-se frente.                                  carreada do ar adjacente à célula de convecção.
         Em decorrência da oposição das duas      Novamente, o ar úmido sobe, e o ciclo se repete
massas, a de maior energia empurrará a outra,     até que a intensidade de realimentação diminua.
e se chamará fria ou quente, conforme seja               As chuvas convectivas são geradas a
mais fria ou quente com relação à outra massa     partir de nuvens de grande desenvolvimento
de ar.                                            vertical (cumulu nimbus), ocorrendo com muita
         Quando houver equilíbrio energético, a   intensidade em períodos curtos, promovendo
frente criada chama-se “frente quase              uma varredura na umidade atmosférica,
estacionária”.                                    deixando geralmente, ao seu término, o céu
                                                  límpido e tempo bom.
                                                         O Rio de Janeiro, pelo seu clima quente,
                                                  é marcado pelas chuvas convectivas com
                                                  “pancadas” de fim de tarde durante o verão.




         O ar quente é empurrado para o alto,
configurando-se as condições favoráveis à
condensação e à precipitação.
         As chuvas ciclônicas são, em geral,
pouco intensas e muito duráveis.




20
Entre os anos 1400 e              Conceituação            e
                                   1600, grandes pesquisadores        esclarecimentos adicionais
                                   deixam        a     especulação    sobre essas grandezas:
      Distribuição Espacial        filosófica sobre as questões              Altura:
                                   hidrológicas para iniciar                 é a medida vertical, em
                                   efetivamente, observações do              geral em milímetros, do
        A distribuição espacial    ciclo das águas na natureza.              volume        da   chuva
da chuva não é uniforme, isto              As chuvas mereciam                ocorrido e acumulado
é, não cai a mesma quantidade      atenção especial em função                em    um      recipiente
de água igualmente sobre uma       das diferentes variações no               cilíndrico;
região durante o mesmo             tempo e no espaço.                        Duração:
intervalo de tempo. Pode                   As águas vindas dos               é o intervalo de tempo
ocorrer, inclusive, chuva numa     céus    eram        muito   bem           considerado durante a
área e nenhuma sobre uma           recebidas durante o plantio e o           precipitação. Pode ser
outra vizinha. É comum isto        crescimento das lavouras. Ao              do total ou de parte da
ocorrer e, certamente, o leitor    mesmo tempo, que temida                   chuva. A duração da
já constatou esse fato ao ler os   pela possibilidade de provocar            chuva é expressa em
jornais ou telefonar para um       enchentes e inundações.                   minutos, horas ou dias;
amigo que está se preparando               Data do século XVII, na           Intensidade:
para passear enquanto você         Europa, as primeiras iniciativas          é a altura de chuva na
liga para comentar a chuva que     para medir as chuvas na                   unidade de tempo, isto
está caindo na sua área.           tentativa de comparar e                   é, o quociente entre a
        Portanto, a ocorrência     quantificar os volumes entre as           altura e a duração.
de chuvas está vinculada a         águas precipitadas e aquelas              Freqüência:
uma série de fatores locais e      escoadas superficialmente nos             é uma característica
regionais como a circulação        cursos d’água.                            estatística relativa a
das      massas      de     ar,            As            grandezas           ocorrência das chuvas.
temperatura,       topografia,     estabelecidas e adotadas ao
umidade do ar, ventos, etc..       longo    dos       tempos   para          As      chuvas        são
                                   medição das chuvas são             medidas      nas      estações
      Medição da Chuva             altura, duração, intensidade e
                                                                      pluviométricas. As estações
        Desde a época do           freqüência. Tais grandezas têm
                                                                      podem ser equipadas com
Império Romano e, mesmo em         sido utilizadas no mundo
tempo anteriores, na Índia         científico e tomadas como          aparelhos        totalizadores

(século IV AC), o homem já se      medidas de comparação              (pluviômetros)             e/ou
interessava e estudava a           universal         entre   chuvas   registradores (pluviógrafos).
ocorrência e a circulação das      ocorridas em diversas regiões
águas na natureza.                 do planeta.

                                                                                                   21
Os         pluviômetros
acumulam as águas de chuva
captadas através de uma
pequena bacia de recepção. O
volume precipitado é medido
com o auxílio de uma proveta
calibrada que acompanha o
equipamento.
         Em geral, no Brasil, os
pluviômetros são empregados
como      totalizadores           das
precipitações de 1 dia de
duração. Cada estação é
operada por um observador,
morador da região, treinado              diretamente sobre gráficos        pluviógrafos     por      serem
para efetuar a leitura todo o dia,       especiais       ou,       mais    constituídos de mecanismos
às   7   horas         da    manhã,      modernamente,         detectada   de relojoaria, baterias e
conforme convenção nacional.             por sensores, transformada em     pequenas peças móveis, estão
         Os           pluviógrafos       sinais elétricos e gravada como   sujeitos     a    defeitos     e
funcionam sob os mesmos                  leituras digitais em meio         interrupções dos registros.
princípios que um pluviômetro,           magnético a intervalos de
inclusive com o mesmo                    tempo pré estabelecidos.
tamanho        da       bacia      de           A grande vantagem do       Características das
recepção. A diferença está na            pluviógrafo é permitir a          Chuvas no Estado do Rio
vantagem          de        registrar,   determinação da intensidade       de Janeiro
continuamente, através de                da chuva a intervalos de tempo
mecanismos específicos, a                tão pequenos quanto se queira.
variação da altura de chuva              Além disso, os pluviógrafos              As chuvas que ocorrem
durante       o     período        de    tem uma autonomia maior,          no Estado do Rio de Janeiro
precipitação.                            dependendo dos mecanismos         apresentam, de um modo
         Os pluviógrafos são             instalados e do comprimento       geral, características sazonais
equipados com pequenos                   do papel do pluviograma,          bem        definidas.        São
reservatórios cilíndricos que            podendo cobrir períodos de até    influenciadas a nível local, pela
acumulam as águas de chuva.              6 meses de observação.            proximidade       do    Oceano
A variação dos níveis no                       Embora se desfrute, a       Atlântico e pela topografia
reservatório      é         registrada   princípio, dessa autonomia, os    acidentada, a nível regional,

22
pelo padrão de circulação das       o aquecimento     do       ar.   iniciam-se geralmente na
massas de ar na atmosfera e,        Esses eventos são freqüentes,    Região Serrana e caminham
a nível planetário por eventos      têm longa duração, cerca de      no sentido do litoral. São
de grande escala.                   três a quatro dias, abrangem     precedidos por trovoadas,
        No outono e no inverno,     todo o Estado e são              relâmpagos e ventos de
os dias são claros, tempo           acompanhados de ventos e         rajada.
bom, com baixa umidade do ar,       queda da temperatura. Nos                Essas chuvas podem
havendo formação de nevoeiro        dias de primavera e verão, a     ocorrer simultaneamente com
na madrugada, na Região             situação     típica   é   de     períodos de maré alta,
Serrana e, mais tarde, no início    temperaturas elevadas, com       bloqueando e dificultando os
da manhã, no litoral. Os            formação de nuvens tipo          escoamentos das águas. É o
nevoeiros são freqüentes e          cumulu nimbus no final da        que se observa nos trechos
causam transtornos para             tarde, dando origem a chuvas     inferiores dos rios da baixada
navegação marítima e aérea.         convectivas, pela simples        que deságuam na Baía de
        As chuvas nessa             ascensão e esfriamento das       Guanabara. Essa coincidência
época, são normalmente              massas de ar. Estes eventos,     leva, muitas vezes, as águas
ocasionadas por entradas de         de pequena abrangência           procurarem outros caminhos,
frentes frias. No dia anterior ao   espacial, curta duração e        transbordando do seu curso
início das chuvas, observa-se       grandes        intensidades,     natural      e      causando
o aumento da nebulosidade e         chamados de tempestades,         inundações.


            22/07/2000 3:00hs                 22/07/2000 15:00hs                23/07/2000 9:00hs




           23/07/2000 15:00hs                 23/07/2000 18:00hs                24/07/2000 0:00hs




                                                                                                23
Chuvas ciclônicas podem também se                   as áreas mais inclinadas são ocupadas e
formar em ocasiões de aproximação de frentes                desmatadas pelo homem. A inundação dos
frias, quando ventos de sudoeste, vindos do                 terrenos marginais é iminente.
Oceano Atlântico, empurram as nuvens para                          Chuvas orográficas incidem nas áreas
cima, funcionando como uma cunha, dando                     dos contrafortes das Serras do Mar e da
início ao processo de condensação e                         Mantiqueira quando, por efeito da mudança
precipitação.                                               brusca do relevo provocam chuvas intensas de
                                         Eugênio Monteiro
                                                            curta duração.




        Quando a frente fria incide sobre a área
continental no período do verão, as diferenças
de temperatura das massas de ar são grandes
e podem provocar chuvas com maior
intensidade do que aquelas observadas no                           Estudo realizado pela Universidade
inverno.                                                    Federal do Rio de Janeiro, a partir de
        Em situações de bloqueio da frente fria, isto       observações dos temporais que incidiram sobre
é, quando uma massa de ar quente impede seu                 a Cidade do Rio de Janeiro no período de 1882
caminho, ela pode ficar estacionária por vários dias        a 1996, onde são grupadas as chuvas com
em uma mesma região. Nessas ocasiões, o solo                totais diários de 40 a 100mm e maiores que
saturado pelas chuvas antecedentes, pode deslizar           100mm, mostra que o número de eventos ao
das encostas, carreando sólidos para os cursos              longo do ano para esses dois grupos é muito
de água, contribuindo para o gradual assoreamento           maior no período do verão.
e obstrução parcial dos caminhos das águas. Tal
fato preocupante, tendo em vista que, ao mesmo
tempo, ocorre o aumento da percentagem da chuva
que contribui para o escoamento superficial, é
comum na região ao longo da Serra do Mar, onde




24
Para se ter uma idéia           O fenômeno El Niño,       climáticas adversas em várias
do que realmente representa          que em espanhol quer dizer       regiões do planeta. No Brasil,
uma chuva de 100mm de                “Menino Jesus” pela sua          podem      provocar      maior
duração definida, pode-se            ocorrência próximo ao natal, é   umidade no norte e ocasionar
imaginar que, ao incidir sobre       o resultado do aquecimento
                                                                      irregularidades no regime
a área de um campo de futebol,       das   águas    do   Pacífico
                                                                      pluviométrico da Região Sul
                                     Equatorial. No Brasil, vem
com dimensões de 75m x                                                (chuvas fortes seguidas de
                                     provocando fortes chuvas com
110m, produz um volume de                                             longo período seco).
      3
                                     conseqüentes inundações nas
825m ou 825 caixas de água
                                     Regiões Sul, Sudeste e                   Quanto à distribuição
de 1000 litros. No caso de uma
                                     Centro-Oeste. Por outro lado,    espacial das chuvas no
bacia hidrográfica de pequeno
                                     nas Regiões Norte e Nordeste,    território do Estado do Rio de
porte como é a do Rio
                                     os totais precipitados ficam     Janeiro, tem sido observado
Maracanã, com área de                abaixo do normal.                nas estações pluviométricas
drenagem         de    cerca   de
                                                                      que são operadas por mais de
13.110.000m 2 ,        o   volume           O fenômeno La Niña,
                                                                      vinte anos, pelo Instituto
produzido seria de 1.311.000         que, em espanhol, quer dizer
                                                                      Nacional de Meteorologia –
caixas de 1000 litros. Quase a       “a menina”, diz respeito ao
totalidade desse volume dirigir-     resfriamento das águas do        INMET, eventos de chuva muito

se-á à seção de fechamento           Oceano Pacífico, trazendo        mais intensas nas Regiões Sul
da Bacia do Rio Maracanã. Se         também modificações quanto       e Metropolitana do que as
essa chuva se distribuir ao          a circulação das massas de ar    Regiões Norte e Noroeste do
longo de 1 dia, provocará            e das águas oceânicas.           Estado. Esse comportamento
significativa elevação do nível      Durante a La Niña, as
                                                                      se repete para os totais anuais
                                     temperaturas mais frias das
d’água,       podendo      causar,                                    de precipitação pluviométrica.
                                     águas do Oceano Pacífico
em          alguns         trecho,
                                     podem promover situações
transbordamento da calha,
transtornos a população e ao
trânsito.
            Se    os       100mm
concentrarem-se em poucas
horas, o resultado será bem mais
grave.
       Esse padrão sazonal
pode ser alterado em função
de fenômenos meteorológicos
que influenciam o regime de
chuvas, não somente na
região do Estado do Rio de
Janeiro como em todo o
planeta, por meio da interação
do Oceano Pacífico e a
atmosfera.
                                                                                                  25
26
No período de 18 a        autoridades do Poder Público
                                       21, a área mais afetada foi o      voltaram-se para a região de
                                       Maciço da Tijuca, na Zona          Jacarepaguá. Chuvas de
                                       Norte da Cidade do Rio de          elevada          intensidade,
 Eventos Marcantes no
                                       Janeiro, com mais de 430mm         ocasionadas pela chegada de
Estado do Rio de Janeiro
                                       precipitados durante 4 dias,       uma frente fria, incidiram sobre
                                       com período de recorrência         a Cidade do Rio de Janeiro,
                                       estimado em 50 anos.               concentrando-se no Maciço da
Chuvas de fevereiro de 1988
                                                Foi decretado estado      Tijuca, vertente sul. Os totais
                                       de calamidade pública, com         pluviométricos registrados
            Durante o mês de
                                       mais de 14.000 desabrigados.       pelo INMET foram:
fevereiro, as massas de ar
                                                Avaliando           as
polar que chegavam ao Estado
do Rio de Janeiro, vindas do sul       conseqüências            desses

do país, ficaram bloqueadas            eventos, pode-se inferir que as
por outras massas de ar                chuvas que contribuíram para
oriundas do norte, ocasionando         as maiores inundações foram
uma seqüência de eventos de            as   mais      intensas     com
chuvas intensas em diferentes          duração de menos de duas
locais.                                                                             No dia 13, houve
                                       horas. O pequeno tempo de
            No início do mês, na                                          elevação do nível dos rios da
                                       concentração das bacias
Zona Oeste da Cidade do Rio                                               região, que apresentam
                                       hidrográficas da região e a
de Janeiro foi registrado em um                                           pequena capacidade de
                                       reduzida       capacidade    de
só dia, o total de precipitação                                           escoamento, afetando as
                                       escoamento         dos     rios,
de 230mm, com recorrência                                                 residências      construídas
                                       bastante prejudicada pelo          impropriamente junto às
estimada         de    100     anos,
                                       aporte de material sólido (solo    margens.
provocando                grandes
                                       e      lixo)       agravaram                 No dia 14, do total
alagamentos.
            Na        Cidade     de    consideravelmente a situação.      precipitado,            200mm
Petrópolis, Região Serrana do          Já os deslizamentos das            ocorreram em somente 8
Estado, nos seis primeiros             áreas de encostas tiveram          horas, o cenário era de
dias do mês, choveu cerca de           como principal causa, as           destruição. Grandes blocos de
414mm, mais do que o total             chuvas com maior duração           pedra e elevado volume de
médio mensal para o mês. As            que encharcaram o solo e o         terra desceram das encostas,
chuvas continuaram e, até o            lixo acumulado.                    mesmo        dos        trechos
dia 24, alcançaram 776mm.                                                 protegidos com vegetação
Os incidentes mais graves                                                 natural, vindo obstruir as
foram aqueles decorrentes de                                              calhas dos rios. Nas áreas de
                                       Chuvas de Jacarepaguá –
deslizamentos de encostas e                                               baixada, os leitos dos rios
                                       Fevereiro de 1996
extravasamentos das calhas                                                deixaram de existir, nivelando-
dos rios.                                       Nos dias 13, 14 e 15      se aos terrenos marginais. O
                                       de fevereiro de 1996, a atenção    saldo      foi     de     1500
                                       da   população       e       das   desabrigados e 59 mortes.

                                                                                                       27
Equipes          dos     Italva e Cardoso Moreira).       chuva do período foram
Governos      do Estado e do               Os Rios Pomba e         observados no dia 3, em
Município uniram-se o esforço     Muriaé, afluentes do Paraíba     Resende (139mm) e Piraí
de reconstruir o caminho das      do Sul, com nascentes no         (160mm). Nos Municípios da
águas, preocupados com a                                           Região Serrana, durante os
                                  Estado de Minas Gerais,
possibilidade da incidência de                                     dias 1, 2 e 3 os totais
                                  drenaram, nessa ocasião,
outras chuvas.                                                     pluviométricos foram de
                                  volume de água superior à sua
         É       interessante                                      219mm em Nova Friburgo,
                                  capacidade de escoamento,
salientar o caracter localizado                                    255mm      em        Resende,
do evento. No dia 14, quando o    tendo sido medido, no Rio
                                                                   253mm em Piraí e 201mm
total   pluviométrico      em     Pomba em Cataguases, o
                                                                   em Petrópolis.
Jacarepaguá era de 304mm, no      nível de 5.56m, quando a
                                                                            As chuvas que
centro da Cidade do Rio de        média para esta época é de       incidiram sobre as bacias
Janeiro, os pluviômetros          1.90m. O Rio Paraíba do Sul      hidrográficas dos afluentes
registravam cerca de 20mm.        alcançou o nível de 11.42m       do Rio Paraíba do Sul no
                                  em Campos, transbordando         trecho           fluminense,
                                  em alguns trechos.               provocaram elevação no
Chuvas de 1997 da Região
                                           Os totais de chuva      nível do Rio Paraíba do Sul
Norte e Noroeste do Estado
                                  observados no período de 1 a     acima da capacidade de sua
         Fortes      chuvas
                                  4 de janeiro foram de            calha, causando inundações
concentraram-se no sudeste
                                  196.7mm em Itaperuna,            nas áreas marginais. Em
do Estado de Minas Gerais e
                                  193mm em Cordeiro e              Volta Redonda, o nível d’água
norte e noroeste do Estado do
Rio de Janeiro, como              103mm em Campos. No              subiu 3 metros acima do
conseqüência do encontro de                                        normal. Essa situação só
                                  Estado de Minas Gerais os
uma frente fria com uma                                            não foi mais grave porque a
                                  valores foram mais elevados.
massa de ar quente e úmido                                         contribuição da Bacia do Rio
vindo da Bacia Amazônica em                                        Paraíba do Sul, do trecho de
direção ao Oceano Atlântico,      Chuvas de Janeiro de 2000        montante (São Paulo) ficou
passando pela Região                       Nos primeiros dias de   retida no reservatório de
Sudeste, no início de janeiro     janeiro de 2000, devido a uma    Funil, que suportou o
de 1997.                          frente fria estacionária,        acréscimo       de     volume
         Foram 6 dias de          precipitações        intensas    d’água, mantendo fechadas
chuvas fortes, na maior           atingiram o nordeste de São      as comportas do vertedouro.
enchente dos últimos 20 anos      Paulo, o sul de Minas Gerais     As inundações em diversos
na região, com grandes áreas      e, no Estado do Rio de
                                                                   cursos de água causaram
alagadas e registro de 30 mil     Janeiro, as Regiões Serrana e
                                                                   problemas de trânsito e
pessoas desalojadas. Foi          do Médio Paraíba do Sul e o
                                                                   deixaram as cidades de Piraí
decretado      estado      de     Município do Rio de Janeiro.
                                                                   e Nova Friburgo ilhadas. Na
calamidade pública em 8           Os totais de chuva observados
                                                                   Rodovia          Dutra,     o
municípios do Estado do Rio       em Pindamonhangaba, São
                                                                   engarrafamento chegou a
de Janeiro (Porciúncula,          Paulo, foram de 152mm em 24
                                                                   30km.
Natividade,       Varre-Sai,      horas e 203mm em 48 horas.
Itaperuna, Bom Jesus do           No Estado do Rio de Janeiro,
Itabapoana, Laje do Muriaé,       os maiores totais diários de

28
Segundo a Defesa Civil,                                                           Barra Mansa
o número de desabrigados foi
cerca de 6 mil pessoas,
havendo 12 óbitos, vítimas de
afogamento, desabamentos e
quedas de barreiras.
       Nos municípios de
Barra Mansa e Resende foi
decretado        estado      de
calamidade pública.
       Nos Estados de Minas
Gerais e São Paulo a situação
também foi grave. Em Minas,
14 prefeitos decretaram
estado de emergência, com 15
mil desabrigados e, em São
Paulo, o estado de emergência
foi decretado nas Cidades de
Queluz e Cruzeiro.                                                                          Antônio Cavalcante




   ESCOAMENTO DAS                  escoamento das águas de           escoamento superficial. A
   ÁGUAS DE CHUVA                  chuva aqui descritos, podem       infiltração é mais intensa no
                                   ocorrer    com       diferentes   início da chuva, uma vez que o
       Para      explicar    os    intensidades e configurações,     solo está menos úmido.
diferentes caminhos que as         dependendo                 das
                                                                             A taxa de infiltração vai
águas de chuva percorrem           características espaciais da
                                                                     gradativamente crescendo até
antes de alcançar os cursos de     chuva, cobertura vegetal,
água (córregos, riachos,                                             um quadro de equilíbrio,
                                   topografia do terreno, tipo e
ribeirões, rios e canais) será     ocupação do solo, sistema de      quando,        a    princípio,
considerado        para     fins   drenagem natural, chuva           dependendo do tipo do solo,
ilustrativos, um evento de         antecedente, etc..                permanece          praticamente
precipitação pluviométrica de              Nos itens anteriores,     constante.
longa duração.                     ficou esclarecido que após o              Se a chuva continua
       Deve ficar claro que o      início das chuvas, dá-se a        com intensidade superior à
cenário     aqui      exposto,     gradativa interceptação das
                                                                     taxa de infiltração, o solo fica
representa                  um     águas     pela    vegetação,
                                                                     saturado como uma esponja
comportamento genérico, não        retenção nas depressões do
                                                                     cheia de água e reage quase
devendo ser considerado            terreno, infiltração direta e a
como padrão para todas as          conseqüente percolação para       como uma área impermeável.
bacias hidrográficas. Assim,       reservatórios subterrâneos e      Tod a a c h u v a a d i c i o n a l
as diversas fases e tipos de       as primeiras manifestações do     escoa        na      superfície

                                                                                                        29
proporcionando o pleno                       Forma-se uma zona de            É importante salientar
preenchimento                 das   saturação que, conforme          que cada um dos tipos de
depressões e/ou áreas de            comentado anteriormente, vai     escoamento aqui abordados,
                                    também alimentar os cursos       isto é, o superficial, o sub-
acumulação natural e o
                                    de água, principalmente nas      superficial      e     o    de
conseqüente transbordamento
                                    áreas mais baixas da bacia.      base,atingem os cursos de
para os terrenos adjacentes.
                                    Esse fluxo subterrâneo é         água em tempos distintos.
          Desse momento em          denominado de escoamento-                O mais rápido e
diante, fica melhor definido o      base ou descarga-base.           volumoso é o escoamento
escoamento superficial                       Em conseqüência das     superficial, chegando em
direto, isto é, aquele formado      baixas velocidades de            seguida o sub-superficial e
pelas águas que não se              infiltração e percolação das
                                                                     muito tempo depois o de base.
infiltraram e não ficaram retidas   águas até atingirem o lençol
                                                                             É        interessante
nas depressões e na                 freático e do próprio
                                                                     mencionar também, que sob
                                    escoamento subterrâneo no
vegetação.                                                           determinadas condições
                                    meio poroso, as contribuições
          Essas            águas                                     topográficas, em função da
                                    e as variações da descarga-
percorrem, sob influência da                                         capacidade de infiltração e
                                    base só serão percebidas nos
força de gravidade, os              cursos de água, muito tempo      ocupação do solo, pode
caminhos de drenagem natural        depois do início da chuva.       acontecer uma elevação mais
e/ou artificial, até atingirem o             Nos terrenos mais       rápida do nível das águas nos
curso de água principal,            inclinados, dependendo da        cursos     de      água     em
                                    permeabilidade do solo logo      comparação          com      o
avolumando o escoamento no
                                    abaixo da superfície, pode       crescimento do nível do lençol
sentido das áreas mais baixas.
                                    ocorrer um fluxo de água         subterrâneo.
          A infiltração das águas
                                    denominado de escoamento                 Nessa situação, passa
vai,           gradativamente,                                       a haver uma inversão do fluxo
                                    sub-superficial.         Esse
encharcando a camada                escoamento se intensifica com    de contribuição subterrânea,
superior do solo, mais porosa       o      encharcamento       das   isto é, do cursos de água no
em decorrência da ação das          primeiras camadas do solo.       sentido do lençol freático.
raízes das plantas e dos                     Em um dado momento,             Quando isso ocorre, o
                                    dependendo da intensidade da     curso de água passa a
hábitos da fauna residente,
                                    chuva, os três tipos de          denominar-se influente, não
passando a percolar para as
                                    escoamento            estarão    mais efluente, reforçando o
camadas inferiores mais             contribuindo ao mesmo tempo      suprimento dos reservatórios
densas e menos permeáveis.          para o curso de água.            subterrâneos.




30
HIDROGRAMA                    vertical é a escala de vazões e   interpretar que a vazão
                                     o horizontal, a escala de         existente no curso de água,
        O hidrograma é uma           tempo, o resultado obtido é o     momentos antes do próximo
representação gráfica que                                              evento pluviométrico, é
                                     gráfico apresentado a seguir.
relaciona vazão com o tempo.                                           representativa           das
                                             Portanto, o hidrograma
                                                                       contribuições da própria
        A vazão média é o            é um registro da variação das
                                                                       nascente, somadas com a
resultado da divisão de um           vazões escoadas através de        parcela afluente do lençol
determinado volume de água           uma determinada seção             freático (escoamento-base).
pelo intervalo de tempo que          transversal de um curso de        Iniciada a chuva, como
esse volume precisa para             água durante um intervalo de      esclarecido anteriormente, as
passar através de uma seção          tempo.                            águas dos escoamentos
de um curso de água. Portanto,               Quando o período entre    superficial e sub-superficial
                                     uma chuva e outra for             juntam-se     àquelas      do
                                     mais       longo,      pode-se    escoamento base.
          Q= V ÷ t


       Onde, Q = vazão; V =
volume de água; t = intervalo
de tempo.
       A vazão é geralmente
expressa em metros cúbicos
por segundo (m3/s); litros por
segundo (l/s) ou litros por hora
(l/h).
       A título de exemplo,
considera-se um observador
sentado na margem de um
curso de água antes do início
de um determinado evento de
chuva. Iniciada a precipitação
                                     A figura abaixo apresenta um      compõem um hidrograma
pluviométrica, o observador
                                     exemplo teórico aproximado        observado após um período
mede inicialmente a vazão
                                     das diferentes parcelas dos       chuvoso isolado e de mesma
(Qo) e registra o tempo (to).
                                     escoamentos existentes que        intensidade sobre a bacia.
Depois, passa a medir a vazão
a intervalos de tempo
constantes, obtendo uma série
de pares de valores de vazão
e tempo (Q1,t1); (Q2,t2); (Q3,t3);
etc..
       Após um longo período
que englobou o início e o fim
da chuva, é possível desenhar
o hidrograma.
       Se os pares de valores
Q e t, são marcados em um
sistema         de         eixos
perpendiculares, onde          o

                                                                                                 31
Na realidade, os hidrogramas na            engenharia (sistemas de abastecimento de
natureza, têm formas muitas vezes complexas,      água, sistemas de drenagem das águas de
isto é, hidrogramas compostos, que vão            chuva, vertedouros de grandes barragens,
depender da distribuição da chuva no tempo e      estruturas de controle de inundações, etc.).

no espaço das características da bacia                    Para o conhecimento do hidrograma, é
                                                  necessário a instalação de uma estação
hidrográfica e da chuva antecedente.
                                                  fluviométrica próxima ao trecho do curso de água
       Quando as alturas de chuva não são
                                                  que se deseja estudar.
uniformes sobre a bacia e se manifestam com
                                                          Na estação fluviométrica, através de
diferentes intensidades, produzem hidrogramas
                                                  campanhas de medição de vazão, é
com várias subidas e descidas.
                                                  estabelecida uma relação entre as cotas da
                                                  superfície da água referente a um nível
                                                  conhecido, e as respectivas vazões medidas.
                                                          Essa relação, é denominada de curva-
                                                  chave ou curva de calibragem e deve abranger,
                                                  a principio, a gama de variação da superfície da
                                                  água naquela seção transversal.




       Muitas vezes, torna-se necessário, para
fins de estudos e projetos de obras de controle
de enchentes ou mesmo para outras finalidades
da       engenharia,       o conhecimento do
hidrograma contínuo ao longo dos meses e
anos, em seções do curso de água de interesse
estratégico.
       Esses    hidrogramas      refletem     o
                                                          Em geral, é dificil a realização de
comportamento das vazões naquela seção ao
                                                  medições de vazão em cotas altas, o que leva
longo do tempo e se constituem no registro        à utilização de métodos de extrapolação para
contínuo do escoamento, englobando os             estimar as vazões de maior volume,
períodos de estiagem e chuvosos.                  decorrentes de chuvas muito intensas e
       As vazões críticas mínimas e/ou            duradouras.
máximas observadas a cada ano, fornecem                   Em complemento à curva-chave, é
uma amostra histórica cujo tratamento             necessário leituras diárias das cotas da
estatístico permite a definição de parâmetros     superfície da água em relação a uma referência
importantes para planejamento e projetos de       arbitrária fixa no terreno (referência de nível).


32
As leituras são efetuadas geralmente por          As flutuações dos níveis da água podem
morador local (observador), através de um         ser registradas diretamente sobre um papel
conjunto de réguas com lances de 1 e/ou 2         apropriado ou gravadas em meio magnético,
metros ao longo da margem. Muitas vezes são
utilizados lances únicos de vários metros
fixados em pilares de travessias ou pontes.
       Podem ser também empregados,
simultaneamente, dispositivos automáticos que
promovem o registro contínuo dos níveis de
água. Esses aparelhos são chamados de
linígrafos.
       Os linígrafos podem funcionar com
diferentes    mecanismos,      como      bóias,
flutuadores e sensores de pressão, sensíveis à
variação dos níveis de água.
                                                         Através das curvas-chave e as leituras
                                                  de cota é possível obter as respectivas vazões.
                                                         Na    prática,   quando     a    estação
                                                  fluviométrica não é registradora, são efetuadas
                                                  duas leituras diárias, uma às 7 horas e outra às
                                                  17 horas. Essas leituras são utilizadas para a
                                                  estimativa da vazão média diária, com base na
                                                  curva-chave considerada.
                                                         Com esse procedimento, é possível
                                                  desenhar o hidrograma de longo período,
                                                  fundamental para a análise do comportamento
                                                  do escoamento superficial do trecho em estudo.
                                                                                         Linígrafo




                          Réguas Linimétricas




                                                                                                 33
SEÇÕES DOS ESCOAMENTOS                              O leito menor comporta a maior parte
           SUPERFICIAIS                           do escoamento proveniente das chuvas de
       Todo o curso de água se desenvolve         intensidades mais freqüentes sobre a bacia
naturalmente, percorrendo gradativamente, sob     hidrográfica.
o efeito da gravidade, os pontos mais baixos de          Para chuvas intensas, acima da média
uma região.
                                                  ou de longa duração, dependendo da
       Ao longo dos anos, forma-se uma calha
                                                  conformação do curso de água, das
de escoamento cuja geometria depende do
                                                  resistências naturais e/ou artificiais ao fluxo e
regime de vazões em conseqüência da
                                                  das chuvas antecedentes, pode ocorrer o
variabilidade das chuvas, da declividade do
                                                  extravasamento para o leito maior.
terreno, do tipo de solo, das taxas de erosão e
de assoreamento, densidade da mata ciliar                A persistência da chuva somada a

(vegetação junto às margens), da geologia da      outros fatores agravantes da natureza ou
bacia, etc.                                       criados pelo próprio homem, pode acarretar a
       Existem inúmeras configurações             inundação de áreas periféricas.
geométricas com diferentes características de            A estimativa dessas vazões muito
conformação das calhas ou leitos de               altas, causadoras de inundações, requer a
escoamento, conforme figura abaixo.               aplicação de tecnologias mais avançadas, a
       Em geral, a seção transversal pode ser
                                                  partir das marcas de enchentes e o
dividida em três segmentos distintos que são:
                                                  levantamento topográfico de toda a seção
calha ou leito menor, leito maior e planície
                                                  transversal atingida.
de inundação.




34
35
FORMAÇÃO DAS                         A enchente cria um                Conviver com este
      ENCHENTES                    hidrograma que, ao se formar,      fenômeno      natural      é
                                   por exemplo, na seção de           fundamental. Nas áreas
       A enchente pode ser
                                   fechamento de uma dada             agrícolas,   por    exemplo,
considerada como a variação
                                   bacia, pode apresentar vazões      podem ser benéficas em
do nível da água e das
                                   superiores à capacidade do         função do tipo de cultura,
respectivas vazões junto a uma
                                   leito menor, obrigando que o       requerendo o preparo das
determinada      seção,     em
                                   escoamento das águas seja
                                                                      áreas a serem plantadas e o
decorrência dos escoamentos
                                   compartilhado com o leito
                                                                      manejo do solo nas épocas
gerados por chuvas intensas.
                                   maior e, até mesmo, em
       Nos estudos para os                                            adequadas.
                                   função      dos    obstáculos
quais é necessário relacionar                                               À medida em que o
                                   existentes e da resistência ao
a chuva e o hidrograma                                                próprio homem modifica o
                                   fluxo, invadir áreas marginais.
produzido, é comum dividir o                                          equilíbrio   natural    dos
                                            As enchentes também
total precipitado em subtotais                                        caminhos de drenagem,
                                   são benéficas, por se tratar de
a intervalos regulares de                                             desmata e ocupa o solo
                                   um fenômeno cíclico da
tempo, de forma a possibilitar                                        indevidamente,            as
                                   natureza,    onde     a   água
melhor compreensão das                                                conseqüências são voltadas
                                   desempenha um importante
oscilações do hidrograma. A                                           contra seu próprio bem estar
                                   papel na vida da fauna, da flora
representação gráfica da                                              e suas economias.
                                   e do próprio homem.
discretização da altura total de
chuva no tempo, é conhecida

como hietograma. Quando o
hidrograma é posicionado na
mesma escala de tempo que

o hietograma, pode-se, a partir
do valor da área de drenagem
na seção considerada e o

volume do hidrograma, estimar
as perdas, isto é, os subtotais
de chuva que não contribuíram

para o escoamento superficial.




36
Bacia Hidrográfica             hidrograma de enchente             vegetação e depressões do
                                   simples ou complexo que            terreno.
        A bacia hidrográfica de    continuará seu caminho para                 Em outras palavras, é
um curso de água em uma            jusante recebendo novas            o tempo necessário para que
dada seção, é representada         contribuições e mudando            uma partícula com as
pela área limitada pela linha de   constantemente seu formato.        características de um pingo de
cumeada (linha dos pontos                  O      desenho        do   chuva se desloque do ponto
mais altos) que a separa das       hidrograma vai depender de um      mais longínquo da bacia,
                                   conjunto        de       fatores
bacias vizinhas e fechada na                                          percorrendo os caminhos de
                                   climatológicos         e     das
seção considerada.                                                    drenagem e alcance a seção
                                   peculiaridades físicas da bacia
        A área da bacia é                                             limite.
                                   hidrográfica.
chamada área de drenagem                                                       Atingindo o tempo de
                                           Sob o ponto de vista
ou de contribuição, geralmente     físico da bacia, os fatores mais   concentração, supõe-se que a
medida em quilômetros              relevantes são: área de            contribuição das águas de
quadrados (km2) ou hectares        drenagem, tipo de solo,            chuva seja máxima junto à
(ha).                              cobertura vegetal, geometria,      seção considerada, para
        A bacia hidrográfica, de   declividades, disposição           aquela chuva homogênea e de
acordo com sua definição,          predominante dos cursos de         longa duração.
pode estar limitada à qualquer     água e densidade de                         Essa    contribuição
seção de um curso de água,         drenagem.                          máxima, como já mencionado,
podendo ser a confluência com                                         pode ultrapassar a capacidade
outro curso           ou sua                                          do leito menor, extravasar para
desembocadura em um
                                   Tempo de Concentração              o leito maior, ou mesmo,
reservatório, baía, lago ou                                           dependendo da intensidade e
oceano.                                     O     tempo        de     duração e outros fatores
        Os      escoamentos        concentração é definido como       físicos, ocupar a planície de
através de uma seção               o intervalo de tempo               inundação.
qualquer, são provenientes das     necessário para que as águas              A contribuição máxima
contribuições         naturais     precipitadas, com a mesma
                                                                      será tanto maior quanto maior
subterrâneas, em épocas de         intensidade sobre toda a bacia,
                                   estejam contribuindo para a        for a área da bacia hidrográfica
estiagem, somadas às águas
                                   seção limite da bacia,             (área de drenagem) para a
de chuva, nas épocas
chuvosas, consideradas as          atendidas as necessidades de       mesma intensidade e duração
perdas por evaporação,             infiltração, de retenção da        da chuva.
transpiração, etc..
        Observa-se durante e/
ou após um evento de
precipitação, que as vazões
começam a crescer até um
determinado valor máximo,
podendo             decrescer
gradativamente, durante um
período e dependendo das
características da chuva, voltar
a crescer. Forma-se          um


                                                                                                  37
Enchentes RJ - Abordagem Geral
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  • 2. SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – SEMADS FUNDAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DE RIOS E LAGOAS - SERLA ENCHENTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Aborda dag Geral Uma Abor dagem Geral Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ de Cooperação Técnica Brasil – Alemanha Agosto de 2001
  • 3. SEMADS - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Palácio Guanabara – Prédio Anexo – sala 210 Rua Pinheiro Machado s/no – Laranjeiras 22.238-900 – Rio de Janeiro – RJ Tel: 21-2299-5290 – Fax: 21-2299-5285 e-mail comunicacao@semads.rj.gov.br S E R L A - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas Campo de São Cristóvão, 138/3º andar – S. Cristóvão 20921-440 – Rio de Janeiro – RJ Tel: 21-2580-7218/0998 e-mail serla@serla.rj.gov.br 2
  • 4. APRESENTAÇÃO Águas pluviais, tão necessárias a sobrevivência humana e fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas com os quais interagimos são, muitas vezes, entregues pela natureza com o rigor dos eventos naturais extremos, isto é, pela ocorrência de estiagens prolongadas, onde a escassez é o fator relevante, ou pelas enchentes, onde a abundância das águas concentradas no tempo e no espaço, gera desconfortos, preocupações, prejuízos e, eventualmente, perda de vidas humanas. Controlar as enchentes e diminuir seu poder muitas vezes devastador sobre os bens públicos e privados, assegurar a integridade física e garantir o bem estar do cidadão, é dever constitucional das autoridades estabelecidas, embora haja necessidade de estreita colaboração e envolvimento da própria sociedade. O avanço da ocupação territorial sobre áreas historicamente sujeitas a inundação, a descaracterização da mata ciliar, o desmatamento desenfreado, o descarte irresponsável dos resíduos domiciliares sobre as encostas e nos cursos de água, a impermeabilização dos terrenos, as obras locais de caráter imediatista e outras ações que por dezenas de anos foram praticadas pelo homem em nome do desenvolvimento, hoje se tornam fatores agravantes na formação das enchentes. O presente relatório, fruto de um amplo trabalho de pesquisa no âmbito do projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, reúne uma série de esclarecimentos sobre esses eventos naturais, inclui uma abordagem especial para a situação no Estado do Rio de Janeiro, ressalta a necessidade da adoção da área da bacia hidrográfica como unidade territorial de gestão, bem como, apresenta novos conceitos para o controle das enchentes e redução dos riscos de inundação e os conseqüentes prejuízos. O objetivo principal do trabalho é abrir discussões sobre o tema, de forma a permitir a reavaliação e reflexão sobre os procedimentos e critérios usualmente empregados e análise de medidas alternativas e complementares no controle das enchentes. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 3
  • 5. Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme decreto n o 1.825 de 20 de dezembro de 1907. C 837 Costa, Helder Enchentes no Estado do Rio de Janeiro – Uma Abordagem Geral / Helder Costa, Wilfried Teuber. Rio de Janeiro: SEMADS 2001 160p.: il. ISBN 85-87206-08-7 Cooperação Técnica Brasil-Alemanha, Projeto PLANÁGUA- SEMADS/GTZ Inclui Bibliografia. 1. Recursos Hídricos. 2.Cheias. 3. Saneamento Ambiental. I. PLANÁGUA. II Título. III. Rio de Janeiro (Estado). IV. SERLA CDD 627.4 Capa Publicidade 2001 Foto da Capa: Enchente em Itaperuna / Rio Muriaé - Janeiro 1997 Antônio Cruz Diagramação Cláudio Alecrim Editoração Jackeline Motta dos Santos Raul Lardosa Rebelo Projeto PLANÁGUA SEMADS / GTZ O Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ, de Cooperação Técnica Brasil – Alemanha, vem apoiando o Estado do Rio de Janeiro no gerenciamento de recursos hídricos com enfoque na proteção de ecossistemas aquáticos. Coordenadores: Antônio da Hora, Subsecretário Adjunto de Meio Ambiente SEMADS Wilfried Teuber, Planco Consulting / GTZ Campo de São Cristóvão, 138/315 20.921-440 Rio de Janeiro - Brasil Tel/Fax [0055] (21) 2580-0198 E-mail: serla@montreal.com.br 4
  • 6. Coordenação Helder Costa Consultor do Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ Wilfried Teuber Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ Colaboração Alan Carlos Vieira Vargas SERLA Antonio Ferreira da Hora Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - Semads Capitão Ivan Vieira da Silva Secretaria de Defesa Civil Município do Rio de Janeiro Cláudio Alecrim Consultor de diagramação David Pacheco Faculdade de Cinema Universidade Federal Fluminense - UFF Durval Alves Mello Neto Rio-Águas, Município do Rio de Janeiro Eliane Pinto Barbosa SERLA Eny Gomes de Lannes SERLA Eugenio Enrique Monteiro Rio-Águas, Município do Rio de Janeiro Fernando Riker Branco SERLA Ignez Muchelin Selles SERLA Jackeline Motta dos Santos Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ Joana Araújo Faculdade de Cinema Universidade Federal Fluminense - UFF Jorge Paes Rios SERLA Leila Heizer Santos SERLA Lígia Maria Nascimento de Araújo Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM Lúcio Bandeira Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos Major Djalma Antonio Filho Secretaria de Estado de Defesa Civil Marlene Leal de Almeida Souza Instituto Nacional de Meteorologia - INMET Mônica da Hora SERLA Nelson Martins Paez Geo-Rio, Município do Rio de Janeiro Paulo Carneiro Laboratório de Hidrologia - COOPE / URFJ Paulo Roberto Moreira Goulart Secretaria de Estado de Defesa Civil Rachel Saldanha de Alencar Fundação Centro de informações do Estado do Rio de Janeiro - CIDE Raul Lardosa Rebelo Projeto PLANÁGUA SEMADS/GTZ Rodrigo Raposo de Almeida Projeto Managé Universidade Federal Fluminense - UFF Rogério Luiz Feijor Geo-Rio, Município do Rio de Janeiro Rosana Fânzeres Caminha Secretaria de Estado de Saneamento e Recursos Hídricos Sérgio Ayres Bloise SERLA Silvio Torres SERLA Tenente Arruda Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN Thiago Soares Rodrigues Estagiário Valdo da Silva Marques Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia SIMERJ Valdemar Guimarães Agência Nacional de Águas - ANA das Águas - ANA Walter Binder Departamento Estadual de Recursos Hídricos Baviera/Alemanha Vanderlei de Souza Napoleão SERLA 5
  • 7. RESUMO É secular o problema de enchentes no Estado do Rio de Janeiro, fenômeno natural condicionado a fatores climáticos, principalmente às chuvas intensas de verão, cujos efeitos são agravados pelas características do relevo: rios e córregos com forte declividade drenando bruscamente das serras para as baixadas, quase ao nível do mar. A ocupação dessas baixadas, áreas naturais de retenção das águas, pântanos e brejos, só foi possível mediante grandes obras de drenagem e de diques de proteção. O principal objetivo dessas intervenções, a exemplo das obras de retificação e canalização, era, como em todo mundo, direcionar e conduzir as águas das enchentes o mais rápido possível rio abaixo, esperando assim, dominar os desafios da natureza. Sabe-se hoje que essas obras, embora proporcionem grandes melhorias locais em épocas de enchentes mais freqüentes, muitas vezes transferem o problema para jusante e agravam significativamente a situação das enchentes excepcionais. Outros fatores antrópicos, como o desmatamento em grande escala, a urbanização e as atividades que reduzem as áreas naturais de retenção, inclusive áreas de inundação, aumentaram consideravelmente os volumes e os picos das cheias. Nas enchentes recentes podemos observar um crescimento dos prejuízos, resultado da ocupação sempre mais progressiva de áreas naturais de inundação, e pela falta de conscientização da população relativa aos riscos envolvidos. Para tentar reverter esse quadro, é importante avaliar e adaptar novas estratégias no controle de enchentes já em andamento em outros países. Nessas novas concepções os interesses locais de proteger a própria área devem ser harmonizados aos interesses de toda a bacia, incluindo a proteção de toda a população, considerando os aspectos sociais e econômicos, o ecossistema e as necessidades do próprio rio. Somente medidas em harmonia com a natureza, e não contra ela, terão sucesso. Ou seja, em lugar de direcionar e acelerar as águas das enchentes rio abaixo, deve- se restabelecer o quanto possível a retenção natural já nas cabeceiras, nas matas, nas áreas ribeirinhas e conservar as áreas de inundação ainda existentes. É impossível evitar as enchentes excepcionais, porém, é possível conter o agravamento contínuo das mesmas e reduzir os prejuízos. Precisamos aprender a conviver com o fenômeno. Precisamos divulgar medidas preventivas e conscientizar a população sobre os riscos aos quais está exposta. Não urbanizar áreas de inundação é o melhor e economicamente mais viável método para evitar e reduzir os riscos e prejuízos de enchentes. 6
  • 8. Somente ações solidárias envolvendo a sociedade, os órgãos públicos do estado e dos municípios, somados com a responsabilidade individual de cada cidadão por toda a unidade territorial da bacia hidrográfica, podem produzir resultados positivos concretos. A legislação federal e estadual sobre a gestão de recursos hídricos, estabelece condições para a integração das ações em todas as bacias hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, com a participação da sociedade civil. O objetivo dessa publicação é informar e conscientizar a sociedade sobre o fenômeno das enchentes, especialmente na área de planejamento regional urbano e rural, e sobre os aspectos naturais e antrópicos das enchentes. Decisões sobre o uso do solo em áreas de risco, caso as necessidades do rio e da natureza forem negligenciadas, podem acarretar sérios problemas a proteção da população e aumentar os prejuízos decorrentes. 7
  • 9. ENCHENTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UMA ABORDAGEM GERAL Enchentes – Considerações Gerais................................................................................ 10 Causas Naturais das Enchentes...................................................................................... 13 Ciclo Hidrológico..................................................................................................................... 14 Chuvas...................................................................................................................................... 19 Características das Chuvas no Estado do Rio de Janeiro................................................ 22 Escoamentos das Águas de Chuva...................................................................................... 29 Formação das Enchentes.................................................................................................. 35 Bacia Hidrográfica.................................................................................................................. 37 Tempo de Concentração........................................................................................................ 37 Geometria das Bacias............................................................................................................ 38 Tipo de Solo e Cobertura Vegetal......................................................................................... 38 Relevo e Declividades............................................................................................................ 40 Densidade de Drenagem....................................................................................................... 41 Superposição de Hidrogramas............................................................................................. 41 Características Gerais das Bacias Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro............. 43 Fatores Agravantes das Enchentes................................................................................ 49 Redução da Capacidade de Retenção Natural.................................................................. 50 Obras de Macrodrenagem..................................................................................................... 56 Obstáculos Artificiais aos Escoamentos Superficiais........................................................ 62 8
  • 10. Enchentes no Estado do Rio de Janeiro....................................................................... 71 Início da Ocupação do Solo...................................................................................................... 72 Enchentes Históricas na Cidade do Rio de Janeiro........................................................... 79 Principais Obras de Controle de Enchentes........................................................................ 83 Áreas Inundáveis no Estado do Rio de Janeiro................................................................... 94 Sistemas de Alerta.................................................................................................................. 110 Conseqüências das Inundações...................................................................................... 117 Obras de Controle de Enchentes..................................................................................... 126 Medidas Preventivas Complementares.......................................................................... 136 Controle de Enchentes e Engenharia Ambiental – Um Novo Conceito................ 138 Recomendações................................................................................................................... 145 Bibliografia............................................................................................................................. 151 Informações à População.................................................................................................. 153 Projeto PLANÁGUA............................................................................................................. 157 9
  • 11. necessárias para garantir até um certo risco e não ENCHENTES: acessibilidade às novas áreas, atenderão sua finalidade para CONSIDERAÇÕES alteram drasticamente os enchentes decorrentes de GERAIS padrões de drenagem natural. chuvas além daquelas Essa dinâmica gera constantes estabelecidas no projeto. Além Enchente é o modificações na configuração disso, muitas vezes, escoamento superficial das das enchentes e nas simplesmente transferem e águas decorrentes de chuvas dimensões das áreas sujeitas agravam o problema de um fortes. Após suprir a retenção às inundações. local para outro, águas abaixo. natural da cobertura vegetal, Quanto maior a Na dificuldade de saturar os vazios do solo e transformação e a modificação direcionar a dinâmica do preencher as depressões do da superfície dos terrenos, crescimento urbano nas terreno, as águas pluviais tornando-os menos grandes cidades, que muitas buscam os caminhos permeáveis à infiltração das vezes desconsidera as oferecidos pela drenagem águas e diminuindo a funções naturais dos rios e natural e / ou artificial, fluindo capacidade de retenção impermeabiliza e ocupa novas até a capacidade máxima natural, maior será a parcela áreas, inclusive aquelas disponível, no sentido do corpo contribuinte para os sujeitas a inundações, depara- de água receptor final. escoamentos superficiais e se freqüentemente com a Dependendo de uma série de maior a probabilidade de necessidade de revisão dos fatores físicos e das inundações. critérios e dados de projeto proporções das chuvas, tais Em geral, não se para mais intervenções. limites podem ser superados e dispõe de programas de Obras anteriores já não os volumes excedentes investimentos direcionados atendem os objetivos invadem áreas marginais. para intervenções de controle previstos. Surge o impasse da Quando essas áreas são e amenização dos efeitos das decisão sobre os limites dos ocupadas pelo homem, as inundações, implementados, riscos possíveis e aceitáveis a águas entram em conflito gradativamente, durante o serem cobertos por novos direto com suas economias, crescimento urbano. Pelo investimentos. benfeitorias e atividades. contrário, quando as O confronto do homem A enchente é parte conseqüências das enchentes com a natureza será em vão, integrante do ciclo da água na ordinárias se agravam pois a dinâmica das mutações natureza e, portanto, trata-se irremediavelmente, permanece climatológicas a nível local, de um fenômeno natural cujas a prática de grandes regional e planetário, levam, conseqüências só trarão danos investimentos em obras locais, com relação aos eventos e prejuízos, à medida em que conceitualmente superadas e pluviométricos, à expectativa seus efeitos interfiram no bem impactantes. do imprevisível. estar da sociedade. Convém ressaltar que Conclui-se que A expansão urbana e tais intervenções podem, a enchentes não podem ser as intervenções mínimas princípio, garantir proteção local evitadas, mas por outro lado, é 10
  • 12. bem possível reduzir os mais seguros, assim que os Solidário a essas prejuízos ou mesmo torná-los primeiros indícios de inundação iniciativas, deve estar o próprio mínimos. Assim sendo, novos se manifestarem. cidadão, devidamente conceitos e práticas devem ser Tanto maior será o esclarecido sobre as causas introduzidas para melhor prejuízo quanto maior forem os das enchentes e induzido pelo convivência com o fenômeno. bens materiais que o homem Poder Público a participar Enchentes históricas, mantém nas áreas sujeitas às e realizar pequenas isto é, aquelas que acarretam inundações. É importante que modificações, apesar de prejuízos significativos à o cidadão esteja consciente do modestas, para propiciar maior sociedade em conseqüência risco que corre durante chuvas retenção temporária e/ou das inundações, são intensas, e que lhe seja dada a infiltração das águas pluviais estudadas estatisticamente e oportunidade de tomar dentro da sua propriedade ou enquadradas dentro de uma pequenas providências a partir do seu empreendimento. escala de probabilidade que as de sistemas de alerta O somatório dessas caracterizam segundo a eficientes, desenvolvidos e pequenas iniciativas, freqüência de ocorrência. implantados pelo Poder certamente representaria um Apesar de uma enchente Público, com o mínimo da ganho global enorme para a histórica estar associada a tecnologia hoje disponível. sociedade, diminuindo o risco uma pequena probabilidade de Medidas de simples e os transtornos das ocorrência a cada ano, a implementação para retenção inundações. sociedade deve estar superficial das águas de chuva Caberia ao Poder consciente que o mesmo ou mesmo a manutenção de Público implementar as etapas evento pode se manifestar no áreas livres para infiltração, do planejamento dentro de dia seguinte e de novo nos ainda não fazem parte do uma ação setorial, integrada a anos subseqüentes. Portanto, planejamento da ocupação do uma política maior, compatível, medidas preventivas devem solo pelo homem e, sequer, por exemplo, com as ser adotadas para que os são sugeridas, a nível de pretensões das novas leis, que impactos e os prejuízos não projeto, pelos órgãos instituíram as Políticas tenham as mesmas competentes. Nacional (Lei Federal no 9433) proporções. Idéias, sugestões e e Estadual (Lei Estadual n o É comum na cultura ações fundamentadas na 3239) de Recursos Hídricos. popular pensar que uma compreensão dos conceitos Dentre os objetivos de grande inundação levará muito básicos do ciclo hidrológico, ambas, está a prevenção e a tempo para que ocorra devem ser incorporadas ao defesa contra eventos novamente. O fato com o planejamento global, hidrológicos críticos de origem tempo é esquecido, simples fortalecendo os efeitos natural ou do uso inadequado providências deixam de ser esperados por obras dos recursos naturais, tomadas como por exemplo, estrategicamente projetadas adotando a bacia hidrográfica planejar o remanejamento de no âmbito da bacia como unidade territorial de bens materiais para níveis hidrográfica. gestão. 11
  • 13. Sob essa nova superior àquelas pequenas mais econômicas e eficazes. perspectiva, pelo menos para sub-bacias que abrigam, Os diferentes temas as bacias ou sub-bacias muitas vezes, parte de grandes desenvolvidos a seguir tem a hidrográficas ainda menos centros urbanos, onde a pretensão de dotar o cidadão ocupadas, vislumbra-se a questão do controle das comum, autoridades públicas, oportunidade de introduzir enchentes requer soluções de lideranças comunitárias, práticas e conceitos responsabilidade do Poder estudantes, professores e contemporâneos para o Público local. Por outro lado, o políticos interessados, do controle de enchentes através referido Plano pode e deve fixar conhecimento básico de ações a serem diretrizes gerais que necessário para melhor implementadas pelos planos contemplem a adoção de compreensão dos principais de recursos hídricos, novos conceitos e critérios, tais agentes formadores das instrumentos das referidas como, conservar ao máximo a enchentes, dos fatores físicos políticas. retenção natural das águas de agravantes, das possíveis Iniciativa recente do chuva e a proibição de conseqüências envolvidas e Ministério do Meio Ambiente, urbanizar áreas sujeitas a das grandes mudanças através da Secretaria de inundações. conceituais que devem ser Recursos Hídricos, na sua A recuperação de áreas introduzidas na gestão e na missão institucional de para infiltração, o aumento da prática das intervenções para promover e divulgar os capacidade de retenção, controlar e amenizar os efeitos objetivos da Política Nacional através de soluções pontuais das mesmas. de Recursos Hídricos, e regionais, a utilização constituiu grupo de trabalho sustentável das águas de para discutir e elaborar o Plano chuva e a revitalização dos Nacional de Prevenção e cursos de água, fazem parte Defesa Contra Eventos de um conjunto de medidas Hidrológicos Críticos de postas em prática em países Origem Natural ou como Alemanha, Japão e Decorrentes do Uso Estados Unidos. Inadequado dos Recursos O risco do colapso de Naturais. O Plano está inserido grandes obras como barragens como meta do Programa de laminação de enchentes e Águas do Brasil (Avança diques de contenção, que Brasil). podem gerar conseqüências Plano de tamanha catastróficas, levaram estes proporção, certamente países a rever a política para o contemplará as grandes setor, em busca de alternativas bacias hidrográficas de rios estruturais e não estruturais, federais e, portanto, com abrangência significativamente 12
  • 14. 13
  • 15. CICLO HIDROLÓGICO As águas na natureza se movimentam, circulam e se transformam no interior das três unidades principais que compõe o nosso Planeta, que são a atmosfera (camada gasosa que circunda a Terra), a hidrosfera (águas oceânicas e continentais) e litosfera (crosta terrestre). A dinâmica de suas transformações e a circulação nas referidas unidades, formam um grande, complexo combinação de outros fatores superfícies superiores das e intrínseco ciclo chamado físicos, o vapor d’água se construções por ventura ciclo hidrológico. concentra nas camadas mais existentes (telhados, terraços, Por se tratar do ciclo altas, formando nuvens que se outros). representativo do caminho modelam e se movimentam O que excede à essa das águas nos seus diversos em função do deslocamento retenção, soma-se àquela estados físicos (sólido, líquido das massas de ar (vento). parcela de chuva que atingiu e gasoso) não permite, Em determinadas diretamente o solo, se claramente, a identificação do condições físicas, surgem infiltrando através dos vazios início do mesmo. gotículas de água que se entre os grãos do solo. Pegando uma “carona” precipitam das nuvens e, sob A água infiltrada no circuito, no momento em a ação da força da gravidade, percola (escoa através dos que a água evapora dos formam a precipitação vazios do solo) na direção das oceanos e da superfície da pluviométrica, ou seja, a camadas mais profundas, terra, passa a integrar o chuva. As águas de chuva contribuindo para o conteúdo da atmosfera na podem ser interceptadas, abastecimento dos forma de umidade (vapor em parte, pela vegetação reservatórios subterrâneos d’água). Dependendo das (copa das árvores) que cobre rasos (lençol freático) e condições climáticas e da o terreno e/ou pelas profundos (aqüíferos). 14
  • 16. Portanto, pode-se constatar que quanto maior for a retenção na cobertura vegetal e a infiltração das águas de chuva, menor será o volume excedente disponível para o escoamento superficial e, a princípio, pressupõe-se menor chance de ocorrência de enchentes e inundações. Deve ficar claro que tudo dependerá da Quando a capacidade de infiltração do quantidade de chuva, dos limites das solo é superada, o excesso das águas de chuva capacidades de retenção superficial, das taxas vai avolumar os escoamentos superficiais já de infiltração características do solo existente iniciados sobre as áreas impermeáveis e as de e das chuvas antecedentes. menor permeabilidade, na direção das regiões Assim, quanto maior as oportunidades mais baixas, através das galerias de águas das águas de chuva se infiltrarem, maior será pluviais, quando houver, dos córregos, riachos a recarga dos reservatórios subterrâneos, e rios, chegando, por fim, ao oceano onde a fortalecendo a capacidade de abastecimento continuidade do ciclo se manifesta novamente dos corpos de água durante os períodos típicos através dos mecanismos de evaporação. de estiagem (sem chuva). Estes conceitos Convém lembrar que a água retida na serão melhor abordados adiante. vegetação, bem como, aquela que ficou Com o propósito de proporcionar melhor armazenada nas pequenas depressões do entendimento das diferentes etapas que terreno, nos lagos, lagoas, lagunas e compõe o ciclo hidrológico, são apresentados, reservatórios construídos pelo homem, também a seguir, algumas definições e comentários úteis passam pelo processo de evaporação, para o acompanhamento dos assuntos tratados. aumentando a umidade da atmosfera. É importante esclarecer que durante os períodos sem chuva, as águas armazenadas nos reservatórios subterrâneos fluem lentamente, pela ação da gravidade, para áreas mais baixas, abastecendo os corpos de água, (rios, lagos, lagunas, reservatórios). Essa contribuição é chamada de descarga base ou escoamento base. 15
  • 17. Evaporação A evaporação é a transformação física do estado líquido para o estado gasoso, sob a forma Atmosfera de vapor d’água. A atmosfera é constituída Pode ocorrer em de diferentes camadas com situações diversas características distintas. A sob diferentes primeira chama-se condições físicas. troposfera e alcança De uma maneira altitudes médias de 6 km nos geral, pode-se pólos e 17km, no Equador, identificar os com temperaturas variáveis e seguintes tipos de onde estão cerca de 90% do evaporação: vapor d’água total da • evaporação direta – ocorre • evaporação do solo – atmosfera, principalmente diretamente sobre a ocorre a partir da água nos 5km iniciais. precipitação, isto é, durante retida nas camadas Portanto, a troposfera é a sua queda e antes de superiores do solo, seja camada da atmosfera que alcançar a superfície da por encharcamento, mais interesse desperta para os Terra; retidas nos interstícios, ou estudos de formação das • evaporação das por elevação através do nuvens e chuvas. superfícies líquidas – efeito de capilaridade. A segunda camada ocorre em todas as • evaporação por denomina-se estratosfera, superfícies líquidas transpiração – os vegetais com temperatura constante, disponíveis, isto é, nos depois de retirarem até cerca de 40km de lagos, lagoas, lagunas, através do seu sistema altitude. cursos de água, radicular, a água e as A terceira, é a reservatórios, oceanos, substâncias minerais nela mesosfera, até 80km e, nas águas acumuladas dissolvidas, devolvem a em seguida, a termosfera, nas depressões do terreno água para a atmosfera, acima desse limite. e naquelas retidas sobre a através das folhas, pelo Como citado vegetação em geral. processo de transpiração. anteriormente, a umidade atmosférica é proveniente basicamente do resultado do processo de evaporação. 16
  • 18. Condensação Atmosférica A condensação é a alteração do estado de vapor atmosférico para a forma Precipitação líquida, proporcionando a criação de minúsculas gotas O processo de aglutinação e coagulação contribuem d’água, que, dado ao peso para o aumento do volume e peso das gotículas, insignificante, permanecem na atmosfera formando as alcançando diâmetros da ordem de 0.2 a 0.5 milímetros, nuvens. podendo então, ocorrer a precipitação. A capacidade máxima do As gotas assim formadas, caem sob o efeito da ar de reter vapor, depende, gravidade, à qual se contrapõem o empuxo e o atrito do ar entre outros fatores, da temperatura. Ar quente pode atmosférico, proporcionando, ainda mais, o aumento do reter muito mais vapor do que volume da gotícula, determinando e caracterizando o o ar frio. A umidade específica diâmetro e a velocidade de queda máximos. oscila de 25g por kg de ar A precipitação pode ocorrer sob diversas formas: tropical marítimo à 0,5g por kg • chuva – precipitação em forma líquida, com de ar polar continental. Por isso quando o ar úmido ascendente diâmetros variando entre 200 milésimos de milímetros e se esfria e o limite de saturação alguns milímetros; é atingido, acontece a A chuva formada por gotículas cujos diâmetros são c o n d e n s a ç ã o : inferiores a 0.5 milímetros é conhecida como garoa ou a transformação do vapor em água. chuvisco; As gotículas não se • neve – quando a condensação do vapor d’água precipitam de imediato, devido ocorre em temperaturas muito baixas (sublimação), formam- ao peso reduzido e a influência se cristais de gelo que coagulam e se precipitam em forma das correntes de ar ascensionais típicas da de flocos; turbulência atmosférica. • granizo – precipitação em forma de pedras de gelo. A nuvem tem o Tal precipitação pode ocorrer pelo congelamento da gota comportamento de um meio d’água ao atravessar camadas atmosféricas mais frias ou pela coloidal disperso onde as recirculação de cristais de gelo no interior das nuvens; gotículas se aglutinam ou se coagulam em torno de núcleos • nevoeiro – o nevoeiro é uma nuvem ao nível do solo, de condensação existentes em com gotículas de diâmetro médio em torno de 0.02 condições naturais, podendo milímetros, conhecido também como cerração ou russo; ser cristais de cloreto de sódio • orvalho – deposição de água sobre superfícies frias, e de cloreto de cálcio, sais de enxofre ou óxidos de à noite, como resultado do esfriamento do solo e do ar nitrogênio, cristais de quartzo atmosférico adjacente, por efeito de irradiação de calor; ou sílica, anidrido carbônico, • geada – deposição de uma finíssima camada de cristais de gelo e poeiras. Tais gelo decorrente de processo de irradiação térmica, núcleos possuem diâmetro entre 1 a 5 vezes a milésima ocorrendo em temperaturas muito baixas (sublimação do parte do milímetro. vapor d’água). 17
  • 19. Retenção Superficial Ocorrência no processo do ciclo hidrológico que pode acumular água de duas formas: • interceptação vegetal – relativa à parcela da precipitação que fica retida sobre a Infiltração vegetação de uma É a parcela da maneira geral; precipitação que • acumulação infiltra no terreno nas depressões – através dos vazios do relativa à parcela solo, contribuindo Escoamento Escoamento retidas nas para as águas Subterrâneo Superficial depressões do subterrâneas dos Ocorre através É a parcela das terreno. lençóis superficiais e dos interstícios do águas de chuva que A água da para as camadas solo totalmente flui sobre os terrenos, retenção superficial mais profundas encharcado, com sob a ação da retorna à atmosfera impermeáveis que d i r e ç ã o gravidade, buscando pela evaporação cortam o fluxo vertical predominantemente as linhas de c o n f o r m e retendo grande horizontal, onde talvegue, alcançando anteriormente quantidade de água prevalecem as os cursos de água, citado. no solo acima delas. forças de gravidade os lagos, os e pressão. Tal oceanos. escoamento se dá na direção dos pontos mais baixos ou de menor potencial e, desta forma, retornam suas águas aos corpos hídricos. 18
  • 20. Tipos de Precipitação Pluviométrica As precipitações podem ser grupadas em três tipos fundamentais, em função dos agentes que lhes dão origem. • Precipitação Orográfica As massas de ar úmido e quente que se formam sobre os continentes ou sobre os oceanos, com grandes quantidades CHUVAS de vapor d’água decorrentes dos processos de evaporação, podem ser deslocadas pelos ventos contra barreiras orográficas Como visto antes, as (montanhas ou cordilheiras). O contato com essas barreiras nuvens nada mais são que defletem rapidamente essas massas para o alto, fazendo com massas concentradas de que se esfriem e sofram os processos de condensação e gotículas de água suspensas. precipitação. Tais gotículas são formadas em conseqüência da condensação do vapor d’água ao redor de pequenas partículas presentes na atmosfera. As condições físicas para a condensação são estabelecidas pela expansão das correntes de ar em ascensão que se esfriam com a altitude e perdem a capacidade de reter vapor d’água. Verifica-se que a Pela rapidez com que a massa de ar se eleva, ocorrência de chuvas tem dependendo da topografia e quantidade de umidade, pode gerar ligação direta com a rapidez chuvas muito intensas. com que as massas de ar se esfriam, intensificando o • Precipitação Ciclônica crescimento do tamanho da Existem grandes áreas da superfície terrestre que gotícula pela condensação e apresentam características térmicas e de umidade uniformes aglutinação, até a instabilidade que são transmitidas gradativamente às massas de ar acima da sustentação no ar e a estagnadas ou que sobre elas se deslocam lentamente. Essas conseqüente queda pela ação massas de ar, em grande volume e extensão, passam a da força da gravidade, apresentar também, características térmicas de umidade que caracterizando a precipitação as caracterizam. pluviométrica. 19
  • 21. Em geral, essas massas de ar formam- • Precipitação Convectiva se em regiões como o Ártico, a Antártica, a Resulta da ascensão do ar úmido e Patagônia, o Pantanal Mato-grossense, o quente, em regiões de clima quente, em função Deserto do Saara, e outros, e podem se da densidade, criando um processo de encontrar umas com as outras, à medida que convecção térmica. se deslocam sobre o globo terrestre. Tal fenômeno cria uma célula de Quando duas massas de ar de convecção onde o ar quente sobe rapidamente diferentes temperaturas se encontram, a pelo centro da nuvem, esfriando-se, propiciando tendência será a formação de uma cunha da a condensação e a precipitação. Quando o ar massa de ar mais fria sob a massa mais quente, mais seco chega ao topo da nuvem, após a empurrando-a para cima. perda de umidade, diverge para a atmosfera Forma-se uma grande superfície frontal retornando ao solo de forma convergente por cuja linha de contato com a crosta terrestre baixo da nuvem, realimentando-a de umidade chama-se frente. carreada do ar adjacente à célula de convecção. Em decorrência da oposição das duas Novamente, o ar úmido sobe, e o ciclo se repete massas, a de maior energia empurrará a outra, até que a intensidade de realimentação diminua. e se chamará fria ou quente, conforme seja As chuvas convectivas são geradas a mais fria ou quente com relação à outra massa partir de nuvens de grande desenvolvimento de ar. vertical (cumulu nimbus), ocorrendo com muita Quando houver equilíbrio energético, a intensidade em períodos curtos, promovendo frente criada chama-se “frente quase uma varredura na umidade atmosférica, estacionária”. deixando geralmente, ao seu término, o céu límpido e tempo bom. O Rio de Janeiro, pelo seu clima quente, é marcado pelas chuvas convectivas com “pancadas” de fim de tarde durante o verão. O ar quente é empurrado para o alto, configurando-se as condições favoráveis à condensação e à precipitação. As chuvas ciclônicas são, em geral, pouco intensas e muito duráveis. 20
  • 22. Entre os anos 1400 e Conceituação e 1600, grandes pesquisadores esclarecimentos adicionais deixam a especulação sobre essas grandezas: Distribuição Espacial filosófica sobre as questões Altura: hidrológicas para iniciar é a medida vertical, em efetivamente, observações do geral em milímetros, do A distribuição espacial ciclo das águas na natureza. volume da chuva da chuva não é uniforme, isto As chuvas mereciam ocorrido e acumulado é, não cai a mesma quantidade atenção especial em função em um recipiente de água igualmente sobre uma das diferentes variações no cilíndrico; região durante o mesmo tempo e no espaço. Duração: intervalo de tempo. Pode As águas vindas dos é o intervalo de tempo ocorrer, inclusive, chuva numa céus eram muito bem considerado durante a área e nenhuma sobre uma recebidas durante o plantio e o precipitação. Pode ser outra vizinha. É comum isto crescimento das lavouras. Ao do total ou de parte da ocorrer e, certamente, o leitor mesmo tempo, que temida chuva. A duração da já constatou esse fato ao ler os pela possibilidade de provocar chuva é expressa em jornais ou telefonar para um enchentes e inundações. minutos, horas ou dias; amigo que está se preparando Data do século XVII, na Intensidade: para passear enquanto você Europa, as primeiras iniciativas é a altura de chuva na liga para comentar a chuva que para medir as chuvas na unidade de tempo, isto está caindo na sua área. tentativa de comparar e é, o quociente entre a Portanto, a ocorrência quantificar os volumes entre as altura e a duração. de chuvas está vinculada a águas precipitadas e aquelas Freqüência: uma série de fatores locais e escoadas superficialmente nos é uma característica regionais como a circulação cursos d’água. estatística relativa a das massas de ar, As grandezas ocorrência das chuvas. temperatura, topografia, estabelecidas e adotadas ao umidade do ar, ventos, etc.. longo dos tempos para As chuvas são medição das chuvas são medidas nas estações Medição da Chuva altura, duração, intensidade e pluviométricas. As estações Desde a época do freqüência. Tais grandezas têm podem ser equipadas com Império Romano e, mesmo em sido utilizadas no mundo tempo anteriores, na Índia científico e tomadas como aparelhos totalizadores (século IV AC), o homem já se medidas de comparação (pluviômetros) e/ou interessava e estudava a universal entre chuvas registradores (pluviógrafos). ocorrência e a circulação das ocorridas em diversas regiões águas na natureza. do planeta. 21
  • 23. Os pluviômetros acumulam as águas de chuva captadas através de uma pequena bacia de recepção. O volume precipitado é medido com o auxílio de uma proveta calibrada que acompanha o equipamento. Em geral, no Brasil, os pluviômetros são empregados como totalizadores das precipitações de 1 dia de duração. Cada estação é operada por um observador, morador da região, treinado diretamente sobre gráficos pluviógrafos por serem para efetuar a leitura todo o dia, especiais ou, mais constituídos de mecanismos às 7 horas da manhã, modernamente, detectada de relojoaria, baterias e conforme convenção nacional. por sensores, transformada em pequenas peças móveis, estão Os pluviógrafos sinais elétricos e gravada como sujeitos a defeitos e funcionam sob os mesmos leituras digitais em meio interrupções dos registros. princípios que um pluviômetro, magnético a intervalos de inclusive com o mesmo tempo pré estabelecidos. tamanho da bacia de A grande vantagem do Características das recepção. A diferença está na pluviógrafo é permitir a Chuvas no Estado do Rio vantagem de registrar, determinação da intensidade de Janeiro continuamente, através de da chuva a intervalos de tempo mecanismos específicos, a tão pequenos quanto se queira. variação da altura de chuva Além disso, os pluviógrafos As chuvas que ocorrem durante o período de tem uma autonomia maior, no Estado do Rio de Janeiro precipitação. dependendo dos mecanismos apresentam, de um modo Os pluviógrafos são instalados e do comprimento geral, características sazonais equipados com pequenos do papel do pluviograma, bem definidas. São reservatórios cilíndricos que podendo cobrir períodos de até influenciadas a nível local, pela acumulam as águas de chuva. 6 meses de observação. proximidade do Oceano A variação dos níveis no Embora se desfrute, a Atlântico e pela topografia reservatório é registrada princípio, dessa autonomia, os acidentada, a nível regional, 22
  • 24. pelo padrão de circulação das o aquecimento do ar. iniciam-se geralmente na massas de ar na atmosfera e, Esses eventos são freqüentes, Região Serrana e caminham a nível planetário por eventos têm longa duração, cerca de no sentido do litoral. São de grande escala. três a quatro dias, abrangem precedidos por trovoadas, No outono e no inverno, todo o Estado e são relâmpagos e ventos de os dias são claros, tempo acompanhados de ventos e rajada. bom, com baixa umidade do ar, queda da temperatura. Nos Essas chuvas podem havendo formação de nevoeiro dias de primavera e verão, a ocorrer simultaneamente com na madrugada, na Região situação típica é de períodos de maré alta, Serrana e, mais tarde, no início temperaturas elevadas, com bloqueando e dificultando os da manhã, no litoral. Os formação de nuvens tipo escoamentos das águas. É o nevoeiros são freqüentes e cumulu nimbus no final da que se observa nos trechos causam transtornos para tarde, dando origem a chuvas inferiores dos rios da baixada navegação marítima e aérea. convectivas, pela simples que deságuam na Baía de As chuvas nessa ascensão e esfriamento das Guanabara. Essa coincidência época, são normalmente massas de ar. Estes eventos, leva, muitas vezes, as águas ocasionadas por entradas de de pequena abrangência procurarem outros caminhos, frentes frias. No dia anterior ao espacial, curta duração e transbordando do seu curso início das chuvas, observa-se grandes intensidades, natural e causando o aumento da nebulosidade e chamados de tempestades, inundações. 22/07/2000 3:00hs 22/07/2000 15:00hs 23/07/2000 9:00hs 23/07/2000 15:00hs 23/07/2000 18:00hs 24/07/2000 0:00hs 23
  • 25. Chuvas ciclônicas podem também se as áreas mais inclinadas são ocupadas e formar em ocasiões de aproximação de frentes desmatadas pelo homem. A inundação dos frias, quando ventos de sudoeste, vindos do terrenos marginais é iminente. Oceano Atlântico, empurram as nuvens para Chuvas orográficas incidem nas áreas cima, funcionando como uma cunha, dando dos contrafortes das Serras do Mar e da início ao processo de condensação e Mantiqueira quando, por efeito da mudança precipitação. brusca do relevo provocam chuvas intensas de Eugênio Monteiro curta duração. Quando a frente fria incide sobre a área continental no período do verão, as diferenças de temperatura das massas de ar são grandes e podem provocar chuvas com maior intensidade do que aquelas observadas no Estudo realizado pela Universidade inverno. Federal do Rio de Janeiro, a partir de Em situações de bloqueio da frente fria, isto observações dos temporais que incidiram sobre é, quando uma massa de ar quente impede seu a Cidade do Rio de Janeiro no período de 1882 caminho, ela pode ficar estacionária por vários dias a 1996, onde são grupadas as chuvas com em uma mesma região. Nessas ocasiões, o solo totais diários de 40 a 100mm e maiores que saturado pelas chuvas antecedentes, pode deslizar 100mm, mostra que o número de eventos ao das encostas, carreando sólidos para os cursos longo do ano para esses dois grupos é muito de água, contribuindo para o gradual assoreamento maior no período do verão. e obstrução parcial dos caminhos das águas. Tal fato preocupante, tendo em vista que, ao mesmo tempo, ocorre o aumento da percentagem da chuva que contribui para o escoamento superficial, é comum na região ao longo da Serra do Mar, onde 24
  • 26. Para se ter uma idéia O fenômeno El Niño, climáticas adversas em várias do que realmente representa que em espanhol quer dizer regiões do planeta. No Brasil, uma chuva de 100mm de “Menino Jesus” pela sua podem provocar maior duração definida, pode-se ocorrência próximo ao natal, é umidade no norte e ocasionar imaginar que, ao incidir sobre o resultado do aquecimento irregularidades no regime a área de um campo de futebol, das águas do Pacífico pluviométrico da Região Sul Equatorial. No Brasil, vem com dimensões de 75m x (chuvas fortes seguidas de provocando fortes chuvas com 110m, produz um volume de longo período seco). 3 conseqüentes inundações nas 825m ou 825 caixas de água Regiões Sul, Sudeste e Quanto à distribuição de 1000 litros. No caso de uma Centro-Oeste. Por outro lado, espacial das chuvas no bacia hidrográfica de pequeno nas Regiões Norte e Nordeste, território do Estado do Rio de porte como é a do Rio os totais precipitados ficam Janeiro, tem sido observado Maracanã, com área de abaixo do normal. nas estações pluviométricas drenagem de cerca de que são operadas por mais de 13.110.000m 2 , o volume O fenômeno La Niña, vinte anos, pelo Instituto produzido seria de 1.311.000 que, em espanhol, quer dizer Nacional de Meteorologia – caixas de 1000 litros. Quase a “a menina”, diz respeito ao totalidade desse volume dirigir- resfriamento das águas do INMET, eventos de chuva muito se-á à seção de fechamento Oceano Pacífico, trazendo mais intensas nas Regiões Sul da Bacia do Rio Maracanã. Se também modificações quanto e Metropolitana do que as essa chuva se distribuir ao a circulação das massas de ar Regiões Norte e Noroeste do longo de 1 dia, provocará e das águas oceânicas. Estado. Esse comportamento significativa elevação do nível Durante a La Niña, as se repete para os totais anuais temperaturas mais frias das d’água, podendo causar, de precipitação pluviométrica. águas do Oceano Pacífico em alguns trecho, podem promover situações transbordamento da calha, transtornos a população e ao trânsito. Se os 100mm concentrarem-se em poucas horas, o resultado será bem mais grave. Esse padrão sazonal pode ser alterado em função de fenômenos meteorológicos que influenciam o regime de chuvas, não somente na região do Estado do Rio de Janeiro como em todo o planeta, por meio da interação do Oceano Pacífico e a atmosfera. 25
  • 27. 26
  • 28. No período de 18 a autoridades do Poder Público 21, a área mais afetada foi o voltaram-se para a região de Maciço da Tijuca, na Zona Jacarepaguá. Chuvas de Norte da Cidade do Rio de elevada intensidade, Eventos Marcantes no Janeiro, com mais de 430mm ocasionadas pela chegada de Estado do Rio de Janeiro precipitados durante 4 dias, uma frente fria, incidiram sobre com período de recorrência a Cidade do Rio de Janeiro, estimado em 50 anos. concentrando-se no Maciço da Chuvas de fevereiro de 1988 Foi decretado estado Tijuca, vertente sul. Os totais de calamidade pública, com pluviométricos registrados Durante o mês de mais de 14.000 desabrigados. pelo INMET foram: fevereiro, as massas de ar Avaliando as polar que chegavam ao Estado do Rio de Janeiro, vindas do sul conseqüências desses do país, ficaram bloqueadas eventos, pode-se inferir que as por outras massas de ar chuvas que contribuíram para oriundas do norte, ocasionando as maiores inundações foram uma seqüência de eventos de as mais intensas com chuvas intensas em diferentes duração de menos de duas locais. No dia 13, houve horas. O pequeno tempo de No início do mês, na elevação do nível dos rios da concentração das bacias Zona Oeste da Cidade do Rio região, que apresentam hidrográficas da região e a de Janeiro foi registrado em um pequena capacidade de reduzida capacidade de só dia, o total de precipitação escoamento, afetando as escoamento dos rios, de 230mm, com recorrência residências construídas bastante prejudicada pelo impropriamente junto às estimada de 100 anos, aporte de material sólido (solo margens. provocando grandes e lixo) agravaram No dia 14, do total alagamentos. Na Cidade de consideravelmente a situação. precipitado, 200mm Petrópolis, Região Serrana do Já os deslizamentos das ocorreram em somente 8 Estado, nos seis primeiros áreas de encostas tiveram horas, o cenário era de dias do mês, choveu cerca de como principal causa, as destruição. Grandes blocos de 414mm, mais do que o total chuvas com maior duração pedra e elevado volume de médio mensal para o mês. As que encharcaram o solo e o terra desceram das encostas, chuvas continuaram e, até o lixo acumulado. mesmo dos trechos dia 24, alcançaram 776mm. protegidos com vegetação Os incidentes mais graves natural, vindo obstruir as foram aqueles decorrentes de calhas dos rios. Nas áreas de Chuvas de Jacarepaguá – deslizamentos de encostas e baixada, os leitos dos rios Fevereiro de 1996 extravasamentos das calhas deixaram de existir, nivelando- dos rios. Nos dias 13, 14 e 15 se aos terrenos marginais. O de fevereiro de 1996, a atenção saldo foi de 1500 da população e das desabrigados e 59 mortes. 27
  • 29. Equipes dos Italva e Cardoso Moreira). chuva do período foram Governos do Estado e do Os Rios Pomba e observados no dia 3, em Município uniram-se o esforço Muriaé, afluentes do Paraíba Resende (139mm) e Piraí de reconstruir o caminho das do Sul, com nascentes no (160mm). Nos Municípios da águas, preocupados com a Região Serrana, durante os Estado de Minas Gerais, possibilidade da incidência de dias 1, 2 e 3 os totais drenaram, nessa ocasião, outras chuvas. pluviométricos foram de volume de água superior à sua É interessante 219mm em Nova Friburgo, capacidade de escoamento, salientar o caracter localizado 255mm em Resende, do evento. No dia 14, quando o tendo sido medido, no Rio 253mm em Piraí e 201mm total pluviométrico em Pomba em Cataguases, o em Petrópolis. Jacarepaguá era de 304mm, no nível de 5.56m, quando a As chuvas que centro da Cidade do Rio de média para esta época é de incidiram sobre as bacias Janeiro, os pluviômetros 1.90m. O Rio Paraíba do Sul hidrográficas dos afluentes registravam cerca de 20mm. alcançou o nível de 11.42m do Rio Paraíba do Sul no em Campos, transbordando trecho fluminense, em alguns trechos. provocaram elevação no Chuvas de 1997 da Região Os totais de chuva nível do Rio Paraíba do Sul Norte e Noroeste do Estado observados no período de 1 a acima da capacidade de sua Fortes chuvas 4 de janeiro foram de calha, causando inundações concentraram-se no sudeste 196.7mm em Itaperuna, nas áreas marginais. Em do Estado de Minas Gerais e 193mm em Cordeiro e Volta Redonda, o nível d’água norte e noroeste do Estado do Rio de Janeiro, como 103mm em Campos. No subiu 3 metros acima do conseqüência do encontro de normal. Essa situação só Estado de Minas Gerais os uma frente fria com uma não foi mais grave porque a valores foram mais elevados. massa de ar quente e úmido contribuição da Bacia do Rio vindo da Bacia Amazônica em Paraíba do Sul, do trecho de direção ao Oceano Atlântico, Chuvas de Janeiro de 2000 montante (São Paulo) ficou passando pela Região Nos primeiros dias de retida no reservatório de Sudeste, no início de janeiro janeiro de 2000, devido a uma Funil, que suportou o de 1997. frente fria estacionária, acréscimo de volume Foram 6 dias de precipitações intensas d’água, mantendo fechadas chuvas fortes, na maior atingiram o nordeste de São as comportas do vertedouro. enchente dos últimos 20 anos Paulo, o sul de Minas Gerais As inundações em diversos na região, com grandes áreas e, no Estado do Rio de cursos de água causaram alagadas e registro de 30 mil Janeiro, as Regiões Serrana e problemas de trânsito e pessoas desalojadas. Foi do Médio Paraíba do Sul e o deixaram as cidades de Piraí decretado estado de Município do Rio de Janeiro. e Nova Friburgo ilhadas. Na calamidade pública em 8 Os totais de chuva observados Rodovia Dutra, o municípios do Estado do Rio em Pindamonhangaba, São engarrafamento chegou a de Janeiro (Porciúncula, Paulo, foram de 152mm em 24 30km. Natividade, Varre-Sai, horas e 203mm em 48 horas. Itaperuna, Bom Jesus do No Estado do Rio de Janeiro, Itabapoana, Laje do Muriaé, os maiores totais diários de 28
  • 30. Segundo a Defesa Civil, Barra Mansa o número de desabrigados foi cerca de 6 mil pessoas, havendo 12 óbitos, vítimas de afogamento, desabamentos e quedas de barreiras. Nos municípios de Barra Mansa e Resende foi decretado estado de calamidade pública. Nos Estados de Minas Gerais e São Paulo a situação também foi grave. Em Minas, 14 prefeitos decretaram estado de emergência, com 15 mil desabrigados e, em São Paulo, o estado de emergência foi decretado nas Cidades de Queluz e Cruzeiro. Antônio Cavalcante ESCOAMENTO DAS escoamento das águas de escoamento superficial. A ÁGUAS DE CHUVA chuva aqui descritos, podem infiltração é mais intensa no ocorrer com diferentes início da chuva, uma vez que o Para explicar os intensidades e configurações, solo está menos úmido. diferentes caminhos que as dependendo das A taxa de infiltração vai águas de chuva percorrem características espaciais da gradativamente crescendo até antes de alcançar os cursos de chuva, cobertura vegetal, água (córregos, riachos, um quadro de equilíbrio, topografia do terreno, tipo e ribeirões, rios e canais) será ocupação do solo, sistema de quando, a princípio, considerado para fins drenagem natural, chuva dependendo do tipo do solo, ilustrativos, um evento de antecedente, etc.. permanece praticamente precipitação pluviométrica de Nos itens anteriores, constante. longa duração. ficou esclarecido que após o Se a chuva continua Deve ficar claro que o início das chuvas, dá-se a com intensidade superior à cenário aqui exposto, gradativa interceptação das taxa de infiltração, o solo fica representa um águas pela vegetação, saturado como uma esponja comportamento genérico, não retenção nas depressões do cheia de água e reage quase devendo ser considerado terreno, infiltração direta e a como padrão para todas as conseqüente percolação para como uma área impermeável. bacias hidrográficas. Assim, reservatórios subterrâneos e Tod a a c h u v a a d i c i o n a l as diversas fases e tipos de as primeiras manifestações do escoa na superfície 29
  • 31. proporcionando o pleno Forma-se uma zona de É importante salientar preenchimento das saturação que, conforme que cada um dos tipos de depressões e/ou áreas de comentado anteriormente, vai escoamento aqui abordados, também alimentar os cursos isto é, o superficial, o sub- acumulação natural e o de água, principalmente nas superficial e o de conseqüente transbordamento áreas mais baixas da bacia. base,atingem os cursos de para os terrenos adjacentes. Esse fluxo subterrâneo é água em tempos distintos. Desse momento em denominado de escoamento- O mais rápido e diante, fica melhor definido o base ou descarga-base. volumoso é o escoamento escoamento superficial Em conseqüência das superficial, chegando em direto, isto é, aquele formado baixas velocidades de seguida o sub-superficial e pelas águas que não se infiltração e percolação das muito tempo depois o de base. infiltraram e não ficaram retidas águas até atingirem o lençol É interessante nas depressões e na freático e do próprio mencionar também, que sob escoamento subterrâneo no vegetação. determinadas condições meio poroso, as contribuições Essas águas topográficas, em função da e as variações da descarga- percorrem, sob influência da capacidade de infiltração e base só serão percebidas nos força de gravidade, os cursos de água, muito tempo ocupação do solo, pode caminhos de drenagem natural depois do início da chuva. acontecer uma elevação mais e/ou artificial, até atingirem o Nos terrenos mais rápida do nível das águas nos curso de água principal, inclinados, dependendo da cursos de água em permeabilidade do solo logo comparação com o avolumando o escoamento no abaixo da superfície, pode crescimento do nível do lençol sentido das áreas mais baixas. ocorrer um fluxo de água subterrâneo. A infiltração das águas denominado de escoamento Nessa situação, passa vai, gradativamente, a haver uma inversão do fluxo sub-superficial. Esse encharcando a camada escoamento se intensifica com de contribuição subterrânea, superior do solo, mais porosa o encharcamento das isto é, do cursos de água no em decorrência da ação das primeiras camadas do solo. sentido do lençol freático. raízes das plantas e dos Em um dado momento, Quando isso ocorre, o dependendo da intensidade da curso de água passa a hábitos da fauna residente, chuva, os três tipos de denominar-se influente, não passando a percolar para as escoamento estarão mais efluente, reforçando o camadas inferiores mais contribuindo ao mesmo tempo suprimento dos reservatórios densas e menos permeáveis. para o curso de água. subterrâneos. 30
  • 32. HIDROGRAMA vertical é a escala de vazões e interpretar que a vazão o horizontal, a escala de existente no curso de água, O hidrograma é uma tempo, o resultado obtido é o momentos antes do próximo representação gráfica que evento pluviométrico, é gráfico apresentado a seguir. relaciona vazão com o tempo. representativa das Portanto, o hidrograma contribuições da própria A vazão média é o é um registro da variação das nascente, somadas com a resultado da divisão de um vazões escoadas através de parcela afluente do lençol determinado volume de água uma determinada seção freático (escoamento-base). pelo intervalo de tempo que transversal de um curso de Iniciada a chuva, como esse volume precisa para água durante um intervalo de esclarecido anteriormente, as passar através de uma seção tempo. águas dos escoamentos de um curso de água. Portanto, Quando o período entre superficial e sub-superficial uma chuva e outra for juntam-se àquelas do mais longo, pode-se escoamento base. Q= V ÷ t Onde, Q = vazão; V = volume de água; t = intervalo de tempo. A vazão é geralmente expressa em metros cúbicos por segundo (m3/s); litros por segundo (l/s) ou litros por hora (l/h). A título de exemplo, considera-se um observador sentado na margem de um curso de água antes do início de um determinado evento de chuva. Iniciada a precipitação A figura abaixo apresenta um compõem um hidrograma pluviométrica, o observador exemplo teórico aproximado observado após um período mede inicialmente a vazão das diferentes parcelas dos chuvoso isolado e de mesma (Qo) e registra o tempo (to). escoamentos existentes que intensidade sobre a bacia. Depois, passa a medir a vazão a intervalos de tempo constantes, obtendo uma série de pares de valores de vazão e tempo (Q1,t1); (Q2,t2); (Q3,t3); etc.. Após um longo período que englobou o início e o fim da chuva, é possível desenhar o hidrograma. Se os pares de valores Q e t, são marcados em um sistema de eixos perpendiculares, onde o 31
  • 33. Na realidade, os hidrogramas na engenharia (sistemas de abastecimento de natureza, têm formas muitas vezes complexas, água, sistemas de drenagem das águas de isto é, hidrogramas compostos, que vão chuva, vertedouros de grandes barragens, depender da distribuição da chuva no tempo e estruturas de controle de inundações, etc.). no espaço das características da bacia Para o conhecimento do hidrograma, é necessário a instalação de uma estação hidrográfica e da chuva antecedente. fluviométrica próxima ao trecho do curso de água Quando as alturas de chuva não são que se deseja estudar. uniformes sobre a bacia e se manifestam com Na estação fluviométrica, através de diferentes intensidades, produzem hidrogramas campanhas de medição de vazão, é com várias subidas e descidas. estabelecida uma relação entre as cotas da superfície da água referente a um nível conhecido, e as respectivas vazões medidas. Essa relação, é denominada de curva- chave ou curva de calibragem e deve abranger, a principio, a gama de variação da superfície da água naquela seção transversal. Muitas vezes, torna-se necessário, para fins de estudos e projetos de obras de controle de enchentes ou mesmo para outras finalidades da engenharia, o conhecimento do hidrograma contínuo ao longo dos meses e anos, em seções do curso de água de interesse estratégico. Esses hidrogramas refletem o Em geral, é dificil a realização de comportamento das vazões naquela seção ao medições de vazão em cotas altas, o que leva longo do tempo e se constituem no registro à utilização de métodos de extrapolação para contínuo do escoamento, englobando os estimar as vazões de maior volume, períodos de estiagem e chuvosos. decorrentes de chuvas muito intensas e As vazões críticas mínimas e/ou duradouras. máximas observadas a cada ano, fornecem Em complemento à curva-chave, é uma amostra histórica cujo tratamento necessário leituras diárias das cotas da estatístico permite a definição de parâmetros superfície da água em relação a uma referência importantes para planejamento e projetos de arbitrária fixa no terreno (referência de nível). 32
  • 34. As leituras são efetuadas geralmente por As flutuações dos níveis da água podem morador local (observador), através de um ser registradas diretamente sobre um papel conjunto de réguas com lances de 1 e/ou 2 apropriado ou gravadas em meio magnético, metros ao longo da margem. Muitas vezes são utilizados lances únicos de vários metros fixados em pilares de travessias ou pontes. Podem ser também empregados, simultaneamente, dispositivos automáticos que promovem o registro contínuo dos níveis de água. Esses aparelhos são chamados de linígrafos. Os linígrafos podem funcionar com diferentes mecanismos, como bóias, flutuadores e sensores de pressão, sensíveis à variação dos níveis de água. Através das curvas-chave e as leituras de cota é possível obter as respectivas vazões. Na prática, quando a estação fluviométrica não é registradora, são efetuadas duas leituras diárias, uma às 7 horas e outra às 17 horas. Essas leituras são utilizadas para a estimativa da vazão média diária, com base na curva-chave considerada. Com esse procedimento, é possível desenhar o hidrograma de longo período, fundamental para a análise do comportamento do escoamento superficial do trecho em estudo. Linígrafo Réguas Linimétricas 33
  • 35. SEÇÕES DOS ESCOAMENTOS O leito menor comporta a maior parte SUPERFICIAIS do escoamento proveniente das chuvas de Todo o curso de água se desenvolve intensidades mais freqüentes sobre a bacia naturalmente, percorrendo gradativamente, sob hidrográfica. o efeito da gravidade, os pontos mais baixos de Para chuvas intensas, acima da média uma região. ou de longa duração, dependendo da Ao longo dos anos, forma-se uma calha conformação do curso de água, das de escoamento cuja geometria depende do resistências naturais e/ou artificiais ao fluxo e regime de vazões em conseqüência da das chuvas antecedentes, pode ocorrer o variabilidade das chuvas, da declividade do extravasamento para o leito maior. terreno, do tipo de solo, das taxas de erosão e de assoreamento, densidade da mata ciliar A persistência da chuva somada a (vegetação junto às margens), da geologia da outros fatores agravantes da natureza ou bacia, etc. criados pelo próprio homem, pode acarretar a Existem inúmeras configurações inundação de áreas periféricas. geométricas com diferentes características de A estimativa dessas vazões muito conformação das calhas ou leitos de altas, causadoras de inundações, requer a escoamento, conforme figura abaixo. aplicação de tecnologias mais avançadas, a Em geral, a seção transversal pode ser partir das marcas de enchentes e o dividida em três segmentos distintos que são: levantamento topográfico de toda a seção calha ou leito menor, leito maior e planície transversal atingida. de inundação. 34
  • 36. 35
  • 37. FORMAÇÃO DAS A enchente cria um Conviver com este ENCHENTES hidrograma que, ao se formar, fenômeno natural é por exemplo, na seção de fundamental. Nas áreas A enchente pode ser fechamento de uma dada agrícolas, por exemplo, considerada como a variação bacia, pode apresentar vazões podem ser benéficas em do nível da água e das superiores à capacidade do função do tipo de cultura, respectivas vazões junto a uma leito menor, obrigando que o requerendo o preparo das determinada seção, em escoamento das águas seja áreas a serem plantadas e o decorrência dos escoamentos compartilhado com o leito manejo do solo nas épocas gerados por chuvas intensas. maior e, até mesmo, em Nos estudos para os adequadas. função dos obstáculos quais é necessário relacionar À medida em que o existentes e da resistência ao a chuva e o hidrograma próprio homem modifica o fluxo, invadir áreas marginais. produzido, é comum dividir o equilíbrio natural dos As enchentes também total precipitado em subtotais caminhos de drenagem, são benéficas, por se tratar de a intervalos regulares de desmata e ocupa o solo um fenômeno cíclico da tempo, de forma a possibilitar indevidamente, as natureza, onde a água melhor compreensão das conseqüências são voltadas desempenha um importante oscilações do hidrograma. A contra seu próprio bem estar papel na vida da fauna, da flora representação gráfica da e suas economias. e do próprio homem. discretização da altura total de chuva no tempo, é conhecida como hietograma. Quando o hidrograma é posicionado na mesma escala de tempo que o hietograma, pode-se, a partir do valor da área de drenagem na seção considerada e o volume do hidrograma, estimar as perdas, isto é, os subtotais de chuva que não contribuíram para o escoamento superficial. 36
  • 38. Bacia Hidrográfica hidrograma de enchente vegetação e depressões do simples ou complexo que terreno. A bacia hidrográfica de continuará seu caminho para Em outras palavras, é um curso de água em uma jusante recebendo novas o tempo necessário para que dada seção, é representada contribuições e mudando uma partícula com as pela área limitada pela linha de constantemente seu formato. características de um pingo de cumeada (linha dos pontos O desenho do chuva se desloque do ponto mais altos) que a separa das hidrograma vai depender de um mais longínquo da bacia, conjunto de fatores bacias vizinhas e fechada na percorrendo os caminhos de climatológicos e das seção considerada. drenagem e alcance a seção peculiaridades físicas da bacia A área da bacia é limite. hidrográfica. chamada área de drenagem Atingindo o tempo de Sob o ponto de vista ou de contribuição, geralmente físico da bacia, os fatores mais concentração, supõe-se que a medida em quilômetros relevantes são: área de contribuição das águas de quadrados (km2) ou hectares drenagem, tipo de solo, chuva seja máxima junto à (ha). cobertura vegetal, geometria, seção considerada, para A bacia hidrográfica, de declividades, disposição aquela chuva homogênea e de acordo com sua definição, predominante dos cursos de longa duração. pode estar limitada à qualquer água e densidade de Essa contribuição seção de um curso de água, drenagem. máxima, como já mencionado, podendo ser a confluência com pode ultrapassar a capacidade outro curso ou sua do leito menor, extravasar para desembocadura em um Tempo de Concentração o leito maior, ou mesmo, reservatório, baía, lago ou dependendo da intensidade e oceano. O tempo de duração e outros fatores Os escoamentos concentração é definido como físicos, ocupar a planície de através de uma seção o intervalo de tempo inundação. qualquer, são provenientes das necessário para que as águas A contribuição máxima contribuições naturais precipitadas, com a mesma será tanto maior quanto maior subterrâneas, em épocas de intensidade sobre toda a bacia, estejam contribuindo para a for a área da bacia hidrográfica estiagem, somadas às águas seção limite da bacia, (área de drenagem) para a de chuva, nas épocas chuvosas, consideradas as atendidas as necessidades de mesma intensidade e duração perdas por evaporação, infiltração, de retenção da da chuva. transpiração, etc.. Observa-se durante e/ ou após um evento de precipitação, que as vazões começam a crescer até um determinado valor máximo, podendo decrescer gradativamente, durante um período e dependendo das características da chuva, voltar a crescer. Forma-se um 37