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Sexta-feim NaCiOfli1
6dejunhode2Ol4
DIREITO E FINANÇAS DO DESPORTO 33A BOLA
P0I
ANDRÉ LEITÃO
J
Áimaginou, caro leitor, se pu
desse prever o futuro antes de
tomar uma decisão protissio
nal? Era bom. Mas é impossí
vel, certo? Não! Errado. É di-
fícil, claro. A disciplina está em
desenvolvimento mas a presença
de praticantes na Europa é ainda
escassa. Porém, há quem recorra à
mesma para ganhar vantagem em
relação aos adversrios/concorren
tes. Para estar sempre um passo à
frente. Antecipar-se. O conceito
denomina-se competitive inteili
gence (CI) e um dos maiores espe
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conceito aplicado is organizações
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veinteiligenceé a atividade de olhar
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rios ângulos -companhiia/concor
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terminada geografia. E, depois de
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tes, aplicá-las, ética e legal-
mente, de forma a
posicionar-se da melhor maneira
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pondo tudo isto para as organiza
ções desportivas, através do CI, é
possível, por exemplo, aproveitar
«as oportunidades ao nível da lii-
diístria do desporto, do marketing,
ou do jogo em si».
Mas a questão impõe-se: os clu
bes não atuam já em todos estes
campos? Sim. Apesar de emPortu
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competitiveintefligence, «todos os
clubes o fazem» , tal explicou Luís
Madureira ao nosso jornal. Qual é,
então, a vantagem de apostar no
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forma sistemática e estruturada. Os
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útil à empresa.
DIRETOR SAI, INFORMAÇÃO FICA
hnagine-se que um diretor des
portivo deixa o clube. Em vez de
levar toda a informação com ele,
esta pode ficar lá dentro. Da orga
nização. Como? «Epossível arma-
zenar tudo isso numa plataforma.»
Mas hámais: existe também a pos-
sibifidade de «elevar o patamar dos
olheiros para uma perspetiva ana-
litica mais complexa. Além de sa
ber que é um bom jogador, pode-
mos, através de dados estatfsticos,
perceber se tem maior probabi
lidade de ser afetado
emocional-
mente por determinada região de
origem ou treinador».
SABER ONDE GASTAR O DINHEIRO
De ponto de vista financeiro, por
exemplo, «um clube, ao saber que
um adversário tem uma situação
financeira mais débil, consegue
comprarjogadores que para o opo-sitorseriamimpossíveis». Ou, tro
cando os lados, o menos forte em
termos económicos «saberia que
não poderia atacar no mercado»
no qual o mais forte ataca, pois «ti
caia a perder os melhores jogado-
res». E assim poderia desenvolver
outra estratégia: apostar, por exem
plo, na cantera e através dela tirar
dividendos de forma a aumentar os
lucros. Por conseguinte, iriam cres
cer os sucessos desportivos, os fãs,
ganhando, assim, maior sustenta-
bifidade financeira.
Claro que tudo isto tem de ser
elaborado tendo em conta, como já
foi dito, o ambiente externo. Se
«houver uma crise económica os
adeptosvão pagarmenos pelo bilhe
te e as televisões pagar menos pe
las transmissões televisivas». E, é
preciso, depois, agir consoante es-
tas diretrizes. «Uma das formas é
perceber quaios melhores patro
ciniadores. Para dar, por exemplo, o
nome aum estádio oupavilhão. Ou
apostar numa modalidade que tem
um público cativo, através do qual
se poderá maximizar as recei
tas.» E o futuro.
-- ---
Prever o futuro
-.;
:I .,
ao apostar... no futuro
Conheça o ‘competitive inteiligence’ e Promete inovar também nas
organizações desportivas o Porque devem os clubes apostar na disciplina
Luís Madureira
é um dos maiores
especialistas mundiais
em ‘competitive
inteiligence’

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Competitive intelligence: como antecipar o futuro no desporto

  • 1. Sexta-feim NaCiOfli1 6dejunhode2Ol4 DIREITO E FINANÇAS DO DESPORTO 33A BOLA P0I ANDRÉ LEITÃO J Áimaginou, caro leitor, se pu desse prever o futuro antes de tomar uma decisão protissio nal? Era bom. Mas é impossí vel, certo? Não! Errado. É di- fícil, claro. A disciplina está em desenvolvimento mas a presença de praticantes na Europa é ainda escassa. Porém, há quem recorra à mesma para ganhar vantagem em relação aos adversrios/concorren tes. Para estar sempre um passo à frente. Antecipar-se. O conceito denomina-se competitive inteili gence (CI) e um dos maiores espe cialistas mundiais da área é portu guês. Chama-se Luís Madureira e, numa aula do curso de pós-gra duação de direito e finanças do des porto cIaAPDD, organizado empar ceriapelo 1GW e JTEFF da Faculdade de Direito da Universidade de Lis- boa, deu uma visão geral sobre o conceito aplicado is organizações desportivas. Vaie apena conhecer. Empoucas palavras, competiti veinteiligenceé a atividade de olhar para dentro dum problema sob vá- rios ângulos -companhiia/concor rentes; produto/serviço; consumi- dores1 clientes - tendo sempre em conta o ambiente externo de de- terminada geografia. E, depois de analisadas as referidas componen tes, aplicá-las, ética e legal- mente, de forma a posicionar-se da melhor maneira em relação aos oponentes. Trans- pondo tudo isto para as organiza ções desportivas, através do CI, é possível, por exemplo, aproveitar «as oportunidades ao nível da lii- diístria do desporto, do marketing, ou do jogo em si». Mas a questão impõe-se: os clu bes não atuam já em todos estes campos? Sim. Apesar de emPortu gal nenhum deles ter uma área de competitiveintefligence, «todos os clubes o fazem» , tal explicou Luís Madureira ao nosso jornal. Qual é, então, a vantagem de apostar no referido mecanismo? «Fazê-lo de forma sistemática e estruturada. Os clubes ficam a ganhar com a 1- tegração de todas estas áreas.» Re Alguns exemplos Os clubeseuivpeus estãoaindadis— tantesdesta ialidade.Masháexceções: os treInadores e emblemas dos dubes tutosconsideramo CI uma disciplina in— dispensável. O Man. CityeoPSG não. Fazem mal. Poderiam ter evitado o pagamento de 6Omilhõesdeeurospornãotermcum- prido o fairpIayfinanceiro. MasnãoésónofutebolqueoCl está a ser implementado. Na NFL está, até, muito desenvolvido. É utilizado, por exemplo, pamsaberquaisosme lhoresjogadores a se- remescolhidosnodiaft sumindo, é preciso tratar-se com o mesmo profissionalismo que se tra ta todas estas áreas a informação útil à empresa. DIRETOR SAI, INFORMAÇÃO FICA hnagine-se que um diretor des portivo deixa o clube. Em vez de levar toda a informação com ele, esta pode ficar lá dentro. Da orga nização. Como? «Epossível arma- zenar tudo isso numa plataforma.» Mas hámais: existe também a pos- sibifidade de «elevar o patamar dos olheiros para uma perspetiva ana- litica mais complexa. Além de sa ber que é um bom jogador, pode- mos, através de dados estatfsticos, perceber se tem maior probabi lidade de ser afetado emocional- mente por determinada região de origem ou treinador». SABER ONDE GASTAR O DINHEIRO De ponto de vista financeiro, por exemplo, «um clube, ao saber que um adversário tem uma situação financeira mais débil, consegue comprarjogadores que para o opo-sitorseriamimpossíveis». Ou, tro cando os lados, o menos forte em termos económicos «saberia que não poderia atacar no mercado» no qual o mais forte ataca, pois «ti caia a perder os melhores jogado- res». E assim poderia desenvolver outra estratégia: apostar, por exem plo, na cantera e através dela tirar dividendos de forma a aumentar os lucros. Por conseguinte, iriam cres cer os sucessos desportivos, os fãs, ganhando, assim, maior sustenta- bifidade financeira. Claro que tudo isto tem de ser elaborado tendo em conta, como já foi dito, o ambiente externo. Se «houver uma crise económica os adeptosvão pagarmenos pelo bilhe te e as televisões pagar menos pe las transmissões televisivas». E, é preciso, depois, agir consoante es- tas diretrizes. «Uma das formas é perceber quaios melhores patro ciniadores. Para dar, por exemplo, o nome aum estádio oupavilhão. Ou apostar numa modalidade que tem um público cativo, através do qual se poderá maximizar as recei tas.» E o futuro. -- --- Prever o futuro -.; :I ., ao apostar... no futuro Conheça o ‘competitive inteiligence’ e Promete inovar também nas organizações desportivas o Porque devem os clubes apostar na disciplina Luís Madureira é um dos maiores especialistas mundiais em ‘competitive inteiligence’