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AGENTES QUÍMICOS
ANTECEDENTES GERAIS
Os diversos agentes químicos que podem poluir um local de trabalho e entrar em contato
com o organismo dos trabalhadores podem apresentar uma ação localizada ou serem distribuídos aos
diferentes órgãos e tecidos, levados pelos fluidos internos (sangue e outros), produzindo uma ação
generalizada.
Por este motivo as vias de ingresso destas substâncias ao organismo são:
◊ inalação;
◊ absorção cutânea;
◊ ingestão.
Inalação: constitui a principal via de ingresso de tóxicos, já que a superfície dos alvéolos
pulmonares representa, no homem adulto, uma superfície entre 80 a 90 m2
. Esta grande superfície
facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem passar ao sangue, para serem distribuídos a
outras regiões do organismo.
Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos, podendo produzir uma ação
localizada, ou dissolvem-se para serem distribuídos através do aparelho circulatório.
Sendo o consumo de ar de 10 a 20 kg diários, dependendo fundamentalmente do esforço
físico realizado, é fácil chegar à conclusão que mais de 90% das intoxicações generalizadas tenham
esta origem.
Absorção cutânea: quando uma substância de uso industrial entra em contato com a
pele, podem acontecer as seguintes situações:
a) A pele e a gordura protetora podem atuar como uma barreira protetora
efetiva.
b) O agente pode agir na superfície da pele, provocando uma irritação primária.
c) A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar
uma sensibilização.
d) O agente pode penetrar através dela, atingir o sangue e atuar como um
tóxico generalizado. Assem, por exemplo, o ácido cianídrico, mercúrio, chumbo
tetraetila (usado nas gasolinas como antidetonante), alguns defensivos agrícolas, etc. São
substâncias que podem ingressar através da pele, produzindo uma ação generalizada.
Apesar destas considerações, normalmente a pele é uma barreira bastante efetiva para os
diferentes tóxicos, e são poucas a substâncias que conseguem ser absorvidas em quantidades
perigosas. Por essas razões, as medidas de prevenção de doenças, nesses casos, devem incluir a
proteção da superfície do corpo.
Ingestão: representa apenas uma via secundária de ingresso de tóxicos no organismo, já
que nenhum trabalhador ingere, conscientemente, produtos tóxicos.
Isto pode acontecer de uma forma acidental ou ao engolir partículas que podem ficar
retidas na parte superior do trato respiratório ou ainda ao inalar substâncias em forma de pós ou
fumos.
Além do já exposto, temos que considerar que o aparelho digestivo formado de tal modo
que seleciona os materiais úteis ao organismo, e rejeita os que não lhe servem.
4.0 LIMITES DE TOLERÂNCIA - AGENTES QUÍMICOS
A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de trabalho
oferece um risco à saúde dos trabalhadores. Entretanto, o fato de entrarem expostos a estes
agentes agressivos não implica, obrigatoriamente, que estes trabalhadores venham a contrair
uma doença do trabalho.
Para que os agentes causem danos à saúde, é necessário que estejam acima de
uma determinada concentração ou intensidade, e que o tempo de exposição a esta
concentração ou intensidade seja suficiente para uma atuação nociva destes agentes sobre o
ser humano.
Vemos, portanto, que é muito importante fazermos uma avaliação quantitativa do
agente, bem como avaliarmos o tempo real de exposição do trabalhador a este agente
(qualidade - quantidade tempo de exposição).
Denominamos “Limites de Tolerância” àquelas concentrações dos agentes químicos
ou intensidade dos agentes físicos presentes no ambiente do trabalho, sob as quais os
trabalhadores podem ficar expostos durante toda a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos
a sua saúde.
Estes limites têm por objetivo garantir a proteção da saúde, mas o seu caráter não é
absoluto, refletindo, unicamente, o estado em que se encontram os conhecimentos em um dado
momento.
Eles são baseados na melhor informação disponível, proveniente da experiência
industrial e de estudos experimentais com animais.
Por isto, podem sofrer alterações de ano para ano, conforme se constate que o limite,
anteriormente fixado, não está protegendo efetivamente o trabalhador.
Os limites de tolerância representam um instrumento essencial no controle dos
ambientes de trabalho, ajudando a eliminar os riscos advindos da presença de agentes
ambientais. Isto porque eles possibilitam a comparação dos resultados cos avaliações de campo
com valores padrões, servindo então como guias de prevenção.
Na década de 1920 à 1930, começaram a ser propostos alguns limites, sendo os
primeiros a aparecerem os do monóxido de carbono, óxido de zinco e das poeiras de fluoretos.
Atualmente a maioria das substâncias mais comumente usadas e transformadas na indústria tem
seus limites fixados, e, a cada ano, outras tantas vão sendo adicionadas às tabelas já existentes.
Um dos valores universalmente aceitos pelos EEUU, América Latina e outros países
são aqueles publicados anualmente, desde 1947, pela “America conference or Governmental
Industrial Hygienists” - A.C.G.I.H. -, os quais são revisados permanentemente.
Estes valores devem ser entendidos como um guia para profissionais que trabalham
em Higiene Industrial, e nunca como valores rígidos de separação entre concentrações seguras
e perigosas.
No Brasil, até o ano de 1978, determinava os trabalhos insalubres, baseando-se
apenas no aspecto qualitativo do agente.
Atualmente, está em vigor a Portaria 3214/78, do Ministério do Trabalho, que fixa
limites de tolerância para as substâncias químicas, através dos Anexos nº 11 e 12 de sua Norma
Regulamentadora nº 15 - “Atividades e Operações Insalubres”.
Esta foi uma grande meta alcançada pelo País, no tocante à Saúde Ocupacional,
possibilitando equipararmo-nos hoje às grandes nações do mundo, que muito se têm
preocupado com a preservação da integridade física de seus trabalhadores.
As substâncias anteriormente existentes na Portaria 491/65, que não tiveram seus
limites de tolerância fixados pela atual Legislação Brasileira, estão relacionadas no anexo nº 13
da cotada Norma Regulamentadora (NR) 15.
No final do tópico “Limite de Tolerância”, são transcritos na íntegra os Anexos nº 11,
12 e 13 da NR 15, Portaria 3214/78.
Muitos países já elaboram tabelas de limites de tolerância (LT), mas elas divergem
muito entre si, ou devido às características do trabalho de cada país, ou devido à maneira como
os limites foram estabelecidos.
Um exemplo típico desta divergência ocorre nos limites adotados nos EUA e na
URSS. Os valores russos para muitas substâncias são bem menores que os americanos, como
por exemplo:
Substância LT (Americano) LT (Russo)
Anilina 19 mg/m3
0,1 mg/m3
Benzeno 30 mg/m3
5 mg/m3
Isto ocorre porque o Limite de Tolerância foi estabelecido de maneira diferente nos
dois países. Os higienistas americanos o consideram como sendo a concentração ambiental
presente numa jornada de trabalho de 8 horas por dia, numa semana, de 5 dias, não provoque
às pessoas expostas, no decorrer de toda a sua vida laboral, sinal de doença ou alteração do
estado normal de saúde.
Já os russos consideram o Limite de Tolerância (LT) aquela concentração da
substância na atmosfera industrial que não seja capaz de produzir sintomas de doença
profissional ou alteração do estado normal de saúde nas pessoas que estejam expostas
diariamente, por um tempo indefinido.
Com isto, concluímos que o russo se baseia numa exposição contínua, enquanto que
o americano se baseia na exposição durante toda a vida de trabalho, mas com jornadas de 40
horas semanais.
Além disso, os métodos utilizados na determinação dos limites também divergem. Os
russos utilizam o do reflexo condicionado, que é muito mais sensível, enquanto que os
americanos se baseiam simplesmente na observação do homem e do ambiente.
Apesar de nossos limites terem sido estabelecidos de forma análoga aos dos
Estados Unidos, existe uma discrepância entre os valores fixados nestes dois países. Isto se
deve à diferença existente entre as jornadas de trabalho do brasileiro e do americano.
A nossa jornada semanal usual é de 48 horas, enquanto que a do americano é de
apenas 40 horas. Nada mais lógico, portanto, que os limites adotados no Brasil sejam menores
que os dos EUA
Convém salientar que não só os limites brasileiros são similares aos americanos, mas
que quase o de todos os outros países têm estas mesmas características. Somente os LT das
nações comunistas é que são bastante divergentes dos nossos, já que tomam por base os
limites adotados na Rússia.
A seguir damos exemplos de limites adotados no Brasil, comparando-os com os dos
Estados Unidos.
Substâncias LT (Brasil) LT (Estados Unidos)
Amônia 20 ppm * 25 ppm
Cloro 0,8 ppm 1 ppm
Dióxido de carbono 3900 ppm 5000 ppm
Gás sulfídrico 8 ppm 10 ppm
Tricloroetileno 78 ppm 100 ppm
Basicamente temos no Brasil dois tipos de limites de tolerância:
a) Limite de Tolerância - Média Ponderada, que na tabela de limites de
tolerância não tem a coluna valor teto assinalada, e representa a concentração média
ponderada, existente durante a jornada de trabalho. Isto é, podemos ter abaixo
deste, acarretando uma média ponderada igual ou inferior ao limite de tolerância.
No entanto estas oscilações para coma não podem ser indefinidas, devendo respeitar
um valor máximo que não pode ser ultrapassado. Este valor máximo é obtido através da
aplicação de um fator de desvio, conforme fórmula dada a seguir:
Valor Máximo = LT x FD., onde
LT - Limite de Tolerância
FD. - Fator de desvio, que depende da grandeza do limite de tolerância, de acordo
com a tabela que segue:
Limite de Tolerância Fator de Desvio
0 < LT <= 1 (ppm ou mg/m3
) FD - Fator de Desvio = 3
1 < LT <= 10 (ppm ou mg/m3
) FD - Fator de Desvio = 2
10 < LT <= 100 (ppm ou mg/m3
) FD - Fator de Desvio = 1,5
100 < LT <= 1000 (ppm ou mg/m3
) FD - Fator de Desvio = 1,25
1000 < LT (ppm ou mg/m3
) FD - Fator de Desvio = 1,1
Por exemplo, a amônia, que tem LT = 20 ppm, terá fator de desvio 1,5 (conforme a
tabela acima) e terá como valor máximo permissível 30 ppm (valor máximo = LT x FD = 20 ppm x
1,5), sendo que este valor deverá ser compensado por valores inferiores ao LT durante outros
períodos de trabalho, a fim de que a média ponderada das concentrações durante a jornada de
trabalho (diária ou semanal) se igual ou inferior a 20 ppm.
b)Limite de Tolerância - Valor Teto, que na tabela de limites de tolerância tem
assinalada a coluna Valor Teto, e representa uma concentração máxima que não
pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho. Para as
substâncias com estes limites, não são aplicadas os fatores de desvios, sendo o
valor máximo sempre igual ao limite de tolerância fixado.
O Anexo 11 da NR-15, que estabelece os limites de tolerância, fixa também os graus
de insalubridade para cada uma das substâncias, no caso de os limites serem excedidos, de
acordo com a gravidade dos efeitos que cada substância pode causar no organismo humano.
Além disso define, também, as condições de risco grave e iminente, sempre que os valores
máximos sejam ultrapassados, o que permite à DRT interditar o local de trabalho.
Analisando as substâncias constantes na tabela de limites de tolerância, verificamos
que elas podem ser agrupadas, como segue:
GRUPO I - Substâncias de ação generalizada sobre o organismo
Os efeitos dependem da quantidade absorvida da substância. Neste caso, os limites
podem ser excedidos, desde que não ultrapassem o valor máximo e que sejam compensados
por concentrações inferiores dentro da jornada de trabalho, a fim de garantir que a média
ponderada da concentrações se situe no LT estipulado ou abaixo dele. Esta jornada de trabalho,
para fins de compensação, tanto pode ser a de um dia, como a de uma semana.
Neste grupo situa-se a maioria das substâncias listadas. Os limites aplicados a elas
são os Limites de Tolerância - Média Ponderada, que na Tabela constante da NR-15 Anexo nº
11 não têm nenhuma coluna assinalada.
Exemplos:
Agentes Valor Absorção
Também
Até 48
hs./semana
Grau de insalubridade
a ser considerado no
caso de sua
Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3
** caracterização
Amônia 20 14 Médio
Chumbo - 0,1 Máximo
Dióxido de carbono 3900 7020 Mínimo
Monóxido de carbono 39 43 Máximo
Tricloroetileno 78 420 Máximo
GRUPO II - Substâncias de ação generalizada sobre o organismo, podendo ser
absorvidas, também, por via cutânea
Como os limites de tolerância foram fixados para absorção apenas por via
respiratória, e estas substâncias podem ser absorvidas também medidas adequadas de
proteção, para evitar absorção por via cutânea, a fim de que o LT não seja invadido.
Tais substâncias possuem assinalada a coluna absorção também pela pele, na
Tabela de Limites de Tolerância.
Elas, como as substâncias do grupo anterior, possuem limites de tolerância - média
ponderada.
Exemplos:
Agentes Valor Absorção
Também
Até 48
hs./semana
Grau de insalubridade
a ser considerado no
caso de sua
Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3
** caracterização
Anilina + 4 15 Máximo
Benzeno + 8 24 Máximo
Fenol + 4 15 Máximo
Tolueno + 78 290 Médio
* ppm - Parte de contaminante por milhões de partes de ar contaminado.
** mg/m3
- Miligramas de contaminante por metro cúbico de ar contaminado.
GRUPO III - Substâncias de efeito extremamente rápido
Em contraposição aos grupos I e II, as substâncias deste grupo, por causa de sua
ação imediata, não podem ter seu LT excedido em momento algum, devendo este ser
considerado como valor máximo.
Tais substâncias têm assinalada a coluna “Valor-Teto”, na tabela de Limites de
Tolerância.
Neste grupo, devido ao LT ser considerado Valor Teto, não pode ser aplicado o valor
de desvio, sendo o valor máximo igual ao limite de tolerância fixado na tabela.
Exemplos:
Agentes Valor Absorção
Também
Até 48
hs./semana
Grau de insalubridade
a ser considerado no
caso de sua
Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3
** caracterização
Ácido Clorídrico + 4 5,5 Máximo
Cloreto de vinila + 156 398 Máximo
Dióxido de nitrogênio + 4 7 Máximo
Formaldeído + 1,6 2,3 Máximo
GRUPO IV - Substâncias de efeito extremamente rápido e que podem ser absorvidas por
via cutânea
As substâncias deste grupo, além de não poderem ter o seu LT excedido em
momento algum, devido ao seu efeito imediato sobre o organismo, também requerem que
medidas de proteção sejam tomadas, a fim de evitar a absorção por via cutânea, o que
invalidaria o LT adotado. Neste caso, também não é aplicável o fator de desvio, sendo o valor
máximo igual ao limite de tolerância fixado na tabela.
Pertencem a este grupo somente estas 4 substâncias, que têm assinaladas tanto a
coluna de “valor Teto” como a coluna “Absorção também p/ pele” na tabela de Limites de
Tolerância.
Agentes Valor Absorção Até 48
Grau de insalubridade
a ser considerado no
Também hs./semana caso de sua
Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3
** caracterização
Álcool n-butílico + + 40 115 Máximo
n-butilamina + + 4 12 Máximo
monometil-hidrazina + + 0,16 0,27 Máximo
Sulfato de dimetila + + 0,08 0,4 Máximo
GRUPO V -
GRUPO VI -
GRUPO VII - Asfixiantes Simples
Fazem parte deste grupo alguns gases e vapores que, em altas concentrações no ar,
atuam como asfixiantes simples, isto é, deslocam o oxigênio do ar, sem provocar outros efeitos
fisiológicos significativos.
Para as substâncias deste grupo, não é possível a adoção de um LT, pois o fator
limitante é o oxigênio disponível. Portanto, para estas substâncias, o que deve prevalecer é a
quantidade de oxigênio existente no ambiente, sendo que 18% é a menor concentração
admissível para uma perfeita oxigenação dos tecidos.
As substâncias que estão listadas na tabela de Limite de Tolerância como asfixiantes
simples são:
Agentes Valor Absorção Até 48
hs./semana
Grau de insalubridade a
ser considerado no
caso de sua
Químicos Teto também p/
pele
ppm* mg/m3
** caracterização
Acetileno Asfixiantes
simples
Argônio Asfixiantes
simples
Etano Asfixiantes
simples
Etileno Asfixiantes
simples
Hélio Asfixiantes
simples
Hidrogênio Asfixiantes
simples
Neônio Asfixiantes
simples
N-propano Asfixiantes
simples
Propileno Asfixiantes
simples
GRUPO VIII - Poeiras
Neste grupo encontramos apenas duas substâncias com limites fixados, através do
Anexo nº 12, “Limite de Tolerância para Poeiras Minerais”, da NR-15.
São elas:
a) Asbestos, cujo Limite de Tolerância é de 4 fibras maiores que 5 µm por
centímetro cúbico.
b) Sílica Livre Cristalizada, que tem 3 Limites de Tolerância fixados, de acordo
com o método utilizado para a avaliação.
GRUPO IX - Substâncias Cancerígenas
Neste grupo estão incluídas as substâncias que podem provocar câncer no homem,
ou tenham induzido câncer em animais sob determinadas condições experimentais.
Tais substâncias podem já ter um LT assinalado, o que fará com que pertençam
também a um dos 6 primeiros grupos, ou não ter um LT adotado, e, neste caso, podemos citar,
como exemplo, todas as formas de asbestos, cujo LT é 4 fibras > 5µm de comprimento/cc; o
cloreto de vinila, cujo LT é de 156 ppm, valor teto.
No segundo caso, podemos citar as substâncias cancerígenas constantes da NR-15,
Anexo nº 13, para as quais nenhuma exposição ou contato é permitido por qualquer via, isto é,
os processos devem ser hermetizados e o trabalhador deve ser protegido de forma a não
permitir nenhum contato com o carcinogênico. A seguir relacionamos as substâncias ou
processos citados no Anexo nº 13, “Substâncias Cancerígenas”.
◊Produção de Benzidina;
◊β naftilamina;
◊4 nitrodifenil;
◊4 aminodifenil.
Para finalizar, gostaríamos de salientar que a aplicação dos limites de tolerância
exige experiência e conhecimento de higiene do trabalho que possibilitem a interpretação dos
resultados.
E mais, a aplicação dos limites de tolerância só terá validade, se forem adotadas
medidas corretivas com o objetivo de proteger a integridade física do trabalhador, sempre que os
limites de tolerância tenham sido ultrapassados.
Exercícios Resolvidos
1. Ao avaliarmos a concentração de amônia (LT = 20 ppm) num local de trabalho,
verificamos que o trabalhador fica exposto: 3 horas a 10 ppm e 5 horas a 25 ppm.
O limite de tolerância foi ultrapassado?
Resolução:
A) Concentração média 10 x 3 + 25 x 5 = 19,3
8
inferior a 20 ppm, limite fixado na tabela.
B) FD p/10 < LT <= 100 = 1,5
Logo: Valor Máximo = LT x FD = 20 x 1,5 = 30 ppm
A maior concentração obtida é de 25 ppm, inferior ao valor máximo.
Como nem o limite fixado nem o valor máximo foram ultrapassados, podemos afirmar
que o limite de tolerância foi respeitado.
2. Ao avaliarmos a concentração do benzeno (LT =8 ppm, pele), através da
amostragem instantânea, obtivemos os seguintes resultados.
Número de Amostra Concentração Obtida
1 8
2 8
3 12
4 18
5 4
6 4
7 4
8 4
9 4
10 4
Pergunta: O limite de Tolerância foi excedido?
Resolução:
A) concentração
Média: 8 + 8 + 12 + 18 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 70 = 7 ppm
10 10
inferior, portanto, ao LT fixado na tabela, que é de 8 ppm
B) Valor Máximo = LT x FD
como FD = 2 para 1 < LT <= 10
Valor máximo = 8 x 2 = 16 ppm;
A maior concentração obtida foi de 18 ppm, maior, portanto, que o limite fixado na
tabela.
Resposta: Como a média das concentrações foi maior que o limite de tolerância
fixado, este deverá ser considerado excedido.
3. Ao avaliarmos a concentração do CO2 (LT = 3.900 ppm), encontramos os
seguintes valores:
Número de Amostra Concentração Obtida
1 4.000
2 4.000
3 4.000
4 4.000
5 4.000
6 4.000
7 4.000
8 4.000
9 4.000
10 4.000
Pergunta: O limite de tolerância foi excedido?
Resolução:
A) Concentração média = 10 x 4.000 = 4.000 ppm, maior que o
10
o limite fixado na tabela, que é de 3.900 ppm.
B) Valor Máximo = LT x FD
FD = 1,1 para LT > 1.000, logo
3.900 x 1,1 = 4.290
A maior concentração obtida foi de 4.000 ppm, e, portanto, o valor máximo não foi
ultrapassado.
Resposta: Como a média das concentrações foi maior que o limite de tolerância fixado, este
deverá ser considerado excedido.
4. Ao avaliarmos a concentração de chumbo (LT = 0,1 ppm), no ambiente,
encontramos os seguintes resultados:
Número de Amostra Concentração Obtida
1 0,5
2 0,5
3 1,0
4 1,0
5 1,0
6 1,0
7 0,5
8 0,5
9 1,0
10 1,0
Pergunta: O limite de tolerância foi excedido?
Resolução:
A) Concentração média = 4 x 0,5 + 6 x 1,0 = 8 = 0,8
10 10
Valor este superior ao limite fixado.
B) Valor máximo = 0,1 x 3 = 0,3
Todas as concentrações obtidas ultrapassam o valor máximo.
Resposta: Tanto o limite de tolerância como o valor máximo foram ultrapassados, e,
portanto, o limite de tolerância deve ser considerado excedido.
5. Ao avaliarmos a concentração de ácido clorídrico (LT = 4 ppm, valor teto),
obtivemos as seguintes concentrações:
Número de Amostra Concentração Obtida
1 2
2 3
3 4
4 3
5 4
6 3
7 4
8 4
9 4
10 4
Pergunta: O limite de tolerância foi excedido?
Resposta: Como nenhuma das colunas das concentrações ultrapassa o limite fixado
podemos concluir que o limite de tolerância não foi excedido.
6. Ao avaliarmos a concentração do formaldeído (LT = 1,6 ppm, valor teto) obtivemos
os seguintes valores:
Número de Amostra Concentração Obtida
1 2
2 3
3 4
4 3
5 4
6 3
7 4
8 4
9 4
10 4
Pergunta: O limite de tolerância foi excedido?
Resposta: Sim, o limite de tolerância foi excedido, porque na amostra de nº 6 a concentração
excedeu o limite fixado, limite este que não pode ser ultrapassado em momento algum da
jornada de trabalho.
GRUPO X - NR 15 - ANEXO 11
GRUPO XI - Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância
e inspeção no local de trabalho
1. Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos
a agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem
ultrapassados os limites de tolerância constantes do Quadro 1 deste Anexo.
2. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 - Tabela de Limites de
Tolerância - são válidos para absorção apenas por via respiratória.
3. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 como “Asfixiantes Simples”
determinam que nos ambientes de trabalho, em presença destas substâncias, a
concentração mínima de oxigênio deverá ser dezoito por cento em volume. As
situações nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor serão
consideradas de risco grave e iminente.
4. Na coluna “VALOR TETO” estão assinalados os agentes químicos cujos
limites de tolerância não podem ser ultrapassados em momento algum do jornada de
trabalho.
5. Na coluna “ABSORÇÃO TAMBÉM PELA PELE” estão assinaladas os
agentes químicos que podem ser absorvidos, por via cutânea, e, portanto, exigindo
na sua manipulação o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à proteção
de outras partes do corpo.
6. A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de
métodos de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo
menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto, ao nível respiratório do
trabalhador. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de no
mínimo, 20 (vinte) minutos.
7. Cada uma das concentrações obtidas nas referidas amostragens não
deverá ultrapassar os valores obtidos na equação que segue, sob pena de ser
considerado situação de risco grave e iminente.
Valor máximo = LT x FD
Onde:
LT = limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro nº 1.
FD = fator de desvio, segundo definido no Quadro nº 2.
Quadro 2
LT (ppm ou mg/m3
) FD
0 a 1 3
1 a 10 2
10 a 100 1,5
100 a 1000 1,25
acima de 1000 1,1
8. O limite de tolerância será considerado excedido quando a média aritmética das
concentrações ultrapassar os valores fixados no Quadro nº 1.
9. Para os agentes químicos que tenham “VALOR TETO” assinalado no Quadro nº 1
(TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA), considerar-se-á excedido o limite de tolerância,
quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens ultrapassar os valores
fixados no mesmo Quadro.
10. Os limites de tolerância fixados no Quadro nº 1 são válidos para jornadas de
trabalho de até 48 horas por semana, inclusive.
Para jornadas de trabalho que excedam as 48 horas semanais, dever-se-á cumprir o
disposto no art. 60 da CLT.
GASES E VAPORES
Conceituação
◊ Gás: é a denominação dada às substâncias que, em condições normais de
pressão e temperatura (25ºC e 760 mm Hg), estão no estado gasoso.
Exemplos: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio.
◊ Vapor: é a fase gasosa de uma substância, que a 25ºC e 760 mm Hg é líquida ou
sólida. Exemplos: vapores de água, vapores de gasolina, vapores de naftalina.
A concentração de vapores de uma substância, a uma temperatura determinada, não
pode aumentar indefinidamente. Existe um ponto máximo denominado de saturação, a partir do
qual qualquer incremento na concentração transformará o vapor em líquido ou sólido.
Portanto, a principal diferença entre os gases e vapores é a concentração que pode
existir no ambiente. Como, para a Higiene do Trabalho, as concentrações que interessam são
pequenas, normalmente se situando abaixo da concentração de saturação, não se torna
necessário distinguir os gases dos vapores, sendo os dois estudados de uma só vez.
Comparando-se com os aerodispersóides, é importante destacar que os gases não
sedimentam nem se aglomeram, chegando a sua divisão ao nível molecular, permanecendo,
portanto, intimamente misturados com o ar, sem se separarem por si mesmos.
Classificação fisiológica dos gases e vapores
Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo
humano. Assim, podem ser divididos em 3 grupos:
◊ Irritantes;
◊ Anestésicos;
◊ Asfixiantes.
Uma substância classificada em um dos grupos acima não implica que não possua
também características dos outros grupos. Esta classificação baseia-se no efeito mais
importante, mais significativo sobre o organismo.
Será visto, a seguir, que a maioria dos solventes orgânicos são classificados como
anestésicos. No entanto, qualquer pessoa que já esteve exposta a um solvente destes (álcool,
thinner, acetona) percebeu que estas substâncias também são irritantes das vias respiratórias
superiores, isto é, nariz e garganta.
Mas estas substâncias são classificadas como anestésicos, porque este efeito é o
mais importante, o mais danoso para a saúde do homem.
GRUPO XII - Gases e vapores irritantes
Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados neste grupo, os quais
deferem em suas propriedades físico-químicas, mas têm uma característica em comum:
produzem inflamação nos tecidos epiteliais e é devida à alteração dos processos vitais normais
das células, que se manifesta por coagulação, desidratação, hidrólise, etc.
O ponto de ação dos gases e vapores irritantes é determinado, principalmente, pela
sua solubilidade.
Um irritante gasoso altamente solúvel na água é absorvido totalmente do ar, durante
o processo respiratório, pelo primeiro tecido úmido com que entra em contato, prosseguindo o ar
livre do irritante, esto é, o irritante fica retido no nariz e garganta e o ar que se aloja no pulmão já
não mais contém este contaminante.
Em conseqüência, o nariz e a garganta são os que sofrem a ação irritante dos gases
e vapores altamente solúveis; os gases e vapores pouco solúveis são absorvidos em pequena
parcela pelas vias respiratórias superiores, exercendo seu maior efeito irritante sobre o próprio
pulmão, já que é neste local que a substância irá se solubilizar.
Os gases e vapores de solubilidade moderada atuam de maneira mais ou menos
uniforme sobre todas as vias respiratórias, apesar de que este efeito se faz sentir mais
pronunciadamente nos brônquios.
Para que os irritantes possam atuar, devem, primeiramente, dissolver-se na água dos
tecidos úmidos, como a conjuntiva dos olhos e as mucosas das vias respiratórias. As partes da
pele molhadas pela transpiração podem, também, sofrer uma irritação.
Este grupo de gases e vapores irritantes divide-se em:
a) Irritantes Primários, cuja ação sobre o organismo é a irritação local e, de acordo
com o local de ação, distinguem-se em:
b) Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores.
Constituem o grupo de mais alta solubilidade na água, localizando sua ação nas vias
respiratórias superiores, isto é, garganta e nariz. Pertencem a este grupo:
◊ Os ácidos fortes, tais como:
◊ Ácido clorídrico (HCI), também denominado ácido muriático
◊ Ácido sulfúrico (H2 SO4)
◊ Os álcalis fortes, tais como:
◊ Amônia (NH3)
◊ Soda cáustica (NaOH)
◊ Formaldeído
II. Irritantes de ação sobre os brônquios
As substâncias deste grupo têm moderada solubilidade em água e, por isto, quando
inaladas, podem penetrar mais profundamente nas vias respiratórias, produzindo sua irritação,
principalmente nos brônquios.
Pertencem a este grupo:
◊ Anidrido sulfuroso (SO2)
◊ Cloro (Cl2)
III. Irritantes sobre os pulmões
Estes gases têm uma baixa solubilidade na água, podendo, portanto, alcançar os
alvéolos pulmonares, onde produzirão a sua ação irritante intensa.
Pertencem a este grupo:
◊ Ozona (O3)
◊ Gases Nitrosos, principalmente NO2 e sua forma dímera N2 O4.
Os gases nitrosos, reagem com a umidade do pulmão, regenerando ácido nítrico e
produzindo uma pneumonia química, Estes gases são produzidos no arco elétrico
(solda elétrica), por combustão de nitratos, no uso de explosivos, no uso industrial de
ácido nítrico.
◊ Fosgênio - gás incolor, originado na decomposição térmica de tetracloreto de
carbono e outros derivados halogenados.
IV. Irritantes atípicos
Estas substâncias, apesar de sua baixa solubilidade, possuem ação irritante sobre
as vias respiratórias superiores. Isto serve de advertência ao pessoal exposto, fazendo com que
as pessoas se afastem imediatamente do local. Por isto, raras vezes estas substâncias são
inaladas em quantidade suficiente para produzir irritação pulmonar.
Pertencem a este grupo:
◊ Acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado por motores diesel).
◊ Gases lacrimogênicos.
b) Irritantes Secundários
Estas substâncias, apesar de possuírem efeito irritante, têm uma ação tóxica
generalizada sobre o organismo.
Exemplo de substâncias deste grupo é o gás sulfídrico (H2S).
GRUPO XIII - Gases e vapores anestésicos
Os gases e vapores anestésicos, também denominados de narcóticos, incluem uma
grande quantidade de compostos de amplo uso industrial e doméstico.
A maioria dos solventes orgânicos pertencem a este grupo.
Uma propriedade comum a todos eles é o efeito anestésico, devido à ação
depressiva sobre o sistema nervoso central. Este efeito aparece em exposições a altas
concentrações, por períodos de curta duração.
No entanto, exposições repetidas e prolongadas a baixas concentrações, caso típico
da exposição industrial, acarretam intoxicações sistêmicas, isto é, afetam os diversos sistemas
de nosso corpo, como especificaremos mais adiante.
É importante ressaltar que estas substâncias são introduzidas em nosso organismo
através da via respiratória, alcançando o pulmão, onde são transferidas para o sangue, que as
distribuirá para o resto do corpo. Muitas delas também podem penetrar através da pele intacta,
alcançando a corrente sangüínea.
De acordo com a sua ação sobre o organismo, os anestésicos podem ser divididos
em:
a) Anestésicos primários - São assim chamados as substâncias que não produzem
outro efeito além da anestesia, mesmo em exposições repetidas a baixas concentrações.
Exemplos: hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, eteno, etc.), ésteres, aldeídos,
cetonas.
b) Anestésicos de efeitos sobre as vísceras - Exposição industrial a substâncias
deste grupo pode acarretar danos ao fígado e aos rins das pessoas expostas.
Neste grupo encontramos os hidrocarbonetos clorados, tais como tetracloretos de carbono,
tricloroetileno, percloroetileno.
c) Anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue
Estas substâncias acumulam-se, de preferência, nos tecidos graxos, medula óssea e sistema
nervoso. As substâncias aqui classificadas são principalmente os hidrocarbonetos aromáticos,
como benzeno, tolueno, xileno.
A substância que apresenta maior risco é o benzeno que, em exposições repetidas a
baixas concentrações, pode produzir uma anemia aplástica, isto é, irreversível, podendo chegar
a uma leucemia. Os seus homólogos, tolueno e xileno, têm efeitos anestésicos similares aos do
benzeno, mas possuem efeitos tóxicos consideravelmente menores.
A exposição ao tolueno e xileno pode produzir uma ligeira hipertrofia do fígado e uma
anemia discreta.
Por serem de efeito tóxico menos severo, o tolueno e o xileno são recomendados
para substituir o benzeno, diminuindo, assim, o risco a que estão expostos os trabalhadores.
d) Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso - Neste grupo encontram-se os
álcoois (metílico, etílico), ésteres de ácidos orgânicos, dissulfeto de carbono.
Em geral, os álcoois são altamente solúveis na água, fato que determina a sua eliminação de
forma lente.
No caso do álcool etílico, a lenta eliminação é contrastada com a rápida oxidação dentro do
organismo, já que este composto é transformado dentro do ciclo de combustão dos açucares e,
raramente, são inaladas quantidades suficiente para produzir anestesia.
O álcool metílico, diferentemente do etílico, é eliminado lentamente pelo organismo, o que
favorece a sua ação tóxica, que está dirigida, primeiramente, sobre o nervo ótico.
Anestésicos de ação sobre o sangue e o sistema circulatório - Neste grupo está
incluída uma série de nitrocompostos orgânicos, tais como o Nitrotolueno, Nitrito de etila,
Nitrobenzeno, Anilina, Toluidina, etc. Exposição industrial a estas substâncias pode originar uma
alteração da hemoglobina do sangue.
GRUPO XIV - Gases e vapores Asfixiantes
Chama-se de asfixia o bloqueio dos processos vitais tissulares, causado por falta de
oxigênio.
A falta de oxigênio pode acarretar lesões definitivas do cérebro, em poucos minutos.
Chama-se de anoxemia a deficiência na entrega de oxigênio aos tecidos do
organismo.
Os gases e vapores asfixiantes podem ser subdivididos em:
a) Asfixiantes simples - Estas substâncias têm a propriedade de deslocar o oxigênio
do ambiente. O processo de asfixia ocorre, então, porque o trabalhador respira um ar com
deficiência de oxigênio. Sabemos que o ar precisa ter, no mínimo, 18% de O2 para que a vida
humana seja mantida sem risco algum.
Para que a concentração do oxigênio seja reduzida de forma considerável no ambiente, é
necessário que o asfixiante simples esteja em alta concentração e que o local não possua boa
ventilação. Portanto, quando estivermos em presença de um processo de operação que
desprenda asfixiante simples para a ambiente, devemos avaliar a concentração de oxigênio, já
que o fator limitante para causar danos ao homem é função desta substância e não do asfixiante
simples em si.
Exemplos de substâncias deste grupo são:
◊ Hidrogênio, nitrogênio, hélio (gases fisiologicamente inertes)
◊ Metano, etano, acetileno (também anestésicos simples, de ação narcótica muito
fraca).
◊ Dióxido de carbono (também possuidor de outros efeitos importantes sobre o
organismo e, por isso, com limite de tolerância fixado especificamente para ele. Para
esta substância, deve ser respeitado o limite de tolerância adotado na legislação e
não aquele teor mínimo de 18% de O2, como anteriormente especificado para os
asfixiantes simples).
a) Asfixiantes químicos - Pertencem a este grupo algumas substâncias que, ao
ingressarem no organismo, interferem na perfeita oxigenação dos tecidos. Estas substâncias não
alteram a concentração do oxigênio existente no ambiente. O ar respirado contém oxigênio
suficiente, só que o asfixiante químico, que foi inalado junto com o oxigênio, não permite que
este último seja adequadamente aproveitado pelo nosso organismo.
O monóxido de carbono (CO), a anilina e o ácido cianídrico são exemplos de
asfixiantes químicos.
Avaliação dos riscos químicos
A presença de substâncias agressivas no ambiente de trabalho pode constituir um
risco para a saúde dos trabalhadores.
Isto não significa que todo pessoal exposto irá contrair uma doença profissional.
Como já foi dito anteriormente, sua ocorrência dependerá, fundamentalmente, de fatores, tais
como:
a) concentração do contaminante no ambiente de trabalho;
b) Tempo de exposição;
c) características físico-químicas do contaminante;
d) susceptibilidade pessoal.
Portanto, para avaliar o risco de exposição a um agente químico em um
concentração do contaminante no ambiente, cuidando para que as mediações sejam efetuadas
com aparelhagem adequada e que sejam o mais representativas possível da exposição real a
que estão submetidos os trabalhadores.
O tempo de exposição deve ser estabelecido através de uma análise da tarefa do
trabalhador. Esta incluirá todos os movimentos efetuados durante as operações normais e
considerará o tempo de descanso e movimentação do trabalhador fora do local de trabalho.
AERODISPERSÓIDES
Conceituação e classificação
De forma geral, um aerodispersóide está formado por uma dispersão de partículas
sólidas ou líquidas no ar, de tamanho reduzido, que pode variar entre um limite superior, não
bem definido, e que podemos fixar entre 100 a 200 µ (mícrons), até um limite inferior da ordem
de 0,5 e 0,001µ.
Podemos, então, distinguir entre os aerodispersóides:
◊ Poeiras: são partículas sólidas, produzidas por ruptura mecânica de sólidos.
◊ Fumos: são partículas sólidas, produzidas por condensação ou oxidação de
vapores de substâncias que são sólidas a temperatura normal.
◊ Névoas: são partículas líquidas, produzidas por ruptura mecânica de líquidos.
◊ Neblinas: são partículas líquidas, produzidas por condensação de vapores de
substâncias que são líquidas a temperatura normal.
Em relação ao seu tamanho, as poeiras e as névoas estão formadas por partículas
de mais de 0,5 µ de diâmetro, e os fumos e neblinas por partículas de menos de 0,5 µ.
Deve-se entender que esta não é uma diferença rígida, já que, na realidade, existe
uma superposição dos grupos.
O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende de seu
tamanho, peso específico e da velocidade de movimentação do ar.
Quanto mais tempo o aerodispersóide permanecer no ar, maior é a chance de ser
inalado pelo trabalhador e de produzir nele intoxicações.
As partículas sólidas maiores que 5 µ são retidas no aparelho respiratório superior ou
nos cílios da traquéia; as menores que 5 µ são reexaladas ao exterior.
Os aerodispersóides líquidos podem estar formados por uma substância pura, uma
solução ou uma suspensão.
No primeiro caso, deve-se ter presente que a inalação de uma partícula líquida pode
significar uma evaporação posterior e produzir ao nível dos alvéolos pulmonares uma
concentração elevada de vapores, com a conseqüente possibilidade de passar ao sangue e a
resto do organismo.
As soluções podem representar um risco tanto pelo solvente quanto pela substância
dissolvida, dependendo o possível dano das características de cada uma delas.
GRUPO XV -
GRUPO XVI - Aerosóis sólidos
Já foram classificados em poeiras e fumos, estabelecendo-se um diâmetro
aproximado de 0,5 µ como limite entre um grupo e outro.
GRUPO XVII - Fumos
Os fumos já foram definidos como partículas formadas em processos de combustão,
condensação de materiais comumente sólidos, tais como fusão de metais e a combustão de
madeira.
Para a higiene industrial, os fumos de maior interesse são os metálicos.
A maioria dos metais e seus compostos utilizados em qualquer processo industrial
apresentam algum risco. Os mais importantes são o chumbo, mercúrio, arsênico, cromo,
manganês e seus compostos.
Logo vêm, com menor importância, o que não quer dizer menor risco: o antimônio,
estanho, cobre, níquel, zinco, cádmio, selênio, ferro e seus compostos).
Entre os fumos metálicos de maior toxidade, distinguem-se os de chumbo, que
produzem a doença ocupacional chamada de saturnismo ou plumbismo.
GRUPO XVIII - Poeiras
O pó está constituído por partículas geradas mecanicamente, resultantes de
operações tais como moenda, perfuração, explosões e manuseio de minérios, limpeza abrasiva,
corte e polimento de granitos, etc.
A maior porcentagem de partículas arrastadas pelo ar, em forma de pó, tem menos
de 1 µ de tamanho.
Devemos ter presente que aquelas partículas de inferior a 5 µ são as de maior
importância e as que oferecem maior risco, por constituir a chamada fração respirável. As de
maior tamanho sedimentam e não são comumente inaladas.
O pó inorgânico de maior importância do ponto de vista da Saúde Ocupacional é a
sílica livre cristalizada, a qual acha-se em grandes quantidades na crosta terrestre (60% desta)
formando parte de rochas, minérios, areias, tecidos vegetais, etc.
O anidrido de silício (SiO2) existe na natureza em três formas:
a) Cristalizada:
◊ Quartzo;
◊ Tridimita;
◊ cristobalita.
a) Criptocristalina:
◊ Calcedônia;
◊ trípoli;
◊ Pedernal.
a) Amorfa:
◊ Sílica coloidal;
◊ Gel de sílica;
◊ Opala.
A forma cristalizada do quartzo é a de maior risco, causada de uma pneumoconiose
chamada de silicose.
Entende-se por pneumoconiose a alteração produzida no tecido dos pulmões pela
inalação de poeira orgânicas ou inorgânicas.
Esta alteração pode ser uma fibrose pulmonar ou um depósito de material inerte, que
não altera a função pulmonar.
Entre estes dois estados, existe uma variedade de danos aos pulmões.
Além da sílica, outros compostos de silício, alguns silicatos, podem atuar sobre os
pulmões, produzindo uma pneumoconiose; pode-se citar o asbesto, causador de uma fibrose
pulmonar incapacitante e com evidências já bastante comprovadas de produção de câncer
pulmonar.
Outros silicatos de importância são o talco, a terra de infusórios (formada
principalmente de conchas de unicelulares), a mica, etc.
Entre os pós orgânicos podemos distinguir dois grupos:
A - os que podem produzir doenças broncopulmonares crônicas, tais como os de
algodão, de bagaço e de agave (sisal);
B - os que podem produzir alergias, asmas ou dermatoses, tais como as de semente
de rícino, de amido e de tabaco.
Algodão: Os trabalhadores expostos a pó de algodão e agave podem adquirir a
doença chamada Bissinose.
As primeiras manifestações podem ser notadas depois de vários anos de exposição à
poeira. O trabalhador, no começo, apresenta problemas respiratórios leves e uma opressão no
peito, ao se apresentar para seu serviço nas manhãs das segundas-feiras, ou em dias
subsequentes às faltas ou dias feriados.
Se o trabalhador é afastado da exposição ao pó, no início da doença, recupera-se
totalmente. Nos casos avançados, produz-se uma incapacidade pulmonar permanente.
Uma das teorias que explicaria a doença baseia-se na presença de agentes
farmacologicamente ativos contidos na poeira e que em contato com os tecidos pulmonares
fazem com que estes liberem a substância causadora da constrição bronquial.
Bagaço: O bagaço é o material fibroso, que fica como resíduo depois de se
espremer a cana-de-açúcar. É utilizado como material isolante e acústico, na manufatura de
papel, fertilizantes, explosivos, etc.
A bagaçose é causada por inalação de pó de bagaço seco, já que o material úmido
proveniente de uma moenda recente não produz a doença.
Depois de um certo tempo de exposição, manifestam-se os sintomas, tais como febre
e dificuldade respiratória, sendo que, em estados avançados, a doença se torna crônica.
RISCOS QUÍMICOS EM UM LABORATÓRIO
Um laboratório químico apresenta vários riscos aos seus usuários, tais como:
desproteção das máquinas, manuseio de material de vidro, uso da eletricidade, incêndio,
explosão e exposição a substâncias químicas nocivas ao organismo humano.
Como bem salientou J. Idris Jones, em seu livro “Origem y Prevención de los
Acidentes de Laboratório”, as normas de segurança, um bom lay-out, uma boa manutenção dos
equipamentos, dispositivos de segurança não são suficientes para evitar os acidentes. Isto
porque, freqüentemente, estas medidas preventivas não apresentam eficiência total por falta de
cuidados do operador que desconhece totalmente o risco.
Este fato ocorre muitas vezes num laboratório químico de uma escola. Os alunos
raramente são orientados para o fator segurança.
Na maioria das vezes, a grande preocupação do professor é orientar a execução da
experiência, deixando para segundo plano a orientação quanto aos riscos advindos daquela
operação e a forma de preveni-los.
Além disso, os estudantes, na maioria das vezes, são jovens e, por isso, têm pressa
em acabar logo a experiência. E outra agravante é que sempre encontramos um aluno disposto
a fazer brincadeiras.
Se existe um desconhecimento total dos riscos, estas brincadeiras podem se tornar
perigosas.
Na minha época de escola, um dos alunos, por brincadeira, jogou ácido sulfúrico nas
costas de um colega, resultando em uma queimadura grave. Isto só ocorreu porque o rapaz, por
estar iniciando naqueles dias o seu contato com as substâncias químicas, desconhecia o poder
altamente corrosivo deste ácido. Esta substância estava sendo manuseada, sem que houvesse
uma única informação a respeito dos riscos a que estávamos expostos. Este acidente
provavelmente teria sido evitado, se o laboratório da escola contasse com um programa efetivo
de prevenção.
A escola forma o trabalhador de amanhã. Se, quando aluno, o indivíduo manuseia as
substâncias químicas de forma insegura, provavelmente, quando estiver trabalhando em uma
indústria, a sua tendência será trabalhar com a mesma displicência com que trabalhava
anteriormente na escola.
Todo laboratório deve possuir uma capela, para operações que liberem vapores
prejudiciais à saúde, bem como chuveiro de emergência e lava-olhos para o caso de um
acidente. O laboratório deve ser mantido em perfeita ordem, tendo todos seus frascos rotulados.
Um bom rótulo deve conter, no mínimo, as seguintes informações:
a) Nome técnico do produto
b) Palavra de advertência
◊ PERIGO, para substâncias que apresentem alto risco;
◊ CUIDADO, para substâncias que apresentem risco médio;
◊ ATENÇÃO, para substâncias que apresentem risco leve.
a) Indicação do risco
◊ Informações sobre os riscos relacionados ao manuseio, tais como:
EXTREMAMENTE INFLAMÁVEIS
NOCIVO, SE ABSORVIDO ATRAVÉS DA PELE
d) Aspectos toxicológicos
e) Medidas preventivas
◊ Informações como:
Mantenha afastado do calor ou chama;
Evite respirar o vapor;
Evite inalar a poeira.
d) Primeiros socorros
e) instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamento
Outro aspecto que deve ser de conhecimento dos usuários são os efeitos das
substâncias sobre o organismo, a forma correta de manuseio, e inclusive as medidas de primeiro
socorro.
Informações detalhadas, com relação a estes aspectos, podem estar dispostas num
arquivo, acessível a todos.
MEDIDAS GENÉRICAS DE CONTROLE DOS AGENTES AMBIENTAIS
Substituição do produto tóxico ou nocivo
A substituição de um material tóxico não é sempre possível; entretanto, quando o é,
representa a maneira mais segura de eliminar ou reduzir um risco.
Entre os numerosos exemplos que podem ser citados no emprego deste método,
está a troca do chumbo por óxido de titânio e zircônio, e por sais de zinco, em esmaltes
vitrificados e pinturas. Como é sabido, o chumbo era usado como constituinte em esmaltes
vitrificados, e tendo a propriedade de solubilizar-se em soluções cítricas (limonada) ou acéticas
(vinagre), teve de ser substituído na fabricação de artigos de louça par uso doméstico. Nas
pinturas, a substituição teve de dar-se notadamente na fabricação de brinquedos.
Também é um bom exemplo a substituição do quartzo granulado que é usado na
limpeza de peças metálicas, em jato sob pressão, por granalha de aço, o que reduz de forma
considerável o risco de silicoses (quando não se tratam de peças fundidas em areia, é bom
frisar).
De maneira análoga, foram substituídos os sais de mercúrio, usados no tratamento
dos pêlos animais, na fabricação de chapéus de feltro, por uma mistura de água oxigenada e
sulfato de sódio.
Igualmente, até onde tem sido possível, se tem substituído o benzeno por xileno,
tolueno, hexano ou nafta solvente, produtos que têm uma toxicidade mais reduzida que o
benzeno e propriedades razoavelmente similares para os seus usos específicos.
Mudanças ou alteração do processo ou operação
Uma mudança de processo oferece em geral oportunidades para a melhoria das
condições de trabalho. Naturalmente, a maioria das mudanças ou alterações são feitas no
sentido da redução de custos e aumento de produção, e só ocasionalmente favorecem o meio
ambiente. Entretanto, deve o profissional de segurança saber tirar partido dessas mudanças,
orientando-as de sinal de segurança saber tirar partido dessas mudanças, orientando-as de
maneira a conseguir também os seus objetivos e lutando por alterações específicas que visem o
ambiente de trabalho. Entre as operações, cujos riscos essas medidas eliminam ou reduzem
significativamente, podemos citar as seguintes:
◊ Utilização de pintura por imersão ao invés de pintura a pistola;
◊Processos úmidos no lugar de operações “a seco”, para o controle de suspensões
de partículas;
◊Mecanização e automatização de processos, como o ensacamento de pós e a
mecanização do empastamento de placas de baterias.
Encerramento ou enclausuramento da operação
Esta medida, como se auto-explica através da designação, consiste no confinamento
da operação, objetivando-se, assim, impedir a dispersão do contaminante por todo o ambiente
de trabalho. O confinamento pode incluir ou não o trabalhador. Como medida indicada para
processos que produzem forçosamente incluído no enclausuramento, a ele deve ser fornecido
equipamento abrasivo, e o manuseio de solventes altamente tóxicos.
Quando o operador não está incluído no enclausuramento, e só tem acesso à
operação através de aberturas especiais, temos as chamadas “Glove Boxes” (caixas com luvas).
As caixas, que envolvem a operação, são de material transparente ou dotadas de visores, e as
aberturas de manuseio “vestem” luvas impermeáveis no operador, isolando totalmente o
processo. São exemplos: o esmerilhado e gravação de cristais, caixas de jateamento abrasivo,
certos processos da indústria química.
Adicionalmente, o enclausuramento de um processo nocivo, quando automatizado ou
semi-automatizado, é das medidas mais eficientes. Exemplo: máquinas de jateamento abrasivo
com granalha de aço (Wheelabrators).
Segregação da operação ou processo
A segregação ou isolamento é particularmente útil para operações limitadas que
requerem um número reduzido de trabalhadores, ou onde o controle por qualquer outro método
é muito dificultoso. A tarefa é isolada do restante das operações e, portanto, a maioria dos
trabalhadores não é exposta ao risco específico; aqueles que realmente estão envolvidos na
operação receberão proteção especial individual e/ou coletiva, tornada em geral
economicamente viável pela própria ação de segregação.
A segregação pode ser feita no espaço ou no tempo. Segregação no espaço
significa isolar o processo à distância; segregação no tempo significa executar uma tarefa fora
do horário normal, reduzindo igualmente o número de expostos.
Exemplos: Setores de jateamento de areia na indústria em geral e na construção
naval (segregação no espaço); manutenção e reparos que envolvem altos riscos (segregação no
tempo).
Ventilação geral diluidora
O propósito que se tem em vista, ao instalar-se um sistema de ventilação geral em
um ambiente de trabalho, é o de rebaixar a concentração de contaminantes ambientais a níveis
aceitáveis mediante a introdução de grandes volumes de ar, efetuando-se a diluição dos
mesmos. Sendo assim, deduz-se que este sistema deve estar restrito àqueles sítios nos quais o
contaminante é produzido em vários lugares de um mesmo recinto. Sua eficácia pode também
ser aumentada utilizando-se correntes convectivas criadas por corpos a temperatura elevada,
facilitando a eliminação do ar contaminado. Lamentavelmente, a ventilação geral (natural ou
forçada) é recomendada de forma indiscriminada, sem se dar atenção às limitações inerentes ao
sistema. Entre outras, deve-se lembrar que não se recomenda o seu uso nos casos em que o
contaminante é dispersado próximo da zona respiratória do trabalhador, pois seu efeito é nulo do
ponto de vista da Higiene Industrial.
A renovação do ar pode-se dar positivamente (insuflamento) ou negativamente
(exaustão), e a decisão deve basear-se na possibilidade de que haja escape de ar contaminado
a outros recintos adjacentes. Entretanto, qualquer que seja o método adotado, devem estar
previstas as aberturas convenientes de entrada ou saída do ar insuflado ou evacuado, para que
a renovação se dê satisfatoriamente. A posição de tais aberturas deve ser tal que o ar efetue
uma “varredura” do local de trabalho, especialmente eficiente nos pontos de geração de
contaminante.
O volume de ar envolvido deve relacionar-se com o volume de contaminante gerado
na unidade de tempo, e não como se costuma fazer na ventilação de conforto, no volume do
recinto (trocas de ar por hora). Em geral aqueles volumes são bastantes superiores, podendo
causar espécie a profissionais da área de ventilação e ar condicionado, normalmente não
envolvidos em higiene industrial;
Do exposto, convém considerar-se a possibilidade, ao se pensar num projeto de
ventilação geral para higiene industrial, de que seja entregue a um profissional especializado na
área, ou que na empresa, os profissionais mais ligados área (Engenharia de Ventilação e Ar
Condicionado) adquiram proficiência na matéria, consultando manuais e bibliografia específica
de ventilação em Higiene Industrial.
Do ponto de vista econômico, a ventilação geral apresenta o inconveniente de
requerer volumes de ar muito altos, quando se trata de diluir contaminantes de alta toxicidade;
assim, para diluirmos os vapores produzidas por um kg de benzeno a valores aceitáveis, são
necessários 5.400 m3
de ar; se o mesmo tivesse que ser feito para a nafta solvente, seriam
necessários apenas 192 m3
de ar. As cifras ilustram claramente a necessidade de levar em conta
a toxicidade do produto que se deseja diluir.
Outras aplicações da Ventilação Geral Diluidora, em Higiene Industrial, estão
relacionadas principalmente com calor (ver Calor).
Ventilação local exaustora
A ventilação local exaustora é dos sistemas mais eficazes para se prevenir a
contaminação do ar na indústria. O princípio em que se baseia é o de capturar o contaminante
no seu ponto de origem (ato contínuo à sua geração), antes que o mesmo atinja a zona
respiratória do trabalhador, usando para isto a menor quantidade de ar possível. O contaminante
assim capturado é levado por tubulações ao exterior, ou ao sistema de coleta do contaminante.
Um sistema de ventilação local exaustora compreende várias partes básicas. A primeira delas é
a tomada de ar ou captor, que deve ter a forma mais adequada de adaptação à máquina ou
processo que gera o contaminante. Em geral se desconhecem características intrínsecas de
sistemas de sucção, tais como a de que as Superfícies Isocinéticas de captura têm seu poder
drasticamente reduzido ao afastarmo-nos da boca da tubulação. Assim, para uma boca
cilíndrica, a uma distância da mesma igual ao seu diâmetro, a velocidade do ar ingressante é de
apenas 7% de velocidade na boca. Do exposto se deduz que a tomada de ar deve estar tão
acercada quanto possível de fonte de produção de contaminante e que a velocidade deve ser
suficientemente alta para que se leve à tubulação o contaminante, mesmo quando esta possua
velocidades iniciais de geração de sentido contrário ao de captação (vapores aquecidos,
partículas projetadas de esmeril).
A parte seguinte do sistema compõe-se das tubulações ou condutos, através dos
quais circula o ar aspirado. A velocidade do ar nos mesmos deve ser calculada de modo que o
contaminante não se deposite no seu interior por sedimentação. As dimensões e características
dos mesmos são de vital importância para a eficácia do sistema, que deve, portanto, ser
projetado por especialistas, cabendo, pois, para a Ventilação Local Exaustora, as mesmas
considerações tecidas a esse respeito no item anterior (Ventilação Geral Diluidora), sendo aqui
particularmente recomendáveis.
Quando o contaminante é tóxico e a sua dispersão na atmosfera pode contaminar
outras áreas de trabalho ou vizinhança, ou, ainda, quando o mesmo possuir alto valor intrínseco,
o sistema deve incluir um dispositivo de coleta, localizado num ponto do sistema antes que o ar
evacuado seja lançado na atmosfera. Os sistemas existentes de uso mais generalizado são os
ciclones, câmaras de sedimentação, filtro de mangas, precipitadores eletrostáticos, processos
úmidos, lavadores, entre outros, e seu uso e escolha dependem de parâmetros como:
granulometria do material, vazão a manipular, molhabilidade, toxicidade, explosividade, ação
corrosiva do contaminante, etc. Pode-se combinar os diferentes tipos de sistema de coleta, para
conseguir os objetivos desejados; por exemplo, é comum combinar-se um ciclone a um outro dos
sistemas “mais finos” de separação mencionados, uma vez que aquele não aprisiona partículas
mais reduzidas, dentro da faixa respirável (0,5 a 5 µ m); entretanto, seu uso num primeiro estágio
evita a sobrecarga do sistema mais eficiente.
Outro elemento constituinte dos sistemas de ventilação é, obviamente, o ventilador, o
qual é colocado em geral, mas não necessariamente, após o sistema coletor. A razão dessa
forma de instalação é que desse modo todo o sistema se encontrará em pressão negativa,
evitando a fuga de ar contaminado ou semicontaminado à atmosfera. Esse arranjo também é
favorável, quando o contaminante tem ação erosiva ou corrosiva, o que poderia diminuir
sensivelmente a vida útil do ventilador.
Os ventiladores podem ser axiais ou centrífugos; os primeiros podem manipular
grandes vazões, mas em geral a pressão muito reduzida, embora modernamente já haja
modelos de pressão moderada; os segundos são de uso mais geral e são adequados, por sua
construção, para pressões baixas, moderadas ou altas. Dadas as grandes perdas de carga, em
geral, nos sistemas de ventilação local exaustora, os centrífugos são especialmente aplicáveis.
Quando o contaminante for potencialmente explosivo, o sistema todo deve ser à prova de
explosão, e pode-se inclusive utilizar ejetores de ar comprimido ao invés de ventiladores. Logo
após instalados, os sistemas de ventilação devem ser verificados quanto à operação,
observando-se as especificações de projeto, como vazões, velocidades nos dutos, pressões
negativas, entre outras. Os parâmetros de operação devem ser verificados periodicamente como
medida usual de manutenção;
Manutenção
Rigorosamente, não se pode considerar este como um método de prevenção no
sentido estrito da palavra, mas constitui parte e complemento especialmente importante de
qualquer dos anteriores, não só quando se trata dos equipamentos de controle de riscos
ambientais, mas também de equipamentos e instalações em geral na empresa.
É freqüente, devido ao pouco conhecimento do industrial de seus problemas
ambientais que a ação das medidas adotadas se esterilize com o tempo, por falta de uma
manutenção adequada. Programas e cronogramas de manutenção devem ser seguidos à risca,
respeitando-se os prazos propostos pelos fabricantes e projetistas de equipamentos.
GRUPO XIX - Ordem e Limpeza
Boas condições de ordem e limpeza, e asseio geral, ocupam uma posição chave num
sistema de proteção ocupacional. Basicamente, é mais uma ferramenta a adicionar-se àquelas já
listadas na prevenção de dispersão de contaminantes perigosos.
O pó em bancadas, parapeitos, rodapés e chãos, sedimentados nas horas calmas e
ao longo do tempo, pode prontamente ser redispersado na atmosfera do recinto pelo trânsito de
pessoas e equipamentos, vibrações e correntes aleatórias. O asseio é sempre importante; onde
há materiais tóxicos, é primordial. A limpeza imediata de quaisquer derramamento de produtos
tóxicos é importante medida de controle. Um programa de limpeza periódica, usando-se
aspiração a vácuo, seja por aspiradores industriais, seja por linhas de vácuo, é o único meio
realmente efetivo, para se remover pó e partículas da área de trabalho. Nunca o pó deve ser
soprado, com bicos de ar comprimido, para “efeito” de limpeza. Nos casos de pós de sílica,
chumbo e compostos de mercúrio, estas são medidas essenciais. Igualmente, no uso, manuseio
e estocagem de solventes, o asseio deve incluir a limpeza imediata de respingos ou vazamentos,
por pessoal que use equipamentos de proteção pessoal, e o material empregado, como panos,
trapos, papel absorvente, deve ser disposto em recipientes herméticos e removido diariamente
da planta.
É possível manter-se um programa efetivo de saúde ocupacional, sem que se
assuma a constante preocupação com os aspectos totais de ordem e limpeza.
Projetos adequados
Todas as medidas mencionadas serão, via de regra, mais efetivas e viáveis
econômica e fisicamente se consideradas na etapa de projeto de quaisquer equipamentos,
processos e suas operações. Assim, a etapa de projeto constitui sempre a fase de ataque ideal
dos problemas de Higiene e Segurança Industrial, e a inclusão de profissionais de Segurança e
Higiene nas equipes de projeto, num mesmo nível de diálogo e decisão, constitui medida
inteligente e atesta o nível de significância em que serão considerados tais problemas pelas
direções empresariais.
Equipamento de proteção individual
Os equipamentos de Proteção Individual devem ser sempre considerados como uma
segunda linha de defesa, após criteriosas considerações sobre todas as possíveis medidas de
controle relativas ao ambiente, que possam eventualmente ser tomadas e aplicadas
prioritariamente.
Entretanto, há situações especiais, como já foi notado, nas quais as medidas de
controle ambientais são inaplicáveis total ou parcialmente; nesses casos, a única forma de
proteger o pessoal será dotá-lo de equipamentos de proteção individual.
O uso correto dos EPIs, por parte dos trabalhadores, assim como as limitações de
proteção que eles oferecem, são aspectos que o pessoal deve conhecer através de treinamento
específico, coordenado pelo Engenheiro de Segurança.
Educação e treinamento
As ações de educação e treinamento, principalmente aquelas dirigidas à Segurança
e Higiene do Trabalho, devem ter lugar sempre independentemente da utilização de outras
medidas de controle, sendo na realidade importante complementação a qualquer uma. Tais
ações, que devem ser conduzidas e coordenadas pelo Engenheiro de Segurança da empresa,
devem incluir, entre outros itens, a conscientização do trabalhador, quanto aos riscos inerentes
às operações, aos riscos ambientais, e às formas operacionais adequadas que garantem a
efetividade das medidas de controle adotadas, além do treinamento em procedimentos de
emergência, noções de primeiros socorros e medidas de urgência adequadas a cada ambiente
de trabalho específico, que serão desenvolvidas com a participação do médico do trabalho.
Controle médico
Exames médicos pré-admissionais e periódicos constituem medidas fundamentais,
de caráter permanente e se situam entre as principais atividades dos serviços médicos da
empresa. Os exames pré-admissionais apresentam características importantíssimas de seleção
ocupacional, podendo-se comparar aspectos desejados e não desejados. De acordo com a
função ou atividade específica do trabalhador na empresa, cotejam-se aspectos operacionais, de
compleição, de habilidade e de destreza, de atenção e percepção, de fatores de risco de tais
funções e atividades. As características devem ser ditadas pelo médico, assessorado de dados
técnicos específicos.
Os exames médicos periódicos dos trabalhadores possibilitam, além de um controle
de saúde geral do pessoal, a detecção de fatores que podem levar a uma doença profissional,
assim como serão uma forma de avaliar a efetividade dos métodos de controle empregados.
Limitação da exposição
A redução dos períodos de trabalho torna-se importante medida de controle onde
todas as outras medidas possíveis forem inefetivas, impraticáveis (técnica, física ou
economicamente) ou insuficientes no controle de um agente, por não se lograr, desse modo, a
limitação de exposição ao risco, dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se uma
solução efetiva e econômica em muitos casos críticos.
São exemplos típicos desse procedimento o controle de exposições ao calor intenso,
a pressão anormais, ao ruído, às radiações ionizantes.

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  • 1. AGENTES QUÍMICOS ANTECEDENTES GERAIS Os diversos agentes químicos que podem poluir um local de trabalho e entrar em contato com o organismo dos trabalhadores podem apresentar uma ação localizada ou serem distribuídos aos diferentes órgãos e tecidos, levados pelos fluidos internos (sangue e outros), produzindo uma ação generalizada. Por este motivo as vias de ingresso destas substâncias ao organismo são: ◊ inalação; ◊ absorção cutânea; ◊ ingestão. Inalação: constitui a principal via de ingresso de tóxicos, já que a superfície dos alvéolos pulmonares representa, no homem adulto, uma superfície entre 80 a 90 m2 . Esta grande superfície facilita a absorção de gases e vapores, os quais podem passar ao sangue, para serem distribuídos a outras regiões do organismo. Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos, podendo produzir uma ação localizada, ou dissolvem-se para serem distribuídos através do aparelho circulatório. Sendo o consumo de ar de 10 a 20 kg diários, dependendo fundamentalmente do esforço físico realizado, é fácil chegar à conclusão que mais de 90% das intoxicações generalizadas tenham esta origem. Absorção cutânea: quando uma substância de uso industrial entra em contato com a pele, podem acontecer as seguintes situações: a) A pele e a gordura protetora podem atuar como uma barreira protetora efetiva. b) O agente pode agir na superfície da pele, provocando uma irritação primária. c) A substância química pode combinar com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização. d) O agente pode penetrar através dela, atingir o sangue e atuar como um tóxico generalizado. Assem, por exemplo, o ácido cianídrico, mercúrio, chumbo tetraetila (usado nas gasolinas como antidetonante), alguns defensivos agrícolas, etc. São substâncias que podem ingressar através da pele, produzindo uma ação generalizada. Apesar destas considerações, normalmente a pele é uma barreira bastante efetiva para os diferentes tóxicos, e são poucas a substâncias que conseguem ser absorvidas em quantidades
  • 2. perigosas. Por essas razões, as medidas de prevenção de doenças, nesses casos, devem incluir a proteção da superfície do corpo. Ingestão: representa apenas uma via secundária de ingresso de tóxicos no organismo, já que nenhum trabalhador ingere, conscientemente, produtos tóxicos. Isto pode acontecer de uma forma acidental ou ao engolir partículas que podem ficar retidas na parte superior do trato respiratório ou ainda ao inalar substâncias em forma de pós ou fumos. Além do já exposto, temos que considerar que o aparelho digestivo formado de tal modo que seleciona os materiais úteis ao organismo, e rejeita os que não lhe servem. 4.0 LIMITES DE TOLERÂNCIA - AGENTES QUÍMICOS A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de trabalho oferece um risco à saúde dos trabalhadores. Entretanto, o fato de entrarem expostos a estes
  • 3. agentes agressivos não implica, obrigatoriamente, que estes trabalhadores venham a contrair uma doença do trabalho. Para que os agentes causem danos à saúde, é necessário que estejam acima de uma determinada concentração ou intensidade, e que o tempo de exposição a esta concentração ou intensidade seja suficiente para uma atuação nociva destes agentes sobre o ser humano. Vemos, portanto, que é muito importante fazermos uma avaliação quantitativa do agente, bem como avaliarmos o tempo real de exposição do trabalhador a este agente (qualidade - quantidade tempo de exposição). Denominamos “Limites de Tolerância” àquelas concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicos presentes no ambiente do trabalho, sob as quais os trabalhadores podem ficar expostos durante toda a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde. Estes limites têm por objetivo garantir a proteção da saúde, mas o seu caráter não é absoluto, refletindo, unicamente, o estado em que se encontram os conhecimentos em um dado momento. Eles são baseados na melhor informação disponível, proveniente da experiência industrial e de estudos experimentais com animais. Por isto, podem sofrer alterações de ano para ano, conforme se constate que o limite, anteriormente fixado, não está protegendo efetivamente o trabalhador. Os limites de tolerância representam um instrumento essencial no controle dos ambientes de trabalho, ajudando a eliminar os riscos advindos da presença de agentes ambientais. Isto porque eles possibilitam a comparação dos resultados cos avaliações de campo com valores padrões, servindo então como guias de prevenção. Na década de 1920 à 1930, começaram a ser propostos alguns limites, sendo os primeiros a aparecerem os do monóxido de carbono, óxido de zinco e das poeiras de fluoretos. Atualmente a maioria das substâncias mais comumente usadas e transformadas na indústria tem seus limites fixados, e, a cada ano, outras tantas vão sendo adicionadas às tabelas já existentes. Um dos valores universalmente aceitos pelos EEUU, América Latina e outros países são aqueles publicados anualmente, desde 1947, pela “America conference or Governmental Industrial Hygienists” - A.C.G.I.H. -, os quais são revisados permanentemente. Estes valores devem ser entendidos como um guia para profissionais que trabalham em Higiene Industrial, e nunca como valores rígidos de separação entre concentrações seguras e perigosas. No Brasil, até o ano de 1978, determinava os trabalhos insalubres, baseando-se apenas no aspecto qualitativo do agente.
  • 4. Atualmente, está em vigor a Portaria 3214/78, do Ministério do Trabalho, que fixa limites de tolerância para as substâncias químicas, através dos Anexos nº 11 e 12 de sua Norma Regulamentadora nº 15 - “Atividades e Operações Insalubres”. Esta foi uma grande meta alcançada pelo País, no tocante à Saúde Ocupacional, possibilitando equipararmo-nos hoje às grandes nações do mundo, que muito se têm preocupado com a preservação da integridade física de seus trabalhadores. As substâncias anteriormente existentes na Portaria 491/65, que não tiveram seus limites de tolerância fixados pela atual Legislação Brasileira, estão relacionadas no anexo nº 13 da cotada Norma Regulamentadora (NR) 15. No final do tópico “Limite de Tolerância”, são transcritos na íntegra os Anexos nº 11, 12 e 13 da NR 15, Portaria 3214/78. Muitos países já elaboram tabelas de limites de tolerância (LT), mas elas divergem muito entre si, ou devido às características do trabalho de cada país, ou devido à maneira como os limites foram estabelecidos. Um exemplo típico desta divergência ocorre nos limites adotados nos EUA e na URSS. Os valores russos para muitas substâncias são bem menores que os americanos, como por exemplo: Substância LT (Americano) LT (Russo) Anilina 19 mg/m3 0,1 mg/m3 Benzeno 30 mg/m3 5 mg/m3 Isto ocorre porque o Limite de Tolerância foi estabelecido de maneira diferente nos dois países. Os higienistas americanos o consideram como sendo a concentração ambiental presente numa jornada de trabalho de 8 horas por dia, numa semana, de 5 dias, não provoque às pessoas expostas, no decorrer de toda a sua vida laboral, sinal de doença ou alteração do estado normal de saúde. Já os russos consideram o Limite de Tolerância (LT) aquela concentração da substância na atmosfera industrial que não seja capaz de produzir sintomas de doença profissional ou alteração do estado normal de saúde nas pessoas que estejam expostas diariamente, por um tempo indefinido. Com isto, concluímos que o russo se baseia numa exposição contínua, enquanto que o americano se baseia na exposição durante toda a vida de trabalho, mas com jornadas de 40 horas semanais. Além disso, os métodos utilizados na determinação dos limites também divergem. Os russos utilizam o do reflexo condicionado, que é muito mais sensível, enquanto que os americanos se baseiam simplesmente na observação do homem e do ambiente.
  • 5. Apesar de nossos limites terem sido estabelecidos de forma análoga aos dos Estados Unidos, existe uma discrepância entre os valores fixados nestes dois países. Isto se deve à diferença existente entre as jornadas de trabalho do brasileiro e do americano. A nossa jornada semanal usual é de 48 horas, enquanto que a do americano é de apenas 40 horas. Nada mais lógico, portanto, que os limites adotados no Brasil sejam menores que os dos EUA Convém salientar que não só os limites brasileiros são similares aos americanos, mas que quase o de todos os outros países têm estas mesmas características. Somente os LT das nações comunistas é que são bastante divergentes dos nossos, já que tomam por base os limites adotados na Rússia. A seguir damos exemplos de limites adotados no Brasil, comparando-os com os dos Estados Unidos. Substâncias LT (Brasil) LT (Estados Unidos) Amônia 20 ppm * 25 ppm Cloro 0,8 ppm 1 ppm Dióxido de carbono 3900 ppm 5000 ppm Gás sulfídrico 8 ppm 10 ppm Tricloroetileno 78 ppm 100 ppm Basicamente temos no Brasil dois tipos de limites de tolerância: a) Limite de Tolerância - Média Ponderada, que na tabela de limites de tolerância não tem a coluna valor teto assinalada, e representa a concentração média ponderada, existente durante a jornada de trabalho. Isto é, podemos ter abaixo deste, acarretando uma média ponderada igual ou inferior ao limite de tolerância. No entanto estas oscilações para coma não podem ser indefinidas, devendo respeitar um valor máximo que não pode ser ultrapassado. Este valor máximo é obtido através da aplicação de um fator de desvio, conforme fórmula dada a seguir: Valor Máximo = LT x FD., onde LT - Limite de Tolerância FD. - Fator de desvio, que depende da grandeza do limite de tolerância, de acordo com a tabela que segue: Limite de Tolerância Fator de Desvio 0 < LT <= 1 (ppm ou mg/m3 ) FD - Fator de Desvio = 3 1 < LT <= 10 (ppm ou mg/m3 ) FD - Fator de Desvio = 2 10 < LT <= 100 (ppm ou mg/m3 ) FD - Fator de Desvio = 1,5 100 < LT <= 1000 (ppm ou mg/m3 ) FD - Fator de Desvio = 1,25 1000 < LT (ppm ou mg/m3 ) FD - Fator de Desvio = 1,1 Por exemplo, a amônia, que tem LT = 20 ppm, terá fator de desvio 1,5 (conforme a tabela acima) e terá como valor máximo permissível 30 ppm (valor máximo = LT x FD = 20 ppm x 1,5), sendo que este valor deverá ser compensado por valores inferiores ao LT durante outros
  • 6. períodos de trabalho, a fim de que a média ponderada das concentrações durante a jornada de trabalho (diária ou semanal) se igual ou inferior a 20 ppm. b)Limite de Tolerância - Valor Teto, que na tabela de limites de tolerância tem assinalada a coluna Valor Teto, e representa uma concentração máxima que não pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho. Para as substâncias com estes limites, não são aplicadas os fatores de desvios, sendo o valor máximo sempre igual ao limite de tolerância fixado. O Anexo 11 da NR-15, que estabelece os limites de tolerância, fixa também os graus de insalubridade para cada uma das substâncias, no caso de os limites serem excedidos, de acordo com a gravidade dos efeitos que cada substância pode causar no organismo humano. Além disso define, também, as condições de risco grave e iminente, sempre que os valores máximos sejam ultrapassados, o que permite à DRT interditar o local de trabalho. Analisando as substâncias constantes na tabela de limites de tolerância, verificamos que elas podem ser agrupadas, como segue: GRUPO I - Substâncias de ação generalizada sobre o organismo Os efeitos dependem da quantidade absorvida da substância. Neste caso, os limites podem ser excedidos, desde que não ultrapassem o valor máximo e que sejam compensados por concentrações inferiores dentro da jornada de trabalho, a fim de garantir que a média ponderada da concentrações se situe no LT estipulado ou abaixo dele. Esta jornada de trabalho, para fins de compensação, tanto pode ser a de um dia, como a de uma semana. Neste grupo situa-se a maioria das substâncias listadas. Os limites aplicados a elas são os Limites de Tolerância - Média Ponderada, que na Tabela constante da NR-15 Anexo nº 11 não têm nenhuma coluna assinalada. Exemplos: Agentes Valor Absorção Também Até 48 hs./semana Grau de insalubridade a ser considerado no caso de sua Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3 ** caracterização Amônia 20 14 Médio Chumbo - 0,1 Máximo Dióxido de carbono 3900 7020 Mínimo Monóxido de carbono 39 43 Máximo Tricloroetileno 78 420 Máximo GRUPO II - Substâncias de ação generalizada sobre o organismo, podendo ser absorvidas, também, por via cutânea Como os limites de tolerância foram fixados para absorção apenas por via respiratória, e estas substâncias podem ser absorvidas também medidas adequadas de proteção, para evitar absorção por via cutânea, a fim de que o LT não seja invadido. Tais substâncias possuem assinalada a coluna absorção também pela pele, na Tabela de Limites de Tolerância.
  • 7. Elas, como as substâncias do grupo anterior, possuem limites de tolerância - média ponderada. Exemplos: Agentes Valor Absorção Também Até 48 hs./semana Grau de insalubridade a ser considerado no caso de sua Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3 ** caracterização Anilina + 4 15 Máximo Benzeno + 8 24 Máximo Fenol + 4 15 Máximo Tolueno + 78 290 Médio * ppm - Parte de contaminante por milhões de partes de ar contaminado. ** mg/m3 - Miligramas de contaminante por metro cúbico de ar contaminado. GRUPO III - Substâncias de efeito extremamente rápido Em contraposição aos grupos I e II, as substâncias deste grupo, por causa de sua ação imediata, não podem ter seu LT excedido em momento algum, devendo este ser considerado como valor máximo. Tais substâncias têm assinalada a coluna “Valor-Teto”, na tabela de Limites de Tolerância. Neste grupo, devido ao LT ser considerado Valor Teto, não pode ser aplicado o valor de desvio, sendo o valor máximo igual ao limite de tolerância fixado na tabela. Exemplos: Agentes Valor Absorção Também Até 48 hs./semana Grau de insalubridade a ser considerado no caso de sua Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3 ** caracterização Ácido Clorídrico + 4 5,5 Máximo Cloreto de vinila + 156 398 Máximo Dióxido de nitrogênio + 4 7 Máximo Formaldeído + 1,6 2,3 Máximo GRUPO IV - Substâncias de efeito extremamente rápido e que podem ser absorvidas por via cutânea As substâncias deste grupo, além de não poderem ter o seu LT excedido em momento algum, devido ao seu efeito imediato sobre o organismo, também requerem que medidas de proteção sejam tomadas, a fim de evitar a absorção por via cutânea, o que invalidaria o LT adotado. Neste caso, também não é aplicável o fator de desvio, sendo o valor máximo igual ao limite de tolerância fixado na tabela. Pertencem a este grupo somente estas 4 substâncias, que têm assinaladas tanto a coluna de “valor Teto” como a coluna “Absorção também p/ pele” na tabela de Limites de Tolerância. Agentes Valor Absorção Até 48 Grau de insalubridade a ser considerado no
  • 8. Também hs./semana caso de sua Químicos Teto p/ pele ppm* mg/m3 ** caracterização Álcool n-butílico + + 40 115 Máximo n-butilamina + + 4 12 Máximo monometil-hidrazina + + 0,16 0,27 Máximo Sulfato de dimetila + + 0,08 0,4 Máximo GRUPO V - GRUPO VI - GRUPO VII - Asfixiantes Simples Fazem parte deste grupo alguns gases e vapores que, em altas concentrações no ar, atuam como asfixiantes simples, isto é, deslocam o oxigênio do ar, sem provocar outros efeitos fisiológicos significativos. Para as substâncias deste grupo, não é possível a adoção de um LT, pois o fator limitante é o oxigênio disponível. Portanto, para estas substâncias, o que deve prevalecer é a quantidade de oxigênio existente no ambiente, sendo que 18% é a menor concentração admissível para uma perfeita oxigenação dos tecidos. As substâncias que estão listadas na tabela de Limite de Tolerância como asfixiantes simples são: Agentes Valor Absorção Até 48 hs./semana Grau de insalubridade a ser considerado no caso de sua Químicos Teto também p/ pele ppm* mg/m3 ** caracterização Acetileno Asfixiantes simples Argônio Asfixiantes simples Etano Asfixiantes simples Etileno Asfixiantes simples Hélio Asfixiantes simples Hidrogênio Asfixiantes simples Neônio Asfixiantes simples N-propano Asfixiantes simples Propileno Asfixiantes simples GRUPO VIII - Poeiras Neste grupo encontramos apenas duas substâncias com limites fixados, através do Anexo nº 12, “Limite de Tolerância para Poeiras Minerais”, da NR-15. São elas: a) Asbestos, cujo Limite de Tolerância é de 4 fibras maiores que 5 µm por centímetro cúbico.
  • 9. b) Sílica Livre Cristalizada, que tem 3 Limites de Tolerância fixados, de acordo com o método utilizado para a avaliação. GRUPO IX - Substâncias Cancerígenas Neste grupo estão incluídas as substâncias que podem provocar câncer no homem, ou tenham induzido câncer em animais sob determinadas condições experimentais. Tais substâncias podem já ter um LT assinalado, o que fará com que pertençam também a um dos 6 primeiros grupos, ou não ter um LT adotado, e, neste caso, podemos citar, como exemplo, todas as formas de asbestos, cujo LT é 4 fibras > 5µm de comprimento/cc; o cloreto de vinila, cujo LT é de 156 ppm, valor teto. No segundo caso, podemos citar as substâncias cancerígenas constantes da NR-15, Anexo nº 13, para as quais nenhuma exposição ou contato é permitido por qualquer via, isto é, os processos devem ser hermetizados e o trabalhador deve ser protegido de forma a não permitir nenhum contato com o carcinogênico. A seguir relacionamos as substâncias ou processos citados no Anexo nº 13, “Substâncias Cancerígenas”. ◊Produção de Benzidina; ◊β naftilamina; ◊4 nitrodifenil; ◊4 aminodifenil. Para finalizar, gostaríamos de salientar que a aplicação dos limites de tolerância exige experiência e conhecimento de higiene do trabalho que possibilitem a interpretação dos resultados. E mais, a aplicação dos limites de tolerância só terá validade, se forem adotadas medidas corretivas com o objetivo de proteger a integridade física do trabalhador, sempre que os limites de tolerância tenham sido ultrapassados. Exercícios Resolvidos 1. Ao avaliarmos a concentração de amônia (LT = 20 ppm) num local de trabalho, verificamos que o trabalhador fica exposto: 3 horas a 10 ppm e 5 horas a 25 ppm. O limite de tolerância foi ultrapassado? Resolução: A) Concentração média 10 x 3 + 25 x 5 = 19,3 8 inferior a 20 ppm, limite fixado na tabela. B) FD p/10 < LT <= 100 = 1,5 Logo: Valor Máximo = LT x FD = 20 x 1,5 = 30 ppm A maior concentração obtida é de 25 ppm, inferior ao valor máximo.
  • 10. Como nem o limite fixado nem o valor máximo foram ultrapassados, podemos afirmar que o limite de tolerância foi respeitado. 2. Ao avaliarmos a concentração do benzeno (LT =8 ppm, pele), através da amostragem instantânea, obtivemos os seguintes resultados. Número de Amostra Concentração Obtida 1 8 2 8 3 12 4 18 5 4 6 4 7 4 8 4 9 4 10 4 Pergunta: O limite de Tolerância foi excedido? Resolução: A) concentração Média: 8 + 8 + 12 + 18 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 70 = 7 ppm 10 10 inferior, portanto, ao LT fixado na tabela, que é de 8 ppm B) Valor Máximo = LT x FD como FD = 2 para 1 < LT <= 10 Valor máximo = 8 x 2 = 16 ppm; A maior concentração obtida foi de 18 ppm, maior, portanto, que o limite fixado na tabela. Resposta: Como a média das concentrações foi maior que o limite de tolerância fixado, este deverá ser considerado excedido. 3. Ao avaliarmos a concentração do CO2 (LT = 3.900 ppm), encontramos os seguintes valores: Número de Amostra Concentração Obtida 1 4.000 2 4.000 3 4.000 4 4.000 5 4.000 6 4.000 7 4.000 8 4.000 9 4.000 10 4.000 Pergunta: O limite de tolerância foi excedido? Resolução: A) Concentração média = 10 x 4.000 = 4.000 ppm, maior que o 10
  • 11. o limite fixado na tabela, que é de 3.900 ppm. B) Valor Máximo = LT x FD FD = 1,1 para LT > 1.000, logo 3.900 x 1,1 = 4.290 A maior concentração obtida foi de 4.000 ppm, e, portanto, o valor máximo não foi ultrapassado. Resposta: Como a média das concentrações foi maior que o limite de tolerância fixado, este deverá ser considerado excedido. 4. Ao avaliarmos a concentração de chumbo (LT = 0,1 ppm), no ambiente, encontramos os seguintes resultados: Número de Amostra Concentração Obtida 1 0,5 2 0,5 3 1,0 4 1,0 5 1,0 6 1,0 7 0,5 8 0,5 9 1,0 10 1,0 Pergunta: O limite de tolerância foi excedido? Resolução: A) Concentração média = 4 x 0,5 + 6 x 1,0 = 8 = 0,8 10 10 Valor este superior ao limite fixado. B) Valor máximo = 0,1 x 3 = 0,3 Todas as concentrações obtidas ultrapassam o valor máximo. Resposta: Tanto o limite de tolerância como o valor máximo foram ultrapassados, e, portanto, o limite de tolerância deve ser considerado excedido. 5. Ao avaliarmos a concentração de ácido clorídrico (LT = 4 ppm, valor teto), obtivemos as seguintes concentrações: Número de Amostra Concentração Obtida 1 2 2 3 3 4 4 3 5 4 6 3 7 4 8 4 9 4 10 4 Pergunta: O limite de tolerância foi excedido?
  • 12. Resposta: Como nenhuma das colunas das concentrações ultrapassa o limite fixado podemos concluir que o limite de tolerância não foi excedido. 6. Ao avaliarmos a concentração do formaldeído (LT = 1,6 ppm, valor teto) obtivemos os seguintes valores: Número de Amostra Concentração Obtida 1 2 2 3 3 4 4 3 5 4 6 3 7 4 8 4 9 4 10 4 Pergunta: O limite de tolerância foi excedido? Resposta: Sim, o limite de tolerância foi excedido, porque na amostra de nº 6 a concentração excedeu o limite fixado, limite este que não pode ser ultrapassado em momento algum da jornada de trabalho. GRUPO X - NR 15 - ANEXO 11 GRUPO XI - Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho 1. Nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores ficam expostos a agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem ultrapassados os limites de tolerância constantes do Quadro 1 deste Anexo. 2. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 - Tabela de Limites de Tolerância - são válidos para absorção apenas por via respiratória. 3. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 como “Asfixiantes Simples” determinam que nos ambientes de trabalho, em presença destas substâncias, a concentração mínima de oxigênio deverá ser dezoito por cento em volume. As situações nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor serão consideradas de risco grave e iminente. 4. Na coluna “VALOR TETO” estão assinalados os agentes químicos cujos limites de tolerância não podem ser ultrapassados em momento algum do jornada de trabalho. 5. Na coluna “ABSORÇÃO TAMBÉM PELA PELE” estão assinaladas os agentes químicos que podem ser absorvidos, por via cutânea, e, portanto, exigindo na sua manipulação o uso de luvas adequadas, além do EPI necessário à proteção de outras partes do corpo. 6. A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto, ao nível respiratório do
  • 13. trabalhador. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de no mínimo, 20 (vinte) minutos. 7. Cada uma das concentrações obtidas nas referidas amostragens não deverá ultrapassar os valores obtidos na equação que segue, sob pena de ser considerado situação de risco grave e iminente. Valor máximo = LT x FD Onde: LT = limite de tolerância para o agente químico, segundo o Quadro nº 1. FD = fator de desvio, segundo definido no Quadro nº 2. Quadro 2 LT (ppm ou mg/m3 ) FD 0 a 1 3 1 a 10 2 10 a 100 1,5 100 a 1000 1,25 acima de 1000 1,1 8. O limite de tolerância será considerado excedido quando a média aritmética das concentrações ultrapassar os valores fixados no Quadro nº 1. 9. Para os agentes químicos que tenham “VALOR TETO” assinalado no Quadro nº 1 (TABELA DE LIMITES DE TOLERÂNCIA), considerar-se-á excedido o limite de tolerância, quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens ultrapassar os valores fixados no mesmo Quadro. 10. Os limites de tolerância fixados no Quadro nº 1 são válidos para jornadas de trabalho de até 48 horas por semana, inclusive. Para jornadas de trabalho que excedam as 48 horas semanais, dever-se-á cumprir o disposto no art. 60 da CLT. GASES E VAPORES Conceituação ◊ Gás: é a denominação dada às substâncias que, em condições normais de pressão e temperatura (25ºC e 760 mm Hg), estão no estado gasoso. Exemplos: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio. ◊ Vapor: é a fase gasosa de uma substância, que a 25ºC e 760 mm Hg é líquida ou sólida. Exemplos: vapores de água, vapores de gasolina, vapores de naftalina. A concentração de vapores de uma substância, a uma temperatura determinada, não pode aumentar indefinidamente. Existe um ponto máximo denominado de saturação, a partir do qual qualquer incremento na concentração transformará o vapor em líquido ou sólido.
  • 14. Portanto, a principal diferença entre os gases e vapores é a concentração que pode existir no ambiente. Como, para a Higiene do Trabalho, as concentrações que interessam são pequenas, normalmente se situando abaixo da concentração de saturação, não se torna necessário distinguir os gases dos vapores, sendo os dois estudados de uma só vez. Comparando-se com os aerodispersóides, é importante destacar que os gases não sedimentam nem se aglomeram, chegando a sua divisão ao nível molecular, permanecendo, portanto, intimamente misturados com o ar, sem se separarem por si mesmos. Classificação fisiológica dos gases e vapores Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo humano. Assim, podem ser divididos em 3 grupos: ◊ Irritantes; ◊ Anestésicos; ◊ Asfixiantes. Uma substância classificada em um dos grupos acima não implica que não possua também características dos outros grupos. Esta classificação baseia-se no efeito mais importante, mais significativo sobre o organismo. Será visto, a seguir, que a maioria dos solventes orgânicos são classificados como anestésicos. No entanto, qualquer pessoa que já esteve exposta a um solvente destes (álcool, thinner, acetona) percebeu que estas substâncias também são irritantes das vias respiratórias superiores, isto é, nariz e garganta. Mas estas substâncias são classificadas como anestésicos, porque este efeito é o mais importante, o mais danoso para a saúde do homem. GRUPO XII - Gases e vapores irritantes Existe uma grande variedade de gases e vapores classificados neste grupo, os quais deferem em suas propriedades físico-químicas, mas têm uma característica em comum: produzem inflamação nos tecidos epiteliais e é devida à alteração dos processos vitais normais das células, que se manifesta por coagulação, desidratação, hidrólise, etc. O ponto de ação dos gases e vapores irritantes é determinado, principalmente, pela sua solubilidade. Um irritante gasoso altamente solúvel na água é absorvido totalmente do ar, durante o processo respiratório, pelo primeiro tecido úmido com que entra em contato, prosseguindo o ar livre do irritante, esto é, o irritante fica retido no nariz e garganta e o ar que se aloja no pulmão já não mais contém este contaminante. Em conseqüência, o nariz e a garganta são os que sofrem a ação irritante dos gases e vapores altamente solúveis; os gases e vapores pouco solúveis são absorvidos em pequena
  • 15. parcela pelas vias respiratórias superiores, exercendo seu maior efeito irritante sobre o próprio pulmão, já que é neste local que a substância irá se solubilizar. Os gases e vapores de solubilidade moderada atuam de maneira mais ou menos uniforme sobre todas as vias respiratórias, apesar de que este efeito se faz sentir mais pronunciadamente nos brônquios. Para que os irritantes possam atuar, devem, primeiramente, dissolver-se na água dos tecidos úmidos, como a conjuntiva dos olhos e as mucosas das vias respiratórias. As partes da pele molhadas pela transpiração podem, também, sofrer uma irritação. Este grupo de gases e vapores irritantes divide-se em: a) Irritantes Primários, cuja ação sobre o organismo é a irritação local e, de acordo com o local de ação, distinguem-se em: b) Irritantes de ação sobre as vias respiratórias superiores. Constituem o grupo de mais alta solubilidade na água, localizando sua ação nas vias respiratórias superiores, isto é, garganta e nariz. Pertencem a este grupo: ◊ Os ácidos fortes, tais como: ◊ Ácido clorídrico (HCI), também denominado ácido muriático ◊ Ácido sulfúrico (H2 SO4) ◊ Os álcalis fortes, tais como: ◊ Amônia (NH3) ◊ Soda cáustica (NaOH) ◊ Formaldeído II. Irritantes de ação sobre os brônquios As substâncias deste grupo têm moderada solubilidade em água e, por isto, quando inaladas, podem penetrar mais profundamente nas vias respiratórias, produzindo sua irritação, principalmente nos brônquios. Pertencem a este grupo: ◊ Anidrido sulfuroso (SO2) ◊ Cloro (Cl2) III. Irritantes sobre os pulmões Estes gases têm uma baixa solubilidade na água, podendo, portanto, alcançar os alvéolos pulmonares, onde produzirão a sua ação irritante intensa. Pertencem a este grupo: ◊ Ozona (O3) ◊ Gases Nitrosos, principalmente NO2 e sua forma dímera N2 O4.
  • 16. Os gases nitrosos, reagem com a umidade do pulmão, regenerando ácido nítrico e produzindo uma pneumonia química, Estes gases são produzidos no arco elétrico (solda elétrica), por combustão de nitratos, no uso de explosivos, no uso industrial de ácido nítrico. ◊ Fosgênio - gás incolor, originado na decomposição térmica de tetracloreto de carbono e outros derivados halogenados. IV. Irritantes atípicos Estas substâncias, apesar de sua baixa solubilidade, possuem ação irritante sobre as vias respiratórias superiores. Isto serve de advertência ao pessoal exposto, fazendo com que as pessoas se afastem imediatamente do local. Por isto, raras vezes estas substâncias são inaladas em quantidade suficiente para produzir irritação pulmonar. Pertencem a este grupo: ◊ Acroleína ou aldeído acrílico (gás liberado por motores diesel). ◊ Gases lacrimogênicos. b) Irritantes Secundários Estas substâncias, apesar de possuírem efeito irritante, têm uma ação tóxica generalizada sobre o organismo. Exemplo de substâncias deste grupo é o gás sulfídrico (H2S). GRUPO XIII - Gases e vapores anestésicos Os gases e vapores anestésicos, também denominados de narcóticos, incluem uma grande quantidade de compostos de amplo uso industrial e doméstico. A maioria dos solventes orgânicos pertencem a este grupo. Uma propriedade comum a todos eles é o efeito anestésico, devido à ação depressiva sobre o sistema nervoso central. Este efeito aparece em exposições a altas concentrações, por períodos de curta duração. No entanto, exposições repetidas e prolongadas a baixas concentrações, caso típico da exposição industrial, acarretam intoxicações sistêmicas, isto é, afetam os diversos sistemas de nosso corpo, como especificaremos mais adiante. É importante ressaltar que estas substâncias são introduzidas em nosso organismo através da via respiratória, alcançando o pulmão, onde são transferidas para o sangue, que as distribuirá para o resto do corpo. Muitas delas também podem penetrar através da pele intacta, alcançando a corrente sangüínea. De acordo com a sua ação sobre o organismo, os anestésicos podem ser divididos em:
  • 17. a) Anestésicos primários - São assim chamados as substâncias que não produzem outro efeito além da anestesia, mesmo em exposições repetidas a baixas concentrações. Exemplos: hidrocarbonetos alifáticos (butano, propano, eteno, etc.), ésteres, aldeídos, cetonas. b) Anestésicos de efeitos sobre as vísceras - Exposição industrial a substâncias deste grupo pode acarretar danos ao fígado e aos rins das pessoas expostas. Neste grupo encontramos os hidrocarbonetos clorados, tais como tetracloretos de carbono, tricloroetileno, percloroetileno. c) Anestésicos de ação sobre o sistema formador do sangue Estas substâncias acumulam-se, de preferência, nos tecidos graxos, medula óssea e sistema nervoso. As substâncias aqui classificadas são principalmente os hidrocarbonetos aromáticos, como benzeno, tolueno, xileno. A substância que apresenta maior risco é o benzeno que, em exposições repetidas a baixas concentrações, pode produzir uma anemia aplástica, isto é, irreversível, podendo chegar a uma leucemia. Os seus homólogos, tolueno e xileno, têm efeitos anestésicos similares aos do benzeno, mas possuem efeitos tóxicos consideravelmente menores. A exposição ao tolueno e xileno pode produzir uma ligeira hipertrofia do fígado e uma anemia discreta. Por serem de efeito tóxico menos severo, o tolueno e o xileno são recomendados para substituir o benzeno, diminuindo, assim, o risco a que estão expostos os trabalhadores. d) Anestésicos de ação sobre o sistema nervoso - Neste grupo encontram-se os álcoois (metílico, etílico), ésteres de ácidos orgânicos, dissulfeto de carbono. Em geral, os álcoois são altamente solúveis na água, fato que determina a sua eliminação de forma lente. No caso do álcool etílico, a lenta eliminação é contrastada com a rápida oxidação dentro do organismo, já que este composto é transformado dentro do ciclo de combustão dos açucares e, raramente, são inaladas quantidades suficiente para produzir anestesia. O álcool metílico, diferentemente do etílico, é eliminado lentamente pelo organismo, o que favorece a sua ação tóxica, que está dirigida, primeiramente, sobre o nervo ótico. Anestésicos de ação sobre o sangue e o sistema circulatório - Neste grupo está incluída uma série de nitrocompostos orgânicos, tais como o Nitrotolueno, Nitrito de etila, Nitrobenzeno, Anilina, Toluidina, etc. Exposição industrial a estas substâncias pode originar uma alteração da hemoglobina do sangue. GRUPO XIV - Gases e vapores Asfixiantes Chama-se de asfixia o bloqueio dos processos vitais tissulares, causado por falta de oxigênio. A falta de oxigênio pode acarretar lesões definitivas do cérebro, em poucos minutos.
  • 18. Chama-se de anoxemia a deficiência na entrega de oxigênio aos tecidos do organismo. Os gases e vapores asfixiantes podem ser subdivididos em: a) Asfixiantes simples - Estas substâncias têm a propriedade de deslocar o oxigênio do ambiente. O processo de asfixia ocorre, então, porque o trabalhador respira um ar com deficiência de oxigênio. Sabemos que o ar precisa ter, no mínimo, 18% de O2 para que a vida humana seja mantida sem risco algum. Para que a concentração do oxigênio seja reduzida de forma considerável no ambiente, é necessário que o asfixiante simples esteja em alta concentração e que o local não possua boa ventilação. Portanto, quando estivermos em presença de um processo de operação que desprenda asfixiante simples para a ambiente, devemos avaliar a concentração de oxigênio, já que o fator limitante para causar danos ao homem é função desta substância e não do asfixiante simples em si. Exemplos de substâncias deste grupo são: ◊ Hidrogênio, nitrogênio, hélio (gases fisiologicamente inertes) ◊ Metano, etano, acetileno (também anestésicos simples, de ação narcótica muito fraca). ◊ Dióxido de carbono (também possuidor de outros efeitos importantes sobre o organismo e, por isso, com limite de tolerância fixado especificamente para ele. Para esta substância, deve ser respeitado o limite de tolerância adotado na legislação e não aquele teor mínimo de 18% de O2, como anteriormente especificado para os asfixiantes simples). a) Asfixiantes químicos - Pertencem a este grupo algumas substâncias que, ao ingressarem no organismo, interferem na perfeita oxigenação dos tecidos. Estas substâncias não alteram a concentração do oxigênio existente no ambiente. O ar respirado contém oxigênio suficiente, só que o asfixiante químico, que foi inalado junto com o oxigênio, não permite que este último seja adequadamente aproveitado pelo nosso organismo. O monóxido de carbono (CO), a anilina e o ácido cianídrico são exemplos de asfixiantes químicos. Avaliação dos riscos químicos A presença de substâncias agressivas no ambiente de trabalho pode constituir um risco para a saúde dos trabalhadores.
  • 19. Isto não significa que todo pessoal exposto irá contrair uma doença profissional. Como já foi dito anteriormente, sua ocorrência dependerá, fundamentalmente, de fatores, tais como: a) concentração do contaminante no ambiente de trabalho; b) Tempo de exposição; c) características físico-químicas do contaminante; d) susceptibilidade pessoal. Portanto, para avaliar o risco de exposição a um agente químico em um concentração do contaminante no ambiente, cuidando para que as mediações sejam efetuadas com aparelhagem adequada e que sejam o mais representativas possível da exposição real a que estão submetidos os trabalhadores. O tempo de exposição deve ser estabelecido através de uma análise da tarefa do trabalhador. Esta incluirá todos os movimentos efetuados durante as operações normais e considerará o tempo de descanso e movimentação do trabalhador fora do local de trabalho. AERODISPERSÓIDES Conceituação e classificação De forma geral, um aerodispersóide está formado por uma dispersão de partículas sólidas ou líquidas no ar, de tamanho reduzido, que pode variar entre um limite superior, não bem definido, e que podemos fixar entre 100 a 200 µ (mícrons), até um limite inferior da ordem de 0,5 e 0,001µ. Podemos, então, distinguir entre os aerodispersóides: ◊ Poeiras: são partículas sólidas, produzidas por ruptura mecânica de sólidos. ◊ Fumos: são partículas sólidas, produzidas por condensação ou oxidação de vapores de substâncias que são sólidas a temperatura normal. ◊ Névoas: são partículas líquidas, produzidas por ruptura mecânica de líquidos. ◊ Neblinas: são partículas líquidas, produzidas por condensação de vapores de substâncias que são líquidas a temperatura normal. Em relação ao seu tamanho, as poeiras e as névoas estão formadas por partículas de mais de 0,5 µ de diâmetro, e os fumos e neblinas por partículas de menos de 0,5 µ. Deve-se entender que esta não é uma diferença rígida, já que, na realidade, existe uma superposição dos grupos. O tempo que os aerodispersóides podem permanecer no ar depende de seu tamanho, peso específico e da velocidade de movimentação do ar.
  • 20. Quanto mais tempo o aerodispersóide permanecer no ar, maior é a chance de ser inalado pelo trabalhador e de produzir nele intoxicações. As partículas sólidas maiores que 5 µ são retidas no aparelho respiratório superior ou nos cílios da traquéia; as menores que 5 µ são reexaladas ao exterior. Os aerodispersóides líquidos podem estar formados por uma substância pura, uma solução ou uma suspensão. No primeiro caso, deve-se ter presente que a inalação de uma partícula líquida pode significar uma evaporação posterior e produzir ao nível dos alvéolos pulmonares uma concentração elevada de vapores, com a conseqüente possibilidade de passar ao sangue e a resto do organismo. As soluções podem representar um risco tanto pelo solvente quanto pela substância dissolvida, dependendo o possível dano das características de cada uma delas. GRUPO XV - GRUPO XVI - Aerosóis sólidos Já foram classificados em poeiras e fumos, estabelecendo-se um diâmetro aproximado de 0,5 µ como limite entre um grupo e outro. GRUPO XVII - Fumos Os fumos já foram definidos como partículas formadas em processos de combustão, condensação de materiais comumente sólidos, tais como fusão de metais e a combustão de madeira. Para a higiene industrial, os fumos de maior interesse são os metálicos. A maioria dos metais e seus compostos utilizados em qualquer processo industrial apresentam algum risco. Os mais importantes são o chumbo, mercúrio, arsênico, cromo, manganês e seus compostos. Logo vêm, com menor importância, o que não quer dizer menor risco: o antimônio, estanho, cobre, níquel, zinco, cádmio, selênio, ferro e seus compostos). Entre os fumos metálicos de maior toxidade, distinguem-se os de chumbo, que produzem a doença ocupacional chamada de saturnismo ou plumbismo. GRUPO XVIII - Poeiras O pó está constituído por partículas geradas mecanicamente, resultantes de operações tais como moenda, perfuração, explosões e manuseio de minérios, limpeza abrasiva, corte e polimento de granitos, etc. A maior porcentagem de partículas arrastadas pelo ar, em forma de pó, tem menos de 1 µ de tamanho.
  • 21. Devemos ter presente que aquelas partículas de inferior a 5 µ são as de maior importância e as que oferecem maior risco, por constituir a chamada fração respirável. As de maior tamanho sedimentam e não são comumente inaladas. O pó inorgânico de maior importância do ponto de vista da Saúde Ocupacional é a sílica livre cristalizada, a qual acha-se em grandes quantidades na crosta terrestre (60% desta) formando parte de rochas, minérios, areias, tecidos vegetais, etc. O anidrido de silício (SiO2) existe na natureza em três formas: a) Cristalizada: ◊ Quartzo; ◊ Tridimita; ◊ cristobalita. a) Criptocristalina: ◊ Calcedônia; ◊ trípoli; ◊ Pedernal. a) Amorfa: ◊ Sílica coloidal; ◊ Gel de sílica; ◊ Opala. A forma cristalizada do quartzo é a de maior risco, causada de uma pneumoconiose chamada de silicose. Entende-se por pneumoconiose a alteração produzida no tecido dos pulmões pela inalação de poeira orgânicas ou inorgânicas. Esta alteração pode ser uma fibrose pulmonar ou um depósito de material inerte, que não altera a função pulmonar. Entre estes dois estados, existe uma variedade de danos aos pulmões. Além da sílica, outros compostos de silício, alguns silicatos, podem atuar sobre os pulmões, produzindo uma pneumoconiose; pode-se citar o asbesto, causador de uma fibrose pulmonar incapacitante e com evidências já bastante comprovadas de produção de câncer pulmonar. Outros silicatos de importância são o talco, a terra de infusórios (formada principalmente de conchas de unicelulares), a mica, etc. Entre os pós orgânicos podemos distinguir dois grupos: A - os que podem produzir doenças broncopulmonares crônicas, tais como os de algodão, de bagaço e de agave (sisal);
  • 22. B - os que podem produzir alergias, asmas ou dermatoses, tais como as de semente de rícino, de amido e de tabaco. Algodão: Os trabalhadores expostos a pó de algodão e agave podem adquirir a doença chamada Bissinose. As primeiras manifestações podem ser notadas depois de vários anos de exposição à poeira. O trabalhador, no começo, apresenta problemas respiratórios leves e uma opressão no peito, ao se apresentar para seu serviço nas manhãs das segundas-feiras, ou em dias subsequentes às faltas ou dias feriados. Se o trabalhador é afastado da exposição ao pó, no início da doença, recupera-se totalmente. Nos casos avançados, produz-se uma incapacidade pulmonar permanente. Uma das teorias que explicaria a doença baseia-se na presença de agentes farmacologicamente ativos contidos na poeira e que em contato com os tecidos pulmonares fazem com que estes liberem a substância causadora da constrição bronquial. Bagaço: O bagaço é o material fibroso, que fica como resíduo depois de se espremer a cana-de-açúcar. É utilizado como material isolante e acústico, na manufatura de papel, fertilizantes, explosivos, etc. A bagaçose é causada por inalação de pó de bagaço seco, já que o material úmido proveniente de uma moenda recente não produz a doença. Depois de um certo tempo de exposição, manifestam-se os sintomas, tais como febre e dificuldade respiratória, sendo que, em estados avançados, a doença se torna crônica. RISCOS QUÍMICOS EM UM LABORATÓRIO Um laboratório químico apresenta vários riscos aos seus usuários, tais como: desproteção das máquinas, manuseio de material de vidro, uso da eletricidade, incêndio, explosão e exposição a substâncias químicas nocivas ao organismo humano. Como bem salientou J. Idris Jones, em seu livro “Origem y Prevención de los Acidentes de Laboratório”, as normas de segurança, um bom lay-out, uma boa manutenção dos equipamentos, dispositivos de segurança não são suficientes para evitar os acidentes. Isto porque, freqüentemente, estas medidas preventivas não apresentam eficiência total por falta de cuidados do operador que desconhece totalmente o risco. Este fato ocorre muitas vezes num laboratório químico de uma escola. Os alunos raramente são orientados para o fator segurança. Na maioria das vezes, a grande preocupação do professor é orientar a execução da experiência, deixando para segundo plano a orientação quanto aos riscos advindos daquela operação e a forma de preveni-los.
  • 23. Além disso, os estudantes, na maioria das vezes, são jovens e, por isso, têm pressa em acabar logo a experiência. E outra agravante é que sempre encontramos um aluno disposto a fazer brincadeiras. Se existe um desconhecimento total dos riscos, estas brincadeiras podem se tornar perigosas. Na minha época de escola, um dos alunos, por brincadeira, jogou ácido sulfúrico nas costas de um colega, resultando em uma queimadura grave. Isto só ocorreu porque o rapaz, por estar iniciando naqueles dias o seu contato com as substâncias químicas, desconhecia o poder altamente corrosivo deste ácido. Esta substância estava sendo manuseada, sem que houvesse uma única informação a respeito dos riscos a que estávamos expostos. Este acidente provavelmente teria sido evitado, se o laboratório da escola contasse com um programa efetivo de prevenção. A escola forma o trabalhador de amanhã. Se, quando aluno, o indivíduo manuseia as substâncias químicas de forma insegura, provavelmente, quando estiver trabalhando em uma indústria, a sua tendência será trabalhar com a mesma displicência com que trabalhava anteriormente na escola. Todo laboratório deve possuir uma capela, para operações que liberem vapores prejudiciais à saúde, bem como chuveiro de emergência e lava-olhos para o caso de um acidente. O laboratório deve ser mantido em perfeita ordem, tendo todos seus frascos rotulados. Um bom rótulo deve conter, no mínimo, as seguintes informações: a) Nome técnico do produto b) Palavra de advertência ◊ PERIGO, para substâncias que apresentem alto risco; ◊ CUIDADO, para substâncias que apresentem risco médio; ◊ ATENÇÃO, para substâncias que apresentem risco leve. a) Indicação do risco ◊ Informações sobre os riscos relacionados ao manuseio, tais como: EXTREMAMENTE INFLAMÁVEIS NOCIVO, SE ABSORVIDO ATRAVÉS DA PELE d) Aspectos toxicológicos e) Medidas preventivas ◊ Informações como: Mantenha afastado do calor ou chama; Evite respirar o vapor; Evite inalar a poeira. d) Primeiros socorros e) instruções especiais em caso de fogo, derrame ou vazamento
  • 24. Outro aspecto que deve ser de conhecimento dos usuários são os efeitos das substâncias sobre o organismo, a forma correta de manuseio, e inclusive as medidas de primeiro socorro. Informações detalhadas, com relação a estes aspectos, podem estar dispostas num arquivo, acessível a todos. MEDIDAS GENÉRICAS DE CONTROLE DOS AGENTES AMBIENTAIS Substituição do produto tóxico ou nocivo A substituição de um material tóxico não é sempre possível; entretanto, quando o é, representa a maneira mais segura de eliminar ou reduzir um risco. Entre os numerosos exemplos que podem ser citados no emprego deste método, está a troca do chumbo por óxido de titânio e zircônio, e por sais de zinco, em esmaltes vitrificados e pinturas. Como é sabido, o chumbo era usado como constituinte em esmaltes vitrificados, e tendo a propriedade de solubilizar-se em soluções cítricas (limonada) ou acéticas (vinagre), teve de ser substituído na fabricação de artigos de louça par uso doméstico. Nas pinturas, a substituição teve de dar-se notadamente na fabricação de brinquedos. Também é um bom exemplo a substituição do quartzo granulado que é usado na limpeza de peças metálicas, em jato sob pressão, por granalha de aço, o que reduz de forma considerável o risco de silicoses (quando não se tratam de peças fundidas em areia, é bom frisar). De maneira análoga, foram substituídos os sais de mercúrio, usados no tratamento dos pêlos animais, na fabricação de chapéus de feltro, por uma mistura de água oxigenada e sulfato de sódio. Igualmente, até onde tem sido possível, se tem substituído o benzeno por xileno, tolueno, hexano ou nafta solvente, produtos que têm uma toxicidade mais reduzida que o benzeno e propriedades razoavelmente similares para os seus usos específicos. Mudanças ou alteração do processo ou operação Uma mudança de processo oferece em geral oportunidades para a melhoria das condições de trabalho. Naturalmente, a maioria das mudanças ou alterações são feitas no sentido da redução de custos e aumento de produção, e só ocasionalmente favorecem o meio ambiente. Entretanto, deve o profissional de segurança saber tirar partido dessas mudanças, orientando-as de sinal de segurança saber tirar partido dessas mudanças, orientando-as de maneira a conseguir também os seus objetivos e lutando por alterações específicas que visem o
  • 25. ambiente de trabalho. Entre as operações, cujos riscos essas medidas eliminam ou reduzem significativamente, podemos citar as seguintes: ◊ Utilização de pintura por imersão ao invés de pintura a pistola; ◊Processos úmidos no lugar de operações “a seco”, para o controle de suspensões de partículas; ◊Mecanização e automatização de processos, como o ensacamento de pós e a mecanização do empastamento de placas de baterias. Encerramento ou enclausuramento da operação Esta medida, como se auto-explica através da designação, consiste no confinamento da operação, objetivando-se, assim, impedir a dispersão do contaminante por todo o ambiente de trabalho. O confinamento pode incluir ou não o trabalhador. Como medida indicada para processos que produzem forçosamente incluído no enclausuramento, a ele deve ser fornecido equipamento abrasivo, e o manuseio de solventes altamente tóxicos. Quando o operador não está incluído no enclausuramento, e só tem acesso à operação através de aberturas especiais, temos as chamadas “Glove Boxes” (caixas com luvas). As caixas, que envolvem a operação, são de material transparente ou dotadas de visores, e as aberturas de manuseio “vestem” luvas impermeáveis no operador, isolando totalmente o processo. São exemplos: o esmerilhado e gravação de cristais, caixas de jateamento abrasivo, certos processos da indústria química. Adicionalmente, o enclausuramento de um processo nocivo, quando automatizado ou semi-automatizado, é das medidas mais eficientes. Exemplo: máquinas de jateamento abrasivo com granalha de aço (Wheelabrators). Segregação da operação ou processo A segregação ou isolamento é particularmente útil para operações limitadas que requerem um número reduzido de trabalhadores, ou onde o controle por qualquer outro método é muito dificultoso. A tarefa é isolada do restante das operações e, portanto, a maioria dos trabalhadores não é exposta ao risco específico; aqueles que realmente estão envolvidos na operação receberão proteção especial individual e/ou coletiva, tornada em geral economicamente viável pela própria ação de segregação. A segregação pode ser feita no espaço ou no tempo. Segregação no espaço significa isolar o processo à distância; segregação no tempo significa executar uma tarefa fora do horário normal, reduzindo igualmente o número de expostos.
  • 26. Exemplos: Setores de jateamento de areia na indústria em geral e na construção naval (segregação no espaço); manutenção e reparos que envolvem altos riscos (segregação no tempo). Ventilação geral diluidora O propósito que se tem em vista, ao instalar-se um sistema de ventilação geral em um ambiente de trabalho, é o de rebaixar a concentração de contaminantes ambientais a níveis aceitáveis mediante a introdução de grandes volumes de ar, efetuando-se a diluição dos mesmos. Sendo assim, deduz-se que este sistema deve estar restrito àqueles sítios nos quais o contaminante é produzido em vários lugares de um mesmo recinto. Sua eficácia pode também ser aumentada utilizando-se correntes convectivas criadas por corpos a temperatura elevada, facilitando a eliminação do ar contaminado. Lamentavelmente, a ventilação geral (natural ou forçada) é recomendada de forma indiscriminada, sem se dar atenção às limitações inerentes ao sistema. Entre outras, deve-se lembrar que não se recomenda o seu uso nos casos em que o contaminante é dispersado próximo da zona respiratória do trabalhador, pois seu efeito é nulo do ponto de vista da Higiene Industrial. A renovação do ar pode-se dar positivamente (insuflamento) ou negativamente (exaustão), e a decisão deve basear-se na possibilidade de que haja escape de ar contaminado a outros recintos adjacentes. Entretanto, qualquer que seja o método adotado, devem estar previstas as aberturas convenientes de entrada ou saída do ar insuflado ou evacuado, para que a renovação se dê satisfatoriamente. A posição de tais aberturas deve ser tal que o ar efetue uma “varredura” do local de trabalho, especialmente eficiente nos pontos de geração de contaminante. O volume de ar envolvido deve relacionar-se com o volume de contaminante gerado na unidade de tempo, e não como se costuma fazer na ventilação de conforto, no volume do recinto (trocas de ar por hora). Em geral aqueles volumes são bastantes superiores, podendo causar espécie a profissionais da área de ventilação e ar condicionado, normalmente não envolvidos em higiene industrial; Do exposto, convém considerar-se a possibilidade, ao se pensar num projeto de ventilação geral para higiene industrial, de que seja entregue a um profissional especializado na área, ou que na empresa, os profissionais mais ligados área (Engenharia de Ventilação e Ar Condicionado) adquiram proficiência na matéria, consultando manuais e bibliografia específica de ventilação em Higiene Industrial. Do ponto de vista econômico, a ventilação geral apresenta o inconveniente de requerer volumes de ar muito altos, quando se trata de diluir contaminantes de alta toxicidade; assim, para diluirmos os vapores produzidas por um kg de benzeno a valores aceitáveis, são
  • 27. necessários 5.400 m3 de ar; se o mesmo tivesse que ser feito para a nafta solvente, seriam necessários apenas 192 m3 de ar. As cifras ilustram claramente a necessidade de levar em conta a toxicidade do produto que se deseja diluir. Outras aplicações da Ventilação Geral Diluidora, em Higiene Industrial, estão relacionadas principalmente com calor (ver Calor). Ventilação local exaustora A ventilação local exaustora é dos sistemas mais eficazes para se prevenir a contaminação do ar na indústria. O princípio em que se baseia é o de capturar o contaminante no seu ponto de origem (ato contínuo à sua geração), antes que o mesmo atinja a zona respiratória do trabalhador, usando para isto a menor quantidade de ar possível. O contaminante assim capturado é levado por tubulações ao exterior, ou ao sistema de coleta do contaminante. Um sistema de ventilação local exaustora compreende várias partes básicas. A primeira delas é a tomada de ar ou captor, que deve ter a forma mais adequada de adaptação à máquina ou processo que gera o contaminante. Em geral se desconhecem características intrínsecas de sistemas de sucção, tais como a de que as Superfícies Isocinéticas de captura têm seu poder drasticamente reduzido ao afastarmo-nos da boca da tubulação. Assim, para uma boca cilíndrica, a uma distância da mesma igual ao seu diâmetro, a velocidade do ar ingressante é de apenas 7% de velocidade na boca. Do exposto se deduz que a tomada de ar deve estar tão acercada quanto possível de fonte de produção de contaminante e que a velocidade deve ser suficientemente alta para que se leve à tubulação o contaminante, mesmo quando esta possua velocidades iniciais de geração de sentido contrário ao de captação (vapores aquecidos, partículas projetadas de esmeril). A parte seguinte do sistema compõe-se das tubulações ou condutos, através dos quais circula o ar aspirado. A velocidade do ar nos mesmos deve ser calculada de modo que o contaminante não se deposite no seu interior por sedimentação. As dimensões e características dos mesmos são de vital importância para a eficácia do sistema, que deve, portanto, ser projetado por especialistas, cabendo, pois, para a Ventilação Local Exaustora, as mesmas considerações tecidas a esse respeito no item anterior (Ventilação Geral Diluidora), sendo aqui particularmente recomendáveis. Quando o contaminante é tóxico e a sua dispersão na atmosfera pode contaminar outras áreas de trabalho ou vizinhança, ou, ainda, quando o mesmo possuir alto valor intrínseco, o sistema deve incluir um dispositivo de coleta, localizado num ponto do sistema antes que o ar evacuado seja lançado na atmosfera. Os sistemas existentes de uso mais generalizado são os ciclones, câmaras de sedimentação, filtro de mangas, precipitadores eletrostáticos, processos úmidos, lavadores, entre outros, e seu uso e escolha dependem de parâmetros como:
  • 28. granulometria do material, vazão a manipular, molhabilidade, toxicidade, explosividade, ação corrosiva do contaminante, etc. Pode-se combinar os diferentes tipos de sistema de coleta, para conseguir os objetivos desejados; por exemplo, é comum combinar-se um ciclone a um outro dos sistemas “mais finos” de separação mencionados, uma vez que aquele não aprisiona partículas mais reduzidas, dentro da faixa respirável (0,5 a 5 µ m); entretanto, seu uso num primeiro estágio evita a sobrecarga do sistema mais eficiente. Outro elemento constituinte dos sistemas de ventilação é, obviamente, o ventilador, o qual é colocado em geral, mas não necessariamente, após o sistema coletor. A razão dessa forma de instalação é que desse modo todo o sistema se encontrará em pressão negativa, evitando a fuga de ar contaminado ou semicontaminado à atmosfera. Esse arranjo também é favorável, quando o contaminante tem ação erosiva ou corrosiva, o que poderia diminuir sensivelmente a vida útil do ventilador. Os ventiladores podem ser axiais ou centrífugos; os primeiros podem manipular grandes vazões, mas em geral a pressão muito reduzida, embora modernamente já haja modelos de pressão moderada; os segundos são de uso mais geral e são adequados, por sua construção, para pressões baixas, moderadas ou altas. Dadas as grandes perdas de carga, em geral, nos sistemas de ventilação local exaustora, os centrífugos são especialmente aplicáveis. Quando o contaminante for potencialmente explosivo, o sistema todo deve ser à prova de explosão, e pode-se inclusive utilizar ejetores de ar comprimido ao invés de ventiladores. Logo após instalados, os sistemas de ventilação devem ser verificados quanto à operação, observando-se as especificações de projeto, como vazões, velocidades nos dutos, pressões negativas, entre outras. Os parâmetros de operação devem ser verificados periodicamente como medida usual de manutenção; Manutenção Rigorosamente, não se pode considerar este como um método de prevenção no sentido estrito da palavra, mas constitui parte e complemento especialmente importante de qualquer dos anteriores, não só quando se trata dos equipamentos de controle de riscos ambientais, mas também de equipamentos e instalações em geral na empresa. É freqüente, devido ao pouco conhecimento do industrial de seus problemas ambientais que a ação das medidas adotadas se esterilize com o tempo, por falta de uma manutenção adequada. Programas e cronogramas de manutenção devem ser seguidos à risca, respeitando-se os prazos propostos pelos fabricantes e projetistas de equipamentos. GRUPO XIX - Ordem e Limpeza
  • 29. Boas condições de ordem e limpeza, e asseio geral, ocupam uma posição chave num sistema de proteção ocupacional. Basicamente, é mais uma ferramenta a adicionar-se àquelas já listadas na prevenção de dispersão de contaminantes perigosos. O pó em bancadas, parapeitos, rodapés e chãos, sedimentados nas horas calmas e ao longo do tempo, pode prontamente ser redispersado na atmosfera do recinto pelo trânsito de pessoas e equipamentos, vibrações e correntes aleatórias. O asseio é sempre importante; onde há materiais tóxicos, é primordial. A limpeza imediata de quaisquer derramamento de produtos tóxicos é importante medida de controle. Um programa de limpeza periódica, usando-se aspiração a vácuo, seja por aspiradores industriais, seja por linhas de vácuo, é o único meio realmente efetivo, para se remover pó e partículas da área de trabalho. Nunca o pó deve ser soprado, com bicos de ar comprimido, para “efeito” de limpeza. Nos casos de pós de sílica, chumbo e compostos de mercúrio, estas são medidas essenciais. Igualmente, no uso, manuseio e estocagem de solventes, o asseio deve incluir a limpeza imediata de respingos ou vazamentos, por pessoal que use equipamentos de proteção pessoal, e o material empregado, como panos, trapos, papel absorvente, deve ser disposto em recipientes herméticos e removido diariamente da planta. É possível manter-se um programa efetivo de saúde ocupacional, sem que se assuma a constante preocupação com os aspectos totais de ordem e limpeza. Projetos adequados Todas as medidas mencionadas serão, via de regra, mais efetivas e viáveis econômica e fisicamente se consideradas na etapa de projeto de quaisquer equipamentos, processos e suas operações. Assim, a etapa de projeto constitui sempre a fase de ataque ideal dos problemas de Higiene e Segurança Industrial, e a inclusão de profissionais de Segurança e Higiene nas equipes de projeto, num mesmo nível de diálogo e decisão, constitui medida inteligente e atesta o nível de significância em que serão considerados tais problemas pelas direções empresariais. Equipamento de proteção individual Os equipamentos de Proteção Individual devem ser sempre considerados como uma segunda linha de defesa, após criteriosas considerações sobre todas as possíveis medidas de controle relativas ao ambiente, que possam eventualmente ser tomadas e aplicadas prioritariamente. Entretanto, há situações especiais, como já foi notado, nas quais as medidas de controle ambientais são inaplicáveis total ou parcialmente; nesses casos, a única forma de proteger o pessoal será dotá-lo de equipamentos de proteção individual.
  • 30. O uso correto dos EPIs, por parte dos trabalhadores, assim como as limitações de proteção que eles oferecem, são aspectos que o pessoal deve conhecer através de treinamento específico, coordenado pelo Engenheiro de Segurança. Educação e treinamento As ações de educação e treinamento, principalmente aquelas dirigidas à Segurança e Higiene do Trabalho, devem ter lugar sempre independentemente da utilização de outras medidas de controle, sendo na realidade importante complementação a qualquer uma. Tais ações, que devem ser conduzidas e coordenadas pelo Engenheiro de Segurança da empresa, devem incluir, entre outros itens, a conscientização do trabalhador, quanto aos riscos inerentes às operações, aos riscos ambientais, e às formas operacionais adequadas que garantem a efetividade das medidas de controle adotadas, além do treinamento em procedimentos de emergência, noções de primeiros socorros e medidas de urgência adequadas a cada ambiente de trabalho específico, que serão desenvolvidas com a participação do médico do trabalho. Controle médico Exames médicos pré-admissionais e periódicos constituem medidas fundamentais, de caráter permanente e se situam entre as principais atividades dos serviços médicos da empresa. Os exames pré-admissionais apresentam características importantíssimas de seleção ocupacional, podendo-se comparar aspectos desejados e não desejados. De acordo com a função ou atividade específica do trabalhador na empresa, cotejam-se aspectos operacionais, de compleição, de habilidade e de destreza, de atenção e percepção, de fatores de risco de tais funções e atividades. As características devem ser ditadas pelo médico, assessorado de dados técnicos específicos. Os exames médicos periódicos dos trabalhadores possibilitam, além de um controle de saúde geral do pessoal, a detecção de fatores que podem levar a uma doença profissional, assim como serão uma forma de avaliar a efetividade dos métodos de controle empregados. Limitação da exposição A redução dos períodos de trabalho torna-se importante medida de controle onde todas as outras medidas possíveis forem inefetivas, impraticáveis (técnica, física ou economicamente) ou insuficientes no controle de um agente, por não se lograr, desse modo, a limitação de exposição ao risco, dentro de critérios técnicos bem definidos, pode tornar-se uma solução efetiva e econômica em muitos casos críticos. São exemplos típicos desse procedimento o controle de exposições ao calor intenso, a pressão anormais, ao ruído, às radiações ionizantes.