3. 1ª Geração Exaltação da Natureza (O amor à pátria) Medievalismo (a vassalagem amorosa) Sentimentalismo (a expressão do amor) guiadeliteratura.blogspot.com
4. Canção do exílioGonçalves Dias Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar –sozinho, à noite– Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. guiadeliteratura.blogspot.com
6. I - Juca Pirama “Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconstante, Guerreiros, nasci; Sou bravo, sou forte, Sou filho do Norte; Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.” guiadeliteratura.blogspot.com
7. Seus olhosGonçalves Dias Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,De vivo luzir,Estrelas incertas, que as águas dormentesDo mar vão ferir;Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,Têm meiga expressão,Mais doce que a brisa, — mais doce que o nautaDe noite cantando, — mais doce que a frautaQuebrando a solidão, Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,De vivo luzir,São meigos infantes, gentis, engraçadosBrincando a sorrir.São meigos infantes, brincando, saltandoEm jogo infantil,Inquietos, travessos; — causando tormento,Com beijos nos pagam a dor de um momento,Com modo gentil. guiadeliteratura.blogspot.com
8. Vale de LágrimasLulu Santos Deixa eu lhe dizerO que eu passeiDesde que vocêSe desapegou de mimEu zanzei pelas ruas,um molamboSonâmbulo,insone e insanoQueria me atirar no marSó para me afogarQue ainda é melhorQue ser um devedorNas contas do amorPreferia um deserto atravessarSob o sol e as noites sem luarDo que dar meu braço a torcerQue você não estáQue você não vemFaça-me um favorVolta para mimÉ o que sei dizer,nada maisSenão me repetir Que zanzei pelas ruas,um molamboSonâmbulo,insone e insanoQueria me atirar no marSó pra me afogarQue ainda é melhorQue ser um desertorDos campos do amor Preferia um deserto atravessarSob o sol e as noites sem luarDo que dar meu braço a torcerQue você não estáQue você não vemFaça-me um favorVolta para mimÉ o que sei dizer,nada maisSenão me repetirOutra vez guiadeliteratura.blogspot.com
9. 2ª Geração "Quando não há o amor, há o vinho; quando não há o vinho, há o fumo; e quando não há amor, nem vinho, nem fumo, há o spleen. Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema." Álvares de Azevedo guiadeliteratura.blogspot.com
12. Sol dos InsonesLord Byron Sol dos insones! Ó astro de melancolia!Arde teu raio em pranto, longe a tremular,E expões a treva que não podes dissipar:Que semelhante és à lembrança da alegria!Assim raia o passado, a luz de tanto dia,Que brilha sem com raios fracos aquecer;Noturna, uma tristeza vela para ver,Distinta mas distante-clara-mas que fria! guiadeliteratura.blogspot.com
13. Álvares de Azevedo Ainda uma vez — AdeusIEnfim te vejo! — enfim posso,Curvado a teus pés, dizer-te,Que não cessei de querer-te,Pesar de quanto sofri.Muito penei! Cruas ânsias,Dos teus olhos afastado,Houveram-me acabrunhadoA não lembrar-me de ti! guiadeliteratura.blogspot.com
14. Idéias Íntimas IX Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito! Palor de febre meu semblante cobre, Bate meu coração com tanto fogo! Um doce nome os lábios meus suspiram, Um nome de mulher . . e vejo lânguida No véu suave de amorosas sombras Seminua, abatida, a mão no seio, Perfumada visão romper a nuvem, Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras O alento fresco e leve como a vida Passar delicioso. . . Que delírios! Acordo palpitante . . inda a procuro; Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas Banham meus olhos, e suspiro e gemo. . . Imploro uma ilusão. . . tudo é silêncio! Só o leito deserto, a sala muda! Amorosa visão, mulher dos sonhos, Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto! Nunca virás iluminar meu peito Com um raio de luz desses teus olhos? guiadeliteratura.blogspot.com
15. A Via LácteaLegião Urbana Quando tudo está perdidoSempre existe um caminhoQuando tudo está perdidoSempre existe uma luzMas não me diga issoHoje a tristeza não é passageiraHoje fiquei com febre a tarde inteiraE quando chegar a noiteCada estrela parecerá uma lágrimaQueria ser como os outrosE rir das desgraças da vidaOu fingir estar sempre bemVer a leveza das coisas com humorMas não me diga issoÉ só hoje e isso passaSó me deixe aqui quietoIsso passaAmanhã é um outro diaNão é? Eu nem sei porque me sinto assimVem de repente um anjo triste perto de mimE essa febre que não passaE meu sorriso sem graçaNão me dê atençãoMas obrigado por pensar em mimQuando tudo está perdidoSempre existe uma luzQuando tudo está perdidoSempre existe um caminhoQuando tudo está perdidoEu me sinto tão sozinhoQuando tudo está perdidoNão quero mais ser quem eu souMas não me diga issoNão me dê atençãoE obrigado por pensar em mimNão me diga issoNão me dê atençãoE obrigado por pensar em mim guiadeliteratura.blogspot.com
16. Canto para Minha MorteRaul Seixas Vem, mas demore a chegar.Eu te detesto e amo morte, morte, morteQue talvez seja o segredo desta vidaMorte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vidaQual será a forma da minha morte?Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida.Existem tantas... Um acidente de carro.O coração que se recusa abater no próximo minuto,A anestesia mal aplicada,A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecidaO câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe,Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...Oh morte, tu que és tão forte,Que matas o gato, o rato e o homem.Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscarQue meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a ervaE que a erva alimente outro homem como euPorque eu continuarei neste homem,Nos meus filhos, na palavra rudeQue eu disse para alguém que não gostavaE até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite... Eu sei que determinada rua que eu já passeiNão tornará a ouvir o som dos meus passos.Tem uma revista que eu guardo há muitos anosE que nunca mais eu vou abrir.Cada vez que eu me despeço de uma pessoaPode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vezA morte, surda, caminha ao meu ladoE eu não sei em que esquina ela vai me beijarCom que rosto ela virá?Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?Na música que eu deixei para compor amanhã?Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,E que está em algum lugar me esperandoEmbora eu ainda não a conheça?Vou te encontrar vestida de cetim,Pois em qualquer lugar esperas só por mimE no teu beijo provar o gosto estranhoQue eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar guiadeliteratura.blogspot.com
17. Casimiro de AbreuO poeta ingênuo Meus Oito Anos Oh ! que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais !Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais ! guiadeliteratura.blogspot.com
18. 3ª geração Condoreirismo Poesia social guiadeliteratura.blogspot.com
19. Castro Alves 14 de março de 1847 guiadeliteratura.blogspot.com
21. Amor e SexoRita Lee/ R. Carvalho/ A. Jabor Amor é um livro - Sexo é esporteSexo é escolha - Amor é sorteAmor é pensamento, teoremaAmor é novela - Sexo é cinemaSexo é imaginação, fantasiaAmor é prosa - Sexo é poesiaO amor nos torna patéticosSexo é uma selva de epiléticos Amor é cristão - Sexo é pagãoAmor é latifúndio - Sexo é invasãoAmor é divino - Sexo é animalAmor é bossa nova - Sexo é carnaval Amor é para sempre - Sexo tambémSexo é do bom - Amor é do bemAmor sem sexo é amizadeSexo sem amor é vontadeAmor é um - Sexo é dois Sexo antes - Amor depoisSexo vem dos outros e vai emboraAmor vem de nós e demora guiadeliteratura.blogspot.com
22. Boa noite Veux-tudonc partir? Le jourestencoreéloigné:C'étaitlerossignoletnonpasl'alouette,Dontlechant a frappé tonoreílleinquiète;Il chante Ia nuitsurlesbranches de cegranadierCrois-moi, cherami, c'étaitlerossignol. Shakespeare Boa noite, Maria! Eu vou,me embora.A lua nas janelas bate em cheio.Boa noite, Maria! É tarde... é tarde. .Não me apertes assim contra teu seio. Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.Mas não digas assim por entre beijos... Mas não mo digas descobrindo o peito,- Mar de amor onde vagam meus desejos! Julieta do céu! Ouve... a calhandra já rumoreja o canto da matina.Tu dizes que eu menti? ... pois foi mentira... Quem cantou foi teu hálito, divina! Se a estrela-d'alva os derradeiros raiosDerrama nos jardins do Capuleto,Eu direi, me esquecendo d'alvorada:"É noite ainda em teu cabelo preto..." guiadeliteratura.blogspot.com
23. É noite ainda! Brilha na cambraia- Desmanchado o roupão, a espádua nua O globo de teu peito entre os arminhosComo entre as névoas se balouça a lua. . . É noite, pois! Durmamos, Julieta!Recende a alcova ao trescalar das flores. Fechemos sobre nós estas cortinas...- São as asas do arcanjo dos amores. A frouxa luz da alabastrina lâmpadaLambe voluptuosa os teus contornos...Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinosAo doudo afago de meus lábios mornos. Mulher do meu amor! Quando aos meus beijosTreme tua alma, como a lira ao vento,Das teclas de teu seio que harmonias,Que escalas de suspiros, bebo atento! Ai! Canta a cavatina do delírio, Ri, suspira, soluça, anseia e chora. . .Marion! Marion!... É noite ainda.Que importa os raios de uma nova aurora?!... Como um negro e sombrio firmamento,Sobre mim desenrola teu cabelo...E deixa-me dormir balbuciando:- Boa noite! - formosa Consuelo. guiadeliteratura.blogspot.com
24. FaçamosChico Buarque Os cidadãos no Japão fazemLá na China um bilhão fazemFaçamos, vamos amarOs espanhóis, os lapões fazemLituanos e letões fazemFaçamos, vamos amarOs alemães em Berlim fazemE também lá em BonnEm Bombaim fazemOs hindus acham bomNisseis, níqueis e sansseis fazemLá em São Francisco muitos gays fazemFaçamos, vamos amarOs rouxinóis nos saraus fazemPicantes pica-paus fazemFaçamos, vamos amarUirapurus no Pará fazemTico-ticos no fubá fazemFaçamos, vamos amar Chinfrins, galinhas afim fazemE jamais dizem nãoCorujas sim fazem, sábias como elas sãoMuitos perus todos nus fazemGaviões, pavões e urubus fazemFaçamos, vamos amarDourados no Solimões fazemCamarões em Camarões fazemFaçamos, vamos amarPiranhas só por fazer fazemNamorados por prazer fazemFaçamos, vamos amarPeixes elétricos bem fazemEntre beijos e choquesCações também fazemSem falar nos hadoques guiadeliteratura.blogspot.com
25. Salmões no sal, em geral, fazemBacalhaus no mar emPortugal fazemFaçamos, vamos amarLibélulas em bambus fazemCentopéias sem tabus fazemFaçamos, vamos amarOs louva-deuses com fé fazemDizem que bichos de pé fazemFaçamos, vamos amarAs taturanas também fazemcom um ardor incomumGrilos meu bem fazemE sem grilo nenhumCom seus ferrões os zangões fazemPulgas em calcinhas e calções fazemFaçamos, vamos amar Tamanduás e tatus fazemCorajosos cangurus fazemFaçamos, vamos amar(Vem com a mãe)Coelhos só e tão só fazemMacaquinhos no cipó fazemFaçamos, vamos amarGatinhas com seus gatões fazemTantos gritos de aisOs garanhões fazemEsses fazem demaisLeões ao léu, sob o céu, fazemUrsos lambuzando-se no mel fazemFaçamos, vamos amarFaçamos, vamos amar guiadeliteratura.blogspot.com
29. Visão do Inferno Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! guiadeliteratura.blogspot.com
30. Violência e Crueldade Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra, E após fitando o céu que se desdobra, Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..." guiadeliteratura.blogspot.com
31. Emotividade e Eloquência Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co'a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! guiadeliteratura.blogspot.com
32. As Vítimas São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje míseros escravos, Sem luz, sem ar, sem razão... guiadeliteratura.blogspot.com
33. A crítica como transição Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... guiadeliteratura.blogspot.com
34. Romântico? Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! guiadeliteratura.blogspot.com