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A	
  Fundamentação	
  da	
  Moral:	
  o	
  que	
  distingue	
  uma	
  acção	
  moralmente	
  correcta	
  de	
  uma	
  acção	
  moralmente	
  errada?	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
BEM	
  ÚLTIMO:	
  A	
  VONTADE	
  BOA	
  
	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  De	
  todas	
  as	
  coisas	
  que	
  é	
  possível	
  conceber	
  neste	
  mundo	
  (...)	
  não	
  existe	
  nada	
  que	
  possa	
  ser	
  
considerado	
   bom	
   sem	
   qualificação	
   excepto	
   a	
   vontade	
   boa.	
   A	
   inteligência,	
   a	
   perspicácia,	
   o	
  
discernimento	
  e	
  sejam	
  quais	
  forem	
  os	
  talentos	
  do	
  espírito	
  que	
  se	
  queira	
  nomear	
  são,	
  sem	
  dúvida,	
  
bons	
  e	
  desejáveis	
  em	
  muitos	
  aspectos,	
  tal	
  como	
  as	
  qualidades	
  do	
  temperamento	
  como	
  a	
  coragem,	
  a	
  
determinação,	
   a	
   perseverança.	
   Mas,	
   estes	
   dons	
   da	
   natureza	
   podem	
   também	
   tornar-­‐se	
  
extremamente	
  maus	
  e	
  prejudiciais	
  se	
  a	
  vontade	
  que	
  dará	
  uso	
  a	
  estes	
  dons	
  da	
  natureza	
  (...)	
  não	
  for	
  
boa.	
  (...)	
  um	
  ser	
  que	
  não	
  seja	
  agraciado	
  por	
  qualquer	
  resquício	
  de	
  uma	
  vontade	
  pura	
  e	
  boa,	
  mas	
  que	
  
contudo	
  desfrute	
  de	
  uma	
  prosperidade	
  initerrupta	
  nunca	
  pode	
  deleitar	
  um	
  espectador	
  racional	
  e	
  
imparcial.	
  Assim,	
  uma	
  vontade	
  boa	
  parece	
  constituir	
  a	
  condição	
  indispensável	
  até	
  para	
  se	
  ser	
  
digno	
  de	
  felicidade.	
  	
  
	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  	
  (...)	
  Uma	
  vontade	
  é	
  boa	
  não	
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  do	
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  A	
  sua	
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  assim	
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  permitir	
  
lidar	
  com	
  ela	
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  para	
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  a	
  atenção	
  de	
  quem	
  não	
  é	
  ainda	
  especalista	
  (...).	
  
KANT,	
  I,	
  (1998),	
  Fundamentação	
  da	
  Metafísica	
  dos	
  Costumes.	
  Lisboa:	
  Lisboa	
  Editora,	
  p.60	
  	
  
(Adaptado	
  por	
  Joana	
  Inês	
  Pontes)	
  
	
  
Interpretação:	
  
1. Explique	
  o	
  que	
  significa	
  dizer	
  que	
  a	
  vontade	
  é	
  boa	
  sem	
  qualificação.	
  
2. Formule	
  explicitamente	
  o	
  primeiro	
  argumento	
  utilizado	
  por	
  Kant	
  a	
  favor	
  da	
  ideia	
  de	
  que	
  só	
  a	
  
vontade	
  é	
  boa	
  sem	
  qualificação?	
  
3. Por	
  que	
  razão	
  Kant	
  pensa	
  que	
  a	
  vontade	
  boa	
  não	
  o	
  é	
  em	
  função	
  das	
  suas	
  consequências?	
  
4. «Uma	
   vontade	
   boa	
   parece	
   constituir	
   a	
   condição	
   indispensável	
   até	
   para	
   se	
   ser	
   digno	
   de	
  
felicidade».	
  Concorda	
  com	
  Kant?	
  Justifique.	
  	
  
	
  
Immanuel	
   Kant	
   (1724-­‐1804):	
   um	
   dos	
   filósofos	
   mais	
   influentes	
   de	
   sempre.	
   Desenvolveu	
   as	
   suas	
   idéias	
   de	
  
forma	
   sistemática,	
   abrangendo	
   quase	
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   do	
  
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  da	
  deontologia,	
  um	
  tipo	
  
de	
  teoria	
  que	
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  acções,	
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  agente.	
  	
  	
  	
  
Sugestão	
  de	
  leitura	
  complementar	
  na	
  internet:	
  	
  
Rachels,	
  James	
  (2003),	
  “A	
  Ética	
  de	
  Kant”,	
  in	
  Crítica	
  http://criticanarede.com/html/fa_13excerto.html	
  
	
  
Vontade	
  
boa	
  
Boa	
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  si	
  
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Ética do Dever (Kant)

  • 1. A  Fundamentação  da  Moral:  o  que  distingue  uma  acção  moralmente  correcta  de  uma  acção  moralmente  errada?               BEM  ÚLTIMO:  A  VONTADE  BOA                          De  todas  as  coisas  que  é  possível  conceber  neste  mundo  (...)  não  existe  nada  que  possa  ser   considerado   bom   sem   qualificação   excepto   a   vontade   boa.   A   inteligência,   a   perspicácia,   o   discernimento  e  sejam  quais  forem  os  talentos  do  espírito  que  se  queira  nomear  são,  sem  dúvida,   bons  e  desejáveis  em  muitos  aspectos,  tal  como  as  qualidades  do  temperamento  como  a  coragem,  a   determinação,   a   perseverança.   Mas,   estes   dons   da   natureza   podem   também   tornar-­‐se   extremamente  maus  e  prejudiciais  se  a  vontade  que  dará  uso  a  estes  dons  da  natureza  (...)  não  for   boa.  (...)  um  ser  que  não  seja  agraciado  por  qualquer  resquício  de  uma  vontade  pura  e  boa,  mas  que   contudo  desfrute  de  uma  prosperidade  initerrupta  nunca  pode  deleitar  um  espectador  racional  e   imparcial.  Assim,  uma  vontade  boa  parece  constituir  a  condição  indispensável  até  para  se  ser   digno  de  felicidade.                        (...)  Uma  vontade  é  boa  não  por  causa  do  seus  efeitos  ou  do  que  consegue  alcançar,  nem  por   ser  apropriada  para  alcançar  um  dado  fim;  é  boa  unicamente  através  da  sua  vontade,  i.  e.,  é  boa   em  si.  Quando  é  considerada  em  si,  é  muito  mais  estimada  do  que  seja  o  que  for  que  alguma  vez  ela   poderia   produzir   meramente   para   favorecer   qualquer   inclinação,   ou   mesmo   a   soma   de   todas   as   inclinações.   Mesmo   que   esta   vontade,   devido   a   um   destino   especialmente   desafortunado   ou   à   provisão  mesquinha  da  natureza  madrasta,  seja  completamente  desprovida  de  poder  para  cumprir   o  seu  propósito;  mesmo  que  se  com  o  maior  esforço  nada  conseguisse  alcançar  e  apenas  restasse  a   vontade  boa  –  mesmo,  assim,  a  vontade  boa,  como  uma  jóia  brilharia  com    a  sua  própria  luz,  como   algo  que  tem  todo  o  seu  valor  em  si.  A  sua  utilidade  e  esterilidade  nunca  podem  aumentar  ou   dimuinuir  o  seu  valor.  A  sua  utilidade  seria,  por  assim  dizer,  apenas  o  contexto  para  nos  permitir   lidar  com  ela  na  vida  corrente  ou  para  atrair  a  atenção  de  quem  não  é  ainda  especalista  (...).   KANT,  I,  (1998),  Fundamentação  da  Metafísica  dos  Costumes.  Lisboa:  Lisboa  Editora,  p.60     (Adaptado  por  Joana  Inês  Pontes)     Interpretação:   1. Explique  o  que  significa  dizer  que  a  vontade  é  boa  sem  qualificação.   2. Formule  explicitamente  o  primeiro  argumento  utilizado  por  Kant  a  favor  da  ideia  de  que  só  a   vontade  é  boa  sem  qualificação?   3. Por  que  razão  Kant  pensa  que  a  vontade  boa  não  o  é  em  função  das  suas  consequências?   4. «Uma   vontade   boa   parece   constituir   a   condição   indispensável   até   para   se   ser   digno   de   felicidade».  Concorda  com  Kant?  Justifique.       Immanuel   Kant   (1724-­‐1804):   um   dos   filósofos   mais   influentes   de   sempre.   Desenvolveu   as   suas   idéias   de   forma   sistemática,   abrangendo   quase   todas   as   áreas   centrais   da   filosofia:   ética,   filosofia   política,   teoria   do   conhecimento,  metafísica,  estética  e  filosofia  da  religião.  Em  ética,  foi  o  famoso  defensor  da  deontologia,  um  tipo   de  teoria  que  não  tem  em  conta  as  consequências  das  acções,  mas  apenas  as  intenções  do  agente.         Sugestão  de  leitura  complementar  na  internet:     Rachels,  James  (2003),  “A  Ética  de  Kant”,  in  Crítica  http://criticanarede.com/html/fa_13excerto.html     Vontade   boa   Boa  em  si   Cumprir     o  dever   pelo   dever