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Jornalismo nos blogs de moda
O crescimento dos blogs e a desconstrução do jornalismo de moda
Tamara Coimbra *

Resumo
Este artigo pretende analisar como a profissão de blogueiro (a)¹ de moda cresce no
mercado, descaracterizando o jornalismo de moda imparcial impresso e digital. O
principal objetivo é entender o mundo paralelo dos blogs de moda, no qual blogueiras
ganham dinheiro exercendo esta função, sem passar por graduação de comunicação.
Para isso, foram selecionados os blogs Garotas Estúpidas e Lalá Noleto. Com
linguagem mais acessível e informal, as blogueiras Camila Coutinho e Marcela Noleto,
formadas em designer de moda e advocacia, respectivamente, atraem mais leitores do
que as mídias institucionalizadas. Para refletir sobre a importância da moda na
sociedade atual e suas relações com as mídias serão utilizados como referenciais
teóricos Joffily (1991), Schittine (2004) e Lipovetsky (2009).

Introdução
Esta pesquisa pretende compreender o mundo paralelo que se formou com os
blogs de moda, e como isto se tornou uma profissão de grande prestígio, em que
blogueiras que exerciam profissões distintas da área de comunicação social como
Camila Coutinho - designer de moda -, blog Garotas Estúpidas, e Marcela Noleto (exadvogada), Lalá Noleto, conseguem alcançar seus objetivos financeiros mantendo um
blog, que no início começou por diversão. É apresentada também a disponibilidade que
grande parte da população possui para acessar a internet, crescendo a aproximação com
os blogs. Com isso fica mais fácil ingressar em algum site ou algo disponível na
internet, do que comprar jornais e/ou revistas que podem não alcançar o interesse do
leitor. E o que isso pode influenciar nos profissionais de comunicação dessa área. Como
problematização, pensamos na questão: como os blogs de moda desconstroem o
jornalismo das mídias impressas?
Os blogs apresentam as diversidades de opiniões, redefinindo a pluralidade de
certo tema, compartilhando informações de forma acelerada. A facilidade de criar um
blog possibilitou o surgimento de inúmeras páginas eletrônicas. Alguns blogueiros ao
*Estudante de Jornalismo, na Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA); estagiária do jornal
Folha Dirigida, tamaracoimbr@yahoo.com.br.
¹ Proprietário do blog
redor do mundo ganharam status e se tornaram representantes dos novos padrões
estéticos e de consumo, seja refletidos em fotografias, produtos de design, entrevistas ou
resenhas das semanas de moda. Como por exemplo, os blogs brasileiros citados para
esse artigo.
Com as novas plataformas midiáticas, redes sociais e mensagens instantâneas, a
comunicação tornou-se cada vez mais rápida. Na moda, essa relação começou a partir
de 1949, com a revolução do prêt-à-porter² e sua produção industrial. A partir da
década de 1990, com as novas tecnologias inseridas, as tendências - antes vistas
somente nas páginas das revistas e passarelas - passaram a ser detectadas nas ruas e ser
absorvidas por um maior número de pessoas, em que blogueiros e pessoas
entusiasmadas pela moda, conectados às novas mídias, apresentavam suas preferências.
A divisão entre o mundo real e o virtual tornou-se menos perceptível.
O imediatismo da rede e a repercussão das coleções estão ligados, cada vez
mais, pela facilidade de participar desse processo e documentá-lo de forma rápida com o
que se tem à mão: celulares smartphones, câmeras fotográficas digitais, tablets e demais
aparelhos eletrônicos.

I - Jornalismo de Moda no Brasil
Entre os povos da Antiguidade o modo de se vestir era símbolo de posição
social. O vestuário atingiu, aos poucos, todas as classes. A moda pode ser considerada o
documentário dos períodos históricos, é compreensível que ela seja influenciada por
acontecimentos políticos, sociais, culturais, artísticos, industriais, esportivos, dentre
outros. A transição da moda das ruas para as passarelas acelerou a distribuição das
mercadorias nas lojas, na qual se destaca como parte da expressão das novas identidades
e dos estilos de vida.
É com a indústria da moda, ou seja, e não só com a indústria têxtil que já havia
se desenvolvido, de certo modo, desde a época da Revolução Industrial, que o
jornalismo de moda se expandiu e conquistou espaços nos veículos de comunicação. É
com o prêt-à-porter que o jornalismo de moda encontra seu ápice enquanto cobertura
jornalística. Por conta dos calendários fixos de desfiles, a moda abre as portas ao novo
gênero de criação-produção-consumo.
Como qualquer ramo do jornalismo, o de moda tem sua principal
função junto ao leitor. Em seu dia-a-dia, a população é composta de
² É um termo em francês que, quando traduzido, significa pronto pra usar.
seres individuais que sofrem os desmandos da política econômica, os
efeitos da poluição e da falta de consciência ecológica, da violência
urbana e de inúmeros outros problemas. O jornalismo interfere nesse
caos no sentido de dar a perceber que as coisas não acontecem sem
um sentido, sem uma estrutura que tem sua lógica e modo de operar.
(JOFFILY, 1991, p.15)

Joffily (1991) explica que o jornalismo de moda apresenta ao leitor a direção de
tantas informações existentes nesta área. Auxiliando no difícil diálogo entre a pessoa e o
mundo, entre o corpo e o meio ambiente.
Entre os anos de 1710 e 1750, começa a valorização da moda, o primeiro
vestígio de jornalismo de moda circula pela França. Os periódicos mais importantes e
de vida mais longa nesse período são: La Quintesse des Nouvelles, Le Nouveau
Magasin Français, Le Journal de Monsieur, Le Corrier Lyrique, Journal des Dames e
Le Cabinet des Modes. Entre eles, o Journal des Dames e o Le Cabinet des Modes se
destacam.

Fonte: Google - Journal des Dames (1857), disponível em
www.vintagesusieandwings.blogspot.com.br/2012/04/spring-fabulous-french-fashion-plates.html

Em 1867, é publicada, nos Estados Unidos, a revista Harper’s Bazaar e, em
1892, a Vogue, consolidando um tipo de jornalismo de moda que é praticado ainda
atualmente. No Brasil, a introdução da moda no jornalismo cumpre o papel de alteração
das sensibilidades através da estimulação da leitura e circulação de temas relacionados à
arte, ao universo feminino, entre outras atividades. Imerso na rubrica do jornalismo
cultural, o jornalismo de moda só ganharia força, no Brasil, no final do século XIX.
Tanto interesse pelo tema, fez com que a mídia acompanhasse de perto o crescimento e
o desdobramento do fenômeno na sociedade.
As revistas femininas brasileiras do século XIX tinham uma vida bastante curta,
e os sucessos editoriais duravam, no máximo, de um a dois anos. Com a virada do
século XX as revistas apresentam um caráter mais informativo, com uma vida mais
duradoura como, por exemplo, Revista da Semana, A Cigarra e Fon Fon, sendo a moda
uma das matérias centrais. Além disso, em 1900 surge como um suplemento do Jornal
do Brasil, o Caderno B.
No início do século XX, o rádio atua ainda como um dos veículos propulsores
do jornalismo impresso de moda no Brasil, pois com as radionovelas as fãs buscavam
fotos dos atores em publicações especialmente com esta finalidade, como era o caso
do Jornal das Moças, lançado em 1919.

Fonte: Google - revista Fon Fon, disponível em
www.vanvansena.blogspot.com.br/2012/02/fon-fon.html
Fonte: Google - Revista da Semana (1956), disponível em
www.normabruno.wordpress.com/tag/revistas-antigas/

Em 1950 começam a surgir publicações mais específicas, com periódicos mais
voltados para a moda, como Jóia que, mais tarde teria o seu nome modificado
para Desfile – Manequim (1959) e Cláudia (1961). Nessa época surgiram ainda títulos
internacionais, valorizando o jornalismo de moda no país, como Vogue (1975). Ao
longo dos anos 1980, essa tendência é reforçada com o surgimento, de títulos
como Elle, Moda Brasil e Marie Claire.
Segundo Joffily (1991) o jornalismo estrangeiro apresenta outra vertente ao
nacional, mostrando outras áreas e diversas dinâmicas. “Nessa perspectiva, encontra-se
uma revalorização do jornalismo de serviço, das matérias que transmitem noções
práticas às leitoras - das quais o jornalismo americano usa e abusa”. (JOFFILY; RUTH,
1991, p. 139).
O surgimento das revistas acarretaram diversas opiniões, na qual não possuíam
caráter instrucional. Esse novo processo apresenta a modernização dos fatos e da moda.

II- Breve História do Blog
Com a produção em série de roupas, decorrência do capitalismo, tornou possível
o consumo de produtos que uniam o ideal estético da alta costura com o preço acessível
da produção industrial. Isto destacou mais o individualismo, na forma diversificada de
se vestir. A internet começou a apresentar a pluralidade desta vitrine, juntamente com o
movimento urbano e a multiplicidade de estilos existentes nas ruas. Mostrando outra
forma de ver a moda e sua tendência, não se restringindo as passarelas e as coleções
lançadas em cada época. Os blogs de moda podem se apresentar como produtores e
comunicadores de tendências.
O maior papel da informação no processo de socialização e de
individualização não é separável de seu registro espetacular e
superficial. Consagrada à fatualidade e à objetividade, a informação
não está, de modo algum, ao abrigo do trabalho da moda, mas é
remodelada em grande parte pelos imperativos do show e da sedução.
(...) A comunicação de massa faz uma perseguição implacável ao
pedagógico, à instrução austera e fastidiosa; ela nada no elemento da
facilidade e do espetacular. As reportagens devem ser curtas, os
comentários claros e simples, entrecortados de entrevistas retalhadas,
de vivido, de elementos anedóticos; por toda parte a imagem deve
distrair, prender a atenção, provocar choque. (LIPOVETSKY, 2009, p.
268-269)

Os blogs possuem caráter heterogêneo pela própria expressão inglesa web log;
diário (privado) numa página da web (público). Dividido entre vários estilos, esse diário
se aproxima de uns, se afasta de outros, mas acaba tendo um pouco de cada um de seus
leitores. Este termo foi usado inicialmente por Jorn Barger, em 1998, para nomear um
conjunto de sites que divulgavam links da web.
Segundo Orduña et al (2007), o weblog precursor foi o What´s new in
´92, criado por Tim-Berners Lee em 1992, que tinha como finalidade
divulgar as novidades sobre as pesquisas do projeto World Wide Web³,
que mais tarde daria espaço para o que conhecemos hoje como
internet. (CLEMENTE, 2009, p.2)

Normalmente, é escrito por apenas um autor, mas, em alguns casos, com dois ou
mais. Os diários virtuais podem ter objetivos pessoais, profissionais ou corporativos. Os
blogueiros antes considerados receptores tornaram-se produtores de informações. A
informação é transmitida a partir das opiniões de alguém com ideias parecidas das de
quem as lê, ao contrário do jornalismo tradicional onde a imparcialidade é primordial.
De acordo com Schittine, para manter o contato com o leitor, é necessária uma
escrita mais informal, com tom de diálogo:
A internet possibilita e exige uma escrita sem formalidades e, acima
de tudo, fragmentária. O diarista virtual precisa escrever posts
frequentemente, daí o texto rápido e em cápsulas que, de certa forma,
serve também para prender a atenção do leitor. (SCHITTINE, 2004, p.
155)
Fonte: www.youtube.com/watch?v=k6Z-9qQMcy8

Com a ascensão dos blogs, cresce na internet a discussão do universo dos blogs
de moda. Pois, cada vez mais estes diários virtuais estão movimentando dinheiro. Além
disso, o avanço acelerado da nova profissão está mobilizando ‘batalhas’ na primeira fila
dos desfiles entre os blogueiros e os jornalistas de moda. No vídeo SPFW - Blogueiros
Ficam Famosos e Causam Polêmica na Moda, podemos ver opiniões de diferentes
blogueiros e editores e/ou jornalistas. Pode-se destacar:
“A diferença é que o jornalista de
moda é um especialista no assunto,
já o blogueiro é um leigo que tem
uma opinião sobre o assunto; Muita
gente pensa que o blogueiro é
isento, e isso não é verdade. As
pessoas ganham jabá para falar bem
das marcas. Acho que o mais
antenado não é nem o blogueiro e
nem o jornalista, no caso é aquele
que for a busca da informação
correta.”
Fonte: http://mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw--blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemicana-moda-04020C9A3162D8A12326?types=A&
“O jornalista expõe a opinião do
veículo, e a blogueira expõe uma
opinião dela, um gosto pessoal.”

Fonte:

www.mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw--blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemica-

na-moda-04020C9A3162D8A12326?types=A&

O blog possibilita a cumplicidade com um público novo, de pessoas
desconhecidas que têm sentimentos e segredos parecidos. Por isso, atraem mais leitores.

III- Blogs em Destaque
Os blogs de moda selecionados para refletir sobre este tema foram Garotas
Estúpidas, de Camila Coutinho, e Lalá Noleto, de Marcela Noleto. Ambas não são
formadas em comunicação social, e criaram essas páginas eletrônicas de
comportamento com o intuito de diversão, e extravazar seus pensamentos.
Segundo a lista divulgada, em 12 de agosto de 2013, dos melhores blogs de
moda do Brasil, no site Top 10 Mais - relaciona os melhores ou maiores seguimentos do
Brasil e do mundo -, o blog Garotas Estúpidas ficou localizado na primeira posição. Já o
blog Lalá Noleto na décima. Além disso, a autora do blog Garotas Estúpidas, Camila
Coutinho, ganhou, recentemente, o prêmio de quarta blogueira mais influente do
mundo, de acordo com o site britânico Signature 9.
A designer de moda de 23 anos, Camila Coutinho, criou o blog no ano de 2006
num momento de distração. A blogueira relatou ao site A Redação seu momento de
criação:
Sempre gostei de ler sites gringos de celebridades, aqueles bem
barraqueiros mesmo e, quando ainda estava na faculdade, sempre
trocava links de fofocas com minhas amigas. Um dia, falei ‘vamos
montar um blog?’; minhas amigas toparam. Em uma noite de insônia
eu decidi criar. Primeiramente, dei o nome de Stupid Girls, por causa
da música jocosa da cantora Pink. Mas decidi colocar em português
mesmo, e assim nasceu Garotas Estúpidas. Depois de uns dois meses
minhas amigas desistiram e eu continuei. (Depoimento de Camila
Coutinho para o site A Redação, acesso em 22/09/2013)

O seu trabalho neste meio cresceu tanto que Camila possui auxílio de colunista
na parte de beleza e outro na parte de moda masculina, e de vez em quando possui ainda
uma equipe que exerce trabalho temporário de editoriais de moda, porém tudo o que é
escrito passa por sua aprovação e edição. Além disso, tem uma pessoa no financeiro e
duas no comercial para lidarem com anunciantes e coisas relacionadas. Todos trabalham
em casa.

Marcela Noleto, 28 anos, ao contrário de Camila iniciou de forma diferente nos
blogs de moda. Formada em Direito começou a escrever para a revista Contigo no ano
de 2007, quando conheceu algumas pessoas que trabalhavam na editora Abril. Na
ocasião, fez um projeto e mandou para o escritório da editora em São Paulo. Esse
projeto, que foi aprovado, propunha uma coluna - de moda e beleza - com linguagem
de blog. No início de 2012 deixou a revista para comandar o seu blog independente,
Lalá Noleto. Marcela contou ao blog Dani Faria o motivo de ter criado o diário virtual:
Tinha muita coisa que não dava para colocar na revista. Muitas vezes
eu perdia conteúdo porque não havia espaço na revista ou porque se
eu colocasse a matéria ficaria fria. Então, surgiu a ideia do blog para
aproveitar todo esse conteúdo que não ia para a revista Contigo. O
blog surgiu sem pretensão alguma, minha intenção era crescer dentro
da revista e não me tornar uma blogueira de profissão. (Depoimento
de Marcela Noleto para o blog Dani Faria, acesso em 22/09/2013)
Analisando ambos os diários virtuais pode-se perceber que ambos possuem
bastantes propagandas. Compreendendo o real motivo do ganho das blogueiras.

No Garotas Estúpidas percebemos a grande influência que a blogueira possui nas
redes sociais, como no Facebook 435 mil seguidores e Twitter com 96 mil. Em seus
títulos e assinaturas, verifica-se que mesmo tendo se tornado uma empresária Camila
continua escrevendo no site em postagens de dicas, como viagem produtos, suas
opiniões de formas gerais. Porém, nota-se a presença de Andressa Fernandes colabora
com os textos, mas apenas de maneira mais imparcial, como estilos de ruas, notícias de
moda da semana. Sem dá muita opinião.
Ao contrário de Camila, Marcela não possui uma grande influência na internet,
mas mantêm um grande número de seguidores, no Facebook (106 mil) e Twitter (45
mil). Comparando ainda com o blog Garotas Estúpidas, Lalá Noleto não assina suas
postagens. Porém, percebe-se pela escrita e falta de informação sobre o autor, que a
própria Marcela escreve suas postagens.

Considerações Finais
Neste artigo abordamos o desenvolvimento da moda na sociedade e como isso
está prejudicando o jornalismo das mídias impressas. Mostramos como a moda está
presente na interação com o mundo. De acordo com o filósofo francês, Gilles
Lipovetsky, a moda é um dispositivo social, o comportamento orientado pela moda é
fenômeno do comportamento humano. Com o crescimento desse fenômeno na
sociedade contemporânea, surge a necessidade de que pessoas expliquem seu
acontecimento. Surge assim o jornalismo de moda.
O avanço da tecnologia traz também os diários virtuais, denominados de blogs.
Os novos profissionais, os blogueiros, se misturam aos verdadeiros profissionais
trazendo polêmica a certos assuntos. Como por exemplo, em que ponto o blogueiro
possui a opinião correta? Em quem se pode espelhar, no blogueiro ou no jornalista?
Esse artigo mostra ainda como essa nova profissão cresce no mercado,
descaracterizando o jornalismo de moda, do jornalismo imparcial impresso e digital. As
blogueiras selecionadas para o desfecho do tema, Camila Coutinho (Garotas Estúpidas)
e Marcela Noleto (Lalá Noleto), apresentam para suas leitoras linguagens mais
acessíveis e engraçadas, com imagens e variedades de assuntos. Sendo assim atraem
mais curiosos, em que atendem pedido de várias pessoas, na qual se sentem mais
próximas de quem escreve.
Apresentamos também que com a ascensão desses novos profissionais, a
primeira fila dos principais desfiles está mais disputada. Por algo, que antigamente, só
era ocupada por jornalistas e editores de moda. Onde isso pode chegar se torna uma
incógnita. Conforme o estudo realizado percebe-se que está ocorrendo uma inflação
desse novo ramo, que trata seu público alvo de maneira mais direta, atraindo mais
atenção.
Considerando essa análise, percebemos que os blogs possuem a finalidade de
informar de maneira rápida e compreendendo a linguagem do seu público alvo. Mesmo
que os blogueiros não sejam especialista da área de interesse, eles, na maior parte,
pesquisam e relatam o assunto desejado.
Os blogs observados, Garotas Estúpidas e Lalá Noleto, dispõem de críticas sobre
a programação de moda atual e suas opiniões sobre certos produtos na qual patrocinam
ou não seus blogs. As blogueiras expressam para a sociedade seus diferentes ideais.
Enquanto Camila Coutinho viaja e demonstra seu ponto de vista, Lalá Noleto explica
como conseguiu alcançar o seu corpo tão desejado. Essa é a grande diferença dos
blogueiros de moda e comportamento para os jornalistas de corporações. Já que as
autoras desses diários virtuais evidenciam as atitudes de um ser humano, algo mais
próximo dos novos leitores.

Referências Bibliográficas
CASADEI, Eliza Bachega. Jornalismo de moda em revista: momentos históricos do
registro editorial da moda no Brasil no período anterior aos 60. São Paulo.
CIDREIRA, Renata Pitombo. Jornalismo de moda: crítica, feminilidade e arte. Bahia,
Universidade Federal da Bahia, 2007.
CLEMENTE, Ana Priscila. Origem e desenvolvimento do blog como mídia digital e
sua contribuição para a construção de uma cultura feminina na web. Paraíba,
Universidade Federal da Paraíba.
HINERASKY, Daniela Aline. Jornalismo de moda: questionamentos da cena brasileira.
Rio Grande do Sul, Centro Universitário Franciscano, 2005.
JOFFILY, Ruth. O jornalismo e produção de moda. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira,
1991.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades
modernas. São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2009.
ORLANDI, Leticia. Papo de mulher: um estudo sobre os blogs de moda e estilo.
Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito Santo, 2010.
RODRIGUES, Luciana dos Santos. A moda do blog: o blog como ferramenta de
disseminação de moda. Ceará, Universidade de Fortaleza.
SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Rio de Janeiro,
Ed. Civilização Brasileira, 2004.
SILVA, Aldo Clécius Neres da. Oráculos da modernidade: o jornalismo de moda e sua
relevância social. Bahia.

Fontes Consultadas
COUTINHO,
Camila.
Facebook
Garotas
Estúpidas.
Disponível
<https://www.facebook.com/garotasestupidas?fref=ts> acesso em 23/11/2013

em

COUTINHO,
Camila.
Garotas
Estúpidas.
<http://www.garotasestupidas.com> acesso em 16/11/2013

em

Disponível

FARIA,
Dani.
blog
Dani
Faria.
Disponível
<http://danifariadesigngrafico.blogspot.com.br/2012/09/historia-de-um-blog-lalanoleto.html> acesso em 22/09/2013

em

LUCAS, Adriano & FABRI, Carolina & FERNANDA, Priscylla. Top 10 Mais.
Disponível em <http://top10mais.org/top-10-melhores-blogs-de-moda-do-brasil> acesso
em 22/09/2013
NOLETO,
Marcela.
Facebook
Blog
da
Lalá.
Disponível
<https://www.facebook.com/blogdalalanoleto> acesso em 23/11/2013

em

NOLETO, Marcela. Lalá Noleto. Disponível em <http://lalanoleto.com.br> acesso em
16/11/2013
NOLETO,
Marcela.
Twitter
Lalá
Noleto.
<https://twitter.com/lala_noleto> acesso em 23/11/2013

Disponível

em

Norma Bruno. Disponível em <http://normabruno.wordpress.com/tag/revistas-antigas>
acesso em 23/11/2013
PARRODE,
Alexandre.
A
Redação.
Disponível
<http://www.aredacao.com.br/guia.php?noticias=12073> acesso em 22/09/2013

em

Signature9.
22/09/2013

em

Disponível

em

<http://www.signature9.com/style-99>

acesso
UOL Mais. Disponível em <http://mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw-blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemica-na-moda04020C9A3162D8A12326?types=A&> acesso em 20/11/2013
Vavan Sena. Disponível em <http://www.vanvansena.blogspot.com.br/2012/02/fonfon.html> acesso em 23/11/2013
VALENÇA,
Camila.
Twitter
Garotas
Estúpidas.
<https://twitter.com/gestupidas/> acesso em 23/11/2013

Disponível

em

Vintage
Susie
and
Wings.
Disponível
em
<http://www.vintagesusieandwings.blogspot.com.br/2012/04/spring-fabulous-frenchfashion-plates.html> acesso em 23/11/2013
Youtube. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=k6Z-9qQMcy8> acesso
em 23/11/2013

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Jornalismo Moda Blogs

  • 1. Jornalismo nos blogs de moda O crescimento dos blogs e a desconstrução do jornalismo de moda Tamara Coimbra * Resumo Este artigo pretende analisar como a profissão de blogueiro (a)¹ de moda cresce no mercado, descaracterizando o jornalismo de moda imparcial impresso e digital. O principal objetivo é entender o mundo paralelo dos blogs de moda, no qual blogueiras ganham dinheiro exercendo esta função, sem passar por graduação de comunicação. Para isso, foram selecionados os blogs Garotas Estúpidas e Lalá Noleto. Com linguagem mais acessível e informal, as blogueiras Camila Coutinho e Marcela Noleto, formadas em designer de moda e advocacia, respectivamente, atraem mais leitores do que as mídias institucionalizadas. Para refletir sobre a importância da moda na sociedade atual e suas relações com as mídias serão utilizados como referenciais teóricos Joffily (1991), Schittine (2004) e Lipovetsky (2009). Introdução Esta pesquisa pretende compreender o mundo paralelo que se formou com os blogs de moda, e como isto se tornou uma profissão de grande prestígio, em que blogueiras que exerciam profissões distintas da área de comunicação social como Camila Coutinho - designer de moda -, blog Garotas Estúpidas, e Marcela Noleto (exadvogada), Lalá Noleto, conseguem alcançar seus objetivos financeiros mantendo um blog, que no início começou por diversão. É apresentada também a disponibilidade que grande parte da população possui para acessar a internet, crescendo a aproximação com os blogs. Com isso fica mais fácil ingressar em algum site ou algo disponível na internet, do que comprar jornais e/ou revistas que podem não alcançar o interesse do leitor. E o que isso pode influenciar nos profissionais de comunicação dessa área. Como problematização, pensamos na questão: como os blogs de moda desconstroem o jornalismo das mídias impressas? Os blogs apresentam as diversidades de opiniões, redefinindo a pluralidade de certo tema, compartilhando informações de forma acelerada. A facilidade de criar um blog possibilitou o surgimento de inúmeras páginas eletrônicas. Alguns blogueiros ao *Estudante de Jornalismo, na Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA); estagiária do jornal Folha Dirigida, tamaracoimbr@yahoo.com.br. ¹ Proprietário do blog
  • 2. redor do mundo ganharam status e se tornaram representantes dos novos padrões estéticos e de consumo, seja refletidos em fotografias, produtos de design, entrevistas ou resenhas das semanas de moda. Como por exemplo, os blogs brasileiros citados para esse artigo. Com as novas plataformas midiáticas, redes sociais e mensagens instantâneas, a comunicação tornou-se cada vez mais rápida. Na moda, essa relação começou a partir de 1949, com a revolução do prêt-à-porter² e sua produção industrial. A partir da década de 1990, com as novas tecnologias inseridas, as tendências - antes vistas somente nas páginas das revistas e passarelas - passaram a ser detectadas nas ruas e ser absorvidas por um maior número de pessoas, em que blogueiros e pessoas entusiasmadas pela moda, conectados às novas mídias, apresentavam suas preferências. A divisão entre o mundo real e o virtual tornou-se menos perceptível. O imediatismo da rede e a repercussão das coleções estão ligados, cada vez mais, pela facilidade de participar desse processo e documentá-lo de forma rápida com o que se tem à mão: celulares smartphones, câmeras fotográficas digitais, tablets e demais aparelhos eletrônicos. I - Jornalismo de Moda no Brasil Entre os povos da Antiguidade o modo de se vestir era símbolo de posição social. O vestuário atingiu, aos poucos, todas as classes. A moda pode ser considerada o documentário dos períodos históricos, é compreensível que ela seja influenciada por acontecimentos políticos, sociais, culturais, artísticos, industriais, esportivos, dentre outros. A transição da moda das ruas para as passarelas acelerou a distribuição das mercadorias nas lojas, na qual se destaca como parte da expressão das novas identidades e dos estilos de vida. É com a indústria da moda, ou seja, e não só com a indústria têxtil que já havia se desenvolvido, de certo modo, desde a época da Revolução Industrial, que o jornalismo de moda se expandiu e conquistou espaços nos veículos de comunicação. É com o prêt-à-porter que o jornalismo de moda encontra seu ápice enquanto cobertura jornalística. Por conta dos calendários fixos de desfiles, a moda abre as portas ao novo gênero de criação-produção-consumo. Como qualquer ramo do jornalismo, o de moda tem sua principal função junto ao leitor. Em seu dia-a-dia, a população é composta de ² É um termo em francês que, quando traduzido, significa pronto pra usar.
  • 3. seres individuais que sofrem os desmandos da política econômica, os efeitos da poluição e da falta de consciência ecológica, da violência urbana e de inúmeros outros problemas. O jornalismo interfere nesse caos no sentido de dar a perceber que as coisas não acontecem sem um sentido, sem uma estrutura que tem sua lógica e modo de operar. (JOFFILY, 1991, p.15) Joffily (1991) explica que o jornalismo de moda apresenta ao leitor a direção de tantas informações existentes nesta área. Auxiliando no difícil diálogo entre a pessoa e o mundo, entre o corpo e o meio ambiente. Entre os anos de 1710 e 1750, começa a valorização da moda, o primeiro vestígio de jornalismo de moda circula pela França. Os periódicos mais importantes e de vida mais longa nesse período são: La Quintesse des Nouvelles, Le Nouveau Magasin Français, Le Journal de Monsieur, Le Corrier Lyrique, Journal des Dames e Le Cabinet des Modes. Entre eles, o Journal des Dames e o Le Cabinet des Modes se destacam. Fonte: Google - Journal des Dames (1857), disponível em www.vintagesusieandwings.blogspot.com.br/2012/04/spring-fabulous-french-fashion-plates.html Em 1867, é publicada, nos Estados Unidos, a revista Harper’s Bazaar e, em 1892, a Vogue, consolidando um tipo de jornalismo de moda que é praticado ainda atualmente. No Brasil, a introdução da moda no jornalismo cumpre o papel de alteração das sensibilidades através da estimulação da leitura e circulação de temas relacionados à arte, ao universo feminino, entre outras atividades. Imerso na rubrica do jornalismo
  • 4. cultural, o jornalismo de moda só ganharia força, no Brasil, no final do século XIX. Tanto interesse pelo tema, fez com que a mídia acompanhasse de perto o crescimento e o desdobramento do fenômeno na sociedade. As revistas femininas brasileiras do século XIX tinham uma vida bastante curta, e os sucessos editoriais duravam, no máximo, de um a dois anos. Com a virada do século XX as revistas apresentam um caráter mais informativo, com uma vida mais duradoura como, por exemplo, Revista da Semana, A Cigarra e Fon Fon, sendo a moda uma das matérias centrais. Além disso, em 1900 surge como um suplemento do Jornal do Brasil, o Caderno B. No início do século XX, o rádio atua ainda como um dos veículos propulsores do jornalismo impresso de moda no Brasil, pois com as radionovelas as fãs buscavam fotos dos atores em publicações especialmente com esta finalidade, como era o caso do Jornal das Moças, lançado em 1919. Fonte: Google - revista Fon Fon, disponível em www.vanvansena.blogspot.com.br/2012/02/fon-fon.html
  • 5. Fonte: Google - Revista da Semana (1956), disponível em www.normabruno.wordpress.com/tag/revistas-antigas/ Em 1950 começam a surgir publicações mais específicas, com periódicos mais voltados para a moda, como Jóia que, mais tarde teria o seu nome modificado para Desfile – Manequim (1959) e Cláudia (1961). Nessa época surgiram ainda títulos internacionais, valorizando o jornalismo de moda no país, como Vogue (1975). Ao longo dos anos 1980, essa tendência é reforçada com o surgimento, de títulos como Elle, Moda Brasil e Marie Claire. Segundo Joffily (1991) o jornalismo estrangeiro apresenta outra vertente ao nacional, mostrando outras áreas e diversas dinâmicas. “Nessa perspectiva, encontra-se uma revalorização do jornalismo de serviço, das matérias que transmitem noções práticas às leitoras - das quais o jornalismo americano usa e abusa”. (JOFFILY; RUTH, 1991, p. 139). O surgimento das revistas acarretaram diversas opiniões, na qual não possuíam caráter instrucional. Esse novo processo apresenta a modernização dos fatos e da moda. II- Breve História do Blog Com a produção em série de roupas, decorrência do capitalismo, tornou possível o consumo de produtos que uniam o ideal estético da alta costura com o preço acessível
  • 6. da produção industrial. Isto destacou mais o individualismo, na forma diversificada de se vestir. A internet começou a apresentar a pluralidade desta vitrine, juntamente com o movimento urbano e a multiplicidade de estilos existentes nas ruas. Mostrando outra forma de ver a moda e sua tendência, não se restringindo as passarelas e as coleções lançadas em cada época. Os blogs de moda podem se apresentar como produtores e comunicadores de tendências. O maior papel da informação no processo de socialização e de individualização não é separável de seu registro espetacular e superficial. Consagrada à fatualidade e à objetividade, a informação não está, de modo algum, ao abrigo do trabalho da moda, mas é remodelada em grande parte pelos imperativos do show e da sedução. (...) A comunicação de massa faz uma perseguição implacável ao pedagógico, à instrução austera e fastidiosa; ela nada no elemento da facilidade e do espetacular. As reportagens devem ser curtas, os comentários claros e simples, entrecortados de entrevistas retalhadas, de vivido, de elementos anedóticos; por toda parte a imagem deve distrair, prender a atenção, provocar choque. (LIPOVETSKY, 2009, p. 268-269) Os blogs possuem caráter heterogêneo pela própria expressão inglesa web log; diário (privado) numa página da web (público). Dividido entre vários estilos, esse diário se aproxima de uns, se afasta de outros, mas acaba tendo um pouco de cada um de seus leitores. Este termo foi usado inicialmente por Jorn Barger, em 1998, para nomear um conjunto de sites que divulgavam links da web. Segundo Orduña et al (2007), o weblog precursor foi o What´s new in ´92, criado por Tim-Berners Lee em 1992, que tinha como finalidade divulgar as novidades sobre as pesquisas do projeto World Wide Web³, que mais tarde daria espaço para o que conhecemos hoje como internet. (CLEMENTE, 2009, p.2) Normalmente, é escrito por apenas um autor, mas, em alguns casos, com dois ou mais. Os diários virtuais podem ter objetivos pessoais, profissionais ou corporativos. Os blogueiros antes considerados receptores tornaram-se produtores de informações. A informação é transmitida a partir das opiniões de alguém com ideias parecidas das de quem as lê, ao contrário do jornalismo tradicional onde a imparcialidade é primordial. De acordo com Schittine, para manter o contato com o leitor, é necessária uma escrita mais informal, com tom de diálogo: A internet possibilita e exige uma escrita sem formalidades e, acima de tudo, fragmentária. O diarista virtual precisa escrever posts frequentemente, daí o texto rápido e em cápsulas que, de certa forma, serve também para prender a atenção do leitor. (SCHITTINE, 2004, p. 155)
  • 7. Fonte: www.youtube.com/watch?v=k6Z-9qQMcy8 Com a ascensão dos blogs, cresce na internet a discussão do universo dos blogs de moda. Pois, cada vez mais estes diários virtuais estão movimentando dinheiro. Além disso, o avanço acelerado da nova profissão está mobilizando ‘batalhas’ na primeira fila dos desfiles entre os blogueiros e os jornalistas de moda. No vídeo SPFW - Blogueiros Ficam Famosos e Causam Polêmica na Moda, podemos ver opiniões de diferentes blogueiros e editores e/ou jornalistas. Pode-se destacar: “A diferença é que o jornalista de moda é um especialista no assunto, já o blogueiro é um leigo que tem uma opinião sobre o assunto; Muita gente pensa que o blogueiro é isento, e isso não é verdade. As pessoas ganham jabá para falar bem das marcas. Acho que o mais antenado não é nem o blogueiro e nem o jornalista, no caso é aquele que for a busca da informação correta.” Fonte: http://mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw--blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemicana-moda-04020C9A3162D8A12326?types=A&
  • 8. “O jornalista expõe a opinião do veículo, e a blogueira expõe uma opinião dela, um gosto pessoal.” Fonte: www.mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw--blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemica- na-moda-04020C9A3162D8A12326?types=A& O blog possibilita a cumplicidade com um público novo, de pessoas desconhecidas que têm sentimentos e segredos parecidos. Por isso, atraem mais leitores. III- Blogs em Destaque Os blogs de moda selecionados para refletir sobre este tema foram Garotas Estúpidas, de Camila Coutinho, e Lalá Noleto, de Marcela Noleto. Ambas não são formadas em comunicação social, e criaram essas páginas eletrônicas de comportamento com o intuito de diversão, e extravazar seus pensamentos. Segundo a lista divulgada, em 12 de agosto de 2013, dos melhores blogs de moda do Brasil, no site Top 10 Mais - relaciona os melhores ou maiores seguimentos do Brasil e do mundo -, o blog Garotas Estúpidas ficou localizado na primeira posição. Já o blog Lalá Noleto na décima. Além disso, a autora do blog Garotas Estúpidas, Camila Coutinho, ganhou, recentemente, o prêmio de quarta blogueira mais influente do mundo, de acordo com o site britânico Signature 9. A designer de moda de 23 anos, Camila Coutinho, criou o blog no ano de 2006 num momento de distração. A blogueira relatou ao site A Redação seu momento de criação: Sempre gostei de ler sites gringos de celebridades, aqueles bem barraqueiros mesmo e, quando ainda estava na faculdade, sempre
  • 9. trocava links de fofocas com minhas amigas. Um dia, falei ‘vamos montar um blog?’; minhas amigas toparam. Em uma noite de insônia eu decidi criar. Primeiramente, dei o nome de Stupid Girls, por causa da música jocosa da cantora Pink. Mas decidi colocar em português mesmo, e assim nasceu Garotas Estúpidas. Depois de uns dois meses minhas amigas desistiram e eu continuei. (Depoimento de Camila Coutinho para o site A Redação, acesso em 22/09/2013) O seu trabalho neste meio cresceu tanto que Camila possui auxílio de colunista na parte de beleza e outro na parte de moda masculina, e de vez em quando possui ainda uma equipe que exerce trabalho temporário de editoriais de moda, porém tudo o que é escrito passa por sua aprovação e edição. Além disso, tem uma pessoa no financeiro e duas no comercial para lidarem com anunciantes e coisas relacionadas. Todos trabalham em casa. Marcela Noleto, 28 anos, ao contrário de Camila iniciou de forma diferente nos blogs de moda. Formada em Direito começou a escrever para a revista Contigo no ano de 2007, quando conheceu algumas pessoas que trabalhavam na editora Abril. Na ocasião, fez um projeto e mandou para o escritório da editora em São Paulo. Esse projeto, que foi aprovado, propunha uma coluna - de moda e beleza - com linguagem de blog. No início de 2012 deixou a revista para comandar o seu blog independente, Lalá Noleto. Marcela contou ao blog Dani Faria o motivo de ter criado o diário virtual: Tinha muita coisa que não dava para colocar na revista. Muitas vezes eu perdia conteúdo porque não havia espaço na revista ou porque se eu colocasse a matéria ficaria fria. Então, surgiu a ideia do blog para aproveitar todo esse conteúdo que não ia para a revista Contigo. O blog surgiu sem pretensão alguma, minha intenção era crescer dentro da revista e não me tornar uma blogueira de profissão. (Depoimento de Marcela Noleto para o blog Dani Faria, acesso em 22/09/2013)
  • 10. Analisando ambos os diários virtuais pode-se perceber que ambos possuem bastantes propagandas. Compreendendo o real motivo do ganho das blogueiras. No Garotas Estúpidas percebemos a grande influência que a blogueira possui nas redes sociais, como no Facebook 435 mil seguidores e Twitter com 96 mil. Em seus títulos e assinaturas, verifica-se que mesmo tendo se tornado uma empresária Camila continua escrevendo no site em postagens de dicas, como viagem produtos, suas opiniões de formas gerais. Porém, nota-se a presença de Andressa Fernandes colabora com os textos, mas apenas de maneira mais imparcial, como estilos de ruas, notícias de moda da semana. Sem dá muita opinião.
  • 11. Ao contrário de Camila, Marcela não possui uma grande influência na internet, mas mantêm um grande número de seguidores, no Facebook (106 mil) e Twitter (45 mil). Comparando ainda com o blog Garotas Estúpidas, Lalá Noleto não assina suas postagens. Porém, percebe-se pela escrita e falta de informação sobre o autor, que a própria Marcela escreve suas postagens. Considerações Finais Neste artigo abordamos o desenvolvimento da moda na sociedade e como isso está prejudicando o jornalismo das mídias impressas. Mostramos como a moda está presente na interação com o mundo. De acordo com o filósofo francês, Gilles Lipovetsky, a moda é um dispositivo social, o comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano. Com o crescimento desse fenômeno na sociedade contemporânea, surge a necessidade de que pessoas expliquem seu acontecimento. Surge assim o jornalismo de moda. O avanço da tecnologia traz também os diários virtuais, denominados de blogs. Os novos profissionais, os blogueiros, se misturam aos verdadeiros profissionais trazendo polêmica a certos assuntos. Como por exemplo, em que ponto o blogueiro possui a opinião correta? Em quem se pode espelhar, no blogueiro ou no jornalista? Esse artigo mostra ainda como essa nova profissão cresce no mercado, descaracterizando o jornalismo de moda, do jornalismo imparcial impresso e digital. As blogueiras selecionadas para o desfecho do tema, Camila Coutinho (Garotas Estúpidas) e Marcela Noleto (Lalá Noleto), apresentam para suas leitoras linguagens mais acessíveis e engraçadas, com imagens e variedades de assuntos. Sendo assim atraem
  • 12. mais curiosos, em que atendem pedido de várias pessoas, na qual se sentem mais próximas de quem escreve. Apresentamos também que com a ascensão desses novos profissionais, a primeira fila dos principais desfiles está mais disputada. Por algo, que antigamente, só era ocupada por jornalistas e editores de moda. Onde isso pode chegar se torna uma incógnita. Conforme o estudo realizado percebe-se que está ocorrendo uma inflação desse novo ramo, que trata seu público alvo de maneira mais direta, atraindo mais atenção. Considerando essa análise, percebemos que os blogs possuem a finalidade de informar de maneira rápida e compreendendo a linguagem do seu público alvo. Mesmo que os blogueiros não sejam especialista da área de interesse, eles, na maior parte, pesquisam e relatam o assunto desejado. Os blogs observados, Garotas Estúpidas e Lalá Noleto, dispõem de críticas sobre a programação de moda atual e suas opiniões sobre certos produtos na qual patrocinam ou não seus blogs. As blogueiras expressam para a sociedade seus diferentes ideais. Enquanto Camila Coutinho viaja e demonstra seu ponto de vista, Lalá Noleto explica como conseguiu alcançar o seu corpo tão desejado. Essa é a grande diferença dos blogueiros de moda e comportamento para os jornalistas de corporações. Já que as autoras desses diários virtuais evidenciam as atitudes de um ser humano, algo mais próximo dos novos leitores. Referências Bibliográficas CASADEI, Eliza Bachega. Jornalismo de moda em revista: momentos históricos do registro editorial da moda no Brasil no período anterior aos 60. São Paulo. CIDREIRA, Renata Pitombo. Jornalismo de moda: crítica, feminilidade e arte. Bahia, Universidade Federal da Bahia, 2007. CLEMENTE, Ana Priscila. Origem e desenvolvimento do blog como mídia digital e sua contribuição para a construção de uma cultura feminina na web. Paraíba, Universidade Federal da Paraíba. HINERASKY, Daniela Aline. Jornalismo de moda: questionamentos da cena brasileira. Rio Grande do Sul, Centro Universitário Franciscano, 2005. JOFFILY, Ruth. O jornalismo e produção de moda. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1991.
  • 13. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo, Ed. Companhia das Letras, 2009. ORLANDI, Leticia. Papo de mulher: um estudo sobre os blogs de moda e estilo. Espírito Santo, Universidade Federal do Espírito Santo, 2010. RODRIGUES, Luciana dos Santos. A moda do blog: o blog como ferramenta de disseminação de moda. Ceará, Universidade de Fortaleza. SCHITTINE, Denise. Blog: comunicação e escrita íntima na internet. Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 2004. SILVA, Aldo Clécius Neres da. Oráculos da modernidade: o jornalismo de moda e sua relevância social. Bahia. Fontes Consultadas COUTINHO, Camila. Facebook Garotas Estúpidas. Disponível <https://www.facebook.com/garotasestupidas?fref=ts> acesso em 23/11/2013 em COUTINHO, Camila. Garotas Estúpidas. <http://www.garotasestupidas.com> acesso em 16/11/2013 em Disponível FARIA, Dani. blog Dani Faria. Disponível <http://danifariadesigngrafico.blogspot.com.br/2012/09/historia-de-um-blog-lalanoleto.html> acesso em 22/09/2013 em LUCAS, Adriano & FABRI, Carolina & FERNANDA, Priscylla. Top 10 Mais. Disponível em <http://top10mais.org/top-10-melhores-blogs-de-moda-do-brasil> acesso em 22/09/2013 NOLETO, Marcela. Facebook Blog da Lalá. Disponível <https://www.facebook.com/blogdalalanoleto> acesso em 23/11/2013 em NOLETO, Marcela. Lalá Noleto. Disponível em <http://lalanoleto.com.br> acesso em 16/11/2013 NOLETO, Marcela. Twitter Lalá Noleto. <https://twitter.com/lala_noleto> acesso em 23/11/2013 Disponível em Norma Bruno. Disponível em <http://normabruno.wordpress.com/tag/revistas-antigas> acesso em 23/11/2013 PARRODE, Alexandre. A Redação. Disponível <http://www.aredacao.com.br/guia.php?noticias=12073> acesso em 22/09/2013 em Signature9. 22/09/2013 em Disponível em <http://www.signature9.com/style-99> acesso
  • 14. UOL Mais. Disponível em <http://mais.uol.com.br/view/bfc3becnpbdr/spfw-blogueiros-ficam-famosos-e-causam-polemica-na-moda04020C9A3162D8A12326?types=A&> acesso em 20/11/2013 Vavan Sena. Disponível em <http://www.vanvansena.blogspot.com.br/2012/02/fonfon.html> acesso em 23/11/2013 VALENÇA, Camila. Twitter Garotas Estúpidas. <https://twitter.com/gestupidas/> acesso em 23/11/2013 Disponível em Vintage Susie and Wings. Disponível em <http://www.vintagesusieandwings.blogspot.com.br/2012/04/spring-fabulous-frenchfashion-plates.html> acesso em 23/11/2013 Youtube. Disponível em <http://www.youtube.com/watch?v=k6Z-9qQMcy8> acesso em 23/11/2013