Este documento apresenta uma agenda para uma semana de atividades complementares sobre pesquisa em ciências sociais. A agenda inclui tópicos como ciência e conhecimento científico, pesquisa em ciências sociais, abordagens metodológicas como positivismo e estruturalismo, e a construção do conhecimento na universidade.
1. A PESQUISA EM
CIÊNCIAS SOCIAIS
Semana de Atividades
Complementares
22 e 23 de abril de 2009
Curso de Serviço Social
2. AGENDA
Ciência e conhecimento científico
Ciência e Pesquisa
Pesquisa em Ciências Sociais
• Pesquisas Qualitativas e Quantitativas
• Abordagens Relevantes
• Tipos de Dados
• Coleta e Tratamento de Dados
A construção do conhecimento na
Universidade – Responsabilização Ética
3. Ciência e Conhecimento Científico
Nossa sociedade costuma associar
conhecimento verdadeiro ou “crível” com
conhecimento derivado de procedimentos
e métodos científicos.
Mas existem formas de conhecimento
diversas, como o conhecimento filosófico,
o teológico e, mais comumente, o
conhecimento dito “vulgar”, ou “senso
comum”!!
7. Conhecimento é o pensamento que emerge
da relação entre um sujeito que conhece –
que se aplica racionalmente em descobrir
a “verdade” – e um objeto que se dispõe a
ser conhecido – que se propõe a
“desvelar” sua “verdade”, seu ser.
13. Conhecimento, portanto, pode ser
considerado como uma ferramenta
mediante a qual o ser humano
compreende si mesmo e o “mundo” em
que se encontra. É, também, embora sob
uma concepção limitada, o instrumento
que propicia o “domínio” e “manipulação”
da realidade física e social.
20. Estima-se que, para se “acabar” com a fome
no mundo, seria necessário um
investimento anual de cerca de 750
bilhões de dólares!!
21. Produção do conhecimento
científico
A ciência encara a “Verdade” como um
estado de certeza provisória: uma teoria é
válida enquanto não se conseguir provar
sua inconsistência; ou enquanto o seu
“modelo” teórico se sustentar.
Será essa teoria, elaborada a partir de
leis, que determinará o perfil de uma
ciência.
22. Uma ciência se caracteriza por ter
• Um objeto de estudo
• Um método de estudo
As ciências buscam regularidades na
natureza que possam conduzir à
elaboração de princípios “universais” e
“generalizáveis”.
23. Conhecimento Científico: Através da
classificação, da comparação, da aplicação dos
métodos, da análise e síntese, o pesquisador
extrai do contexto social, ou do universo,
princípios e leis que estruturam um
conhecimento rigorosamente válido e universal.
O conhecimento científico procura alcançar a
verdade dos fatos (objetos) e depende da
escala de valores e das crenças dos cientistas;
ele resulta de pesquisas metódicas e
sistemáticas da realidade.
24. “Por volta do início do século XX, uma
parcela da comunidade científica se
apercebeu que, diferentemente da noção
de conhecimento da realidade vigente até
essa época, não se pressupõe mais a
possibilidade de um conhecimento
universal e perene, mas sim que há
apenas a alternativa de se conhecer
parcelas da realidade.” (Motta, A ciência
no século XX)
25. A “Fórmula” do sucesso!!
If A = success,
then the formula is:
A=X+Y+Z
X is work.
Y is play.
Z is keep your mouth shut.
(Einstein)
26. Ciência, pesquisa e sociedade do
conhecimento
“A cada dois ou três séculos ocorre na
história da sociedade ocidental uma
grande transformação. (...) Em poucas
décadas, a sociedade se reorganiza...
Depois de cinqüenta anos, existe um novo
mundo. E as pessoas nele nascidas não
conseguem imaginar o mundo em que
seus avós viviam e no qual nasceram
seus pais.” (Drucker, 1999)
27. MAS... O que é, “mesmo”,
ciência??
A ciência é uma especialização, um
refinamento de potenciais comuns a
todos.
A ciência é a hipertrofia de capacidades que
todos têm.
(Rubem Alves)
28. Ela é dona-de-casa.
Pega o dinheiro e vai
à feira. Uma pessoa
como milhares de
outras. Vamos pensar
em como ela
funciona, lá na feira,
de barraca em
barraca...
29. Adequa os recursos Classifica os alimentos (indesejáveis,
desejáveis, supérfluos)
de que dispõe (em Os preços são comparados
dinheiro) às A estação dos produtos é verificada
necessidades de sua (oferta x demanda)
família (em comida)! Senso econômico acoplado a outras
“ciências” (Ciências Humanas, por
Processa uma série exemplo – sem nunca ter lido teorias,
de informações... sabe que a escolha dos alimentos não se
regula só por aspectos econômicos, mas
também fatores simbólicos, sociais e
políticos)
Apesar de não trabalhar com
“instrumentos” científicos, o procedimento
da dona-de-casa é simplista, ingênuo?
30. Atenção!!
Aquilo que outras pessoas, em outras
épocas, consideraram como ciência,
sempre parece ridículo, séculos depois.
31. A pesquisa
Pesquisar tem sido o caminho humano
para responder questões e para se
construir novas idéias e ideais, seja no
mundo acadêmico, seja no mundo da vida
cotidiana.
32. Pesquisar é descobrir, é desnudar o que existe,
algo que ainda não foi trazido ao conhecimento. A
pesquisa é um micromundo humano e, portanto,
tem um papel importante na reconstrução das
Ciências [...] e da Vida como um todo. Não só as
Instituições de ensino, mas toda e qualquer
organização, evoluem pela busca contínua de
conhecimentos, através de pesquisas referentes
ao próprio contexto, integradas a conhecimentos já
produzidos e que possam ser aproveitados para
solucionar suas dificuldades ou aprimorar sua
realidade.
33. Abordagens metodológicas
Não há coisa pior, mais inconsistente, do
que um cientista ou pesquisador que não
sabe, com clareza (e convicção!) qual a
corrente de pensamento, a linha teórica, a
abordagem da realidade mediante a qual
se aproxima das evidências, extrai ou
coleta dados, elabora hipóteses e vai em
busca de comprovações.
34. Abordagens...
Empirismo e Positivismo
Sistemismo e Funcionalismo
Dialética
Estruturalismo
...
36. Positivismo
Principais características:
• Empirismo – parte-se da percepção da realidade,
conforme se ajusta aos sentidos;
• Objetividade – respeito ao objeto de estudo, o que
implica uma descrição independe da influência do
observador e uma experimentação, que reduz a
intervenção do pesquisador;
• Explicabilidade – não se concebe efeito sem causa;
• Mensurabilidade – a matemática é a forma ideal para
explicar a realidade;
• Experimentação – somente pelo teste, mede-se a
precisão de uma hipótese e seu poder de explicar os
eventos;
• Validade – somente pelo controle rígido dos fatores
intervenientes é que se pode chegar à precisão da
ciência;
• Previsibilidade – o conhecimento é passível de ser
explicado por leis que o determinam.
37. Estruturalismo
Considera-se um trabalho estruturalista, toda vez que
se aceita que, por detrás dos fenômenos, sempre é
possível construir um modelo estrutural, que consiste
num conjunto de elementos com leis próprias. Este
conjunto forma um sistema de relações, de tal ordem
imbricado, que a alteração de um desses elementos
implica a alteração de todos os demais.
No estruturalismo há dois princípios fundantes:
a) a concepção de uma infra-estrutura de base para os
fenômenos que podem ser alvo de pesquisa.
b) a relação entre os termos eu organizam a infra-estrutura
deve ser estudada e não a consideração desses termos por si
mesmo.
38. Estruturalismo
Concebem-se dois tipos de estudos:
• Sincrônico – dá conta das relações
simultâneas que ocorrem num mesmo
período.
• Diacrônico – dá conta das alterações
provocadas pelo tempo, isto é observam as
mudanças ocorridas nos fenômenos.
39. Ordem sintagmática –
Ações/funções que se sucedem em certa ordem.
Ordem paradigmática –
Os vários termos/ações que, na ordem, poder ser
equivalentes ou trocados.
Efeito de sentido –
Encontro das duas ordem.
40. Relação de sintagma –
As relações atuais, presentes.
Relação de paradigma –
As relações possíveis, ausentes mas “na
memória”; a ação é definida pela escolha entre
diversas possibilidades.
Efeito de sentido –
Em uma narrativa, é produzido pelo encontro das
ordens horizontal e vertical, do sintagma e do
paradigma.
41. E
I
X
O
ENTRADA CARNES ACOMPANHAMENTO SOBREMESA
P
EIXO A S I NTAG M ÁTI C O
R FRITAS DOCE
SOPA VITELA
A
SALADA FRANGO ARROZ SORVETE
D
FRIOS... PERNIL... I MACARRÃO FRUTA...
G
M
Á
T
I
C
O ESCOLHA
42. Sistemismo
Também conhecida como funcionalismo, divide
características em comum com o método
estruturalista, com a diferença na concepção de
que o sistema é superior às partes que o
compõe.
O todo sistêmico, além de ser a soma das
partes que o organizam, é também o efeito
dessa organização. O estudo funcionalista
procura identificar aspectos desta síntese.
43. Dialética
O raciocínio dialético consiste em três
elementos:
• Tese – é apresentada com a intenção primeira de
ser questionada e, se possível impugnada.
• Antítese – procura questionar os pontos fracos da
tese, provocando, neste confronto, uma crise.
• Síntese – é uma proposição superior que, em
princípio, consiste na fusão dos pontos positivos
da tese e da antítese.
A Dialética lida essencialmente com o
conflito, com as contradições da realidade.
Os contrários são o verso e anverso de uma
mesma realidade.
44. Leis da Dialética
A dialética se assenta sob quatro leis;
• Tudo se relaciona – o mundo é um conjunto
de coisas sempre inacabadas, sempre
prontas às mudanças. O fim de um processo
é sempre o começo de outro;
• Tudo se transforma – a negação é o motor da
dialética. Algo é e se transforma em seu
contrário e assim sucessivamente;
45. Leis da Dialética
Mudança quantitativas e qualitativas – para a
dialética a mudança quantitativa é contínua, lenta e
não perceptível, enquanto que a mudança qualitativa
é descontínua, ocorrendo através de saltos
Contradições ou luta dos contrários – os fenômenos
pressupõem contradições internas. Eles possuem
lados opostos, em conflito permanente. Toda
realidade é movimento e se não há movimento que
que não seja fruto de contradições. Não se concebe
o bem, sem opô-lo ao mal.
A realidade sob o ponto de vista dialético concebe
uma série de oposições. Individual/geral , causa e
efeito, conteúdo e forma, possibilidade/realidade
46. Fenomenologia
O método fenomenológico baseia-se na
crença de que é possível chegar-se à
essência do que se pesquisa, quando o
fenômeno é observado e examinado sob
vários pontos de vista.
São necessários a descrição do que se
passa e a busca da essência. Descrição visa
ao exame pormenorizado e a busca da
essência visa apreender o fenômeno no que
ele é.
Fenômeno é aquilo que aparece à
consciência. O fenômeno é aquilo que se
mostra a si e em si mesmo tal com é
47. Fenomenologia
A fenomenologia não é uma ciência de fatos,
mas de essências (eidética) e de percepção
da essência dos atos (apoché).
Para haver análise fenomenólógica, faz-se
uma “redução fenomenológica”. O
pesquisador tem de reduzir três aspectos: o
subjetivo, o teórico e o da tradição.
• Redução subjetiva – o dado deve ser observado
objetivamente, ou seja o fenômeno pelo fenômeno;
• Redução da teoria – todo saber prévio deve ser colocado
entre parênteses. É um olhar a partir do nada;
• Redução da tradição – observar o fenômeno no que eles
são e não no que eles tem agregados acessórios
(autoridade humana, autoridade do conhecimento científico)
49. Caracter. Positivismo Estrutural. Dialética
VISÃO •Ordem do •Ordem •Tudo é
DE Universo estrutural matéria em
MUNDO •Leis movimento
naturais •União dos
contrários
50. Caracter. Positivismo Estrutural. Dialética
VISÃO •O indivíduo •Não existe •Homem
DO •Importância •Existe •Ser histórico
HOMEM do sujeito estrutura e social
•Individual//
51. Caracter. Positivismo Estrutural. Dialética
VISÃO •Sistema •Estrutura •Classes
DA social social antagônicas
SOCIEDADE funcional
56. Exemplos - O Fracasso Escolar
Enfoque Positivista
Delimitação do problema: O Fracasso
Escolar nas escolas estaduais de 1º grau da
cidade de Porto Alegre-RS.
Formulação do problema: Existem relações
entre o fracasso escolar das escolas
estaduais de 1º grau da cidade de Porto
Alegre-RS e o nível sócio-econômico da
família, escolaridade dos pais, lugar onde
está situada a escola, centro ou periferia,
sexo dos educandos, anos de magistério dos
professores e grau de formação profissional
dos mesmos?
57. Positivista: ênfase nas relações entre as
variáveis que devem ser objetivamente
medidas, visão estática, fixa, fotográfica.
58. Enfoque fenomenológico
Delimitação do problema: O Fracasso
Escolar nas escolas estaduais de 1º grau da
cidade de Porto Alegre-RS.
Formulação do problema: Quais são as
causas, segundo a percepção dos alunos
repetentes, dos pais e dos professores, do
fracasso escolar e o significado que este tem
para a vida dos estudantes que fracassam,
segundo esses mesmos, os pais e os
educadores das escolas de 1º grau da cidade
de Porto Alegre-RS?
59. Fenomenológica: Destaca as percepções
dos sujeitos, e o significado dos
fenômenos para as pessoas.
60. Enfoque Dialético
Delimitação do problema: O Fracasso
Escolar nas escolas estaduais de 1º grau da
cidade de Porto Alegre-RS.
Formulação do problema: Quais são os
aspectos do desenvolvimento do fracasso
escolar a nível local, regional e nacional e
suas relações com o processo da educação
e da comunidade nacional e como
apresentam as contradições,
primordialmente, em relação ao currículo,
formação e desempenho profissional dos
professores e a situação de lugar da escola,
centro ou periferia, dos alunos que
fracassam, e especificamente nas escolas
estaduais de 1º grau de Porto Alegre-RS?
61. Dialético: historicidade do fenômeno,
contexto complexo e dinâmico e
contradições inerentes ao mesmo e visão
de totalidade do fenômeno estudado.
62. A COLETA DE DADOS
A coleta de dados é a pesquisa propriamente
dita. A coleta de dados, em pesquisa social,
coloca outros complicadores para o
cientista, quais sejam...
Quais dados coletar?
Como coletar esses dados?
Como analisar esses dados?
Como inferir esses dados sobre o universo?
63. A pesquisa social
A pesquisa social trabalha com uma
metodologia qualitativa.
De acordo com Denzin e Lincoln, assim
pode ser entendida a pesquisa qualitativa:
64. A pesquisa qualitativa é um campo de
investigação em sentido próprio. Uma
complexa, interconectada família de
termos, conceitos envolvem o termo
“pesquisa qualitativa”. Estes incluem as
tradições associadas ao positivismo, pós-
estruturalismo, e as muitas perspectivas
da pesquisa qualitativa, ou métodos,
ligados a atividades culturais e estudos
interpretativos.
65. A palavra qualitativa implica uma ênfase em
processos e significados que não são
rigorosamente analisados, ou medidos
[...], em termos de qualidade, quantidade,
intensidade ou frequência.
66. Investigadores qualitativos sublinham a
natureza da realidade socialmente
construída, a íntima relação entre o
pesquisador e aquilo que é estudado, e as
restrições situacionais que moldam o
inquérito.
67. A pesquisa quantitativa, por seu turno,
enfatiza a medição e análise das relações
causais entre variáveis e, não, o processo.
68. Distinguindo...
Método QUANTITATIVO
• Este método é adequado quando se deseja
conhecer a extensão - estatisticamente
falando - do objeto de estudo, do ponto de
vista do público pesquisado.
• Aplica-se nos casos em que se busca
identificar o grau de conhecimento, as
opiniões, impressões, seus hábitos,
comportamentos, seja em relação a um
produto, sua comunicação, serviço ou
instituição.
69. Método QUALITATIVO
• é adequado na investigação de atitudes,
valores, percepções e motivações do público
pesquisado, com a preocupação primordial
de entendê-los, em toda a sua profundidade.
Ou seja, o Método Qualitativo oferece
informações de natureza mais subjetiva e
latente. Isto implica não só uma análise do
discurso do entrevistado, como também de
sua postura mais global, diante das questões
que lhe são colocadas.
70. Quadro Comparativo
QUANTITATIVO QUALITATIVO
• Aspectos numéricos • Aspectos textuais
• Objetiva dimensionamento, • Busca o aprofundamento,
quantificação avalia comportamentos
• Existe uma dependência • Existe uma dependência
numérica da amostra qualitativa da amostra
• Mostra-se frágil quanto às (homogeneidade)
mudanças ambientais e • Menos suscetível às
aos efeitos do tempo mudanças ambientais e
• Normalmente sofre efeitos do tempo
menores influências do • Pode sofre maiores
pesquisador influências do pesquisador
72. DADOS
Os dados são aspectos da realidade que
interessam ao pesquisador e que devem
proporcionam a ele o conhecimento
necessário para resolver um problema.
Dados podem ser entendidos como a
informação numérica necessária para nos
ajudar a tomar decisões mais bem-
fundamentadas em determinada situação.
73. DADOS qualitativos
Em relação aos dados, também há que se
ter presente que os mesmos podem ser
qualitativos e quantitativos.
74. Dados Quantitativos
Os dados são quantitativos quando
podem ser traduzidos por números, por
unidades passíveis de serem
contabilizadas. Assim, em uma pesquisa
sobre domicílios, o número de cômodos é
uma levantamento de dados quantitativos.
75. Os dados quantitativos são tratados como
variáveis. As variáveis podem ser
contínuas ou discretas (descontínuas).
As séries decorrentes da ordenação das
variáveis podem ser geográficas,
cronológicas, específicas (fenômeno), de
frequência (seriação dos elementos
época, local e fenômeno).
76. Dados Qualitativos
Fala-se em dado qualitativo quando os
objetos de pesquisa são considerados a
partir de seus “atributos”, de “qualidades”
ou características que lhes são atribuídas
e que, para melhor análise, assumem
valores numéricos. Assim, por exemplo, a
vulnerabilidade da habitação é um dado
qualitativo, porque não tem existência em
si, mas é uma atribuição do pesquisador.
77. Os atributos podem se classificar em dois
grupos:
Dicotômicos (dicotomia): quando
apresenta duas subclasses – ex. sexo;
Policotômicos (policotomia): quando
apresenta mais de duas subclasses – ex.
estado civil.
78. DADOS PRIMÁRIOS
• São dados não disponíveis ou inacessíveis
para consulta. Normalmente tratam de
situações específicas e demandam estudos
personalizados para sua coleta e análise.
79. Dados Secundários
• São dados já disponíveis para consulta,
podendo esta ser gratuita ou remunerada.
• Normalmente tratam de situações gerais e
podem ser consultados em bancos de dados
oficiais como o IBGE, centros de pesquisas
universitários como a FGV e ainda em
institutos privados como IBOPE,
DATAFOLHA, etc
80. UNIVERSO ou POPULAÇÃO
O conjunto da totalidade dos indivíduos
sobre o qual se faz uma inferência recebe
o nome de população ou universo. A
população congrega todas as
observações que sejam relevantes para o
estudo de uma ou mais característica dos
indivíduos, os quais podem ser
concebidos tanto como seres animados
ou inanimados.
81. POPULAÇÃO é o conjunto constituído por
todos os indivíduos que apresentem pelo
menos UMA característica COMUM, cujo
comportamento interessa analisar (inferir).
Uma população é estudada em termos de
OBSERVAÇÕES de CARACTERÍSTICAS
nos indivíduos, e NÃO em termos de pessoas
ou objetos em si.
82. AMOSTRA
O conceito de amostra refere-se ao conjunto
restrito de dados, organizado e descrito
pela Estatística Descritiva, a partir do qual
a Estatística Indutiva procura fazer
inferências, tirar conclusões sobre a
natureza desses dados e estender as
conclusões para as populações, que são
os conjuntos maiores de dados.
83. A amostra pode ser definida como um
subconjunto, uma parte selecionada da
totalidade de observações abrangidas pela
população, através da qual se faz um juízo ou
inferência sobre as características da
população.
As características da amostra são chamadas de
estatísticas (descritivas).
84. Construindo a amostragem
A partir do momento em que se definem o
problema e os objetivos da pesquisa, bem
como a hipótese, o trabalho seguinte
consiste na definição dos instrumentos de
coleta e na delimitação da amostragem.
85. Os sujeitos da pesquisa:
Amostragem
Amostras não-Probabilísticas:
As amostras não-probabilísticas são
selecionadas por critérios subjetivos do
pesquisador, de acordo com sua
experiência e com os objetivos do estudo,
não sendo obtidas utilizando-se conceitos
estatísticos.
86. Amostras não-probabilísticas por conveniência: os
elementos da amostra são selecionados de acordo com a
conveniência do pesquisador, sendo normalmente pessoas ao
seu alcance e dispostas a responder um questionário.
Amostras não-probabilísticas por julgamento: os elementos
da amostra são selecionados segundo um critério de julgamento
do pesquisador, tendo como base a crença nas informações que
o elemento selecionado possa fornecer ao estudo.
Amostras não-probabilísticas por cota: o pesquisador procura
uma amostra que se identifique, em alguns aspectos, com o
universo. Esta identificação pode estar ligado ao sexo, idade,
etc., e a quantidade a ser entrevistada é aleatória.
87. Amostras Probabilísticas:
Neste tipo de amostra todos os elementos da
população têm igual probabilidade (diferente de zero)
de serem selecionados. A característica de conhecer
a probabilidade de cada elemento da população fazer
parte da mostra garante que a amostra será
constituída de elementos selecionados objetivamente
por processos aleatórios e não pela vontade
pesquisador, dos entrevistadores de campo ou
mesmo do entrevistado. Este fato, em termos
estatísticos, permite calcular em que medida os
valores de variáveis obtidos nas amostras diferem dos
valores da população, sendo esta diferença chamada
de erro amostral.
88. Amostras probabilísticas simples: a amostragem probabilística (ou
aleatória) simples caracteriza-se pelo fato de cada elemento da
população ser escolhido por meio de sorteio. É a escolha aleatória dos
elementos que farão parte da amostra.
Amostras probabilísticas estratificadas: são aplicadas quando há
uma necessidade de subdividir a população em extratos homogêneos,
como por exemplo: classe social, idade, sexo, etc. Nesta modalidade
amostral os pesos de cada variável considerada na formação do
extrato deverão ser fielmente refletidos na amostra.
Amostras probabilísticas sistemáticas: os elementos da amostra
serão selecionados aleatoriamente através de um intervalo entre os
mesmos. Esse intervalo será obtido como divisão do número do
universo (ou população), pelo número da amostra.
89. Instrumento de coleta
Após a realização do planejamento do
projeto de pesquisa, tendo sido o
problema e os objetivos definidos, bem
como a metodologia e a sistemática de
coleta dos dados, deve-se elaborar o
instrumento de coleta dos dados.
90. Instrumentos de coleta de dados
O instrumento de coleta de dados resgata
os pontos destacados:
• Na problematização
• Nos objetivos
• Nas hipóteses
91. Tipos de instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados pode servir-se de uma
ampla variedade de instrumentos. A
escolha estará em função:
• Dos dados que se quer colher
• Dos sujeitos a serem contatados
(disponibilidade, perfil...)
• Dos ambientes onde se efetuará a pesquisa...
92. Não há um modelo ideal de questionário
em relação ao conteúdo ou ao número de
perguntas. Cada projeto exige criatividade
e formas adequadas de formulação de
perguntas cujas respostas atendam a
todos os objetivos propostos.
93. Instrumentos
Em geral, os instrumentos de coletas de
dados podem ser divididos em:
Estruturados
Semi-estruturados
Não-estruturados
94. Estruturados
São aqueles instrumentos de coleta cujas partes
estão planejadas em uma seqüência rigorosa e
previamente determinada.
Semi-estruturados
São aqueles instrumentos de coleta que
possuem algumas partes já sistematizadas
previamente, mas que possuem outras
“abertas”, que podem ser
adaptadas/modificadas ao longo da entrevista
(trabalho de campo).
Não-estruturados
São aqueles instrumentos focados estritamente
no depoente, sem um direcionamento prévio,
além da manifestação espontânea do sujeito.
95. Tipos de instrumentos
Os “instrumentos” de coleta de dados
podem ser dos seguintes tipos:
Questionários
Entrevista (roteiro de entrevista)
...
Alguns processos de coleta de dados podem
não ter um “instrumento” explícito, como a
observação, pesquisas de caráter social
(pesquisa-participante) ou análise de
conteúdo.
96. I – Questionário
Elaborado pelo entrevistador para ser
respondido pelo informante, o que
determina a estrutura do questionário é,
justamente, o perfil do público-alvo, a
partir do problema, objetivos e hipóteses
da pesquisa.
97. Partes de um questionário
Um questionário, para ser eficaz e efetivo,
deve conter, minimamente:
• Questões de identificação do respondente,
delimitadas ao essencialmente necessário
para enquadramento no perfil e plano
amostral.
• Questões relativas ao objeto de pesquisa.
98. Tipos de questões
Fechadas: as que já vem com as respostas
indicadas, cabendo ao respondente optar a
partir do repertório indicado.
Abertas: as que deixam espaço à livre
expressão do respondente; não oferecem
alternativas pré-determinadas.
Semi-abertas (mistas): São aquelas que
apresentam uma estrutura a partir da qual o
respondente pode desenvolver (completar,
relacionar...) sua opinião.
99. As questões fechadas podem ser:
Dicotômicas: quando o respondente deve
escolher, necessariamente, entre duas
alternativas.
De múltipla escolha: quando o respondente
deve escolher uma (ou mais) de entre uma
lista de alternativas apresentadas. Quando
deve escolher apenas UMA, é unívoca.
Escalar (Likert): quando o respondente deve
enumerar as respostas pré-determinadas em
ordem de preferência.
100. As questões abertas são aquelas onde
apenas se enuncia a pergunta, sem
qualquer direcionamento de resposta.
As questões semi-abertas ou mistas são
aquelas que, geralmente, parte de uma
questão fechada e solicitam um
complemento por parte do informante.
101. Exemplos
Questão fechada dicotômica:
• Trabalha?
• ( ) Sim
• ( ) Não
Questão fechada de múltipla escolha:
• A renda média mensal de sua família?
• ( ) Até 2 salários mínimos
• ( ) Entre 2 e 5 salários mínimos
• ( ) Entre 5 e 10 salários mínimos
• ( ) Entre 10 e 15 salários mínimos
• ( ) Acima de 15 salários mínimos
102. Questão fechada escalar
• Você considera seu ambiente de trabalho:
• ( ) Muito agradável
• ( ) Agradável
• ( ) Desagradável
• ( ) Muito desagradável
Questão aberta
• Qual sua opinião a respeito de seu ambiente de
trabalho?
________________________________________
103. Questão semi-aberta ou mista
• Qual seu passatempo predileto, nas horas
vagas?
• ( ) Leitura
• ( ) Assistir TV
• ( ) Conversar com amigos
• ( ) Praticar esportes
• ( ) Outro. Qual?
____________________________
104. Recomendações
O questionário deve ser gradativo, introduzir o
respondente no foco do problema aos poucos
O questionário deve deixar as perguntas mais
pessoais para a metade ou parte final
As questões não devem se reportar a fato longínquo
(no tempo), nem obrigar o respondente a fazer
cálculos
A linguagem deve se adaptar ao respondente
As questões não devem ser longas ou apresentar
dupla interpretação
A estrutura do questionário não deve induzir a
resposta do entrevistado
105. II – Entrevista
Por implicar no diálogo aberto entre
pesquisador e respondente, os cuidados
com a entrevista devem ser redobrados.
Em geral, recorre-se a um “roteiro” onde se
indicam as idéias principais que devem
ser buscadas pelo entrevistador.
106. Planejamento da entrevista
Para o sucesso de uma entrevista,
devem-se observar alguns pontos:
• Seleção do entrevistado:
significado/relevância
• Plano de entrevista e questões a serem feitas
• Pré-teste
107. Recomendações - Atitudes
Relação amistosa, sem debate de idéias
Não demonstrar insegurança ou admiração
excessiva
Buscar um clima natural, deixar que as
questões fluam “naturalmente”
Objetividade
Encorajamento do entrevistado
Capacidade de síntese – anotações
Pedidos de permissão (gravador, fotos...)
108. III – Observação
A observação consiste no posicionamento do
investigador no meio a ser conhecido,
evitando, o máximo possível, a influência
recíproca (entrevistador X meio e/ou meio X
entrevistador).
Método vantajoso para aferir condutas.
Não tem uma metodologia específica, um tipo
determinado de instrumento a ser usado.
109. Recomendações
Conhecimento prévio do que observar
Planejamento de um método de registro
Atenção aos fenômenos inesperados
Registro fotográfico ou vídeo (preparação)
Elaboração de relatório posterior
110. IV – Análise de conteúdo
É a utilização de documentos ou
produções bibliográficas como base de
coleta de dados.
As fontes podem ser primárias ou
secundárias.
Determinar:
• Local (is) de coleta
• Registro de documentos
• Organização dos dados, informações...
111. ATENÇÃO!!
É sumamente importante deixar claro para o
entrevistado tanto a finalidade da
pesquisa quanto a confidencialidade das
informações. Também deve-se ter o
consentimento prévio ao início das
investigações.
Isso é conseguido pela apresentação do
Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
112. OS RESULTADOS
Deve-se ter presente que os resultados de
uma pesquisa são os dados obtidos
durante a coleta de dados.
Os resultados, uma vez analisados e
confrontados com os objetivos da
pesquisa, com as hipóteses, e
correlacionado com outros dados
(informações) vão constituir a conclusão
da pesquisa.
113. ESTRUTURA DO RELATÓRIO
O relatório de uma pesquisa deve conter
todas as partes significativas do Projeto
de Pesquisa.
Essas partes são, tanto as que deram
origem à pesquisa, quanto as relativas à
própria pesquisa de campo e seus
resultados.
114. Introdução
• Problematização
• Objetivos da pesquisa
• Hipóteses
• Justificativa
• Revisão de Literatura
• Plano amostral
• Metodologia
• Sujeitos
• Ambiente
• Instrumentos de coleta de dados
• Procedimentos
115. Desenvolvimento (a pesquisa, em si)
• Coleta de dados
• Resultados
• Gráficos e Histogramas
Conclusão
• Análise dos Dados
• Discussão dos resultados
• Indicação de Procedimentos
Anexos
116. Linguagem
A linguagem utilizada nos relatórios
deve ser impessoal, técnica e formal.
Deve-se evitar o “calão”, as gírias, as
expressões alheias aos objetivos do
trabalho.
A linguagem deve ser concisa, precisa,
adequada à área de investigação.
Devem-se evitar as “opiniões”
infundadas (os “achismos”) e as
digressões desnecessárias.
117. Formatação
Em geral, a formatação é a seguinte:
• Margens superior e esquerda de 3,0 cm
(para encadernar, esquerda de 4,0 cm);
• Margens inferior e direita de 2,0cm;
• Entrelinhas de 1,5;
• Tipo: Times New Roman, tamanho 12 (ou
Arial, tamanho 11);
• Alinhamento: justificado;
• Numeração: margem superior esquerda;
• Uso apenas do anverso da folha.
119. Fundamentação teórica,
Regulação ética!
Ciência com consciência!! (Morin)
“Não se sabe com certeza como se verifica a
fetichização da técnica na psicologia individual dos
indivíduos, onde está o ponto de transição entre
uma relação racional com ela e aquela
supervalorização, que leva, em última análise,
quem projeta um sistema ferroviário para conduzir
as vítimas a Auschwitz com maior rapidez e
fluência, a esquecer o que acontece com estas
vítimas em Auschwitz.”
(Adorno, 2000,p,133)
122. “A exigência que Auschwitz não se repita é
a primeira de todas para a educação [e a
ciência]. (...) Qualquer debate acerca de
metas educacionais [e científicas] carece
de significado e importância frente a essa
meta: QUE AUSCHWITZ NÃO SE
REPITA. Ela foi a barbárie contra a qual
se dirige toda a educação.”
(Adorno, 2000, p. 119)