A crítica de Hume ao conhecimento.
Princípio da causalidade e
Princípio da regularidade da
natureza
Racionalismo /Empirismo
Origem das ideias Ideias inatas
Ideia de Deus
Não há ideias inatas
Deus tem origem
empírica
Natureza da mente A mente é uma
substância pensante
que suporta ideias
A mente não é uma
substância mas um
conjunto de perceções.
Conhecimento “a priori” Existe um
conhecimento “a priori”
como a existência da
mente e de Deus
Não temos
conhecimento “a priori”
sobre questões de
facto
Possibilidade do
conhecimento
Dogmatismo: É
possível o
conhecimento de
verdades absolutas e
inquestionáveis.
Há verdades fundantes
que se auto-justificam.
Ceticismo moderado:O
conhecimento do
mundo é provável e
não absoluto.
As operações para
obter conhecimento
não são seguras.
Racionalismo/Empirismo
Operações racionais
para obter
conhecimento
Intuição e dedução.
Das primeiras
verdades racionais
deduzimos outras
verdades.
Indução: O
conhecimento dos
factos só pode ser
obtido por relações
entre os
factos/causalidade ou
por indução.
Origem do
conhecimento
Ideias inatas da razão Impressões obtidas por
experiência
Realidade do mundo
físico
Sabemos da existência
de um mundo fora da
mente
Não podemos ter a
certeza de que o
mundo fora da mente
existe.
Racionalismo versus empirismo
Deus Fundamento de todo
o conhecimento e
garantia de verdade.
Ideia inata
Resultado de uma
composição de ideias
como bondade,
poder, elevadas pela
imaginação.
Eu Ideia inata, uma
substância
independente do corpo.
Um conjunto de
perceções mutáveis
consoante as
vivências/experiências
do corpo.
Inatismo das ideias A razão tem ideias que
são claras e distintas e
apenas provêm da luz
com que ilumina a
realidade.
Não existem ideias
inatas todas as ideias
resultam de
impressões sensíveis.
O que é o princípio da causalidade?
É o que nos permite associar duas ideias e
estabelecer um nexo causal entre elas. Permite-
nos explicar um facto com outro facto pois
associamos a ideia de um com a ideia de outro.
Fazemos esta associação de ideias entre dois
factos como se tratasse de uma conexão
necessária pois deduzimos que um facto vai
ocorrer se o outro (a sua causa) também ocorrer.
Qual o problema?
Não há uma conexão necessária entre factos, só
há uma conexão necessária na relação de ideias,
mas o princípio da causalidade aplica-se aos
factos e não às ideias. Este princípio tem pois a
sua origem na experiência e não na razão, logo
não há na experiência nenhuma impressão de
causalidade, como podemos então ter essa
ideia? Não pode ter origem na razão pois
ninguém sem experiência de um facto pode
deduzir por cálculo o seu efeito ou causa. Se tem
origem na experiência na observação da
sucessão constante entre certos factos como o
fogo e o fumo, não pode contudo ser justificada
pela experiência porque esta só nos permite ter
acesso a relações contingentes e não
Conclusão
o fundamento deste princípio justifica-se ou
fundamenta-se no hábito ou costume. Observar
repetidas vezes uma mesma sucessão de factos
leva-nos a formar a ideia que eles estão
necessariamente juntos, mas essa ideia não tem
uma justificação aceitável, é mais uma projeção
da mente sobre a natureza do que um real
conhecimento.
Quais as consequências?
Se todo o conhecimento dos factos se baseia nas
relações causais entre eles teremos de aceitar
que esse conhecimento é apenas provável e que
pode ser enganador se considerarmos que o seu
fundamento é um hábito psicológico, nada na
sucessão dos factos nos permite ter a certeza de
que se seguirão um ao outro no futuro, dado que
se seguiram até ao presente. O conhecimento
está assim posto em causa, não só porque se
fundamenta em crenças sem justificação, como
se desenvolve a partir de uma forma de adesão
que resulta de um sentimento e portante não é
sólida.
Princípio da regularidade da
natureza:
De causas semelhantes seguem-se efeitos
semelhantes.
As conjunções constantes observadas podem
garantir-nos que no futuro continuarão a existir?
O futuro assemelhar-se-á ao passado. É a nossa
crença.
Para Hume é impossível justificar que o futuro se
vai assemelhar ao passado
Exemplo:
Até agora, todas as sementes de jacarandá
quando plantadas dão jacarandás.
Logo, todas as sementes de jacarandá quando
plantadas dão jacarandás. (generalização)
Previsão: Se tenho uma semente de jacarandá e
a plantar é muito provável que dê um jacarandá.
Semente logo Árvore não é lógica, são
dois factos que se repetem (Conjunção
constante)
O problema:
Só podemos justificar o princípio da regularidade
da natureza a partir de argumentos indutivos cuja
conclusão é provável e não certa.
(Pode não nascer um jacarandá da semente)
Não podemos deduzir que irá nascer um
jacarandá. Pois o curso da natureza pode
mudar(embora seja pouco provável ).
O raciocínio indutivo não está justificado nem pode
servir como justificação.
Ora se o curso da natureza pode mudar, então
Não podemos demonstrar dedutivamente que a
natureza é regular.
Só poderemos saber que provavelmente a
natureza é regular.
Mas para termos uma justificação para essa
conclusão baseamo-nos num argumento indutivo
que por sua vez só é sólido se a natureza for
regular- É uma petição de princípio.
Críticas ao empirismo de
Hume
A relação causal é formada pelo hábito de ver os
factos sucederem-se continuamente
Mas há factos que se sucedem continuamente e
que não produzem qualquer associação de
causa efeito:
Exemplo o dia e a noite
Dois relógios que batem horas em sucessão um
do outro (sinos da igreja)
Com estes contra exemplos podemos pôr em
causa a origem da ideia de causalidade proposto
por Hume.
Defesa da melhor explicação
A filosofia de Hume põe em causa a existência do
mundo exterior à mente alegando que não podemos
demonstrar ou deduzir que a nossa representação do
mundo é semelhante ao mundo que a causou.
Objeções:
É mais aceitável a explicação que pressupõe que o
mundo exterior à mente existe porque é mais lógico
que os objetos existam fora da mente ( vemos
claramente que quando vemos um gato ele está
presente e que depois se passa para outra sala e que
sabemos que ele não desaparece quando o
deixamos de representar).
Argumento da melhor explicação - abdução
Objeção 2
A filosofia de Hume recorre à dúvida sobre as
operações da mente que nos servem para prever
o futuro argumentando que tanto a relação de
causa efeito como a indução não podem ser
justificadas e portanto não podemos chamar
conhecimento ao que delas deriva mas um
conjunto de crenças que são muito úteis (crença
fundante na experiência) e não devem ser
abandonadas.
Objeção
Uma crença pode estar justificada sem ter uma
justificação infalível, uma boa justificação pode
ser pragmática, utilidade e a eficácia das
explicações pode ser suficiente para as justificar.