SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 36
Downloaden Sie, um offline zu lesen
EEXCURSIONISMOXCURSIONISMO PPEDESTREEDESTRE
EEXCURSIONISMOXCURSIONISMO PPEDESTREEDESTRE COMCOM MMOCHILAOCHILA
Autor
Líder Máster Avançado Dr. Leandro Dias Cezar
Distrital de Desbravadores da ARJ no Distrito de Botafogo, Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO RIO DE JANEIRO – IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
AGRADECIMENTOS
Nosso maior agradecimento é sempre a Deus que nos mantém vivos e firmes na fé, esperando e trabalhando pela
Sua volta. Entretanto, também devo agradecimento a minha esposa, por ter me suportado até aqui e sempre me
apoiado nas aventuras com os desbravadores. E, neste momento, de forma especial ao Onir, ao Luis e ao Marcus,
diretores do Clube de Desbravadores de Botafogo, que me acolheram e sem os quais, não teria feito esta
travessia. Também ao Regional da 5a
Região da ARJ Líder Daniel Sampaio Moura que na última semana se
prontificou a nos acompanhar na travessia.
APRESENTAÇÃO
Muitos manuais e apostilas têm sido redigidas sobre estas especialidades ao longo da história dos desbravadores.
Muita informação também pode ser encontrada na internet. Nem tudo é consenso a esse respeito. Portanto, não
esperamos encerrar este assunto com este pequeno manual, mas sim, estimular a curiosidade do leitor e a
vontade de ingressar nesse tipo de expedição.
Para isso, baseamos este manual em nossa experiência pessoal em excursionismo pedestre, campismo,
montanhismo, escalada, travessia de cânion, 25 anos como desbravador. Além disso, ilustramos esta apostila
com as informações referentes à preparação e realização da Travessia Petrópolis-Teresópolis, realizada nos
altiplanos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) em julho de 2006 por nossa unidade da
diretoria do Clube de Desbravadores Botafogo, composta por Onir, Luis, Márcio e eu, acompanhados pelo
Regional Daniel.
Esperamos que tenha uma leitura agradável e que os conhecimentos expostos aqui possam auxiliá-lo em suas
aventuras.
SUMÁRIO
1. PREPARANDO-SE PARA UMA EXPEDIÇÃO............................................................................................ 6
1.1 ESTEJA PREPARADO!................................................................................................................................... 6
1.2 CHECK-LIST DE PREPARAÇÃO DA EQUIPE.......................................................................................................... 6
2 A INVESTIGAÇÃO............................................................................................................................ 7
2.1 ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS........................................................8
3 O PLANEJAMENTO........................................................................................................................ 10
3.1 O PERCURSO........................................................................................................................................... 10
3.2 CROQUI DA TRILHA................................................................................................................................... 11
3.3 GRÁFICO DE ALTITUDE E DISTÂNCIA...............................................................................................................12
3.4 DIVISÃO DE FUNÇÕES.................................................................................................................................12
3.5 PLANO DE EMERGÊNCIA.............................................................................................................................. 13
3.6 O QUE FAZER QUANDO ESTIVER PERDIDO OU FERIDO – S.T.O.P. AND P.L.A.N. –...............................................13
4 EQUIPAMENTOS.............................................................................................................................14
4.1 EQUIPAMENTO INDIVIDUAL..........................................................................................................................14
4.1.1 Mochila.......................................................................................................................................14
4.1.2 Saco de dormir............................................................................................................................15
4.1.3. Isolante térmico......................................................................................................................... 15
4.2 MATERIAL INDISPENSÁVEL PARA EMERGÊNCIAS................................................................................................. 15
4.2.1 Bússola........................................................................................................................................15
4.2.2 Relógio........................................................................................................................................15
4.2.3 Canivete......................................................................................................................................15
4.2.4 Apito............................................................................................................................................15
4.2.5 Cartão de Identificação e saúde.................................................................................................15
4.2.6 Mini-lanterna..............................................................................................................................15
4.3 ROUPAS – SISTEMA DE CAPAS – ...................................................................................................................16
4.3.1 Meias internas............................................................................................................................ 16
4.3.2 Meias externas............................................................................................................................16
4.3.3 Capa interna...............................................................................................................................16
4.3.4 Segunda capa..............................................................................................................................16
4.3.5 Terceira capa..............................................................................................................................16
4.3.6 Capa externa...............................................................................................................................16
4.3.7 Cuecas........................................................................................................................................ 16
4.3.8 Calça interna.............................................................................................................................. 16
4.3.9 Calça...........................................................................................................................................16
4.3.10 Calça externa............................................................................................................................17
4.3.11 Chapéu......................................................................................................................................17
4.3.12 Gorro........................................................................................................................................ 17
4.3.13 Luvas.........................................................................................................................................17
4.3.14 Polainas....................................................................................................................................17
4.3.15 Calçados de caminhada............................................................................................................17
4.3.16 Chinelos....................................................................................................................................17
4.3.17 Em resumo................................................................................................................................ 17
4.4 NÉCESSAIRE............................................................................................................................................. 18
4.4.1 Escova e pasta de dentes............................................................................................................ 18
4.4.2 Sabonete......................................................................................................................................18
4.4.3 Toalha.........................................................................................................................................18
4.4.4 Talco para os pés........................................................................................................................18
4.4.5 Papel higiênico...........................................................................................................................18
4.4.6 Prato fundo e/ou copo................................................................................................................ 18
4.4.7 Talheres...................................................................................................................................... 18
4.4.8 Protetor solar............................................................................................................................. 18
4.4.9 Protetor labial............................................................................................................................ 18
4.4.10 Repelente.................................................................................................................................. 18
4.4.11 Medicações individuais............................................................................................................ 18
4.5 OUTROS EQUIPAMENTOS ÚTEIS..................................................................................................................... 18
4.5.1 Cantil.......................................................................................................................................... 18
4.5.2 Pastilhas de cloro....................................................................................................................... 19
4.5.3 Lanterna......................................................................................................................................19
4.5.4 Pilhas reservas........................................................................................................................... 19
4.5.5 Bloco de notas e lápis.................................................................................................................19
4.5.6 Óculos escuros............................................................................................................................19
4.5.7 Cabo solteiro.............................................................................................................................. 19
4.5.8 Mosquetão de segurança............................................................................................................19
4.5.9 Bastão de caminhada .................................................................................................................19
4.5.10 Lenço dos Desbravadores........................................................................................................ 19
4.6 MATERIAL INDIVIDUAL QUE PODE SE TORNAR, OPCIONALMENTE, MATERIAL DA EQUIPE............................................. 20
4.6.1 Faca de campanha......................................................................................................................20
4.6.2 Binóculo......................................................................................................................................20
4.6.3 Carta topográfica....................................................................................................................... 20
4.6.4 Máquina fotográfica...................................................................................................................20
4.6.5 Material de Costura....................................................................................................................20
4.6.6 Sacos de lixo............................................................................................................................... 20
4.7 MATERIAL DA EQUIPE................................................................................................................................20
4.7.1 Barraca ......................................................................................................................................20
4.7.2 Fogareiro....................................................................................................................................20
4.7.3 Panelas....................................................................................................................................... 20
4.7.4 GPS.............................................................................................................................................21
4.7.5 Rádio...........................................................................................................................................21
4.7.6 Sinalizador..................................................................................................................................21
4.7.7 Pá e Machadinha........................................................................................................................21
4.8 ESTOJO DE PRIMEIROS SOCORROS................................................................................................................ 21
4.8.1 Equipamentos............................................................................................................................. 21
4.8.2 Medicamentos.............................................................................................................................21
5 ALIMENTAÇÃO..............................................................................................................................22
5.1 NOSSO CARDÁPIO..................................................................................................................................... 22
5.1.1 Desjejum..................................................................................................................................... 22
5.1.2 Lanche........................................................................................................................................ 22
5.1.3 Janta........................................................................................................................................... 23
5.1.4. Bebida........................................................................................................................................23
6 CHECK-LIST DE MATERIAL PARA A EXPEDIÇÃO.......................................................................... 24
7 O DIÁRIO DA TRAVESSIA...............................................................................................................25
7.1 A NOITE ANTERIOR.....................................................................................................................................25
7.2 O PRIMEIRO DIA........................................................................................................................................25
7.3 O SEGUNDO DIA........................................................................................................................................26
7.4 O TERCEIRO DIA........................................................................................................................................27
7.5 OS ERROS E OS ACERTOS............................................................................................................................ 27
8 OUTRAS 110 DICAS...................................................................................................................... 30
9 ESPECIALIDADES........................................................................................................................... 35
9.1 EXCURSIONISMO PEDESTRE......................................................................................................................... 35
9.2 EXCURSIONISMO PEDESTRE COM MOCHILA.....................................................................................................36
10 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................37
5
1. PREPARANDO-SE PARA UMA EXPEDIÇÃO
1.1 Esteja Preparado!
Este é um lema que deve estar na mente de qualquer desbravador que queira enfrentar a vida ao ar livre.
Devemos empreender grandes esforços para avaliar todas as situações que poderemos enfrentar em nossa
expedição. É essa preparação que fará a diferença entre o êxito e o fracasso de nossa aventura. Excetuando-
se os grandes desastres naturais, raramente eu vi um acidente que não pudesse ser evitado se a preparação e a
análise de riscos tivessem sido feitas de forma adequada. Normalmente a vítima subestimou os riscos (ou
simplesmente ignorou-os) ou superestimou suas capacidades.
Das etapas do planejamento podemos destacar:
• Qualificar a equipe.
• Coletar todas as informações possíveis do local;
• Planejar a rota a ser cumprida;
• Avaliar as situações de perigo que se possa enfrentar;
• Planejar rotas de escape em caso de problemas;
• Escolher o melhor equipamento.
Antes de iniciar uma viagem, confeccione uma lista de preparação e não descanse antes de tê-la respondida por
completo.
1.2 Check-list de preparação da equipe
Elabore uma lista com todas as perguntas que precisem ser respondidas e todos os assuntos que precisam ser
discutidos na fase de preparação. Tenha certeza que toda a equipe tome conhecimento dessas informações e
saiba responder esta lista. Eis uma sugestão:
• Aonde iremos?
• Este desafio está adequado às condições físicas, mentais e técnicas de nossa equipe?
• Como iremos?
• Quanto tempo ficaremos fora?
• Como voltaremos?
• Quanta comida necessitaremos?
• Que roupas teremos que levar?
• Que calçados deveremos usar?
• Que equipamento deveremos levar?
• Que cantil deveremos levar? Para quantos litros?
• Necessitaremos de algum equipamento especial?
• Quais situações de risco poderão ocorrer? Que faremos para prevenir estes riscos?
• Em caso de alguma emergência, como deveremos proceder? Qual nosso plano de fuga e resgate?
• Quais os telefones de emergência? Qual a freqüência de emergência do rádio?
2 A INVESTIGAÇÃO
A primeira coisa a fazer antes de sair para uma expedição é realizar um planejamento exaustivo. Colha o
máximo possível de informações. Converse com pessoas que já fizeram o mesmo percurso, pesquise na internet,
consiga um mapa topográfico, waypoints e trackpoints do trajeto1
, e tudo o mais que estiver a teu alcance. E,
principalmente, avalia todas as situações de risco possíveis. Nossa preparação durou cerca de três (3) semanas.
Descobrimos, entre outras coisas, que:
• A travessia é uma das mais bonitas e tradicionais do Brasil.
• A trilha possui em torno de 30 km de extensão. Feita em média em 3 dias, com 6-7 horas de caminhada
diária. Pode até ser feito em 2 dias por pessoal bem treinado e que conheça o local. Também tem pessoas
que chegam a fazer em 4 dias para aproveitar mais e explorar melhor o lugar.
• Existem 2 opções tradicionais para percorrer os primeiros 13 km de caminhada. Caminhar 5.700 m no
primeiro dia e dormir nos Castelos do Açu (sem água, mas com uma bela vista), deixando 6.800 m para o
dia seguinte até o Abrigo 4, na Pedra do Sino. Ou, caminhar 7.100 m no primeiro dia, para dormir no
Vale do Paraíso, que como o nome sugere, é um bom lugar para pernoitar (com água, mas um visual não
muito chamativo), deixando 5.400 m para o dia seguinte: nós optamos pela primeira opção.
• Existe ainda a opção de 2 dias, para os que só dispõe do final de semana e estão mais condicionados:
Iniciar a trilha na tarde (ou entardecer) de sexta, dormir no Ajax, fazer 9 km até a Pedra do Sino no
sábado e terminar a trilha no domingo pela manhã.
• A caminhada é difícil, extenuante, com muitas subidas e descidas, e alguns pontos de exposição (risco de
acidentes): teríamos que usar botas de trekking, bastões de caminhada, e equipamento mínimo de
segurança (cabo solteiro e 1 ou 2 mosquetões), além de termos um bom condicionamento físico e
psicológico.
• Existem vários pontos de difícil navegação, onde, mesmo os mais experientes, se perdem (principalmente
no 2o
dia, sobre os altiplanos). Muitos sugerem que seja levado um guia: Teríamos que nos empenhar em
conseguir um mapa topográfico e se possível os waypoints e trackpoints para o GPS ou pagar o preço
extorsivo de um guia. Ficamos um pouco mais tranqüilos quando finalmente conseguimos o mapa, os
waypoints e os trackpoints; apesar de sabermos que o GPS nem sempre ajuda muito neste tipo de
empreitada. Portanto, deveríamos estar preparados para ficar algumas horas perdidos, procurando o
caminho correto (fato comum na maioria dos relatos). Levamos isso em conta na hora de estimar o tempo
de cada trecho da trilha. Por fim, o Daniel se prontificou em se unir a nós para ser nosso guia.
• Apesar de ser a melhor época do ano para a travessia (pouca chuva), tem poucas locações com água
neste período; e elas nem sempre são na área de acampamento: teríamos que levar reservatório extra de
água para cozinhar e beber (mais peso para carregar).
• Existe um risco grande de tempestades elétricas, principalmente no verão.
• Para entrar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PNSO), deve-se cadastrar e pagar uma tarifa de
entrada. Deve-se, também, deixar um programa da caminhada para poderem realizar o resgate se não
for cumprido o planejamento: Isto nos deixou mais tranqüilos, por sabermos que teríamos um respaldo
profissional de resgate.
• Os celulares têm sinal lá em cima e poderíamos usá-los para chamar o grupamento de resgate do parque:
levaríamos um celular e não precisaríamos deixar uma equipe de resgate com rádio nos esperando.
1
ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor.
2.1 Algumas curiosidades sobre o Parque Nacional da Serra dos Órgãos
“O Parque Nacional da Serra dos Órgãos situa-se no domínio da Mata Atlântica que, por ter sido reconhecida
como um dos biomas mais críticos para a conservação da biodiversidade global, foi declarada pela UNESCO
Reserva da Biosfera, em 1991. A Serra dos Órgãos foi classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como de
extrema relevância para a conservação da flora.
Localizado na região fitoecológica fluminense classificada como Floresta Ombrófila Densa, o Parque é
contemplado por um generoso regime de chuvas, em torno de 1.500mm anuais, um dos fatores decisivos para a
perene exuberância de sua vegetação e para a riqueza das espécies que abriga, muitas das quais exclusivas desse
ecossistema. As coberturas florestais variam de acordo com as cotas altimétricas:
Até 500 metros - as encostas de baixa altitude são cobertas pela floresta pluvial submontana, com a presença de
árvores de até 30 metros de altura, ocorrendo espécies como a palmeira juçara, da qual é extraído o palmito, a
pindobinha, a samambaiaçu, e outras, como o murici, o baguaçu, o jacatirão, a faveira e a embaúba.
Entre 500 e 1.500 metros - nesta faixa altitudinal a vegetação é classificada como floresta montana, Esta é a
formação que possui maior estratificação vegetal entre as diferentes fisionomias da mata atlântica. A estrutura
dessa mata possui variações dependentes das condições específicas de cada área, mas em muitas formações as
maiores árvores atingem até 40 metros, e o dossel superior (conjunto contínuo de copas de árvores) encontra-se
entre 25 e 30 metros. O estrato arbóreo é dominado por grandes árvores, como o jequitibá-rosa, o ouriceiro, a
canela e a canela-santa, que tinge de amarelo a supremacia do verde. Os troncos e os galhos das árvores são
cobertos de epífitas. Além das bromélias e orquídeas, muito comuns e de variadas espécies, são encontradas
diferentes lianas (cipós), begoniaceas, araceas e pteridophytas (samambaias). O estrato herbáceo é povoado por
begônias, orchideas, bromélias e gramíneas, além de jovens das espécies arbóreas de tamanho semelhante ao das
espécies herbáceas e arbustivas.
Acima de 1.500 metros - matas nebulares, freqüentemente encobertas por nuvens. Classificadas como floresta
pluvial alto-montana. A formação florestal é dominante, de porte arbóreo baixo, cerca de 5 a 10 metros. As
árvores possuem troncos tortuosos e cobertos por camada de musgos e epífitas, exibindo um certo grau de
xeromorfismo, devido às baixas temperaturas. O sub-bosque desta mata é dominado por significativa diversidade
de espécies arbustivas. As bordas de afloramentos são tomas por pteridófitas e briófitas de diversas espécies.É
grande a concentração de epífitas, como bromélias e orquídeas. O número de espécies endêmicas nesta faixa
altitudinal é bastante elevado.
Acima de 2.000 metros - o Campo das Antas, a 2.134 metros de altitude, próximo à Pedra do Sino, ponto
culminante do Parque, é um dos únicos exemplos fitogeográficos do Estado do Rio de Janeiro do subtipo
Refúgio Ecológico Alto-Montana, também conhecido como Campo de Altitude, com um grupamento vegetal
herbáceo-arbustivo aberto, que se desenvolve sobre os afloramentos rochosos. Por estar na parte mais alta (áreas
de contribuição, de onde água e solo descem para outros locais, mas que nada recebem, ao não ser da atmosfera),
a vegetação possui aspecto seco, o solo é raso e a radiação solar é intensa. Estudos encontraram 347 espécies
vegetais nesse ambiente, das quais 66 endêmicas desse ecossistema. São comuns as também formações
ligeiramente mais fechadas, dominadas por espécies herbáceas rupícolas e adensamentos de pequenos arbustos
lenhosos, e também vastas áreas recobertas por campos. Estas formações são dominadas por espécies das
famílias das orquídeas e bromélias, além de gramíneas e ciperáceas. Ainda quanto à vegetação, o Campo de
Altitude pode ser subdividido em região dos picos; região de vegetação graminosa; região de charcos; região de
depressão; região de capões e região de rochas descobertas.
Além do gradiente de variação com a altitude, a vegetação da floresta pode ser classificada pela variação no
porte da vegetação. O estrato arbóreo, formado pelas árvores adultas, e cujo conjunto de copas de diferentes
espécies e de diferentes alturas forma uma cobertura quase contínua denominada dossel florestal. As árvores que
são mais altas do que as demais são chamadas emergentes. O dossel filtra a luz do sol e retém o calor. O estrato
arbustivo é formado por samambaias, palmeiras, arbustos e árvores de porte médio. Entre os principais
representantes da flora, nesta camada da floresta, estão a palmeira jussara (palmito) e arbustos. O estrato
herbáceo corresponde ao conjunto de plantas pequenas, como o caeté, além das plântulas e mudas de várias
espécies. A camada de detritos do chão da floresta, formada por galhos, folhas, flores e frutos, em vários estágios
de decomposição, recebe o nome serrapilheira ou líter e sustenta uma importante cadeia que se alimenta deste
material, além de regular a umidade do solo.” (retirado da internet, fonte desconhecida)
8
3 O PLANEJAMENTO
3.1 O Percurso
Após estudarmos todas as informações colhidas, resumimos nossa programação da seguinte forma.
Tempo
Percurso
Tempo
Acumulado
Distância
Percurso1
Distância
Total1
Coordenadas UTM – SAD-69
Fuso Easting Northing Altitude
Waypoint
0 0 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Portaria PNSO Petrópolis
60 1:00 1,600 1,600 23K 697975 7513904 1.345
Bifurcação
Açu - Véu de Noiva
60 2:00 600 2,200 23K 697747 7513585 1.525 Pedra do Queijo
60 3:00 1,400 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax
Parada 1 – Local de Acampamento e Água
60 4:00 600 4,200 23K 698040 7512078 2.020 Bifurcação 2
60 5:00 1,500 5,700 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu
Acampamento 1
60 1:00 900 900 23K 700048 7512609 2.160 Morro do Marco
45 1:45 500 1.400 23K 700200 7513028 2.020 Vale do Paraíso
Parada 1 – Local de Acampamento e Água
60 2:45 650 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro
45 3:30 800 2.850 23K 700938 7513759 2.038 Ponte
45 4:15 1,500 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas
Parada 2 – Local de Acampamento e Água
60 5:15 600 4.950 23K 701889 7514459 2.065 Pedra de Baleia
60 6:15 750 5.700 23K 702497 7514801 2.080 Vale da Morte
Parada 3 – Local de Acampamento e Água
60 7:15 500 6.200 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino
45 8:00 600 6.800 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4
Acampamento 2
45 0:45 2,200 2.200 23K 703432 7515230 2.000 Bifurcação 3
40 1:25 1,200 3.400 23K 703832 7515779 1.900 Abrigo 3
20 1:45 650 4.050 23K 704036 7515407 1.880 Bifurcação 4
45 2:30 2,800 6.850 23K 704544 7516009 1.600 Abrigo 2
45 3:15 2,200 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem
45 4:00 2,750 11.800 23K 707508 7516046 900 Portaria PNSO Teresópolis
Dia Tempo Estimado Distância1
Origem Destino
Opção 1
1 5-6 horas 5.700 m Sede PNSO Petrópolis Castelos do Açu
2 8-9 horas 6.800 m Castelos do Açu Pedra do Sino
3 4-5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis
Opção 2
1 7-8 horas 7.100 m Sede PNSO Petrópolis Vale do Paraíso
2 6-7 horas 5.400 m Vale do Paraíso Pedra do Sino
3 4-5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis
Opção 3
1 3- 4 horas 3.600 m Sede PNSO Petrópolis Ajax
2 10-11 horas 8.900 m Ajax Pedra do Sino
3 4- 5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis
Total 17-20 horas 24.000 a 30.000 m Sede PNSO Petrópolis Sede PNSO – Teresópolis
1
As distâncias estimadas foram determinadas pela carta topográfica e são menores do que as distâncias reais, devido às limitações do método.
3.2 Croqui da Trilha
Sempre que planejamos uma excursão, devemos pegar o mapa topográfico (ou pelo menos, um rodoviário) e
fazer o croqui da trilha, desenhando o nosso caminho.
3.3 Gráfico de altitude e distância
Após desenharmos a trilha no mapa, podemos transferir os dados do mapa topográfico para um gráfico de
altitude e distância.2
Este gráfico nos dá uma boa idéia da dificuldade do trajeto em função de suas subidas e
descidas e é mais um referencial durante a caminhada.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
7000
7500
8000
8500
9000
9500
10000
10500
11000
11500
12000
12500
13000
13500
14000
14500
15000
15500
16000
16500
17000
17500
18000
18500
19000
19500
20000
20500
21000
21500
22000
22500
23000
23500
2300
Waypoint Pedra do Sino
Água Dinossauro
2200 Área de Acam pam ento
Castelos do Açu Morro do Marco
Abrigo 4
2100
Vale da Morte
Pedra da Baleia Bifurcação 3
2000 Ponte
Bifurcação 2 Vale do Paraíso
Isabeloca Vale das Antas
Abrigo 3
1900 Bifurcação 4
1800 Ajax
1700
Abrigo 2
1600
Pedra do Queijo
1500
1400
Bifurcação Açu-Véu de Noiva
1300
1200 Barragem
1100
Sede PNSO Petrópolis
1000
900
Sete PNSO Teresópolis
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
7000
7500
8000
8500
9000
9500
10000
10500
11000
11500
12000
12500
13000
13500
14000
14500
15000
15500
16000
16500
17000
17500
18000
18500
19000
19500
20000
20500
21000
21500
22000
22500
23000
23500
Tanto a lista de waypoints com as estimativas do percurso, o quadro de opções da trilha e o gráfico de altitude
e distância acima, podem ser colados atrás do mapa topográfico antes da plastificação para termos todas as
referências disponíveis durante a caminhada. O ideal é que todos tenham o seu.
3.4 Divisão de funções
Uma etapa importante no planejamento é dividir as responsabilidades de cada membro do grupo:
Líder: deve ser o mais experiente e equilibrado do grupo. Tem a responsabilidade de manter a união da
equipe. Deverá escutar todas as sugestões e críticas do grupo, mas terá a última palavra nas decisões.
Batedor: será o responsável por ir à frente do grupo procurando encontrar a melhor rota para a equipe.
Transporá os obstáculos, limpará a trilha e certificar-se-á que a equipe terá condições seguras de segui-lo.
Navegador: será responsável pelo uso do mapa topográfico, bússola e GPS. Trabalhará junto com o batedor,
orientando-o na direção a seguir.1
Homens passo: responsáveis por medir as distâncias, auxiliando o navegador na navegação da equipe.1
Operador de Rádio: ficará responsável pelo manuseio do rádio (ou celular), mantendo contato com a equipe
de base nos horários pré-definidos para informar a localização e situação da equipe.
Cozinheiro: responsável pela preparação e distribuição do alimento.
Almoxarife: responsável pelo controle e cuidado dos equipamentos do grupo.
Socorrista: encarregado dos primeiros socorros.
Dependendo do tamanho do grupo, essas funções podem ser acumuladas por um mesmo indivíduo. Em
grupos maiores, certifique-se que cada um terá sua responsabilidade definida dentro do grupo.
2
ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor.
11
3.5 Plano de emergência
Todo evento campestre deve ter um plano de socorro e resgate definido durante a fase de planejamento.3
Assim,
cada membro da unidade saberá como agir em caso de estar perdido ou ferido.
Rota de Fuga: essa rota será traçada de forma que, qualquer membro da equipe que se perca, possa seguir uma
direção e encontrar um ponto de referência, facilitando o trabalho da equipe de resgate. Por exemplo: se ao leste
do seu percurso corre um grande rio, estrada, encosta, pico montanhoso. Qualquer membro que se perca, poderá
assumir a direção leste, caminhando até o referencial determinado, onde será encontrada pela equipe de resgate.
Comunicação via rádio: deve ser traçado um plano de comunicação (a cada hora, por exemplo) com a equipe
de base. A cada contato, devem ser passadas as coordenadas de onde está a equipe e a situação que ela se
encontra. Caso a base não receba dois (2) contatos seguidos, deverá empreender as medidas de busca. Caso não
consiga estabelecer contato com a base (por exemplo, por falta de sinal de rádio), deverá contatá-la tão logo
consiga o sinal, ou retornar ao último ponto onde se comunicou e transmitir seu estado para a base.
Rotina de Busca e resgate: deve ser definido juntamente com a equipe responsável por executar o resgate e
deve ser conhecida por todos os participantes da expedição. Assim que, ambos saberão o que fazer quando
necessário. No exemplo dado acima, os perdidos se dirigirão ao leste, em busca do referencial determinado e a
equipe de busca partirá ao resgate a partir do último ponto conhecido onde estava a equipe, incluindo a rota de
fuga determinada.
3.6 O que fazer quando estiver perdido ou ferido – S.T.O.P. and P.L.A.N. –
S. – Stop – Pare: antes de mais nada, pare e se acalme. Entrar em pânico ou sair sem rumo procurando seu
caminho só irá deixá-lo mais perdido ainda.
T. – Think – Pense: tente se recordar do último lugar conhecido que estavas, e em que hora foi isso.
Relembre o plano de emergência que criaram para a expedição e recorde o que terá de fazer.
O.– Observe – Observe: Tente identificar o caminho por onde andou. Observe pegadas ou marcas na trilha.
P. – Plan – Planeje: Planeje suas ações e execute o seu plano de emergência.
And – e
P. – Protection – Proteção: garanta sua segurança. Se alguém foi vítima de um acidente, certifique-se de
colocar a vítima e toda a equipe em um lugar seguro. Se necessário, procure um refúgio ou monte um abrigo
para protegê-los dos elementos naturais e faça uma fogueira para protegê-los de animais e mantê-los aquecidos.
L. – Location – Localização: procure determinar a sua localização e comunique a equipe de resgate.
A. – Acquisition – Aquisição: faça um inventário de seus equipamentos, água e alimento. Se necessário,
procure abastecer-se, principalmente de água.
N.– Navigation – Navegação: Normalmente, o melhor lugar para esperar o resgate é onde você está. Faça uma
grande fogueira com muita fumaça para alertar a equipe de busca. Edifique sinais terra-ar para identificação da
equipe de resgate. Entretanto, se o resgate não é possível, ou se existe algum ferido que não possa esperar pelo
resgate, vá pela sua rota de fuga.
O.– Orientação Divina: apesar de estar por último nesta lista, com certeza é a primeira coisa que deves
buscar. Mantenha a calma, dobre seus joelhos e ore. Com certeza Deus mandará Seus anjos para auxiliá-lo e o
Espírito Santo o orientará na tomada de decisões.
3
Ver Manual de Resgate Básico e Manual de Orientação, ambos do mesmo autor.
4 EQUIPAMENTOS
4.1 Equipamento Individual
Vários fatores influenciam o material que levamos em uma expedição. Aqui encontrarão o necessário para a
caminhada que fizemos e algumas outras informações.
4.1.1 Mochila
Em caminhadas de 2 ou mais dias, dar preferência para mochilas cargueiras (mais de 50 l). Em caminhadas de
1 dia, podem-se usar mochilas de ataque (25 – 45 l), ou até mesmo as mochilas lombares ou os camelpacks. O
peso total da mochila, como regra geral, não deve exceder 20% do peso do excursionista adulto (isso varia
conforme a altura e o condicionamento de cada um).
Dica: Ao comprar uma mochila cargueiro, sugerimos que observe se ela possui as seguintes características: tamanho de 50 a 90 litros – depende da
sua altura, idade, condicionamento e atividade que irá realizar (a maioria tem extensores superiores que elevam o tamanho da mochila e aumentam sua
capacidade (ex. Mochila de 55 que pode ir até 65 l); Largura – não pode ser superior à de seus ombros; altura – de preferência, não ir acima de sua
cabeça; armação interna removível – eventualmente ela pode se quebrar ou entortar e ser necessário retirá-la para não machucar. Além disso, pode
ser uma ótima tala em extrema necessidade; alças de ombros com altura regulável – para se ajustar melhor a sua altura; barrigueira acolchoada –
que transfira a maior parte do peso da mochila para a cintura; tampa superior com bolso voltado para sua nuca – para você poder acessar o seu
interior sem precisar tirar a mochila; Fundo da mochila com divisória interna – para que ao tirar o saco de dormir, os demais itens não
despenquem; zíper inferior – para acessar o saco de dormir ou o que estiver no fundo da mochila sem ter de esvaziar toda a mochila; Bolsos laterais
– dispensável. Se tiver, só para colocar a garrafa de água e alguns biscoitos (ou a garrafa de combustível). Eles costumam enganchar muito na
vegetação; poucos zíperes – menos pontos de fragilidade; fitas perpendiculares ao zíperes – para reduzir a tensão sobre esses fechos; algumas fitas
externas – para acoplar acessórios externos como isolante térmico, barraca, corda, capacete, bastão, pá, etc.; compartimento interno e abertura par
o camelbag – se espera ter um destes cantis; para as meninas – já existem mochilas específicas para mulheres, que acomodam melhor ombros, seios
e quadril.
Na hora da montagem da mochila, o ideal seria que a equipe se reunisse com todo o material para montar as
mochilas e assim, dividir o material entre todos, para que cada um possa levar peso e volume adequados.
Inclusive a barraca, deve ser tirada da sacola original e dividida suas partes entre os componentes do grupo.
A disposição dos equipamentos na mochila também pode variar conforme a caminhada.
cor verde – material pesado;
cor azul – material leve;
cor vermelha – saco de dormir
cor amarela – centro de equilíbrio da mochila
Note que o material mais pesado está sempre perto de suas costas.
1ª. – extrema esquerda: mostra uma arrumação com centro de equilíbrio alto, ideal para caminhadas longas e
regulares (caminhada de 50 km em estradas, só para dar um exemplo de algo que já fizemos nos desbravadores).
Mas tem o inconveniente de desequilibrar fácil, se pender para trás ou para os lados. Já tombei de bunda/costas
no chão por causa disso. Hilariante para quem olha, mas muito desagradável para quem cai, e até perigoso.
2ª. – imagem central: tem um centro de equilíbrio baixo, ideal para escaladas e terrenos extremamente
acidentados. Ótimo equilíbrio, mas atrapalha muito o desempenho em caminhadas longas. É o mais seguro.
3ª. – extrema direita: tem um centro de equilíbrio central em relação à mochila e as costas. Dá a melhor
relação equilíbrio/desempenho. É a que prefiro, e a que usamos em nossa expedição.
Dica: Nunca deixe espaços vazios na mochila, preencha todos os cantinhos com roupas ou acessórios. Ao olhar a lona da mochila por fora, não poderá
ter nenhuma parte com tecido frouxo ou mais tenso que o restante. Isso aumentará o equilíbrio durante a caminhada e a durabilidade da mochila. O
isolante térmico (não dá para ir sem ele) fica, normalmente, do lado de fora da mochila. Algumas mochilas têm tirantes para isso na lateral, em baixo,
atrás ou entre a mochila e a tampa superior.
4.1.2 Saco de dormir
Existem vários modelos, com diferentes temperaturas de conforto, tamanho, volume e peso. Procure nas boas
lojas do ramo uma que melhor se adapte as suas necessidades e condições financeiras. O modelo que uso
atualmente tem temperatura de conforto entre 0-15o
C, e é extremamente leve e pequeno.
4.1.3. Isolante térmico
Item importantíssimo, pois diminui a perda de calor para o solo além de aumentar um pouco
o conforto ao dormir.
4.2 Material indispensável para emergências
4.2.1 Bússola
Ver detalhes do Manual sobre Orientação com Mapa e Bússola.
4.2.2 Relógio
De preferência um analógico, poderá usar como bússola solar.
4.2.3 Canivete
Resistente e prático. Eu prefiro os suíços multi-função.
4.2.4 Apito
O apito é a melhor maneira de se comunicar no meio campestre; É escutado a distância, mesmo com muito
vento. Item essencial na busca e resgate.
Todos os quatro itens acima devem ser pendurados por cordinhas no pescoço ou deixados dentro dos bolsos
da camisa ou da calça, para que não sejam perdidos ou deixados para trás em uma emergência. Dessa forma,
estarão sempre disponíveis e de fácil acesso. São os itens mais importantes em uma caminhada por serem
utilizados em situação de emergência, perdido, etc.
4.2.5 Cartão de Identificação e saúde
Sempre que sair em uma atividade outdoor deve saber que está se colocando, naturalmente, em risco. Várias
coisas podem acontecer, desde pequenos arranhões, um resfriado, até se perder ou algo mais grave. Também é
possível que, se necessário resgate, somente o ferido (ou perdido) seja evacuado. Para que não haja problemas na
identificação do excursionista e na sua situação de saúde prévias (doenças e medicações em uso), deve-se levar
um cartão com essas informações no bolso ou pendurado por uma cordinha no pescoço. Nós utilizamos neste
passeio uma carteirinha com as informações abaixo:
Nome: Tipo Sanguíneo:
Endereço:
Tel. para Contato:
Pessoa para Contato:
Plano de Saúde
No
. Carteira do Plano
Doenças Prévias:
Medicações em uso:
Alergias
4.2.6 Mini-lanterna
Eu, particularmente, também levo amarrado em uma cordinha uma lanterna mini-maglite (1 pilha
AAA). Não pesa e às vezes é salvadora. Ela ainda pode ser usada como uma vela no interior da
barraca. Mas é item dispensável.
4.3 Roupas – sistema de capas –
4.3.1 Meias internas
Meia fina, tipo social, para ficar em contato com o pé e protegê-lo do atrito com a meia externa e com o calçado.
Um par em uso e pelo menos um par reserva para cada dia.
14
4.3.2 Meias externas
Meia grossa para manter o pé longe do suor e aquecê-lo. Esta meia normalmente causa
muito atrito e pode provocar calos se não usar a meia interna. Um par em uso e pelo
menos um par reserva para cada dia
Dica: escolha aquelas meias que tem o dorso mais fino que a planta, isso facilita a transpiração e diminui o calor.
4.3.3 Capa interna
Camiseta que mantenham a transpiração fora do contato com a pele, leve e de secagem
rápida. Tradicionalmente, sempre foi usado o algodão como camiseta interna, pois era
confortável e absorvia bem o suor. Hoje, com o advento de tecidos sintéticos
específicos, tipo dryfit, que são mais leves e de secagem mais rápida, muitos tem
condenado o uso do algodão, pois ele demora a secar (em climas frios, pode facilitar a
hipotermia) e torna-se pesado quando molhado.
Dica: Em climas frios, ainda se pode usar a “segunda pele” como capa interna. Ela consiste em uma calça e
camiseta de material sintético, leve e fino, que fica colado no corpo e ajuda a manter o calor corporal.
4.3.4 Segunda capa
Camisa de mangas longas, para proteger da vegetação, mosquitos, insolação, e que
possam ser dobradas as mangas se preciso. Usada como capa externa em climas
quentes. Deve ser folgada para facilitar os movimentos. O tecido deve ser resistente e
de secagem rápida.
4.3.5 Terceira capa
Consiste em um blusão, casaco ou jaqueta de lã (a lã é boa porque aquece mesmo
molhada), ou outro material que seja leve e aqueça bem (ex. Fleece). Usada em
climas frios.
4.3.6 Capa externa
Jaqueta impermeável que tem a função de proteger do vento e da chuva. Pode ser
usada uma simples capa de chuva. As jaquetas comerciais de trekking, de boa
qualidade, além de impermeáveis, permitem a transpiração. Possuem também janelas
que podem ser abertas para arejar e eliminar o excesso de calor enquanto se está
caminhando, porém são muito caras.
4.3.7 Cuecas
Que seja confortável e que mantenha a umidade longe do corpo evitando assaduras ou
micoses.
4.3.8 Calça interna
Material semelhante à terceira capa, ou Ceroulas (de algodão): a primeira é
aconselhável somente usar durante a caminhada em climas abaixo de zero, e a
segunda somente em climas próximos do zero; pois podem causar superaquecimento.
Entretanto, ambas são muito úteis para manter o calor na hora de dormir em climas
frios.
4.3.9 Calça
Do mesmo material da segunda capa, deve ser folgada (para facilitar os movimentos), resistente e de secagem
rápida.
15
4.3.10 Calça externa
De material impermeável, para proteger da chuva e vento. Pode causar superaquecimento durante a caminhada.
4.3.11 Chapéu
Deve ser de abas largas ou do tipo legionário para proteger do sol.
4.3.12 Gorro
Importante, principalmente para dormir em climas frios, pois a cabeça é um dos locais onde mais perdemos
calor. Podemos reduzir de 25% a 80% a perda de calor corporal com o uso da touca.
4.3.13 Luvas
Como no sistema de capas, um par fino para proteger as mãos e outro grosso para os climas próximos de zero
seriam o ideal.
Dica: Todas as roupas devem ser acondicionadas, na mochila, dentro de sacos plásticos para evitar que se molhem em caso de chuva. Eu prefiro
colocá-las em sacos individuais para melhor organizar a mochila.
4.3.14 Polainas
Muito úteis para proteger as calças e os calçados da umidade da vegetação.
4.3.15 Calçados de caminhada
Devem ser adequados para o tipo de caminhada. Tênis ou botas leves para caminhadas leves ou botas específicas
para trekking para caminhadas mais pesadas em montanha (essas vão proteger os pés de pedras que possam
cortar outros calçados ou cair sobre seus pés, darão sustentação para o tornozelo, protegendo-o de entorses, além
de manter os pés secos por mais tempo se forem impermeáveis e transpiráveis). As características de uma bota
pesada que eu penso seja ideal, são: solados vibram, couro nobuk com tratamento impermeável e
transpirável, biqueira e cano firme com proteção para o tornozelo, e principalmente, confortável. Nas lojas
encontrarás inúmeros modelos para diferentes usos. Escolha o que se adapte melhor para o uso que farás dela e,
principalmente, para o teu orçamento.
Dica: Quanto à relação custo-benefício das botas. Elas são muito caras mesmo. Mas, verás que depois de 30 km subindo e descendo no meio do mato
e de pedras sem nenhuma bolha, a bota valeu cada centavo gasto. Por outro lado, após 10 ou 15 km, quando estiver com os pés doloridos das bolhas
(bota não amaciada ou de má qualidade), pé de atleta (pés molhados, bota sem tratamento impermeabilizante), dedo machucado por ter chutado uma
pedra (sem biqueira protetora), tornozelo torcido (tênis, calçado de cano baixo ou amarração frouxa), ficará imaginando: - porque não pagaste uns
reais a mais por aquela bota um pouco mais cara, mas com solado vibram, couro nobuk com tratamento impermeável e transpirável, biqueira e com
cano firme? E ainda faltarão outros 15 a 20 km de caminhada para ficar lembrando disso. Esta é a relação custo-benefício que tens de pensar. As botas
são caras mesmo, mas vale a pena comprar. Eu tenho minha bota há vários anos, e ela continua em bom estado. Tenho um amigo, companheiro de
aventura, colega desbravador, parceiro de escalada e canioning, desde a época de piá que tem uma bota igual a minha, há mais de uma década e faz
atividades radicais com muita mais freqüência que eu. Já ressolou a bota e continua usando a mesma depois desse tempo todo. Com certeza nossas
botas saíram mais baratas do que qualquer tênis que nós já tivemos.
Dica: Não façam caminhadas pesadas com tênis comum. Eles rasgam, descolam. Já vi desbravador terminar a trilha de chinelos por causa disso. Por
outro lado, não faça caminhadas leves com uma bota pesada. O tênis será mais confortável.
4.3.16 Chinelos
Úteis para descansar os pés na hora de montar acampamento ou tomar banho.
4.3.17 Em resumo
• Meia fina e meia grossa, cueca e camiseta (com reserva na mochila).
• Calça e camisa resistentes e de secagem rápida
• Calça e casaco de lã ou Fleece (Pile) para o frio (principalmente para a noite)
• Calça e casaco impermeáveis e transpiráveis (Anorak ou Parka) ou capa de chuva, para chuva e para
quebrar os ventos fortes da montanha.
• Bota de trekking ou tênis, chinelos, luvas, gorro e chapéu.
Dica: Existe uma infinidade de opções em mochilas, roupas, calçados e acessórios para atividades outdoor. Quando for comprar qualquer
equipamento, procura uma loja especializada, com bons vendedores, que saibam te informar as características de cada produto e estejam dispostos a te
ajudar a encontrar o produto mais adequado as tuas necessidades e, principalmente, as tuas condições financeiras. O melhor equipamento é aquele
que tu podes comprar.
16
4.4 Nécessaire
4.4.1 Escova e pasta de dentes
Sem comentários. Ninguém deixa de escovar os dentes após cada refeição, não é mesmo?
4.4.2 Sabonete
Use sabonete de coco ou neutro e evite o abuso, pois ele pode contaminar a água e matar alguns peixes ou
microorganismos mais sensíveis.
4.4.3 Toalha
De rosto para diminuir o peso.
4.4.4 Talco para os pés
Ajuda a manter os pés secos, evitando bolhas e pé de atleta.
4.4.5 Papel higiênico
Acreditem, tem gente que esquece.
4.4.6 Prato fundo e/ou copo
Ambos de plástico. (pode ficar no estojo de cozinha). Eu só levo uma caneca grande.
4.4.7 Talheres
Somente uma colher. Leve canivete ao invés de faca. O garfo é dispensável. (pode ficar no estojo de cozinha).
4.4.8 Protetor solar
Não saia sem ele. O sol constante pode causar queimaduras profundas. (pode ficar no estojo de 1os
socorros)
4.4.9 Protetor labial
De preferência aqueles que tenham algum grau de proteção solar. (pode ficar no estojo de 1os
socorros)
4.4.10 Repelente
Muito importante, principalmente para os alérgicos a picada de inseto como eu. Uma opção que parece funcionar
é começar, alguns dias antes da caminhada, a comer cápsulas de alho (eu pico o alho e como eles in natura
mesmo). Vai servir como um bom repelente para insetos e, dizem que para cobras também. Mesmo que não
funcione muito bem como repelente, é um excelente antibiótico natural. Vai ajudá-lo a não ficar doente na
caminhada. (pode ficar no estojo de 1os
socorros)
4.4.11 Medicações individuais
Se você usar algum medicamento pessoal. (podem ficar no estojo de 1os socorros)
4.5 Outros equipamentos úteis
4.5.1 Cantil
Para 2 litros de água, pelo menos. O ideal é tomar 200 a 250 ml (01 copo) por hora de caminhada (ou 2 litros
por dia). Normalmente levamos 2 litros de água por pessoa. Nesta caminhada, como dormiríamos em um local
que possivelmente não teria água, teríamos que levar um reservatório a mais para preparar o alimento e para o
início da caminhada do dia seguinte.
Dica: Existem vários modelos de cantil. Particularmente gosto do tipo camelo (camelback), que se coloca dentro da mochila e fica uma mangueira
para fora para podermos beber enquanto caminhamos (pena que o custo é elevado). A melhor opção, se levarmos em conta a relação custo-benefício, é
a garrafa pet de refrigerante (sugiro elas para quem não quiser gastar com o tipo camelo), é extremamente resistente e leve, além de podermos
amassá-la, à medida que esvaziamos a água, para reduzirmos seu volume (desde que a garrafa pet surgiu, só uso ela. Rescentemente que comecei a
usar, também, o tipo camelo).
17
4.5.2 Pastilhas de cloro
Para purificar a água. Existe a opção de usar permanganato de potássio, mas, além de deixar gosto na água, não é
tão seguro. A melhor opção, mas também muito mais cara, é utilizar um filtro de água especialmente projetado
para este fim. Por questões financeiras, utilizamos sempre as pastilhas de cloro.
4.5.3 Lanterna
É interessante que cada excursionista tenha sua própria lanterna. Ideal é que seja pequena, a prova d’água e com
facho potente. Eu prefiro as headlamp (lanternas para cabeça), pois permitem que tenhamos as mãos livres
enquanto ela ilumina o que estamos olhando. As lanternas convencionais também são boas, mas não tão práticas.
4.5.4 Pilhas reservas
Não esqueça que não adianta ter uma boa lanterna, ou um excelente GPS, se eles estiverem sem pilhas. Descubra
a duração das pilhas em sua lanterna e GPS e calcule quantas precisará levar. Não esqueça de trazer de volta as
pilhas gastas. Não contamine a natureza deixando lixo no local.
Curiosidade: Existe uma alternativa aos estoques de pilhas, usada normalmente por quem faz expedições longas em alta montanha, que é utilizar
pilhas recarregáveis e um carregador solar. Fantástico, mas muito caro.
4.5.5 Bloco de notas e lápis
Todo bom excursionista tem o seu diário. Um pequeno caderno para anotar pontos interessantes do caminho e
fazer um diário para futura análise e avaliação para próximos eventos. Lembram dos relatórios que todo
desbravador tem de fazer para o cartão de classe e especialidades? Use-o para isso também.
4.5.6 Óculos escuros
Não é um item essencial mas, principalmente em alta montanha, o sol forte pode, além de ofuscar, causar
cansaço visual (em lugares com neve, até lesão ocular).
4.5.7 Cabo solteiro
Uma corda estática de 5 a 6 m (até 30 m) de comprimento com 10 mm (8 a 12 mm) de diâmetro, útil para
transpor com maior segurança obstáculos mais perigosos. Pode ser utilizada também para montar maca para
resgate, abrigo, cadeirinha de corda, etc. Decidimos por levar um cabo somente.
4.5.8 Mosquetão de segurança
Não é tão essencial assim, mas facilitam muito na hora de usar o cabo solteiro. Em nossa travessia, nos
informaram que teriam alguns trechos com pinos de segurança para quem quisessem uma proteção maior, além
de uma escada de metal para subir um dos morros. Por isso decidimos por levar um mosquetão com o cabo
solteiro.
4.5.9 Bastão de caminhada
Útil principalmente se irá enfrentar terrenos com muitas subidas e descidas íngremes. Estima-se que ele pode
reduzir até 2 a 4 kg o peso de cada passo. É o melhor amigo dos joelhos do excursionista.
Pode ser comprado nas melhores lojas
do ramo. Os bastões comercializados
hoje em dia, são telescópicos, ou seja,
tem a vantagem de poder diminuir seu
tamanho. O que ajuda muito se
precisar guardá-los na lateral da
mochila para escalar ou rapelar algum
lance. Eu ainda gosto dos feitos de
material natural como tronco, galho de
árvore ou bambu, que são de graça e
funcionam bem. Mas, deve-se preparar
bem este bastão, para que não solte
farpas e machuque a mão.
4.5.10 Lenço dos Desbravadores
18
Tenha orgulho de ser desbravador e nunca saia de casa sem o seu lenço. Mesmo porque, ele será uma
excelente bandagem triangular em caso de emergência.
4.6 Material Individual que pode se tornar, opcionalmente, material da equipe.
4.6.1 Faca de campanha
Muito útil em acampamentos, bivaques e trilhas em mata fechada. Não é permitido facas no PARNASO.
4.6.2 Binóculo
Deve ser pequeno, leve, resistente, e de preferência a prova d’água. Importante para auxiliar na tomada de
direção e principalmente na identificação de pontos de referência ou excursionistas perdidos. Pode ser material
da equipe. Eu tenho um monóculo; que tem a vantagem de ser mais leve e menos volumoso e a desvantagem de
ter um campo visual menor em relação ao binóculo. Levamos um como material da equipe.
4.6.3 Carta topográfica1
Indispensável para o bom excursionista, mesmo conhecendo bem a trilha. O ideal é que cada participante tenha o
seu para uma eventual emergência. Cada um ficou de imprimir e plastificar o seu mapa topográfico da região da
travessia, na escala 1:50.000.
4.6.4 Máquina fotográfica
Imprescindível para registrar a aventura.
4.6.5 Material de Costura
Para pequenos remendos em roupas, saco de dormir, barraca, etc. Deve conter linha, agulha, alfinete de
segurança, silver tape, alguns botões e alguns remendos.
4.6.6 Sacos de lixo
Lembre-se que tudo que levar para a trilha deve votar. Só deixe para trás as suas pegadas.
4.7 Material da Equipe
4.7.1 Barraca
A melhor para levar em caminhadas, em nossa opinião, é a tipo iglu ou tubular. É fácil de montar e leve de
carregar. Uma opção (barata e leve) é levar lona e sisal, e montar um abrigo (particularmente foi o que sempre
usei em caminhadas longas ou pesadas para diminuir o peso do equipamento), só que ele não protegerá tanto do
frio como a barraca. Nesta travessia, levamos uma iglu de 4 pessoas.
Dica: na hora de comprar uma barraca, se informe o quanto de coluna de água o sobre teto e o piso suportam. Verifique também a altura do sobre teto
em relação ao chão. Se ficar muito próximo ao chão, dificulta a circulação de ar na barraca, e se ficar muito alto, irá respingar água dentro da barraca
quando chover e molhará o seu interior. Também preste atenção na distância entre o sobre teto e a barraca propriamente dita: deve permitir um bom
isolamento térmico e impedir que se toquem (levaria a condensar umidade e infiltrar a barraca em caso de chuva).
4.7.2 Fogareiro
Existem vários tipos e modelos nas lojas do ramo, para diferentes finalidades e diferentes orçamentos.
Basicamente, encontramos dois tipos: os de combustível líquido (multifuel), que utilizam uma garrafa de
combustível que pode ser cheia a qualquer hora (eu possuo um que queima benzina, querosene, gasolina ou
diesel, assim posso recarregá-lo em qualquer posto de gasolina). Além de versátil (pode-se recarregá-lo em
qualquer parte do mundo), também tem uma ótima queima e uma ótima regulagem, permitindo um bom
desempenho mesmo em fogo baixo. É o modelo ideal para acampamentos e expedições longas e distantes; os de
botijão de gás butano acoplado embaixo do fogareiro (atenção, não vá descartar o botijão no meio da trilha
quando esvaziar), são mais leves (ideais para caminhadas), mas não tem o mesmo desempenho e ainda tem o
inconveniente de terem um botijão específico (o que muitas vezes pode não ser fácil de encontrar).
Dica: Não esqueça os fósforos ou o isqueiro.
Dica: Cuide para não deixar vazar combustível na mochila e nunca use ou deixe o fogareiro dentro da barraca, pois pode pegar fogo ou explodir.
4.7.3 Panelas
1
ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor.
19
Dê preferência para modelos leves e resistentes. O alumínio é um material leve, ideal para
caminhadas (existem algumas com tratamento antiaderente). Absorve o calor mais
rapidamente, mas também esfria mais rapidamente. Lembre-se de só usar colher de pau ou
nylon neste tipo de panelas e de ter cuidado, pois elas podem queimar facilmente seu alimento.
O aço inoxidável é um material mais resistente, porém mais pesado, ideal para
acampamentos. Tem a vantagem de reter um pouco mais de calor sem queimar os alimentos. Nós levamos uma
panela de 2 l de aço inoxidável. Ainda existem as de titânio, que somam as características das anteriores, são
leves e resistentes, porém muito mais caras.
Dica: deixe que a panela fique preta no fundo. Isso pode não ficar tão bonito, mas auxilia na absorção e conservação do calor pela panela.
4.7.4 GPS2
Um equipamento que já foi de luxo, mas que está cada vez mais popular e accessível. De grande auxílio para
qualquer aventureiro, seja a pé, de moto ou de carro. Levamos um, Garmin GPS II Plus.
4.7.5 Rádio
O correto seria ter um rádio com cada unidade excursionista e um com o carro de resgate ou equipe de base.
Dessa forma, a posição e condição das equipes podem ser monitoradas facilitando, caso seja necessário, o
socorro ou o resgate. Na caminhada levamos o celular, meio oficial para comunicação no parque.
4.7.6 Sinalizador
Existem sinalizadores luminosos e sonoros. Os mais baratos e práticos para levar são duas tiras de tecido
fosforescente para fazer sinais terra-ar. Também existem bastões fosforescentes, fumaça sinalizadora, etc.3
4.7.7 Pá e Machadinha
Equipamentos muito úteis em acampamentos, mas só em acampamentos. Muito pesados para levar em uma
caminhada. Deixem as suas pás e machadinhas em casa ao sair para uma trilha.
4.8 Estojo de Primeiros Socorros
Apesar de eu preconizar que cada desbravador tenha seu próprio estojo de primeiros socorros, com aqueles
equipamentos que realmente saibam utilizar; por esta caminhada ser longa e difícil e pelo fato de termos um
serviço de resgate no próprio parque, optamos por levar somente um estojo com os itens básicos para poupar
espaço e peso.
4.8.1 Equipamentos
Agulha (no canivete) Band-aid Faixas elásticas Luvas de Procedimentos
Tesoura (no canivete) Lenços Anti-sépticos Gaze Lençol refletor / Manta térmica
Sabão neutro (no nécessaire) Alfinete de Segurança Esparadrapo antialérgico Cotonetes e algodão
4.8.2 Medicamentos
Função Medicamento Dose Intervalo
Analgésico & Antitérmico Paracetamol 750 (Tylenol) 01 comprimido de 6 em 6 horas
Antihemético Dimenidrinato (Dramim B6) 01 comprimido de 6 em 6 horas
Antiespasmódico Hioscina (Buscopan) 01 comprimido de 8 em 8 horas
Antinflamatório
Diclofenaco Sódico 50
(Voltarem)
01 comprimido de 8 em 8 horas
Antihistamínico Loratadina (Claritin) 01 comprimido 01 vez ao dia
Antiácido Hidróxido de Alumínio 01 comprimido às refeições
Cicatrizante tópico Neomicina (Trofodermin) Aplicar no local 03 vezes ao dia
Antialérgico tópico Betametasona (Betaderm) Aplicar no local 03 vezes ao dia
Colírio Colírio (Lácrima, Lácrima Plus) 03 gotas Aplicação única
Sais de rehidratação oral (Hydrafix) À vontade Várias vezes ao dia
Para evitar enganos durante a caminhada, leve sempre uma tabela semelhante a esta com as medicações contidas no
estojo e sua forma de uso. Se quiser, pode acrescentar a data de validade de cada um.
2
ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor.
3
Ver Manual de Busca e Resgate deste mesmo autor.
20
5 ALIMENTAÇÃO
A primeira coisa que deves fazer é programar quantos dias ficará fora e quantas refeições irá fazer. É sempre
bom levar refeição para um dia a mais, para o caso de ocorrer alguma emergência.
Se ficar fora somente um dia, leve lanches leves e nutritivos como biscoitos (doces e salgados), barras de cereal,
amendoim, castanhas, frutas secas, azeitonas (retire o caroço em casa), sanduíches de queijo, de pasta de
amendoim e mel. Ainda, se o peso e volume não forem proibitivos, frutas duras (ex. maça, pêra) e legumes como
cenoura, aipo e pimentão.
Se for ficar mais do que um dia, deverá programar refeições quentes (1 ou 2 por dia) como macarrão
instantâneo, purê instantâneo, sopas instantâneas, arroz, ou outros alimentos de fácil preparo. Basta usar sua
imaginação. Quem quiser levar carne, pode optar pelas carnes seca, defumada ou curtida, que não deterioram
tão fácil, ou ainda pelos enlatados. Só não esqueça que a única coisa que o desbravador deixa para traz são as
pegadas, portanto você terá de carregar as latas mesmo vazias. Por isso, não recomendo levar latas. Como levará
fogareiro, poderá levar líquidos quentes como chocolate e chá instantâneos.
Dica: Calcule bem o combustível que terás de levar. Embale os alimentos em porções individuais e/ou diárias. Facilitará na hora de usar e na hora de
avaliar suas provisões. Leve a mistura de leite em pó e achocolatado já misturada em saquinhos por porção. Leve sacos de lixo reservas.
5.1 Nosso Cardápio
Como caminharíamos 6 a 8 horas por dia, sem muitas paradas longas, dificilmente poderíamos fazer uma
refeição quente durante o dia. Além de tomar tempo, teríamos de ter um período grande de descanso para
digestão. Por isso, como usualmente fazemos neste tipo de caminhada, optamos por tomar um café bem nutritivo
pela manhã, lanches ricos em carboidratos, gordura e proteína, para dar energia durante o dia, e uma refeição
quente e caprichada à noite, após montarmos acampamento.
5.1.1 Desjejum
Deve ser bem nutritivo (todas as classes de alimentos: amido, gordura e proteína), e de fácil digestão.
Preparamos uma espécie de mingau de cereais com farinha láctea, granola, uvas passas, castanhas e leite em pó.
Além de nutritivo, é de rápido preparo (só acrescentar água) e leve (só alimentos desidratados). Sanduíches de
pasta de amendoim e mel são saborosos, nutritivos e se conservam bem durante a caminhada também são uma
excelente opção.
Dica: veja a quantidade adequada de mingau por refeição e a coloque em sacos separados (um para cada refeição). Isso facilitará na arrumação da
mochila e no preparo do alimento.
5.1.2 Lanche
Deve ser prático para comer e rico em carboidratos, pois é ele que manterá a energia durante a caminhada. Em
lugares mais frios, se consome alimentos mais calóricos e gordurosos devido ao aumento de consumo pelo
organismo para a manutenção da temperatura corporal. Não se deve abusar dos doces, pois uma dose excessiva
de açúcares poderia prejudicar o desempenho e a atenção. Levamos sanduíches prontos de casa para o primeiro
dia e frutas frescas de consistência dura (maçã). Para o restante da caminhada, levamos barras de cereal,
castanhas, uvas passas, bananas passas, frutas secas, castanhas, nozes (em sacos de ração diária) e biscoitos
salgados.
Dica: existem complementos energéticos específicos para este tipo de aventura. Podem custar um pouco mais caro, mas são uma opção leve e
altamente nutritiva para se levar.
5.1.3 Janta
A janta deve ser o mais nutritiva possível e rica em carboidratos. As opções mais comuns são as massas, as sopas
e o purê de batatas instantâneas. Optamos por levar macarrão instantâneo e como complemento protéico, umas
lingüiças de frango pré-cozidas e curtidas, que podiam ser guardadas a temperatura ambiente.
5.1.4. Bebida
Durante uma caminhada exaustiva como a que faríamos, beber somente água poderia não repor todas as nossas
necessidades hídricas. Com o suor excessivo, perdemos junto com a água muitos eletrólitos que não são repostos
com a água pura. Beber líquidos isotônicos, além de repor esses sais, também auxiliam na absorção da água pelo
intestino. Por isso levamos sucos e leite com chocolate em pó de preparo instantâneo. Não esqueça que o
consumo mínimo de água deve ser de 2 litros por dia, ou, se estás caminhando, 200 a 240 ml por hora de
caminhada.
22
6 CHECK-LIST DE MATERIAL PARAA EXPEDIÇÃO
Assim como fizeste um check-list de planejamento, monte um de equipamento. Assim terás certeza que não
esqueceu nada importante. A seguir, um exemplo:
Equipamento Pessoal
 Prato  Copo  Talher
 Toalha de rosto  Escova de dente  Pasta de dentes
 Escova de cabelo ou pente  Lenços umedecidos  Sabonete
 Papel higiênico  Protetor solar e labial  Repelente
 Saco de dormir  Isolante térmico  Travesseiro inflável
 Parka ou Anorak  Pile  Calça e Camisa
 Camisetas  Calção ou bermuda  Cuecas
 Meias finas e grossas  Bota ou tênis  Chinelos
 Boné ou chapéu  Óculos escuros  Sacos plásticos
 Canivete  Bússola  Apito
 Lanterna  Pilhas reservas  Remédios pessoais
 Cantil  Bastão de caminhada  Cabo solteiro e mosquetão
 Bloco de notas e lápis  Mapa topográfico  Relógio
 Documentos  Dinheiro  Rádio ou celular
Equipamentos da Equipe
 Barraca  Cordelete acessório fino  Máquina fotográfica
 GPS  Pilhas reservas  Purificador de água
 Altímetro  Binóculo  Estojo de reparos
 Fogareiro  Combustível  Fósforos ou isqueiro
 Panelas  Abridor de latas  Estojo de Primeiros
socorros
Café da manhã e lanches
 Granola e farinha láctea  Achocolatado em pó  Biscoitos (salgados/doces)
 Frutas secas (ex. uva,
banana)
 Frutas frescas duras (ex.
maçã)
 Barras de cereal (ex. Nutri)
 Castanhas, nozes  Líquidos isotônicos (ex.
suco)
 Energéticos
Almoço e Janta
 Macarrão instantâneo  Purê instantâneo  Sopa instantânea
 Arroz  Batatas  Legumes duros (ex.
cenoura)
 Milho em lata  Seleta de legumes em lata  Pão
 Atum ou Sardinha em lata  Almôndegas enlatadas  Sucos em pó
 Manteiga em barra  Sal  Açúcar
7 O DIÁRIO DA TRAVESSIA
7.1 A noite anterior
Na quinta-feira à noite, nos encontramos na casa do Luis. Com as mochilas já prontas, dividimos o material de
forma que cada um carregasse um peso adequado. A barraca foi dividida entre o Luis, o Márcio e eu. O
fogareiro, a panela e um rádio ficaram com o Onir. O cabo solteiro ficou com o Luis. Ficaram comigo: o GPS,
a máquina fotográfica e um rádio. Cada um carregou a sua água, sua comida e seu material individual. As
mochilas ficaram em torno de 10 a 14 kg cada uma.
7.2 O primeiro dia
Na sexta-feira, saímos do RJ por volta das 11 horas em
direção a Petrópolis. Deixamos o carro em uma casa
próxima ao parque e chegamos à portaria do PARNASO em
torno das 13 horas. Fizemos a inscrição no parque, pagamos
os R$24,00 correspondentes as duas diárias e fomos almoçar o
lanche que havíamos levado.
Infelizmente o Daniel, que iria conosco, teve de acompanhar
outro grupo de expedicionários na travessia. Assim, oramos a
Deus por auxílio e proteção e iniciamos nossa travessia às
13h30min horas, sem guia, em direção às Pedras do Açu.
Apesar do percurso até as Pedras do Açu ter apenas 7 km
aproximadamente, este é o trecho mais desgastante da caminhada
devido à diferença de altitude que se transpõem neste trajeto.
Saímos de 1.100 metros para chegar aos 2.165 metros, subindo
praticamente durante todo o percurso da trilha.
Ao chegarmos no Ajax estávamos muito cansados. Olhamos para
a subida Isabeloca enquanto descansávamos. Teríamos apenas
uma hora de sol, o que significaria caminhar à noite o último
trecho deste dia. Após recobrarmos um pouco as forças e nos
abastecermos de água, partimos para a trilha. Está é a pior parte
da subida, não
só por ser
íngreme, mas por já estarmos muito cansados. Chegamos ao
fim da Isabeloca visualizando o por do sol e caminhamos o
Chapadão na penumbra do entardecer. Ainda bem que neste
trajeto alcançamos um guia com duas meninas, que facilitou
encontrarmos o local do acampamento.
As 18 horas chegamos às Pedras do Açu. Só podíamos
enxergar com as lanternas e colocamos nossa barraca na
primeira área possível de acampamento. Enquanto o Luis e o
Márcio montavam o acampamento, eu e o Onir
preparávamos a janta e organizávamos o equipamento.
A temperatura começou a descer rapidamente à medida que a noite ia chegando. Sentimos um grande choque
térmico: estávamos suados pelo esforço, havia o vento forte e a falta de sol. Tivemos que rapidamente trocar
nossas roupas, vestir agasalhos, luvas e toucas. Antes de pegar no sono, a temperatura já era de 0o
C. Com o
vento, a sensação térmica fora da barraca chegava a pelo menos -5o
C.
Foto 1: Lanche na Entrada do Parque;
Da esquera para a direita: Leandro, Luiz, Onir.
Foto 2: Visão do Vale, Subindo até o Ajax.
Da esquera para a direita: Luiz, Márcio
Foto 3: Visão das Pedras do Açu
Após jantarmos e arrumarmos nossa área de acampamento,
ficamos um pouco de tempo admirando a bela vista do céu
estrelado e observando as luzes da cidade do Rio de Janeiro, e
entramos todos na barraca para dormir. Apesar de ser lua cheia,
esta só apareceu por volta das 22 horas. Tivemos um pouco de
dificuldade para dormir. Era difícil relaxar depois de tanto
esforço e cansaço. Havia muito barulho, os últimos
excursionistas chegaram ao Açu às 23h30min horas. Sem falar
no frio e nos campistas pouco acostumados com os
inconvenientes de dividir uma barraca.
7.3 O segundo dia
Acordamos às 6 horas para ver o grande espetáculo que é o
nascer do sol na Serra dos Órgãos. Encontramos o Daniel que
havia chegado à noite nas Pedras do Açu. Combinamos de
sairmos juntos rumo a Pedra do Sino, pois este é o trecho
onde os montanhistas costumam se perder. Tomamos nosso
café, desmontamos acampamento, recolhemos água e às 9 horas, partimos para mais um dia de caminhada.
Não se pode dizer que a trilha neste dia seja mais fácil. São muitas descidas íngremes que forçam a musculatura
e os joelhos e muitas subidas íngremes que esgotam as energias. Além disso, realmente é muito difícil se
localizar nos altiplanos. Além de muitos marcos e setas
indicarem o caminho errado, existem poucos pontos de
referência para se guiar. Por duas ou três vezes o GPS nos
ajudou na escolha da melhor rota a seguir. É claro que, mesmo
sem GPS, todos chegaríamos ao destino, mas nem sempre
iríamos pela melhor rota. A maioria das pessoas que vão pela
primeira vez sem guia, relata que se perderam algumas horas
neste trecho tentando achar o caminho correto.
Ao chegar ao Vale das Antas, resolvemos ter um descanso um
pouco mais demorado, pois estávamos adiantados na
programação e teríamos a frente o Vale da Morte e a subida do
cavalinho, pontos críticos neste dia, com alguns lances de
exposição. Antes de chegar ao Vale da Morte, o Daniel teve
que voltar para recuperar o grupo que ele estava guiando, pois este havia ficado para trás.
Terminamos a trilha sozinhos. Resolvemos ir direto para o
Abrigo 4 para montar nossa barraca, pois estávamos muito
cansados e havia quase 200 pessoas no parque para
pernoitar (o que significava uma grande disputa pelas
áreas de acampamento).
Chegando à área de acampamento, montamos nossa
barraca em um dos últimos lugares disponíveis no local.
Estávamos tão cansados que, após o entardecer fomos
todos para o interior da barraca. Ainda fizemos um
chocolate quente antes de dormirmos. Enfrentamos umas
pancadas de chuva no início da noite e em torno das 3
horas da manhã, os termômetros marcavam -3o
C. Mais
uma vez, além do frio, enfrentaríamos muito barulho e
pessoas chegando e saindo a toda hora no Abrigo 4.
Foto 4: Pedra do Sino e Dedo de Deus vistos das
Pedras do Açu
Foto 6: Pedra do Sino
Foto 7: Onir, Luiz, Daniel e Leandro admirando o Vale da
Morte, Subida do Cavalinho e Pedra do Sino
Foto 5: Dorso da Pedra da Baleia.
25
7.4 O terceiro dia
As 05h30min da manhã acordamos para subir o cume da Pedra
do Sino a fim de ver o nascer do sol.
Os termômetros ainda marcavam 0o
C. No cume, a sensação
térmica chegava facilmente a -10o
C devido ao forte vento
(próxima do frio extremo). Apesar do frio, pudemos observar
um nascer do sol maravilhoso. À medida que o sol ia
aparecendo, por detrás de uma cadeia de montanhas na região
de Friburgo, víamos as cores do céu mudando gradativamente.
Do outro lado, podíamos rever todo o percurso da travessia,
desde as Pedras do Açu até o Vale da Morte. Parecia algo
impossível de se ter feito. Mas estávamos lá, curtindo o sabor
da vitória e este maravilhoso espetáculo da natureza.
Ao retornarmos do cume, mesmo com o sol batendo em parte da
barraca, ainda podíamos ver gelo sobre ela. Tomamos nosso desjejum
enquanto esperávamos que a barraca secasse. Desmontamos o
acampamento e começamos a descida.
Agora podemos confirmar o que é dito por todo mundo: “esta é uma das
travessias mais bonitas que já fizemos”.
7.5 Os erros e os Acertos
Mesmo com muito preparo e experiência, ninguém fica isento de
cometer certos erros. Depois de uma expedição, é sempre bom reunir-se
com o grupo a fim de discutir os erros e acertos para aprender com eles.
A primeira coisa que notamos foi o tamanho da mochila. A minha
mochila era muito grande (75 - 85 l), apesar de ser ótima para o que
sempre usei: longas
expedições e escaladas;
nesta expedição eu estava com espaço sobrando e carregando
pelo menos um quilo a mais só de mochila. Por outro lado, as
mochilas do Luis e no Márcio eram muito pequenas (40 l),
forçando-os a deixar mais equipamentos pendurados do lado de
fora da mochila, o que dificultou muito no equilíbrio da mochila.
Além disso, as mochilas médias e de ataque não tem um sistema
de suspensão tão eficiente como as cargueiros, causando mais
cansaço nos ombros. O melhor tamanho de mochila para este
tipo de expedição era a que o Onir estava usando (55 l), cabia
tudo dentro dela, sem problema de espaço e sem excesso de peso.
Um erro que cometemos foi pensar em comer demais na caminhada. Levamos dois macarrões instantâneos por
dia. Pensando em fazer mais comida e com um medo injustificado do fogareiro
falhar, levamos dois fogareiros (o meu e o do Onir) inutilmente. Acabamos por
cozinhar somente um macarrão por dia e aquecer a água para o chocolate quente.
Levamos peso a mais com comida, fogareiro e combustível,
desnecessariamente.
No entanto acertamos em levar as barras de cereais, castanhas,
uvas e bananas passas. Durante a caminhada não sentíamos muita
fome, mas muito cansaço e sede. E depois de umas
mordiscadelas recuperávamos um pouco as energias. No entanto,
teria sido muito bom se tivéssemos levado estes energéticos
específicos para caminhadas. São leves e altamente nutritivos. Vimos
muitos se alimentando com eles no caminho, ou misturando na água. Na
próxima expedição a pé, levaremos alguns destes para
experimentar o resultado.
Foto 8: Descendo em direção ao Vale da Morte
Foto 7: Gelo formado na barraca. Márcio
Foto 10: Abrigo 4. Nossa barraca na extrema direita
Foto 11: Márcio olhando o gelo na barraca
Foto 9: Subindo o Cavalinho
26
Uma coisa acertada foi levar cantis camelo. Não que as garrafas pet não
tenham funcionado, mas a praticidade de encontrar água na ponta de um
canudinho sempre que se tem sede é impagável.
Outro item que se demonstrou desnecessário foi o rádio. Como estávamos
em um grupo pequeno, nunca nos separamos. Mais peso que poderíamos ter
deixar em casa. Principalmente porque no parque poderíamos utilizar o
celular em caso de emergência.
Um item que ficou sem
consenso foi o fato de
dormirmos os quatro em
uma só barraca. Para mim foram muito boas as noites de
acampamento, com um frio na medida exata para a serra
carioca. Talvez eu tenha me sentido assim porque acampo
desde os 9 anos no Rio Grande do Sul, e já enfrentei, de
dentro de uma barraca, chuva, frio, gelo, pouca lotação,
excesso de lotação, poucos dias, vários dias. Mas, meus
companheiros não se sentiram tão confortáveis. Tinha um
cheiro desagradável produzido por um de nossos colegas que
havia comido alguns ovos no início do dia (essa até eu fiquei
incomodado), o fato de estarmos espremidos entre dois marmanjos (com certeza seria melhor estarmos com
nossas esposas) e pelo ronco uns dos outros (éramos um quarteto de roncos). Ainda ficaram incomodados
comigo só porque eu quis abrir um pequeno pedaço da porta para olhar o céu estrelado e sentir a brisa “fresca”
da noite, me fazendo lembrar dos acampamentos no meu querido Rio Grande do Sul. Parece que da próxima vez
que fizermos alguma caminhada juntos, levaremos barracas
individuais para evitar problemas.
O melhor de tudo foi que nos surpreendemos com nossa
capacidade de superação. Por mais que algumas vezes
sentíssemos a sensação que não poderíamos continuar, com a
ajuda de Deus, seguimos em frente e terminamos a travessia com
um ritmo excelente, sempre abaixo do tempo previsto.
Foto 12: Onir e Leandro admirando o nascer do sol
na Pedra do Sino
Foto 15: Visão de Tersópolis durante a descida
Foto 14: Leandro, Onir e Márcio
descendo em direção a barragem.
Foto 13: Nascer do Sol visto da Pedra do Sino
27
7.6 Resumo da Travessia Realizada
Hora
Estimada
Hora
Realizada
Distância
Percurso1
Distância
Total1
Coordenadas UTM – SAD-69
Fuso Easting Northing Altitude
Waypoints
12:00 13:00 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Portaria PNSO Petrópolis
12:15 13:15 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Lanche
12:30 13:30 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Saída
14:15 23K 697792 7514034 1.300 Parada para descanso
Parada 1 – Descanso de 10 minutos
14:25 23K 697792 7514034 1.300 Parada para descanso
13:30 14:30 1,600 1,600 23K 697975 7513904 1.345
Bifurcação
Açu - Véu de Noiva
14:30 14:50 600 2,200 23K 697747 7513585 1.525 Pedra do Queijo
15:05 23K 697638 7513597 1.600 Parada para descanso
Parada 2 – Descanso de 10 minutos
15:15 23K 697638 7513597 1.600 Parada para descanso
15:30 16:00 1,400 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax
Parada 3 – Descanso de 30 minutos
15:30 16:30 0 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax
16:30 17:15 600 4,200 23K 698040 7512078 2.020 Bifurcação 2
17:30 18:00 1,500 5,700 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu
Acampamento
08:30 09:00 0 0 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu
09:30 09:45 900 900 23K 700048 7512609 2.160 Morro do Marco
10:15 10:10 500 1.400 23K 700200 7513028 2.020 Vale do Paraíso
11:15 10:45 650 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro
Parada 1 – Descanso 15 minutos
11:15 11:00 0 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro
12:00 12:00 800 2.850 23K 700938 7513759 2.038 Ponte
12:45 12:45 1,500 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas
Parada 2 – Descanso de 30 minutos
12:45 13:15 0 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas
13:45 14:00 600 4.950 23K 701889 7514459 2.065 Pedra de Baleia
14:45 14:45 750 5.700 23K 702497 7514801 2.080 Vale da Morte
15:45 15:152
500 6.200 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino2
16:30 15:30 600 6.800 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4
Acampamento
05:45 0 0 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4
06:15 600 650 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino
Observação do Nascer do Sol – 30 minutos
06:45 0 650 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino
07:15 600 1.200 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4
Desjejum e desmontagem do acampamento
09:00 09:45 0 0 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4
10:00 10:30 2,200 2.200 23K 703432 7515230 2.000 Bifurcação 3
10:40 11:00 1,200 3.400 23K 703832 7515779 1.900 Abrigo 3
11:00 11:15 650 4.050 23K 704036 7515407 1.880 Bifurcação 4
12:00 12:00 2,800 6.850 23K 704544 7516009 1.600 Abrigo 2
13:00 12:45 2,200 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem
Parada 1 – Descanso de 30 minutos
13:00 13:15 0 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem
14:00 13:30 2.750 11.800 23K 707508 7516046 900 Portaria PNSO Teresópolis
14:00 Praça Feira de Petrópolis
Temp./Dist. Estimados 17 a 21 horas 24-30 km Temp./Dist. Realizados 16 horas 30 km
1
As distâncias estimadas foram determinadas pela carta topográfica e são menores do que as distâncias reais, devido às limitações do método.
2
Ao contrário do planejado, não fomos até o cume no segundo dia; fomos diretamente ao local de acampamento no abrigo 4. Deixamos para visitar o
cume na manhã do dia seguinte para ver o sol nascer.
28
8 OUTRAS 110 DICAS
1. Calcule o tempo de caminhada em um percurso baseado nas seguintes médias:
Velocidade de caminhada no plano 5 km/h
Velocidade de Superação de desnível 400 m/h
Paradas de Descanso 15 min./hora de caminhada
2. Por exemplo: para caminhar da entrada do PARNASO até as pedras do Açu.
Distância percorrida 7,5 km dividido por 5 km/h 1 h 30 min.
Altitude superada 1.200 m dividido por 400 m/h 3 h
Tempo de Caminhada 1 h 30 min. mais 3 h 4 h 30 min.
Tempo de Descanso 4 h 30 min. multiplicado por 15 min./h 1 h
Total geral do percurso 4 h 30 min. mais 1 h 5 h 30 min.
Valores arredondados para melhor ilustrar os cálculos do exemplo
3. Conheça seu nível técnico. Prepare-se física e mentalmente.
4. Informe-se sobre telefones e locais de suporte em caso de emergência (polícia, guarda florestal, hospital,
Centro de Informações Toxicológicas – CIT, etc.) e se o local possui equipe de resgate.
5. Informe-se sobre quais são os perigos do local, como corredeiras, rios com sumidouros, rochas instáveis,
animais peçonhentos e não peçonhentos e eventualmente até indígenas hostis.
6. Veja se o local tem sinal de telefone celular.
7. Se informe sobre o clima, topografia, animais característicos da região e doenças contagiosas da região.
Talvez seja necessário se vacinar antes (se necessário, nunca nas vésperas da saída, pelo risco de efeitos
colaterais da vacina).
8. Consiga um bom mapa da região, de preferência topográfico. Se possível, plastifique ou coloque o mapa
em uma capa plástica.
9. Faça uma revisão no dentista antes de sair.
10. Faça um bom curso de primeiros socorros.
11. Tenha um bom Kit de Primeiros Socorros, adequado à sua aventura e ao seu conhecimento.
12. Prepare um cartão com os dados médicos para o caso de acidente, plastifique-o e leve-o dentro do bolso da
calça ou de preferência, pendure-o no pescoço.
13. Uns 5 dias antes de sair em expedição (e durante), tome 03 a 04 cápsulas de alho por dia (ou alho in
natura). Além de um excelente antibiótico natural, irá atuar como repelente de insetos e alguns outros
animais.
14. Seja cooperativo. Atividades no meio selvagem se baseiam na união do grupo. Nunca deixe um colega para
trás. Nunca deixe de cuidar dos feridos. Nunca deixe de ajudar quem estiver exausto. Só se sobrevive em
ambientes e situações extremas com confiança e união extremas.
15. Evite discussões. Na dúvida, siga o líder (o mais experiente e calmo) da equipe.
16. Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar, momento ou situação. Surgem mesmo em situações
aparentemente inofensivas.
17. Tenha a humildade de não exceder seus limites físicos e habilidades técnicos. Muitos atletas experientes,
feridos gravemente, confessaram que seus acidentes ocorreram por confiança excessiva e imprudência.
18. Muito cuidado com rios, lagos, praias e mar. Estudos mostram que o afogamento é o acidente que mais tira
vidas no ambiente outdoor .
19. A prevenção é o melhor remédio. Avalie todas as situações de risco possíveis e estejas preparado para elas.
20. Não dê chance ao azar. O azar não as perde.
21. Diante de uma situação de emergência: acalme-se e raciocine. Sua experiência e bom senso certamente
levarão a uma boa conduta.
22. Em uma emergência, com feridos, lembre-se que o passo mais importante dos primeiros socorros é não
aumentar o dano. Isso inclui a vítima e você. Cuide para não se tornar mais uma vítima.
23. Acalme a vítima.
24. Proteja a coluna cervical, veja se ela está lúcida, respirando e com batimentos cardíacos presentes.
25. Determine alguém para chamar por socorro (por celular ou rádio)
26. Afrouxe as roupas e cintos.
27. Estanque as hemorragias fazendo compressão local (sangramento venoso) e troncular (se sangramento
arterial).
28. Não use torniquetes ou garrotes, a não ser em amputação ou lesão vascular arterial de grandes vasos.
29. Imobilize as fraturas.
30. Aguarde o resgate. Se não for possível o resgate, prepare-se para fazer a remoção da vítima.
31. Tenha sempre em mãos o mapa, bússola, canivete, relógio e apito, e se possível, um GPS.
32. Evite, sempre que possível, andar com calçados ou roupa molhada.
33. Use calça e camisa de manga longa, principalmente no amanhecer e entardecer, para proteger dos
mosquitos e da vegetação.
34. Leve sempre repelente.
35. Procure andar com roupas limpas. Sempre que possível, lave-as.
36. Tenha cuidado com a água. Evite água parada. Leve pastilha de cloro para purificar a água.
37. Cozinhe longe da área de acampamento, pois o cheiro do alimento pode atrair insetos ou animais maiores.
Evite deixar restos de alimento próximos da barraca.
38. Se alimente bem.
39. Não coma em demasia. Prefira fazer mais refeições com menor quantidade e qualidade.
40. Faça uma latrina a mais de 20 metros da área de acampamento para evitar mau cheiro e mosquitos. Cave a
latrina com pelo menos 50 cm de profundidade e, após cada uso, coloque terra por sobre as fezes.
41. Ao acampar próximo de rios ou lagos, ou no interior da mata, haverá mais mosquitos nestes lugares. Não
esqueça seu repelente. Ou evite montar acampamento nestes lugares
42. Evite fogo próximo da barraca.
43. Evite águas paradas. Tenha sempre pastilhas de cloro para purificar a água.
44. Hidrate-se o melhor possível. Sempre que encontrar uma fonte de água durante uma caminhada, beba
bastante e encha seu cantil. Principalmente se não tem muita certeza da existência de água.
45. Evite bebidas muito doces.
46. Prefira bebidas isotônicas para auxiliar a repor algumas calorias e os sais perdidos no suor.
47. Evite tomar bebidas estimulantes (café, chá preto, refrigerantes, guaraná, bebidas alcoólicas), elas te darão
uma energia extra no momento, mas seu corpo cobrará o desgaste nos dias seguintes.
48. Procure aproveitar todas as horas de descanso. O cansaço se acumula ao longo dos dias.
30
49. Quando estiver extremamente exausto, faça uma parada de 20-30 minutos e tire um cochilo. Verá que
renovará suas forças para suportar o restante do dia.
50. Cuido dos ferimentos antes de dormir.
51. Saiba como fazer alongamentos e massagem. Seus músculos vão agradecer este tipo de relaxamento após
atividade extrema (evitará muitas dores musculares no dia seguinte).
52. Não se envergonhe em pedir ou aceitar uma massagem do seu colega. Competidores de esportes radicais
levam massagistas profissionais para isso.
53. Tome banho sempre que possível. Se der, faça a barba.
54. Deixe tudo organizado e limpo à noite, antes de dormir.
55. A noite, durma bem.
56. Cobras, escorpiões e outros "bichos" são uma realidade. Sempre sacuda vigorosamente botas e casacos,
sacos de dormir, antes de usá-los.
57. Mantenha a barraca sempre fechada e verifique-a, antes de entrar, a presença desses animais.
58. Guarde suas botas enfiadas em um galho, com a abertura do cano para baixo para evitar a entrada de
animais.
59. Cerca de 80% das picadas de cobra são nas pernas, abaixo dos joelhos. Tome cuidado, por exemplo, ao
fazer suas "necessidades fisiológicas" no mato - as picadas podem ser em outro lugar do corpo e você pode
mudar as estatísticas.
60. Após picadas de cobras, não se deve entrar em pânico.
61. Tranqüilize a vítima e mantenha-a em repouso.
62. Chame o resgate e transporte-a o mais rapidamente para um hospital.
63. A vítima deve ficar em repouso
64. Não se deve garrotear o membro afetado nem cortar (ou chupar) o ferimento.
65. O veneno das cobras não mata instantaneamente. Normalmente a vítima tem algumas horas para chegar ao
hospital sem risco de vida.
66. Nem sempre você percebe que foi picado por uma cobra ou aranha. Diante de um ferimento suspeito,
principalmente com muita dor e inchaço, na altura dos pés ou pernas, procure um hospital.
67. Evite pisar no mato, em vegetação rasteira, manipular troncos de árvore caídos ou similares.
68. Cuidado ao encostar-se a árvores ou construções rústicas.
69. Não subestime o sol e o calor. Suas ações são acumulativas e perigosas, podendo causar queimaduras,
desidratações graves, insolação e/ou hipertermia.
70. Em locais com vento forte (mesmo o vento relativo de trechos de ciclismo ) ou ambientes molhados como
rafting, canoagem e natação, a ação do sol é menos percebida e surgem importantes queimaduras de pele
que só são percebidas tardiamente.
71. Use, sob sol intenso, protetor solar, protetor labial, bonés e lenços para a parte posterior do pescoço.
72. Devem ser escolhidos protetores solares sem base oleosa ou gel, no sentido de não comprometer a
sudorese, importante para a termorregulação. Devem ser aplicados de preferência na pele seca, que absorve
componentes importantes presentes nos bons protetores. Seu efeito não é apenas de uma barreira física ao
sol, mas também química.
73. A aplicação desses cremes deve ser contínua. O suor, a chuva, garoa, umidade, respingos de água, banhos,
água de rios e mar e o próprio atrito com a vegetação e com a roupa podem continuamente diminuir a
camada de creme que protege a pele.
74. O lençol de alumínio é extremamente útil sob o sol escaldante. Pode ser usado como uma capa, em
situações extremas, como áreas desérticas, sem sombra. Além de fazer sombra, ele reflete a luz solar,
atenuando o seu efeito térmico. É também mais visível para equipes de resgate.
31
75. Deve-se evitar ingerir alimentos quentes sob condições de muito calor. Alimentos frios ajudarão no
controle térmico corporal.
76. Em situações de calor extremo, tente molhar constantemente o corpo.
77. Após horas de exercício sob sol forte, com o corpo extremamente quente, você pode ser atingido por uma
chuva ou mesmo a água de rio ou mar. Dependendo da intensidade do exercício e do calor, a exposição
súbita a esse contraste de temperaturas pode trazer uma sensação de "mal-estar" importante, semelhante
àquela que precede os estados gripais. Esse "choque térmico" costuma ser passageiro e não preocupante.
78. Prefira roupas de cor clara e de tecidos que permitam a transpiração.
79. Evite roupas camufladas ou escuras. Elas dificultam o resgate. Prefira roupas de cor chamativa, para serem
vistas a distância.
80. Mesmo em locais quentes, de madrugada costuma haver frio. Assim, não esqueça bons agasalhos.
81. Tenha também uma capa ou agasalho impermeável.
82. Em casos de frio intenso, evite ao máximo ficar com roupas molhadas, umidade ou andar na água. A perda
de calor corporal será muito mais rápida e agressiva.
83. Evite usar na viagem, pela primeira vez, aquela bota linda e novinha. Prefira aquela já amaciada.
84. Diante de alguém com suspeita de hipotermia, faça o seguinte:
85. Afaste a pessoa do frio, isolando-o o melhor possível.
86. Seque-a o melhor possível, antes de agasalhá-la.
87. Vista-a com roupas que conservam o calor, inclusive cobertores, lençóis aluminizados e sacos de dormir.
88. Se a pessoa estiver em condições, pode ser estimulada a movimentar-se (aquecimento "ativo").
89. Faça massagens vigorosas (se a hipotermia for leve, sem congelamento, por exemplo, de mãos e pés).
90. A vítima pode ser "abraçada" por várias pessoas, para aquecimento "passivo”.
91. Ofereça-lhe alimentos e líquidos quentes.
92. Dê-lhe banhos quentes.
93. Aproxime-a de fontes de calor, como fogueira, radiação solar e lâmpadas.
94. Qualquer pequeno ferimento, como uma bolha na mão, uma pequena pedrinha na bota ou uma deformidade
na palmilha podem ser inofensivas num percurso de 02 horas ou trechos curtos, mas pode ser desastroso
em percursos longos. Cuide precocemente deles. Cuide também das suas unhas "encravadas"
95. Cuidado com tempestades e raios. Se surgir tal situação:
96. Afaste-se de árvores isoladas, estruturas metálicas, redes elétricas, construções pequenas de alvenaria.
97. Não fale ao telefone ou celular (nem mesmo utilize Fax-Moden) e disperse grupos de pessoas.
98. Evite roupas molhadas ou pisos úmidos.
99. O interior de carros é um lugar relativamente seguro (apesar do metal)
100. Afaste-se de motos, bikes e quadriciclos.
101. Dentro de barracas, afaste-se de estruturas metálicas externas e da cobertura molhada.
102.Evite proximidade de árvores isoladas em áreas abertas e em alto de colinas ou montanhas.
103.Cuidado com estruturas metálicas, por exemplo, em mochilas ou barracas.
104. Saia imediatamente de piscinas, mar ou águas abertas.
105. Procure sempre ficar facilmente localizável para os membros do grupo - não suma!
106. Critique menos e elogie mais. Antes de criticar, procure também reconhecer os esforços para o que já foi
ou o que será feito.
107. Ao fazer uma crítica, faça-a com elegância, eloqüência e respeito.
32
108. Calma e paciência. Sempre. Principalmente com quem não merece ouvir injustiças, e que se esforçou para
todos ficassem bem!
109.Respeite a população local. Suas propriedades, seus costumes e principalmente sua curiosidade e
privacidade.
110.Finalmente, lembre-se que toda a natureza, campo, floresta, montanha, rio ou mar, fora criada por Deus e
entregue aos cuidados do ser humano. Aprenda a admirar e respeitar essas maravilhas da criação e cuide
bem dela.
33
9 ESPECIALIDADES
Agora mãos a obra. É sua vez de pesquisar e organizar sua expedição. Não esqueça de escrever seu relatório e
responder as questões abaixo1
. Boa sorte e que Deus esteja com vocês.
9.1 Excursionismo Pedestre
1. Explicar e demonstrar os pontos mais importantes de uma boa caminhada, tais como a passada apropriada,
velocidade, momentos de descanso e regras de bom comportamento no contato com a natureza.
2. Explicar a importância dos cuidados com os pés, em relação à limpeza, cuidados das unhas, meias, escolha
de calçado e primeiros socorros para bolhas em estado inicial.
3. Fazer uma lista do vestuário apropriado para uma caminhada em clima frio e em clima quente.
4. Fazer uma lista do equipamento necessário para uma caminhada de um dia em uma região silvestre ou
rural, e para uma caminhada curta.
5. Listar cinco regras de segurança e bom comportamento que devem ser observadas em caminhadas por
trilhas, ou ao longo de estradas.
6. Explicar a importância de beber água, e relacionar três sinais observáveis em água contaminada.
7. Explicar a importância de comer adequadamente durante uma caminhada.
8. Descrever as roupas e calçados apropriados para uma caminhada com tempo quente e frio.
9. Apresentar um plano por escrito para uma caminhada de dezesseis quilômetros, incluindo: rota
demonstrada no mapa, lista de roupas apropriadas, lista de equipamentos, e quantidade de água e/ou
comida.
10. Usar um mapa topográfico ou rodoviário no planejamento de uma das caminhadas do item 11.
11. Completar as seguintes caminhadas:
a. Caminhada rural ou urbana de 8 quilômetros
b. Caminhada de 8 quilômetros em trilha de região silvestres/agreste
c. Duas caminhadas de um dia inteiro (16 quilômetros cada) em rotas diferentes
d. Caminhada de 24 quilômetros em trilha de região silvestre/agreste
e. No máximo um mês após cada caminhada, apresentar um breve relatório, com datas, rotas, condições
climáticas, e quaisquer coisas interessantes que tenha observado.
1
Nem todas as respostas às questões estão no manual. Se divirta enquanto pesquisa as respostas e aprimora o seu conhecimento. Se precisar, peça
auxílio ao seu instrutor, ou me mande um e-mail: ldcezar@hotmail.com.
Escursionismo pedestre e com mochila
Escursionismo pedestre e com mochila

Weitere ähnliche Inhalte

Andere mochten auch

Palestra Primeiros Socorros Básicos
Palestra Primeiros Socorros BásicosPalestra Primeiros Socorros Básicos
Palestra Primeiros Socorros BásicosAna Hollanders
 
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdee
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdeeManual de Primeiros Socorros, ministério da saúdee
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdeeFilipa Telles de Carvalho
 
Introdução aos Desportos Aventura
Introdução aos Desportos AventuraIntrodução aos Desportos Aventura
Introdução aos Desportos AventuraAndré Campos
 
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.EcoHospedagem
 
Turismo natureza
Turismo natureza  Turismo natureza
Turismo natureza kyzinha
 
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010Falcão Brasil
 
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011Falcão Brasil
 
Aph conceitos, modalidades, histórico (aula 1)
Aph   conceitos, modalidades, histórico (aula 1)Aph   conceitos, modalidades, histórico (aula 1)
Aph conceitos, modalidades, histórico (aula 1)Prof Silvio Rosa
 
Primeiros socorros 2015
Primeiros socorros  2015Primeiros socorros  2015
Primeiros socorros 2015aluisiobraga
 
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúde
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da SaúdeManual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúde
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúdeprojetacursosba
 
Slides Primeiros Socorros
Slides Primeiros SocorrosSlides Primeiros Socorros
Slides Primeiros SocorrosOberlania Alves
 

Andere mochten auch (19)

Palestra Primeiros Socorros Básicos
Palestra Primeiros Socorros BásicosPalestra Primeiros Socorros Básicos
Palestra Primeiros Socorros Básicos
 
Rapel da ponte em 31 agosto de 2013
Rapel da ponte em 31 agosto de 2013Rapel da ponte em 31 agosto de 2013
Rapel da ponte em 31 agosto de 2013
 
Esporte de Aventura - Rapel
Esporte de Aventura - RapelEsporte de Aventura - Rapel
Esporte de Aventura - Rapel
 
3. sinalização
3. sinalização3. sinalização
3. sinalização
 
Análise de Sobrevivência
Análise de SobrevivênciaAnálise de Sobrevivência
Análise de Sobrevivência
 
Escalada esmoura
Escalada esmouraEscalada esmoura
Escalada esmoura
 
Compass esportes de Aventura
Compass esportes de AventuraCompass esportes de Aventura
Compass esportes de Aventura
 
8. primeiros socorros
8. primeiros socorros8. primeiros socorros
8. primeiros socorros
 
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdee
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdeeManual de Primeiros Socorros, ministério da saúdee
Manual de Primeiros Socorros, ministério da saúdee
 
Introdução aos Desportos Aventura
Introdução aos Desportos AventuraIntrodução aos Desportos Aventura
Introdução aos Desportos Aventura
 
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.
Turismo de aventura, orientações básicas, mtur 2008.
 
Esportes radicais
Esportes radicaisEsportes radicais
Esportes radicais
 
Turismo natureza
Turismo natureza  Turismo natureza
Turismo natureza
 
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010
FORMAÇÃO BÁSICA DO COMBATENTE PPB/2 2010
 
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011
PROGRAMA-PADRÃO DE INSTRUÇÃO INDIVIDUAL BÁSICA EB70-PP-11.011
 
Aph conceitos, modalidades, histórico (aula 1)
Aph   conceitos, modalidades, histórico (aula 1)Aph   conceitos, modalidades, histórico (aula 1)
Aph conceitos, modalidades, histórico (aula 1)
 
Primeiros socorros 2015
Primeiros socorros  2015Primeiros socorros  2015
Primeiros socorros 2015
 
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúde
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da SaúdeManual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúde
Manual de Primeiros Socorros Ministerio da Saúde
 
Slides Primeiros Socorros
Slides Primeiros SocorrosSlides Primeiros Socorros
Slides Primeiros Socorros
 

Ähnlich wie Escursionismo pedestre e com mochila

Manual de Orientações - 4º Campori UNeB
Manual de Orientações - 4º Campori UNeBManual de Orientações - 4º Campori UNeB
Manual de Orientações - 4º Campori UNeBFilhos da Rocha
 
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Janderson Araujo
 
Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999INFISTA
 
Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999INFISTA
 
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...labtecnologia3
 
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdf
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdfManual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdf
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdfAnesio2
 
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.Quezia Ribeiro
 
Aventura do Desbravador
Aventura do DesbravadorAventura do Desbravador
Aventura do DesbravadorFeras Feras
 
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos SantarossaSob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos SantarossaEscola de Biodanza Rio de Janeiro
 
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2Secção
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2SecçãoCaderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2Secção
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2SecçãoJoanaSimas3
 
Como cuidar pra seu peixe não acabar
Como cuidar pra seu peixe não acabarComo cuidar pra seu peixe não acabar
Como cuidar pra seu peixe não acabarKatia Carvalheiro
 
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...Diego Ayala
 
Regulamento de Uniformes - RUD
Regulamento de Uniformes - RUDRegulamento de Uniformes - RUD
Regulamento de Uniformes - RUDGustavo Reis
 
Especialidade de Orientação
Especialidade de Orientação   Especialidade de Orientação
Especialidade de Orientação Feras Feras
 

Ähnlich wie Escursionismo pedestre e com mochila (20)

Manual de Orientações - 4º Campori UNeB
Manual de Orientações - 4º Campori UNeBManual de Orientações - 4º Campori UNeB
Manual de Orientações - 4º Campori UNeB
 
EPMURAS - Seleção e Acasalamento Dirigido
EPMURAS - Seleção e Acasalamento DirigidoEPMURAS - Seleção e Acasalamento Dirigido
EPMURAS - Seleção e Acasalamento Dirigido
 
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
 
Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999
 
Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999Pinto, ricardo alexandre. 1999
Pinto, ricardo alexandre. 1999
 
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...
Fapespa seleção de probiótico na aquicultura ornamental do acará bandeira (pt...
 
Panis marcelo
Panis marceloPanis marcelo
Panis marcelo
 
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdf
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdfManual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdf
Manual_Campori-Final_web Igreja ASD .pdf
 
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
Dificuldade de Aprendizagem em Crianças Portadoras de Fissuras Labiopalatinas.
 
Aventura do Desbravador
Aventura do DesbravadorAventura do Desbravador
Aventura do Desbravador
 
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos SantarossaSob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa
Sob o olhar repousa o infinito e o movimento do universo | Marcos Santarossa
 
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2Secção
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2SecçãoCaderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2Secção
Caderno_de_Descobertas_Exploradores_CNE_2Secção
 
Como cuidar pra seu peixe não acabar
Como cuidar pra seu peixe não acabarComo cuidar pra seu peixe não acabar
Como cuidar pra seu peixe não acabar
 
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...
O circo vai a escola possibilidades de utilizar atividades circenses nas aula...
 
Diário de vivências
Diário de vivênciasDiário de vivências
Diário de vivências
 
Regulamento de Uniformes - RUD
Regulamento de Uniformes - RUDRegulamento de Uniformes - RUD
Regulamento de Uniformes - RUD
 
Encarte 4 Dinmicas
Encarte 4   DinmicasEncarte 4   Dinmicas
Encarte 4 Dinmicas
 
Especialidade de Orientação
Especialidade de Orientação   Especialidade de Orientação
Especialidade de Orientação
 
5a edição
5a edição5a edição
5a edição
 
JORNAL ESCOTISMO 5ª edição
JORNAL ESCOTISMO 5ª ediçãoJORNAL ESCOTISMO 5ª edição
JORNAL ESCOTISMO 5ª edição
 

Mehr von Ismael Rosa

Trabalho da especialidade de gatos
Trabalho da especialidade de gatosTrabalho da especialidade de gatos
Trabalho da especialidade de gatosIsmael Rosa
 
Trabalho da especialidade de cães
Trabalho da especialidade de cãesTrabalho da especialidade de cães
Trabalho da especialidade de cãesIsmael Rosa
 
Especialidade de astronomia
Especialidade de astronomiaEspecialidade de astronomia
Especialidade de astronomiaIsmael Rosa
 
Pontos cardeais com o relógio
Pontos cardeais com o relógioPontos cardeais com o relógio
Pontos cardeais com o relógioIsmael Rosa
 
Cartão medalha de_ouro
Cartão medalha de_ouroCartão medalha de_ouro
Cartão medalha de_ouroIsmael Rosa
 
Cartão medalha de_prata
Cartão medalha de_prataCartão medalha de_prata
Cartão medalha de_prataIsmael Rosa
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores4
Modelo de-ofício-para-desbravadores4Modelo de-ofício-para-desbravadores4
Modelo de-ofício-para-desbravadores4Ismael Rosa
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores3
Modelo de-ofício-para-desbravadores3Modelo de-ofício-para-desbravadores3
Modelo de-ofício-para-desbravadores3Ismael Rosa
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2Modelo de-ofício-para-desbravadores-2
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2Ismael Rosa
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1Modelo de-ofício-para-desbravadores 1
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1Ismael Rosa
 
Guia do-aspirante-impresso - 2016
Guia do-aspirante-impresso - 2016Guia do-aspirante-impresso - 2016
Guia do-aspirante-impresso - 2016Ismael Rosa
 
Salvação e Serviço
Salvação e ServiçoSalvação e Serviço
Salvação e ServiçoIsmael Rosa
 
Seguro e atividade de risco
Seguro e atividade de riscoSeguro e atividade de risco
Seguro e atividade de riscoIsmael Rosa
 
Reformulação das classes regulares e avançadas
Reformulação das classes regulares e avançadasReformulação das classes regulares e avançadas
Reformulação das classes regulares e avançadasIsmael Rosa
 
Materiais de campo
Materiais de campoMateriais de campo
Materiais de campoIsmael Rosa
 
Insignía de excelência
Insignía de excelênciaInsignía de excelência
Insignía de excelênciaIsmael Rosa
 
Fazendo o seguro passo a passo
Fazendo o seguro passo a passoFazendo o seguro passo a passo
Fazendo o seguro passo a passoIsmael Rosa
 
Escolhendo uma barraca
Escolhendo uma barracaEscolhendo uma barraca
Escolhendo uma barracaIsmael Rosa
 
Curiosidades sobre os desbravadores
Curiosidades sobre os desbravadoresCuriosidades sobre os desbravadores
Curiosidades sobre os desbravadoresIsmael Rosa
 

Mehr von Ismael Rosa (20)

Acampamento 1
Acampamento 1Acampamento 1
Acampamento 1
 
Trabalho da especialidade de gatos
Trabalho da especialidade de gatosTrabalho da especialidade de gatos
Trabalho da especialidade de gatos
 
Trabalho da especialidade de cães
Trabalho da especialidade de cãesTrabalho da especialidade de cães
Trabalho da especialidade de cães
 
Especialidade de astronomia
Especialidade de astronomiaEspecialidade de astronomia
Especialidade de astronomia
 
Pontos cardeais com o relógio
Pontos cardeais com o relógioPontos cardeais com o relógio
Pontos cardeais com o relógio
 
Cartão medalha de_ouro
Cartão medalha de_ouroCartão medalha de_ouro
Cartão medalha de_ouro
 
Cartão medalha de_prata
Cartão medalha de_prataCartão medalha de_prata
Cartão medalha de_prata
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores4
Modelo de-ofício-para-desbravadores4Modelo de-ofício-para-desbravadores4
Modelo de-ofício-para-desbravadores4
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores3
Modelo de-ofício-para-desbravadores3Modelo de-ofício-para-desbravadores3
Modelo de-ofício-para-desbravadores3
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2Modelo de-ofício-para-desbravadores-2
Modelo de-ofício-para-desbravadores-2
 
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1Modelo de-ofício-para-desbravadores 1
Modelo de-ofício-para-desbravadores 1
 
Guia do-aspirante-impresso - 2016
Guia do-aspirante-impresso - 2016Guia do-aspirante-impresso - 2016
Guia do-aspirante-impresso - 2016
 
Salvação e Serviço
Salvação e ServiçoSalvação e Serviço
Salvação e Serviço
 
Seguro e atividade de risco
Seguro e atividade de riscoSeguro e atividade de risco
Seguro e atividade de risco
 
Reformulação das classes regulares e avançadas
Reformulação das classes regulares e avançadasReformulação das classes regulares e avançadas
Reformulação das classes regulares e avançadas
 
Materiais de campo
Materiais de campoMateriais de campo
Materiais de campo
 
Insignía de excelência
Insignía de excelênciaInsignía de excelência
Insignía de excelência
 
Fazendo o seguro passo a passo
Fazendo o seguro passo a passoFazendo o seguro passo a passo
Fazendo o seguro passo a passo
 
Escolhendo uma barraca
Escolhendo uma barracaEscolhendo uma barraca
Escolhendo uma barraca
 
Curiosidades sobre os desbravadores
Curiosidades sobre os desbravadoresCuriosidades sobre os desbravadores
Curiosidades sobre os desbravadores
 

Escursionismo pedestre e com mochila

  • 1. EEXCURSIONISMOXCURSIONISMO PPEDESTREEDESTRE EEXCURSIONISMOXCURSIONISMO PPEDESTREEDESTRE COMCOM MMOCHILAOCHILA Autor Líder Máster Avançado Dr. Leandro Dias Cezar Distrital de Desbravadores da ARJ no Distrito de Botafogo, Rio de Janeiro. ASSOCIAÇÃO RIO DE JANEIRO – IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
  • 2. AGRADECIMENTOS Nosso maior agradecimento é sempre a Deus que nos mantém vivos e firmes na fé, esperando e trabalhando pela Sua volta. Entretanto, também devo agradecimento a minha esposa, por ter me suportado até aqui e sempre me apoiado nas aventuras com os desbravadores. E, neste momento, de forma especial ao Onir, ao Luis e ao Marcus, diretores do Clube de Desbravadores de Botafogo, que me acolheram e sem os quais, não teria feito esta travessia. Também ao Regional da 5a Região da ARJ Líder Daniel Sampaio Moura que na última semana se prontificou a nos acompanhar na travessia.
  • 3. APRESENTAÇÃO Muitos manuais e apostilas têm sido redigidas sobre estas especialidades ao longo da história dos desbravadores. Muita informação também pode ser encontrada na internet. Nem tudo é consenso a esse respeito. Portanto, não esperamos encerrar este assunto com este pequeno manual, mas sim, estimular a curiosidade do leitor e a vontade de ingressar nesse tipo de expedição. Para isso, baseamos este manual em nossa experiência pessoal em excursionismo pedestre, campismo, montanhismo, escalada, travessia de cânion, 25 anos como desbravador. Além disso, ilustramos esta apostila com as informações referentes à preparação e realização da Travessia Petrópolis-Teresópolis, realizada nos altiplanos do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) em julho de 2006 por nossa unidade da diretoria do Clube de Desbravadores Botafogo, composta por Onir, Luis, Márcio e eu, acompanhados pelo Regional Daniel. Esperamos que tenha uma leitura agradável e que os conhecimentos expostos aqui possam auxiliá-lo em suas aventuras.
  • 4. SUMÁRIO 1. PREPARANDO-SE PARA UMA EXPEDIÇÃO............................................................................................ 6 1.1 ESTEJA PREPARADO!................................................................................................................................... 6 1.2 CHECK-LIST DE PREPARAÇÃO DA EQUIPE.......................................................................................................... 6 2 A INVESTIGAÇÃO............................................................................................................................ 7 2.1 ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS........................................................8 3 O PLANEJAMENTO........................................................................................................................ 10 3.1 O PERCURSO........................................................................................................................................... 10 3.2 CROQUI DA TRILHA................................................................................................................................... 11 3.3 GRÁFICO DE ALTITUDE E DISTÂNCIA...............................................................................................................12 3.4 DIVISÃO DE FUNÇÕES.................................................................................................................................12 3.5 PLANO DE EMERGÊNCIA.............................................................................................................................. 13 3.6 O QUE FAZER QUANDO ESTIVER PERDIDO OU FERIDO – S.T.O.P. AND P.L.A.N. –...............................................13 4 EQUIPAMENTOS.............................................................................................................................14 4.1 EQUIPAMENTO INDIVIDUAL..........................................................................................................................14 4.1.1 Mochila.......................................................................................................................................14 4.1.2 Saco de dormir............................................................................................................................15 4.1.3. Isolante térmico......................................................................................................................... 15 4.2 MATERIAL INDISPENSÁVEL PARA EMERGÊNCIAS................................................................................................. 15 4.2.1 Bússola........................................................................................................................................15 4.2.2 Relógio........................................................................................................................................15 4.2.3 Canivete......................................................................................................................................15 4.2.4 Apito............................................................................................................................................15 4.2.5 Cartão de Identificação e saúde.................................................................................................15 4.2.6 Mini-lanterna..............................................................................................................................15 4.3 ROUPAS – SISTEMA DE CAPAS – ...................................................................................................................16 4.3.1 Meias internas............................................................................................................................ 16 4.3.2 Meias externas............................................................................................................................16 4.3.3 Capa interna...............................................................................................................................16 4.3.4 Segunda capa..............................................................................................................................16 4.3.5 Terceira capa..............................................................................................................................16 4.3.6 Capa externa...............................................................................................................................16 4.3.7 Cuecas........................................................................................................................................ 16 4.3.8 Calça interna.............................................................................................................................. 16 4.3.9 Calça...........................................................................................................................................16 4.3.10 Calça externa............................................................................................................................17 4.3.11 Chapéu......................................................................................................................................17 4.3.12 Gorro........................................................................................................................................ 17 4.3.13 Luvas.........................................................................................................................................17 4.3.14 Polainas....................................................................................................................................17 4.3.15 Calçados de caminhada............................................................................................................17 4.3.16 Chinelos....................................................................................................................................17 4.3.17 Em resumo................................................................................................................................ 17 4.4 NÉCESSAIRE............................................................................................................................................. 18 4.4.1 Escova e pasta de dentes............................................................................................................ 18
  • 5. 4.4.2 Sabonete......................................................................................................................................18 4.4.3 Toalha.........................................................................................................................................18 4.4.4 Talco para os pés........................................................................................................................18 4.4.5 Papel higiênico...........................................................................................................................18 4.4.6 Prato fundo e/ou copo................................................................................................................ 18 4.4.7 Talheres...................................................................................................................................... 18 4.4.8 Protetor solar............................................................................................................................. 18 4.4.9 Protetor labial............................................................................................................................ 18 4.4.10 Repelente.................................................................................................................................. 18 4.4.11 Medicações individuais............................................................................................................ 18 4.5 OUTROS EQUIPAMENTOS ÚTEIS..................................................................................................................... 18 4.5.1 Cantil.......................................................................................................................................... 18 4.5.2 Pastilhas de cloro....................................................................................................................... 19 4.5.3 Lanterna......................................................................................................................................19 4.5.4 Pilhas reservas........................................................................................................................... 19 4.5.5 Bloco de notas e lápis.................................................................................................................19 4.5.6 Óculos escuros............................................................................................................................19 4.5.7 Cabo solteiro.............................................................................................................................. 19 4.5.8 Mosquetão de segurança............................................................................................................19 4.5.9 Bastão de caminhada .................................................................................................................19 4.5.10 Lenço dos Desbravadores........................................................................................................ 19 4.6 MATERIAL INDIVIDUAL QUE PODE SE TORNAR, OPCIONALMENTE, MATERIAL DA EQUIPE............................................. 20 4.6.1 Faca de campanha......................................................................................................................20 4.6.2 Binóculo......................................................................................................................................20 4.6.3 Carta topográfica....................................................................................................................... 20 4.6.4 Máquina fotográfica...................................................................................................................20 4.6.5 Material de Costura....................................................................................................................20 4.6.6 Sacos de lixo............................................................................................................................... 20 4.7 MATERIAL DA EQUIPE................................................................................................................................20 4.7.1 Barraca ......................................................................................................................................20 4.7.2 Fogareiro....................................................................................................................................20 4.7.3 Panelas....................................................................................................................................... 20 4.7.4 GPS.............................................................................................................................................21 4.7.5 Rádio...........................................................................................................................................21 4.7.6 Sinalizador..................................................................................................................................21 4.7.7 Pá e Machadinha........................................................................................................................21 4.8 ESTOJO DE PRIMEIROS SOCORROS................................................................................................................ 21 4.8.1 Equipamentos............................................................................................................................. 21 4.8.2 Medicamentos.............................................................................................................................21 5 ALIMENTAÇÃO..............................................................................................................................22 5.1 NOSSO CARDÁPIO..................................................................................................................................... 22 5.1.1 Desjejum..................................................................................................................................... 22 5.1.2 Lanche........................................................................................................................................ 22 5.1.3 Janta........................................................................................................................................... 23 5.1.4. Bebida........................................................................................................................................23 6 CHECK-LIST DE MATERIAL PARA A EXPEDIÇÃO.......................................................................... 24 7 O DIÁRIO DA TRAVESSIA...............................................................................................................25 7.1 A NOITE ANTERIOR.....................................................................................................................................25 7.2 O PRIMEIRO DIA........................................................................................................................................25 7.3 O SEGUNDO DIA........................................................................................................................................26 7.4 O TERCEIRO DIA........................................................................................................................................27 7.5 OS ERROS E OS ACERTOS............................................................................................................................ 27 8 OUTRAS 110 DICAS...................................................................................................................... 30 9 ESPECIALIDADES........................................................................................................................... 35 9.1 EXCURSIONISMO PEDESTRE......................................................................................................................... 35 9.2 EXCURSIONISMO PEDESTRE COM MOCHILA.....................................................................................................36 10 BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................................37 5
  • 6. 1. PREPARANDO-SE PARA UMA EXPEDIÇÃO 1.1 Esteja Preparado! Este é um lema que deve estar na mente de qualquer desbravador que queira enfrentar a vida ao ar livre. Devemos empreender grandes esforços para avaliar todas as situações que poderemos enfrentar em nossa expedição. É essa preparação que fará a diferença entre o êxito e o fracasso de nossa aventura. Excetuando- se os grandes desastres naturais, raramente eu vi um acidente que não pudesse ser evitado se a preparação e a análise de riscos tivessem sido feitas de forma adequada. Normalmente a vítima subestimou os riscos (ou simplesmente ignorou-os) ou superestimou suas capacidades. Das etapas do planejamento podemos destacar: • Qualificar a equipe. • Coletar todas as informações possíveis do local; • Planejar a rota a ser cumprida; • Avaliar as situações de perigo que se possa enfrentar; • Planejar rotas de escape em caso de problemas; • Escolher o melhor equipamento. Antes de iniciar uma viagem, confeccione uma lista de preparação e não descanse antes de tê-la respondida por completo. 1.2 Check-list de preparação da equipe Elabore uma lista com todas as perguntas que precisem ser respondidas e todos os assuntos que precisam ser discutidos na fase de preparação. Tenha certeza que toda a equipe tome conhecimento dessas informações e saiba responder esta lista. Eis uma sugestão: • Aonde iremos? • Este desafio está adequado às condições físicas, mentais e técnicas de nossa equipe? • Como iremos? • Quanto tempo ficaremos fora? • Como voltaremos? • Quanta comida necessitaremos? • Que roupas teremos que levar? • Que calçados deveremos usar? • Que equipamento deveremos levar? • Que cantil deveremos levar? Para quantos litros? • Necessitaremos de algum equipamento especial? • Quais situações de risco poderão ocorrer? Que faremos para prevenir estes riscos? • Em caso de alguma emergência, como deveremos proceder? Qual nosso plano de fuga e resgate? • Quais os telefones de emergência? Qual a freqüência de emergência do rádio?
  • 7. 2 A INVESTIGAÇÃO A primeira coisa a fazer antes de sair para uma expedição é realizar um planejamento exaustivo. Colha o máximo possível de informações. Converse com pessoas que já fizeram o mesmo percurso, pesquise na internet, consiga um mapa topográfico, waypoints e trackpoints do trajeto1 , e tudo o mais que estiver a teu alcance. E, principalmente, avalia todas as situações de risco possíveis. Nossa preparação durou cerca de três (3) semanas. Descobrimos, entre outras coisas, que: • A travessia é uma das mais bonitas e tradicionais do Brasil. • A trilha possui em torno de 30 km de extensão. Feita em média em 3 dias, com 6-7 horas de caminhada diária. Pode até ser feito em 2 dias por pessoal bem treinado e que conheça o local. Também tem pessoas que chegam a fazer em 4 dias para aproveitar mais e explorar melhor o lugar. • Existem 2 opções tradicionais para percorrer os primeiros 13 km de caminhada. Caminhar 5.700 m no primeiro dia e dormir nos Castelos do Açu (sem água, mas com uma bela vista), deixando 6.800 m para o dia seguinte até o Abrigo 4, na Pedra do Sino. Ou, caminhar 7.100 m no primeiro dia, para dormir no Vale do Paraíso, que como o nome sugere, é um bom lugar para pernoitar (com água, mas um visual não muito chamativo), deixando 5.400 m para o dia seguinte: nós optamos pela primeira opção. • Existe ainda a opção de 2 dias, para os que só dispõe do final de semana e estão mais condicionados: Iniciar a trilha na tarde (ou entardecer) de sexta, dormir no Ajax, fazer 9 km até a Pedra do Sino no sábado e terminar a trilha no domingo pela manhã. • A caminhada é difícil, extenuante, com muitas subidas e descidas, e alguns pontos de exposição (risco de acidentes): teríamos que usar botas de trekking, bastões de caminhada, e equipamento mínimo de segurança (cabo solteiro e 1 ou 2 mosquetões), além de termos um bom condicionamento físico e psicológico. • Existem vários pontos de difícil navegação, onde, mesmo os mais experientes, se perdem (principalmente no 2o dia, sobre os altiplanos). Muitos sugerem que seja levado um guia: Teríamos que nos empenhar em conseguir um mapa topográfico e se possível os waypoints e trackpoints para o GPS ou pagar o preço extorsivo de um guia. Ficamos um pouco mais tranqüilos quando finalmente conseguimos o mapa, os waypoints e os trackpoints; apesar de sabermos que o GPS nem sempre ajuda muito neste tipo de empreitada. Portanto, deveríamos estar preparados para ficar algumas horas perdidos, procurando o caminho correto (fato comum na maioria dos relatos). Levamos isso em conta na hora de estimar o tempo de cada trecho da trilha. Por fim, o Daniel se prontificou em se unir a nós para ser nosso guia. • Apesar de ser a melhor época do ano para a travessia (pouca chuva), tem poucas locações com água neste período; e elas nem sempre são na área de acampamento: teríamos que levar reservatório extra de água para cozinhar e beber (mais peso para carregar). • Existe um risco grande de tempestades elétricas, principalmente no verão. • Para entrar no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PNSO), deve-se cadastrar e pagar uma tarifa de entrada. Deve-se, também, deixar um programa da caminhada para poderem realizar o resgate se não for cumprido o planejamento: Isto nos deixou mais tranqüilos, por sabermos que teríamos um respaldo profissional de resgate. • Os celulares têm sinal lá em cima e poderíamos usá-los para chamar o grupamento de resgate do parque: levaríamos um celular e não precisaríamos deixar uma equipe de resgate com rádio nos esperando. 1 ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor.
  • 8. 2.1 Algumas curiosidades sobre o Parque Nacional da Serra dos Órgãos “O Parque Nacional da Serra dos Órgãos situa-se no domínio da Mata Atlântica que, por ter sido reconhecida como um dos biomas mais críticos para a conservação da biodiversidade global, foi declarada pela UNESCO Reserva da Biosfera, em 1991. A Serra dos Órgãos foi classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como de extrema relevância para a conservação da flora. Localizado na região fitoecológica fluminense classificada como Floresta Ombrófila Densa, o Parque é contemplado por um generoso regime de chuvas, em torno de 1.500mm anuais, um dos fatores decisivos para a perene exuberância de sua vegetação e para a riqueza das espécies que abriga, muitas das quais exclusivas desse ecossistema. As coberturas florestais variam de acordo com as cotas altimétricas: Até 500 metros - as encostas de baixa altitude são cobertas pela floresta pluvial submontana, com a presença de árvores de até 30 metros de altura, ocorrendo espécies como a palmeira juçara, da qual é extraído o palmito, a pindobinha, a samambaiaçu, e outras, como o murici, o baguaçu, o jacatirão, a faveira e a embaúba. Entre 500 e 1.500 metros - nesta faixa altitudinal a vegetação é classificada como floresta montana, Esta é a formação que possui maior estratificação vegetal entre as diferentes fisionomias da mata atlântica. A estrutura dessa mata possui variações dependentes das condições específicas de cada área, mas em muitas formações as maiores árvores atingem até 40 metros, e o dossel superior (conjunto contínuo de copas de árvores) encontra-se entre 25 e 30 metros. O estrato arbóreo é dominado por grandes árvores, como o jequitibá-rosa, o ouriceiro, a canela e a canela-santa, que tinge de amarelo a supremacia do verde. Os troncos e os galhos das árvores são cobertos de epífitas. Além das bromélias e orquídeas, muito comuns e de variadas espécies, são encontradas diferentes lianas (cipós), begoniaceas, araceas e pteridophytas (samambaias). O estrato herbáceo é povoado por begônias, orchideas, bromélias e gramíneas, além de jovens das espécies arbóreas de tamanho semelhante ao das espécies herbáceas e arbustivas. Acima de 1.500 metros - matas nebulares, freqüentemente encobertas por nuvens. Classificadas como floresta pluvial alto-montana. A formação florestal é dominante, de porte arbóreo baixo, cerca de 5 a 10 metros. As árvores possuem troncos tortuosos e cobertos por camada de musgos e epífitas, exibindo um certo grau de xeromorfismo, devido às baixas temperaturas. O sub-bosque desta mata é dominado por significativa diversidade de espécies arbustivas. As bordas de afloramentos são tomas por pteridófitas e briófitas de diversas espécies.É grande a concentração de epífitas, como bromélias e orquídeas. O número de espécies endêmicas nesta faixa altitudinal é bastante elevado. Acima de 2.000 metros - o Campo das Antas, a 2.134 metros de altitude, próximo à Pedra do Sino, ponto culminante do Parque, é um dos únicos exemplos fitogeográficos do Estado do Rio de Janeiro do subtipo Refúgio Ecológico Alto-Montana, também conhecido como Campo de Altitude, com um grupamento vegetal herbáceo-arbustivo aberto, que se desenvolve sobre os afloramentos rochosos. Por estar na parte mais alta (áreas de contribuição, de onde água e solo descem para outros locais, mas que nada recebem, ao não ser da atmosfera), a vegetação possui aspecto seco, o solo é raso e a radiação solar é intensa. Estudos encontraram 347 espécies vegetais nesse ambiente, das quais 66 endêmicas desse ecossistema. São comuns as também formações ligeiramente mais fechadas, dominadas por espécies herbáceas rupícolas e adensamentos de pequenos arbustos lenhosos, e também vastas áreas recobertas por campos. Estas formações são dominadas por espécies das famílias das orquídeas e bromélias, além de gramíneas e ciperáceas. Ainda quanto à vegetação, o Campo de Altitude pode ser subdividido em região dos picos; região de vegetação graminosa; região de charcos; região de depressão; região de capões e região de rochas descobertas. Além do gradiente de variação com a altitude, a vegetação da floresta pode ser classificada pela variação no porte da vegetação. O estrato arbóreo, formado pelas árvores adultas, e cujo conjunto de copas de diferentes espécies e de diferentes alturas forma uma cobertura quase contínua denominada dossel florestal. As árvores que são mais altas do que as demais são chamadas emergentes. O dossel filtra a luz do sol e retém o calor. O estrato arbustivo é formado por samambaias, palmeiras, arbustos e árvores de porte médio. Entre os principais representantes da flora, nesta camada da floresta, estão a palmeira jussara (palmito) e arbustos. O estrato herbáceo corresponde ao conjunto de plantas pequenas, como o caeté, além das plântulas e mudas de várias espécies. A camada de detritos do chão da floresta, formada por galhos, folhas, flores e frutos, em vários estágios de decomposição, recebe o nome serrapilheira ou líter e sustenta uma importante cadeia que se alimenta deste material, além de regular a umidade do solo.” (retirado da internet, fonte desconhecida) 8
  • 9. 3 O PLANEJAMENTO 3.1 O Percurso Após estudarmos todas as informações colhidas, resumimos nossa programação da seguinte forma. Tempo Percurso Tempo Acumulado Distância Percurso1 Distância Total1 Coordenadas UTM – SAD-69 Fuso Easting Northing Altitude Waypoint 0 0 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Portaria PNSO Petrópolis 60 1:00 1,600 1,600 23K 697975 7513904 1.345 Bifurcação Açu - Véu de Noiva 60 2:00 600 2,200 23K 697747 7513585 1.525 Pedra do Queijo 60 3:00 1,400 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax Parada 1 – Local de Acampamento e Água 60 4:00 600 4,200 23K 698040 7512078 2.020 Bifurcação 2 60 5:00 1,500 5,700 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu Acampamento 1 60 1:00 900 900 23K 700048 7512609 2.160 Morro do Marco 45 1:45 500 1.400 23K 700200 7513028 2.020 Vale do Paraíso Parada 1 – Local de Acampamento e Água 60 2:45 650 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro 45 3:30 800 2.850 23K 700938 7513759 2.038 Ponte 45 4:15 1,500 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas Parada 2 – Local de Acampamento e Água 60 5:15 600 4.950 23K 701889 7514459 2.065 Pedra de Baleia 60 6:15 750 5.700 23K 702497 7514801 2.080 Vale da Morte Parada 3 – Local de Acampamento e Água 60 7:15 500 6.200 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino 45 8:00 600 6.800 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4 Acampamento 2 45 0:45 2,200 2.200 23K 703432 7515230 2.000 Bifurcação 3 40 1:25 1,200 3.400 23K 703832 7515779 1.900 Abrigo 3 20 1:45 650 4.050 23K 704036 7515407 1.880 Bifurcação 4 45 2:30 2,800 6.850 23K 704544 7516009 1.600 Abrigo 2 45 3:15 2,200 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem 45 4:00 2,750 11.800 23K 707508 7516046 900 Portaria PNSO Teresópolis Dia Tempo Estimado Distância1 Origem Destino Opção 1 1 5-6 horas 5.700 m Sede PNSO Petrópolis Castelos do Açu 2 8-9 horas 6.800 m Castelos do Açu Pedra do Sino 3 4-5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis Opção 2 1 7-8 horas 7.100 m Sede PNSO Petrópolis Vale do Paraíso 2 6-7 horas 5.400 m Vale do Paraíso Pedra do Sino 3 4-5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis Opção 3 1 3- 4 horas 3.600 m Sede PNSO Petrópolis Ajax 2 10-11 horas 8.900 m Ajax Pedra do Sino 3 4- 5 horas 11.800 m Pedra do Sino Sede PNSO Teresópolis Total 17-20 horas 24.000 a 30.000 m Sede PNSO Petrópolis Sede PNSO – Teresópolis 1 As distâncias estimadas foram determinadas pela carta topográfica e são menores do que as distâncias reais, devido às limitações do método.
  • 10. 3.2 Croqui da Trilha Sempre que planejamos uma excursão, devemos pegar o mapa topográfico (ou pelo menos, um rodoviário) e fazer o croqui da trilha, desenhando o nosso caminho.
  • 11. 3.3 Gráfico de altitude e distância Após desenharmos a trilha no mapa, podemos transferir os dados do mapa topográfico para um gráfico de altitude e distância.2 Este gráfico nos dá uma boa idéia da dificuldade do trajeto em função de suas subidas e descidas e é mais um referencial durante a caminhada. 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000 9500 10000 10500 11000 11500 12000 12500 13000 13500 14000 14500 15000 15500 16000 16500 17000 17500 18000 18500 19000 19500 20000 20500 21000 21500 22000 22500 23000 23500 2300 Waypoint Pedra do Sino Água Dinossauro 2200 Área de Acam pam ento Castelos do Açu Morro do Marco Abrigo 4 2100 Vale da Morte Pedra da Baleia Bifurcação 3 2000 Ponte Bifurcação 2 Vale do Paraíso Isabeloca Vale das Antas Abrigo 3 1900 Bifurcação 4 1800 Ajax 1700 Abrigo 2 1600 Pedra do Queijo 1500 1400 Bifurcação Açu-Véu de Noiva 1300 1200 Barragem 1100 Sede PNSO Petrópolis 1000 900 Sete PNSO Teresópolis 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500 7000 7500 8000 8500 9000 9500 10000 10500 11000 11500 12000 12500 13000 13500 14000 14500 15000 15500 16000 16500 17000 17500 18000 18500 19000 19500 20000 20500 21000 21500 22000 22500 23000 23500 Tanto a lista de waypoints com as estimativas do percurso, o quadro de opções da trilha e o gráfico de altitude e distância acima, podem ser colados atrás do mapa topográfico antes da plastificação para termos todas as referências disponíveis durante a caminhada. O ideal é que todos tenham o seu. 3.4 Divisão de funções Uma etapa importante no planejamento é dividir as responsabilidades de cada membro do grupo: Líder: deve ser o mais experiente e equilibrado do grupo. Tem a responsabilidade de manter a união da equipe. Deverá escutar todas as sugestões e críticas do grupo, mas terá a última palavra nas decisões. Batedor: será o responsável por ir à frente do grupo procurando encontrar a melhor rota para a equipe. Transporá os obstáculos, limpará a trilha e certificar-se-á que a equipe terá condições seguras de segui-lo. Navegador: será responsável pelo uso do mapa topográfico, bússola e GPS. Trabalhará junto com o batedor, orientando-o na direção a seguir.1 Homens passo: responsáveis por medir as distâncias, auxiliando o navegador na navegação da equipe.1 Operador de Rádio: ficará responsável pelo manuseio do rádio (ou celular), mantendo contato com a equipe de base nos horários pré-definidos para informar a localização e situação da equipe. Cozinheiro: responsável pela preparação e distribuição do alimento. Almoxarife: responsável pelo controle e cuidado dos equipamentos do grupo. Socorrista: encarregado dos primeiros socorros. Dependendo do tamanho do grupo, essas funções podem ser acumuladas por um mesmo indivíduo. Em grupos maiores, certifique-se que cada um terá sua responsabilidade definida dentro do grupo. 2 ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor. 11
  • 12. 3.5 Plano de emergência Todo evento campestre deve ter um plano de socorro e resgate definido durante a fase de planejamento.3 Assim, cada membro da unidade saberá como agir em caso de estar perdido ou ferido. Rota de Fuga: essa rota será traçada de forma que, qualquer membro da equipe que se perca, possa seguir uma direção e encontrar um ponto de referência, facilitando o trabalho da equipe de resgate. Por exemplo: se ao leste do seu percurso corre um grande rio, estrada, encosta, pico montanhoso. Qualquer membro que se perca, poderá assumir a direção leste, caminhando até o referencial determinado, onde será encontrada pela equipe de resgate. Comunicação via rádio: deve ser traçado um plano de comunicação (a cada hora, por exemplo) com a equipe de base. A cada contato, devem ser passadas as coordenadas de onde está a equipe e a situação que ela se encontra. Caso a base não receba dois (2) contatos seguidos, deverá empreender as medidas de busca. Caso não consiga estabelecer contato com a base (por exemplo, por falta de sinal de rádio), deverá contatá-la tão logo consiga o sinal, ou retornar ao último ponto onde se comunicou e transmitir seu estado para a base. Rotina de Busca e resgate: deve ser definido juntamente com a equipe responsável por executar o resgate e deve ser conhecida por todos os participantes da expedição. Assim que, ambos saberão o que fazer quando necessário. No exemplo dado acima, os perdidos se dirigirão ao leste, em busca do referencial determinado e a equipe de busca partirá ao resgate a partir do último ponto conhecido onde estava a equipe, incluindo a rota de fuga determinada. 3.6 O que fazer quando estiver perdido ou ferido – S.T.O.P. and P.L.A.N. – S. – Stop – Pare: antes de mais nada, pare e se acalme. Entrar em pânico ou sair sem rumo procurando seu caminho só irá deixá-lo mais perdido ainda. T. – Think – Pense: tente se recordar do último lugar conhecido que estavas, e em que hora foi isso. Relembre o plano de emergência que criaram para a expedição e recorde o que terá de fazer. O.– Observe – Observe: Tente identificar o caminho por onde andou. Observe pegadas ou marcas na trilha. P. – Plan – Planeje: Planeje suas ações e execute o seu plano de emergência. And – e P. – Protection – Proteção: garanta sua segurança. Se alguém foi vítima de um acidente, certifique-se de colocar a vítima e toda a equipe em um lugar seguro. Se necessário, procure um refúgio ou monte um abrigo para protegê-los dos elementos naturais e faça uma fogueira para protegê-los de animais e mantê-los aquecidos. L. – Location – Localização: procure determinar a sua localização e comunique a equipe de resgate. A. – Acquisition – Aquisição: faça um inventário de seus equipamentos, água e alimento. Se necessário, procure abastecer-se, principalmente de água. N.– Navigation – Navegação: Normalmente, o melhor lugar para esperar o resgate é onde você está. Faça uma grande fogueira com muita fumaça para alertar a equipe de busca. Edifique sinais terra-ar para identificação da equipe de resgate. Entretanto, se o resgate não é possível, ou se existe algum ferido que não possa esperar pelo resgate, vá pela sua rota de fuga. O.– Orientação Divina: apesar de estar por último nesta lista, com certeza é a primeira coisa que deves buscar. Mantenha a calma, dobre seus joelhos e ore. Com certeza Deus mandará Seus anjos para auxiliá-lo e o Espírito Santo o orientará na tomada de decisões. 3 Ver Manual de Resgate Básico e Manual de Orientação, ambos do mesmo autor.
  • 13. 4 EQUIPAMENTOS 4.1 Equipamento Individual Vários fatores influenciam o material que levamos em uma expedição. Aqui encontrarão o necessário para a caminhada que fizemos e algumas outras informações. 4.1.1 Mochila Em caminhadas de 2 ou mais dias, dar preferência para mochilas cargueiras (mais de 50 l). Em caminhadas de 1 dia, podem-se usar mochilas de ataque (25 – 45 l), ou até mesmo as mochilas lombares ou os camelpacks. O peso total da mochila, como regra geral, não deve exceder 20% do peso do excursionista adulto (isso varia conforme a altura e o condicionamento de cada um). Dica: Ao comprar uma mochila cargueiro, sugerimos que observe se ela possui as seguintes características: tamanho de 50 a 90 litros – depende da sua altura, idade, condicionamento e atividade que irá realizar (a maioria tem extensores superiores que elevam o tamanho da mochila e aumentam sua capacidade (ex. Mochila de 55 que pode ir até 65 l); Largura – não pode ser superior à de seus ombros; altura – de preferência, não ir acima de sua cabeça; armação interna removível – eventualmente ela pode se quebrar ou entortar e ser necessário retirá-la para não machucar. Além disso, pode ser uma ótima tala em extrema necessidade; alças de ombros com altura regulável – para se ajustar melhor a sua altura; barrigueira acolchoada – que transfira a maior parte do peso da mochila para a cintura; tampa superior com bolso voltado para sua nuca – para você poder acessar o seu interior sem precisar tirar a mochila; Fundo da mochila com divisória interna – para que ao tirar o saco de dormir, os demais itens não despenquem; zíper inferior – para acessar o saco de dormir ou o que estiver no fundo da mochila sem ter de esvaziar toda a mochila; Bolsos laterais – dispensável. Se tiver, só para colocar a garrafa de água e alguns biscoitos (ou a garrafa de combustível). Eles costumam enganchar muito na vegetação; poucos zíperes – menos pontos de fragilidade; fitas perpendiculares ao zíperes – para reduzir a tensão sobre esses fechos; algumas fitas externas – para acoplar acessórios externos como isolante térmico, barraca, corda, capacete, bastão, pá, etc.; compartimento interno e abertura par o camelbag – se espera ter um destes cantis; para as meninas – já existem mochilas específicas para mulheres, que acomodam melhor ombros, seios e quadril. Na hora da montagem da mochila, o ideal seria que a equipe se reunisse com todo o material para montar as mochilas e assim, dividir o material entre todos, para que cada um possa levar peso e volume adequados. Inclusive a barraca, deve ser tirada da sacola original e dividida suas partes entre os componentes do grupo. A disposição dos equipamentos na mochila também pode variar conforme a caminhada. cor verde – material pesado; cor azul – material leve; cor vermelha – saco de dormir cor amarela – centro de equilíbrio da mochila Note que o material mais pesado está sempre perto de suas costas. 1ª. – extrema esquerda: mostra uma arrumação com centro de equilíbrio alto, ideal para caminhadas longas e regulares (caminhada de 50 km em estradas, só para dar um exemplo de algo que já fizemos nos desbravadores). Mas tem o inconveniente de desequilibrar fácil, se pender para trás ou para os lados. Já tombei de bunda/costas no chão por causa disso. Hilariante para quem olha, mas muito desagradável para quem cai, e até perigoso. 2ª. – imagem central: tem um centro de equilíbrio baixo, ideal para escaladas e terrenos extremamente acidentados. Ótimo equilíbrio, mas atrapalha muito o desempenho em caminhadas longas. É o mais seguro. 3ª. – extrema direita: tem um centro de equilíbrio central em relação à mochila e as costas. Dá a melhor relação equilíbrio/desempenho. É a que prefiro, e a que usamos em nossa expedição. Dica: Nunca deixe espaços vazios na mochila, preencha todos os cantinhos com roupas ou acessórios. Ao olhar a lona da mochila por fora, não poderá ter nenhuma parte com tecido frouxo ou mais tenso que o restante. Isso aumentará o equilíbrio durante a caminhada e a durabilidade da mochila. O isolante térmico (não dá para ir sem ele) fica, normalmente, do lado de fora da mochila. Algumas mochilas têm tirantes para isso na lateral, em baixo, atrás ou entre a mochila e a tampa superior. 4.1.2 Saco de dormir Existem vários modelos, com diferentes temperaturas de conforto, tamanho, volume e peso. Procure nas boas lojas do ramo uma que melhor se adapte as suas necessidades e condições financeiras. O modelo que uso atualmente tem temperatura de conforto entre 0-15o C, e é extremamente leve e pequeno.
  • 14. 4.1.3. Isolante térmico Item importantíssimo, pois diminui a perda de calor para o solo além de aumentar um pouco o conforto ao dormir. 4.2 Material indispensável para emergências 4.2.1 Bússola Ver detalhes do Manual sobre Orientação com Mapa e Bússola. 4.2.2 Relógio De preferência um analógico, poderá usar como bússola solar. 4.2.3 Canivete Resistente e prático. Eu prefiro os suíços multi-função. 4.2.4 Apito O apito é a melhor maneira de se comunicar no meio campestre; É escutado a distância, mesmo com muito vento. Item essencial na busca e resgate. Todos os quatro itens acima devem ser pendurados por cordinhas no pescoço ou deixados dentro dos bolsos da camisa ou da calça, para que não sejam perdidos ou deixados para trás em uma emergência. Dessa forma, estarão sempre disponíveis e de fácil acesso. São os itens mais importantes em uma caminhada por serem utilizados em situação de emergência, perdido, etc. 4.2.5 Cartão de Identificação e saúde Sempre que sair em uma atividade outdoor deve saber que está se colocando, naturalmente, em risco. Várias coisas podem acontecer, desde pequenos arranhões, um resfriado, até se perder ou algo mais grave. Também é possível que, se necessário resgate, somente o ferido (ou perdido) seja evacuado. Para que não haja problemas na identificação do excursionista e na sua situação de saúde prévias (doenças e medicações em uso), deve-se levar um cartão com essas informações no bolso ou pendurado por uma cordinha no pescoço. Nós utilizamos neste passeio uma carteirinha com as informações abaixo: Nome: Tipo Sanguíneo: Endereço: Tel. para Contato: Pessoa para Contato: Plano de Saúde No . Carteira do Plano Doenças Prévias: Medicações em uso: Alergias 4.2.6 Mini-lanterna Eu, particularmente, também levo amarrado em uma cordinha uma lanterna mini-maglite (1 pilha AAA). Não pesa e às vezes é salvadora. Ela ainda pode ser usada como uma vela no interior da barraca. Mas é item dispensável. 4.3 Roupas – sistema de capas – 4.3.1 Meias internas Meia fina, tipo social, para ficar em contato com o pé e protegê-lo do atrito com a meia externa e com o calçado. Um par em uso e pelo menos um par reserva para cada dia. 14
  • 15. 4.3.2 Meias externas Meia grossa para manter o pé longe do suor e aquecê-lo. Esta meia normalmente causa muito atrito e pode provocar calos se não usar a meia interna. Um par em uso e pelo menos um par reserva para cada dia Dica: escolha aquelas meias que tem o dorso mais fino que a planta, isso facilita a transpiração e diminui o calor. 4.3.3 Capa interna Camiseta que mantenham a transpiração fora do contato com a pele, leve e de secagem rápida. Tradicionalmente, sempre foi usado o algodão como camiseta interna, pois era confortável e absorvia bem o suor. Hoje, com o advento de tecidos sintéticos específicos, tipo dryfit, que são mais leves e de secagem mais rápida, muitos tem condenado o uso do algodão, pois ele demora a secar (em climas frios, pode facilitar a hipotermia) e torna-se pesado quando molhado. Dica: Em climas frios, ainda se pode usar a “segunda pele” como capa interna. Ela consiste em uma calça e camiseta de material sintético, leve e fino, que fica colado no corpo e ajuda a manter o calor corporal. 4.3.4 Segunda capa Camisa de mangas longas, para proteger da vegetação, mosquitos, insolação, e que possam ser dobradas as mangas se preciso. Usada como capa externa em climas quentes. Deve ser folgada para facilitar os movimentos. O tecido deve ser resistente e de secagem rápida. 4.3.5 Terceira capa Consiste em um blusão, casaco ou jaqueta de lã (a lã é boa porque aquece mesmo molhada), ou outro material que seja leve e aqueça bem (ex. Fleece). Usada em climas frios. 4.3.6 Capa externa Jaqueta impermeável que tem a função de proteger do vento e da chuva. Pode ser usada uma simples capa de chuva. As jaquetas comerciais de trekking, de boa qualidade, além de impermeáveis, permitem a transpiração. Possuem também janelas que podem ser abertas para arejar e eliminar o excesso de calor enquanto se está caminhando, porém são muito caras. 4.3.7 Cuecas Que seja confortável e que mantenha a umidade longe do corpo evitando assaduras ou micoses. 4.3.8 Calça interna Material semelhante à terceira capa, ou Ceroulas (de algodão): a primeira é aconselhável somente usar durante a caminhada em climas abaixo de zero, e a segunda somente em climas próximos do zero; pois podem causar superaquecimento. Entretanto, ambas são muito úteis para manter o calor na hora de dormir em climas frios. 4.3.9 Calça Do mesmo material da segunda capa, deve ser folgada (para facilitar os movimentos), resistente e de secagem rápida. 15
  • 16. 4.3.10 Calça externa De material impermeável, para proteger da chuva e vento. Pode causar superaquecimento durante a caminhada. 4.3.11 Chapéu Deve ser de abas largas ou do tipo legionário para proteger do sol. 4.3.12 Gorro Importante, principalmente para dormir em climas frios, pois a cabeça é um dos locais onde mais perdemos calor. Podemos reduzir de 25% a 80% a perda de calor corporal com o uso da touca. 4.3.13 Luvas Como no sistema de capas, um par fino para proteger as mãos e outro grosso para os climas próximos de zero seriam o ideal. Dica: Todas as roupas devem ser acondicionadas, na mochila, dentro de sacos plásticos para evitar que se molhem em caso de chuva. Eu prefiro colocá-las em sacos individuais para melhor organizar a mochila. 4.3.14 Polainas Muito úteis para proteger as calças e os calçados da umidade da vegetação. 4.3.15 Calçados de caminhada Devem ser adequados para o tipo de caminhada. Tênis ou botas leves para caminhadas leves ou botas específicas para trekking para caminhadas mais pesadas em montanha (essas vão proteger os pés de pedras que possam cortar outros calçados ou cair sobre seus pés, darão sustentação para o tornozelo, protegendo-o de entorses, além de manter os pés secos por mais tempo se forem impermeáveis e transpiráveis). As características de uma bota pesada que eu penso seja ideal, são: solados vibram, couro nobuk com tratamento impermeável e transpirável, biqueira e cano firme com proteção para o tornozelo, e principalmente, confortável. Nas lojas encontrarás inúmeros modelos para diferentes usos. Escolha o que se adapte melhor para o uso que farás dela e, principalmente, para o teu orçamento. Dica: Quanto à relação custo-benefício das botas. Elas são muito caras mesmo. Mas, verás que depois de 30 km subindo e descendo no meio do mato e de pedras sem nenhuma bolha, a bota valeu cada centavo gasto. Por outro lado, após 10 ou 15 km, quando estiver com os pés doloridos das bolhas (bota não amaciada ou de má qualidade), pé de atleta (pés molhados, bota sem tratamento impermeabilizante), dedo machucado por ter chutado uma pedra (sem biqueira protetora), tornozelo torcido (tênis, calçado de cano baixo ou amarração frouxa), ficará imaginando: - porque não pagaste uns reais a mais por aquela bota um pouco mais cara, mas com solado vibram, couro nobuk com tratamento impermeável e transpirável, biqueira e com cano firme? E ainda faltarão outros 15 a 20 km de caminhada para ficar lembrando disso. Esta é a relação custo-benefício que tens de pensar. As botas são caras mesmo, mas vale a pena comprar. Eu tenho minha bota há vários anos, e ela continua em bom estado. Tenho um amigo, companheiro de aventura, colega desbravador, parceiro de escalada e canioning, desde a época de piá que tem uma bota igual a minha, há mais de uma década e faz atividades radicais com muita mais freqüência que eu. Já ressolou a bota e continua usando a mesma depois desse tempo todo. Com certeza nossas botas saíram mais baratas do que qualquer tênis que nós já tivemos. Dica: Não façam caminhadas pesadas com tênis comum. Eles rasgam, descolam. Já vi desbravador terminar a trilha de chinelos por causa disso. Por outro lado, não faça caminhadas leves com uma bota pesada. O tênis será mais confortável. 4.3.16 Chinelos Úteis para descansar os pés na hora de montar acampamento ou tomar banho. 4.3.17 Em resumo • Meia fina e meia grossa, cueca e camiseta (com reserva na mochila). • Calça e camisa resistentes e de secagem rápida • Calça e casaco de lã ou Fleece (Pile) para o frio (principalmente para a noite) • Calça e casaco impermeáveis e transpiráveis (Anorak ou Parka) ou capa de chuva, para chuva e para quebrar os ventos fortes da montanha. • Bota de trekking ou tênis, chinelos, luvas, gorro e chapéu. Dica: Existe uma infinidade de opções em mochilas, roupas, calçados e acessórios para atividades outdoor. Quando for comprar qualquer equipamento, procura uma loja especializada, com bons vendedores, que saibam te informar as características de cada produto e estejam dispostos a te ajudar a encontrar o produto mais adequado as tuas necessidades e, principalmente, as tuas condições financeiras. O melhor equipamento é aquele que tu podes comprar. 16
  • 17. 4.4 Nécessaire 4.4.1 Escova e pasta de dentes Sem comentários. Ninguém deixa de escovar os dentes após cada refeição, não é mesmo? 4.4.2 Sabonete Use sabonete de coco ou neutro e evite o abuso, pois ele pode contaminar a água e matar alguns peixes ou microorganismos mais sensíveis. 4.4.3 Toalha De rosto para diminuir o peso. 4.4.4 Talco para os pés Ajuda a manter os pés secos, evitando bolhas e pé de atleta. 4.4.5 Papel higiênico Acreditem, tem gente que esquece. 4.4.6 Prato fundo e/ou copo Ambos de plástico. (pode ficar no estojo de cozinha). Eu só levo uma caneca grande. 4.4.7 Talheres Somente uma colher. Leve canivete ao invés de faca. O garfo é dispensável. (pode ficar no estojo de cozinha). 4.4.8 Protetor solar Não saia sem ele. O sol constante pode causar queimaduras profundas. (pode ficar no estojo de 1os socorros) 4.4.9 Protetor labial De preferência aqueles que tenham algum grau de proteção solar. (pode ficar no estojo de 1os socorros) 4.4.10 Repelente Muito importante, principalmente para os alérgicos a picada de inseto como eu. Uma opção que parece funcionar é começar, alguns dias antes da caminhada, a comer cápsulas de alho (eu pico o alho e como eles in natura mesmo). Vai servir como um bom repelente para insetos e, dizem que para cobras também. Mesmo que não funcione muito bem como repelente, é um excelente antibiótico natural. Vai ajudá-lo a não ficar doente na caminhada. (pode ficar no estojo de 1os socorros) 4.4.11 Medicações individuais Se você usar algum medicamento pessoal. (podem ficar no estojo de 1os socorros) 4.5 Outros equipamentos úteis 4.5.1 Cantil Para 2 litros de água, pelo menos. O ideal é tomar 200 a 250 ml (01 copo) por hora de caminhada (ou 2 litros por dia). Normalmente levamos 2 litros de água por pessoa. Nesta caminhada, como dormiríamos em um local que possivelmente não teria água, teríamos que levar um reservatório a mais para preparar o alimento e para o início da caminhada do dia seguinte. Dica: Existem vários modelos de cantil. Particularmente gosto do tipo camelo (camelback), que se coloca dentro da mochila e fica uma mangueira para fora para podermos beber enquanto caminhamos (pena que o custo é elevado). A melhor opção, se levarmos em conta a relação custo-benefício, é a garrafa pet de refrigerante (sugiro elas para quem não quiser gastar com o tipo camelo), é extremamente resistente e leve, além de podermos amassá-la, à medida que esvaziamos a água, para reduzirmos seu volume (desde que a garrafa pet surgiu, só uso ela. Rescentemente que comecei a usar, também, o tipo camelo). 17
  • 18. 4.5.2 Pastilhas de cloro Para purificar a água. Existe a opção de usar permanganato de potássio, mas, além de deixar gosto na água, não é tão seguro. A melhor opção, mas também muito mais cara, é utilizar um filtro de água especialmente projetado para este fim. Por questões financeiras, utilizamos sempre as pastilhas de cloro. 4.5.3 Lanterna É interessante que cada excursionista tenha sua própria lanterna. Ideal é que seja pequena, a prova d’água e com facho potente. Eu prefiro as headlamp (lanternas para cabeça), pois permitem que tenhamos as mãos livres enquanto ela ilumina o que estamos olhando. As lanternas convencionais também são boas, mas não tão práticas. 4.5.4 Pilhas reservas Não esqueça que não adianta ter uma boa lanterna, ou um excelente GPS, se eles estiverem sem pilhas. Descubra a duração das pilhas em sua lanterna e GPS e calcule quantas precisará levar. Não esqueça de trazer de volta as pilhas gastas. Não contamine a natureza deixando lixo no local. Curiosidade: Existe uma alternativa aos estoques de pilhas, usada normalmente por quem faz expedições longas em alta montanha, que é utilizar pilhas recarregáveis e um carregador solar. Fantástico, mas muito caro. 4.5.5 Bloco de notas e lápis Todo bom excursionista tem o seu diário. Um pequeno caderno para anotar pontos interessantes do caminho e fazer um diário para futura análise e avaliação para próximos eventos. Lembram dos relatórios que todo desbravador tem de fazer para o cartão de classe e especialidades? Use-o para isso também. 4.5.6 Óculos escuros Não é um item essencial mas, principalmente em alta montanha, o sol forte pode, além de ofuscar, causar cansaço visual (em lugares com neve, até lesão ocular). 4.5.7 Cabo solteiro Uma corda estática de 5 a 6 m (até 30 m) de comprimento com 10 mm (8 a 12 mm) de diâmetro, útil para transpor com maior segurança obstáculos mais perigosos. Pode ser utilizada também para montar maca para resgate, abrigo, cadeirinha de corda, etc. Decidimos por levar um cabo somente. 4.5.8 Mosquetão de segurança Não é tão essencial assim, mas facilitam muito na hora de usar o cabo solteiro. Em nossa travessia, nos informaram que teriam alguns trechos com pinos de segurança para quem quisessem uma proteção maior, além de uma escada de metal para subir um dos morros. Por isso decidimos por levar um mosquetão com o cabo solteiro. 4.5.9 Bastão de caminhada Útil principalmente se irá enfrentar terrenos com muitas subidas e descidas íngremes. Estima-se que ele pode reduzir até 2 a 4 kg o peso de cada passo. É o melhor amigo dos joelhos do excursionista. Pode ser comprado nas melhores lojas do ramo. Os bastões comercializados hoje em dia, são telescópicos, ou seja, tem a vantagem de poder diminuir seu tamanho. O que ajuda muito se precisar guardá-los na lateral da mochila para escalar ou rapelar algum lance. Eu ainda gosto dos feitos de material natural como tronco, galho de árvore ou bambu, que são de graça e funcionam bem. Mas, deve-se preparar bem este bastão, para que não solte farpas e machuque a mão. 4.5.10 Lenço dos Desbravadores 18
  • 19. Tenha orgulho de ser desbravador e nunca saia de casa sem o seu lenço. Mesmo porque, ele será uma excelente bandagem triangular em caso de emergência. 4.6 Material Individual que pode se tornar, opcionalmente, material da equipe. 4.6.1 Faca de campanha Muito útil em acampamentos, bivaques e trilhas em mata fechada. Não é permitido facas no PARNASO. 4.6.2 Binóculo Deve ser pequeno, leve, resistente, e de preferência a prova d’água. Importante para auxiliar na tomada de direção e principalmente na identificação de pontos de referência ou excursionistas perdidos. Pode ser material da equipe. Eu tenho um monóculo; que tem a vantagem de ser mais leve e menos volumoso e a desvantagem de ter um campo visual menor em relação ao binóculo. Levamos um como material da equipe. 4.6.3 Carta topográfica1 Indispensável para o bom excursionista, mesmo conhecendo bem a trilha. O ideal é que cada participante tenha o seu para uma eventual emergência. Cada um ficou de imprimir e plastificar o seu mapa topográfico da região da travessia, na escala 1:50.000. 4.6.4 Máquina fotográfica Imprescindível para registrar a aventura. 4.6.5 Material de Costura Para pequenos remendos em roupas, saco de dormir, barraca, etc. Deve conter linha, agulha, alfinete de segurança, silver tape, alguns botões e alguns remendos. 4.6.6 Sacos de lixo Lembre-se que tudo que levar para a trilha deve votar. Só deixe para trás as suas pegadas. 4.7 Material da Equipe 4.7.1 Barraca A melhor para levar em caminhadas, em nossa opinião, é a tipo iglu ou tubular. É fácil de montar e leve de carregar. Uma opção (barata e leve) é levar lona e sisal, e montar um abrigo (particularmente foi o que sempre usei em caminhadas longas ou pesadas para diminuir o peso do equipamento), só que ele não protegerá tanto do frio como a barraca. Nesta travessia, levamos uma iglu de 4 pessoas. Dica: na hora de comprar uma barraca, se informe o quanto de coluna de água o sobre teto e o piso suportam. Verifique também a altura do sobre teto em relação ao chão. Se ficar muito próximo ao chão, dificulta a circulação de ar na barraca, e se ficar muito alto, irá respingar água dentro da barraca quando chover e molhará o seu interior. Também preste atenção na distância entre o sobre teto e a barraca propriamente dita: deve permitir um bom isolamento térmico e impedir que se toquem (levaria a condensar umidade e infiltrar a barraca em caso de chuva). 4.7.2 Fogareiro Existem vários tipos e modelos nas lojas do ramo, para diferentes finalidades e diferentes orçamentos. Basicamente, encontramos dois tipos: os de combustível líquido (multifuel), que utilizam uma garrafa de combustível que pode ser cheia a qualquer hora (eu possuo um que queima benzina, querosene, gasolina ou diesel, assim posso recarregá-lo em qualquer posto de gasolina). Além de versátil (pode-se recarregá-lo em qualquer parte do mundo), também tem uma ótima queima e uma ótima regulagem, permitindo um bom desempenho mesmo em fogo baixo. É o modelo ideal para acampamentos e expedições longas e distantes; os de botijão de gás butano acoplado embaixo do fogareiro (atenção, não vá descartar o botijão no meio da trilha quando esvaziar), são mais leves (ideais para caminhadas), mas não tem o mesmo desempenho e ainda tem o inconveniente de terem um botijão específico (o que muitas vezes pode não ser fácil de encontrar). Dica: Não esqueça os fósforos ou o isqueiro. Dica: Cuide para não deixar vazar combustível na mochila e nunca use ou deixe o fogareiro dentro da barraca, pois pode pegar fogo ou explodir. 4.7.3 Panelas 1 ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor. 19
  • 20. Dê preferência para modelos leves e resistentes. O alumínio é um material leve, ideal para caminhadas (existem algumas com tratamento antiaderente). Absorve o calor mais rapidamente, mas também esfria mais rapidamente. Lembre-se de só usar colher de pau ou nylon neste tipo de panelas e de ter cuidado, pois elas podem queimar facilmente seu alimento. O aço inoxidável é um material mais resistente, porém mais pesado, ideal para acampamentos. Tem a vantagem de reter um pouco mais de calor sem queimar os alimentos. Nós levamos uma panela de 2 l de aço inoxidável. Ainda existem as de titânio, que somam as características das anteriores, são leves e resistentes, porém muito mais caras. Dica: deixe que a panela fique preta no fundo. Isso pode não ficar tão bonito, mas auxilia na absorção e conservação do calor pela panela. 4.7.4 GPS2 Um equipamento que já foi de luxo, mas que está cada vez mais popular e accessível. De grande auxílio para qualquer aventureiro, seja a pé, de moto ou de carro. Levamos um, Garmin GPS II Plus. 4.7.5 Rádio O correto seria ter um rádio com cada unidade excursionista e um com o carro de resgate ou equipe de base. Dessa forma, a posição e condição das equipes podem ser monitoradas facilitando, caso seja necessário, o socorro ou o resgate. Na caminhada levamos o celular, meio oficial para comunicação no parque. 4.7.6 Sinalizador Existem sinalizadores luminosos e sonoros. Os mais baratos e práticos para levar são duas tiras de tecido fosforescente para fazer sinais terra-ar. Também existem bastões fosforescentes, fumaça sinalizadora, etc.3 4.7.7 Pá e Machadinha Equipamentos muito úteis em acampamentos, mas só em acampamentos. Muito pesados para levar em uma caminhada. Deixem as suas pás e machadinhas em casa ao sair para uma trilha. 4.8 Estojo de Primeiros Socorros Apesar de eu preconizar que cada desbravador tenha seu próprio estojo de primeiros socorros, com aqueles equipamentos que realmente saibam utilizar; por esta caminhada ser longa e difícil e pelo fato de termos um serviço de resgate no próprio parque, optamos por levar somente um estojo com os itens básicos para poupar espaço e peso. 4.8.1 Equipamentos Agulha (no canivete) Band-aid Faixas elásticas Luvas de Procedimentos Tesoura (no canivete) Lenços Anti-sépticos Gaze Lençol refletor / Manta térmica Sabão neutro (no nécessaire) Alfinete de Segurança Esparadrapo antialérgico Cotonetes e algodão 4.8.2 Medicamentos Função Medicamento Dose Intervalo Analgésico & Antitérmico Paracetamol 750 (Tylenol) 01 comprimido de 6 em 6 horas Antihemético Dimenidrinato (Dramim B6) 01 comprimido de 6 em 6 horas Antiespasmódico Hioscina (Buscopan) 01 comprimido de 8 em 8 horas Antinflamatório Diclofenaco Sódico 50 (Voltarem) 01 comprimido de 8 em 8 horas Antihistamínico Loratadina (Claritin) 01 comprimido 01 vez ao dia Antiácido Hidróxido de Alumínio 01 comprimido às refeições Cicatrizante tópico Neomicina (Trofodermin) Aplicar no local 03 vezes ao dia Antialérgico tópico Betametasona (Betaderm) Aplicar no local 03 vezes ao dia Colírio Colírio (Lácrima, Lácrima Plus) 03 gotas Aplicação única Sais de rehidratação oral (Hydrafix) À vontade Várias vezes ao dia Para evitar enganos durante a caminhada, leve sempre uma tabela semelhante a esta com as medicações contidas no estojo e sua forma de uso. Se quiser, pode acrescentar a data de validade de cada um. 2 ver Manual de Orientação por Mapa e Bússola deste mesmo autor. 3 Ver Manual de Busca e Resgate deste mesmo autor. 20
  • 21. 5 ALIMENTAÇÃO A primeira coisa que deves fazer é programar quantos dias ficará fora e quantas refeições irá fazer. É sempre bom levar refeição para um dia a mais, para o caso de ocorrer alguma emergência. Se ficar fora somente um dia, leve lanches leves e nutritivos como biscoitos (doces e salgados), barras de cereal, amendoim, castanhas, frutas secas, azeitonas (retire o caroço em casa), sanduíches de queijo, de pasta de amendoim e mel. Ainda, se o peso e volume não forem proibitivos, frutas duras (ex. maça, pêra) e legumes como cenoura, aipo e pimentão. Se for ficar mais do que um dia, deverá programar refeições quentes (1 ou 2 por dia) como macarrão instantâneo, purê instantâneo, sopas instantâneas, arroz, ou outros alimentos de fácil preparo. Basta usar sua imaginação. Quem quiser levar carne, pode optar pelas carnes seca, defumada ou curtida, que não deterioram tão fácil, ou ainda pelos enlatados. Só não esqueça que a única coisa que o desbravador deixa para traz são as pegadas, portanto você terá de carregar as latas mesmo vazias. Por isso, não recomendo levar latas. Como levará fogareiro, poderá levar líquidos quentes como chocolate e chá instantâneos. Dica: Calcule bem o combustível que terás de levar. Embale os alimentos em porções individuais e/ou diárias. Facilitará na hora de usar e na hora de avaliar suas provisões. Leve a mistura de leite em pó e achocolatado já misturada em saquinhos por porção. Leve sacos de lixo reservas. 5.1 Nosso Cardápio Como caminharíamos 6 a 8 horas por dia, sem muitas paradas longas, dificilmente poderíamos fazer uma refeição quente durante o dia. Além de tomar tempo, teríamos de ter um período grande de descanso para digestão. Por isso, como usualmente fazemos neste tipo de caminhada, optamos por tomar um café bem nutritivo pela manhã, lanches ricos em carboidratos, gordura e proteína, para dar energia durante o dia, e uma refeição quente e caprichada à noite, após montarmos acampamento. 5.1.1 Desjejum Deve ser bem nutritivo (todas as classes de alimentos: amido, gordura e proteína), e de fácil digestão. Preparamos uma espécie de mingau de cereais com farinha láctea, granola, uvas passas, castanhas e leite em pó. Além de nutritivo, é de rápido preparo (só acrescentar água) e leve (só alimentos desidratados). Sanduíches de pasta de amendoim e mel são saborosos, nutritivos e se conservam bem durante a caminhada também são uma excelente opção. Dica: veja a quantidade adequada de mingau por refeição e a coloque em sacos separados (um para cada refeição). Isso facilitará na arrumação da mochila e no preparo do alimento. 5.1.2 Lanche Deve ser prático para comer e rico em carboidratos, pois é ele que manterá a energia durante a caminhada. Em lugares mais frios, se consome alimentos mais calóricos e gordurosos devido ao aumento de consumo pelo organismo para a manutenção da temperatura corporal. Não se deve abusar dos doces, pois uma dose excessiva de açúcares poderia prejudicar o desempenho e a atenção. Levamos sanduíches prontos de casa para o primeiro dia e frutas frescas de consistência dura (maçã). Para o restante da caminhada, levamos barras de cereal, castanhas, uvas passas, bananas passas, frutas secas, castanhas, nozes (em sacos de ração diária) e biscoitos salgados. Dica: existem complementos energéticos específicos para este tipo de aventura. Podem custar um pouco mais caro, mas são uma opção leve e altamente nutritiva para se levar.
  • 22. 5.1.3 Janta A janta deve ser o mais nutritiva possível e rica em carboidratos. As opções mais comuns são as massas, as sopas e o purê de batatas instantâneas. Optamos por levar macarrão instantâneo e como complemento protéico, umas lingüiças de frango pré-cozidas e curtidas, que podiam ser guardadas a temperatura ambiente. 5.1.4. Bebida Durante uma caminhada exaustiva como a que faríamos, beber somente água poderia não repor todas as nossas necessidades hídricas. Com o suor excessivo, perdemos junto com a água muitos eletrólitos que não são repostos com a água pura. Beber líquidos isotônicos, além de repor esses sais, também auxiliam na absorção da água pelo intestino. Por isso levamos sucos e leite com chocolate em pó de preparo instantâneo. Não esqueça que o consumo mínimo de água deve ser de 2 litros por dia, ou, se estás caminhando, 200 a 240 ml por hora de caminhada. 22
  • 23. 6 CHECK-LIST DE MATERIAL PARAA EXPEDIÇÃO Assim como fizeste um check-list de planejamento, monte um de equipamento. Assim terás certeza que não esqueceu nada importante. A seguir, um exemplo: Equipamento Pessoal  Prato  Copo  Talher  Toalha de rosto  Escova de dente  Pasta de dentes  Escova de cabelo ou pente  Lenços umedecidos  Sabonete  Papel higiênico  Protetor solar e labial  Repelente  Saco de dormir  Isolante térmico  Travesseiro inflável  Parka ou Anorak  Pile  Calça e Camisa  Camisetas  Calção ou bermuda  Cuecas  Meias finas e grossas  Bota ou tênis  Chinelos  Boné ou chapéu  Óculos escuros  Sacos plásticos  Canivete  Bússola  Apito  Lanterna  Pilhas reservas  Remédios pessoais  Cantil  Bastão de caminhada  Cabo solteiro e mosquetão  Bloco de notas e lápis  Mapa topográfico  Relógio  Documentos  Dinheiro  Rádio ou celular Equipamentos da Equipe  Barraca  Cordelete acessório fino  Máquina fotográfica  GPS  Pilhas reservas  Purificador de água  Altímetro  Binóculo  Estojo de reparos  Fogareiro  Combustível  Fósforos ou isqueiro  Panelas  Abridor de latas  Estojo de Primeiros socorros Café da manhã e lanches  Granola e farinha láctea  Achocolatado em pó  Biscoitos (salgados/doces)  Frutas secas (ex. uva, banana)  Frutas frescas duras (ex. maçã)  Barras de cereal (ex. Nutri)  Castanhas, nozes  Líquidos isotônicos (ex. suco)  Energéticos Almoço e Janta  Macarrão instantâneo  Purê instantâneo  Sopa instantânea  Arroz  Batatas  Legumes duros (ex. cenoura)  Milho em lata  Seleta de legumes em lata  Pão  Atum ou Sardinha em lata  Almôndegas enlatadas  Sucos em pó  Manteiga em barra  Sal  Açúcar
  • 24. 7 O DIÁRIO DA TRAVESSIA 7.1 A noite anterior Na quinta-feira à noite, nos encontramos na casa do Luis. Com as mochilas já prontas, dividimos o material de forma que cada um carregasse um peso adequado. A barraca foi dividida entre o Luis, o Márcio e eu. O fogareiro, a panela e um rádio ficaram com o Onir. O cabo solteiro ficou com o Luis. Ficaram comigo: o GPS, a máquina fotográfica e um rádio. Cada um carregou a sua água, sua comida e seu material individual. As mochilas ficaram em torno de 10 a 14 kg cada uma. 7.2 O primeiro dia Na sexta-feira, saímos do RJ por volta das 11 horas em direção a Petrópolis. Deixamos o carro em uma casa próxima ao parque e chegamos à portaria do PARNASO em torno das 13 horas. Fizemos a inscrição no parque, pagamos os R$24,00 correspondentes as duas diárias e fomos almoçar o lanche que havíamos levado. Infelizmente o Daniel, que iria conosco, teve de acompanhar outro grupo de expedicionários na travessia. Assim, oramos a Deus por auxílio e proteção e iniciamos nossa travessia às 13h30min horas, sem guia, em direção às Pedras do Açu. Apesar do percurso até as Pedras do Açu ter apenas 7 km aproximadamente, este é o trecho mais desgastante da caminhada devido à diferença de altitude que se transpõem neste trajeto. Saímos de 1.100 metros para chegar aos 2.165 metros, subindo praticamente durante todo o percurso da trilha. Ao chegarmos no Ajax estávamos muito cansados. Olhamos para a subida Isabeloca enquanto descansávamos. Teríamos apenas uma hora de sol, o que significaria caminhar à noite o último trecho deste dia. Após recobrarmos um pouco as forças e nos abastecermos de água, partimos para a trilha. Está é a pior parte da subida, não só por ser íngreme, mas por já estarmos muito cansados. Chegamos ao fim da Isabeloca visualizando o por do sol e caminhamos o Chapadão na penumbra do entardecer. Ainda bem que neste trajeto alcançamos um guia com duas meninas, que facilitou encontrarmos o local do acampamento. As 18 horas chegamos às Pedras do Açu. Só podíamos enxergar com as lanternas e colocamos nossa barraca na primeira área possível de acampamento. Enquanto o Luis e o Márcio montavam o acampamento, eu e o Onir preparávamos a janta e organizávamos o equipamento. A temperatura começou a descer rapidamente à medida que a noite ia chegando. Sentimos um grande choque térmico: estávamos suados pelo esforço, havia o vento forte e a falta de sol. Tivemos que rapidamente trocar nossas roupas, vestir agasalhos, luvas e toucas. Antes de pegar no sono, a temperatura já era de 0o C. Com o vento, a sensação térmica fora da barraca chegava a pelo menos -5o C. Foto 1: Lanche na Entrada do Parque; Da esquera para a direita: Leandro, Luiz, Onir. Foto 2: Visão do Vale, Subindo até o Ajax. Da esquera para a direita: Luiz, Márcio Foto 3: Visão das Pedras do Açu
  • 25. Após jantarmos e arrumarmos nossa área de acampamento, ficamos um pouco de tempo admirando a bela vista do céu estrelado e observando as luzes da cidade do Rio de Janeiro, e entramos todos na barraca para dormir. Apesar de ser lua cheia, esta só apareceu por volta das 22 horas. Tivemos um pouco de dificuldade para dormir. Era difícil relaxar depois de tanto esforço e cansaço. Havia muito barulho, os últimos excursionistas chegaram ao Açu às 23h30min horas. Sem falar no frio e nos campistas pouco acostumados com os inconvenientes de dividir uma barraca. 7.3 O segundo dia Acordamos às 6 horas para ver o grande espetáculo que é o nascer do sol na Serra dos Órgãos. Encontramos o Daniel que havia chegado à noite nas Pedras do Açu. Combinamos de sairmos juntos rumo a Pedra do Sino, pois este é o trecho onde os montanhistas costumam se perder. Tomamos nosso café, desmontamos acampamento, recolhemos água e às 9 horas, partimos para mais um dia de caminhada. Não se pode dizer que a trilha neste dia seja mais fácil. São muitas descidas íngremes que forçam a musculatura e os joelhos e muitas subidas íngremes que esgotam as energias. Além disso, realmente é muito difícil se localizar nos altiplanos. Além de muitos marcos e setas indicarem o caminho errado, existem poucos pontos de referência para se guiar. Por duas ou três vezes o GPS nos ajudou na escolha da melhor rota a seguir. É claro que, mesmo sem GPS, todos chegaríamos ao destino, mas nem sempre iríamos pela melhor rota. A maioria das pessoas que vão pela primeira vez sem guia, relata que se perderam algumas horas neste trecho tentando achar o caminho correto. Ao chegar ao Vale das Antas, resolvemos ter um descanso um pouco mais demorado, pois estávamos adiantados na programação e teríamos a frente o Vale da Morte e a subida do cavalinho, pontos críticos neste dia, com alguns lances de exposição. Antes de chegar ao Vale da Morte, o Daniel teve que voltar para recuperar o grupo que ele estava guiando, pois este havia ficado para trás. Terminamos a trilha sozinhos. Resolvemos ir direto para o Abrigo 4 para montar nossa barraca, pois estávamos muito cansados e havia quase 200 pessoas no parque para pernoitar (o que significava uma grande disputa pelas áreas de acampamento). Chegando à área de acampamento, montamos nossa barraca em um dos últimos lugares disponíveis no local. Estávamos tão cansados que, após o entardecer fomos todos para o interior da barraca. Ainda fizemos um chocolate quente antes de dormirmos. Enfrentamos umas pancadas de chuva no início da noite e em torno das 3 horas da manhã, os termômetros marcavam -3o C. Mais uma vez, além do frio, enfrentaríamos muito barulho e pessoas chegando e saindo a toda hora no Abrigo 4. Foto 4: Pedra do Sino e Dedo de Deus vistos das Pedras do Açu Foto 6: Pedra do Sino Foto 7: Onir, Luiz, Daniel e Leandro admirando o Vale da Morte, Subida do Cavalinho e Pedra do Sino Foto 5: Dorso da Pedra da Baleia. 25
  • 26. 7.4 O terceiro dia As 05h30min da manhã acordamos para subir o cume da Pedra do Sino a fim de ver o nascer do sol. Os termômetros ainda marcavam 0o C. No cume, a sensação térmica chegava facilmente a -10o C devido ao forte vento (próxima do frio extremo). Apesar do frio, pudemos observar um nascer do sol maravilhoso. À medida que o sol ia aparecendo, por detrás de uma cadeia de montanhas na região de Friburgo, víamos as cores do céu mudando gradativamente. Do outro lado, podíamos rever todo o percurso da travessia, desde as Pedras do Açu até o Vale da Morte. Parecia algo impossível de se ter feito. Mas estávamos lá, curtindo o sabor da vitória e este maravilhoso espetáculo da natureza. Ao retornarmos do cume, mesmo com o sol batendo em parte da barraca, ainda podíamos ver gelo sobre ela. Tomamos nosso desjejum enquanto esperávamos que a barraca secasse. Desmontamos o acampamento e começamos a descida. Agora podemos confirmar o que é dito por todo mundo: “esta é uma das travessias mais bonitas que já fizemos”. 7.5 Os erros e os Acertos Mesmo com muito preparo e experiência, ninguém fica isento de cometer certos erros. Depois de uma expedição, é sempre bom reunir-se com o grupo a fim de discutir os erros e acertos para aprender com eles. A primeira coisa que notamos foi o tamanho da mochila. A minha mochila era muito grande (75 - 85 l), apesar de ser ótima para o que sempre usei: longas expedições e escaladas; nesta expedição eu estava com espaço sobrando e carregando pelo menos um quilo a mais só de mochila. Por outro lado, as mochilas do Luis e no Márcio eram muito pequenas (40 l), forçando-os a deixar mais equipamentos pendurados do lado de fora da mochila, o que dificultou muito no equilíbrio da mochila. Além disso, as mochilas médias e de ataque não tem um sistema de suspensão tão eficiente como as cargueiros, causando mais cansaço nos ombros. O melhor tamanho de mochila para este tipo de expedição era a que o Onir estava usando (55 l), cabia tudo dentro dela, sem problema de espaço e sem excesso de peso. Um erro que cometemos foi pensar em comer demais na caminhada. Levamos dois macarrões instantâneos por dia. Pensando em fazer mais comida e com um medo injustificado do fogareiro falhar, levamos dois fogareiros (o meu e o do Onir) inutilmente. Acabamos por cozinhar somente um macarrão por dia e aquecer a água para o chocolate quente. Levamos peso a mais com comida, fogareiro e combustível, desnecessariamente. No entanto acertamos em levar as barras de cereais, castanhas, uvas e bananas passas. Durante a caminhada não sentíamos muita fome, mas muito cansaço e sede. E depois de umas mordiscadelas recuperávamos um pouco as energias. No entanto, teria sido muito bom se tivéssemos levado estes energéticos específicos para caminhadas. São leves e altamente nutritivos. Vimos muitos se alimentando com eles no caminho, ou misturando na água. Na próxima expedição a pé, levaremos alguns destes para experimentar o resultado. Foto 8: Descendo em direção ao Vale da Morte Foto 7: Gelo formado na barraca. Márcio Foto 10: Abrigo 4. Nossa barraca na extrema direita Foto 11: Márcio olhando o gelo na barraca Foto 9: Subindo o Cavalinho 26
  • 27. Uma coisa acertada foi levar cantis camelo. Não que as garrafas pet não tenham funcionado, mas a praticidade de encontrar água na ponta de um canudinho sempre que se tem sede é impagável. Outro item que se demonstrou desnecessário foi o rádio. Como estávamos em um grupo pequeno, nunca nos separamos. Mais peso que poderíamos ter deixar em casa. Principalmente porque no parque poderíamos utilizar o celular em caso de emergência. Um item que ficou sem consenso foi o fato de dormirmos os quatro em uma só barraca. Para mim foram muito boas as noites de acampamento, com um frio na medida exata para a serra carioca. Talvez eu tenha me sentido assim porque acampo desde os 9 anos no Rio Grande do Sul, e já enfrentei, de dentro de uma barraca, chuva, frio, gelo, pouca lotação, excesso de lotação, poucos dias, vários dias. Mas, meus companheiros não se sentiram tão confortáveis. Tinha um cheiro desagradável produzido por um de nossos colegas que havia comido alguns ovos no início do dia (essa até eu fiquei incomodado), o fato de estarmos espremidos entre dois marmanjos (com certeza seria melhor estarmos com nossas esposas) e pelo ronco uns dos outros (éramos um quarteto de roncos). Ainda ficaram incomodados comigo só porque eu quis abrir um pequeno pedaço da porta para olhar o céu estrelado e sentir a brisa “fresca” da noite, me fazendo lembrar dos acampamentos no meu querido Rio Grande do Sul. Parece que da próxima vez que fizermos alguma caminhada juntos, levaremos barracas individuais para evitar problemas. O melhor de tudo foi que nos surpreendemos com nossa capacidade de superação. Por mais que algumas vezes sentíssemos a sensação que não poderíamos continuar, com a ajuda de Deus, seguimos em frente e terminamos a travessia com um ritmo excelente, sempre abaixo do tempo previsto. Foto 12: Onir e Leandro admirando o nascer do sol na Pedra do Sino Foto 15: Visão de Tersópolis durante a descida Foto 14: Leandro, Onir e Márcio descendo em direção a barragem. Foto 13: Nascer do Sol visto da Pedra do Sino 27
  • 28. 7.6 Resumo da Travessia Realizada Hora Estimada Hora Realizada Distância Percurso1 Distância Total1 Coordenadas UTM – SAD-69 Fuso Easting Northing Altitude Waypoints 12:00 13:00 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Portaria PNSO Petrópolis 12:15 13:15 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Lanche 12:30 13:30 0 0 23K 696819 7514508 1.100 Saída 14:15 23K 697792 7514034 1.300 Parada para descanso Parada 1 – Descanso de 10 minutos 14:25 23K 697792 7514034 1.300 Parada para descanso 13:30 14:30 1,600 1,600 23K 697975 7513904 1.345 Bifurcação Açu - Véu de Noiva 14:30 14:50 600 2,200 23K 697747 7513585 1.525 Pedra do Queijo 15:05 23K 697638 7513597 1.600 Parada para descanso Parada 2 – Descanso de 10 minutos 15:15 23K 697638 7513597 1.600 Parada para descanso 15:30 16:00 1,400 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax Parada 3 – Descanso de 30 minutos 15:30 16:30 0 3,600 23K 697727 7512508 1.822 Ajax 16:30 17:15 600 4,200 23K 698040 7512078 2.020 Bifurcação 2 17:30 18:00 1,500 5,700 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu Acampamento 08:30 09:00 0 0 23K 699358 7512188 2.165 Castelos do Açu 09:30 09:45 900 900 23K 700048 7512609 2.160 Morro do Marco 10:15 10:10 500 1.400 23K 700200 7513028 2.020 Vale do Paraíso 11:15 10:45 650 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro Parada 1 – Descanso 15 minutos 11:15 11:00 0 2.050 23K 700240 7513536 2.225 Dinossauro 12:00 12:00 800 2.850 23K 700938 7513759 2.038 Ponte 12:45 12:45 1,500 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas Parada 2 – Descanso de 30 minutos 12:45 13:15 0 4.350 23K 701406 7514435 1.970 Vale das Antas 13:45 14:00 600 4.950 23K 701889 7514459 2.065 Pedra de Baleia 14:45 14:45 750 5.700 23K 702497 7514801 2.080 Vale da Morte 15:45 15:152 500 6.200 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino2 16:30 15:30 600 6.800 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4 Acampamento 05:45 0 0 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4 06:15 600 650 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino Observação do Nascer do Sol – 30 minutos 06:45 0 650 23K 702634 7514713 2.275 Pedra do Sino 07:15 600 1.200 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4 Desjejum e desmontagem do acampamento 09:00 09:45 0 0 23K 702917 7514921 2.130 Abrigo 4 10:00 10:30 2,200 2.200 23K 703432 7515230 2.000 Bifurcação 3 10:40 11:00 1,200 3.400 23K 703832 7515779 1.900 Abrigo 3 11:00 11:15 650 4.050 23K 704036 7515407 1.880 Bifurcação 4 12:00 12:00 2,800 6.850 23K 704544 7516009 1.600 Abrigo 2 13:00 12:45 2,200 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem Parada 1 – Descanso de 30 minutos 13:00 13:15 0 9.050 23K 705734 7515817 1.190 Barragem 14:00 13:30 2.750 11.800 23K 707508 7516046 900 Portaria PNSO Teresópolis 14:00 Praça Feira de Petrópolis Temp./Dist. Estimados 17 a 21 horas 24-30 km Temp./Dist. Realizados 16 horas 30 km 1 As distâncias estimadas foram determinadas pela carta topográfica e são menores do que as distâncias reais, devido às limitações do método. 2 Ao contrário do planejado, não fomos até o cume no segundo dia; fomos diretamente ao local de acampamento no abrigo 4. Deixamos para visitar o cume na manhã do dia seguinte para ver o sol nascer. 28
  • 29. 8 OUTRAS 110 DICAS 1. Calcule o tempo de caminhada em um percurso baseado nas seguintes médias: Velocidade de caminhada no plano 5 km/h Velocidade de Superação de desnível 400 m/h Paradas de Descanso 15 min./hora de caminhada 2. Por exemplo: para caminhar da entrada do PARNASO até as pedras do Açu. Distância percorrida 7,5 km dividido por 5 km/h 1 h 30 min. Altitude superada 1.200 m dividido por 400 m/h 3 h Tempo de Caminhada 1 h 30 min. mais 3 h 4 h 30 min. Tempo de Descanso 4 h 30 min. multiplicado por 15 min./h 1 h Total geral do percurso 4 h 30 min. mais 1 h 5 h 30 min. Valores arredondados para melhor ilustrar os cálculos do exemplo 3. Conheça seu nível técnico. Prepare-se física e mentalmente. 4. Informe-se sobre telefones e locais de suporte em caso de emergência (polícia, guarda florestal, hospital, Centro de Informações Toxicológicas – CIT, etc.) e se o local possui equipe de resgate. 5. Informe-se sobre quais são os perigos do local, como corredeiras, rios com sumidouros, rochas instáveis, animais peçonhentos e não peçonhentos e eventualmente até indígenas hostis. 6. Veja se o local tem sinal de telefone celular. 7. Se informe sobre o clima, topografia, animais característicos da região e doenças contagiosas da região. Talvez seja necessário se vacinar antes (se necessário, nunca nas vésperas da saída, pelo risco de efeitos colaterais da vacina). 8. Consiga um bom mapa da região, de preferência topográfico. Se possível, plastifique ou coloque o mapa em uma capa plástica. 9. Faça uma revisão no dentista antes de sair. 10. Faça um bom curso de primeiros socorros. 11. Tenha um bom Kit de Primeiros Socorros, adequado à sua aventura e ao seu conhecimento. 12. Prepare um cartão com os dados médicos para o caso de acidente, plastifique-o e leve-o dentro do bolso da calça ou de preferência, pendure-o no pescoço. 13. Uns 5 dias antes de sair em expedição (e durante), tome 03 a 04 cápsulas de alho por dia (ou alho in natura). Além de um excelente antibiótico natural, irá atuar como repelente de insetos e alguns outros animais. 14. Seja cooperativo. Atividades no meio selvagem se baseiam na união do grupo. Nunca deixe um colega para trás. Nunca deixe de cuidar dos feridos. Nunca deixe de ajudar quem estiver exausto. Só se sobrevive em ambientes e situações extremas com confiança e união extremas. 15. Evite discussões. Na dúvida, siga o líder (o mais experiente e calmo) da equipe. 16. Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar, momento ou situação. Surgem mesmo em situações aparentemente inofensivas. 17. Tenha a humildade de não exceder seus limites físicos e habilidades técnicos. Muitos atletas experientes, feridos gravemente, confessaram que seus acidentes ocorreram por confiança excessiva e imprudência.
  • 30. 18. Muito cuidado com rios, lagos, praias e mar. Estudos mostram que o afogamento é o acidente que mais tira vidas no ambiente outdoor . 19. A prevenção é o melhor remédio. Avalie todas as situações de risco possíveis e estejas preparado para elas. 20. Não dê chance ao azar. O azar não as perde. 21. Diante de uma situação de emergência: acalme-se e raciocine. Sua experiência e bom senso certamente levarão a uma boa conduta. 22. Em uma emergência, com feridos, lembre-se que o passo mais importante dos primeiros socorros é não aumentar o dano. Isso inclui a vítima e você. Cuide para não se tornar mais uma vítima. 23. Acalme a vítima. 24. Proteja a coluna cervical, veja se ela está lúcida, respirando e com batimentos cardíacos presentes. 25. Determine alguém para chamar por socorro (por celular ou rádio) 26. Afrouxe as roupas e cintos. 27. Estanque as hemorragias fazendo compressão local (sangramento venoso) e troncular (se sangramento arterial). 28. Não use torniquetes ou garrotes, a não ser em amputação ou lesão vascular arterial de grandes vasos. 29. Imobilize as fraturas. 30. Aguarde o resgate. Se não for possível o resgate, prepare-se para fazer a remoção da vítima. 31. Tenha sempre em mãos o mapa, bússola, canivete, relógio e apito, e se possível, um GPS. 32. Evite, sempre que possível, andar com calçados ou roupa molhada. 33. Use calça e camisa de manga longa, principalmente no amanhecer e entardecer, para proteger dos mosquitos e da vegetação. 34. Leve sempre repelente. 35. Procure andar com roupas limpas. Sempre que possível, lave-as. 36. Tenha cuidado com a água. Evite água parada. Leve pastilha de cloro para purificar a água. 37. Cozinhe longe da área de acampamento, pois o cheiro do alimento pode atrair insetos ou animais maiores. Evite deixar restos de alimento próximos da barraca. 38. Se alimente bem. 39. Não coma em demasia. Prefira fazer mais refeições com menor quantidade e qualidade. 40. Faça uma latrina a mais de 20 metros da área de acampamento para evitar mau cheiro e mosquitos. Cave a latrina com pelo menos 50 cm de profundidade e, após cada uso, coloque terra por sobre as fezes. 41. Ao acampar próximo de rios ou lagos, ou no interior da mata, haverá mais mosquitos nestes lugares. Não esqueça seu repelente. Ou evite montar acampamento nestes lugares 42. Evite fogo próximo da barraca. 43. Evite águas paradas. Tenha sempre pastilhas de cloro para purificar a água. 44. Hidrate-se o melhor possível. Sempre que encontrar uma fonte de água durante uma caminhada, beba bastante e encha seu cantil. Principalmente se não tem muita certeza da existência de água. 45. Evite bebidas muito doces. 46. Prefira bebidas isotônicas para auxiliar a repor algumas calorias e os sais perdidos no suor. 47. Evite tomar bebidas estimulantes (café, chá preto, refrigerantes, guaraná, bebidas alcoólicas), elas te darão uma energia extra no momento, mas seu corpo cobrará o desgaste nos dias seguintes. 48. Procure aproveitar todas as horas de descanso. O cansaço se acumula ao longo dos dias. 30
  • 31. 49. Quando estiver extremamente exausto, faça uma parada de 20-30 minutos e tire um cochilo. Verá que renovará suas forças para suportar o restante do dia. 50. Cuido dos ferimentos antes de dormir. 51. Saiba como fazer alongamentos e massagem. Seus músculos vão agradecer este tipo de relaxamento após atividade extrema (evitará muitas dores musculares no dia seguinte). 52. Não se envergonhe em pedir ou aceitar uma massagem do seu colega. Competidores de esportes radicais levam massagistas profissionais para isso. 53. Tome banho sempre que possível. Se der, faça a barba. 54. Deixe tudo organizado e limpo à noite, antes de dormir. 55. A noite, durma bem. 56. Cobras, escorpiões e outros "bichos" são uma realidade. Sempre sacuda vigorosamente botas e casacos, sacos de dormir, antes de usá-los. 57. Mantenha a barraca sempre fechada e verifique-a, antes de entrar, a presença desses animais. 58. Guarde suas botas enfiadas em um galho, com a abertura do cano para baixo para evitar a entrada de animais. 59. Cerca de 80% das picadas de cobra são nas pernas, abaixo dos joelhos. Tome cuidado, por exemplo, ao fazer suas "necessidades fisiológicas" no mato - as picadas podem ser em outro lugar do corpo e você pode mudar as estatísticas. 60. Após picadas de cobras, não se deve entrar em pânico. 61. Tranqüilize a vítima e mantenha-a em repouso. 62. Chame o resgate e transporte-a o mais rapidamente para um hospital. 63. A vítima deve ficar em repouso 64. Não se deve garrotear o membro afetado nem cortar (ou chupar) o ferimento. 65. O veneno das cobras não mata instantaneamente. Normalmente a vítima tem algumas horas para chegar ao hospital sem risco de vida. 66. Nem sempre você percebe que foi picado por uma cobra ou aranha. Diante de um ferimento suspeito, principalmente com muita dor e inchaço, na altura dos pés ou pernas, procure um hospital. 67. Evite pisar no mato, em vegetação rasteira, manipular troncos de árvore caídos ou similares. 68. Cuidado ao encostar-se a árvores ou construções rústicas. 69. Não subestime o sol e o calor. Suas ações são acumulativas e perigosas, podendo causar queimaduras, desidratações graves, insolação e/ou hipertermia. 70. Em locais com vento forte (mesmo o vento relativo de trechos de ciclismo ) ou ambientes molhados como rafting, canoagem e natação, a ação do sol é menos percebida e surgem importantes queimaduras de pele que só são percebidas tardiamente. 71. Use, sob sol intenso, protetor solar, protetor labial, bonés e lenços para a parte posterior do pescoço. 72. Devem ser escolhidos protetores solares sem base oleosa ou gel, no sentido de não comprometer a sudorese, importante para a termorregulação. Devem ser aplicados de preferência na pele seca, que absorve componentes importantes presentes nos bons protetores. Seu efeito não é apenas de uma barreira física ao sol, mas também química. 73. A aplicação desses cremes deve ser contínua. O suor, a chuva, garoa, umidade, respingos de água, banhos, água de rios e mar e o próprio atrito com a vegetação e com a roupa podem continuamente diminuir a camada de creme que protege a pele. 74. O lençol de alumínio é extremamente útil sob o sol escaldante. Pode ser usado como uma capa, em situações extremas, como áreas desérticas, sem sombra. Além de fazer sombra, ele reflete a luz solar, atenuando o seu efeito térmico. É também mais visível para equipes de resgate. 31
  • 32. 75. Deve-se evitar ingerir alimentos quentes sob condições de muito calor. Alimentos frios ajudarão no controle térmico corporal. 76. Em situações de calor extremo, tente molhar constantemente o corpo. 77. Após horas de exercício sob sol forte, com o corpo extremamente quente, você pode ser atingido por uma chuva ou mesmo a água de rio ou mar. Dependendo da intensidade do exercício e do calor, a exposição súbita a esse contraste de temperaturas pode trazer uma sensação de "mal-estar" importante, semelhante àquela que precede os estados gripais. Esse "choque térmico" costuma ser passageiro e não preocupante. 78. Prefira roupas de cor clara e de tecidos que permitam a transpiração. 79. Evite roupas camufladas ou escuras. Elas dificultam o resgate. Prefira roupas de cor chamativa, para serem vistas a distância. 80. Mesmo em locais quentes, de madrugada costuma haver frio. Assim, não esqueça bons agasalhos. 81. Tenha também uma capa ou agasalho impermeável. 82. Em casos de frio intenso, evite ao máximo ficar com roupas molhadas, umidade ou andar na água. A perda de calor corporal será muito mais rápida e agressiva. 83. Evite usar na viagem, pela primeira vez, aquela bota linda e novinha. Prefira aquela já amaciada. 84. Diante de alguém com suspeita de hipotermia, faça o seguinte: 85. Afaste a pessoa do frio, isolando-o o melhor possível. 86. Seque-a o melhor possível, antes de agasalhá-la. 87. Vista-a com roupas que conservam o calor, inclusive cobertores, lençóis aluminizados e sacos de dormir. 88. Se a pessoa estiver em condições, pode ser estimulada a movimentar-se (aquecimento "ativo"). 89. Faça massagens vigorosas (se a hipotermia for leve, sem congelamento, por exemplo, de mãos e pés). 90. A vítima pode ser "abraçada" por várias pessoas, para aquecimento "passivo”. 91. Ofereça-lhe alimentos e líquidos quentes. 92. Dê-lhe banhos quentes. 93. Aproxime-a de fontes de calor, como fogueira, radiação solar e lâmpadas. 94. Qualquer pequeno ferimento, como uma bolha na mão, uma pequena pedrinha na bota ou uma deformidade na palmilha podem ser inofensivas num percurso de 02 horas ou trechos curtos, mas pode ser desastroso em percursos longos. Cuide precocemente deles. Cuide também das suas unhas "encravadas" 95. Cuidado com tempestades e raios. Se surgir tal situação: 96. Afaste-se de árvores isoladas, estruturas metálicas, redes elétricas, construções pequenas de alvenaria. 97. Não fale ao telefone ou celular (nem mesmo utilize Fax-Moden) e disperse grupos de pessoas. 98. Evite roupas molhadas ou pisos úmidos. 99. O interior de carros é um lugar relativamente seguro (apesar do metal) 100. Afaste-se de motos, bikes e quadriciclos. 101. Dentro de barracas, afaste-se de estruturas metálicas externas e da cobertura molhada. 102.Evite proximidade de árvores isoladas em áreas abertas e em alto de colinas ou montanhas. 103.Cuidado com estruturas metálicas, por exemplo, em mochilas ou barracas. 104. Saia imediatamente de piscinas, mar ou águas abertas. 105. Procure sempre ficar facilmente localizável para os membros do grupo - não suma! 106. Critique menos e elogie mais. Antes de criticar, procure também reconhecer os esforços para o que já foi ou o que será feito. 107. Ao fazer uma crítica, faça-a com elegância, eloqüência e respeito. 32
  • 33. 108. Calma e paciência. Sempre. Principalmente com quem não merece ouvir injustiças, e que se esforçou para todos ficassem bem! 109.Respeite a população local. Suas propriedades, seus costumes e principalmente sua curiosidade e privacidade. 110.Finalmente, lembre-se que toda a natureza, campo, floresta, montanha, rio ou mar, fora criada por Deus e entregue aos cuidados do ser humano. Aprenda a admirar e respeitar essas maravilhas da criação e cuide bem dela. 33
  • 34. 9 ESPECIALIDADES Agora mãos a obra. É sua vez de pesquisar e organizar sua expedição. Não esqueça de escrever seu relatório e responder as questões abaixo1 . Boa sorte e que Deus esteja com vocês. 9.1 Excursionismo Pedestre 1. Explicar e demonstrar os pontos mais importantes de uma boa caminhada, tais como a passada apropriada, velocidade, momentos de descanso e regras de bom comportamento no contato com a natureza. 2. Explicar a importância dos cuidados com os pés, em relação à limpeza, cuidados das unhas, meias, escolha de calçado e primeiros socorros para bolhas em estado inicial. 3. Fazer uma lista do vestuário apropriado para uma caminhada em clima frio e em clima quente. 4. Fazer uma lista do equipamento necessário para uma caminhada de um dia em uma região silvestre ou rural, e para uma caminhada curta. 5. Listar cinco regras de segurança e bom comportamento que devem ser observadas em caminhadas por trilhas, ou ao longo de estradas. 6. Explicar a importância de beber água, e relacionar três sinais observáveis em água contaminada. 7. Explicar a importância de comer adequadamente durante uma caminhada. 8. Descrever as roupas e calçados apropriados para uma caminhada com tempo quente e frio. 9. Apresentar um plano por escrito para uma caminhada de dezesseis quilômetros, incluindo: rota demonstrada no mapa, lista de roupas apropriadas, lista de equipamentos, e quantidade de água e/ou comida. 10. Usar um mapa topográfico ou rodoviário no planejamento de uma das caminhadas do item 11. 11. Completar as seguintes caminhadas: a. Caminhada rural ou urbana de 8 quilômetros b. Caminhada de 8 quilômetros em trilha de região silvestres/agreste c. Duas caminhadas de um dia inteiro (16 quilômetros cada) em rotas diferentes d. Caminhada de 24 quilômetros em trilha de região silvestre/agreste e. No máximo um mês após cada caminhada, apresentar um breve relatório, com datas, rotas, condições climáticas, e quaisquer coisas interessantes que tenha observado. 1 Nem todas as respostas às questões estão no manual. Se divirta enquanto pesquisa as respostas e aprimora o seu conhecimento. Se precisar, peça auxílio ao seu instrutor, ou me mande um e-mail: ldcezar@hotmail.com.