3. -Tais fatores contraditórios acompanharam um pôr em questão de toda uma série de pressupostos filosóficos. Para tal concorreram Freud, criador da Psicanálise e pioneiro no desbravar do psiquismo humano, ao apontar o papel dos domínios do inconsciente e do subconsciente; e Einstein, com o seu novo modelo de compreensão do universo, expresso na teoria da relatividade;
-Na literatura e nas artes, deu-se largas a novos conceitos antitradicionais,propondo-se caminhos estéticos novos, definitivamente afastados dos pressupostos aristotélicos, naquilo que podemos designar de Modernismo(s).
( Velasquez e Picasso)
5. Primeiro Modernismo
-Orpheu -1915
-Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos
-Mário de Sá-Carneiro…
Segundo Modernismo
-Presença -1927
-José Regio, Miguel Torga, Branquinho da Fonseca, Adolfo Casais Monteiro, Irene Lisboa,
-neorrealismo: José Rodrigues Miguéis, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora…
Terceiro Modernismo
-Cadernos de Poesia,
-Ruy Cinatti, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen,
Eugénio de Andrade…
-surrealismo –anos 50
-Mário Cesariny, Alexandre O’Neil…
-António Ramos Rosa, Sebastião da Gama, David Mourão-Ferreira…
8. Júlio Dantas publicou um artigo na Ilustração Portuguesa em que criticava a demasiada publicidade que deste modo se fazia ao Orpheu, num artigo intitulado “ Poetas paranóicos”;
Este texto teve como resposta o grande texto que insultava e agredia toda a intelectualidade lisboeta “Manifesto anti Dantas”.
-A forma de reagir dos modernistas em relação à ‘pasmaceira’ da cultura era o escândalo, o choque
9. Fernando Pessoa -ortónimo
“Háentremimeomundoumanévoaqueimpedequeeuvejaascoisascomoverdadeiramentesão–comosãoparaosoutros.”
Fernando Pessoa, Páginas Íntimas de autointerpretação
“Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe.
Sinto crenças que não tenho. (…) Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única central realidade que não está em nenhum e está em todos.(…) Eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada, individuado por uma suma de não-eus sintetizados nuneu postiço.
Fernando Pessoa, escritos autobiográficos, automatismos e de reflexão pessoal, ed Assírio & Alvim
10. .
Fernando Pessoa -ortónimo
Linhas de sentido / temas recorrentes
. Decifração do enigma do ser;
. Fragmentação do eu. Perda da identidade;
. Consciência/ inconsciência –Sentir/ pensar/ a dor de pensar;
. Pendor filosófico;
. Obsessão da análise, dor de pensar, lucidez;
. Egotismo exacerbado;
. Fuga da realidade para o sonho;
. Incapacidade de viver a vida;
. Ceticismo;
. Inquietação, angústia existencial, solidão interior, melancolia, resignação;
. Tédio, náusea, desencontro dos outros, desamparo;
. Nostalgia do bem perdido, do mundo fantástico da infância, sentimento de perda;
. Fingimento poético;
. Transfiguração da emoção pela razão;
. Sinceridade/ fingimento/ o eu fragmentado.
11. Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah! Mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu não é ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer
Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço-
Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além…
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.
Pobrevelhamúsica!
Nãoseiporqueagrado,
Enche-sedelágrimas
Meuolharparado.
Recordooutroouvir-te.
Nãoseiseteouvi
Nessaminhainfância
Quemelembraemti.
Comânsiatãoraiva
Queroaqueleoutrora!
Eeuerafeliz?Nãosei:
Fui-ooutroraagora.
12. Relê os versos que se seguem, retirados de vários poemas de Fernando Pessoa ortónimo. A partir deles ( citando, comentando, explicitando as ideias…) organiza um texto coeso em que caracterizes o eu poético.
. Ah, poder ser tu, sendo eu!
. (…) Levando-me, passai!
. Invejo a sorte que é tua (…)
. És feliz, porque és assim/ todo o nada que és é teu
. Escuto e passou
. Tudo é ilusão
. Acreditem: não sei ser.
. Vamos florir ou pensar.
. Tudo o que faço ou medito/ fica sempre na metade
. Nada quero, nem tenho, nem recordo
. Coração de ninguém
Em síntese:
. A dor de pensar e o binómio sentir/pensar;
. Fragmentação do eu
. Nostalgia do bem (simplicidade) perdido
. Tudo é ilusão, tédio e cansaço de viver
13. Fernando Pessoa –heterónimos
“Em qualquer destes pus um profundo conceito de vida, diversa em todos três, mas em todos gravemente atento à importância misteriosa de existir” Fernando Pessoa
14. Alberto Caeiro
. O mestre
. Poeta bucólico
. nasceu em 1889 e morreu em 1915
. nasceu em Lisboa, viveu quase sempre no campo
não tem profissão nem educação quase nenhuma. É iletrado.
. estatura média, frágil ( morreu tuberculoso) não parecia tão frágil como era
. cara rapada
. louro sem cor, olhos azuis
. só tem a instrução primária
. morreram-lhe cedo pai e mãe
. ficou em casa vivendo de pequenos rendimentos
. vivia com uma tia velha, tia-avó
. filósofo
. amante da natureza
Ricardo Reis
. discípulo de Caeiro
. nasce em 1887 no Porto
. é médico
. vive no Brasil desde 1919
. mais baixo do que Caeiro, mais forte, mais seco.
. Cara rapada
. Vagamente moreno
. educado num colégio de Jesuítas,
.Expatriou-se por ser monárquico
.É um latinista por educação
Semi-helenistapor educação própria
. Neo-clássico
. Pagão
Álvaro de Campos
. oposto a Ricardo Reis
. nasce em Tavira 15 de Outubro de 1890
. Engenheiro naval ( por Glasgow), . . . . está em Lisboa inativo
. 1,75 de altura ( mais 2 cm que o poeta)
. magro, tendência a curvar-se, cara rapada, usava monóculo
. entre o branco e o moreno, tipo judeu
. cabelo liso, puxado para o lado
. educação vulgar de liceu
. Estudou engenharia na Escócia (mecânica e depois naval)
. Numas férias fez uma viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário
. Aprendeu latim com um tio beirão que era padre.
. disfarçando uma homossexualidade latente
. futurista
15. Alberto Caeiro, o Mestre
“ Eu não tenho filosofia: tenho sentidos.”
Alberto Caeiro
16. Alberto Caeiro, o Mestre
•Caeiro, ao contrário de Pessoa, vive o presente, sem qualquer preocupação. Para ele o passado e o presente não têm qualquer importância, pois fá-lo-iam recorrer à memóriae fazer uso do pensamento, duas coisas que ele rejeita, à partida.
•Condena a subjetividade, que condiciona a visão do homem sobre as coisas. Pensar é o grande mal.
•Intuitivo, detentor de uma ingenuidadequase infantil, Caeiro, o Mestre de todos os outros, incluindo Pessoa, vive sem sofrimento ou angústia.
•Devemos manter a alma de criança que nos deixa olhar tudo como se fosse pela primeira vez, com espanto e pureza interior. Sem perversidades intelectuais. O que importa de facto é o momento que se está a viver.
•A sua realidade é apreendida pelos sentidos, sobretudo pela visão.
•Limpo de sofrimento causado pela reflexão é o mais objetivo que se possa imaginar. A sua poesia é um ato espontâneo e involuntário.
•Caeiro dá-se ao mundo e dilui-se nele.
•Caeiro quase se anula para aproveitar ao máximo todas as sensações que a Naturezalhe proporciona. A presença humana é encarada como um fator de desassossego, impeditivo da paz que tudo lhe pode dar. Ele não se impõe à Natureza. Ele dá-se, sem qualquer inquietação.
•Percorre os campos, a olhar, sempre na perspetiva de aprender algo.
17. •A sua poesia tão desprovida de artifícios e intenções estéticas, surge-nos em verso, quase por acaso.
•A calma que transparece dos seus versos é tão grande, que ajuda a fazer esquecer todas as angústias de um ser humano demasiado preocupado com as soluções da Vida.
•Ele é o Poeta-Natureza, em que Criador (poeta) e Criatura (poesia) se confundem a tal ponto, que a Síntese é perfeita.
•Despe-se de toda a sua história, de todos os pensamentos que lhe podem turvar o olhar e limita-se a sentir o mundo.
•A importância da sensação em detrimento de uma atitude mística. Ele é, simples e naturalmente.
•O seu paganismo–O deus adorado por Caeiro não é um deus abstrato, mas um deus que se mostra a par e passo nas suas sensações. É um deus-natureza, capaz de lhe provocar uma comunhão completa com o que vê e o que ouve. Para Caeiro o melhor é não pensar em Deus. O melhor é encontrá-lo em cada um dos momentos belos que desfrutamos ( Panteísmo). Rejeita então um Deus abstrato e inacessível, e aceita a sua presença em tudo o que vê e sente.
•Recusando uma ligação intelectual com o mundo, com a Natureza, a única forma que ele tem de estabelecer essa ligação é através dos sentidos. E esses não podem compreender, podem apenas apreender.
18. •A ação poética –Tal como a flor não pode esconder a sua cor, Caeiro não pode evitar que os outros conheçam a sua poesia. A poesia deve ser tão natural como a Natureza, cumprindo o seu dever até ao fim. O poeta deve viver e criar, criar vivendo, com serenidade, sem quaisquer inquietações. Não fica alegre, mas também não sente tristeza. Se sentisse algo já estaria a pensar no assunto. É um olhar desprovido de intenção crítica, abandonado de qualquer ideia.
•Toda esta reflexão surge em ambiente bucólico, que nos sugere harmonia. Tal como ele, a Natureza vive serenamente e é essa serenidade que o inspira e lhe provoca sensações sempre diferentes e originais.
Afinal “ pensar é estar doente dos olhos”.
19. Ricardo Reis
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
Ricardo Reis
20. Temáticas mais recorrentes:
-O tempo com o qual se deve contar, mas com o qual não nos devemos preocupar
-A vida que tal como ela se nos apresenta, não nos causa angústia
-o momento da infância como possuidor de grande sabedoria
-A contemplação da Natureza como principal meio de aprender
-A preferência pelos cenários bucólicos, simples, sem artificialismos
-A áurea mediocritas–o prazer que se pode ter com as coisas mais simples
-A aceitação do Destino e do Tempo –O peso do Fatum
-É inevitável o destino que nos é traçado, mas devemos respeitá-lo e aceitá-lo
-Deus, o paganismo ou vários deuses. O politeísmo, a ideia de que em cada coisa pode haver um deus, em cada realidade, em cada sensação pode haver conforto; portanto há que aproveitar ( carpe diem)
-A aceitação do ato de pensar e do saber como coisas naturais
-A lucidez e a consciência
-A apatia permite a felicidade possível (epicurismo)
-A aceitação do sofrimento e da angústia como algo natural (estoicismo) ; há que mostrar alguma indiferença e tentar aprender com os momentos menos bons e ultrapassar os obstáculos (ataraxia e o niilismo)
-Aproveitar a condição de ser mortal e aproveitar tudo o que o destino nos reserva
-Tenta viver com o menor sofrimento possível e aproveitar o que cada momento lhe dá.( aponia)
Ricardo Reis
21. -Niilismo –não somos nada, ataraxia, aponia(ausência da dor)fugacidade do tempo
-Estoicismo –aceitação, disciplina, razão, autodisciplina, moderação, indiferença, abdicação, aceitação do destino
-Epicurismo –cálculo e medida dos prazeres, carpe diem
Latinizantenovocabulárioenasintaxe,oseuestiloédensamentetrabalhadoerevelaainda,muitoclaramente,oseutributoàtradiçãoclássicanousodeestrofesregulares,quasesemprededecassílabosnasreferênciasmitológicas.
23. Epicurismo
•o epicurismo -como o estoicismo-subordina a teoria à pratica, a ciência à moral, para garantir ao homem o bem supremo, a serenidade, a paz, a apatia.
•É tarefa do conhecimento do mundo libertar o homem dos grandes temores que ele tem a respeito da sua vida, da morte, do além-túmulo, de Deus e fazer com que ele actuede conformidade.
•Todo o nosso conhecimento deriva da sensação,é uma complicação de sensações
•No mundo o homem, sem providência divina, sem alma imortal, deve adaptar-se para viver como melhor puder. Nisto estão toda a sabedoria, a virtude, a moral epicuristas.
•
•O fim supremo da vida é o prazersensível; critério único de moralidade é o sentimento. O único bem é o prazer,como o único mal é a dor; nenhum prazer deve ser recusado, a não ser por causa de consequências dolorosas, e nenhum sofrimento deve ser aceite, a não ser em vista de um prazer, ou de nenhum sofrimento menor. No epicurismo não se trata, portanto, do prazer imediato, como é desejado pelo homem vulgar; trata-se do prazer imediato, refletido, avaliado pela razão, escolhido prudentemente, sabiamente, filosoficamente.
•verdadeiro prazernão é positivo, mas negativo, consistindo na ausência do sofrimento, na quietude, na apatia, na insensibilidade, no sono, e na morte.
•Não sofrer no corpo, satisfazendo suas necessidades essenciais, para estar tranquilo; não ser perturbado no espírito, renunciando a todos os desejos possíveis, visto ser o desejo inimigo do sossego: eis as condições fundamentais da felicidade, que é precisamente liberdade e paz.
24. Estoicismo
A virtude estoica é, no fundo, a indiferençae a renúncia a todos os bens do mundo que não dependem de nós, e cujo curso é fatalmente determinado.
Por conseguinte, indiferença e renúncia a tudo, salvo e pensamento, a sabedoria, a virtude, que constituem os únicos bensverdadeiros: indiferença e renúncia à vida e à morte, à saúde e à doença, ao repouso e à fadiga, à riqueza e à pobreza, às honras e à obscuridade, numa palavra, ao prazer e ao sofrimento -pois o prazer é julgado insana vaidade da alma.
Estóicopratica esta indiferença e renúncia para não ser perturbado,magoado pela possível e frequente carência dos bens terrenos, e para não perder, de tal maneira, a serenidade, a paz, o sossego, que são o verdadeiro, supremo, único bem da alma.
Afligem-noaimagemantecipadadaMorteeadurezadoFado.Daí,elebuscarorefúgiodumepicurismotemperadodealgumestoicismo:"Abdicaesêreidetipróprio".
Lúcidoecauteloso,constrói,parasiurnafelicidade-relativa,mistaderesignaçãoemoderadogozodosprazeresquenãocomprometamasuainterior.Trata-sedefruir,muitoconscienteeponderadamente,ascoisasacessíveissemdemasiadoesforçoourisco.
25. Nada fica de nada. Nada somos. Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamosDa irrespirável treva que nos peseDa húmida terra imposta, Cadáveres adiados que procriam.
Leis feitas, estátuas vistas, odes findas - Tudo tem cova sua. Se nós, carnesA que um íntimo sol dá sangue, temosPoente, porque não elas? Somos contos contando contos, nada.»
Ricardo Reis
27. 1ª fase: Decadentismo(“Opiário”)
-nostalgia de além,
-morbidez snobde um saturado da civilização,
-a embriaguêsdo ópio e dos sonhos,
-horror à vida e o realismo satírico,
-estilo confessional brusco, amimado e divagativo,
. Campos, tal como Ricardo Reis ou Caeiro, deixa-se invadir pela Natureza, porém a Natureza-Progresso, cujo símbolo maior é a máquina. A máquina tem a essência Divina.
. O eu é um inadaptado confesso, incapaz de se fixar e encontrar.
. Não só reconhece uma vontade pouco eficaz, que o impede de reagir, como manifesta um profundo cansaço pela vida.
. Esta saturação sufoca-o e ampara-o conduzindo-o a um pessimismo incontornável e carácter mórbido.
. Há já indícios do desejo de mudar nesta fase: desejo de ser algo forte; gosto pelo escândalo; desejo de sentir coisas novas.
. O mais arrebatado e indisciplinado dos seus heterónimos.
. É o único que revela uma evolução literária e psicológica: Decadentismo, Futurismo/Sensacionismo, Abulia;
.Campos revela ter duas faces: A positiva, cheia de energia e euforia; e a negativa, disfórica, dominada pela abulia e o esgotamento.
28. 2ª fase: Futurismo/ Sensacionismo
. A sua poesia é um cântico à vida moderna, ao progresso, à civilização em constante mutação. Essa sociedade que ele apreende através das sensações de uma forma emotiva, impulsiva, explosiva.
. Ele quer viver ao extremo, conhecer o estado supremo da vertigem e.” Sentir tudo de todas as maneiras”,( Ode Triunfal ) Sente o bem como sente o mal, o mórbido como sente o saudável, o normal como sente o anormal.
-vitalidade e defesa da emotividade individual em detrimento do uso da razão.
-exaltação da luta ao poder e cultura instituída; apologia de um Homem isento de sensibilidade, saudável, amoral, dominador, livre.
. Nesta fase o estilo de Campos corresponde à expressão das ideias: longos versos, anáforas, exclamações, interjeições, apóstrofes, enumerações, adjetivação, onomatopeias…
. O eu exalta de forma crescente e torrencial a máquina, a vida mecânica e industrial, a civilização moderna, o quotidiano das gentes, ou melhor, as sensações fortes extraídas do amor à vida moderna em toda a sua variedade.
. As sensações de tão intensas tornam-se violentas. Um sentir extremo que não exclui o sadomasoquismo.
. O que importa é que o eu integre esta realidade em si sem respeitar os limites.
. Desejo de identificação com o mundo e com a humanidade inteira, como forma de viver o todo..
29. 3ª fase: Abulia
. A infância ainda lhe provoca algum intimismo e nostalgia.
. Revela uma energia incessante e desgastante, que muitas vezes lhe provoca cansaço e desencontro consigo próprio.
. Campos “vive o máximo, para chegar ao fim, perdido de si, sem forças, encontrando o vazio”
. Em alguns momentos o eu poético toma consciência da sua incapacidade de abarcar o mundo, de dominá- lo. Começa a sentir uma profunda náusea e cansaço de si.(Tabacaria)
. Profunda insatisfação e profunda inadaptação ao real, real esse “comum a todos os mortais”.
. No poema “ Mestre, meu querido mestre”, põe em evidência o seu fascínio por Caeiro e a frustração de não conseguir ser como ele.
“ Mestre, só seria como tu se tivesse sido tu./(…) “ Depois, mas porque é que me ensinaste a clareza da vista,/
Se não me podias ensinar a ter a alma com que a ver Clara?
. O mestre era bom, mas o aluno não teve a capacidade de aprender com ele. O seu destino era rodopiar em sensações sem conseguir evitar a angústia de não ser o que desejava, estando condenado a não ser ninguém.
. Campos como pagão, assume e invoca o deus-universo.
. O monótono e insípido fluir do quotidiano, o sonho, essa evasão libertadora perdeu-se na infância.
. O passado evocado como bem perdido, leva o eu a revelar todo o seu desencanto presente, mostrando-se incapaz de vencer a abulia e o cansaço que povoam a sua solidão, descontente consigo e com os outros sente o fluir do quotidiano como uma morte anunciada.
30. Segundo Modernismo
-Presença-1927
-José Regio, Miguel Torga, Branquinho da Fonseca, Adolfo Casais Monteiro, Irene Lisboa,
-neorrealismo: José Rodrigues Miguéis, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora…
31. •Um grupo de estudantes lançou em 10 de março de 1927 a revista Presença;
•Ao todo saíram cinquenta e seis anos durante treze anos;
•Não gerou um movimento tão agressivo e controverso como o Orpheu, mas controlou os excessos deste;
•Não representou uma rutura, foi antes uma continuidade e um amadurecimento;
•Uma das questões discutidas, analisadas e nem sempre consensual era a originalidade; a personalidade única dos artistas.
“ Em arte é vivo tudo o que é original”
“ Substitui-se a personalidade pelo estilo”
“Regra geral os nossos críticos são amadores de antiguidades”
José Régio, in Presença, nº1, 1927
32. Realismo (de Eça)
Neorrealismo
Análise da sociedade
Evidenciar os seus vícios
Temas: adultério, a educação, ambição, hereditariedade, o meio ambiente, …
Filosofia Marxista da luta das classes
Forma de consciência social
Capacidade de intervenção sociopolítica
Denúncia de realidades normalmente deprimentes
Contesta à partida as linhascondutoras da Presença, mas tem por base um discurso particular
Temas: conflitos sociais, luta de classes, alienação, opressão, posse da terra…
Empenho na transformação da sociedade e do mundo
33. Terceiro Modernismo-Cadernos de Poesia,
-Ruy Cinatti, Jorge de Sena, Sophia de Mello Breyner Andresen,
Eugénio de Andrade… -surrealismo –anos 50
-Mário Cesariny, Alexandre O’Neil…
-António Ramos Rosa, Sebastião da Gama, David Mourão-Ferreira…
34. Cadernos de Poesia
•Opõe-se à Presença e ao neorrealismo;
•Sem dependência de escolas;;
•“Poesia é só uma!”
Surrealismo
•Valorização da imaginação;
•Libertação da razão;
•Triunfo do inconsciente
A Árvore, revista
•O escritor deve estar mergulhado até ao pescoço na história;
•Existencialismo;
•Poesia como forma de ascender ao conhecimento do Real
Távola Redonda, revista (anos 50)
•Retorno à lírica sem preconceitos de antigo ou moderno;
•Liberdade e variedade
•David Mourão Ferreira
Poesia experimental e o concretismo
•Atitude de vanguarda;
•Vocabulário minimalista;
•Linguagem muito condensada
Notícias de bloqueio, revista
•1957-62
•Articulação entre o neorrealismo e surrealismo