Este documento discute como a observação de uma imagem complexa do artista Ercher levou a reflexões sobre o desenvolvimento da inteligência segundo Jean Piaget. A autora compara como a imagem abstrata se relaciona com a aquisição da linguagem por crianças pequenas. Ela também reflete sobre como entender o desenvolvimento infantil pode ajudar nas práticas pedagógicas de respeitar as diferentes fases das crianças.
geografia 7 ano - relevo, altitude, topos do mundo
Desenvolvimento da inteligência segundo Piaget
1. FACULDADE CANTAREIRA<br />Curso de Pós Graduação em Educação Musical<br />Disciplina: Psicologia da Educação<br />1° semestre/2010<br />Profa. Ruth Rodrigues Ladeira<br />Aluna: Luciana do Nascimento Santos<br />“O conhecimento não é uma cópia da realidade. Conhecer um objeto, conhecer um acontecimento não é simplesmente olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário agir sobre ele. Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa transformação, e, conseqüentemente, compreender como o objeto é construído” <br />Jean Piaget<br />- Com base em profunda observação da figura de Ercher e em reflexão sobre a aula de hoje, procure escrever suas memórias centradas na idéia do desenvolvimento da inteligência segundo Jean Piaget. Inclua reflexões sobre suas práticas pedagógicas.<br />Memórias<br /> Observando a imagem de Ercher confesso que fiquei um tanto quanto confusa. Não somente pelo fato de que deveria traçar um paralelo com as nossas reflexões em aula, mas pela própria complexidade que a figura apresenta. Por diversas vezes observava, pensava, tentava concluir o pensamento, observava novamente. É de fato, foi mesmo uma observação profunda e reflexiva. Fui à busca de informações sobre o próprio artista em questão, senti essa necessidade, ou seja, senti a necessidade da Linguagem, ainda que a imagem seja também uma linguagem que esta de alguma forma transmitindo um pensamento, uma idéia, de uma forma mais subjetiva.<br />A obra mostra certa desestruturação de imagens e ao mesmo tempo compõe-se uma estrutura, uma mistura de figuras compondo uma só idéia ou quem sabe até mesmo várias. Uma sobreposição de vários espaços sobre uma mesma imagem. As escadas estão desconectadas e conectadas ao mesmo tempo. Demonstra uma movimentação contínua. Observá-la com atenção convida a ver dois, três mundos diferentes num único lugar e ao mesmo tempo instiga, causa curiosidade.<br />Pensei “Como atrelar reflexão sobre a imagem com as reflexões em sala referente ao desenvolvimento da inteligência estudada por Piaget?”. A princípio, só encontrei uma forma: fazendo uma comparação com o que ele diz em relação à linguagem, o processo de aquisição da mesma quando a criança está no período Pré - Operatório (0 – 7 anos) e busca elementos da linguagem para um domínio da mesma. Nessa fase não corresponde ainda uma elaboração pessoal de significados “a linguagem favorece o aparecimento de operações concretas, mas não transmite essas estruturas prontas por via exclusivamente lingüística”.<br />Por que eu me remeti a essa “explicação”. Eu diria que essa tarefa me fez sentir como uma criança de dois anos que ainda não consegue distinguir coisas tão subjetivas e abstratas. Sem a linguagem propriamente dita, essa imagem de Ercher é exatamente assim, muito abstrata (fator comum na linguagem das artes plástica) ao ponto de sentir a necessidade de algo mais concreto e tangível, de hipóteses expressadas verbalmente. Qual a função simbólica dessa imagem, ou seja, uma linguagem descritiva referente ao o que a imagem quer transmitir. Por outro lado, ela também me submeteu a pensar de outra forma: O ser humano é exatamente assim como essa imagem, transitando por diferentes espaços e formas numa eterna busca por significados, conhecimentos, explicações tangíveis ou não. Olha eu aqui tentando encontrá-los!Piaget e outros tantos pesquisadores, educadores da atualidade ou não. <br />E aqui, consigo traçar um paralelo com a prática pedagógica seja ela em sala de aula ou no próprio dia-a-dia no contato com os pequenos. Na própria aula de hoje, alguns colegas participaram relatando suas experiências do cotidiano no contato com as crianças. Diversos exemplos, dúvidas e curiosidades foram apontadas tentando compreender Piaget e sua teoria. Estamos sempre em busca de compreender como é que ocorre a aprendizagem de uma criança, como podemos auxiliar em suas dificuldades, como encontramos caminhos que auxiliem a nossa própria atuação e ação diante dos pequenos e suas manifestações de desenvolvimento. O cérebro em constante movimentação e evolução. <br />Esses questionamentos também permeiam minha curiosidade no caminho do fazer musical da criança. Compreender como ela constrói o conhecimento de música submete parar e pensar como também estou construindo. Acredito que o fazer musical da criança imprime a ação dela em fazer, experimentar, tatear, expressar e com o tempo as idéias de música vão se ampliando, na medida em que ela se apropria dessa linguagem ao longo de seu desenvolvimento.<br />Ao observar a outra figura de Ercher apresentada, num primeiro momento me trouxe a lembrança do que discutimos sobre o todo e as partes, causando a impressão de que são várias unidades que quando se unem estruturam o Todo. Remeteu uma reflexão maior, quando penso em que ao tratar-se do desenvolvimento de uma criança temos que ter o cuidado de não pegar apenas uma parte, pensar que é o todo e continuar convictos de que compreendemos por completo e com eficiência toda estrutura do pensamento lógico de uma criança.<br />Também submeteu às lembranças das nossas discussões a respeito da compreensão lógica, da nossa capacidade de classificar, comparar e analisar, ou seja, a lógica formal que se estrutura no amadurecimento do nosso desenvolvimento cognitivo. <br />Uma imagem que lembra uma estrutura cerebral, e por que não dizer, um crânio. Apesar da estranheza das imagens de Escher, acredito que ele tinha como desafio buscar explicações e relações lógicas entre os fenômenos só que de uma maneira poética, Piaget também se preocupava em investigar como se desenvolvia a estrutura lógica, ou seja, como o indivíduo mergulha na cultura letrada, como desenvolve seu pensamento, mas não se preocupava com a convivência entre esses dois campos da atividade humana: arte e ciência. <br />O fato é que quanto mais observamos, quanto mais nos detemos nessas imagens, nos surpreendemos com o que antes não havíamos notado ou compreendido. Acredito que o mesmo ocorre quando pensamos em Educar e compreender o universo de uma criança, e como ela se desenvolve. É nesse ponto que ressalto o que ficou marcado para mim das discussões a cerca de Piaget (apenas recortes de uma vasta obra construída): A importância de conhecer e respeitar as diferentes fases do desenvolvimento, começar a olhar todas as ações das crianças como sendo inteligências, ver a exploração sensorial de uma criança e compreender que embora seja uma ação tão simples (como levar tudo à boca, por exemplo) é de fato uma manifestação de inteligência e pura investigação empírica. <br />Conhecer e respeitar as diferentes etapas requer considerá-las também nas próprias práticas educacionais, ou seja, ter o cuidado de preparar propostas, que sejam de acordo com a capacidade e faixa etária de cada criança, respeitando seus limites, suas fases.<br />Mergulhar na teoria de Piaget também possibilitou um autoconhecimento, uma forma de identificar algo das minhas experiências, com a própria teoria. A obra de Piaget é um estudo formatado em etapas fechadas e levou muito tempo para ser construída e de fato embasou os currículos escolares. Ainda que tudo permaneça em constantes transformações, é fato que não existe conhecimento pronto. A teoria de Piaget é um exemplo de como podemos conhecer o desenvolvimento de uma criança, ter o contato sobre o processo de aprender.<br />