Voltaire e
o Iluminismo
Estudantes: Beatriz Oliveira DRE:119062175
Mariana Aupt DRE:117227850
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Comunicação Visual Design (CVD) / EBA
Tópico Filosofia (2021.1) - Docente: Carlos Azambuja

I. Quem foi Voltaire?

Nascido em 1694, em Paris, Voltaire é o
pseudônimo de François Marie Auroet,
filho de uma família aristocrática.
Entrou em contato com diversos filósofos
e escritores, o que o auxiliou em seu
período de formação, sua facilidade em
transitar por diversos ambientes e sua
retórica em seus escritos.
Teve sua educação em um colégio
jesuíta, porém isso não foi impedimento
para que ele criticasse a igreja da
época.

Em sua produção, Voltaire escreveu uma variada coleções de genêros,
transitando desde poesia até crítica religiosa. Escreveu também romances,
peças teatrais e sátira filosófica.
Foi seu padrinho que o introduziu ao círculos literários e ao Salão Literário da
Cortesã Madame Ninon, o que encantou Voltaire.
Por pressão de seu pai, Voltaire também foi assistente de um diplomata na
Holanda. Após sua volta, ele continuou produzindo poemas e outros escritos.

Em 1726, após uma discussão com um nobre francês, ele foi preso na Bastilha por
cinco meses. Após ser solto, ele foi exilado na Inglaterra por dois anos (de 1726
até 1728).
Foi por esse período na Inglaterra onde houve um maior amadurecimento de suas
ideologias, graças ao contraste da política mais liberal da Inglaterra com o
absolutismo francês da época.
Com sua volta para França, Voltaire se envolveu em polêmicas com sua defesa de
seus ideais de liberdade, tanto liberdade de expressão como liberdade política.

Com pouco mais de 20 anos, já havia sido
preso e exilado por ordem do regente
Felipe de Orleans a quem havia dedicado
panfletos satíricos e críticos. No seu exílio
inglês escreveu as célebres Cartas inglesas
ou filosóficas.
Apesar de continuar com suas teses e
opiniões polêmicas para a época, ele
passou o restante de sua vida sem ser
detido. Ele se tornou um historiógrafo real e
foi eleito membro da Academia Francesa
em 1746. Não parou de publicar seus
escritos até seu falecimento.
Voltaire faleceu em 1778, em Paris.

II. Século XVII na França

Durante o século XVII, o sistema político
presente na França era o absolutismo, que
caracterizou o que chamamos de Estado
Moderno atualmente. Ou seja, todos os
poderes eram controlados pelo rei do
período.
"O Estado sou eu." - Rei Luís XIV (1643-1715)
O sistema surgiu como forma de resposta
a crise política e social que as guerras
religiosas dos reis católicos contra os
ideais calvinistas e luteranos causaram.

III. Século XVII na Inglaterra

Enquanto isso, a Inglaterra havia passado pela Revolução Gloriosa em 1688, o que
trouxe mudanças religiosas e econômicas.
Essa forma diferenciada de governo inspirou Voltaire em suas obras e valores,
gerando polêmicas na França, que ainda era absolutista.
Alguns dos grandes filósofos da época foram John Locke e Edward Gibbon, que
defendiam a liberdade de expressão, a monarquia constitucional com base nos
princípios liberais.

IV. O iluminismo francês

O movimento iluminista surgiu na Europa, durante o século
XVII, alcançando seu ápice no século XVIII. A França foi o
principal país europeu a liderar esse movimento. O nome
é derivado de luz, considerando que o século XVII foi
considerado o "Século das Luzes", contrariando a Idade
Média, a qual foi chamada de "Século das Trevas". O
Iluminismo tinha como principais características a
valorização da razão, desenvolvimento da ciência, crítica
ao sistema absolutista e defendiam a liberdade religiosa,
econômica e política.

Apesar de muitos dos pensadores criticarem
ferrenhamente as instituições religiosas, nem todos eram
contra a religião. Esses acreditavam que o homem
poderia chegar a Deus através da razão. Muitos dos
campos da ciência mostraram grandes avanços em seus
estudos. Exemplos:
Física
Astronomia
Biologia Química
Filosofia

Um dos grandes exemplos dessa produção no campos da ciência foi a Enciclopédia
(ou "L'Encyclopédie "). Ela foi idealizada por dois pensadores franceses, Denis Diderot
e D'Alembert. A enciclopédia foi o resultado de um conjunto de ideias e pensamentos
vistos pelo olhar dos iluministas. Ela possuía diversos artigos sobre ciência, filosofia,
biologia, artes, educação, etc. Muitos intelectuais contribuíram para a produção da
enciclopédia, incluindo o próprio Voltaire. Apesar de ter sido proibida sua publicação
por conta de suas ideias contra o absolutismo, a enciclopédia foi um importante
escrito e trouxe um novo ponto de vista para a população da época.

O iluminismo também defendia conceitos como o governo constitucional, uma
sociedade igualitária e economia liberal. Os iluministas acreditavam em um governo
livre de tiranias e no poder repartido em três. Voltaire estava mais focado na
tolerância religiosa no Estado.

V. Os Ideais de Voltaire

“A primeira lei da natureza é a
tolerância; já que temos todos uma
porção de erros e fraquezas.”
— Voltaire.
Dicionário Filosófico, 1765.

Voltaire admirava alguns nomes da filosofia como Descartes e Newton, mas seu
grande influenciador foi John Locke, tido como pai do liberalismo. Portanto seus ideais
filosóficos são baseados principalmente na defesa das liberdades individuais, pois o
progresso da sociedade, segundo ele, somente viria com o reconhecimento dessas
liberdades.
Após o contato com as mudanças inglesas a partir da Revolução Gloriosa (1688)
passou a defender que as ideias de tolerância religiosa e monarquia constitucional
deveriam ser adotadas por toda a Europa.

Ecrasez l´infâme
"Esmagar o infame" é uma frase de efeito do filósofo em relação à igreja católica a qual criticava
incessantemente em seus escritos pelos excessos e crimes cometidos pela aristrocacia religiosa e
política em nome da religião, como condenações de tortura e morte por sacrilégios que na realidade na
maioria das vezes tinham motivações de viés político.
Voltaire não era ateu e ainda acreditava que a religião poderia conduzir a uma ordem social àqueles
que não compreendessem sua própria razão fazendo um uso sensato de seu livre abítrio, mas se
colocava inteiramente contra a repressão da igreja.
O combate a intolerância no ambito religioso com a profunda crítica ao Estado aliado à Igreja levou
Voltaire a ser uma das primeiras figuras a defender o Estado Laico

Embora Voltaire fosse contra o sistema de monarquia absoluta que cerceava as
liberdades as quais defendia em seu pensamento, ainda acreditava na necessidade
monarquia centralizada desde que assessorada por filósofos que compreendiam o
progresso pela razão assim sendo capazes de idealizar reformas de acordo com o
interesse lógico da sociedade.
Absolutismo x Despotismo Esclarecido

VI. Obras de Voltaire

Cartas lnglesas ou filosóficas
Cartas Inglesas/Cartas filosóficas (Lettres anglaises/Lettres philosophiques) é um
compilado de 24 cartas escritas por Voltaire sobre seu tempo na Inglaterra de 1726 a
1729 e sua visão sobre religião, política, comércio, literatura e outros assuntos, a partir
de suas experiências no local. As cartas foram vistas como uma ameaça ao sistema
francês e foram muito divisivas dentro da sociedade francesa. As constantes
comparações entre Inglaterra e França não foram vistas com bons olhos por uma
grande parte da sociedade francesa.

Cartas lnglesas ou filosóficas
As cartas 1-8 falam sobre religião, especificamente Quackers, Presbiterianos,
Socianismo e Anglicanos.
Cartas 8 e 9 falam sobre política e compara os sistemas políticos entre Inglaterra
e França.
Carta 10 fala sobre comércio
Carta 11 é sobre ciência
Cartas 12-17 fala sobre os filósofos ingleses da época (John Locke, Newton, Francis
Bacon, etc.) e a visão de Voltaire sobre as filosofias,
18-24 falam sobre Literatura, autores ingleses e a Academia Real Inglesa.

Tratado sobre a tolerância
"Tratado sobre a tolerância"/"Traité sur la tolérance" é outra obra escrita por Voltaire,
onde ele fala sobre a tolerância religiosa e ataca o fanatismo religioso. O livro foi
publicado em 1763, após a morte de Jean Calas, protestante, acusado injustamente
pela morte de seu filho, que havia se convertido ao catolicismo. Voltaire começou uma
campanha para libertar Calas da prisão, porém a tentativa foi em vão. Apenas em
1765 que Calas foi considerado inocente postumamente. Movido pelos acontecimentos
ocorridos, Voltaire põe-se a escrever o livro. O livro foi banido na Europa, porém o livro
fez sucesso na população europeia de qualquer forma.

Cândido ou O Otimismo
"Cândido" ou "O Otimismo"/ "L'optimisme" foi uma das grandes obras de Voltaire,
publicada em 1759, com o pseudônimo Monsieur le docteur Ralph. Essa obra é um
romance satírico que retrata a jornada de Cândido, um jovem que cresceu em um
castelo junto de seu mentor Pangloss, onde ele aprende sobre o otimismo, com o
mantra de seu mentor (retirado do filósofo Leibniz) sendo: "tudo vai pelo melhor no
melhor dos mundos". Porém, após passar por uma série de desafios e contratempos
após esse estilo de vida chegar ao fim, Cândido começa a se desiludir sobre o
otimismo. O livro fazia uma série de críticas a sociedade da época, a filosofia regente,
o governo, a religião e, principalmente, ao filósofo alemão Leibniz, o qual era
conhecido pelo seu otimismo.

Cândido ou O Otimismo
O texto é separado por episódios com as desventuras de Cândido. Voltaire atacava o
que ele chamava de "fatalismo", já que essa forma de pensamento podava a
liberdade de se expressar e de criticar o que acontecia em sua volta. Ele também se
influenciou por acontecimentos históricos que ocorreram na Europa como a Guerra
dos Sete Anos e o Terremoto de Lisboa. O livro causou um grande escândalo na
sociedade da época, onde ele foi criticado por blasfêmia religiosa, hostilidade
intelectual e revolta política. Ele foi publicado secretamente e foi elogiado por
retratar a condição humana em situações difíceis.
"Devemos cultivar o nosso jardim" - Voltaire

VII. Impactos do Iluminismo

LIBERTÉ, ÉGALITÉ, FRATERNITÉ
Liberdade guiando o povo.
Eugène Delacroix. 1830
Óleo sobre tela, 260 × 325
Museu do Louvre, Paris

A Revolução Francesa (1789) marcou o
fim do absolutismo. Ela foi inspirada
pelos ideias iluministas da época.
Marcou o início universalização dos
direitos sociais e das liberdades
individuais, graças a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.
A nobreza aumentou a cobrança de
impostos sobre os camponeses, além de
ocupar a grande parte dos cargos
políticos.
“A Queda da Bastilha, visível no centro é a
prisão de Bernard René Jourdan (De Launay),
Água 37,8 x 50,5 cm”. Jean-Pierre Houël.
Bibliothèque nationale de France, 1789.

Ela também foi fortemente influenciada pela Revolução da América, a qual
fortaleceu os ideais de liberdade e igualdade na França durante o iluminismo.
A desigualdade entre os Três Estados na França era aparente e causou uma
grande crise social.
Assembleia dos Estados Gerais, convocados por Luís XVI, onde reuniu os Três
Estados para discutir sobre a questão dos impostos.
Ocorre a queda da Bastilha, símbolo do Absolutismo, onde as pessoas que
cometiam crimes contra a monarquia eram presas.
Execução de Luís XVI e fim da monarquia.

Os ideais iluministas também
influenciaram a independência
dos Estados Unidos em 1776.
Os ideias de liberdade, igualdade
e tolerância religiosa influenciaram
os colonos americanos a se
rebelarem contra a Inglaterra.
"direito à vida, liberdade e a busca
da felicidade”. Declaration of Independence.
John Trumbull, 1819.
Óleo sobre tela, 3.7 m × 5.5 m (12 ft × 18 ft)
U.S. Capitol, Washington, D.C., U.S.
Revolução Americana

Com grande influência no Iluminismo e
tomando como base diversas ideias de
filósofos, escritores e pensadores da
época, como Voltaire, a Revolução
Francesa se revelou como uma das
maiores consequências que os ideais
iluministas trouxeram na época.

VIII. Referências

PORFÍRIO, Francisco. "Voltaire: biografia, ideias, livros, curiosidades". Mundo Educação,
2020. Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/voltaire.htm>
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<https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/absolutismo-frances.htm>
CORRADINI, Raphael. "Revolução Francesa: etapas, causas e consequências". Politize!,
2019. Disponível em: <https://www.politize.com.br/revolucao-francesa/>
AGUIAR, Lilian. "A importância do Iluminismo Francês". História do Mundo, 2019. Disponível
em: <https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/a-importancia-do-iluminismo-
frances-.htm>
BERGAMINI, Ricardo. "Século XVII: é o grande século francês". Ricardo Bergamini, 2011.
Disponível em: <http://www.ricardobergamini.com.br/portal/index.php?
option=com_content&view=article&id=56:seculo-xvii-e-o-grande-seculo-
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CARMELLO, Thaís Bravin. Voltaire. Todo Estudo. Disponível em:
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Tradução por Socientifica. Disponível em: <https://socientifica.com.br/a-influencia-do-
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ENSAIOS E NOTAS. Voltaire: Cândido ou o Otimismo. Disponível em:
<https://ensaiosenotas.com/2017/10/12/voltaire-candido-ou-o-otimismo/>. Acesso em 01 de
out. de 2021
GHANNAM, Tamlyn. ‘Cândido ou O otimismo’ que não se sustenta. A Escotilha, 2017. Disponível em:
<http://www.aescotilha.com.br/literatura/ponto-virgula/candido-ou-o-otimismo-voltaire/>.
Acesso em 28 de setembro de 2021.

LEAL, Djaci Pereira. OLIVEIRA, Terezinha. Escritor e leitor no século XVIII - Voltaire: as
possibilidades da escrita e leitura. Disponível em:
<https://alb.org.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais16/sem07pdf/sm07ss12_03.pdf.>
TRATADO SOBRE A TOLERÂNCIA, DE VOLTAIRE, 2019. 1 vídeo (9 minutos e 43 segundos).
Youtube. Publicado pelo canal Mateus Salvatori. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=lcuObvPTIno&t=481s.>. Acesso em 02 de outubro de
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<https://brasilescola.uol.com.br/historiag/revolucao-gloriosa.htm>. Acesso em 25 de setembro
de 2021.

Obrigada!