A crônica descreve o encontro da narradora com um menino pedindo por um doce na porta de uma confeitaria. Apesar de inicialmente não querer olhar para o menino ou para os clientes, a narradora compra o doce que ele pede. A atendente revela que o menino estava lá há mais de uma hora sem que ninguém comprasse para ele. A narradora se vê refletindo sobre a cena e sentimentos depois.
2. Diferenciar textos;
Discernir a importância de cada um deles;
Ler e compreender nas entrelinhas;
Socializar com os diversos gêneros;
Praticar a escrita do seu cotidiano: Diário, carta,
documentário, bilhete, receita, propaganda,
poesia e outros.
3. Explicar para o grupo os tipos de gêneros
que temos. Para iniciar a aula levar uma
crônica de Clarice Lispector: As Caridades
Odiosas.
Leitura oral feita por mim, e leitura silenciosa.
Inferência textual de algumas partes
importantes do texto.
4. Foi uma tarde de sensibilidade ou de suscetibilidade? Eu passava pela rua
depressa, emaranhada nos meus pensamentos, como às vezes acontece.
5. O menino estava de pé no degrau de grande confeitaria. Seus olhos, mais
do que suas palavras meio engolidas, informavam-me de sua paciente
aflição.
- Um doce, moça, compre um doce para mim.
6. Sem olhar para os lados, por pudor talvez, sem querer espiar as mesas da
confeitaria onde possivelmente algum conhecido tomava sorvete, entrei,
fui ao balcão e disse com uma dureza que só Deus sabe explicar: um doce
para o menino.
7. Eu não olhava a criança, queria que a cena, humilhante para mim,
terminasse logo. Perguntei-lhe: que doce você...
Antes de terminar, o menino disse apontando depressa com o dedo:
aquelezinho ali, com chocolate por cima. Por um instante perplexa, eu
me recompus logo e ordenei, com aspereza, à caixeira que servisse.
8. A caixeira olhava tudo:
- Afinal uma alma caridosa apareceu. Esse menino estava nesta porta há
mais de uma hora, puxando todas as pessoas que passavam, mas
ninguém quis dar.
9. Eu tivera a oportunidade de... E para isso fora necessário um menino
magro e escuro... E para isso fora necessário que outros não lhe tivessem
dado um doce.
10. O fato é que, quando atravessei a rua, o que teria sido piedade já se
estrangulara sob outros sentimentos. E, agora, sozinha, meus
pensamentos voltavam lentamente a ser os anteriores, só que inúteis. (...)