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Documento Técnico GNEAUPP NºIV 
NORMAS BÁSICAS PARA A OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA DE 
EXSUDADO DE UMA ÚLCERA POR PRESSÃO 
E OUTRAS FERIDAS CRÓNICAS 
GNEAUPP 
Grupo Nacional para el Estudio y Asesoramiento en 
Úlceras por Presión y Heridas Crónicas 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
INTRODUÇÃO 
Objetivos 
O diagnóstico de infecção associado à úlcera por pressão deve ser fundamentalmente 
clínico. 
A maior parte das lesões com sinais de infecção local não complicada, resolver-se-ão 
através da limpeza e desbridamento da ferida, não sendo necessária, de forma 
sistemática, a realização da cultura do exsudado. Perante a persistência dos sinais 
bacteriológicos com exsudado purulento, e a presença, risco ou evidência de celulite, 
osteomielite ou bacteriemia, será fundamental e urgente a identificação do micro-organismo 
responsável pelo processo infeccioso, distinguindo outros existentes como 
colonizadores e contaminantes. Toda a informação diagnóstica que o laboratório de 
microbiologia proporcionará, dependerá da qualidade da amostra recebida. O presente 
documento baseia-se no Documento de Procedimientos de Microbiología Clínica de la 
Sociedad Española de Infecciones y Microbiología Clínica (1993), tendo como objectivo a 
atualização sobre a recolha e transporte de amostras microbiológicas obtidas de uma 
úlcera cutânea, revisando o material necessário, as técnicas de obtenção de amostras e o 
transporte das mesmas considerando as características próprias das amostras ou dos 
micro-organismos a investigar. No entanto, recomenda-se o contacto prévio com o 
laboratório de microbiologia de referência para a coordenação dos procedimentos. Os 
Centros para a Prevenção e Controlo de Doenças nos Estados Unidos (CDC) 
recomendam a obtenção de amostra líquida obtida por aspiração com agulha ou a 
obtenção de tecido através da biopsia da úlcera. 
1.- Aspiração percutânea 
Considerado o melhor método pela sua simplicidade e facilidade na obtenção de 
amostras em úlceras, abcessos e feridas superficiais, especialmente de bactérias 
anaeróbias. 
Material necessário: 
· Compressas esterilizadas 
· Iodopovidona a 10 % 
· Seringa esterilizada 
· Agulha IM (0.8 x 40mm) 
· Meio de transporte para bactérias aeróbias-anaeróbias. 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
Descrição da Técnica: 
· A punção realiza-se através da pele integra na região perilesional, selecionando o 
local da lesão que apresenta mais tecido de granulação ou ausência de esfacelos. 
(fotografia 2) 
· Limpar a zona de punção de forma concêntrica com álcool ou isopropílico a 70% 
· Desinfetar a pele perilesional com Iodopovidona a 10%. (fotografia 1) 
· Deixar secar no mínimo durante 1 minuto permitindo assim que a Povidona exerça 
a sua ação antisséptica. 
· Realizar a punção-aspiração com a seringa e agulha mantendo uma inclinação de 
aproximadamente 45 º, aproximando-se ao nível da parede da lesão (fotografia 3), 
O volume óptimo de conteúdo aspirado é estabelecido entre 1 e 5 ml. 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
· Em processos pouco supurativos, preparar a seringa com 0.5 ml de soro fisiológico 
ou água destilada esterilizada e proceder à aspiração (fotografia 4). É importante a 
anotação da quantidade de líquido adicionado ao conteúdo orgânico para a 
facilitação da contagem posterior. 
· Desinfetar a superfície da borracha do frasco de transporte com Iodopovidona a 
10% deixando-a secar no mínimo 1 minuto. (fotografia 5) 
· Introduzir o conteúdo no frasco com o meio de transporte para amostras líquidas 
de bactérias aeróbias e anaeróbias. (fotografia 6) 
· Resguarde da luz estes frascos e mantenha-os a uma temperatura entre os 2 e os 
25 ºC. 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
2.- Esfregaço da lesão através de zaragatoa 
Todas as úlceras por pressão estão colonizadas por bactérias. Não se devem utilizar para 
a cultura, amostras de conteúdo através do esfregaço da ferida, uma vez que podem ser 
identificados unicamente os contaminantes da superfície e não refleti o verdadeiro micro-organismo 
que provoca a infecção tissular, tendo com isto uma valor diagnóstico 
duvidoso. Permitem a recolha de uma escassa quantidade de amostra que facilmente 
seca pela desidratação do meio. As amostras recolhidas com esta técnica são de fraca 
rentabilidade e devem obter-se com este procedimento unicamente quando não se 
consiga colher com os outros métodos citados. No entanto, pelo uso habitual deste 
procedimento nos diferentes níveis assistenciais do nosso entorno, recomendamos a 
execução rigorosa do procedimento que se apresenta para a mitigação dos falsos 
positivos dos micro-organismos responsáveis da infecção. 
Material necessário: 
· Soro fisiológico 
· Seringa e água esterilizada 
· Zaragatoa com meio de transporte tipo Stuar-Amies 
Descrição da Técnica: 
· Remoção do penso que cobre a lesão, se necessário. 
· Desbridamento cirúrgico da lesão, se necessário. 
· Lavagem minuciosa da ferida com soro fisiológico antes da obtenção da amostra. 
(fotografia 7) 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
· Rejeição do conteúdo purulento para a cultura. (fotografia 8) 
· Não esfregue a úlcera com força. 
· Utilização da zaragatoa: rolar a zaragatoa entre os dedos realizando movimentos 
rotatórios de esquerda a direita e de direita a esquerda. 
· Percorra com a zaragatoa os extremos da ferida no sentido descendente (agulhas 
do relógio), incluindo dez pontos diferentes nos bordos da ferida. (fotografias 
9,10,11,12) 
· Coloque a zaragatoa dentro do frasco com o meio de transporte. (fotografia 13) 
Existem no mercado zaragatoas livres de oxigénio que facilitam a deteção de bactérias 
anaeróbias. 
3.-Biopsia tissular 
Trata-se de um procedimento de eleição e alta efectividade diagnóstica mas geralmente 
restrito aos cuidados diferenciados. A recolha de amostras se realiza por excisão cirúrgica 
das zonas com sinais de infecção. As amostras líquidas obtêm-se por aspiração com 
seringa e agulha. 
Documento Técnico GNEAUPP nº IV
CONCLUSÃO 
Finalmente, algumas regras básicas e orientações comuns para a recolha e transporte 
das diferentes amostras bacteriológicas. 
· Cada amostra deverá estar identificada e acompanhada por requisição/credencial 
necessária para a entrega no laboratório. 
· Convém realizar-se a recolha junto ao leito do utente. 
· Deve proceder-se à realização da técnica com as máximas condições de assepsia 
para evitar a contaminação de micro-organismos exógenos. 
· Todas as amostras deverão ser enviadas o mais rapidamente possível para o 
laboratório. 
Bibliografia 
1.Bergtrom N, Bennett MA, Carlson CE et al. Treatment of Presure Ulcers. Clinical Practice Guideline Nº15. 
Rockvilla, MD: U.S. department of Healt and Human Services. Public Health Service, Agency for Health Care 
Policy and Research. AHCPR Publication nº 95-0652. December 1994. 
2.Crossley KB, Peterson PHK. Infections in the elderly. In Mandell, Douglas & Bennet.s, eds. Principles and 
Practice of Infectious Diseases. Churchil Livingstone 1995: 2737-2742. 
3.Garner JS, Jarvis WR, Emori TJ, Horan TC, Hughes JM. CDC definitons for nosocomial infections, 1998. Am J 
Infect Control 1988 Jun; 16 (3): 128-140. 
4. Krasner D. Chronic Wound Care: A Clinical Source Book for Healthcare Professional. CETN. MS. Health 
Management Publications, Inc, King of Prussia, Pa, 1990 
5. Oteo JA, Soldevilla JJ. Infección y úlceras por presión. Gerokomos 19967 Febrero; VII (16): 13-18 
6. Piedrola de Angulo G, Garcia JE, Gomez-Luis ML, Rodríguez FC, Torreblanca A. Procedimientos en 
Microbiología Clínica: recogida, transporte y conservación de las muestras. Ed Juan J, Picazo Madrid 1993. 
7. Rosseau P. Pressure ulcers in aging society. Wounds 1989 Aug; 1 (2): 135-141 
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Normas basicas para a obtencao de uma amostra de exsudado de uma ulcera por pressao e outras feridas cronicas

  • 1. Documento Técnico GNEAUPP NºIV NORMAS BÁSICAS PARA A OBTENÇÃO DE UMA AMOSTRA DE EXSUDADO DE UMA ÚLCERA POR PRESSÃO E OUTRAS FERIDAS CRÓNICAS GNEAUPP Grupo Nacional para el Estudio y Asesoramiento en Úlceras por Presión y Heridas Crónicas Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 2. INTRODUÇÃO Objetivos O diagnóstico de infecção associado à úlcera por pressão deve ser fundamentalmente clínico. A maior parte das lesões com sinais de infecção local não complicada, resolver-se-ão através da limpeza e desbridamento da ferida, não sendo necessária, de forma sistemática, a realização da cultura do exsudado. Perante a persistência dos sinais bacteriológicos com exsudado purulento, e a presença, risco ou evidência de celulite, osteomielite ou bacteriemia, será fundamental e urgente a identificação do micro-organismo responsável pelo processo infeccioso, distinguindo outros existentes como colonizadores e contaminantes. Toda a informação diagnóstica que o laboratório de microbiologia proporcionará, dependerá da qualidade da amostra recebida. O presente documento baseia-se no Documento de Procedimientos de Microbiología Clínica de la Sociedad Española de Infecciones y Microbiología Clínica (1993), tendo como objectivo a atualização sobre a recolha e transporte de amostras microbiológicas obtidas de uma úlcera cutânea, revisando o material necessário, as técnicas de obtenção de amostras e o transporte das mesmas considerando as características próprias das amostras ou dos micro-organismos a investigar. No entanto, recomenda-se o contacto prévio com o laboratório de microbiologia de referência para a coordenação dos procedimentos. Os Centros para a Prevenção e Controlo de Doenças nos Estados Unidos (CDC) recomendam a obtenção de amostra líquida obtida por aspiração com agulha ou a obtenção de tecido através da biopsia da úlcera. 1.- Aspiração percutânea Considerado o melhor método pela sua simplicidade e facilidade na obtenção de amostras em úlceras, abcessos e feridas superficiais, especialmente de bactérias anaeróbias. Material necessário: · Compressas esterilizadas · Iodopovidona a 10 % · Seringa esterilizada · Agulha IM (0.8 x 40mm) · Meio de transporte para bactérias aeróbias-anaeróbias. Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 3. Descrição da Técnica: · A punção realiza-se através da pele integra na região perilesional, selecionando o local da lesão que apresenta mais tecido de granulação ou ausência de esfacelos. (fotografia 2) · Limpar a zona de punção de forma concêntrica com álcool ou isopropílico a 70% · Desinfetar a pele perilesional com Iodopovidona a 10%. (fotografia 1) · Deixar secar no mínimo durante 1 minuto permitindo assim que a Povidona exerça a sua ação antisséptica. · Realizar a punção-aspiração com a seringa e agulha mantendo uma inclinação de aproximadamente 45 º, aproximando-se ao nível da parede da lesão (fotografia 3), O volume óptimo de conteúdo aspirado é estabelecido entre 1 e 5 ml. Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 4. · Em processos pouco supurativos, preparar a seringa com 0.5 ml de soro fisiológico ou água destilada esterilizada e proceder à aspiração (fotografia 4). É importante a anotação da quantidade de líquido adicionado ao conteúdo orgânico para a facilitação da contagem posterior. · Desinfetar a superfície da borracha do frasco de transporte com Iodopovidona a 10% deixando-a secar no mínimo 1 minuto. (fotografia 5) · Introduzir o conteúdo no frasco com o meio de transporte para amostras líquidas de bactérias aeróbias e anaeróbias. (fotografia 6) · Resguarde da luz estes frascos e mantenha-os a uma temperatura entre os 2 e os 25 ºC. Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 5. 2.- Esfregaço da lesão através de zaragatoa Todas as úlceras por pressão estão colonizadas por bactérias. Não se devem utilizar para a cultura, amostras de conteúdo através do esfregaço da ferida, uma vez que podem ser identificados unicamente os contaminantes da superfície e não refleti o verdadeiro micro-organismo que provoca a infecção tissular, tendo com isto uma valor diagnóstico duvidoso. Permitem a recolha de uma escassa quantidade de amostra que facilmente seca pela desidratação do meio. As amostras recolhidas com esta técnica são de fraca rentabilidade e devem obter-se com este procedimento unicamente quando não se consiga colher com os outros métodos citados. No entanto, pelo uso habitual deste procedimento nos diferentes níveis assistenciais do nosso entorno, recomendamos a execução rigorosa do procedimento que se apresenta para a mitigação dos falsos positivos dos micro-organismos responsáveis da infecção. Material necessário: · Soro fisiológico · Seringa e água esterilizada · Zaragatoa com meio de transporte tipo Stuar-Amies Descrição da Técnica: · Remoção do penso que cobre a lesão, se necessário. · Desbridamento cirúrgico da lesão, se necessário. · Lavagem minuciosa da ferida com soro fisiológico antes da obtenção da amostra. (fotografia 7) Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 6. · Rejeição do conteúdo purulento para a cultura. (fotografia 8) · Não esfregue a úlcera com força. · Utilização da zaragatoa: rolar a zaragatoa entre os dedos realizando movimentos rotatórios de esquerda a direita e de direita a esquerda. · Percorra com a zaragatoa os extremos da ferida no sentido descendente (agulhas do relógio), incluindo dez pontos diferentes nos bordos da ferida. (fotografias 9,10,11,12) · Coloque a zaragatoa dentro do frasco com o meio de transporte. (fotografia 13) Existem no mercado zaragatoas livres de oxigénio que facilitam a deteção de bactérias anaeróbias. 3.-Biopsia tissular Trata-se de um procedimento de eleição e alta efectividade diagnóstica mas geralmente restrito aos cuidados diferenciados. A recolha de amostras se realiza por excisão cirúrgica das zonas com sinais de infecção. As amostras líquidas obtêm-se por aspiração com seringa e agulha. Documento Técnico GNEAUPP nº IV
  • 7. CONCLUSÃO Finalmente, algumas regras básicas e orientações comuns para a recolha e transporte das diferentes amostras bacteriológicas. · Cada amostra deverá estar identificada e acompanhada por requisição/credencial necessária para a entrega no laboratório. · Convém realizar-se a recolha junto ao leito do utente. · Deve proceder-se à realização da técnica com as máximas condições de assepsia para evitar a contaminação de micro-organismos exógenos. · Todas as amostras deverão ser enviadas o mais rapidamente possível para o laboratório. Bibliografia 1.Bergtrom N, Bennett MA, Carlson CE et al. Treatment of Presure Ulcers. Clinical Practice Guideline Nº15. Rockvilla, MD: U.S. department of Healt and Human Services. Public Health Service, Agency for Health Care Policy and Research. AHCPR Publication nº 95-0652. December 1994. 2.Crossley KB, Peterson PHK. Infections in the elderly. In Mandell, Douglas & Bennet.s, eds. Principles and Practice of Infectious Diseases. Churchil Livingstone 1995: 2737-2742. 3.Garner JS, Jarvis WR, Emori TJ, Horan TC, Hughes JM. CDC definitons for nosocomial infections, 1998. Am J Infect Control 1988 Jun; 16 (3): 128-140. 4. Krasner D. Chronic Wound Care: A Clinical Source Book for Healthcare Professional. CETN. MS. Health Management Publications, Inc, King of Prussia, Pa, 1990 5. Oteo JA, Soldevilla JJ. Infección y úlceras por presión. Gerokomos 19967 Febrero; VII (16): 13-18 6. Piedrola de Angulo G, Garcia JE, Gomez-Luis ML, Rodríguez FC, Torreblanca A. Procedimientos en Microbiología Clínica: recogida, transporte y conservación de las muestras. Ed Juan J, Picazo Madrid 1993. 7. Rosseau P. Pressure ulcers in aging society. Wounds 1989 Aug; 1 (2): 135-141 Documento Técnico GNEAUPP nº IV