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Universidade Federal do Amapá
Curso de Artes Visuais
O artesanato amapaense:
Reflexões sobre a incorporação da iconografia Maracá e Cunani
como identidade na produção artesanal
Acadêmicos:
Genilson Lima Albuquerque
Renata Sousa dos Santos
Orientador: Profº. José de Vasconcelos Silva
...as pessoas confundiam a cerâmica do Amapá com as peças marajoaras do
Pará. O Amapá não mostrava sua cara, nem consolidava sua imagem. Hoje,
já se pode respirar com mais orgulho o sentimento de posse desse tão rico
patrimônio, o qual vai desencadear novas oportunidades e sustentabilidade
para as próximas gerações...
(Cristiano Sales, colaborador do SEBRAE-AP, 2006)
Introdução
Objetivos
Analisar do ponto de vista teórico-metodológico, porque a proposta de se criar
uma identidade para a produção artesanal amapaense, através do Projeto
Iconográfico Maracá e Cunani, não obteve exito.
Identificar os pontos mais incisivos que determinaram o insucesso do projeto
governamental.
Propor a reedição do projeto de intervenção no design do artesanato local,
sob nova metodologia de elaboração e execução.
Metodologia
A revisão de literatura visa reconhecer e dar crédito à criação intelectual de
outros autores é uma questão de ética acadêmica, através dela abre-se um
espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já está estabelecido,
mas pode e deve receber novas pesquisas; ou ainda, emprestar ao texto uma
voz de autoridade intelectual. Através da revisão de literatura, reporta-se e
avalia-se o conhecimento produzido em pesquisas
(ZAHLOUTH e PAIVA, 2012, p. 01)
Estrutura do trabalho
O primeiro capítulo aborda o artesanato na trajetória histórica na construção
de seu conceito e definição. O estudo dos elementos fundamentais para a
elaboração dos conceitos de identidade e cultura são objetos do segundo
capítulo. Mostrar os artefatos e biofatos como elementos característicos da
cultura Maracá e Cunani são descritos no terceiro capítulo. Finalmente, no
quarto capitulo, analisamos criticamente o insucesso da primeira experiência
amapaense de construção identitária.
História
O artesanato tem sua origem ligada à história da humanidade, pois os homens
sempre tiveram a necessidade de produzir bens de utilidades e uso rotineiro
para garantir sua sobrevivência e bem-estar individual e coletivo, produzindo
objetos com suas próprias mãos.
Artesanato
Com a desarticulação da ordem social e econômica do Mundo Antigo, houve um
desgaste das forças de sustentação de sua cultura material, pelo fato de, com os
escravos libertados, passaram a sobreviver com o trabalho que sabiam fazer, “dando
origem ao aparecimento das profissões – melhor configuradas como ofícios, os quais,
depois no decurso da Idade Média, assumiram características bem definidas, se
reorganizariam e atingiriam um plano de apogeu, [...] (PEREIRA, 1979, p. 29)
Segundo Pereira (1979, p. 43), os artesãos surgiram no Brasil com os donatários para as
vilas das Capitanias, “[...] poucos e de ocupações não muito diversificadas [...], dando
origem a um artesanato meio desconexo, de exclusivo atendimento às necessidades
locais”.
Conceitos
Tomada em sua acepção original, a palavra artesanato significa um fazer ou o
objeto que tem por origem o fazer ser eminentemente manual. Isto é, são as
mãos que executam o trabalho. (LIMA, 2007, p. 01).
World Crafts Council (WCC)[1] ...toda atividade produtiva que resulte em objetos e
artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais
[1] O Conselho Mundial de Artesanato (WCC), fundado em 1964, é uma organização não governamental sem fins lucrativos que tem o propósito de fortalecer a posição do
artesanato como uma parte vital da cultura e da vida econômica, entre outros aspectos. Fonte: http://www.worldcraftscouncil.org/index.html.
Definições
Para Barroso (2000, p. 03), o artesanato é “toda atividade produtiva de objetos
e artefatos realizados manualmente, ou com a utilização de meios tradicionais
ou rudimentares, com habilidade, destreza, apuro técnico, engenho e arte”.
O artesanato pode ser diferenciado por categorias de finalidades, por “uma
classificação que se orienta pelo principio da operacionalidade, adotando a
finalidade dos produtos como critérios distributivos das categorias” (PEREIRA,
1979, p. 85)
 Conceitual, objetos cuja finalidade é de externar contemplação por isso se
aproxima das artes populares.
 Decorativo, serve para enfeitar; sua principal motivação é a busca da
beleza utilizada no ambiente de convívio.
 Litúrgico, utilizados em práticas religiosas.
 Lúdicos, relacionados a práticas folclóricas e tradicionais são em geral para
entretenimento.
Cultura e Identidade
Cultura
Conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os
humanos se relacionam entre si e com a Natureza e dela se distinguem, agindo
sobre ela ou através dela, modificando-a. Este conjunto funda a organização
social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração.
De acordo com Matta (1986, p.123), a cultura é “algo que está dentro e fora de
cada um de nós”, isto é, mesmo que ela não seja sempre perceptível de forma
exposta e declarada, ela está presente em toda e qualquer sociedade.
Cultura e Identidade
Identidade
Não temos conhecimento de um povo que não tenha nomes, idioma ou culturas em que
alguma forma de distinção entre o eu e o outro, nós e eles, não seja estabelecida... O
auto conhecimento – invariavelmente uma construção, não importa o quanto possa
parecer uma descoberta – nunca está totalmente dissociada da necessidade de ser
conhecido, de modos específicos, pelos outros. (CASTELLS, 2008, p. 22)
Neste processo de fricção as identidades se configuram como portadoras de
significados em constante mutação, à medida que os indivíduos se
apropriam e reelaboram tais conceitos e os devolvem à sociedade por meio
de suas produções culturais (artesanais e industriais), considerando as
características de seu contexto sócio-econômico-cultural. (BERGER (1976)
apud OLIVEIRA, 2011, p. 01),
Cerâmica Maracá
Localizada na região do Maracá no sudoeste do Estado do Amapá, no município de
Mazagão. Seus sítios arqueológicos são representado por uma série de grutas onde
foram encontradas urnas funerárias. O primeiro registro de um sitio arqueológico
Maracá foi feito em 1872 por Domingos Soares Ferreira Penna.
Aquelas em que aparecia claramente um índio
sentado em seu banquinho, com indumentária
festiva de audiência e conselho, dando uma
reprimenda. Pernas e braços de tubos ocos são
encaixados na parte da frente de um grande
cilindro de madeira, que deve representar o
tronco, enquanto a cabeça apresenta uma
espécie de capacete parecido com uma gamela
ou até mesmo um hemisfério, às vezes
lembrando um antigo elmo de centurião romano,
e eventualmente a modos de esfinge. (GOELDI
(1906) apud SANJAD e SILVA, p. 106)
A Cerâmica Maracá Cunani
Fonte da imagem http://www.zonad.com.br/zonad/noticiasdazona/04/bancos/urna-maraca.jpg
Cerâmica Maracá
Nas urnas antropomorfas as pinturas se concentram no tronco do corpo e na cabeça, em
faixas largas, nas cores branca, preta e amarela, em diferentes combinações, além de
apresentar pinturas nas cores preta e branca e vermelha, em linhas paralelas
configurando uma padronagem de listras.
Urna antropozoomorfa
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
Urna Cilíndrica
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
Urna zoomorfa
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
Urna Antropomorfa
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
A Cerâmica Maracá Cunani
Cerâmica Cunani
Encontra-se a Vila de Cunani, no município de Calçoene, na região norte do Amapá. Os
primeiros relatos de coletas de peças arqueológicas na região datam de 1883, no Monte
Cunani e 1888 na Vila do Cunani, mas somente em 1895 foi realizada uma expedição
arqueológica no local, por Emilio Goeldi e Aureliano Pinto Lima Guedes.
As condições de conservação desses produtos de
olaria são geralmente tão impecáveis que até
parece – sobretudo diante do aspecto fresco das
tintas – que as vasilhas foram feitas dias atrás. E,
contudo, sua idade deve ser avaliada em muitas
centenas de anos. (GOELDI, 1906, p. 08)
Fonte da imagem: http://3.bp.blogspot.com
A Cerâmica Maracá Cunani
A tradição Cunani chama a atenção pela grande habilidade no trabalho com a cerâmica e
pela riqueza da forma e ornamentos das peças, vemos que são usados, de um lado,
desenho e pintura, e, de outro, adornos em alto e baixo relevo.
Grande tigela, semelhante a uma cartola
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi
Travessa quadrada com fundo furado e adornos
artísticos nas laterais e nos cantos. Bol. Mus. Para.
Emílio Goeldi.
Cerâmica Cunani
Urna mortuária
Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
A campanha iniciou em 2003, e durantes três anos, equipes de arqueólogos, técnicos e
designers, entre longas pesquisas e estudos, reuniram documentos, imagens, urnas
funerárias, vasos, alguidares, encontrados nos sítios arqueológicos, que possibilitaram o
contato da equipe com a iconografia Maracá e Cunani.
A Iconografia Maracá e Cunani como identidade do artesanato amapaense.
• Identidade legitimadora – introduzida por instituições dominantes da sociedade, no
intuído de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais, tema
este que está no cerne da teoria da autoridade e dominação de Sennet (1986) e se
aplica a diversas teorias do nacionalismo.
• Identidade de resistência – Criada por atores que se encontram em
posições/condições desvalorizadas e/ou marginalizadas pela lógica da dominação
construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios
diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes
últimos conforme propõe Calhoun ao explicar o surgimento da política de identidade.
• Identidade de projeto - Quando os atores sociais utilizando-se de qualquer material
cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua
posição na sociedade e, ao fazê-lo, busca a transformação de toda a estrutura social.
(CASTELLS, 2000, p. 24)
Mudanças no processo produtivo implicam mudanças comportamentais. Portanto, os
artesãos, que são os atores deste processo, precisam de capacitação desde a
comercialização, formação de preços, marketing, gestão, cultura da cooperação até o
gerenciamento das relações interpessoais. (SEBRAE, 2004)
As intervenções de design no artesanato resultantes dos trabalhos realizados por
artesãos sob a orientação de um profissional do design objetivam a criação do chamado
“artesanato de referência cultural”, ... São em geral resultantes de uma intervenção
planejada de artistas e designers, em parceria com os artesãos com objetivo de
diversificar os produtos, porem preservando seus traços culturais mais representativos.
(SIQUEIRA, 2008, p. 57)
Uma das características mais marcantes dos artesãos é seu comportamento
individualista. Acostumado ao trabalho isolado, na maioria das vezes realizado em sua
própria residência, comparte sua experiência e seus conhecimentos apenas com seus
familiares ou algum aprendiz arregimentado na vizinhança... (NETO, 2012, p. 16)
O fato de o designer ter conhecimentos acadêmicos e ser contratado para criar produtos
em comunidades produtivas de artesanato não os imbui de uma atitude autoritária na
qual o aprendiz (leia-se artesão) é apenas um “receptáculo bocejante” (ROGERS, 1985).
O artesão deve ser o protagonista do processo criativo que ocorre durante a atuação do
designer junto aos grupos. (SIQUEIRA, 2008, p. 57)
O designer não pode achar que conhece tudo, porque, felizmente, isso é impossível ao
homem. Como dizia Paulo Freire, “não há saber maior ou menor, há saberes diferentes”.
Todas as pessoas são capazes de criar, e é importante que essa semente seja plantada
pelo designer. O ser humano precisa de estímulo para viver, para criar ou desenvolver
qualquer atividade artística. O estímulo é a mola propulsora para que o momento da
criação aconteça. (SIQUEIRA, 2008, p. 79)
A tarefa de conceber e desenvolver um novo produto, ou atualizar um produto
existente de acordo com as expectativas do mercado e respeitando-se as condições da
produção, é uma atividade altamente complexa que requer a colaboração de
profissionais experientes (como disigners, engenheiros de produção, arquitetos,
antropólogos, entre outros) e para isto não basta ter talento e capacidade criativa. É
necessária, acima de tudo, uma atitude de respeito à cultura do artesão. (MASCENE,
2010, p. 32)
Governos e instituições procuram muitas vezes utilizar elementos de um passado
glorioso como instrumento de marketing e autopromoção – mas, se os valores dos
quais procuram se apropriar não encontram um substrato sólido a partir do qual
possam ser reproduzidos, é provável que os resultados desta tentativa de criar valor
simbólico para a produção local acabe, ao contrário, por levar a seu descrédito.
(CASTRO e CORREA, 2012, p. 53)
...sofrer a dominação não significa necessariamente aceitá-la (Cuche, 1999, p. 146)
Considerações Finais
Constatou-se que a intervenção no design do artesanato amapaense, idealizada
pelo SEBRAE-AP e promovida pelo governo do Estado, com objetivo de criar
uma identidade cultural e potencializar os produtos artesanais no mercado
nacional, terminou por não alcançar seus objetivos.
No curso de nossas reflexões formulamos muitas questões e poucas respostas,
muitas portas ficaram abertas visando posterior aprofundamento, contudo
podemos considerar provisória e sinteticamente alguns pontos que foram
delineados ao longo deste estudo.
Referências Bibliográficas
CASTELLS, M. O poder da identidade. Tradução Klauss Brandini Gerhardt. 2.ed. Coleção: A Era da
Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol 2. São Paulo, Editora: Paz e Terra, 2000.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
PEREIRA, Artesanato: Definições, evolução e ação do Ministério do Trabalho; programa nacional
de desenvolvimento do artesanato. Brasília : MTB, 1979.
NUNES FILHO, Edinaldo Pinheiro. Pesquisa Arqueológica no Amapá. 2ª Ed. Macapá: B-A-BÁ, 2005.
FRANCO, Silvia Cintra. Cultura: Inclusão e diversidade. São Paulo: Moderna, 2006.
MALAGUTI, Cyntya et al. O legado das civilizações Maracá e Cunani: o Amapá revelando sua
identidade. Macapá: SEBRAE-AP, 2006.
SIQUEIRA, Isolina Passos. A força do relacionamento entre artesão e designer no olhar de Carl
rogers. Disponível no site: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br> Acessado em 23 de Jan. 2013.
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. Bauru: Edusc,
1999.
Colaborador José VincenteColaboradora Eleni Lima colaboradora Ezequiele Lima
Fonte das imagens: http://3.bp.blogspot.com
Replicas de Urnas Maracá – Casa de Artesão
Acervo: G. Albuquerque
Vaso - Maracá – Casa de Artesão
Fotos: Acervo G. Albuquerque
Vaso - Cunani – Casa de Artesão
Fotos: Acervo G. Albuquerque
Vaso - Maracá – Casa de Artesão
Fotos: Acervo G. Albuquerque
Vaso Cunani
Fonte: http://3.bp.blogspot.com
Vaso Cunani
Fonte: http://3.bp.blogspot.com
Vaso - Cunani – Casa de Artesão
Fotos: Acervo G. Albuquerque
Iconografia Maracá e Cunani no artesanato amapaense

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Iconografia Maracá e Cunani no artesanato amapaense

  • 1. Universidade Federal do Amapá Curso de Artes Visuais O artesanato amapaense: Reflexões sobre a incorporação da iconografia Maracá e Cunani como identidade na produção artesanal Acadêmicos: Genilson Lima Albuquerque Renata Sousa dos Santos Orientador: Profº. José de Vasconcelos Silva
  • 2. ...as pessoas confundiam a cerâmica do Amapá com as peças marajoaras do Pará. O Amapá não mostrava sua cara, nem consolidava sua imagem. Hoje, já se pode respirar com mais orgulho o sentimento de posse desse tão rico patrimônio, o qual vai desencadear novas oportunidades e sustentabilidade para as próximas gerações... (Cristiano Sales, colaborador do SEBRAE-AP, 2006) Introdução
  • 3. Objetivos Analisar do ponto de vista teórico-metodológico, porque a proposta de se criar uma identidade para a produção artesanal amapaense, através do Projeto Iconográfico Maracá e Cunani, não obteve exito. Identificar os pontos mais incisivos que determinaram o insucesso do projeto governamental. Propor a reedição do projeto de intervenção no design do artesanato local, sob nova metodologia de elaboração e execução.
  • 4. Metodologia A revisão de literatura visa reconhecer e dar crédito à criação intelectual de outros autores é uma questão de ética acadêmica, através dela abre-se um espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já está estabelecido, mas pode e deve receber novas pesquisas; ou ainda, emprestar ao texto uma voz de autoridade intelectual. Através da revisão de literatura, reporta-se e avalia-se o conhecimento produzido em pesquisas (ZAHLOUTH e PAIVA, 2012, p. 01)
  • 5. Estrutura do trabalho O primeiro capítulo aborda o artesanato na trajetória histórica na construção de seu conceito e definição. O estudo dos elementos fundamentais para a elaboração dos conceitos de identidade e cultura são objetos do segundo capítulo. Mostrar os artefatos e biofatos como elementos característicos da cultura Maracá e Cunani são descritos no terceiro capítulo. Finalmente, no quarto capitulo, analisamos criticamente o insucesso da primeira experiência amapaense de construção identitária.
  • 6. História O artesanato tem sua origem ligada à história da humanidade, pois os homens sempre tiveram a necessidade de produzir bens de utilidades e uso rotineiro para garantir sua sobrevivência e bem-estar individual e coletivo, produzindo objetos com suas próprias mãos. Artesanato Com a desarticulação da ordem social e econômica do Mundo Antigo, houve um desgaste das forças de sustentação de sua cultura material, pelo fato de, com os escravos libertados, passaram a sobreviver com o trabalho que sabiam fazer, “dando origem ao aparecimento das profissões – melhor configuradas como ofícios, os quais, depois no decurso da Idade Média, assumiram características bem definidas, se reorganizariam e atingiriam um plano de apogeu, [...] (PEREIRA, 1979, p. 29) Segundo Pereira (1979, p. 43), os artesãos surgiram no Brasil com os donatários para as vilas das Capitanias, “[...] poucos e de ocupações não muito diversificadas [...], dando origem a um artesanato meio desconexo, de exclusivo atendimento às necessidades locais”.
  • 7. Conceitos Tomada em sua acepção original, a palavra artesanato significa um fazer ou o objeto que tem por origem o fazer ser eminentemente manual. Isto é, são as mãos que executam o trabalho. (LIMA, 2007, p. 01). World Crafts Council (WCC)[1] ...toda atividade produtiva que resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios tradicionais [1] O Conselho Mundial de Artesanato (WCC), fundado em 1964, é uma organização não governamental sem fins lucrativos que tem o propósito de fortalecer a posição do artesanato como uma parte vital da cultura e da vida econômica, entre outros aspectos. Fonte: http://www.worldcraftscouncil.org/index.html.
  • 8. Definições Para Barroso (2000, p. 03), o artesanato é “toda atividade produtiva de objetos e artefatos realizados manualmente, ou com a utilização de meios tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, apuro técnico, engenho e arte”. O artesanato pode ser diferenciado por categorias de finalidades, por “uma classificação que se orienta pelo principio da operacionalidade, adotando a finalidade dos produtos como critérios distributivos das categorias” (PEREIRA, 1979, p. 85)  Conceitual, objetos cuja finalidade é de externar contemplação por isso se aproxima das artes populares.  Decorativo, serve para enfeitar; sua principal motivação é a busca da beleza utilizada no ambiente de convívio.  Litúrgico, utilizados em práticas religiosas.  Lúdicos, relacionados a práticas folclóricas e tradicionais são em geral para entretenimento.
  • 9. Cultura e Identidade Cultura Conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelas quais os humanos se relacionam entre si e com a Natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. Este conjunto funda a organização social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração. De acordo com Matta (1986, p.123), a cultura é “algo que está dentro e fora de cada um de nós”, isto é, mesmo que ela não seja sempre perceptível de forma exposta e declarada, ela está presente em toda e qualquer sociedade.
  • 10. Cultura e Identidade Identidade Não temos conhecimento de um povo que não tenha nomes, idioma ou culturas em que alguma forma de distinção entre o eu e o outro, nós e eles, não seja estabelecida... O auto conhecimento – invariavelmente uma construção, não importa o quanto possa parecer uma descoberta – nunca está totalmente dissociada da necessidade de ser conhecido, de modos específicos, pelos outros. (CASTELLS, 2008, p. 22) Neste processo de fricção as identidades se configuram como portadoras de significados em constante mutação, à medida que os indivíduos se apropriam e reelaboram tais conceitos e os devolvem à sociedade por meio de suas produções culturais (artesanais e industriais), considerando as características de seu contexto sócio-econômico-cultural. (BERGER (1976) apud OLIVEIRA, 2011, p. 01),
  • 11. Cerâmica Maracá Localizada na região do Maracá no sudoeste do Estado do Amapá, no município de Mazagão. Seus sítios arqueológicos são representado por uma série de grutas onde foram encontradas urnas funerárias. O primeiro registro de um sitio arqueológico Maracá foi feito em 1872 por Domingos Soares Ferreira Penna. Aquelas em que aparecia claramente um índio sentado em seu banquinho, com indumentária festiva de audiência e conselho, dando uma reprimenda. Pernas e braços de tubos ocos são encaixados na parte da frente de um grande cilindro de madeira, que deve representar o tronco, enquanto a cabeça apresenta uma espécie de capacete parecido com uma gamela ou até mesmo um hemisfério, às vezes lembrando um antigo elmo de centurião romano, e eventualmente a modos de esfinge. (GOELDI (1906) apud SANJAD e SILVA, p. 106) A Cerâmica Maracá Cunani Fonte da imagem http://www.zonad.com.br/zonad/noticiasdazona/04/bancos/urna-maraca.jpg
  • 12. Cerâmica Maracá Nas urnas antropomorfas as pinturas se concentram no tronco do corpo e na cabeça, em faixas largas, nas cores branca, preta e amarela, em diferentes combinações, além de apresentar pinturas nas cores preta e branca e vermelha, em linhas paralelas configurando uma padronagem de listras. Urna antropozoomorfa Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Urna Cilíndrica Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Urna zoomorfa Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Urna Antropomorfa Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
  • 13. A Cerâmica Maracá Cunani Cerâmica Cunani Encontra-se a Vila de Cunani, no município de Calçoene, na região norte do Amapá. Os primeiros relatos de coletas de peças arqueológicas na região datam de 1883, no Monte Cunani e 1888 na Vila do Cunani, mas somente em 1895 foi realizada uma expedição arqueológica no local, por Emilio Goeldi e Aureliano Pinto Lima Guedes. As condições de conservação desses produtos de olaria são geralmente tão impecáveis que até parece – sobretudo diante do aspecto fresco das tintas – que as vasilhas foram feitas dias atrás. E, contudo, sua idade deve ser avaliada em muitas centenas de anos. (GOELDI, 1906, p. 08) Fonte da imagem: http://3.bp.blogspot.com
  • 14. A Cerâmica Maracá Cunani A tradição Cunani chama a atenção pela grande habilidade no trabalho com a cerâmica e pela riqueza da forma e ornamentos das peças, vemos que são usados, de um lado, desenho e pintura, e, de outro, adornos em alto e baixo relevo. Grande tigela, semelhante a uma cartola Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi Travessa quadrada com fundo furado e adornos artísticos nas laterais e nos cantos. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cerâmica Cunani Urna mortuária Fonte: Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi.
  • 15. A campanha iniciou em 2003, e durantes três anos, equipes de arqueólogos, técnicos e designers, entre longas pesquisas e estudos, reuniram documentos, imagens, urnas funerárias, vasos, alguidares, encontrados nos sítios arqueológicos, que possibilitaram o contato da equipe com a iconografia Maracá e Cunani. A Iconografia Maracá e Cunani como identidade do artesanato amapaense. • Identidade legitimadora – introduzida por instituições dominantes da sociedade, no intuído de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais, tema este que está no cerne da teoria da autoridade e dominação de Sennet (1986) e se aplica a diversas teorias do nacionalismo. • Identidade de resistência – Criada por atores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou marginalizadas pela lógica da dominação construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo opostos a estes últimos conforme propõe Calhoun ao explicar o surgimento da política de identidade.
  • 16. • Identidade de projeto - Quando os atores sociais utilizando-se de qualquer material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, busca a transformação de toda a estrutura social. (CASTELLS, 2000, p. 24) Mudanças no processo produtivo implicam mudanças comportamentais. Portanto, os artesãos, que são os atores deste processo, precisam de capacitação desde a comercialização, formação de preços, marketing, gestão, cultura da cooperação até o gerenciamento das relações interpessoais. (SEBRAE, 2004) As intervenções de design no artesanato resultantes dos trabalhos realizados por artesãos sob a orientação de um profissional do design objetivam a criação do chamado “artesanato de referência cultural”, ... São em geral resultantes de uma intervenção planejada de artistas e designers, em parceria com os artesãos com objetivo de diversificar os produtos, porem preservando seus traços culturais mais representativos. (SIQUEIRA, 2008, p. 57)
  • 17. Uma das características mais marcantes dos artesãos é seu comportamento individualista. Acostumado ao trabalho isolado, na maioria das vezes realizado em sua própria residência, comparte sua experiência e seus conhecimentos apenas com seus familiares ou algum aprendiz arregimentado na vizinhança... (NETO, 2012, p. 16) O fato de o designer ter conhecimentos acadêmicos e ser contratado para criar produtos em comunidades produtivas de artesanato não os imbui de uma atitude autoritária na qual o aprendiz (leia-se artesão) é apenas um “receptáculo bocejante” (ROGERS, 1985). O artesão deve ser o protagonista do processo criativo que ocorre durante a atuação do designer junto aos grupos. (SIQUEIRA, 2008, p. 57) O designer não pode achar que conhece tudo, porque, felizmente, isso é impossível ao homem. Como dizia Paulo Freire, “não há saber maior ou menor, há saberes diferentes”. Todas as pessoas são capazes de criar, e é importante que essa semente seja plantada pelo designer. O ser humano precisa de estímulo para viver, para criar ou desenvolver qualquer atividade artística. O estímulo é a mola propulsora para que o momento da criação aconteça. (SIQUEIRA, 2008, p. 79)
  • 18. A tarefa de conceber e desenvolver um novo produto, ou atualizar um produto existente de acordo com as expectativas do mercado e respeitando-se as condições da produção, é uma atividade altamente complexa que requer a colaboração de profissionais experientes (como disigners, engenheiros de produção, arquitetos, antropólogos, entre outros) e para isto não basta ter talento e capacidade criativa. É necessária, acima de tudo, uma atitude de respeito à cultura do artesão. (MASCENE, 2010, p. 32) Governos e instituições procuram muitas vezes utilizar elementos de um passado glorioso como instrumento de marketing e autopromoção – mas, se os valores dos quais procuram se apropriar não encontram um substrato sólido a partir do qual possam ser reproduzidos, é provável que os resultados desta tentativa de criar valor simbólico para a produção local acabe, ao contrário, por levar a seu descrédito. (CASTRO e CORREA, 2012, p. 53) ...sofrer a dominação não significa necessariamente aceitá-la (Cuche, 1999, p. 146)
  • 19. Considerações Finais Constatou-se que a intervenção no design do artesanato amapaense, idealizada pelo SEBRAE-AP e promovida pelo governo do Estado, com objetivo de criar uma identidade cultural e potencializar os produtos artesanais no mercado nacional, terminou por não alcançar seus objetivos. No curso de nossas reflexões formulamos muitas questões e poucas respostas, muitas portas ficaram abertas visando posterior aprofundamento, contudo podemos considerar provisória e sinteticamente alguns pontos que foram delineados ao longo deste estudo.
  • 20. Referências Bibliográficas CASTELLS, M. O poder da identidade. Tradução Klauss Brandini Gerhardt. 2.ed. Coleção: A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol 2. São Paulo, Editora: Paz e Terra, 2000. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2011. PEREIRA, Artesanato: Definições, evolução e ação do Ministério do Trabalho; programa nacional de desenvolvimento do artesanato. Brasília : MTB, 1979. NUNES FILHO, Edinaldo Pinheiro. Pesquisa Arqueológica no Amapá. 2ª Ed. Macapá: B-A-BÁ, 2005. FRANCO, Silvia Cintra. Cultura: Inclusão e diversidade. São Paulo: Moderna, 2006. MALAGUTI, Cyntya et al. O legado das civilizações Maracá e Cunani: o Amapá revelando sua identidade. Macapá: SEBRAE-AP, 2006. SIQUEIRA, Isolina Passos. A força do relacionamento entre artesão e designer no olhar de Carl rogers. Disponível no site: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br> Acessado em 23 de Jan. 2013. CUCHE, Denys. A noção de cultura nas ciências sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. Bauru: Edusc, 1999.
  • 21. Colaborador José VincenteColaboradora Eleni Lima colaboradora Ezequiele Lima Fonte das imagens: http://3.bp.blogspot.com
  • 22. Replicas de Urnas Maracá – Casa de Artesão Acervo: G. Albuquerque Vaso - Maracá – Casa de Artesão Fotos: Acervo G. Albuquerque Vaso - Cunani – Casa de Artesão Fotos: Acervo G. Albuquerque Vaso - Maracá – Casa de Artesão Fotos: Acervo G. Albuquerque Vaso Cunani Fonte: http://3.bp.blogspot.com Vaso Cunani Fonte: http://3.bp.blogspot.com Vaso - Cunani – Casa de Artesão Fotos: Acervo G. Albuquerque