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revista da                                                                                                                                                    numero 5
                                                                                                                                                      setembro de 2000
         abem




                                                                                                                                                           ,
                                                                       resen a                                                                      alzes
                                                                                                                                                               •
                  u turais na                                                               uca                                                 uSlca

                                                                                                        Cristina Rolim Wolffenbuttel




                                                    Resumo: Este artigo descreve um projeto de resgate das rafzes musicais, desenvolvido
                                                    junto aos alunos da disciplina de Elementos da Linguagem Musical (E.L.M.), do Curso Basico
                                                    em Educagao Musical da FUNDARTE (Fundagao Municipal de Artes de Montenegro). A proposta
                                                    do projeto fundamentou-se nos objetivos especfficos do setor da Musica, os quais fundamentam
                                                    a educagao musical na FUNDARTE, a saber, "sensibilizar 0 aluno para, atraves do
                                                    desenvolvimento progressivo da percepgao e expressao sonora, chegar ao conhecimento da
                                                    linguagem musical e apreciagao da obra de arte, dotado de senso crftico e autonomia". Alem
                                                    disso, "desenvolver no aluno as habilidades de EXECUTAR, CRIAR e APRECIAR esteticamente
                                                    a Musica, tendo por base 0 conhecimento progressivo da Iinguagem musical".Os alunos fizeram
                                                    entrevistas em seus lares, registrando cantigas que os familiares conheciam de sua infancia.Tudo
                                                    foi registrado, analisaqo e utilizado para um momento de criagao musical. Houve tambem a
                                                    divulgagao na FUNOA,RiE, durante as comemoragoes do mes do Folclore, em agosto.
                                                                 -                '"   '                                                                            .




       Para algumas pessoas,                                       No entanto, em muitas                                  da identidade culturaP , desmis-
bern como professores, a sala de                           ocasioes, a sala de aula de uma                                tifica a pesquisa, atraves do co-
aula parece, em princfpio, urn                             escola regular, ou mesmo de urn                                nhecimento dos principais pas-
lugar onde dificilmente se pode                            curso de musica, e urn local ex-                               sos que dela fazem parte, e isto
desenvolver urn projeto de res-                            tremamente interessante e pro-                                 tudo de urn modo prazeroso e
gate cultural, de busca das tra-                           dutivo para esta atividade, pois                               muito interessante.
digoes e das manifestagoes fol-                            e urn espago de grande valor,
                                                                                                                                 Este artigo propoe-se a
cl6ricas de uma determinada                                que contem uma grande rique-
                                                                                                                          discorrer sobre a presenga do
comunidade ou regiao. Alem dis-                            za de experiencias advindas da
                                                                                                                          folclore na sala de aula, em urn
so, tampouco e urn lugar onde                              "bagagem cultural" dos varios
                                                                                                                          curso de Musica. Procurar-se-a
possa ocorrer a busca das rai-                             alunos ali presentes. Somando-
                                                                                                                          descrever 0 projeto de resgate
zes culturais da comunidade,                               se a isso, oportuniza a realiza-
                                                                                                                          das raizes musicais, desenvol-
           a
devido grande dificuldade de                               gao de pesquisas, de investiga-                                vido junto aos alunos da disci-
se trabalhar estes aspectos com                            goes, nas quais 0 proprio aluno                                plina de Elementos da Lingua-
urn grupo de alunos. Talvez, em                            faz seus registros, analisa e con-                             gem Musical, do Curso Sasico
urn curso universitario, sim, isso                         clui a respeito. Enfim, alem de                                de Educagao Musical da FUN-
seja possive!!                                             viabilizar 0 resgate das origens,                              DARTE (Fundagao Municipal de
, "A questao da identidade cUltural, de que fazem parte a dimensao individual e a da classe dos educandos cUjo respe~o   e absolutamente fundamental na pratica educativa
             e
progressista, problema que nao pode ser desprezado." (Freire, 1999, p. 46)


                                                                                                                                                                         31
numero 5                                                                                                                                                  revista da
    setembro de 2000
                                                                                                                                                       abem

    Artes de Montenegro). Para au-                               cerca de 30 anos, e oferece a                                10caP. Com esta inclusao, pro-
    xiliar na contextualiza<;ao do tra-                          comunidade varios cursos nas                                 curou-se observar as etapas de
    balho, e importante mencionar a                              areas das artes, incluindo as                                uma pesquisa, percorrendo al-
    faixa etMa dos alunos partici-                               Artes Visuais, a Dan<;a, a Musi-                             gumas bem especfficas. Assim,
    pantes, tendo predominado a                                  ca e 0 Teatro. A Musica, inseri-                             Coleta de Dados, Analise e Sfn-
    media dos 14 anos de idade,                                  da no Setor de Educa<;ao Musi-                               tese foram momentos de gran-
    aproximadamente.                                             cal, conta com um ample currf-                               de importancia para 0 alcance
                                                                 culo, incluindo disciplinas de                               dos objetivos, sendo que se con-
           A proposta do projeto fun-                            carater mais te6rico (apesar da                              seguiu uma boa qualidade,
    damentou-se nos objetivos es-                                praticidade necessaria a qual-                               quando da finaliza<;ao.
    pecfficos do setor da Musica, os                             quer trabalho educacional),
    quais fundamentam a educa<;ao                                como Aprecia<;M Musical, Har-                                        A Coleta de Dados, etapa
    musical na FUNDARTE. Neste                                   monia, Elementos da Linguagem                                inicial, foi realizada do seguinte
    sentido, vale especificar que                                Musical, entre outras. Alem des-                             modo. Os alunos de E.L.M. de-
    pretende-se "sensibilizar 0 alu-                             tas, 0 aspecto mais pratico esta                             veriam fazer uma pesquisa jun-
    no para, atraves do desenvolvi-                              vinculado ao estudo de um ins-                               to a sua famflia. Esta pesquisa
    mento progressivo da percep<;ao                              trumento musical, cujas modali-                              constaria de questionamentos
    e expressao sonora,· chegar ao                               dades abrangem cordas, sopros                                aos familiares sobre as can<;oes
    conhecimento da Iinguagem                                    e percussao. A natureza deste                                que eles recordavam, alem da
    musical e aprecia<;ao da obra de                             artigo Iiga-se mais diretamente,                             inclusao de alguns dados pes-
    arte, dotado de senso crftico e                              como foi previamente menciona-                               soais, como 0 local e a idade de
    autonomia". Alem disso, tem-se                               do, a disciplina de Elementos da                             nascimento, a residemcia, etc.
    como meta geral:                                             Linguagem Musical (E.L.M.).                                  Alem disto, os alunos solicitari-
                                                                 Nela, 0 objetivo vincula-se a al-                            am informa<;oes pertinentes as
              ... "desenvolver no aluno as ha-                   fabetiza<;ao musical e ao seu                                can<;oes entoadas pela familia,
    bilidades de EXECUTAR, CRIAR e                               aprimoramento, apresentando                                  tais como: "Com quem aprendeu
    APRECIAR esteticamente a Musica, ten-
                                                                 diversos nfveis, os quais sao                                a can<;ao?", "Em quais momen-
    do por base 0 conhecimento progressivo
    da linguagem musical. Desta forma, 0                         denominados de m6dulos (es-                                  tos eram cantadas?". Enfim, per-
    educando estara alimentando sua inteli-                      tendendo-se do M6dulo Inicial                                guntas que complementassem a
    gencia, memoria e atenyao, ampliando                         ate 0 M6dulo Avan<;ado), desde                               futura analise do material e ser-
    seu potencial e, consequentemente, sua                     . a etapa anterior ao f:.~>nhecimen­                           vissem de subsfdio para a pos-
    visao de mundo, tomando-se uma pes-
    soa no sentido completo. Considera-se                        to da Teoria MUSfGa.L- aspecto
                                                                                 -     ",.,',
                                                                                                                              terior elabora<;ao da sfntese da
    muito importante 0 aluno, sendo ele um                       mais sensorial da musicaliza<;ao                             pesquisa. Juntamente com tudo
    sujeito ativo e capaz de transformayao                       -, ate a pratica de composi<;oes                             isso, deveriam registrar sonora-
•   na sociedade e devendo desempenhar                           e analises musicais.                                         mente as informa<;oes, gravan-
    papeis tais como '0 ouvinte', '0 interpre-
    te', '0 compositor' e '0 crftico'. Alem dis-                                                                              do-as em fitas cassete.
    so, a valorizayao do estudo, bem como 0                            No infcio de 1999, na dis-
    estfmulo iI 'performance', sao preocupa-                    ciplina de E.L.M., cujos alunos                                      Para a realiza<;ao desta
    yoes constantes do setor, na medida em                      ja se encontravam num nfvel um                                coleta de informa<;oes, ofereceu-
    que se procura, cada vez mais, a quali-
    dade do ensino."2
                                                                pouco mais aprimorado, os mes-                                se aos alunos um tempo de tres
                                                                mos realizaram um vasto estu-                                 meses, aproximadamente. Tal-
               ,
                                                                do sobre analise musical, envol-                              vez possa parecer estranho tan-
           E importante, antes de
                                                                venda a fraseologia e a morfo-                                to tempo assim. Porem, e opor-
    discorrer especificamente sobre
                                                                logia. Paralelamente, foram fei-                              tuna esclarecer que os alunos
    este projeto, comentar um pou-
                                                                tos exercfcios de percep<;ao,                                 que participam dos cursos na
    co a respeito da FUNDARTE,
                                                                quando da escuta de trechos                                   FUNDARTE - que sao opcionais
    situando-a melhor no trabalho e,
                                                                musicais ou de musicas comple-                                e fora da realidade de uma es-
    principalmente, esclarecendo 0
                                                                tas, propondo-se a transcri<;ao                               cola regula~ - tem diversos ou-
    porque do modo de realiza<;ao
                                                                para a partitura musical. Com 0                               tros compromissos escolares ou
    do mesmo.
                                                                transcorrer do trabalho, devido                               mesmo obriga<;oes diversas na
         A FUNDARTE, localizada                                 ao interesse e ao bom aprovei-                                rotina de trabalho, alem dos ori:
    em Montenegro, a aproximada-                                tamento alcan<;ado pelos alunos,                              ginarios deste curso. 0 tempo,
    mente 80 quil6metros da capital                             a proposta foi ampliada, incluin-                             para eles, tambem e bastante
    gaucha (Porto Alegre), existe ha                            do 0 resgate da cultura musical                               exfguo. Foi necessaria, portan-

    2Objetivo extraido da proposta do Setor de Educa9ao Musical.
    'A Carta do Folclore Brasileiro, revisada em dezembro de 1995, no Capitulo III • Ensino e Educa9ao·, recomenda que se deve "considerar a cultura trazida do meio familiar e
    comunitario palo aluno no planejamento curricular, com vistas a aproximar 0 aprendizado formal e naD formal, da importancia de seus valores na forma<;:8o do indivfduo".


    32
revista da                                                                                                          numero 5
                                                                                                            setembro de 2000
            abem

to, a previsao de um prazo mai-                     Iheram cangoes dentre as cole-       dos diante da necessidade de
or, para que a tarefa fosse reali-                  tadas, para a realizagao do re-      tomar grafico 0 registro sonoro
zada a contento. Alem disso,                        gistro coletivo da partitura, em     das cangoes. Nesta perspectiva,
vale esclarecer, tambem, que                        linguagem musical. Este mo-          indagagoes importantes para a
sempre ha alguns problemas de                       mento foi extremamente impor-        continuidade do processo foram
disponibilidade de tempo por                        tante e, acima de tudo, prazero-     realizadas, como: "Qual a tona-
parte do informante, mesmo que                      so. Na verdade, foi a realizagao     lidade da cangao?", "Quantos
este seja um familiar ou uma                        de um trabalho de grande valor       tempos existem em cada com-
pessoa pr6xima ao aluno. Assim,                     educacional, fazendo com que         passo?", "A cangao inicia na to-
a fim de se conseguir uma boa                       as aulas se constitufssem mo-        nica, ou em outro grau da esca-
qualidade e, principal mente, a                     mentos que englobassem os co-        la?", "Existem ritmos que estao
satisfagao de ter um projeto bem                    nhecimentos acerca de, pratica-      se repetindo ao longo da can-
feito, foi prudente considerar                      mente, todos os conteudos da         gao?". Enfim, muitas foram as
este aspecto, destinando um                         Musica. Este processo envolveu       questoes que auxiliaram 0 pre-
tempo mais ampliado para a sua                      algumas etapas, ocorrendo do         paro anterior da partitura musi-
realizagao.                                         seguinte modo:                       cal, objetivando-se 0 registro
                                                                                         mais fiel possfvel.
        Com a finalizagao do re-                    a) Selegao das cangoes para a
gistro das informagoes, quando                      transcrigao: como se mencionou              Vale salientar que as per-
os alunos ja dispunham da pes-                      anteriormente, foi a etapa de        guntas mencionadas anterior-
quisa de campo (coleta de da-                       escolha de uma cangao para           mente foram langadas para toda
dos), 0 que ocorreu por volta do                    cada colega, por ele mesmo ou        a turma e, por este coletivo, res-
final do mes de maio de 1999,                       pelo pr6prio grupo de alunos,        pondidas, sendo que, em pou-
solicitou-se que os mesmos trou-                    para fazer 0 registro musical. Em    cos momentos, foi necessario 0
xessem para a aula tudo 0 que                       alguns casos, os alunos quise-       auxflio da professora para se
tinham conseguido gravar em                         ram realizar a transcrigao de                   a
                                                                                         chegar sua resolug8.o, pois os
suas entrevistas. Foram destina-                    mais de uma cangao, 0 que 10-        pr6prios alunos conseguiram
das algumas aulas para este tra-                    gicamente foi atendido e, sem        chegar a uma conclusao, fruto
balho de Analise dos Dados,                         duvida, elogiado, na medida em       do debate e do pensar em con-
cercade dois perfodos (cada                         que veio a enriquecer 0 traba-       junto. Ao final desta etapa, foi
aula com uma duragao de 50                          Iho, bem como auxiliar ainda
                                                                 ...
                                                                  .'
                                                                 ~" .<,',
                                                                                         possfvel vislumbrar os primeiros
minutos), a fim de fazerem a es-                    mais 0 aprer:ldizado individual e    registros musicais, oriundos de
cuta do material coletado e ini-                    coletivo.                            um resgate da cultura local. Por
ciarem uma especie de analise                                                            isto mesmo, foi bastante emo-
musical basica. Este momenta                        b) Transcrig8.o musical da can-      cionante!
foi interessante, pois, ja af, pu-                  gao: antes de registrar na parti-           ,
deram ser verificadas algumas                       tura, foram feitas inumeras au-             E oportuno explicar, tam-
caracterfsticas presentes nas                       digoes, auxiliando a memoriza-       Mm, que cada aluno coletou jun-
cangoes, que tem semelhangas                        gao e estruturando melhor 0 tra-     to aos seus familiares, em me-
com as caracterfsticas gerais da                    balho escrito. Depois, algumas       dia, duas ou tres cangoes. En-
musica folcl6rica brasileira. Den-                  intervengoes por parte da pro-       tao, eles ainda tinham, no mfni-
tre estas particularidades, vale                    fessora fizeram-se necessarias,      mo, uma cangao para efetuar a
citar a predominancia dos com-                      com vistas ao infcio da transcri-    transcrigao musical. Propos-se,
passos binarios simples, dos inf-                   gao coletiva, dando um exemplo       assim, um desafio individual.
cios anacrusticos, das termina-                     do trabalho a ser realizado pos-     Cada um deveria procurar fa-
goes masculinas, das escalas                        teriormente. Este momenta ilus-      zer, sozinho, 0 registro da can-
tonais maiores4 , enfim, de parti-                  tra a constante busca, que exis-     gao que havia recolhido na pes-
cularidades presentes na cultu-                     tiu neste projeto (e continua        quisa junto aos familiares, ate
ra musical do Brasil, e que fo-                     ocorrendo em todas as agoes na       como um modo de verificagao
ram constatadas na pratica des-                     sala de aula), de levar em con-      pessoal do aprendizado. Finali-
ta investigagao pelos pr6prios                      sideragao a metodologia numa         zada a elaboragao da percepgao
alunos.                                             perspectiva dialetica5 , na qual a   individual dos alunos, fez-se a
                                                    produgao do conhecimento ocor-       verificagao coletiva de todas,
      Ap6s a escuta de todo 0                       reu na ag8.o dos alunos, quando      procurando realizar uma avalia-
material sonoro, os alunos esco-                    estes se sentiram problematiza-      gao em grupo, sendo que os alu-
 4   Segundo Lamas (1992, p. 141-144).
'A esse respeito, ver Vasconcellos (1994. p. 84).

                                                                                                                        33
numero 5
 setembro de 2000
                                                                                                                                                                                     revista da
                                                                                                                                                                         abem

 nos podiam observar 0 trabalho                              o exemplo apresentado      a se-                                           transcritas coletivamente, em
 dos dernais colegas e opinar a                              guir, a can<;8.o "Olha 0 Circo",                                           sala de aula, a fim de exemplifi-
 respeito, procurando contribuir                             recolhida pela aluna Eliana C. do                                          car 0 trabalho individual que
 para a melhoria do registro es-                             Prado, foi uma das melodias                                                aconteceria posteriormente.
 crito.




                                                                      "Olha 0 Circa"
             Reeolhido pela aluna Ellana C. do Prado                        e


                                                     o - Iha          eir             co,                bumI            VI       -   va                                co,
                                                                                                                                                    O~
                                                                0                                                                             0
                                                            -----                                                                     '--"'




                      bum!        A          fun       -       yAo              vai                 co        •    me                   •          yar       0--             .:. -----


                                 Tres        pa        -       Iha    -     ~os,                bum!              En      - gra             -      ya
                                                                                                                                                          e
                                                                                                                                                               -   dos,

                                                               ..,.
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                                                                                                 ~                     ..,.                             -15

                      bum!       Bern         de       •      pres              sa               vAo               ene                             gar
                                                                                                                                                     Fm



                         -        o           pri       •             -         ro              e
                                                                                                "-/
                                                                                                     0

                                                                                                         -----------
                                                                                                                     -----=----
                                                                                                                       Di                               di
                                                                                                                                                              '-




                       Om
                         •        o           sa       .     gun - do
                                                               G
                                                                                      o              De
                                                                                                      C
                                                                                                                              -                   de,              o           tar       •



             ~         "J:            ::,L                     -#               I                    ~                                              ~
                 t.      ,
                       eel
                      Om
                                      ro      e                 o
                                                                G
                                                                                Da          •            '--                                      ---
                                                                                                                                                    •
                                                                                                                                                                       ~

                                                                                                                                                                       Tra           •




                               •
                       la-Ia-Ia-Ia·la                                           la          -        Iii                      •




        o conjunto de    can<;oes                           acervo do Nucleo de Pesquisa                                              Barata" recolhida e transcrita
coletadas e transcritas resultou                            em Musica da FUNDARTE, com                                                pelo aluno Andre Machado,
no registro de diversas cantigas,                           vistas a uma futura publica<;8.o.                                         ilustra urn pouco da atividade
as quais passaram a integrar 0                              o exemplo a seguir, a can<;8.o "A                                         desenvolvida individualmente
                                                                                                                                      pelos alunos.


34

                             "
revista da                                                                                                                                          numero 5
                                                                                                                                            setembro de 2000
     abem

                                                             "A Barata"
                                                               Cantiga de Roda
                                                                                                    Coletada pelo aluno Andre Machado




                                               •
                                 Eu           VI           u     - ma        a   -       ra - ta    na         ca       -     re - ca   do     vo       -



                       •                                                             •
                   YO,          as     -    . sim que e-Ia              me       VIU            ba - teu                    a-sas       e     vo-
                                                       --....-
                                                   •
                                                                                                                              •

                ou. Seu          Jo - a - quim - qui - rim quim -                -       da     per - na                    tor - ta - ra - ta      -
                                                                                                                                               /-
                                                                                                                              •

                                                                                                           •
                   -       dan - yan - do     val - sa - ra - sa             -   - com a ma - n                     -       co - ta - ra - la -
                                                                                         "--"
               -"
                                                         Eu vi uma barata                       Seu Joaquim-qui-rim-quim
                       -                                na careca do vovo,                         da perna torta-ra-ta
                                                       assim que ela me viu                       danyando valsa-ra-sa
                                                        bateu asas e voou.                        com a Maricota-ra-ta.



c) Analise das canc6es: de pos-              sultado fosse uma conclusao (0                                bom material, para que fosse
se das partituras musicais, pas-             momenta da Sfntese, menciona-                                 possfvel, durante 0 mes de agos-
       a
sou-se analise, ja menciona-                 da como uma das etapas da pes-                                to - epoca em que se comemo-
da anteriormente. A canc;ao es-              quisa) quanta              a
                                                             maior inciden-                                ra em todo 0 mundo 0 mes do
colhida pelo grupo para ser ana-             cia de alguns, e a menor fre-                                 Folclore -, realizar a parte de cri-
lisada foi "A Barata", mostrada              qOencia no aparecimento de                                    ac;ao, com os registros dos fa-
anteriormente.                               outros.                                                       tos coletados pelos alunos,
                                                                                                           como sera abordado no pr6ximo
       Procurou-se analisa-Ia de                    Melodicamente, verificou-                              item, 0 da criac;ao musical.
diversos modos, bem como                     se, tambem, os intervalos mais
numa perspectiva morfol6gica,                presentes. Ainda, se havia ou                                 d) Criacao musical: a partir do
selecionando as frases e as                  nao a ocorrencia de grandes                                   registro e da analise dos dados
semi-frases musicais.                        saltos de altura, entre outros as-                            obtidos, propos-se turma que,      a
                                             pectos. Apontou-se uma serie de                               em duplas, grupos, ou mesmo
       Nesta analise, pode-se                possibilidades harmonicas, com                                individual mente, escolhessem
                                             vistas ao posterior trabalho de                               algo, dentre 0 seu material pes-
constatar que as caracterfsticas
                                                                                                           quisado neste projeto, e elabo-
inerentes  a  canc;ao folcl6rica             criac;ao musical, intenc;ao de
                                                                                                           rassem uma criac;ao musical.
brasileira se apresentam, tam-               continuidade deste projeto.
                                                                                                           Isto poderia ser feito usando,
bem, na regiao de Montenegro -                                                                             apenas, algum dos componen- .
como ja se comentou anterior-                       Desde 0 infcio da Coleta
                                                                                                           tes musicais coletados, como um
mente. Via de regra, a estrutura             de Dados, ate 0 final dos Regis-
                                                                                                           ritmo especffico, uma linha me-
binaria das frases e das semi-               tros, da Analise e da Sfntese,                                16dica, ou mesmo uma canc;ao
frases foi uma constante, for-               passaram-se cerca de cinco                                    na sua totalidade, harmonizan-
mando canc;6es igualmente bi-                meses, ou seja, isto estava pron-                             do-a com outros instrumentos
               a
narias, quanta forma musical.                to no infcio de agosto de 1999.                               musicais. Enfim, algo do folclo-
Em se tratando da analise rftmi-                                                                           re, e 0 restante elaborado ao
ca, foram selecionados os ritmos                   Certamente que esta data                                "sabor" de sua criatividade. Far-
que mais se apresentavam nas                 nao foi uma mera coincidencia.                                se-ia um aproveitamento artfsti-
canc;6es, fazendo com que 0 re-              Na verdade, objetivava-se ter um                              co do folclore. Ao se propor esta


                                                                                                                                                            35
numero 5                                                                                                                                                    revistada
setembro de 2000
                                                                                                                                                     abem

tarefa, procurou-serealizar algu-                             Aqui, cabe uma parada para ou-                                participar, e tudo com entrada
mas abordagens sobre criagoes                                 tra explicagao.                                               franca. Foi muito interessante e
de compositores que tambem ti-                                                                                              uma importante experiencia edu-
nham utilizado elementos da sua                                      Todos os anos, no final do                             cativa para os alunos, que, acos-
cultura como fonte de inspira-                                mes de agosto, a FUNDARTE                                     tumados a executarem obras de
gao. Assim, Villa-Lobos foi bas-                              realiza a "Semana do Folclore"6.                              outros compositores, agora "de-
tante escutado e estudado, a fim                              Este evento caracteriza-se por                                fendiam" a sua pr6pria elabora-
de elucidar a tarefa e, de certa                              ser a culminancia do projeto                                  gao. Ficou, assim, bastante evi-
maneira, comprovar a importan-                                "Resgatando 0 Folclore", inicia-                              dente que a "aprendizagem
cia da utilizagao do folclore como                            do todos os anos por volta do                                 acontece quando 0 aluno esta
um componente de estfmulo cri-                                mes de margo. No ultimo dia da                                envolvido ativamente de uma
ativo. Alem de Villa-Lobos, ou-                               Semana do Folclore, sempre na                                 maneira pessoal" (Oliveira,
tros compositores foram lembra-                               sexta-feira, acontece uma festa,                              1993, p. 43).
dos pelos pr6prios alunos, bem                                de carater comemorativo, em
como artistas de outras areas                                 alusao ao dia do Folclore (fes-                                      Com relagao aos projetos,
das artes, como a pintura e a                                 tejado no dia 22 de agosto, em                                tanto da turma de Elementos da,
escultura, entre outras.                                      todo 0 mundo), e que engaja os '                              Linguagem Musical, quanta do
                                                              profissionais de todas as areas                               resgate do Folclore, pode~se fi-
          o
          resultado das produ-                                da instituigao (Musica, Teatro,                               nalizar a analise dizendo que as
goes foi muito interessante, con-                             Artes Visuais e Danga). Na fes-                               atividades foram muito produti-
siderando-se que 0 nfvel dos                                  ta, alem das diversas atragoes                                vas e empolgantes. 0 que ocor-
alunos do curso nao era tao                                   ja presentes ao longo da sema-                                reu esteve, sempre, contextua-
avangado para as produgoes                                    na - como exposigoes de foto-                                 lizado, nao sendo uma mera jun-
que surgiram. Vale salientar que                              grafias, contendo registros do                                gao de atividades, tampouco
nao se desenvolveu esta pro-                                  folclore local, regional e nacio-                             amostragens para 0 publico.
posta em uma universidade, mas                                nal, reprodugoes de obras de                                  Foram atividades musicais que
no ensino medio.                                              arte com aproveitamento folcl6-                               colaboraram para a manutengao
                                                              rico, decoragao baseada no ar-                                da cultura (Maffioletti, 1993, p.
          o resultado foi marcante,                           tesanato folcl6rico -, sao orga-                              26). Foi algo que partiu da reali-
pois os alunos estavam traba-                                 nizadas oficinas diversas e apre-                             dade do grupo, fruto de um an-
Ihando com a sua propria reali-                               sentagoes musicais de professo-                               seio de conhecimento, resgate
dade, intensificando significati-                             res e alunos, cujo m'aterial inclua
                                                                                              "
                                                                                                                            e valorizagao cultural. Por isso
vamente 0 nfvel de "interagao                                 os aspectos do folclbre e/ou 0                                tudo, foi muito significativo.
entre educador-educando-obje-                                 aproveitamento de fatos folcl6-
                                                               •
to de conhecimento-realidade".                                ncos.                                                                 No infcio deste artigo, par"
A proposta de trabalho apresen-                                                                                             tiu-se da afirmagao acerca da
tou-se significativa, com uma                                        Em fungao de toda a pro-                               grande importancia da realiza~
"vinculagao ativa do sujeito aos                              posta da Semana do Folclore,                                  gao de projetos de resgate cul-
objetos de conhecimento (...) e                               verificou-se a pertinencia de                                 tural em sala de aula, ao mes-
a consequente construgao dos                                  apresentar as criagoes desta tur-                             mo tempo em que se admitiu que
mesmos no sujeito". Buscou-se                                 ma em um dos momentos musi-                                   h8. dificuldades no desenvolvi-
um "conhecimento vinculado as                                 cais. Propos-se aos alunos que                                mento dos mesmos.
necessidades, interesses e pro-                               organizassem esta mostra, se-
blemas oriundos da realidade do                               lecionando as criagoes que, se-                                     Contudo, espera-seque,
educando e da realidade social                                riam utilizadas, bem como fazen-                              com esta breve exposigao do tra-
mais am pia" (Vasconcellos,                                   do ensaios coletivos.                                         balho realizado, seja possfvel
1994, p. 22, 51, 52).                                                                                                       vislumbrar possibilidades de
                                                                    Na mostra musical orga-                                 efetivar algumas praticas de
       Por volta da metade de                                 nizada, foram apresentados os                                 pesquisa que, constantes e en-'
agosto, estava finalizada esta                                resultados das criagoes para                                  gajadas, sejam elementos pro-
ultima etapa. Partiu-se, por con-                             professores, alunos, pais, funci-                             pulsores do aprendizado, e nao
seguinte, para a realizagao dos                               onarios e demais membros da                                   somente atividades organizadas
     •
ensalos.                                                      comunidade que desejassem                                     em fungao da proximidade de co-

 6 A Carta do Folclore Braslleiro recomenda, ainda no mesma capitulo (III), que deve se "orientar a rede escolarpara que as datas relativas ao Folclore e Cultura sejam comemoradas
 como urn conjunto de tematicas que devem constar de conteudos de varias disciplinas, pois figuram expressoes em diferentes linguagens - a da palavra, ada musica, a do corpo
 - bern como tscnicas, cuja pratica implica acumulagao e transmissao de saberes e conhecimentos hoje sistematizados pelas Ciencias. Instruir professores para que motivem seus'
 alunos, em tais datas, a estudar manifestagoes do seu proprio universo cultural".

36
                                                                                                                                                                                      -
revista da                                                                                                                   numero 5
                                                                                                                     setembro de 2000
        abem

 memoragoes de datas festivas,                   "Nao ha ensino sem pesquisa e                     bem, de se perder a objetivida-
 relacionadas ao folclore e cul-  a              pesquisa sem ensino. Esses                        de e a clareza do projeto.
 tura em geral. A constancia e                   que-fazeres se encontram um no
 algo fundamental no ensino, pois                corpo do outro. Enquanto ensi-                            Que 0 Folclore, em todo
 se isto nao ocorrer, sem duvida                 no continuo buscando, reprocu-                    o seu sentir, pensar, agir e rea-
 os alunos perceberao que se                     rando. Ensino porque busco,                       gir, esteJa constantemente per-
 esta forgando, e os objetivos, de               porque indaguei, porque indago                    meando os planejamentos dos
 extrema relevancia, estarao per-                e me indago. Pesquiso para                        professores em sala de aula,
 didos. Nao se alcangara 0 co-                   constatar, constatando, interve-                  para que se possa, realmente,
 nhecimento e, muito menos, a                    nho, intervindo educo e me edu-                   alcangar um aprendizado base-
                                                                                                   ado na construgao do conheci-
 valorizagao das tradigoes, do                   co. Pesquiso para conhecer 0
                                                                                                   mento, fundamentado pela rea-
 folclore e da cultura.                          que ainda nao conhego e comu-
                                                                                                   lidade e identidade social do
                                                 nicar ou anunciar a novidade"
                                                                                                   educando. Assim, 0 ensino nao
       Como consideragoes fi-                    (Freire, 1999, p. 32). Desta ma-                  sera uma mera transferencia de
 nais, ainda e pertinente dizer                  neira, 0 estudo inicial do docen-                 conhecimentos, mas uma cons-
 que, para um projeto desta na-                                          a
                                                 te, .que antecede propria pro-                    tante criagao de possibilidades
 tureza ser bem desenvolvido, 0                  posta de resgate com os alunos,                   para a sua pr6pria produgao ou
 professor deve estar preparado.                 e imprescindfvel, sob pena , tam-                 construgao (Freire, 1999, p. 52).




 Referencias Bibliograficas

 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessarios a pratica educativa. Sao Paulo, Paz e Terra, 1999.

 LAMAS, Dulce Martinq.   -1 musica . de tradir;fio oral (folcI6rica) no Brasil. Rio de Janeiro, D. M. Lamas, 1992.
                                    ,


  MAFFIOLETTI, Le'da. de A. Educar;fio musical. Porto Alegre, .Secretaria Municipal de Educac;:ao/Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
. 1993.

, OLIVEIRA, Aida. Fundamentos da educac;:ao musical. Fundamentos da Educar;fio Musical, vol. 1, p. 26-46, maio/1993.

 VASCONCELLOS, Celso dos S, Construr;fio do conhecimento em sala de aula. Sao Paulo, Libertad, 1994.




                                                                                                                                    37
numero 5            revista da
setembro de 2000
                   abem




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  • 1. revista da numero 5 setembro de 2000 abem , resen a alzes • u turais na uca uSlca Cristina Rolim Wolffenbuttel Resumo: Este artigo descreve um projeto de resgate das rafzes musicais, desenvolvido junto aos alunos da disciplina de Elementos da Linguagem Musical (E.L.M.), do Curso Basico em Educagao Musical da FUNDARTE (Fundagao Municipal de Artes de Montenegro). A proposta do projeto fundamentou-se nos objetivos especfficos do setor da Musica, os quais fundamentam a educagao musical na FUNDARTE, a saber, "sensibilizar 0 aluno para, atraves do desenvolvimento progressivo da percepgao e expressao sonora, chegar ao conhecimento da linguagem musical e apreciagao da obra de arte, dotado de senso crftico e autonomia". Alem disso, "desenvolver no aluno as habilidades de EXECUTAR, CRIAR e APRECIAR esteticamente a Musica, tendo por base 0 conhecimento progressivo da Iinguagem musical".Os alunos fizeram entrevistas em seus lares, registrando cantigas que os familiares conheciam de sua infancia.Tudo foi registrado, analisaqo e utilizado para um momento de criagao musical. Houve tambem a divulgagao na FUNOA,RiE, durante as comemoragoes do mes do Folclore, em agosto. - '" ' . Para algumas pessoas, No entanto, em muitas da identidade culturaP , desmis- bern como professores, a sala de ocasioes, a sala de aula de uma tifica a pesquisa, atraves do co- aula parece, em princfpio, urn escola regular, ou mesmo de urn nhecimento dos principais pas- lugar onde dificilmente se pode curso de musica, e urn local ex- sos que dela fazem parte, e isto desenvolver urn projeto de res- tremamente interessante e pro- tudo de urn modo prazeroso e gate cultural, de busca das tra- dutivo para esta atividade, pois muito interessante. digoes e das manifestagoes fol- e urn espago de grande valor, Este artigo propoe-se a cl6ricas de uma determinada que contem uma grande rique- discorrer sobre a presenga do comunidade ou regiao. Alem dis- za de experiencias advindas da folclore na sala de aula, em urn so, tampouco e urn lugar onde "bagagem cultural" dos varios curso de Musica. Procurar-se-a possa ocorrer a busca das rai- alunos ali presentes. Somando- descrever 0 projeto de resgate zes culturais da comunidade, se a isso, oportuniza a realiza- das raizes musicais, desenvol- a devido grande dificuldade de gao de pesquisas, de investiga- vido junto aos alunos da disci- se trabalhar estes aspectos com goes, nas quais 0 proprio aluno plina de Elementos da Lingua- urn grupo de alunos. Talvez, em faz seus registros, analisa e con- gem Musical, do Curso Sasico urn curso universitario, sim, isso clui a respeito. Enfim, alem de de Educagao Musical da FUN- seja possive!! viabilizar 0 resgate das origens, DARTE (Fundagao Municipal de , "A questao da identidade cUltural, de que fazem parte a dimensao individual e a da classe dos educandos cUjo respe~o e absolutamente fundamental na pratica educativa e progressista, problema que nao pode ser desprezado." (Freire, 1999, p. 46) 31
  • 2. numero 5 revista da setembro de 2000 abem Artes de Montenegro). Para au- cerca de 30 anos, e oferece a 10caP. Com esta inclusao, pro- xiliar na contextualiza<;ao do tra- comunidade varios cursos nas curou-se observar as etapas de balho, e importante mencionar a areas das artes, incluindo as uma pesquisa, percorrendo al- faixa etMa dos alunos partici- Artes Visuais, a Dan<;a, a Musi- gumas bem especfficas. Assim, pantes, tendo predominado a ca e 0 Teatro. A Musica, inseri- Coleta de Dados, Analise e Sfn- media dos 14 anos de idade, da no Setor de Educa<;ao Musi- tese foram momentos de gran- aproximadamente. cal, conta com um ample currf- de importancia para 0 alcance culo, incluindo disciplinas de dos objetivos, sendo que se con- A proposta do projeto fun- carater mais te6rico (apesar da seguiu uma boa qualidade, damentou-se nos objetivos es- praticidade necessaria a qual- quando da finaliza<;ao. pecfficos do setor da Musica, os quer trabalho educacional), quais fundamentam a educa<;ao como Aprecia<;M Musical, Har- A Coleta de Dados, etapa musical na FUNDARTE. Neste monia, Elementos da Linguagem inicial, foi realizada do seguinte sentido, vale especificar que Musical, entre outras. Alem des- modo. Os alunos de E.L.M. de- pretende-se "sensibilizar 0 alu- tas, 0 aspecto mais pratico esta veriam fazer uma pesquisa jun- no para, atraves do desenvolvi- vinculado ao estudo de um ins- to a sua famflia. Esta pesquisa mento progressivo da percep<;ao trumento musical, cujas modali- constaria de questionamentos e expressao sonora,· chegar ao dades abrangem cordas, sopros aos familiares sobre as can<;oes conhecimento da Iinguagem e percussao. A natureza deste que eles recordavam, alem da musical e aprecia<;ao da obra de artigo Iiga-se mais diretamente, inclusao de alguns dados pes- arte, dotado de senso crftico e como foi previamente menciona- soais, como 0 local e a idade de autonomia". Alem disso, tem-se do, a disciplina de Elementos da nascimento, a residemcia, etc. como meta geral: Linguagem Musical (E.L.M.). Alem disto, os alunos solicitari- Nela, 0 objetivo vincula-se a al- am informa<;oes pertinentes as ... "desenvolver no aluno as ha- fabetiza<;ao musical e ao seu can<;oes entoadas pela familia, bilidades de EXECUTAR, CRIAR e aprimoramento, apresentando tais como: "Com quem aprendeu APRECIAR esteticamente a Musica, ten- diversos nfveis, os quais sao a can<;ao?", "Em quais momen- do por base 0 conhecimento progressivo da linguagem musical. Desta forma, 0 denominados de m6dulos (es- tos eram cantadas?". Enfim, per- educando estara alimentando sua inteli- tendendo-se do M6dulo Inicial guntas que complementassem a gencia, memoria e atenyao, ampliando ate 0 M6dulo Avan<;ado), desde futura analise do material e ser- seu potencial e, consequentemente, sua . a etapa anterior ao f:.~>nhecimen­ vissem de subsfdio para a pos- visao de mundo, tomando-se uma pes- soa no sentido completo. Considera-se to da Teoria MUSfGa.L- aspecto - ",.,', terior elabora<;ao da sfntese da muito importante 0 aluno, sendo ele um mais sensorial da musicaliza<;ao pesquisa. Juntamente com tudo sujeito ativo e capaz de transformayao -, ate a pratica de composi<;oes isso, deveriam registrar sonora- • na sociedade e devendo desempenhar e analises musicais. mente as informa<;oes, gravan- papeis tais como '0 ouvinte', '0 interpre- te', '0 compositor' e '0 crftico'. Alem dis- do-as em fitas cassete. so, a valorizayao do estudo, bem como 0 No infcio de 1999, na dis- estfmulo iI 'performance', sao preocupa- ciplina de E.L.M., cujos alunos Para a realiza<;ao desta yoes constantes do setor, na medida em ja se encontravam num nfvel um coleta de informa<;oes, ofereceu- que se procura, cada vez mais, a quali- dade do ensino."2 pouco mais aprimorado, os mes- se aos alunos um tempo de tres mos realizaram um vasto estu- meses, aproximadamente. Tal- , do sobre analise musical, envol- vez possa parecer estranho tan- E importante, antes de venda a fraseologia e a morfo- to tempo assim. Porem, e opor- discorrer especificamente sobre logia. Paralelamente, foram fei- tuna esclarecer que os alunos este projeto, comentar um pou- tos exercfcios de percep<;ao, que participam dos cursos na co a respeito da FUNDARTE, quando da escuta de trechos FUNDARTE - que sao opcionais situando-a melhor no trabalho e, musicais ou de musicas comple- e fora da realidade de uma es- principalmente, esclarecendo 0 tas, propondo-se a transcri<;ao cola regula~ - tem diversos ou- porque do modo de realiza<;ao para a partitura musical. Com 0 tros compromissos escolares ou do mesmo. transcorrer do trabalho, devido mesmo obriga<;oes diversas na A FUNDARTE, localizada ao interesse e ao bom aprovei- rotina de trabalho, alem dos ori: em Montenegro, a aproximada- tamento alcan<;ado pelos alunos, ginarios deste curso. 0 tempo, mente 80 quil6metros da capital a proposta foi ampliada, incluin- para eles, tambem e bastante gaucha (Porto Alegre), existe ha do 0 resgate da cultura musical exfguo. Foi necessaria, portan- 2Objetivo extraido da proposta do Setor de Educa9ao Musical. 'A Carta do Folclore Brasileiro, revisada em dezembro de 1995, no Capitulo III • Ensino e Educa9ao·, recomenda que se deve "considerar a cultura trazida do meio familiar e comunitario palo aluno no planejamento curricular, com vistas a aproximar 0 aprendizado formal e naD formal, da importancia de seus valores na forma<;:8o do indivfduo". 32
  • 3. revista da numero 5 setembro de 2000 abem to, a previsao de um prazo mai- Iheram cangoes dentre as cole- dos diante da necessidade de or, para que a tarefa fosse reali- tadas, para a realizagao do re- tomar grafico 0 registro sonoro zada a contento. Alem disso, gistro coletivo da partitura, em das cangoes. Nesta perspectiva, vale esclarecer, tambem, que linguagem musical. Este mo- indagagoes importantes para a sempre ha alguns problemas de mento foi extremamente impor- continuidade do processo foram disponibilidade de tempo por tante e, acima de tudo, prazero- realizadas, como: "Qual a tona- parte do informante, mesmo que so. Na verdade, foi a realizagao lidade da cangao?", "Quantos este seja um familiar ou uma de um trabalho de grande valor tempos existem em cada com- pessoa pr6xima ao aluno. Assim, educacional, fazendo com que passo?", "A cangao inicia na to- a fim de se conseguir uma boa as aulas se constitufssem mo- nica, ou em outro grau da esca- qualidade e, principal mente, a mentos que englobassem os co- la?", "Existem ritmos que estao satisfagao de ter um projeto bem nhecimentos acerca de, pratica- se repetindo ao longo da can- feito, foi prudente considerar mente, todos os conteudos da gao?". Enfim, muitas foram as este aspecto, destinando um Musica. Este processo envolveu questoes que auxiliaram 0 pre- tempo mais ampliado para a sua algumas etapas, ocorrendo do paro anterior da partitura musi- realizagao. seguinte modo: cal, objetivando-se 0 registro mais fiel possfvel. Com a finalizagao do re- a) Selegao das cangoes para a gistro das informagoes, quando transcrigao: como se mencionou Vale salientar que as per- os alunos ja dispunham da pes- anteriormente, foi a etapa de guntas mencionadas anterior- quisa de campo (coleta de da- escolha de uma cangao para mente foram langadas para toda dos), 0 que ocorreu por volta do cada colega, por ele mesmo ou a turma e, por este coletivo, res- final do mes de maio de 1999, pelo pr6prio grupo de alunos, pondidas, sendo que, em pou- solicitou-se que os mesmos trou- para fazer 0 registro musical. Em cos momentos, foi necessario 0 xessem para a aula tudo 0 que alguns casos, os alunos quise- auxflio da professora para se tinham conseguido gravar em ram realizar a transcrigao de a chegar sua resolug8.o, pois os suas entrevistas. Foram destina- mais de uma cangao, 0 que 10- pr6prios alunos conseguiram das algumas aulas para este tra- gicamente foi atendido e, sem chegar a uma conclusao, fruto balho de Analise dos Dados, duvida, elogiado, na medida em do debate e do pensar em con- cercade dois perfodos (cada que veio a enriquecer 0 traba- junto. Ao final desta etapa, foi aula com uma duragao de 50 Iho, bem como auxiliar ainda ... .' ~" .<,', possfvel vislumbrar os primeiros minutos), a fim de fazerem a es- mais 0 aprer:ldizado individual e registros musicais, oriundos de cuta do material coletado e ini- coletivo. um resgate da cultura local. Por ciarem uma especie de analise isto mesmo, foi bastante emo- musical basica. Este momenta b) Transcrig8.o musical da can- cionante! foi interessante, pois, ja af, pu- gao: antes de registrar na parti- , deram ser verificadas algumas tura, foram feitas inumeras au- E oportuno explicar, tam- caracterfsticas presentes nas digoes, auxiliando a memoriza- Mm, que cada aluno coletou jun- cangoes, que tem semelhangas gao e estruturando melhor 0 tra- to aos seus familiares, em me- com as caracterfsticas gerais da balho escrito. Depois, algumas dia, duas ou tres cangoes. En- musica folcl6rica brasileira. Den- intervengoes por parte da pro- tao, eles ainda tinham, no mfni- tre estas particularidades, vale fessora fizeram-se necessarias, mo, uma cangao para efetuar a citar a predominancia dos com- com vistas ao infcio da transcri- transcrigao musical. Propos-se, passos binarios simples, dos inf- gao coletiva, dando um exemplo assim, um desafio individual. cios anacrusticos, das termina- do trabalho a ser realizado pos- Cada um deveria procurar fa- goes masculinas, das escalas teriormente. Este momenta ilus- zer, sozinho, 0 registro da can- tonais maiores4 , enfim, de parti- tra a constante busca, que exis- gao que havia recolhido na pes- cularidades presentes na cultu- tiu neste projeto (e continua quisa junto aos familiares, ate ra musical do Brasil, e que fo- ocorrendo em todas as agoes na como um modo de verificagao ram constatadas na pratica des- sala de aula), de levar em con- pessoal do aprendizado. Finali- ta investigagao pelos pr6prios sideragao a metodologia numa zada a elaboragao da percepgao alunos. perspectiva dialetica5 , na qual a individual dos alunos, fez-se a produgao do conhecimento ocor- verificagao coletiva de todas, Ap6s a escuta de todo 0 reu na ag8.o dos alunos, quando procurando realizar uma avalia- material sonoro, os alunos esco- estes se sentiram problematiza- gao em grupo, sendo que os alu- 4 Segundo Lamas (1992, p. 141-144). 'A esse respeito, ver Vasconcellos (1994. p. 84). 33
  • 4. numero 5 setembro de 2000 revista da abem nos podiam observar 0 trabalho o exemplo apresentado a se- transcritas coletivamente, em dos dernais colegas e opinar a guir, a can<;8.o "Olha 0 Circo", sala de aula, a fim de exemplifi- respeito, procurando contribuir recolhida pela aluna Eliana C. do car 0 trabalho individual que para a melhoria do registro es- Prado, foi uma das melodias aconteceria posteriormente. crito. "Olha 0 Circa" Reeolhido pela aluna Ellana C. do Prado e o - Iha eir co, bumI VI - va co, O~ 0 0 ----- '--"' bum! A fun - yAo vai co • me • yar 0-- .:. ----- Tres pa - Iha - ~os, bum! En - gra - ya e - dos, ..,. t tJ I!!!f -:I ~ ~ ..,. -15 bum! Bern de • pres sa vAo ene gar Fm - o pri • - ro e "-/ 0 ----------- -----=---- Di di '- Om • o sa . gun - do G o De C - de, o tar • ~ "J: ::,L -# I ~ ~ t. , eel Om ro e o G Da • '-- --- • ~ Tra • • la-Ia-Ia-Ia·la la - Iii • o conjunto de can<;oes acervo do Nucleo de Pesquisa Barata" recolhida e transcrita coletadas e transcritas resultou em Musica da FUNDARTE, com pelo aluno Andre Machado, no registro de diversas cantigas, vistas a uma futura publica<;8.o. ilustra urn pouco da atividade as quais passaram a integrar 0 o exemplo a seguir, a can<;8.o "A desenvolvida individualmente pelos alunos. 34 "
  • 5. revista da numero 5 setembro de 2000 abem "A Barata" Cantiga de Roda Coletada pelo aluno Andre Machado • Eu VI u - ma a - ra - ta na ca - re - ca do vo - • • YO, as - . sim que e-Ia me VIU ba - teu a-sas e vo- --....- • • ou. Seu Jo - a - quim - qui - rim quim - - da per - na tor - ta - ra - ta - /- • • - dan - yan - do val - sa - ra - sa - - com a ma - n - co - ta - ra - la - "--" -" Eu vi uma barata Seu Joaquim-qui-rim-quim - na careca do vovo, da perna torta-ra-ta assim que ela me viu danyando valsa-ra-sa bateu asas e voou. com a Maricota-ra-ta. c) Analise das canc6es: de pos- sultado fosse uma conclusao (0 bom material, para que fosse se das partituras musicais, pas- momenta da Sfntese, menciona- possfvel, durante 0 mes de agos- a sou-se analise, ja menciona- da como uma das etapas da pes- to - epoca em que se comemo- da anteriormente. A canc;ao es- quisa) quanta a maior inciden- ra em todo 0 mundo 0 mes do colhida pelo grupo para ser ana- cia de alguns, e a menor fre- Folclore -, realizar a parte de cri- lisada foi "A Barata", mostrada qOencia no aparecimento de ac;ao, com os registros dos fa- anteriormente. outros. tos coletados pelos alunos, como sera abordado no pr6ximo Procurou-se analisa-Ia de Melodicamente, verificou- item, 0 da criac;ao musical. diversos modos, bem como se, tambem, os intervalos mais numa perspectiva morfol6gica, presentes. Ainda, se havia ou d) Criacao musical: a partir do selecionando as frases e as nao a ocorrencia de grandes registro e da analise dos dados semi-frases musicais. saltos de altura, entre outros as- obtidos, propos-se turma que, a pectos. Apontou-se uma serie de em duplas, grupos, ou mesmo Nesta analise, pode-se possibilidades harmonicas, com individual mente, escolhessem vistas ao posterior trabalho de algo, dentre 0 seu material pes- constatar que as caracterfsticas quisado neste projeto, e elabo- inerentes a canc;ao folcl6rica criac;ao musical, intenc;ao de rassem uma criac;ao musical. brasileira se apresentam, tam- continuidade deste projeto. Isto poderia ser feito usando, bem, na regiao de Montenegro - apenas, algum dos componen- . como ja se comentou anterior- Desde 0 infcio da Coleta tes musicais coletados, como um mente. Via de regra, a estrutura de Dados, ate 0 final dos Regis- ritmo especffico, uma linha me- binaria das frases e das semi- tros, da Analise e da Sfntese, 16dica, ou mesmo uma canc;ao frases foi uma constante, for- passaram-se cerca de cinco na sua totalidade, harmonizan- mando canc;6es igualmente bi- meses, ou seja, isto estava pron- do-a com outros instrumentos a narias, quanta forma musical. to no infcio de agosto de 1999. musicais. Enfim, algo do folclo- Em se tratando da analise rftmi- re, e 0 restante elaborado ao ca, foram selecionados os ritmos Certamente que esta data "sabor" de sua criatividade. Far- que mais se apresentavam nas nao foi uma mera coincidencia. se-ia um aproveitamento artfsti- canc;6es, fazendo com que 0 re- Na verdade, objetivava-se ter um co do folclore. Ao se propor esta 35
  • 6. numero 5 revistada setembro de 2000 abem tarefa, procurou-serealizar algu- Aqui, cabe uma parada para ou- participar, e tudo com entrada mas abordagens sobre criagoes tra explicagao. franca. Foi muito interessante e de compositores que tambem ti- uma importante experiencia edu- nham utilizado elementos da sua Todos os anos, no final do cativa para os alunos, que, acos- cultura como fonte de inspira- mes de agosto, a FUNDARTE tumados a executarem obras de gao. Assim, Villa-Lobos foi bas- realiza a "Semana do Folclore"6. outros compositores, agora "de- tante escutado e estudado, a fim Este evento caracteriza-se por fendiam" a sua pr6pria elabora- de elucidar a tarefa e, de certa ser a culminancia do projeto gao. Ficou, assim, bastante evi- maneira, comprovar a importan- "Resgatando 0 Folclore", inicia- dente que a "aprendizagem cia da utilizagao do folclore como do todos os anos por volta do acontece quando 0 aluno esta um componente de estfmulo cri- mes de margo. No ultimo dia da envolvido ativamente de uma ativo. Alem de Villa-Lobos, ou- Semana do Folclore, sempre na maneira pessoal" (Oliveira, tros compositores foram lembra- sexta-feira, acontece uma festa, 1993, p. 43). dos pelos pr6prios alunos, bem de carater comemorativo, em como artistas de outras areas alusao ao dia do Folclore (fes- Com relagao aos projetos, das artes, como a pintura e a tejado no dia 22 de agosto, em tanto da turma de Elementos da, escultura, entre outras. todo 0 mundo), e que engaja os ' Linguagem Musical, quanta do profissionais de todas as areas resgate do Folclore, pode~se fi- o resultado das produ- da instituigao (Musica, Teatro, nalizar a analise dizendo que as goes foi muito interessante, con- Artes Visuais e Danga). Na fes- atividades foram muito produti- siderando-se que 0 nfvel dos ta, alem das diversas atragoes vas e empolgantes. 0 que ocor- alunos do curso nao era tao ja presentes ao longo da sema- reu esteve, sempre, contextua- avangado para as produgoes na - como exposigoes de foto- lizado, nao sendo uma mera jun- que surgiram. Vale salientar que grafias, contendo registros do gao de atividades, tampouco nao se desenvolveu esta pro- folclore local, regional e nacio- amostragens para 0 publico. posta em uma universidade, mas nal, reprodugoes de obras de Foram atividades musicais que no ensino medio. arte com aproveitamento folcl6- colaboraram para a manutengao rico, decoragao baseada no ar- da cultura (Maffioletti, 1993, p. o resultado foi marcante, tesanato folcl6rico -, sao orga- 26). Foi algo que partiu da reali- pois os alunos estavam traba- nizadas oficinas diversas e apre- dade do grupo, fruto de um an- Ihando com a sua propria reali- sentagoes musicais de professo- seio de conhecimento, resgate dade, intensificando significati- res e alunos, cujo m'aterial inclua " e valorizagao cultural. Por isso vamente 0 nfvel de "interagao os aspectos do folclbre e/ou 0 tudo, foi muito significativo. entre educador-educando-obje- aproveitamento de fatos folcl6- • to de conhecimento-realidade". ncos. No infcio deste artigo, par" A proposta de trabalho apresen- tiu-se da afirmagao acerca da tou-se significativa, com uma Em fungao de toda a pro- grande importancia da realiza~ "vinculagao ativa do sujeito aos posta da Semana do Folclore, gao de projetos de resgate cul- objetos de conhecimento (...) e verificou-se a pertinencia de tural em sala de aula, ao mes- a consequente construgao dos apresentar as criagoes desta tur- mo tempo em que se admitiu que mesmos no sujeito". Buscou-se ma em um dos momentos musi- h8. dificuldades no desenvolvi- um "conhecimento vinculado as cais. Propos-se aos alunos que mento dos mesmos. necessidades, interesses e pro- organizassem esta mostra, se- blemas oriundos da realidade do lecionando as criagoes que, se- Contudo, espera-seque, educando e da realidade social riam utilizadas, bem como fazen- com esta breve exposigao do tra- mais am pia" (Vasconcellos, do ensaios coletivos. balho realizado, seja possfvel 1994, p. 22, 51, 52). vislumbrar possibilidades de Na mostra musical orga- efetivar algumas praticas de Por volta da metade de nizada, foram apresentados os pesquisa que, constantes e en-' agosto, estava finalizada esta resultados das criagoes para gajadas, sejam elementos pro- ultima etapa. Partiu-se, por con- professores, alunos, pais, funci- pulsores do aprendizado, e nao seguinte, para a realizagao dos onarios e demais membros da somente atividades organizadas • ensalos. comunidade que desejassem em fungao da proximidade de co- 6 A Carta do Folclore Braslleiro recomenda, ainda no mesma capitulo (III), que deve se "orientar a rede escolarpara que as datas relativas ao Folclore e Cultura sejam comemoradas como urn conjunto de tematicas que devem constar de conteudos de varias disciplinas, pois figuram expressoes em diferentes linguagens - a da palavra, ada musica, a do corpo - bern como tscnicas, cuja pratica implica acumulagao e transmissao de saberes e conhecimentos hoje sistematizados pelas Ciencias. Instruir professores para que motivem seus' alunos, em tais datas, a estudar manifestagoes do seu proprio universo cultural". 36 -
  • 7. revista da numero 5 setembro de 2000 abem memoragoes de datas festivas, "Nao ha ensino sem pesquisa e bem, de se perder a objetivida- relacionadas ao folclore e cul- a pesquisa sem ensino. Esses de e a clareza do projeto. tura em geral. A constancia e que-fazeres se encontram um no algo fundamental no ensino, pois corpo do outro. Enquanto ensi- Que 0 Folclore, em todo se isto nao ocorrer, sem duvida no continuo buscando, reprocu- o seu sentir, pensar, agir e rea- os alunos perceberao que se rando. Ensino porque busco, gir, esteJa constantemente per- esta forgando, e os objetivos, de porque indaguei, porque indago meando os planejamentos dos extrema relevancia, estarao per- e me indago. Pesquiso para professores em sala de aula, didos. Nao se alcangara 0 co- constatar, constatando, interve- para que se possa, realmente, nhecimento e, muito menos, a nho, intervindo educo e me edu- alcangar um aprendizado base- ado na construgao do conheci- valorizagao das tradigoes, do co. Pesquiso para conhecer 0 mento, fundamentado pela rea- folclore e da cultura. que ainda nao conhego e comu- lidade e identidade social do nicar ou anunciar a novidade" educando. Assim, 0 ensino nao Como consideragoes fi- (Freire, 1999, p. 32). Desta ma- sera uma mera transferencia de nais, ainda e pertinente dizer neira, 0 estudo inicial do docen- conhecimentos, mas uma cons- que, para um projeto desta na- a te, .que antecede propria pro- tante criagao de possibilidades tureza ser bem desenvolvido, 0 posta de resgate com os alunos, para a sua pr6pria produgao ou professor deve estar preparado. e imprescindfvel, sob pena , tam- construgao (Freire, 1999, p. 52). Referencias Bibliograficas FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessarios a pratica educativa. Sao Paulo, Paz e Terra, 1999. LAMAS, Dulce Martinq. -1 musica . de tradir;fio oral (folcI6rica) no Brasil. Rio de Janeiro, D. M. Lamas, 1992. , MAFFIOLETTI, Le'da. de A. Educar;fio musical. Porto Alegre, .Secretaria Municipal de Educac;:ao/Prefeitura Municipal de Porto Alegre, . 1993. , OLIVEIRA, Aida. Fundamentos da educac;:ao musical. Fundamentos da Educar;fio Musical, vol. 1, p. 26-46, maio/1993. VASCONCELLOS, Celso dos S, Construr;fio do conhecimento em sala de aula. Sao Paulo, Libertad, 1994. 37
  • 8. numero 5 revista da setembro de 2000 abem 38