O documento apresenta as principais aplicações da tecnologia nuclear na defesa, incluindo propulsão nuclear naval e submarina, geradores elétricos nucleares para uso terrestre, aeroespacial e submarino, e propulsão espacial. Também discute a importância estratégica dessas aplicações por meio da sinergia entre geração de energia nuclear e produção de combustível, efeitos de arraste tecnológico, e dissuasão nuclear.
Aplicações da tecnologia nuclear na defesa e sua importância estratégica
1. Aplicações da Tecnologia
Nuclear na Defesa
"Se apenas com idealismo nada
se consegue de prático, sem essa
força propulsora é impossível
realizar algo de grande“
Almirante Álvaro Alberto
criador do CNPq
BRASIL: TECNOLOGIA PRÓPRIA É INDEPENDÊNCIA
2. Objetivo
• Apresentar uma visão do estado atual do
conhecimento na área das aplicações da
tecnologia nuclear na DEFESA
• de forma a fomentar a discussão sobre as as
ações de defesa NBQR associadas a cada
uma dessas aplicações
3. Usos da Energia Nuclear
• Não-Pacíficos
– Explosivos
– Armas
• Pacíficos
– Energéticos
– Não energéticos
4. Legislação Brasileira
Art. 21 XXIII a)
toda atividade
nuclear em
território nacional
somente será
admitida para fins
pacíficos
5. Legislação Brasileira
• Decreto nº 1.246, de 16/09/1994:
– Promulga o Tratado para a Proscrição das Armas
Nucleares na América Latina e no Caribe (Tratado
de Tlatelolco), concluído na Cidade do México, em 14 de fevereiro
de 1967, e as Resoluções números 267 (E-V), de 3 de julho de 1990,
268 (XII), de 10 de maio de 1991, e 290 (VII), de 26 de agosto de 1992,
as três adotadas pela Conferência Geral do Orçamento para a
Proscrição das Armas Nucleares na América Latina e no Caribe
(OPANAL), na Cidade do México
• Decreto nº 2864, de 07/12/1998
– Promulga o Tratado sobre a Não-Proliferação de
Armas Nucleares, assinado em Londres, Moscou e Washington,
Nucleares
em 1º de julho de 1968
6. Usos não-pacíficos
• a reação nuclear em cadeia, de
fissão ou de fusão, é estabelecida
de forma descontrolada e explosiva
por meio de artefatos nucleares
• Para estas aplicações utiliza-se
materiais físseis especiais em alta
concentração
9. Materiais físseis especiais
• Físsil especial
Mineral de urânio
– Isótopos “ímpares” do Urânio:
• U-235 (único natural) e U-233
– Isótopos “ímpares” do Plutônio:
• Pu-239, Pu-241, Pu-243
– Amerício
• Materiais “férteis”
Mineral de tório
– URÂNIO
– TÓRIO
10. Usos pacíficos
• onde a reação nuclear em cadeia, de
Núcleo
de Reator
PWR
fissão ou de fusão, é estabelecida de
forma controlada e portanto nãoexplosiva, por meio de reatores
nucleares
Núcleo de
Reator de
Pesquisa
• podem ser classificadas em dois
subgrupos:
– Aplicações energéticas; e
– Aplicações não-energéticas.
11. Aplicações energéticas
• o objetivo principal do reator
nuclear é a produção de energia
final, a ser posta a disposição de
consumidores:
núcleoeletricidade
Angra 1 e 2
– Energia elétrica
• multi-uso
– Energia térmica
• calor industrial ou residencial
– Energia mecânica
• acionamento direto de máquinas
12. Aplicações energéticas
– Produção de eletricidade em grande escala
• para sistemas energéticos nacionais
Produção de eletricidade em pequena escala
– em locais não alcançáveis pelos setor de distribuição dos
sistemas energéticos nacionais e onde não são
disponíveis fontes locais de energia primária nem
sistemas logísticos de distribuição
Central Nuclear flutuante
• locais inóspitos e afastados: regiões polares, desertos
Amazônia?
13. Aplicações energéticas
• Produção de calor
– para processos industriais em geral
– para calefação ambiental
(residências, comércio, indústria)
Reator HTGR
Reator Slowpoke
• Produção de eletricidade e/ou calor
– para dessalinização de águas salobras
– para produção de hidrogênio
NUPLEX
project
14. Aplicações energéticas
• Produção de eletricidade espaço
exterior
– para suportar a operação de satélites,
veículos espaciais e estações fixas
Produção de eletricidade em águas
profundas
• para suportar a operação de sistemas de
exploração econômica de minerais e
hidrocarbonetos no solo e subsolo oceânico
Pré-sal?
Nuclear Underwater Gas Transfer Station (NUGTS)
16. Aplicações não energéticas
• o objetivo principal do reator nuclear
é a produção de feixes de
partículas subatômicas
empregados para:
Reator IEA-R1
– Irradiação de materiais
Ciclotron
IPEN
– Pesquisas científicas e tecnológicas
•
Para algumas destas aplicações os feixes
podem ser produzidos por aceleradores de
partículas (ciclotrons), não requerendo reatores
17. Aplicações não energéticas
• Irradiação de materiais para
produção de radioisótopos para:
– medicina nuclear (contrastes,
radiofármacos, fontes de irradiação
terapêutica);
Tomografia PET
– indústria (fontes de gamagrafia, traçadores
para análise de processos industriais);
– pesquisa ambiental (traçadores para
análise de processos naturais); e
Irradiador Co-60
– esterilização de alimentos e outros
materiais, tais como instrumentos cirúrgicos.
18. Aplicações não energéticas
• Irradiação de materiais para
modificação de propriedades
físicas:
Imagem de câmara de Wilson
– dopagem de silício para semicondutores
– homogeneidade e coloração de pedras
preciosas
• Pesquisa científica e
Tecnológica
– Física das partículas subatômicas
– Novos materiais
C-Planck quanta, Db-Gravitons, D-Splitting of particles and anti-particles, EbSpinors, E-photon emission, F-Magnetism, F#-Mesons, G-Quantum strings, AbSuperstrings, A-Quarks and gluons, Bb-Superspace, B-Higgs field and vacuum
19. Usos “duais”
• Reatores de baixa queima e recarga
em operação (GCR, PHWR, RBMK)
– Alta produção de Pu-239 “limpo”
Reator norte-coreano
• Reprocessamento de combustível
irradiado
– Separação de Plutônio
• Enriquecimento por centrifugação
– Modularidade e baixo custo
• Enriquecimento a laser
Cascata de centrífugas
– Alta capacidade separativa
Enriquecimento a laser
laboratorial
20. Aplicações na DEFESA
• Propulsão nuclear naval
– Submarinos (SSN/SNA, SSGN/SNLMC,
SSBN/SNLMB)
– Navios-aeródromos (CVN/NAN)
• Geradores elétricos nucleares
– Uso terrestre
– Uso aeroespacial
– Uso submarino
• Propulsão espacial
MIR
Reator SM-1A
Fort Greely – US Army
22. Submarinos de
Propulsão Nuclear
SUBMARINOS NUCLEARES CONSTRUÍDOS
TOTAL CHINA
TOTAL FRANÇA
TOTAL GRÃ-BRETANHA
TOTAL RUSSIA
TOTAL EUA
TOTAL GERAL
0
100
200
300
400
TOTAL
GERAL
SN
TOTAL EUA
TOTAL
RUSSIA
TOTAL GRÃBRETANHA
TOTAL
FRANÇA
TOTAL CHINA
374
169
157
27
15
6
23. Navio-Aeródromo Nuclear
• Autonomia do navio
• Horas de vôo da
aviação embarcada
– Redução do volume
de armazenamento de
combustível para o
navio permite grande
capacidade de
combustível para a
aviação embarcada
24. Geradores elétricos nucleares
STURGIS: navio operado pelo U.S. Army
PWR 45 Mwe embarcado
Geração de eletricidade no Canal do Panamá
durante a guerra do Vietnam
PM3A: geração elétrica para a
estação antártica McMurdo
SL-1A: BWR 200 Kwe + calor US Army
27. + Aplicações na DEFESA
• Planejamento e ações de emergência
– Acidentes nucleares e radioativos
– Defesa NBQR / terrorismo nuclear e radioativo
•
•
•
•
Tratamento de irradiados
Irradiação de alimentos e material médico
Medicina nuclear
Pesquisa & Desenvolvimento
– Materiais, Neutrônica, Termo-hidráulica,
Combustível
Reator
IPEN-MB/01
Instalação
de
irradiação
Acidentado
de Goiânia
28. Importância estratégica
• Sinergia entre aplicações
– Geração núcleo-elétrica
– Produção de combustível nuclear
– Efeitos de arraste tecnológico
• Dissuasão
29. Geração núcleo-elétrica
Central nuclear de Shippingport
1º gerador nucleo-elétrico comercial - 1958
STR Mk1
Protótipo em terra
Propulsão 1º SSN
Nautilus - 1954
Westinghouse
AP-1000
31. Efeitos de arraste tecnológico
um projeto de arraste tecnológico requer
•
uma “massa crítica” de cérebros humanos, reunidos num ambiente
que estimule o pleno desenvolvimento de suas potencialidade;
•
a motivação gerada por um objetivo colimador de esforços e sobre
o qual não pairem dúvidas sobre os benefícios estratégicos e
sociais que dele virão a ser derivados;
•
um planejamento de metas intermediárias coerente e consistente
com este objetivo, que seja de conhecimento de todos os
envolvidos e sobre qual haja um convencimento geral sobre sua
adequação;
•
uma abordagem gerencial que otimize a alocação de recursos (que
serão sempre insuficientes ...), de forma a aproveitar da melhor
forma possível o esforço nacional dispendido.
32. Efeitos de arraste tecnológico
•
Hyman George Rickover
Almirante-de-Esquadra, US NAVY
The development of naval nuclear
propulsion plants is a good
example of how one goes about
getting a job done. It is a good
subject to study for methods ... It has
involved the establishment of
procedures and ways of doing
government business for which
there was no precedent, and which
I believe will be necessary in the
future for similar large projects
33. Dissuasão
• Privilegiado instrumento de defesa do país
ARA San Luis
com menor poderio militar
(negar o uso do mar)
aumenta o risco do oponente
obriga o oponente a um maior esforço
Cruzador Belgrano
CONFLITO DAS MALVINAS
HMS CONQUEROR x ARA SAN LUIZ
HMS Conqueror
34. Dissuasão
• Países que possuem submarinos nucleares:
–
–
–
–
EUA, Reino Unido, França, Rússia e China (+ Índia)
esforço autônomo totalmente independente
narrado como epopéia
embrião da indústria núcleo-elétrica
• Tecnologia não é transferida
– alto valor estratégico e imenso potencial econômico
– “não-proliferação” de SN garante total liberdade de
movimentação da US Navy nos oceanos
35. TECNOLOGIA PRÓPRIA É INDEPENDÊNCIA
Aplicações da Tecnologia
Nuclear na Defesa
"Parece curioso que, numa
discussão que trata da saúde
do planeta no futuro, uma
possível e significativa solução
[a energia nuclear] seja
simplesmente ignorada em
nome da opinião pública, sem
qualquer exame sério sobre se
essa opinião é justificada“
Hans Blix
Ex-Diretor-Geral da AIEA, em 05/09/1997
“better a sub under
the sea than a bomb
in the basement”
Notas do Editor
ESTÁGIO ATUAL DO CICLO DO COMBUSTÍVEL NO CTMSP
Domínio da tecnologia de conversão de “yellow cake” (produto da mineração e beneficiamento do urânio na mina) em hexafluoreto de urânio (UF6); a usina de demonstração industrial desta tecnologia (USEXA) encontra-se em avançado estágio de implantação em ARAMAR, estando o início de sua operação prevista para o 2o semestre de 2004; na sede do CTMSP existe implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) dos processos físicos e químicos associados a esta tecnologia;
Domínio da tecnologia de enriquecimento de UF6 por ultracentrifugação gasosa, demonstrada pela implantação e operação do Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI), inaugurado em ARAMAR em abril de 1988; a usina de demonstração industrial desta tecnologia (USIDE) tem projeto modular, ou seja, é implantada por etapas até atingir-se a capacidade de produção requerida e já possui dois módulos implantados e em operação; a maturidade desta tecnologia totalmente nacional é também demonstrada pelo contrato que a Marinha firmou com as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) para implantação de uma usina industrial (município de Resende/RJ) para enriquecimento de combustível para a Central Nuclear Alte. Álvaro Alberto (reatores de Angra I e Angra II), que também tem característica modular, sendo que o primeiro módulo tem previsão para início de operação no 2o semestre de 2003; na sede do CTMSP existe implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para P&D dos processos físicos e químicos associados a esta tecnologia;
Domínio da tecnologia de máquinas ultracentrífugas para usinas de enriquecimento isotópico; em ARAMAR encontra-se implantado um conjunto de oficinas que compõem uma base de demonstração industrial para fabricação de ultracentrífugas e cascatas: Oficina de Fabricação de Componentes Mecânicos (OFCOM), Oficina de Fabricação de Tubulações (OFTUB), Oficina de Fabricação de Componentes Eletro-eletrônicos (OFCEL), Oficina de Fabricação de Componentes Especiais (OFCESP) e Oficina de Montagem de Equipamentos (OFMEQ); estas oficinas estão hoje produzindo ultracentrífugas para as cascatas da Usina de Enriquecimento Industrial em implantação na INB; na sede do CTMSP existe implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para P&D dos processos mecânicos e eletromagnéticos associados a esta tecnologia;
Domínio da tecnologia de reconversão de UF6 em óxido de urânio, demonstrada pela implantação e operação da Fase I do Laboratório de Materiais Nucleares (LABMAT), em ARAMAR; o LABMAT possui também implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para P&D dos processos físicos e químicos associados a esta tecnologia;
Domínio da tecnologia de fabricação de pastilhas de dióxido de urânio (UO2); a usina de demonstração industrial desta tecnologia (Fase II do LABMAT) encontra-se atualmente em comissionamento, estando o início de sua operação prevista para o 1o semestre de 2004; o LABMAT possui também implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para P&D dos processos físicos e químicos associados a esta tecnologia;
Domínio da tecnologia de fabricação de elementos combustíveis, demonstrada pela implantação e operação do Laboratório de Desenvolvimento de Instrumentação e Combustível Nuclear (LADICON), na sede do CTMSP; a maturidade desta tecnologia é também demonstrada pelo fato do CTMSP ser atualmente o fornecedor de grades espaçadoras dos elementos combustíveis da Usina Nuclear de Angra I para a INB, além de ter fabricado em 1988 os elementos combustíveis do Reator de Pesquisas IPEN/MB-01, implantado no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo; o LADICON possui também implantada e em funcionamento uma infraestrutura laboratorial para P&D dos processos mecânicos associados a esta tecnologia;