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Revista Brasileira de Ensino de F´
                                     ısica, v. 34, n. 1, 2306 (2012)
    www.sbfisica.org.br




  Como a f´
          ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas
       brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o de 2016
                                                    a
                          (How can Physics contribute to improve the performence of Brazilian athletes
                                      at the XXXI Summer Olympics Games of 2016)



                               e                 ´
                      Amaro Jos´ da Silva Filho1 Alvaro Chispino e Jos´ Luiz Fernandes
                                                                      e
                  Centro Federal de Educa¸˜o Tecnol´gica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
                                         ca        o
                             Recebido em 2/8/2010; Aceito em 23/6/2011; Publicado em 2/6/2012

          Visa contribuir com atletas e para-atletas, por meio da F´ ısica Aplicada ao Desporto, de modo que estes pos-
       sam mais facilmente conquistar melhores ´ ındices e resultados nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o que ocorrer˜o
                                                                                                       a             a
       na Cidade do Rio de Janeiro, em 2016.
       Palavras-chave: f´ ısica aplicada ao desporto, confiabilidade, desporto de alto rendimento, XXXI Jogos Ol´ımpicos
       de Ver˜o de 2016.
             a

          It aims at to contribute with athletes and for-athletes by means of Physics Applied to Sport in such a way
       that these can more easily achieve indices and results in XXXI Summer Olympics Games which will occur in
       the City of Rio de Janeiro in 2016.
       Keywords: physics applied to sport, reliability, sport of high income, XXXI Summer Olympics Games of 2016.


1. Introdu¸˜o
          ca                                                           como se entende ser poss´ torn´-las vantajosas para
                                                                                                 ıvel  a
                                                                       os desportistas do Atletismo como um todo.
Em vista da recente decis˜o tomada pelo COI – Comitˆ
                           a                              e
Ol´ ımpico Internacional quanto ` realiza¸˜o dos XXXI
                                   a        ca                         2.   A heran¸a ol´
                                                                                    c   ımpica de um passado
Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 2016,
                           a                                                recente
em ter sua Sede Ol´   ımpica no Brasil, nada mais coe-
rente se pretender tomar parte dos eventos afins. Com                   Em Pequim, nos XXIX Jogos Ol´      ımpicos de Ver˜o de
                                                                                                                          a
efeito, dentre as participa¸˜es poss´
                             co        ıveis, h´ de se in-
                                                a                      2008, apesar da modesta presen¸a de 2,64% do total de
                                                                                                       c
cluir a do pesquisador ´vido por resultados atl´ticos
                          a                         e                  10.500 atletas ol´
                                                                                        ımpicos, o Brasil bate mais um recorde
de incontrast´vel n´
              a      ıvel t´cnico e com maior confiabi-
                           e                                           ao competir com 277 atletas. Agora, as 132 presen¸as c
lidade. Por isso, julgou-se pertinente buscar na F´   ısica            femininas totalizam 47,7% da delega¸˜o brasileira, ou-
                                                                                                             ca
Aplicada ao Desporto aquelas particularidades que pos-                 tro recorde, com 6 medalhas no total dentre as quais
sam contribuir para melhorar o desempenho de atle-                     2 de ouro. Para os homens, 145 atletas ou 52,3% da
tas e para-atletas brasileiros nos desportos de alto ren-              delega¸˜o, 9 foram as medalhas sendo 1 de ouro. Em
                                                                              ca
dimento (“[...] esporte espet´culo” [1]). De pronto,
                                 a                                     vig´simo segundo lugar entre 204 na¸˜es participantes,
                                                                          e                                  co
num breve relato, fala-se da heran¸a ol´
                                     c     ımpica recente,             o Brasil fica dentro do grupo seleto daqueles pa´ que
                                                                                                                       ıses
incluindo-se a ela um estudo sugestivo de como se deter-               conquistaram medalhas de ouro, 87 ao todo. Das 28
minar a classifica¸˜o final dos participantes com menor
                  ca                                                   modalidades em 2004 passou-se agora para 32, ou seja,
grau de causalidade. Nesta sugest˜o, leva-se em conta
                                     a                                 14,3% a mais, portanto, n˜o restam d´vidas quanto ao
                                                                                                  a           u
n˜o somente o quantitativo de medalhas de ouro, prata
  a                                                                    crescimento dos ultimos quatro anos [2]. No gr´fico da
                                                                                         ´                             a
e bronze como tradicionalmente se faz, mas tamb´m o  e                 Fig. 1 a seguir, a Curva de Desempenho do Brasil nos
n´mero de na¸˜es participantes, bem como a totalidade
  u            co                                                      Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 1920 a
                                                                                                a
de atletas competidores, os esportes que comp˜em a re-
                                                  o                    2008 mostra a rela¸˜o entre o sugerido n´mero adimen-
                                                                                           ca                   u
ferida edi¸˜o dos Jogos e os eventos esportivos por es-
           ca                                                          sional IRD - ´Indice Relativo de Desempenho, como se
portes praticados. Por fim, de maneira idˆntica, trata-
                                              e                        denominou, e as datas em que o Brasil participou en-
se sobre as intera¸˜es f´
                   co    ısicas nos desportos e do modo                quanto uma Na¸˜o Ol´
                                                                                       ca     ımpica. Esse ´
                                                                                                           ındice proposto per-
   1 E-mail:   amarojs@hotmail.com.

Copyright by the Sociedade Brasileira de F´
                                          ısica. Printed in Brazil.
2306-2                                                                                                        Silva Filho et al.



mitiu classificar a atua¸˜o do pa´ nos Jogos com base
                        ca        ıs                               esportivos por desporto praticado e o somat´rio indivi-
                                                                                                              o
nos fatores a eles relacionados, tais como o n´mero de
                                               u                   dual das medalhas ouro, prata e bronze de premia¸˜es.
                                                                                                                     co
na¸˜es participantes, o total de atletas ol´
  co                                       ımpicos, os es-         Isto, tanto para a entidade Ol´
                                                                                                 ımpica quanto para a en-
portes que compuseram a edi¸˜o avaliada, os eventos
                               ca                                  tidade Brasil.
                                                               ⌋




Figura 1 - Curva de desempenho do Brasil nos Jogos Ol´
                                                     ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 1920 a 2008, com base no IRD.
                                                                   a

                                                                   ⌈

    No c´lculo do IRD correspondente aos anos de par-
         a                                                         que o Brasil n˜o participou por problemas econˆmicos,
                                                                                  a                                  o
ticipa¸˜o, para um IRD ≥ 1, utilizou-se a Eq. (1) como
      ca                                                           1928. Nos anos em que si quer obteve-se classifica¸˜o, ca
descrita a seguir                                                  1924, 1932 e 1936, o ´   ındice relativo de desempenho,
                                                                   por conven¸˜o, registra o n´mero um. Por outro lado,
                                                                               ca                u
           (                        ) 3× OO +2× 6 B +1× BB
                                         OB     P
                                                PO      BO
                                                                   a linha poligonal descreve a tendˆncia do conjunto de
                                                                                                       e
                        Ev O                                       desempenhos.
                        Es O
  IRD =                                                      (1)        ´
                                                                       E com este acervo e mais o que adquirir´ nos    a
               NB
               NO   ×   AO × Es B
                        AB   Ev B
                                                                   pr´ximos XXX Jogos Ol´
                                                                     o                        ımpicos de Londres, marcados
onde NB → Na¸˜o Brasileira NO → Na¸˜es Ol´
                ca                     co        ımpicas,          para 2012, que os atletas e para-atletas brasileiros mar-
AB → Atletas Brasileiros AO → Atletas Ol´        ımpicos,          car˜o presen¸a nos XXXI Jogos Ol´
                                                                       a        c                        ımpicos de 2016, na
Es B → Esportes Brasileiros Es O → Esportes                        Cidade do Rio de Janeiro. At´ l´, deve-se somar es-
                                                                                                     e a
Ol´ ımpicos, Ev B → Eventos Brasileiros Ev O →                     for¸os inclusive da f´
                                                                      c                 ısica.
Eventos Ol´  ımpicos, OB → Ouro Brasileiro OO →
Ouro Ol´ ımpico, PB → Prata Brasileira PO → Prata
                                                                   3.     Intera¸˜es f´
                                                                                co    ısicas nos desportos:
Ol´ ımpica e BB → Bronze Brasileiro BO → Bronze
Ol´ ımpico.                                                               como torn´-las vantajosas
                                                                                    a
     Com a curva assim tra¸ada procurou-se tirar de cena
                           c
                                                                   3.1.   A corrida nas curvas e suas particularida-
a conveniente classifica¸˜o por quantidade de medalhas
                        ca
                                                                          des
ordenadas do ouro ao bronze e que, como se vˆ pela pre-
                                              e
sen¸a dos numerais ordinais, ´ impr´pria e n˜o real¸a
     c                        e      o          a     c            Muito se falou a respeito de Usain Bolt e isto se deve,
o efetivo desempenho dos desportistas. Por outro lado,             obviamente, aos bons resultados obtidos por este atleta
dessa forma, reduz-se a causalidade propiciada por fa-             nos XXIX Jogos Ol´  ımpicos de Pequim, 2008. N˜o obs-
                                                                                                                   a
lhas humanas. A curva exibe ainda os anos em que                   tante, como bem mostra a foto da Fig. 2 [3], observe-se
n˜o ocorreram os Jogos como 1940 e 1944 devido a Se-
  a                                                                a posi¸˜o do referido corredor ao efetuar a curva numa
                                                                         ca
gunda Grande Guerra Mundial, bem como o ano em                     competi¸˜o de 200 metros rasos. Note-se o quanto afas-
                                                                           ca
Como a f´
        ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´
                                                                                                 ımpicos de 2016       2306-3



tado da borda interna da raia, dado por ∆r, Bolt exe-                  Para confirmar veemente declara¸˜o, atente-se para
                                                                                                       ca
cuta sua prova. Evidentemente um melhor posiciona-                 as competidoras das raias 3, 4 e 6, enumeradas da di-
mento seria aquele que tangenciasse a curva, sem, con-             reita para a esquerda na Fig. 3. Perceba-se como se
tudo, lev´-lo a tocar na linha que delimita as raias.
          a                                                        posicionam quase no centro das respectivas raias. Raias
Assim, n˜o seria desclassificado como o foram seus ad-
         a                                                         estas, que a partir de 2004, “Regra 160.4” [5, p. 12],
vers´rios ol´
    a        ımpicos Wallace Spearmon (americano) e                foram reduzidas de (1,25 ± 0,01) metros [6, p. 97]
Churandy Martina (caribenho) na final dos 200 metros                para no m´ximo (1,22 ± 0,01) metros, cada uma. En-
                                                                               a
rasos, corrida no Est´dio Ol´
                     a      ımpico conhecido como “Ni-             quanto isto, a atleta da raia 5, em posi¸˜o exemplar
                                                                                                            ca
nho de P´ssaro”.
          a                                                        relativamente ` raia, tangencia a curva numa bela de-
                                                                                  a
                                                                   monstra¸˜o de aproveitamento deste recurso. Portanto,
                                                                            ca
                                                                   ao adotarem semelhante estrat´gia (exclusivamente na
                                                                                                  e
                                                                   curva), deixaram, com isso, de levar em conta o fato
                                                                   de a linha branca do arco externo da raia em quest˜o,
                                                                                                                       a
                                                                   bem como o arco adotado como trajet´ria no percurso,
                                                                                                         o
                                                                   apresentar medidas alg´bricas maiores do que a do arco
                                                                                          e
                                                                   interno junto ` linha de medi¸˜o, como se demonstra a
                                                                                 a              ca
                                                                   seguir (Fig. 4).
                                                                       Assim, da rela¸˜o existente entre a medida alg´brica
                                                                                      ca                                e
                                                                   de um arco orientado qualquer, AB (ou CD, no caso),
                                                                   ao longo de uma circunferˆncia de c´
                                                                                               e         ırculo de centro em
                                                                   O, como mostra a Fig. 4, seu respectivo raio vetor,r,
                                                                   e o ˆngulo vetorial (ou argumento), ϕ (fi), dado pela
                                                                        a
                                                                   express˜o: AB = r ϕ, pode-se afirmar que CD > AB,
                                                                           a
                                                                   ou seja, que a trajet´ria CD, por hip´tese escolhida
                                                                                          o                  o
                                                                   pela maioria das atletas daquela semifinal ol´  ımpica, foi
                                                                   maior que a trajet´ria AB oficialmente utilizada como
                                                                                       o
                                                                   a linha de “[...] medi¸˜o da pista”, “Regra 160.2” [7,
                                                                                          ca
                                                                   8]. Com isto, a princ´ ıpio, as atletas deixaram de con-
                                                                   quistar resultados mais significativos, fruto de tempos
                                                                   sem d´vida maiores. Pois, mesmo que as velocidades
                                                                          u
                                                                   escalares tenham sido expressivas, houve desperd´ deıcio
Figura 2 - Corrida na curva durante uma prova de 200 metros        energia, como no caso da velocista jamaicana Verˆnica o
rasos.
                                                                   Campbell-Brown que venceu a disputa com o tempo
   Mesmo nas Olimp´    ıadas ´ o que muito se vˆ (Fig. 3).2
                             e                 e                   oficial de 22,64 segundos, 1,30 segundos acima do re-
Atletas de alto rendimento deixando de usar, por im-               corde mundial [9] de 21,34 segundos da americana Flo-
per´
   ıcia, talvez, recursos a eles(as) dispon´
                                           ıveis graciosa-         rence Griffith Joyner, conquistado na Coreia do Sul,
mente, os quais, se devidamente aplicados com vistas `    a        nos XXIV Jogos Ol´   ımpicos de Seul, em 1988. Por con-
aquisi¸˜o de melhores resultados, decerto contribuiriam
      ca                                                           seguinte, Campbell correu a prova com a velocidade
para uma evolu¸˜o menos demorada de novas marcas.
                 ca                                                m´dia de 8,83 m/s (≈ 31,8 km/h) contra os 9,37 m/s
                                                                     e
                                                                   (≈ 33,7 km/h) de Griffith, ou ainda com uma veloci-
                                                                   dade m´dia cerca de apenas 5,76% menor daquela do
                                                                            e
                                                                   recorde mundial a qual, segundo o autor, seria desne-
                                                                   cess´rio por se tratar de eliminat´ria. Ressalte-se que
                                                                       a                               o
                                                                   por vezes, at´ se chega a excelentes resultados ` custa de
                                                                                e                                  a
                                                                   um desgaste maior ou muito maior do que o desej´vel,   a
                                                                   mas tudo por conta de extremas capacidades atl´ticas e
                                                                   ocasionais, por´m sem o rigor das ciˆncias.
                                                                                   e                      e
                                                                       Outra maneira de considerar a quest˜o em an´lise
                                                                                                              a         a
                                                                   seria utilizar os dados contidos no modelo fornecido pela
                                                                   CBAt, relativamente a “Pista Oficial de Atletismo” [10]
                                                                   (Fig. 5). Neste modelo, nas partes central e esquerda
Figura 3 - Eliminat´ria dos 200 metros rasos feminino, Pequim
                   o                                               da figura est˜o as informa¸˜es valiosas que ajudaram a
                                                                                 a             co
2008.                                                              levantar os resultados pretendidos.


  2 Conforme   a Ref. [4].
2306-4                                                                                                           Silva Filho et al.




Figura 4 - Trecho esquem´tico da curva de uma pista oficial de Atletismo.
                        a

                                                                    ⌈




Figura 5 - Pista oficial de Atletismo.



                                                                    Figura 6 - Esquema representativo de parte da pista oficial de
   Mas como se pode perceber, entretanto, a redu¸˜o ca              Atletismo.
da pista trouxe impossibilidade ` leitura dos dados, as-
                                 a
sim, achou-se por bem fazer uso do esquema a seguir,                    Agora, recorrendo-se a express˜o s = r γ e levando-
                                                                                                      a
Fig. 6. Nele observa-se um ˆngulo γ (gama) com o
                               a                                    se em conta que a linha de medi¸˜o afasta-se da borda
                                                                                                     ca
valor de 42,5039◦ (≈ 0,741833 rad). Logo, com base                  interna da curva em 30 cent´ ımetros na primeira raia,
no ˆngulo raso, a soma dos ˆngulos α (alfa), β (beta)
   a                         a                                      aproximam-se ent˜o da medida deste arco de 27,30 me-
                                                                                       a
e γ (gama), d´ 180 graus, ou seja, α + β + γ = 180◦ .
              a                                                     tros, com um raio total de 36,80 metros, j´ inclu´
                                                                                                              a      ıdos os
De fato, se α = γ, chega-se a um valor para β igual a               30 cent´ımetros a mais.
94,9922◦ (≈ 1,65793 rad), ao se considerar a precis˜o a                 Da´ para o arco relativo ao ˆngulo β e o mesmo
                                                                           ı,                         a
mantida pelos seis algarismos significativos em quest˜o.
                                                     a              raio r de antes, tem-se outro arco s′ medindo cerca de
Como a f´
        ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´
                                                                                                 ımpicos de 2016             2306-5



61,01 metros. Portanto, toda a curva, da tangente B                lhe daria, em conclus˜o, um ganho de 11 cent´simos de
                                                                                        a                       e
a tangente C, no sentido hor´rio, mede nada menos
                               a                                   segundo ou, em termos porcentuais, 0,4859% (0,5%).
que 115,61 metros, ou seja, 2 x 27,30 m + 61,01 m =                Na opini˜o do autor, informa¸˜es como estas n˜o deve-
                                                                            a                   co                a
115,61 m. Note-se que este mesmo resultado poderia                 riam ficar a margem do processo de prepara¸˜o de atle-
                                                                                                              ca
ser obtido multiplicando-se o raio de 36,80 metros pelo            tas de alto rendimento, uma vez que 57,8% da prova
ˆngulo raso de π radianos, equivalente aos 180 graus
a                                                                  dos 200 metros rasos desenvolvem-se na curva, ficando
do ˆngulo BC. Para conferir este resultado, dobra-se
    a                                                              para a reta final apenas os 42,2% restantes.
o valor de 115,61 metros devido `s duas curvas e, da
                                   a                                   No Tabela 2 indicam-se as medidas correspondentes
mesma forma, dobra-se o valor de 84,39 metros refe-                aos pontos de referˆncia em uma raia gen´rica (Fig. 7)
                                                                                      e                     e
rente `s duas retas que completam a volta da prova dos
      a                                                            para as provas de 200 e 400 metros rasos.
400 m rasos e, com efeito, contata-se a identidade, pois
2 x 115,61 m + 2 x 84,39 m = 400,00 metros.                        3.1.1.    Outra situa¸˜o relevante a se permitir
                                                                                        ca
    Por conseguinte, se nesta primeira raia o(a) atleta                      nas curvas
resolver correr ao longo da linha m´dia, estar´ acrescen-
                                   e          a
                                                                   Dentre todas as for¸as em estudo, a for¸a de press˜o,
                                                                                            c                       c             a
tando ao raio de 36,80 metros, mais 31 cent´ ımetros. Ou
                                                                   F p (onde |F p | = pA, para p = press˜o (exercida por
                                                                                                                 a
seja, o novo raio ser´ de 37,11 metros. Com isto, o com-
                     a
                                                                   fluido) e A = ´rea da superf´
                                                                                       a               ıcie sob press˜o), talvez
                                                                                                                         a
primento da curva tamb´m aumenta indo agora para
                           e
                                                                   seja a unica que possa ser considerada imparcial. Isto
                                                                            ´
116,58 metros, com um incremento de 97 cent´      ımetros
                                                                   porque, at´ onde se percebe, esta parece n˜o depender
                                                                                 e                                     a
ou em torno de 0,83% da curva. Por extens˜o, paraa
                                                                   das caracter´   ısticas do(a) atleta quanto ao perfil, se es-
todas as outras raias, a eleva¸˜o chegaria a 1,27 me-
                                ca
                                                                   guio ou achaparrado. Portanto, salvo rea¸˜es orgˆnicas
                                                                                                                     co        a
tros ou 1,09% da curva, aproximadamente, j´ que para
                                              a
                                                                   individuais n˜o tratadas na presente an´lise, bem como
                                                                                    a                             a
as sete raias externas a linha de medi¸˜o situa-se a 20
                                        ca
                                                                   eventuais flutua¸˜es pontuais do fluxo atmosf´rico, pas-
                                                                                       co                                 e
cent´ımetros do arco interno das respectivas raias (Ta-
                                                                   sivas de ocorrerem num Est´dio Ol´
                                                                                                    a        ımpico, a press˜o do
                                                                                                                                a
bela 1).
                                                                   ar atmosf´rico ser´ a mesma para todos(as) os(as) com-
                                                                               e         a
    Em virtude de uma conduta semelhantemente sub-                 petidores(as) locais.
jetiva, causada a princ´      ıpio por erro humano (ne-                 Por outro lado, o mesmo n˜o se pode dizer quanto ao
                                                                                                      a
gligˆncia, imper´
    e               ıcia, imprudˆncia ou mesmo fortuitos
                                  e                                peso pr´prio, P (onde P = m g ), do(a) atleta, pois este
                                                                             o
como, por exemplo, esquecimento de fundamentos),                   depende da massa, m, de seu corpo e da “acelera¸˜o [lo-    ca
o(a) atleta ficaria sujeito a outra consequˆncia. Pois,
                                               e                   cal] da gravidade” [11, p. 1-4], g , comum a todos(as).
com o aumento n˜o oficial, mas volunt´rio da trajet´ria
                     a                      a            o         Do volume submerso, Vsub , do corpo do(a) competi-
curvil´ınea, e tendo-se em conta a defini¸˜o de velocidade
                                            ca                     dor(a), al´m de outros parˆmetros e, por consequˆncia,
                                                                               e                  a                             e
escalar m´dia, vm (vm = ∆x , onde ∆x = espa¸o percor-
           e                  ∆t                 c                 do peso pr´prio aparente, P + E (onde E = Vsub ρliq
                                                                                 o
rido e ∆t = tempo decorrido ao longo de ∆x ), ou: (1)              g , para E = empuxo e ρliq = massa espec´          ıfica do fluido
Aumenta-se a velocidade para se manter o tempo inal-               em quest˜o), tamb´m. Assim, igualmente o ´ ` for¸a
                                                                               a           e                                e a    c
terado (o que, a princ´   ıpio, demandaria maior potˆncia,
                                                      e            de rea¸˜o normal ou “de v´
                                                                           ca                     ınculo” [12, p. 238-286], N ,
P , visto que P = F × v); ou (2) tem-se o tempo aumen-             enquanto agente equilibrador desse peso pr´prio apa-  o
tado por se manter a velocidade constante (medida esta,            rente. E mais, sob o mesmo ponto de vista, a “for¸a             c
indesej´vel). H´, contudo, um meio termo que tamb´m
        a         a                                       e        de atrito est´tico” [13], F ae (onde 0 ≤ F ae ≤ µe N ,
                                                                                    a
poderia ocorrer, qual seja (3) o de aumentar em con-               para µe = coeficiente de atrito est´tico), que depende
                                                                                                             a
junto tanto a velocidade quanto o tempo (perder-se-ia              da for¸a normal, e por ultimo, de acordo com estudos
                                                                           c                   ´
um pouco no tempo, por´m a potˆncia exigida seria
                               e          e                        realizados [14, 15, p. 115], a for¸a de “resistˆncia do
                                                                                                           c                e
menor). Portanto, das trˆs hip´teses, parece que a de
                              e       o                            ar”, F r (onde |F r |= 1/2 C D ρ A v 2 , para CD = “co-
n´mero um ´ a melhor ou, por assim dizer, menos ruim,
  u           e                                                    eficiente de resistˆncia ao arrasto”), por depender da
                                                                                         e
uma vez que a pretens˜o ´ sempre a de supera¸˜o. To-
                           a e                     ca              a
                                                                   ´rea transversal, A, do corpo do(a) corredor(a), assim
davia, mais arrojado seria (4) aumentar em muito a                 como de sua velocidade, v .
velocidade (mesmo em detrimento do desgaste), para                      Com efeito, na curva, uma s´tima for¸a efetivamente
                                                                                                        e          c
assim superar o tempo com um novo recorde. Com isto,               se permite sentir, independentemente do(a) competi-
volta-se ao in´ da proposta, ou seja, basta correr no
                ıcio                                               dor(a). Do ponto de vista do(a) atleta, esta for¸a age      c
m´ximo, sobre a linha de medi¸˜o.
  a                                  ca                            como se o(a) puxasse para fora da curva, permitindo-
    Inegavelmente, o tempo de 22,64 segundos da velo-              lhe inclinar-se contrariamente, isto ´, para dentro da
                                                                                                               e
cista Verˆnica Campbell-Brown da Jamaica (Fig. 3),
          o                                                        curva. Esta a¸˜o, justificada com outros argumentos
                                                                                      ca
poderia reduzir-se para 22,53 segundos se ao inv´s de  e           por um observador inercial ou galeliano,3 se deve a for¸a       c
percorrer a curva pela sua linha m´dia, na raia 4, ela a
                                        e                          centr´ıfuga, F cf (onde F cf = −ma ct , para a ct = ace-
tivesse feito pela linha de medi¸˜o da mesma raia, o que
                                    ca                             lera¸˜o centr´
                                                                        ca          ıpeta).

  3 Conforme   a Ref. [16].
2306-6                                                                                                               Silva Filho et al.



Tabela 1 - Rela¸˜o das medidas calculadas para a curva, com 8 raias, de uma pista oficial de atletismo.
               ca

   Ordem     Discrimina¸˜o
                        ca                                Medidas (em metro) por raias
   A         Raias                                          1         2        3         4         5        6        7         8
   B         Larguras das raias                            1,22      1,22    1,22       1,22     1,22     1,22     1,22      1,22
   C         Raios internos das raias                     36,50     37,72   38,94      40,16     41,38    42,60    43,82     45,04
   D         Afastamentos das bordas internas das li-      0,30      0,20    0,20       0,20     0,20     0,20     0,20      0,20
             nhas de medi¸˜es da pista, nas raias
                           co
   E         Raios das linhas de medi¸˜es da pista,
                                       co                 36,80     37,92     39,14    40,36     41,58    42,80    44,02     45,24
             nas raias
   F         Raios das linhas m´dias das raias
                                 e                         37,11   38,33      39,55    40,77    41,99    43,21    44,43     45,65
   G         Comprimentos das curvas, sobre as li-        115,61   119,13     122,96   126,79   130,63   134,46   138,29    142,13
             nhas de medi¸˜es da pista
                           co
   H         Acr´scimos aos comprimentos das cur-
                 e                                         0,00     3,52       7,35    11,18     15,02    18,85    22,68     26,52
             vas, devido aos afastamentos laterais (re-
             ferˆncia G1)
                e
   I         Comprimentos das raias na curva para a       115,61   115,61     115,61   115,61   115,61   115,61   115,61    115,61
             prova dos 200 m rasos, sobre as linhas de
             medi¸˜es da pista
                   co
   J         Comprimentos das curvas sobre as linhas      116,58   120,42     124,25   128,08   131,92   135,75   139,58    143,41
             m´dias das raias
               e
   K         Acr´scimos aos comprimentos das raias
                 e                                         0,97     1,29       1,29     1,29     1,29     1,29     1,29      1,29
             na curva, devido `s localiza¸˜es das li-
                                a         co
             nhas m´dias (J1 - G1)
                      e
   L         Acr´scimos aos comprimentos das cur-
                 e                                         0,00     3,84       7,67    11,50     15,34    19,17    23,00     26,83
             vas, devido aos afastamentos laterais (re-
             ferˆncia J1)
                e
   M         Comprimentos das raias na curva para a       116,58   116,58     116,58   116,58   116,58   116,58   116,58    116,58
             prova dos 200 m rasos, sobre as linhas
             m´dias das raias
               e
   N         Valor utilizado para π na express˜o    a     3,141592654
             s = r γ, onde γ ´ expresso em radianos
                              e

Fonte: Dados levantados a partir das informa¸oes contidas no modelo da Pista Oficial de Atletismo divulgado pela CBAt.
                                            c˜
Dispon´ em http://www.cbat.org.br/pistas/pista_oficial_cbat.pdf. Acesso em 18/5/2009.
       ıvel
                                                              ⌈

Tabela 2 - Pontos de referˆncia da raia.
                          e                                             travam os atletas ao passarem pela curva no instante do
                                                                        acionamento do disparador das respectivas cˆmeras fo-
                                                                                                                      a
               a               b               c
               200,00 m    200,97 m        201,95 m
                                                                        togr´ficas. Para o t´cnico Ahylton da Concei¸˜o (1929-
                                                                            a                e                        ca
               400,00 m    401,94 m        403,90 m                     2002), neste momento, as inclina¸˜es tanto para o lado
                                                                                                          co
                                                                        da curva quanto para frente, deveriam ser as mais acen-
                                                                        tuadas poss´ıveis, e bradava: “[...] olhe p’ra dentro da
                                                                        curva...”. Ao atender o comando, o(a) atleta n˜o s´a o
                                                                        demonstrava disciplina como aprendia o quanto lhe be-
                                                                        neficiava esta t´cnica, apesar da dificuldade que sentia
                                                                                        e
                                                                        em superar o receio de cair.




                                                                        Figura 8 - Fotos de atletas percorrendo a curva numa pista de
Figura 7 - Detalhes de um trecho da curva da pista oficial de            Atletismo.
Atletismo.
                                                                           E como justificar fisicamente esta pr´tica? Antes de
                                                                                                              a
   Deste modo, aproveitando as duas fotos acima,                        avaliar as raz˜es do mando acima, contudo, perceba-
                                                                                      o
Fig. 8, ´ poss´ ilustrar o quanto inclinado se encon-
        e     ıvel                                                      se na “Foto 1” (Fig. 8), relativamente a “Foto 2”,
Como a f´
        ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´
                                                                                                 ımpicos de 2016             2306-7



uma maior inclina¸˜o lateral. Tamb´m, al´m da de-
                     ca                   e     e                   resistˆncia do ar, F r , exercida pela a¸˜o do “[...] vento
                                                                          e                                    ca
termina¸˜o pessoal de cada atleta de assim executar
        ca                                                          aparente” [17], centr´  ıfuga, F cf , cujo “[...] efeito [...] ´
                                                                                                                                   e
ou n˜o o determinado pelo t´cnico, admita-se, por
      a                             e                               causado [...] pela in´rcia” [18, p. 144] e do peso pr´prio
                                                                                          e                                   o
hip´tese, como de interesse tal procedimento.
    o                                                               aparente, P + E , num esfor¸o para dar ao todo um
                                                                                                        c
    Pois bem, tanto a velocidade escalar (rapidez), v,              aspecto tridimensional.
cuja varia¸˜o instantˆnea se d´ por conta da acelera¸˜o
          ca            a         a                    ca                Assim, enquanto a componente normal, F ct , do
tangencial, a tg , devido a equivalente componente do               atrito est´tico, impede que o p´ do(a) atleta derrape
                                                                                a                         e
atrito est´tico, F ae , situada entre a pista e o p´ ou sa-
          a                                        e                lateralmente para fora da curva, arrastado por inteiro
patilha do corredor na tangente ` curva, quanto ` ace-
                                      a              a              pela a¸˜o real da for¸a centr´
                                                                           ca               c         ıfuga, F cf , e que o(a) leva
lera¸˜o centr´
    ca        ıpeta, a ct , gerada pela componente normal           a inclinar-se para dentro da curva (somente reprodu-
(radial) do atrito est´tico, F ae , ao longo da reta que
                         a                                          zida na Fig. 10), tamb´m contribui com a acelera¸˜o
                                                                                                e                               ca
passa pelo centro, O, da curva, s˜o por assim dizer, em
                                      a                             normal, a N , incumbida de mudar a dire¸˜o de sua ve-
                                                                                                                    ca
conjunto, os esteios deste conhecimento usual ilustrado             locidade, v . Esta acelera¸˜o, por vezes chamada de
                                                                                                    ca
na Fig. 9.                                                          acelera¸˜o centr´
                                                                             ca       ıpeta, a ct , tamb´m permite justificar a
                                                                                                          e
                                                                    diferen¸a entre as inclina¸˜es dos atletas na Fig. 8 (ve-
                                                                             c                    co
                                                                    locidade na Foto 1, maior que velocidade na Foto 2).
                                                                         Da mesma forma, a componente tangencial, F tg , do
                                                                    atrito est´tico, n˜o permite o escorregamento de seu p´
                                                                                a      a                                           e
                                                                    para tr´s, como igualmente o faz enquanto a trajet´ria
                                                                             a                                                  o
                                                                           ınea, e ainda produz a acelera¸˜o tangencial, a tg ,
                                                                    ´ retil´
                                                                    e                                        ca
                                                                    respons´vel pela varia¸˜o, aumento no caso, da inten-
                                                                              a               ca
                                                                    sidade da velocidade, v .
                                                                         Al´m disso, com base na segunda lei de Newton
                                                                           e
                                                                    relacionam-se, na Eq. (2), em m´dulo, a for¸a de atrito,
                                                                                                          o            c
                                                                    Ftg , tangente a curva, a massa, m, do(a) atleta e a
                                                                    acelera¸˜o tangencial, atg , ou a varia¸˜o temporal da
                                                                             ca                                  ca
                                                                    velocidade escalar, v, desenvolvida. J´ na Eq. (3), as
                                                                                                                 a
                                                                    grandezas velocidade escalar, v, do(a) velocista e sua
Figura 9 - Decomposi¸ao conjunta da for¸a de atrito est´tico,
                       c˜                   c          a            massa, m, bem como o raio, R (seguimento OP, nas
Fae, e da acelera¸˜o, a, tangente a linha de medi¸˜o.
                 ca                              ca
                                                                    Figs. 8 e 9), da trajet´ria curva e a for¸a centr´
                                                                                               o                     c       ıpeta,
    No esquema dessa Fig. 9, arbitrariamente no ponto               Fct .
P da linha de medi¸˜o da pista, na curva, pretendeu-se
                    ca
relacionar as acelera¸˜es produzidas pelas componentes
                     co                                               
                                                                       F = m × a = m × dv ,
                                                                       tg
normal e tangencial da for¸a de atrito, bem como a ve-
                           c                                          
                                                                                tg                                         (2)
locidade, v , inerente a uma massa, m (do corpo do(a)                                   dt
atleta), supostamente constante. Adiante, na Fig. 10,                 
                                                                                                  v2
                                                                      
                                                                      
estendeu-se em detalhes ao lan¸ar m˜o das for¸as de
                                c     a         c                         Fct = m × act = m ×         .                      (3)
                                                                                                   R




Figura 10 - For¸as que atuam no atleta enquanto faz a curva na pista de Atletismo.
               c
2306-8                                                                                                      Silva Filho et al.



    Em s´ ıntese, entende-se que seja este um legado              cronˆmetros utilizados (partida eletrˆnica), com con-
                                                                        o                                o
util aos(as) velocistas praticantes, enquadrando-se, por-
´                                                                 sistˆncia, os c´lculos levar˜o os ju´
                                                                      e           a           a        ızes a acusarem a
tanto, dentre todos aqueles conhecimentos que podem               mesma “velocidade m´dia” [21] para os dois. Enfim,
                                                                                          e
ser transmitidos aos interessados, com a profundidade             empatados.
devida.                                                               Mas se o atleta modelo B percorreu um espa¸o maior
                                                                                                                   c
                                                                  no mesmo tempo que o atleta modelo A, deveria, por
3.2.     Um ziguezague inoportuno para velocistas                 isso, ter uma velocidade m´dia maior e, por conse-
                                                                                                e
                                                                  guinte, ganhar a prova. E de fato. S´ que no Atle-
                                                                                                           o
Algumas largadas s˜o tensas. Exigem n˜o somente
                       a                       a                  tismo, as metragens j´ est˜o definidas. Sendo assim,
                                                                                         a    a
concentra¸˜o (“[...] velocidade de rea¸˜o motora” [19,
          ca                              ca                      n˜o se computam “doa¸˜es”, pois o que vale, no caso, ´
                                                                    a                     co                              e
p. 339-343]), mas antes de tudo, muito, mais muito                o menor tempo. O mesmo ocorre nos saltos em altura
treinamento. Mesmo assim, n˜o raro, atletas de alto
                                  a                               e com vara, quando os(as) atletas v˜o al´m ou muito
                                                                                                        a    e
rendimento deixam de se beneficiarem quando, ap´s a   o            al´m da posi¸˜o dos respectivos sarrafos. S˜o as re-
                                                                    e           ca                                a
explosiva sa´ do bloco, ziguezagueiam durante os pri-
             ıda                                                  gras. Injustas ou n˜o, os acr´scimos sobre sarrafos e
                                                                                       a          e
meiros segundos tanto na prova dos 100 metros rasos               percursos n˜o s˜o registrados, em que pese o est´gio da
                                                                              a a                                    a
quanto nas provas do salto em distˆncia e salto triplo.
                                      a                           tecnologia dos dias de hoje (2009).
    Contra este comportamento impr´prio, o t´cnico
                                          o        e                  Ent˜o, se argumentos como o de aproveitamento dos
                                                                          a
Ahylton da Concei¸˜o agia com o rigor da raz˜o. E
                      ca                           a              acr´scimos sobre os sarrafos dos saltos em altura e com
                                                                      e
para combatˆ-lo, ele inclu´ nos treinamentos in´meras
              e              ıa                   u               vara, a partir de dispositivos eletrˆnicos de detec¸˜o,
                                                                                                      o                ca
repeti¸˜es de sa´ de bloco, com o bloco situado sobre
       co         ıda                                             n˜o sejam suficientes para alterar as regras, que se passe
                                                                    a
a linha divis´ria das raias. Com isto, esperava condici-
              o                                                   rente aos sarrafos. Se pular sobre as barreiras (Fig. 12)
onar seus atletas, inclusive o autor, a correr em linha           [22], indo-se muito acima das metragens convenciona-
reta, sem ziguezague, n˜o deixando, assim, que se per-
                           a                                      das para as provas de 100 e 400 metros com barreiras
dessem os preciosos mil´simos de segundos os quais, um
                          e                                       (feminino), 110 e 400 metros com barreiras (masculino)
percurso maior decerto encobriria. Deste modo, com                ou 3000 metros com obst´culos (masculino e feminino),
                                                                                            a
mais este pequeno detalhe, contribu´ para resultados
                                        ıa                        amplia os tempos das respectivas provas, que se passe
desej´veis e n˜o depreciativos.
     a          a                                                 ent˜o rente as barreiras ou, como afirma Dyson [23,
                                                                      a
    Sem d´vida isto vale uma demonstra¸˜o. Por isso, a
          u                                 ca                    p. 136]:
fim de esclarecer, a seguir comparam-se os desempenhos
de dois atletas modelos imagin´rios (Fig. 11).
                                  a                                    “[...] Uma inclina¸˜o acentuada ` frente e
                                                                                          ca           a
    O atleta modelo A, com o melhor tempo brasileiro                   uma boa sincroniza¸˜o dos movimentos dos
                                                                                           ca
nos 100 metros rasos, 10,00 segundos cravados (tempo                   bra¸os e pernas permite a passagem sobre
                                                                           c
eletrˆnico, semelhantemente ao tempo do recordista
     o                                                                 a barreira de forma econˆmica. Com o cen-
                                                                                                 o
Robson Caetano da Silva em 1988, no M´xico, segundo
                                             e                         tro de massa pr´ximo a barreira, pode-se
                                                                                        o
a CBAt [20]), percorre os primeiros 20 metros da prova                 voltar rapidamente ao ch˜o. Em vez disso,
                                                                                                  a
sem ziguezaguear. O segundo atleta, o atleta modelo                    uma passagem mal feita conduz a perda de
B, no entanto, ao inv´s de correr em linha reta como
                         e                                             tempo no ar.” (Tradu¸˜o nossa).
                                                                                              ca
o fez o atleta modelo A, inadvertidamente, desloca-se
todo ziguezagueante.                                                  Portanto, se correr em ziguezague leva a um per-
    Apesar da sa´   ıda impec´vel de ambos, sem des-
                                a                                 curso maior e reduz as chances de recorde, corra-se em
vios de simultaneidade na precis˜o de cent´simos dos
                                    a           e                 linha reta.




Figura 11 - Corrida em pista reta e plana com e sem ziguezague.
Como a f´
        ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´
                                                                                                 ımpicos de 2016    2306-9



                                                                    dos retos ser´ menor do que a soma de todos os outros
                                                                                 a
                                                                    dois. Da´ nas simula¸˜es de triˆngulos seq¨enciados
                                                                              ı,          co         a          u
                                                                    ∆OAP, ∆PBQ, ∆QCR e ∆RDS (etc.), Figs. 13 e 14 a
                                                                    seguir, a soma dos lados OP, PQ, QR e RS (etc.), ser´
                                                                                                                        a
                                                                    menor que a soma dos lados OA, AP, PB, BQ, QC, CR,
                                                                    RD e DS (etc.). Nos esquemas I, II e III, simulam-se
                                                                    as superposi¸˜es das trajet´rias proposta na Fig. 11.
                                                                                 co            o
                                                                    Neles o ziguezague do atleta modelo B, tem amplitude
                                                                    constante.

                                                                        J´ na Fig. 14, nos esquemas IV, V, e VI que simu-
                                                                         a
                                                                    lam as mesmas superposi¸˜es, o ziguezague apresentado
                                                                                             co
                                                                    ´ proporcional a extens˜o das passadas. Enquanto as
                                                                    e                       a
Figura 12 - Prova de barreiras com vistas a Pequim 2008.            passadas do atleta modelo B, em IV, foram relativa-
    Afinal, em qualquer triˆngulo plano, cada lado ´ me-
                          a                       e                 mente menores daquelas do atleta modelo A, a ampli-
nor do que a soma dos outros dois e maior do que a sua              tude do ziguezague reduziu-se; quando as passadas au-
diferen¸a. Assim, afirma o autor, se a corrida em zigue-
        c                                                           mentaram, em VI, o afastamento lateral ampliou-se.
zague permite sequenciar triˆngulos no plano por seus
                            a                                       Na sequˆncia, os esquemas II e V, idˆnticos, foram as
                                                                            e                            e
v´rtices, de modo a manter o maior lado alinhado, para
 e                                                                  referˆncias. Neles as passadas e as amplitudes dos zi-
                                                                         e
um n´mero arbitr´rio de triˆngulos, a soma destes la-
      u           a         a                                       guezagues s˜o iguais.
                                                                                a




Figura 13 - Esquema da superposi¸ao, em trˆs etapas, de corridas em ziguezague e em linha reta.
                                c˜        e




Figura 14 - Esquema da superposi¸ao, em trˆs etapas, de corridas em ziguezague e em linha reta.
                                c˜        e
2306-10                                                                                                     Silva Filho et al.



    Por conseguinte, percebe-se nos esquemas II e V
que o atleta modelo B perde a corrida exclusivamente
por conta dos ziguezagues, j´ que manteve, no mesmo
                                a
tempo, igual n´mero de passadas idˆnticas as do atleta
                 u                     e
modelo A. Nos esquemas I e IV, al´m dos ziguezagues,
                                     e
somou-se ` derrota do atleta modelo B, o encurtamento
            a
das passadas. Entretanto, nos esquemas III e VI, ape-
sar dos ziguezagues, a vit´ria do atleta modelo B se deu
                            o
por raz˜o do alargamento das passadas, fruto de sua
         a
inclina¸˜o ` frente (e n˜o de uma poss´
        ca a               a               ıvel e eventual
perna maior), independentemente da maior amplitude
das oscila¸˜es, mas com o preju´ por ter alcan¸ado
            co                     ızo               c
um tempo maior para o trajeto, tempo este que seria
menor n˜o fossem os ziguezagues.
          a
    Quando do in´ deste imprudente ziguezaguear, se
                   ıcio                                      Figura 16 - Postura do atleta com inclina¸˜o ` frente.
                                                                                                      ca a
a dire¸˜o efetiva do contato do atleta com a pista, por
       ca
meio da sapatilha-de-prego ou de seu p´, n˜o apontar
                                           e a                   Todavia, a postura esbo¸ada nesta figura somente ´
                                                                                         c                         e
objetivamente na dire¸˜o da corrida, o ˆngulo, θ (teta),
                        ca               a                   poss´ıvel, sem escorregadelas, mediante o grande atrito
entre estas duas dire¸˜es, se maior que zero, reduzir´
                        co                               a   (n˜o exibido na figura) existente entre a sapatilha-de-
                                                               a
a componente da acelera¸˜o longitudinal, a L (a L =a
                             ca                              prego e a piso sint´tico comum nas provas de pista.
                                                                                  e
cosθ), devido o surgimento de uma acelera¸˜o transver-
                                              ca             Deste modo, ao lan¸ar o tronco para frente, o(a) atleta
                                                                                 c
sal, a T (a T = a senθ), inconveniente e isto afetar´ aa     tende a cair em virtude da linha de a¸˜o de seu peso
                                                                                                    ca
velocidade, v , com a qual o percurso deveria ser ex-        pr´prio, P, se projetar ortogonalmente fora da base
                                                               o
plorado. Sua justificativa pode ser encontrada na se-         de sustenta¸˜o de seu corpo. Neste momento, numa
                                                                          ca
gunda lei de Newton (Eq. (2)), onde a for¸a de atrito
                                               c             atitude preventiva, eleva-se o joelho ao m´ximo e na
                                                                                                         a
est´tico, F ae , rea¸˜o do solo juntamente com a for¸a
   a                ca                                  c    cadˆncia da rapidez com que se desenvolve o movi-
                                                                 e
normal, N , divide-se como mostra a Fig. 15 anterior,        mento ` frente, empurrando o ch˜o para tr´s enquanto
                                                                     a                        a         a
mesmo estando na reta. Como afirmava o t´cnico Ahyl-
                                               e             distende-se a perna apoiada, flutua-se em seguida, con-
ton da Concei¸˜o, “[...] [a] posi¸˜o do p´ dever´ estar
                ca                ca        e      a         forme descreve Perelman [26, p. 31-32], por meio da
na dire¸˜o do deslocamento.” [24, p. 4].
        ca                                                   Fig. 17.




                                                             Figura 17 - Esquema do movimento do p´ ao correr.
                                                                                                  e

                                                                 Na Fig. 17, mostra-se as ocasi˜es (em b, d e f ) em
                                                                                                o
                                                             que o(a) corredor(a) mant´m ambos os p´s movendo-
                                                                                         e               e
Figura 15 - Decomposi¸ao da acelera¸˜o, a, do movimento.
                     c˜            ca                        se sem apoio, como que a “flutuar” no pequeno lapso
                                                             de tempo. Nisto, acentua Perelman [27, p. 32], “[...]
3.3.      A gravidade, o atrito e a amplitude das            consiste a diferen¸a entre correr e andar”.
                                                                               c
          passadas
                                                                 Para este treinamento espec´ ıfico, o t´cnico Ahyl-
                                                                                                        e
Nos esquemas III e VI das Figs. 13 e 14, constatou-          ton da Concei¸˜o utilizava-se da corrida em diagonal
                                                                            ca
se vantagem devido ` amplid˜o das passadas man-
                       a         a                           tanto nas arquibancadas quanto no campo da sede do
tidas durante a competi¸˜o. Semelhante benef´
                          ca                       ıcio ´
                                                        e    Botafogo de Futebol e Regatas em General Severiano,
poss´ quando, durante a corrida, o(a) atleta projeta
     ıvel                                                    no Rio de Janeiro, numa pretensiosa imita¸˜o dos am-
                                                                                                         ca
seu tronco ` frente, de modo a se deixar puxar adiante
            a                                                plos saltos dos cangurus australianos, analogamente ao
pela a¸˜o gravitacional (“[...] atra¸˜o gravitacional”
       ca                              ca                    para-atleta Antˆnio Delfino de Souza,4 Fig. 18. E, in-
                                                                              o
[25, p. 273-282]), como, ali´s, esta reproduzida a seguir
                            a                                cansavelmente, repetia: “[...] vocˆs precisam sair do
                                                                                                e
(Fig. 16).                                                   ch˜o”.
                                                               a
  4 Conforme   a Ref. [28].
Como a f´
        ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´
                                                                                                 ımpicos de 2016      2306-11



                                                                       No entanto, n˜o h´ d´vidas quanto ` busca de meios
                                                                                      a a u                  a
                                                                   tecnol´gicos que contribuam efetivamente para os estu-
                                                                          o
                                                                   dos da melhoria dos resultados atl´ticos. Acredita-se
                                                                                                         e
                                                                   que a cria¸˜o de um dispositivo baseado na transdu¸˜o
                                                                                ca                                       ca
                                                                   dos pulsos el´tricos gerados pelas tens˜es de compress˜o
                                                                                   e                       o              a
                                                                   exercidas pelo(a) atleta ao longo do corredor de apro-
                                                                   xima¸˜o, no salto em distˆncia ou em uma corrida ou-
                                                                        ca                     a
                                                                   tra qualquer, seja relevante. Desta maneira, com a uti-
                                                                   liza¸˜o de sensores piezoel´tricos (“c´lulas de cargas”),
                                                                       ca                      e          e
                                                                   poder-se-ia registrar as dura¸˜es e as varia¸˜es da cor-
                                                                                                 co             co
                                                                   rente el´trica do arranjo, vindo assim n˜o somente aferir
                                                                            e                               a
                                                                   a impuls˜o do atleta nos saltitar das corridas, sua for¸a
                                                                              a                                           c
                                                                   sobre o solo, sua acelera¸˜o, sua velocidade ou outras
                                                                                              ca
                                                                   grandezas, bem como contribuir com a Biomecˆnica.a
                                                                       Segundo a “Regra 128. 2” [30, p. 81-82] ou “Regra
                                                                   129.3” [31, p. 6]:
                                                                              ´
                                                                         “O Arbitro de Partida dever´ colocar-se de
                                                                                                         a
                                                                         tal maneira que tenha o controle visual de
                                                                         todos os competidores durante o desenrolar
Figura 18 - Atleta em treinamento de eleva¸˜o de perna.
                                          ca
                                                                                      ´
                                                                         da partida. E recomendado, especialmente
                                                                         para as sa´
                                                                                   ıdas escalonadas, que alto-falantes
3.4.    Considera¸˜es
                 co
                                                                         sejam utilizados em raias individuais para
Durante as provas oficiais do Atletismo nos Jogos                         transmitir os comandos aos participantes.
Ol´ımpicos, algumas medi¸˜es f´
                           co ısicas s˜o realizadas. Me-
                                        a                                           ´
                                                                         Nota: O Arbitro de Partida deve posicio-
didas de tempo, distˆncia, altura e velocidade do vento
                      a                                                  nar-se de maneira que todos os participan-
s˜o as mais corriqueiras. Outras, no entanto, para cum-
 a                                                                       tes estejam em seu ˆngulo de vis˜o. Para
                                                                                                a             a
primento das regras vigentes poderiam ser solicitadas                    corridas com sa´  ıdas baixas ´ necess´rio que
                                                                                                       e        a
ou determinadas pelos ´rbitros, como as medidas das
                         a                                               ele ent˜o se posicione de modo que possa
                                                                                 a
massas (ou pesos) dos artefatos, tais como o dardo, o                    verificar que todos os participantes estejam
martelo ou o peso. O centro de massa do dardo e at´       e              corretamente posicionados em seus lugares
mesmo, num exagero extremo, a granulometria ou den-                      antes do disparo da pistola ou do aparelho
sidade da areia contida na caixa de areia dos saltos                     de partida aprovado. Quando alto-falantes
horizontais.                                                             n˜o s˜o usados em corridas escalonadas,
                                                                          a a
    Contudo, ainda na atualidade, depara-se com si-                         ´
                                                                         o Arbitro de Partida dever´ posicionar-se
                                                                                                        a
tua¸oes adversas como as descritas pelo f´
    c˜                                     ısico P. Kirkpa-              de maneira que a distˆncia entre ele e
                                                                                                    a
                      ´
trick que, conforme Alvares [29, p. 146-149], com pro-                   cada competidor seja aproximadamente a
priedade, critica os processos de medi¸˜es, lan¸ando so-
                                        co        c                      mesma. Quando, entretanto, o Arbitro    ´
bre estes suspeitas quanto ao nivelamento dos terrenos                   de Partida n˜o puder se posicionar em tal
                                                                                       a
nas provas de arremesso de peso e similares, martelo,                    posi¸˜o, o rev´lver ou aparelho de partida
                                                                              ca         o
disco e dardo. Da precis˜o dos cronˆmetros e dos siste-
                         a            o                                  aprovado dever´ ser posicionado na posi¸˜o
                                                                                          a                         ca
mas eletrˆnicos a eles interligados, quando das largadas
         o                                                               correta e disparado por controle remoto.”
das provas de pista, particularmente daquelas escalona-                  (grifo nosso).
das efetuadas nas curvas. Ou ainda, na compara¸˜o de ca
resultados e recordes ol´ ımpicos devido ` varia¸˜o so-
                                            a       ca                 O trecho descrito acima consta das regras oficiais
frida pela gravidade local, g (L, A), mostrada a seguir            divulgadas pela IAAF, por´m, tais cuidados n˜o des-
                                                                                                e                  a
(Eq. (4))                                                          fazem as cr´ıticas de Kirkpatrick, at´ porque, em com-
                                                                                                        e
                                                                   peti¸˜es de “menor importˆncia” n˜o se vˆ alto-falante
                                                                       co                      a       a      e
       g = g (L, A) = 978, 0490 + 5, 1723 × sen2 (L) −             junto aos blocos nas corridas escalonadas. Outra apre-
                                (            )                     cia¸˜o cab´
                                                                      ca      ıvel diz respeito ` ´rea dos arremessos, n˜o
                                                                                                aa                      a
                                  2×G×M
       0, 0058 × sen2 (2 × L) −                × A, (4)            quanto ao desnivelamento do terreno em que se arre-
                                      R3                           messam os pesos e martelos, mas quanto ` resistˆncia
                                                                                                               a     e
onde L e A s˜o, respectivamente, a latitude e a altitude
             a                                                     a
                                                                   ` penetra¸˜o que este terreno possa oferecer, uma vez
                                                                             ca
do lugar e G a constante da gravita¸˜o, com o valor de
                                     ca                            que na ´rea em uso, pela extens˜o, partes menos resis-
                                                                          a                         a
6,670 x 10−7 N cm2 /kg2 ; M a massa da Terra, com o                tente permitiriam maior penetra¸˜o do peso, podendo
                                                                                                     ca
valor de 5,98 x 1024 kg; e R o raio m´dio da Terra, com
                                      e                            sobrevir, deste modo, erros grosseiros na aferi¸˜o do
                                                                                                                   ca
o valor de 6,37 x 108 cm.                                          arremesso como indica a Fig. 19.
2306-12                                                                                                 Silva Filho et al.




Figura 19 - Detalhes do arremesso de peso.

                                                               ⌈

    Nesta Fig. 19, simulou-se um peso de massa igual           na¸˜es. J´ para a melhoria do desempenho de atletas
                                                                  co       a
a 7,260 kg, “[...] [peso] m´ ınimo [...] admitido [para]       e para-atletas, em particular no Atletismo, analisou-se
competi¸˜o e homologa¸˜o de recordes”, com diˆmetro
         ca              ca                         a          alguns pontos considerados de importˆncia para a ob-
                                                                                                      a
de 120 mil´ ımetros (m´dia entre 110 mm e 130 mm),
                        e                                      ten¸˜o de resultados t´cnicos relevantes, sem ´ claro,
                                                                   ca                 e                         e
previstos na “Regra 188.5” [32, p. 159]. Neste en-             desmerecer com isso aqueles outros pontos n˜o trata-
                                                                                                              a
saio, admitiu-se o peso A caindo sobre a parte resistente      dos presentemente. Assim, e com a F´     ısica Aplicada
do setor de lan¸amento, enquanto o peso B, caindo na
                c                                              ao Desporto, espera-se tornar os bons resultados mais
parte menos resistente. Com isso, observa-se o peso B          acess´ıveis.
mais atolado no terreno do que o peso A. O erro ∆r, pas-          Note-se, que em momentos distintos da reda¸˜o     ca
sivo de ser cometido na aferi¸˜o, ser´ m´ximo quando
                                ca     a a                     permitiu-se concordar e discordar de textos consagra-
∆r = r. Em s´     ıntese, apesar de os CM (Centro de           dos por autores de renome. Em tais oportunidades fi-
Massa) de ambos os pesos estarem sobre o mesmo arco            cara ´bvia a escolha adotada. E mais, a n˜o percep¸˜o
                                                                    o                                     a         ca
e, portanto, igualmente afastados do centro do c´     ırculo   de correla¸˜es triviais com Biof´
                                                                         co                     ısica, Biomecˆnica, Ci-
                                                                                                             a
de arremesso dos pesos, a medida alcan¸ada pelo arre-
                                            c                  nesiologia e Fisiologia, apesar da possibilidade de co-
messador do peso B, ser´ ∆r menor do que a medida
                          a                                    opera¸˜o m´tua, destacam, sem embargo, as contri-
                                                                     ca    u
alcan¸ada pelo arremessador do peso A. Sendo assim,
      c                                                        bui¸˜es que a F´
                                                                  co            ısica Aplicada ao Desporto pode adi-
semelhante erro somente ser´ corrigido se a medi¸˜o for
                              a                     ca         cionar aos Desportos (Esportes) de alto rendimento.
efetuada pelo centro de massa dos pesos em utiliza¸˜o,  ca     Sem d´vida, esta independˆncia revela-se como uma
                                                                      u                     e
ou seja, pelo centro da calota esf´rica moldada no solo e
                                   e                           necessidade urgente da prepara¸˜o de profissionais cuja
                                                                                               ca
n˜o pelo ponto da circunferˆncia de c´
  a                          e          ırculo que tangen-     ocupa¸˜o seja a demanda de atletas e para-atletas,
                                                                     ca
cia horizontalmente o terreno, mais pr´ximo do c´
                                          o           ırculo   tanto para o desporto de alto rendimento quanto para
de arremesso.                                                  o desporto educacional.
    A despeito de ser um erro da ordem de, no m´ximo,
                                                    a
60 mm (6,0 cm) para o diˆmetro adotado ou de 65 mm
                           a                                       Por fim, em decorrˆncia das investiga¸˜es, caberia
                                                                                        e                 co
(6,5 cm) para um peso com 130 mm, o recorde mun-               apontar a necessidade de estudos mais aprofundados
dial do americano Randy Barnes [33], de 23,12 metros,          sobre o coeficiente de atrito est´tico entre a sapatilha-
                                                                                                 a
conquistados em Los Angeles em 20 de maio de 1990              de-prego e a pista sint´tica. Do mesmo modo, o aprovei-
                                                                                      e
estaria prejudicado se tais fatos ocorressem.                  tamento dos acr´scimos espontˆneos que sobre os sar-
                                                                                e                a
                                                               rafos, saltadores em altura com e sem vara, excedem ao
                                                               saltarem. Pois no est´gio em que se encontra a atual
                                                                                       a
4.    Conclus˜o
             a                                                 tecnologia, semelhantes registros incorporariam-se aos
                                                               j´ obtidos eletronicamente e aceitos no Atletismo pela
                                                                a
Com a proposi¸˜o do IRD, buscou-se superar o fi-
                 ca                                            IAAF. Outra poss´   ıvel aquisi¸˜o poderia vir da minia-
                                                                                              ca
siologismo inerente a classifica¸˜o por quantitativo
                                  ca                           turiza¸˜o, para as sapatilhas-de-prego, das c´lulas de
                                                                      ca                                       e
e ordena¸˜o de medalhas por entender n˜o valori-
         ca                                   a                cargas hoje utilizadas em laborat´rio. Como as tens˜es
                                                                                                   o                o
zar os esfor¸os dos participantes, sejam eles atletas,
            c                                                  de compress˜o sobre a pista geram energia, esta servi-
                                                                            a
para-atletas, t´cnicos, investidores ou incentivadores e
               e                                               ria para medir as dura¸˜es e as varia¸˜es da corrente
                                                                                         co            co
Como a física pode melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de 2016
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Como a física pode melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos Jogos Olímpicos de 2016

  • 1. Revista Brasileira de Ensino de F´ ısica, v. 34, n. 1, 2306 (2012) www.sbfisica.org.br Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o de 2016 a (How can Physics contribute to improve the performence of Brazilian athletes at the XXXI Summer Olympics Games of 2016) e ´ Amaro Jos´ da Silva Filho1 Alvaro Chispino e Jos´ Luiz Fernandes e Centro Federal de Educa¸˜o Tecnol´gica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ca o Recebido em 2/8/2010; Aceito em 23/6/2011; Publicado em 2/6/2012 Visa contribuir com atletas e para-atletas, por meio da F´ ısica Aplicada ao Desporto, de modo que estes pos- sam mais facilmente conquistar melhores ´ ındices e resultados nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o que ocorrer˜o a a na Cidade do Rio de Janeiro, em 2016. Palavras-chave: f´ ısica aplicada ao desporto, confiabilidade, desporto de alto rendimento, XXXI Jogos Ol´ımpicos de Ver˜o de 2016. a It aims at to contribute with athletes and for-athletes by means of Physics Applied to Sport in such a way that these can more easily achieve indices and results in XXXI Summer Olympics Games which will occur in the City of Rio de Janeiro in 2016. Keywords: physics applied to sport, reliability, sport of high income, XXXI Summer Olympics Games of 2016. 1. Introdu¸˜o ca como se entende ser poss´ torn´-las vantajosas para ıvel a os desportistas do Atletismo como um todo. Em vista da recente decis˜o tomada pelo COI – Comitˆ a e Ol´ ımpico Internacional quanto ` realiza¸˜o dos XXXI a ca 2. A heran¸a ol´ c ımpica de um passado Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 2016, a recente em ter sua Sede Ol´ ımpica no Brasil, nada mais coe- rente se pretender tomar parte dos eventos afins. Com Em Pequim, nos XXIX Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o de a efeito, dentre as participa¸˜es poss´ co ıveis, h´ de se in- a 2008, apesar da modesta presen¸a de 2,64% do total de c cluir a do pesquisador ´vido por resultados atl´ticos a e 10.500 atletas ol´ ımpicos, o Brasil bate mais um recorde de incontrast´vel n´ a ıvel t´cnico e com maior confiabi- e ao competir com 277 atletas. Agora, as 132 presen¸as c lidade. Por isso, julgou-se pertinente buscar na F´ ısica femininas totalizam 47,7% da delega¸˜o brasileira, ou- ca Aplicada ao Desporto aquelas particularidades que pos- tro recorde, com 6 medalhas no total dentre as quais sam contribuir para melhorar o desempenho de atle- 2 de ouro. Para os homens, 145 atletas ou 52,3% da tas e para-atletas brasileiros nos desportos de alto ren- delega¸˜o, 9 foram as medalhas sendo 1 de ouro. Em ca dimento (“[...] esporte espet´culo” [1]). De pronto, a vig´simo segundo lugar entre 204 na¸˜es participantes, e co num breve relato, fala-se da heran¸a ol´ c ımpica recente, o Brasil fica dentro do grupo seleto daqueles pa´ que ıses incluindo-se a ela um estudo sugestivo de como se deter- conquistaram medalhas de ouro, 87 ao todo. Das 28 minar a classifica¸˜o final dos participantes com menor ca modalidades em 2004 passou-se agora para 32, ou seja, grau de causalidade. Nesta sugest˜o, leva-se em conta a 14,3% a mais, portanto, n˜o restam d´vidas quanto ao a u n˜o somente o quantitativo de medalhas de ouro, prata a crescimento dos ultimos quatro anos [2]. No gr´fico da ´ a e bronze como tradicionalmente se faz, mas tamb´m o e Fig. 1 a seguir, a Curva de Desempenho do Brasil nos n´mero de na¸˜es participantes, bem como a totalidade u co Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 1920 a a de atletas competidores, os esportes que comp˜em a re- o 2008 mostra a rela¸˜o entre o sugerido n´mero adimen- ca u ferida edi¸˜o dos Jogos e os eventos esportivos por es- ca sional IRD - ´Indice Relativo de Desempenho, como se portes praticados. Por fim, de maneira idˆntica, trata- e denominou, e as datas em que o Brasil participou en- se sobre as intera¸˜es f´ co ısicas nos desportos e do modo quanto uma Na¸˜o Ol´ ca ımpica. Esse ´ ındice proposto per- 1 E-mail: amarojs@hotmail.com. Copyright by the Sociedade Brasileira de F´ ısica. Printed in Brazil.
  • 2. 2306-2 Silva Filho et al. mitiu classificar a atua¸˜o do pa´ nos Jogos com base ca ıs esportivos por desporto praticado e o somat´rio indivi- o nos fatores a eles relacionados, tais como o n´mero de u dual das medalhas ouro, prata e bronze de premia¸˜es. co na¸˜es participantes, o total de atletas ol´ co ımpicos, os es- Isto, tanto para a entidade Ol´ ımpica quanto para a en- portes que compuseram a edi¸˜o avaliada, os eventos ca tidade Brasil. ⌋ Figura 1 - Curva de desempenho do Brasil nos Jogos Ol´ ımpicos de Ver˜o da Era Moderna de 1920 a 2008, com base no IRD. a ⌈ No c´lculo do IRD correspondente aos anos de par- a que o Brasil n˜o participou por problemas econˆmicos, a o ticipa¸˜o, para um IRD ≥ 1, utilizou-se a Eq. (1) como ca 1928. Nos anos em que si quer obteve-se classifica¸˜o, ca descrita a seguir 1924, 1932 e 1936, o ´ ındice relativo de desempenho, por conven¸˜o, registra o n´mero um. Por outro lado, ca u ( ) 3× OO +2× 6 B +1× BB OB P PO BO a linha poligonal descreve a tendˆncia do conjunto de e Ev O desempenhos. Es O IRD = (1) ´ E com este acervo e mais o que adquirir´ nos a NB NO × AO × Es B AB Ev B pr´ximos XXX Jogos Ol´ o ımpicos de Londres, marcados onde NB → Na¸˜o Brasileira NO → Na¸˜es Ol´ ca co ımpicas, para 2012, que os atletas e para-atletas brasileiros mar- AB → Atletas Brasileiros AO → Atletas Ol´ ımpicos, car˜o presen¸a nos XXXI Jogos Ol´ a c ımpicos de 2016, na Es B → Esportes Brasileiros Es O → Esportes Cidade do Rio de Janeiro. At´ l´, deve-se somar es- e a Ol´ ımpicos, Ev B → Eventos Brasileiros Ev O → for¸os inclusive da f´ c ısica. Eventos Ol´ ımpicos, OB → Ouro Brasileiro OO → Ouro Ol´ ımpico, PB → Prata Brasileira PO → Prata 3. Intera¸˜es f´ co ısicas nos desportos: Ol´ ımpica e BB → Bronze Brasileiro BO → Bronze Ol´ ımpico. como torn´-las vantajosas a Com a curva assim tra¸ada procurou-se tirar de cena c 3.1. A corrida nas curvas e suas particularida- a conveniente classifica¸˜o por quantidade de medalhas ca des ordenadas do ouro ao bronze e que, como se vˆ pela pre- e sen¸a dos numerais ordinais, ´ impr´pria e n˜o real¸a c e o a c Muito se falou a respeito de Usain Bolt e isto se deve, o efetivo desempenho dos desportistas. Por outro lado, obviamente, aos bons resultados obtidos por este atleta dessa forma, reduz-se a causalidade propiciada por fa- nos XXIX Jogos Ol´ ımpicos de Pequim, 2008. N˜o obs- a lhas humanas. A curva exibe ainda os anos em que tante, como bem mostra a foto da Fig. 2 [3], observe-se n˜o ocorreram os Jogos como 1940 e 1944 devido a Se- a a posi¸˜o do referido corredor ao efetuar a curva numa ca gunda Grande Guerra Mundial, bem como o ano em competi¸˜o de 200 metros rasos. Note-se o quanto afas- ca
  • 3. Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de 2016 2306-3 tado da borda interna da raia, dado por ∆r, Bolt exe- Para confirmar veemente declara¸˜o, atente-se para ca cuta sua prova. Evidentemente um melhor posiciona- as competidoras das raias 3, 4 e 6, enumeradas da di- mento seria aquele que tangenciasse a curva, sem, con- reita para a esquerda na Fig. 3. Perceba-se como se tudo, lev´-lo a tocar na linha que delimita as raias. a posicionam quase no centro das respectivas raias. Raias Assim, n˜o seria desclassificado como o foram seus ad- a estas, que a partir de 2004, “Regra 160.4” [5, p. 12], vers´rios ol´ a ımpicos Wallace Spearmon (americano) e foram reduzidas de (1,25 ± 0,01) metros [6, p. 97] Churandy Martina (caribenho) na final dos 200 metros para no m´ximo (1,22 ± 0,01) metros, cada uma. En- a rasos, corrida no Est´dio Ol´ a ımpico conhecido como “Ni- quanto isto, a atleta da raia 5, em posi¸˜o exemplar ca nho de P´ssaro”. a relativamente ` raia, tangencia a curva numa bela de- a monstra¸˜o de aproveitamento deste recurso. Portanto, ca ao adotarem semelhante estrat´gia (exclusivamente na e curva), deixaram, com isso, de levar em conta o fato de a linha branca do arco externo da raia em quest˜o, a bem como o arco adotado como trajet´ria no percurso, o apresentar medidas alg´bricas maiores do que a do arco e interno junto ` linha de medi¸˜o, como se demonstra a a ca seguir (Fig. 4). Assim, da rela¸˜o existente entre a medida alg´brica ca e de um arco orientado qualquer, AB (ou CD, no caso), ao longo de uma circunferˆncia de c´ e ırculo de centro em O, como mostra a Fig. 4, seu respectivo raio vetor,r, e o ˆngulo vetorial (ou argumento), ϕ (fi), dado pela a express˜o: AB = r ϕ, pode-se afirmar que CD > AB, a ou seja, que a trajet´ria CD, por hip´tese escolhida o o pela maioria das atletas daquela semifinal ol´ ımpica, foi maior que a trajet´ria AB oficialmente utilizada como o a linha de “[...] medi¸˜o da pista”, “Regra 160.2” [7, ca 8]. Com isto, a princ´ ıpio, as atletas deixaram de con- quistar resultados mais significativos, fruto de tempos sem d´vida maiores. Pois, mesmo que as velocidades u escalares tenham sido expressivas, houve desperd´ deıcio Figura 2 - Corrida na curva durante uma prova de 200 metros energia, como no caso da velocista jamaicana Verˆnica o rasos. Campbell-Brown que venceu a disputa com o tempo Mesmo nas Olimp´ ıadas ´ o que muito se vˆ (Fig. 3).2 e e oficial de 22,64 segundos, 1,30 segundos acima do re- Atletas de alto rendimento deixando de usar, por im- corde mundial [9] de 21,34 segundos da americana Flo- per´ ıcia, talvez, recursos a eles(as) dispon´ ıveis graciosa- rence Griffith Joyner, conquistado na Coreia do Sul, mente, os quais, se devidamente aplicados com vistas ` a nos XXIV Jogos Ol´ ımpicos de Seul, em 1988. Por con- aquisi¸˜o de melhores resultados, decerto contribuiriam ca seguinte, Campbell correu a prova com a velocidade para uma evolu¸˜o menos demorada de novas marcas. ca m´dia de 8,83 m/s (≈ 31,8 km/h) contra os 9,37 m/s e (≈ 33,7 km/h) de Griffith, ou ainda com uma veloci- dade m´dia cerca de apenas 5,76% menor daquela do e recorde mundial a qual, segundo o autor, seria desne- cess´rio por se tratar de eliminat´ria. Ressalte-se que a o por vezes, at´ se chega a excelentes resultados ` custa de e a um desgaste maior ou muito maior do que o desej´vel, a mas tudo por conta de extremas capacidades atl´ticas e ocasionais, por´m sem o rigor das ciˆncias. e e Outra maneira de considerar a quest˜o em an´lise a a seria utilizar os dados contidos no modelo fornecido pela CBAt, relativamente a “Pista Oficial de Atletismo” [10] (Fig. 5). Neste modelo, nas partes central e esquerda Figura 3 - Eliminat´ria dos 200 metros rasos feminino, Pequim o da figura est˜o as informa¸˜es valiosas que ajudaram a a co 2008. levantar os resultados pretendidos. 2 Conforme a Ref. [4].
  • 4. 2306-4 Silva Filho et al. Figura 4 - Trecho esquem´tico da curva de uma pista oficial de Atletismo. a ⌈ Figura 5 - Pista oficial de Atletismo. Figura 6 - Esquema representativo de parte da pista oficial de Mas como se pode perceber, entretanto, a redu¸˜o ca Atletismo. da pista trouxe impossibilidade ` leitura dos dados, as- a sim, achou-se por bem fazer uso do esquema a seguir, Agora, recorrendo-se a express˜o s = r γ e levando- a Fig. 6. Nele observa-se um ˆngulo γ (gama) com o a se em conta que a linha de medi¸˜o afasta-se da borda ca valor de 42,5039◦ (≈ 0,741833 rad). Logo, com base interna da curva em 30 cent´ ımetros na primeira raia, no ˆngulo raso, a soma dos ˆngulos α (alfa), β (beta) a a aproximam-se ent˜o da medida deste arco de 27,30 me- a e γ (gama), d´ 180 graus, ou seja, α + β + γ = 180◦ . a tros, com um raio total de 36,80 metros, j´ inclu´ a ıdos os De fato, se α = γ, chega-se a um valor para β igual a 30 cent´ımetros a mais. 94,9922◦ (≈ 1,65793 rad), ao se considerar a precis˜o a Da´ para o arco relativo ao ˆngulo β e o mesmo ı, a mantida pelos seis algarismos significativos em quest˜o. a raio r de antes, tem-se outro arco s′ medindo cerca de
  • 5. Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de 2016 2306-5 61,01 metros. Portanto, toda a curva, da tangente B lhe daria, em conclus˜o, um ganho de 11 cent´simos de a e a tangente C, no sentido hor´rio, mede nada menos a segundo ou, em termos porcentuais, 0,4859% (0,5%). que 115,61 metros, ou seja, 2 x 27,30 m + 61,01 m = Na opini˜o do autor, informa¸˜es como estas n˜o deve- a co a 115,61 m. Note-se que este mesmo resultado poderia riam ficar a margem do processo de prepara¸˜o de atle- ca ser obtido multiplicando-se o raio de 36,80 metros pelo tas de alto rendimento, uma vez que 57,8% da prova ˆngulo raso de π radianos, equivalente aos 180 graus a dos 200 metros rasos desenvolvem-se na curva, ficando do ˆngulo BC. Para conferir este resultado, dobra-se a para a reta final apenas os 42,2% restantes. o valor de 115,61 metros devido `s duas curvas e, da a No Tabela 2 indicam-se as medidas correspondentes mesma forma, dobra-se o valor de 84,39 metros refe- aos pontos de referˆncia em uma raia gen´rica (Fig. 7) e e rente `s duas retas que completam a volta da prova dos a para as provas de 200 e 400 metros rasos. 400 m rasos e, com efeito, contata-se a identidade, pois 2 x 115,61 m + 2 x 84,39 m = 400,00 metros. 3.1.1. Outra situa¸˜o relevante a se permitir ca Por conseguinte, se nesta primeira raia o(a) atleta nas curvas resolver correr ao longo da linha m´dia, estar´ acrescen- e a Dentre todas as for¸as em estudo, a for¸a de press˜o, c c a tando ao raio de 36,80 metros, mais 31 cent´ ımetros. Ou F p (onde |F p | = pA, para p = press˜o (exercida por a seja, o novo raio ser´ de 37,11 metros. Com isto, o com- a fluido) e A = ´rea da superf´ a ıcie sob press˜o), talvez a primento da curva tamb´m aumenta indo agora para e seja a unica que possa ser considerada imparcial. Isto ´ 116,58 metros, com um incremento de 97 cent´ ımetros porque, at´ onde se percebe, esta parece n˜o depender e a ou em torno de 0,83% da curva. Por extens˜o, paraa das caracter´ ısticas do(a) atleta quanto ao perfil, se es- todas as outras raias, a eleva¸˜o chegaria a 1,27 me- ca guio ou achaparrado. Portanto, salvo rea¸˜es orgˆnicas co a tros ou 1,09% da curva, aproximadamente, j´ que para a individuais n˜o tratadas na presente an´lise, bem como a a as sete raias externas a linha de medi¸˜o situa-se a 20 ca eventuais flutua¸˜es pontuais do fluxo atmosf´rico, pas- co e cent´ımetros do arco interno das respectivas raias (Ta- sivas de ocorrerem num Est´dio Ol´ a ımpico, a press˜o do a bela 1). ar atmosf´rico ser´ a mesma para todos(as) os(as) com- e a Em virtude de uma conduta semelhantemente sub- petidores(as) locais. jetiva, causada a princ´ ıpio por erro humano (ne- Por outro lado, o mesmo n˜o se pode dizer quanto ao a gligˆncia, imper´ e ıcia, imprudˆncia ou mesmo fortuitos e peso pr´prio, P (onde P = m g ), do(a) atleta, pois este o como, por exemplo, esquecimento de fundamentos), depende da massa, m, de seu corpo e da “acelera¸˜o [lo- ca o(a) atleta ficaria sujeito a outra consequˆncia. Pois, e cal] da gravidade” [11, p. 1-4], g , comum a todos(as). com o aumento n˜o oficial, mas volunt´rio da trajet´ria a a o Do volume submerso, Vsub , do corpo do(a) competi- curvil´ınea, e tendo-se em conta a defini¸˜o de velocidade ca dor(a), al´m de outros parˆmetros e, por consequˆncia, e a e escalar m´dia, vm (vm = ∆x , onde ∆x = espa¸o percor- e ∆t c do peso pr´prio aparente, P + E (onde E = Vsub ρliq o rido e ∆t = tempo decorrido ao longo de ∆x ), ou: (1) g , para E = empuxo e ρliq = massa espec´ ıfica do fluido Aumenta-se a velocidade para se manter o tempo inal- em quest˜o), tamb´m. Assim, igualmente o ´ ` for¸a a e e a c terado (o que, a princ´ ıpio, demandaria maior potˆncia, e de rea¸˜o normal ou “de v´ ca ınculo” [12, p. 238-286], N , P , visto que P = F × v); ou (2) tem-se o tempo aumen- enquanto agente equilibrador desse peso pr´prio apa- o tado por se manter a velocidade constante (medida esta, rente. E mais, sob o mesmo ponto de vista, a “for¸a c indesej´vel). H´, contudo, um meio termo que tamb´m a a e de atrito est´tico” [13], F ae (onde 0 ≤ F ae ≤ µe N , a poderia ocorrer, qual seja (3) o de aumentar em con- para µe = coeficiente de atrito est´tico), que depende a junto tanto a velocidade quanto o tempo (perder-se-ia da for¸a normal, e por ultimo, de acordo com estudos c ´ um pouco no tempo, por´m a potˆncia exigida seria e e realizados [14, 15, p. 115], a for¸a de “resistˆncia do c e menor). Portanto, das trˆs hip´teses, parece que a de e o ar”, F r (onde |F r |= 1/2 C D ρ A v 2 , para CD = “co- n´mero um ´ a melhor ou, por assim dizer, menos ruim, u e eficiente de resistˆncia ao arrasto”), por depender da e uma vez que a pretens˜o ´ sempre a de supera¸˜o. To- a e ca a ´rea transversal, A, do corpo do(a) corredor(a), assim davia, mais arrojado seria (4) aumentar em muito a como de sua velocidade, v . velocidade (mesmo em detrimento do desgaste), para Com efeito, na curva, uma s´tima for¸a efetivamente e c assim superar o tempo com um novo recorde. Com isto, se permite sentir, independentemente do(a) competi- volta-se ao in´ da proposta, ou seja, basta correr no ıcio dor(a). Do ponto de vista do(a) atleta, esta for¸a age c m´ximo, sobre a linha de medi¸˜o. a ca como se o(a) puxasse para fora da curva, permitindo- Inegavelmente, o tempo de 22,64 segundos da velo- lhe inclinar-se contrariamente, isto ´, para dentro da e cista Verˆnica Campbell-Brown da Jamaica (Fig. 3), o curva. Esta a¸˜o, justificada com outros argumentos ca poderia reduzir-se para 22,53 segundos se ao inv´s de e por um observador inercial ou galeliano,3 se deve a for¸a c percorrer a curva pela sua linha m´dia, na raia 4, ela a e centr´ıfuga, F cf (onde F cf = −ma ct , para a ct = ace- tivesse feito pela linha de medi¸˜o da mesma raia, o que ca lera¸˜o centr´ ca ıpeta). 3 Conforme a Ref. [16].
  • 6. 2306-6 Silva Filho et al. Tabela 1 - Rela¸˜o das medidas calculadas para a curva, com 8 raias, de uma pista oficial de atletismo. ca Ordem Discrimina¸˜o ca Medidas (em metro) por raias A Raias 1 2 3 4 5 6 7 8 B Larguras das raias 1,22 1,22 1,22 1,22 1,22 1,22 1,22 1,22 C Raios internos das raias 36,50 37,72 38,94 40,16 41,38 42,60 43,82 45,04 D Afastamentos das bordas internas das li- 0,30 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 nhas de medi¸˜es da pista, nas raias co E Raios das linhas de medi¸˜es da pista, co 36,80 37,92 39,14 40,36 41,58 42,80 44,02 45,24 nas raias F Raios das linhas m´dias das raias e 37,11 38,33 39,55 40,77 41,99 43,21 44,43 45,65 G Comprimentos das curvas, sobre as li- 115,61 119,13 122,96 126,79 130,63 134,46 138,29 142,13 nhas de medi¸˜es da pista co H Acr´scimos aos comprimentos das cur- e 0,00 3,52 7,35 11,18 15,02 18,85 22,68 26,52 vas, devido aos afastamentos laterais (re- ferˆncia G1) e I Comprimentos das raias na curva para a 115,61 115,61 115,61 115,61 115,61 115,61 115,61 115,61 prova dos 200 m rasos, sobre as linhas de medi¸˜es da pista co J Comprimentos das curvas sobre as linhas 116,58 120,42 124,25 128,08 131,92 135,75 139,58 143,41 m´dias das raias e K Acr´scimos aos comprimentos das raias e 0,97 1,29 1,29 1,29 1,29 1,29 1,29 1,29 na curva, devido `s localiza¸˜es das li- a co nhas m´dias (J1 - G1) e L Acr´scimos aos comprimentos das cur- e 0,00 3,84 7,67 11,50 15,34 19,17 23,00 26,83 vas, devido aos afastamentos laterais (re- ferˆncia J1) e M Comprimentos das raias na curva para a 116,58 116,58 116,58 116,58 116,58 116,58 116,58 116,58 prova dos 200 m rasos, sobre as linhas m´dias das raias e N Valor utilizado para π na express˜o a 3,141592654 s = r γ, onde γ ´ expresso em radianos e Fonte: Dados levantados a partir das informa¸oes contidas no modelo da Pista Oficial de Atletismo divulgado pela CBAt. c˜ Dispon´ em http://www.cbat.org.br/pistas/pista_oficial_cbat.pdf. Acesso em 18/5/2009. ıvel ⌈ Tabela 2 - Pontos de referˆncia da raia. e travam os atletas ao passarem pela curva no instante do acionamento do disparador das respectivas cˆmeras fo- a a b c 200,00 m 200,97 m 201,95 m togr´ficas. Para o t´cnico Ahylton da Concei¸˜o (1929- a e ca 400,00 m 401,94 m 403,90 m 2002), neste momento, as inclina¸˜es tanto para o lado co da curva quanto para frente, deveriam ser as mais acen- tuadas poss´ıveis, e bradava: “[...] olhe p’ra dentro da curva...”. Ao atender o comando, o(a) atleta n˜o s´a o demonstrava disciplina como aprendia o quanto lhe be- neficiava esta t´cnica, apesar da dificuldade que sentia e em superar o receio de cair. Figura 8 - Fotos de atletas percorrendo a curva numa pista de Figura 7 - Detalhes de um trecho da curva da pista oficial de Atletismo. Atletismo. E como justificar fisicamente esta pr´tica? Antes de a Deste modo, aproveitando as duas fotos acima, avaliar as raz˜es do mando acima, contudo, perceba- o Fig. 8, ´ poss´ ilustrar o quanto inclinado se encon- e ıvel se na “Foto 1” (Fig. 8), relativamente a “Foto 2”,
  • 7. Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de 2016 2306-7 uma maior inclina¸˜o lateral. Tamb´m, al´m da de- ca e e resistˆncia do ar, F r , exercida pela a¸˜o do “[...] vento e ca termina¸˜o pessoal de cada atleta de assim executar ca aparente” [17], centr´ ıfuga, F cf , cujo “[...] efeito [...] ´ e ou n˜o o determinado pelo t´cnico, admita-se, por a e causado [...] pela in´rcia” [18, p. 144] e do peso pr´prio e o hip´tese, como de interesse tal procedimento. o aparente, P + E , num esfor¸o para dar ao todo um c Pois bem, tanto a velocidade escalar (rapidez), v, aspecto tridimensional. cuja varia¸˜o instantˆnea se d´ por conta da acelera¸˜o ca a a ca Assim, enquanto a componente normal, F ct , do tangencial, a tg , devido a equivalente componente do atrito est´tico, impede que o p´ do(a) atleta derrape a e atrito est´tico, F ae , situada entre a pista e o p´ ou sa- a e lateralmente para fora da curva, arrastado por inteiro patilha do corredor na tangente ` curva, quanto ` ace- a a pela a¸˜o real da for¸a centr´ ca c ıfuga, F cf , e que o(a) leva lera¸˜o centr´ ca ıpeta, a ct , gerada pela componente normal a inclinar-se para dentro da curva (somente reprodu- (radial) do atrito est´tico, F ae , ao longo da reta que a zida na Fig. 10), tamb´m contribui com a acelera¸˜o e ca passa pelo centro, O, da curva, s˜o por assim dizer, em a normal, a N , incumbida de mudar a dire¸˜o de sua ve- ca conjunto, os esteios deste conhecimento usual ilustrado locidade, v . Esta acelera¸˜o, por vezes chamada de ca na Fig. 9. acelera¸˜o centr´ ca ıpeta, a ct , tamb´m permite justificar a e diferen¸a entre as inclina¸˜es dos atletas na Fig. 8 (ve- c co locidade na Foto 1, maior que velocidade na Foto 2). Da mesma forma, a componente tangencial, F tg , do atrito est´tico, n˜o permite o escorregamento de seu p´ a a e para tr´s, como igualmente o faz enquanto a trajet´ria a o ınea, e ainda produz a acelera¸˜o tangencial, a tg , ´ retil´ e ca respons´vel pela varia¸˜o, aumento no caso, da inten- a ca sidade da velocidade, v . Al´m disso, com base na segunda lei de Newton e relacionam-se, na Eq. (2), em m´dulo, a for¸a de atrito, o c Ftg , tangente a curva, a massa, m, do(a) atleta e a acelera¸˜o tangencial, atg , ou a varia¸˜o temporal da ca ca velocidade escalar, v, desenvolvida. J´ na Eq. (3), as a grandezas velocidade escalar, v, do(a) velocista e sua Figura 9 - Decomposi¸ao conjunta da for¸a de atrito est´tico, c˜ c a massa, m, bem como o raio, R (seguimento OP, nas Fae, e da acelera¸˜o, a, tangente a linha de medi¸˜o. ca ca Figs. 8 e 9), da trajet´ria curva e a for¸a centr´ o c ıpeta, No esquema dessa Fig. 9, arbitrariamente no ponto Fct . P da linha de medi¸˜o da pista, na curva, pretendeu-se ca relacionar as acelera¸˜es produzidas pelas componentes co   F = m × a = m × dv ,  tg normal e tangencial da for¸a de atrito, bem como a ve- c   tg (2) locidade, v , inerente a uma massa, m (do corpo do(a) dt atleta), supostamente constante. Adiante, na Fig. 10,   v2   estendeu-se em detalhes ao lan¸ar m˜o das for¸as de c a c Fct = m × act = m × . (3) R Figura 10 - For¸as que atuam no atleta enquanto faz a curva na pista de Atletismo. c
  • 8. 2306-8 Silva Filho et al. Em s´ ıntese, entende-se que seja este um legado cronˆmetros utilizados (partida eletrˆnica), com con- o o util aos(as) velocistas praticantes, enquadrando-se, por- ´ sistˆncia, os c´lculos levar˜o os ju´ e a a ızes a acusarem a tanto, dentre todos aqueles conhecimentos que podem mesma “velocidade m´dia” [21] para os dois. Enfim, e ser transmitidos aos interessados, com a profundidade empatados. devida. Mas se o atleta modelo B percorreu um espa¸o maior c no mesmo tempo que o atleta modelo A, deveria, por 3.2. Um ziguezague inoportuno para velocistas isso, ter uma velocidade m´dia maior e, por conse- e guinte, ganhar a prova. E de fato. S´ que no Atle- o Algumas largadas s˜o tensas. Exigem n˜o somente a a tismo, as metragens j´ est˜o definidas. Sendo assim, a a concentra¸˜o (“[...] velocidade de rea¸˜o motora” [19, ca ca n˜o se computam “doa¸˜es”, pois o que vale, no caso, ´ a co e p. 339-343]), mas antes de tudo, muito, mais muito o menor tempo. O mesmo ocorre nos saltos em altura treinamento. Mesmo assim, n˜o raro, atletas de alto a e com vara, quando os(as) atletas v˜o al´m ou muito a e rendimento deixam de se beneficiarem quando, ap´s a o al´m da posi¸˜o dos respectivos sarrafos. S˜o as re- e ca a explosiva sa´ do bloco, ziguezagueiam durante os pri- ıda gras. Injustas ou n˜o, os acr´scimos sobre sarrafos e a e meiros segundos tanto na prova dos 100 metros rasos percursos n˜o s˜o registrados, em que pese o est´gio da a a a quanto nas provas do salto em distˆncia e salto triplo. a tecnologia dos dias de hoje (2009). Contra este comportamento impr´prio, o t´cnico o e Ent˜o, se argumentos como o de aproveitamento dos a Ahylton da Concei¸˜o agia com o rigor da raz˜o. E ca a acr´scimos sobre os sarrafos dos saltos em altura e com e para combatˆ-lo, ele inclu´ nos treinamentos in´meras e ıa u vara, a partir de dispositivos eletrˆnicos de detec¸˜o, o ca repeti¸˜es de sa´ de bloco, com o bloco situado sobre co ıda n˜o sejam suficientes para alterar as regras, que se passe a a linha divis´ria das raias. Com isto, esperava condici- o rente aos sarrafos. Se pular sobre as barreiras (Fig. 12) onar seus atletas, inclusive o autor, a correr em linha [22], indo-se muito acima das metragens convenciona- reta, sem ziguezague, n˜o deixando, assim, que se per- a das para as provas de 100 e 400 metros com barreiras dessem os preciosos mil´simos de segundos os quais, um e (feminino), 110 e 400 metros com barreiras (masculino) percurso maior decerto encobriria. Deste modo, com ou 3000 metros com obst´culos (masculino e feminino), a mais este pequeno detalhe, contribu´ para resultados ıa amplia os tempos das respectivas provas, que se passe desej´veis e n˜o depreciativos. a a ent˜o rente as barreiras ou, como afirma Dyson [23, a Sem d´vida isto vale uma demonstra¸˜o. Por isso, a u ca p. 136]: fim de esclarecer, a seguir comparam-se os desempenhos de dois atletas modelos imagin´rios (Fig. 11). a “[...] Uma inclina¸˜o acentuada ` frente e ca a O atleta modelo A, com o melhor tempo brasileiro uma boa sincroniza¸˜o dos movimentos dos ca nos 100 metros rasos, 10,00 segundos cravados (tempo bra¸os e pernas permite a passagem sobre c eletrˆnico, semelhantemente ao tempo do recordista o a barreira de forma econˆmica. Com o cen- o Robson Caetano da Silva em 1988, no M´xico, segundo e tro de massa pr´ximo a barreira, pode-se o a CBAt [20]), percorre os primeiros 20 metros da prova voltar rapidamente ao ch˜o. Em vez disso, a sem ziguezaguear. O segundo atleta, o atleta modelo uma passagem mal feita conduz a perda de B, no entanto, ao inv´s de correr em linha reta como e tempo no ar.” (Tradu¸˜o nossa). ca o fez o atleta modelo A, inadvertidamente, desloca-se todo ziguezagueante. Portanto, se correr em ziguezague leva a um per- Apesar da sa´ ıda impec´vel de ambos, sem des- a curso maior e reduz as chances de recorde, corra-se em vios de simultaneidade na precis˜o de cent´simos dos a e linha reta. Figura 11 - Corrida em pista reta e plana com e sem ziguezague.
  • 9. Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de 2016 2306-9 dos retos ser´ menor do que a soma de todos os outros a dois. Da´ nas simula¸˜es de triˆngulos seq¨enciados ı, co a u ∆OAP, ∆PBQ, ∆QCR e ∆RDS (etc.), Figs. 13 e 14 a seguir, a soma dos lados OP, PQ, QR e RS (etc.), ser´ a menor que a soma dos lados OA, AP, PB, BQ, QC, CR, RD e DS (etc.). Nos esquemas I, II e III, simulam-se as superposi¸˜es das trajet´rias proposta na Fig. 11. co o Neles o ziguezague do atleta modelo B, tem amplitude constante. J´ na Fig. 14, nos esquemas IV, V, e VI que simu- a lam as mesmas superposi¸˜es, o ziguezague apresentado co ´ proporcional a extens˜o das passadas. Enquanto as e a Figura 12 - Prova de barreiras com vistas a Pequim 2008. passadas do atleta modelo B, em IV, foram relativa- Afinal, em qualquer triˆngulo plano, cada lado ´ me- a e mente menores daquelas do atleta modelo A, a ampli- nor do que a soma dos outros dois e maior do que a sua tude do ziguezague reduziu-se; quando as passadas au- diferen¸a. Assim, afirma o autor, se a corrida em zigue- c mentaram, em VI, o afastamento lateral ampliou-se. zague permite sequenciar triˆngulos no plano por seus a Na sequˆncia, os esquemas II e V, idˆnticos, foram as e e v´rtices, de modo a manter o maior lado alinhado, para e referˆncias. Neles as passadas e as amplitudes dos zi- e um n´mero arbitr´rio de triˆngulos, a soma destes la- u a a guezagues s˜o iguais. a Figura 13 - Esquema da superposi¸ao, em trˆs etapas, de corridas em ziguezague e em linha reta. c˜ e Figura 14 - Esquema da superposi¸ao, em trˆs etapas, de corridas em ziguezague e em linha reta. c˜ e
  • 10. 2306-10 Silva Filho et al. Por conseguinte, percebe-se nos esquemas II e V que o atleta modelo B perde a corrida exclusivamente por conta dos ziguezagues, j´ que manteve, no mesmo a tempo, igual n´mero de passadas idˆnticas as do atleta u e modelo A. Nos esquemas I e IV, al´m dos ziguezagues, e somou-se ` derrota do atleta modelo B, o encurtamento a das passadas. Entretanto, nos esquemas III e VI, ape- sar dos ziguezagues, a vit´ria do atleta modelo B se deu o por raz˜o do alargamento das passadas, fruto de sua a inclina¸˜o ` frente (e n˜o de uma poss´ ca a a ıvel e eventual perna maior), independentemente da maior amplitude das oscila¸˜es, mas com o preju´ por ter alcan¸ado co ızo c um tempo maior para o trajeto, tempo este que seria menor n˜o fossem os ziguezagues. a Quando do in´ deste imprudente ziguezaguear, se ıcio Figura 16 - Postura do atleta com inclina¸˜o ` frente. ca a a dire¸˜o efetiva do contato do atleta com a pista, por ca meio da sapatilha-de-prego ou de seu p´, n˜o apontar e a Todavia, a postura esbo¸ada nesta figura somente ´ c e objetivamente na dire¸˜o da corrida, o ˆngulo, θ (teta), ca a poss´ıvel, sem escorregadelas, mediante o grande atrito entre estas duas dire¸˜es, se maior que zero, reduzir´ co a (n˜o exibido na figura) existente entre a sapatilha-de- a a componente da acelera¸˜o longitudinal, a L (a L =a ca prego e a piso sint´tico comum nas provas de pista. e cosθ), devido o surgimento de uma acelera¸˜o transver- ca Deste modo, ao lan¸ar o tronco para frente, o(a) atleta c sal, a T (a T = a senθ), inconveniente e isto afetar´ aa tende a cair em virtude da linha de a¸˜o de seu peso ca velocidade, v , com a qual o percurso deveria ser ex- pr´prio, P, se projetar ortogonalmente fora da base o plorado. Sua justificativa pode ser encontrada na se- de sustenta¸˜o de seu corpo. Neste momento, numa ca gunda lei de Newton (Eq. (2)), onde a for¸a de atrito c atitude preventiva, eleva-se o joelho ao m´ximo e na a est´tico, F ae , rea¸˜o do solo juntamente com a for¸a a ca c cadˆncia da rapidez com que se desenvolve o movi- e normal, N , divide-se como mostra a Fig. 15 anterior, mento ` frente, empurrando o ch˜o para tr´s enquanto a a a mesmo estando na reta. Como afirmava o t´cnico Ahyl- e distende-se a perna apoiada, flutua-se em seguida, con- ton da Concei¸˜o, “[...] [a] posi¸˜o do p´ dever´ estar ca ca e a forme descreve Perelman [26, p. 31-32], por meio da na dire¸˜o do deslocamento.” [24, p. 4]. ca Fig. 17. Figura 17 - Esquema do movimento do p´ ao correr. e Na Fig. 17, mostra-se as ocasi˜es (em b, d e f ) em o que o(a) corredor(a) mant´m ambos os p´s movendo- e e Figura 15 - Decomposi¸ao da acelera¸˜o, a, do movimento. c˜ ca se sem apoio, como que a “flutuar” no pequeno lapso de tempo. Nisto, acentua Perelman [27, p. 32], “[...] 3.3. A gravidade, o atrito e a amplitude das consiste a diferen¸a entre correr e andar”. c passadas Para este treinamento espec´ ıfico, o t´cnico Ahyl- e Nos esquemas III e VI das Figs. 13 e 14, constatou- ton da Concei¸˜o utilizava-se da corrida em diagonal ca se vantagem devido ` amplid˜o das passadas man- a a tanto nas arquibancadas quanto no campo da sede do tidas durante a competi¸˜o. Semelhante benef´ ca ıcio ´ e Botafogo de Futebol e Regatas em General Severiano, poss´ quando, durante a corrida, o(a) atleta projeta ıvel no Rio de Janeiro, numa pretensiosa imita¸˜o dos am- ca seu tronco ` frente, de modo a se deixar puxar adiante a plos saltos dos cangurus australianos, analogamente ao pela a¸˜o gravitacional (“[...] atra¸˜o gravitacional” ca ca para-atleta Antˆnio Delfino de Souza,4 Fig. 18. E, in- o [25, p. 273-282]), como, ali´s, esta reproduzida a seguir a cansavelmente, repetia: “[...] vocˆs precisam sair do e (Fig. 16). ch˜o”. a 4 Conforme a Ref. [28].
  • 11. Como a f´ ısica pode contribuir para melhorar o desempenho de atletas brasileiros nos XXXI Jogos Ol´ ımpicos de 2016 2306-11 No entanto, n˜o h´ d´vidas quanto ` busca de meios a a u a tecnol´gicos que contribuam efetivamente para os estu- o dos da melhoria dos resultados atl´ticos. Acredita-se e que a cria¸˜o de um dispositivo baseado na transdu¸˜o ca ca dos pulsos el´tricos gerados pelas tens˜es de compress˜o e o a exercidas pelo(a) atleta ao longo do corredor de apro- xima¸˜o, no salto em distˆncia ou em uma corrida ou- ca a tra qualquer, seja relevante. Desta maneira, com a uti- liza¸˜o de sensores piezoel´tricos (“c´lulas de cargas”), ca e e poder-se-ia registrar as dura¸˜es e as varia¸˜es da cor- co co rente el´trica do arranjo, vindo assim n˜o somente aferir e a a impuls˜o do atleta nos saltitar das corridas, sua for¸a a c sobre o solo, sua acelera¸˜o, sua velocidade ou outras ca grandezas, bem como contribuir com a Biomecˆnica.a Segundo a “Regra 128. 2” [30, p. 81-82] ou “Regra 129.3” [31, p. 6]: ´ “O Arbitro de Partida dever´ colocar-se de a tal maneira que tenha o controle visual de todos os competidores durante o desenrolar Figura 18 - Atleta em treinamento de eleva¸˜o de perna. ca ´ da partida. E recomendado, especialmente para as sa´ ıdas escalonadas, que alto-falantes 3.4. Considera¸˜es co sejam utilizados em raias individuais para Durante as provas oficiais do Atletismo nos Jogos transmitir os comandos aos participantes. Ol´ımpicos, algumas medi¸˜es f´ co ısicas s˜o realizadas. Me- a ´ Nota: O Arbitro de Partida deve posicio- didas de tempo, distˆncia, altura e velocidade do vento a nar-se de maneira que todos os participan- s˜o as mais corriqueiras. Outras, no entanto, para cum- a tes estejam em seu ˆngulo de vis˜o. Para a a primento das regras vigentes poderiam ser solicitadas corridas com sa´ ıdas baixas ´ necess´rio que e a ou determinadas pelos ´rbitros, como as medidas das a ele ent˜o se posicione de modo que possa a massas (ou pesos) dos artefatos, tais como o dardo, o verificar que todos os participantes estejam martelo ou o peso. O centro de massa do dardo e at´ e corretamente posicionados em seus lugares mesmo, num exagero extremo, a granulometria ou den- antes do disparo da pistola ou do aparelho sidade da areia contida na caixa de areia dos saltos de partida aprovado. Quando alto-falantes horizontais. n˜o s˜o usados em corridas escalonadas, a a Contudo, ainda na atualidade, depara-se com si- ´ o Arbitro de Partida dever´ posicionar-se a tua¸oes adversas como as descritas pelo f´ c˜ ısico P. Kirkpa- de maneira que a distˆncia entre ele e a ´ trick que, conforme Alvares [29, p. 146-149], com pro- cada competidor seja aproximadamente a priedade, critica os processos de medi¸˜es, lan¸ando so- co c mesma. Quando, entretanto, o Arbitro ´ bre estes suspeitas quanto ao nivelamento dos terrenos de Partida n˜o puder se posicionar em tal a nas provas de arremesso de peso e similares, martelo, posi¸˜o, o rev´lver ou aparelho de partida ca o disco e dardo. Da precis˜o dos cronˆmetros e dos siste- a o aprovado dever´ ser posicionado na posi¸˜o a ca mas eletrˆnicos a eles interligados, quando das largadas o correta e disparado por controle remoto.” das provas de pista, particularmente daquelas escalona- (grifo nosso). das efetuadas nas curvas. Ou ainda, na compara¸˜o de ca resultados e recordes ol´ ımpicos devido ` varia¸˜o so- a ca O trecho descrito acima consta das regras oficiais frida pela gravidade local, g (L, A), mostrada a seguir divulgadas pela IAAF, por´m, tais cuidados n˜o des- e a (Eq. (4)) fazem as cr´ıticas de Kirkpatrick, at´ porque, em com- e peti¸˜es de “menor importˆncia” n˜o se vˆ alto-falante co a a e g = g (L, A) = 978, 0490 + 5, 1723 × sen2 (L) − junto aos blocos nas corridas escalonadas. Outra apre- ( ) cia¸˜o cab´ ca ıvel diz respeito ` ´rea dos arremessos, n˜o aa a 2×G×M 0, 0058 × sen2 (2 × L) − × A, (4) quanto ao desnivelamento do terreno em que se arre- R3 messam os pesos e martelos, mas quanto ` resistˆncia a e onde L e A s˜o, respectivamente, a latitude e a altitude a a ` penetra¸˜o que este terreno possa oferecer, uma vez ca do lugar e G a constante da gravita¸˜o, com o valor de ca que na ´rea em uso, pela extens˜o, partes menos resis- a a 6,670 x 10−7 N cm2 /kg2 ; M a massa da Terra, com o tente permitiriam maior penetra¸˜o do peso, podendo ca valor de 5,98 x 1024 kg; e R o raio m´dio da Terra, com e sobrevir, deste modo, erros grosseiros na aferi¸˜o do ca o valor de 6,37 x 108 cm. arremesso como indica a Fig. 19.
  • 12. 2306-12 Silva Filho et al. Figura 19 - Detalhes do arremesso de peso. ⌈ Nesta Fig. 19, simulou-se um peso de massa igual na¸˜es. J´ para a melhoria do desempenho de atletas co a a 7,260 kg, “[...] [peso] m´ ınimo [...] admitido [para] e para-atletas, em particular no Atletismo, analisou-se competi¸˜o e homologa¸˜o de recordes”, com diˆmetro ca ca a alguns pontos considerados de importˆncia para a ob- a de 120 mil´ ımetros (m´dia entre 110 mm e 130 mm), e ten¸˜o de resultados t´cnicos relevantes, sem ´ claro, ca e e previstos na “Regra 188.5” [32, p. 159]. Neste en- desmerecer com isso aqueles outros pontos n˜o trata- a saio, admitiu-se o peso A caindo sobre a parte resistente dos presentemente. Assim, e com a F´ ısica Aplicada do setor de lan¸amento, enquanto o peso B, caindo na c ao Desporto, espera-se tornar os bons resultados mais parte menos resistente. Com isso, observa-se o peso B acess´ıveis. mais atolado no terreno do que o peso A. O erro ∆r, pas- Note-se, que em momentos distintos da reda¸˜o ca sivo de ser cometido na aferi¸˜o, ser´ m´ximo quando ca a a permitiu-se concordar e discordar de textos consagra- ∆r = r. Em s´ ıntese, apesar de os CM (Centro de dos por autores de renome. Em tais oportunidades fi- Massa) de ambos os pesos estarem sobre o mesmo arco cara ´bvia a escolha adotada. E mais, a n˜o percep¸˜o o a ca e, portanto, igualmente afastados do centro do c´ ırculo de correla¸˜es triviais com Biof´ co ısica, Biomecˆnica, Ci- a de arremesso dos pesos, a medida alcan¸ada pelo arre- c nesiologia e Fisiologia, apesar da possibilidade de co- messador do peso B, ser´ ∆r menor do que a medida a opera¸˜o m´tua, destacam, sem embargo, as contri- ca u alcan¸ada pelo arremessador do peso A. Sendo assim, c bui¸˜es que a F´ co ısica Aplicada ao Desporto pode adi- semelhante erro somente ser´ corrigido se a medi¸˜o for a ca cionar aos Desportos (Esportes) de alto rendimento. efetuada pelo centro de massa dos pesos em utiliza¸˜o, ca Sem d´vida, esta independˆncia revela-se como uma u e ou seja, pelo centro da calota esf´rica moldada no solo e e necessidade urgente da prepara¸˜o de profissionais cuja ca n˜o pelo ponto da circunferˆncia de c´ a e ırculo que tangen- ocupa¸˜o seja a demanda de atletas e para-atletas, ca cia horizontalmente o terreno, mais pr´ximo do c´ o ırculo tanto para o desporto de alto rendimento quanto para de arremesso. o desporto educacional. A despeito de ser um erro da ordem de, no m´ximo, a 60 mm (6,0 cm) para o diˆmetro adotado ou de 65 mm a Por fim, em decorrˆncia das investiga¸˜es, caberia e co (6,5 cm) para um peso com 130 mm, o recorde mun- apontar a necessidade de estudos mais aprofundados dial do americano Randy Barnes [33], de 23,12 metros, sobre o coeficiente de atrito est´tico entre a sapatilha- a conquistados em Los Angeles em 20 de maio de 1990 de-prego e a pista sint´tica. Do mesmo modo, o aprovei- e estaria prejudicado se tais fatos ocorressem. tamento dos acr´scimos espontˆneos que sobre os sar- e a rafos, saltadores em altura com e sem vara, excedem ao saltarem. Pois no est´gio em que se encontra a atual a 4. Conclus˜o a tecnologia, semelhantes registros incorporariam-se aos j´ obtidos eletronicamente e aceitos no Atletismo pela a Com a proposi¸˜o do IRD, buscou-se superar o fi- ca IAAF. Outra poss´ ıvel aquisi¸˜o poderia vir da minia- ca siologismo inerente a classifica¸˜o por quantitativo ca turiza¸˜o, para as sapatilhas-de-prego, das c´lulas de ca e e ordena¸˜o de medalhas por entender n˜o valori- ca a cargas hoje utilizadas em laborat´rio. Como as tens˜es o o zar os esfor¸os dos participantes, sejam eles atletas, c de compress˜o sobre a pista geram energia, esta servi- a para-atletas, t´cnicos, investidores ou incentivadores e e ria para medir as dura¸˜es e as varia¸˜es da corrente co co