O documento discute a filosofia grega pré-socrática. Começa com a pergunta sobre a natureza das coisas e a filosofia como cosmologia. Depois discute Heráclito e Parmênides, que defendiam a mudança versus a permanência. Conclui que a história da filosofia grega é o esforço para conciliar essas visões através da lógica e ontologia.
2. Na fase Pré-socrática a pergunta
mais frequente era: “O que são as
coisas?” Daí que a Filosofia nasceu
como uma Cosmologia, isto
é, conhecimento racional da ordem
do mundo ou da natureza.
3. A fase cosmológica da Filosofia grega
praticamente se encerra com
Heráclito, quando tem início a fase
ontológica (conhecimento sobre o
ser), inaugurada com Parmênides.
4. A maior discussão do período Pré-
socrático deu-se em torno das
questões envolvendo a mudança e a
permanência das coisas.
5. Heráclito de Éfeso
. Defendia a mudança (devir)
. O mundo (realidade) era um ciclo
perpétuo, onde nada permanece o
mesmo e tudo se transforma em seu
oposto.
. Contradição move o mundo!
6. Parmênides de Eléia
. Defendia a permanência
. O ser é imutável, sempre idêntico a
si mesmo e que a mudança é ilusória
. Não existem opostos, só identidade!
7. De acordo com historiadores, a
história da Filosofia grega é a
história de um gigantesco esforço
para encontrar uma solução para o
problema posto por Heráclito e
Parmênides. A busca dessa solução
fez surgir duas disciplinas filosóficas:
a lógica e a ontologia (metafísica).”
11. Eram mestres da oratória (arte de bem falar)
que ensinavam a arte da persuasão
(persuadir é fazer crer, induzir, convencer).
Viajavam por toda a Grécia ensinando
Filosofia, mediante pagamento, mas seu
principal ofício era ensinar como argumentar
em público e como driblar a opinião
adversária. O importante, para os
sofistas, era ganhar uma
discussão, independentemente do critério
utilizado.
12. Por tudo isso, Sócrates rebelou-se
contra os sofistas afirmando que eles,
ao defenderem qualquer idéia,
desrespeitavam a verdade e por isso
não podiam ser considerados
filósofos.
13. Também foram criticados por Platão
e Aristóteles, tanto que o termo
sofista, que originalmente significava
sábio, passou a ter o sentido de
impostor.
14. Os principais sofistas foram:
. Protágoras de Abdera (485?-410?
a.C.) , considerado o primeiro e o
mais importante deles
. Górgias de Leontini
. Isócrates de Atenas.
15. Célebre Tese de Protágoras
“O Homem é a medida de todas as
coisas.”
É a relatividade do
conhecimento, pois tudo deve ser
examinado segundo os interesses do
homem e de acordo com a forma
como este vê a realidade.
16. Segundo este pensamento, as regras
morais, as posições políticas e os
relacionamentos sociais deveriam ser
guiados conforme a conveniência
individual. Para este fim, qualquer
cidadão poderia se valer de um
discurso convincente, mesmo que
falso ou sem conteúdo.
18. Sócrates representa um marco
importante na história da Filosofia.
Enquanto que os Pré-socráticos se
preocupavam com a
natureza, Sócrates busca o
conhecimento questionando o
homem.
19. Sócrates não deixou nada
escrito, pois acreditava que as
palavras gravadas prejudicavam a
memória, uma vez que a escrita
desobrigava a mente do exercício de
guardar informações.
20. Afirmava que o homem
deveria, antes de qualquer
coisa, conhecer-se a si
mesmo, ressaltando, dessa forma, a
importância do auto-conhecimento
para a formação do espírito.
21. Fazendo uso do diálogo, através de
perguntas habilmente formuladas,
Sócrates ensinava Filosofia
gratuitamente em locais públicos,
através de um método cuja aplicação
dependia de dois momentos distintos:
22. A IRONIA (interrogação):
. momento de desconstrução, onde
ele procurava mostrar os erros e
contradições das pessoas;
A MAIÊUTICA (parto): procurava
ajudar os discípulos a reconstruir as
próprias idéias.
23. A MAIÊUTICA (“parto das ideias”):
. procurava ajudar os discípulos a
reconstruir as próprias idéias.
24. Considerado o “pai da Filosofia”,
Sócrates nunca se contentou com as
crenças de sua época, com as verdades
estabelecidas e com os preconceitos que
vigoravam em sua sociedade.
Desconfiando das meras aparências das
coisas, e questionando sempre, Sócrates
buscava incansavelmente a realidade
verdadeira das coisas.
25. E assim, quando alguém se dizia corajoso ele
imediatamente perguntava: “Para você, o que
é a coragem? Quando alguém se dizia
justo, ele exigia maiores explicações sobre “O
que é a justiça?”. Aos 70 anos de
idade, acusado de corromper a mente dos
jovens com ideias duvidosas sobre os valores
atenienses, foi condenado por um tribunal
local a tomar cicuta, substância venenosa
extraída de uma erva.
27. Platão (427 – 348 a. C.) provinha de
uma antiga família pertencente à
nobreza da cidade e, como todos da
mesma origem, tinha interesses
direcionado à Política, até travar
conhecimentos com Sócrates.
28. . A partir desse momento em diante Atenas
perdia um político e o mundo ganhava um
Filósofo que mudou os rumos do
pensamento humano. Assistiu
inconformado à sentença de morte do
grande mestre e, como Sócrates, apostava
na razão filosófica como o caminho que
conduziria o homem ao exercício da justiça
e à prática da virtude.
30. O Mundo das Idéias
Para compreender o pensamento
platônico, o primeiro conceito a
considerar é o de Mundo da Idéias.
31. Segundo Platão, haveria um mundo
imaterial, eterno e imutável, totalmente separado
do mundo sensível (o universo material, percebido
pelos cinco sentidos), ao qual só temos acesso
através da razão. Nesse lugar supra-sensível estão
as Idéias (do grego, eidos = forma), que não
simples cogitações na mente dos homens: elas são
realidades que existem “por si” e “em si
mesmas”, independentes que alguém as pense;
elas são a única realidade existente, totalmente
independentes das coisas matérias.
32. De maneira semelhante a Heráclito, Platão
afirmava que o mundo sensível é um fluxo
eterno.
Porém, não podendo negar o Ser
parmenidiano, a doutrina platônica afirma
que as coisas materiais são meras
aparências, sempre se transformando, e que
por isso não permitem chegar a um
conhecimento verdadeiro (epistemé,
conhecimento científico).
33. Para alcançar a verdade, o homem
deve dirigir sua inteligência para
as Idéias, para além do mundo
sensível: Platão intenta, ao longo
da construção de seu
pensamento, conciliar os
pensamentos de Heráclito e
Parmênides, sem excluir um ou
outro.
34. Muitas vezes, Platão se serviu de
mitos e alegorias para ilustrar seu
pensamento. Eram narrativas que
ele criava especificamente para
facilitar a compreensão de sua
doutrina; dessa espécie de narrativa
é a “Alegoria da
Caverna”, localizada no Livro VII
da República
36. A caverna era uma espécie de
“prisão”, onde as pessoas vivam
confinadas em meio à ignorância e, por
isso mesmo, impossibilitadas de ascender
ao mundo superior. Sair da
caverna, segundo Platão, era um
exercício que exigia uma passagem da
ignorância (mundo inferior) ao
conhecimento (mundo superior). Para
tanto, Platão aponta a
DIALÉTICA, como também aponta dois
auxiliares: a razão (matemática) e a
emoção (vontade)
37. A Dialética de Platão
É a “arte do diálogo” ou da
discussão. Consiste num processo
onde a opinião é lançada (TESE),
criticada (ANTÍTESE) e
purificada (SÍNTESE)
38. No Mito da Caverna, o mundo das
idéias corresponderia ao exterior
da caverna, e o interior obscuro
seria o mundo das aparências, o
universo material tal como é
conhecido pelos homens através
dos cinco sentidos.
39. Para Platão, a realidade última de
tudo está no mundo ideal.
Assim, haveria idéias
correspondentes a todos os objetos
materiais, aos seres e coisas da
natureza, virtudes, entidades
matemáticas
(linha, círculo, ponto, etc.), formas, co
res, características da matéria
(dureza, mobilidade, calor, etc.), ativi
dades e sentimentos.
41. Após a morte de Alexandre, os
cidadãos de Atenas articulam sua
prisão por causa de sua ligação
com o grande
conquistador, causando sua fuga;
Aristóteles foge para que “...a
cidade de Atenas não cometa
outro crime contra a Filosofia...”.
42. Embora tenha sido aluno de Platão por
muito tempo, Aristóteles construiu uma
teoria do conhecimento bastante
diferente daquela formulada por seu
mestre. Para Aristóteles, era possível
conhecer o mundo por meio da
experiência sensorial, aplicando a razão
sobre os dados fornecidos pelos
sentidos, descobrindo assim a essência das
coisas, ou seja, a verdade sobre os
diferentes seres.
45. SUBSTÂNCIA
Aristóteles sustentava que cada
ser ou objeto possui uma
substância (ousía) própria, que é
o conjunto de todas as suas
características
fundamentais, como suas
dimensões, qualidades, matéria
de que é feito, etc..
46. Por meio da abstração, o ser
humano conseguiria analisar esses
atributos separadamente, mas que
são inseparáveis no ser ou objeto em
si. Por exemplo, podemos observar
de modo isolado a liquidez da água,
mas essa propriedade não pode ser
colocada à parte no plano material.
47. ACIDENTE
Os seres e objetos também são determinados
por seus acidentes: opostas à substância, as
características acidentais são aquelas que não
alteram a essência daquilo que a coisa é.
Assim, a substância humana é sempre a
mesma num indivíduo, independentemente de
sua cor de pele, altura e nacionalidade (esses
são apenas alguns dos acidentes presentes no
ser). Determinar a substância de algo
é, portanto, conhecer.
48. Os conceitos de Matéria e Forma
A substância de um objeto é dada por
suas Matéria e Forma: a Matéria consiste
nos elementos físicos que constitui a coisa.
Já a Forma tem um conceito mais
complexo: ela é a estrutura interna na
qual a matéria está organizada, que a
modela, que a informa, de modo que a
coisa seja reconhecida tal como é.
49. Forma e Matéria juntas mostram-se a
nós através das informações captadas
pelos sentidos. A forma casa é o que
possibilita que distingamos essa de
outras construções, embora todas sejam
feitas através dos mesmos materiais;
através da visão, o mais excelente dos
sentidos para Aristóteles, detectamos as
características da casa e a reconhecemos
como tal.
50. Os conceitos de Ato e Potência
Todas as coisas, entretanto, podem
mudar, deixando de ser o que são para se
transformarem em outras. Como
explicar essas transformações no ser?
Através dos conceitos de POTÊNCIA e
ATO: a primeira é a soma de todas as
potencialidades do ser, tudo aquilo que
ele pode vir-a-ser (Devir): são as
possibilidades de uma coisa, tal como ela
é, se tornar outra coisa.
51. A árvore, ou a madeira da
árvore, por exemplo, tem a
potência de ser uma cadeira, uma
mesa, uma, etc, pois pode ser
manipulada para se obter dela
uma série de coisas.
52. O ser humano tem a potência a
gerar outro ser: pela
gestação, um novo indivíduo será
gerado. O ATO é a realização de
uma POTÊNCIA; assim, uma
espada é uma das potências do
ferro posta em ato.
53. Teoria das Quatro Causas
Ainda sobre a passagem da
potência ao ato, o Filósofo
explicava que todos os seres são
determinados por quatro causas,
que explicariam como e por que
cada coisa torna-se o que é:
54. I) Causa Material: é a matéria de que o
objeto é feito; II) Causa Eficiente:
também denominada instrumental, é o
ser (ou seres) que promove (m) a
passagem do objeto inicial da potência
ao ato; III) Causa Formal: é a forma que
define a coisa, que lhe confere a sua
identidade; IV) Causa Final: é o
propósito, o objetivo, a finalidade do ser
específico.
56. O bloco de pedra que será usado para
esse trabalho corresponde à causa
material; o artista e seus instrumentos
são a causa eficiente. Esse homem teria
em seu intelecto a imagem da Deusa e
como pretende retratá-la – a forma da
estátua – que será transferida à matéria-
prima, constituindo a causa formal; a
escultura servirá para homenagear essa
Deusa, e esta então será a causa final (a
finalidade da estátua).
58. Aristóteles dedicou boa parte de sua
obra ao estudo de como o ser
humano pode alcançar uma vida feliz
em sociedade. Assim como
Platão, esboçou um projeto político
para solucionar os problemas que
encontrava.
59. “O homem é naturalmente um
animal político.”, enunciado expresso
no início d’ A Política, deve ser
entendido como “aquele que
participa efetivamente dos assuntos
políticos da Pólis” : uma das
condições essenciais do ser humano
é, portanto, o fato de viver agregado
a outros seres humanos.
60. A Pólis era, para Aristóteles, a melhor
organização social possível, desde que
fosse regida por critérios justos, que
visasse ao bem comum. Não se
importava quanto ao tipo de regime
político adotado em uma constituição ou
república, desde que esse assumisse,
apenas, o dever de proporcionar ao
homem uma vida feliz. Ainda que, em
alguns momentos, ele parece apontar
para a democracia.
61. Para entender como Aristóteles
julgava ser possível determinar esses
critérios, vamos primeiro estudar a
divisão das ciências que ele
construiu:
63. A Classificação das Ciências obedece
à finalidade (necessidade; objetivo)
de cada uma delas
64. I) Ciências Técnicas: grupo dos saberes
relacionados com a produção de objetos
ou a obtenção de resultados úteis ou
estéticos (arte), como a Construção (que
visa proporcionar habitação) a Medicina
(que recupera a saúde), a Escultura (que
produz obras), a Estratégia (que
aumenta as chances de se vencer uma
batalha), etc.;
65. II) Ciências Práticas: nesse caso, a
finalidade (objetivo) buscada é o
aperfeiçoamento do seu agente. A
aplicação dessas ciências leva o
desenvolvimento do ser humano na
direção de uma existência melhor.
São duas: A Ética e a Política;
66. III) Ciências Teoréticas: essas ciências
são fim em si mesmas, isto é, a finalidade
se concretiza na medida em que o
próprio saber é produzido; por
exemplo, a Geometria (estudo das
formas simples e das medidas) e a
Matemática; a mais alta e mais
excelente ciência é a Metafísica, que
estuda o ser enquanto ser, ou seja, os
seres enquanto substâncias.
67. Ética e Política
Aristóteles definia a Ética como a ciência
que trata do caráter (ethos) e da conduta
dos indivíduos.
E a Política como sendo os estudos que
regem a existência dos homens vivendo
em uma comunidade auto-suficiente, no
caso, a Pólis.
68. Em sua filosofia, Aristóteles afirma que
as duas ciências são inseparáveis.
Assim, a perfeição da personalidade
individual (que se mostra através da
honestidade, da honra, do respeito ao
próximo, em suma, da Virtude - Areté) é
a finalidade almejada pela vida
comunitária a pelas leis - e estas seriam o
meio pelo qual se obtém aquele fim.
70. A Felicidade não seria apenas um
estado emocional e passivo, mas sim
uma atividade: o homem feliz é
aquele que pratica incessantemente a
virtude, sempre aperfeiçoando seu
caráter. Esse seria o campo específico
da Ética.
71. No entanto, a conduta justa do
indivíduo só teria sentido dentro da
vida em sociedade: por isso, a Política
é tão importante para que o
indivíduo possa ser virtuoso (ético
e, portanto, feliz), é necessário haver
uma organização política favorável
para que essa finalidade seja
atingida.
72. Para Aristóteles, a Pólis deve ser
governada democraticamente, onde
todos os cidadãos se conheçam
pessoalmente e façam parte de uma
grande assembléia que a governa,
determinado seus destinos e
redigindo leis (Constituição) que
garantam uma existência digna para
seus habitantes.