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Geraldo Medeiros de Aguiar


TEXTOS SOBRE ECONOMIA
      POLÍTICA E
  DESENVOLVIMENTO




           2008
DEDICATÓRIAS E AGRADECIMENTOS
       Agradeço e dedico estes TEXTOS a minha esposa Professora
Mauricéa Marta B. Wanderley por me motivar a escrevê-los e a meu filho
Tiago Wanderley de Aguiar que os formatou e digitou. Dedico, ainda, a
minha filha Milena (minha linda flor gentil singela), e aos meus filhos Lucas
e Eugênio que, com Marta e Tiago, são a razão de todo meu amor, carinho e
dedicação familiar.
       Externo, em especial, meus agradecimentos ao Professor Ary Avelar
Diniz, (Presidente da Mantenedora do Colégio e da Faculdade Boa
Viagem), que financiou a minha participação na Conferência das Nações
Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD XI) e ao Professor
Walter Moraes que acreditou no meu trabalho.
       Dedico estes TEXTOS aos mestres e amigos: Manuel Figueroa
Lazarte, técnico da ONU/FAO, com quem apreendi a contextualizar ou ler
a realidade, a Vantuil Barroso Filho meu ilustre contraponto em diferentes
fóruns, (na esperança de que volte a apostar na luta para o humanismo
concreto).
       Também, externo minhas homenagens ao colega e amigo Professor
George Emílio Bastos Gonçalves e Felipe Reis e aos meus ex-alunos de
Economia Política, ao meu genro Fabrício Azevedo, a minha querida sogra
Josamira B. Pontes, a minha neta Thaís e aos meus netos Andrey e Ian
Victor pelo carinho e dedicação como me recebem e acolhem.



       (Estes textos, ainda, não foram submetidos à revisão gramatical da
língua portuguesa. A redação é a coloquial do Autor. Para publicação terá
que ser revisado. No presente momento serve de apostila para os alunos do
Autor ).




                                                                           2
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO                      05

I.    VISÃO PRÉVIA                  08
       Velhos e novos paradigmas 08
       As ideologias imbricadas à economia política  20
       A divisão do trabalho e um mundo sem empregos 21
       Outros conceitos importantes                  30
       Cronologia de acontecimentos importantes no sistema mundo
capitalista                                         42

II.   CATEGORIAS BÁSICAS PARA O ENTENDIMENTO DA
      SOCIEDADE E DA ECONOMIA POLÍTICA 47
       Instância econômica – IE                    47
       Instância social – IS                       48
       Instância política – IP                     49
       Instância ideológica/psicossocial –II         50
       Sistemas mundiais                           51
       Economia política                           52
       Leis da economia política                   57
       Trabalho e alienação                        59
       Bens e mercadorias                           61
       Teoria da mais valia                        62
       O valor e suas teorias                      64
       Valor e processo de trabalho                 66
       As lógicas do valor                         69
       Capital e crédito                           73
       Empresa capitalista                          76
       Excedente econômico e acumulação de capital          78
       Renda, lucro e investimento                          81
       Comércio mundial                                    82
       A rodada de Doha da OMC. A Conferência de Hong Kong 89

III. MODELOS E SEUS USOS                          92
       Modelos de desenvolvimento econômico        93
       Modelos de desenvolvimento político        100
       Nacional capitalismo                      101
       Capitalismo de estado                     102
       Socialismo de desenvolvimento              103
       Características das realidades emergentes   104
       Uso de modelos econométricos. Uma crítica 106

                                                              3
IV. SINOPSE DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E
SUBDESENVOLVIMENTO                             112
     Teoria do circulo vicioso                  112
     Teoria do dualismo econômico               114
     Teoria do grande incentivo                 115
     Teoria do crescimento equilibrado          115
     Teoria do crescimento não-equilibrado       116
     Teoria da transição do arranco para o autodesenvolvimento 117
     Teoria da economia periférica ou exportadora dependente    118
     Teoria do subdesenvolvimento                              122
     Teoria do desenvolvimento sustentável                     124

V.  AS     ESTRUTURAS          ECONÔMICAS        DAS     REGIÕES
SUBDESENVOLVIDAS                        137
     A configuração estrutural          137
     A dinâmica do subdesenvolvimento   145
     As condições do subdesenvolvimento  149

VI.  IDÉIAS PARA           UM     MODELO       AUTÔNOMO         DE
DESENVOLVIMENTO                        157

VII.   DESENVOLVIMENTO/SUBDESENVOLVIMENTO                     UMA
DESCONSTRUÇÃO DE EDGAR MORIN   179

BIBLIOGRAFIA                             184

O AUTOR                                  193




                                                                 4
APRESENTAÇÃO
        Os presentes Textos sobre economia política e desenvolvimento
destinam-se aos alunos do autor e leitores diversos. Os Textos, em epígrafe,
servem, também, de complemento aos outros trabalhos do autor, voltados para
palestras e cursos, intitulados:

        a) Notas sobre metodologia de pesquisa científica. Recife, 2001. 90 p.
        b) Temas sobre epistemologia e ecologia. Recife, 2002. 68 p.
        c) Política includente de recursos humanos de base local. Recife,
2008. 130 p. (no prelo)
        d) Leituras sobre planejamento estratégico. Recife. 2003. 108 p.
        e) Agenda 21 e desenvolvimento sustentável. (Caminhos e desvios).
Recife. Livro Rápido. 2004. 109 p. (2ª edição no prelo)
        f) Organizações em rede. O que são como funcionam? Recife, 2006.
150 p. (no prelo).
        g) Anotações sobre a análise da realidade brasileira contemporânea.
Recife 2007. 135 p.

        Os dois primeiros trabalhos são em co-autoria com a Professora
Mauricéa Marta Bezerra Wanderley que também motivou a elaboração dos
outros ensaios, acima citados, e estes Textos sobre economia e
desenvolvimento.
        A proposição do autor é dotar seus leitores, universitários ou não, de
uma consciência crítica abrangente inserta em paradigmas não-cartesianos. Para
tanto, busca introduzir nos Textos os elementos básicos da teoria da
complexidade a partir de uma visão sistêmica, dialética e transdisciplinar.
        A metodologia utilizada foi a de consultas bibliográficas, de indução,
participação na UNCTAD XI (com patrocínio da Faculdade Boa Viagem) e
contextualização de sua experiência profissional.
        A técnica ou plano de trabalho foi voltado para as palestras, ementas e
programas pedagógicos das disciplinas dos cursos das organizações de ensino
onde o autor atua.
        Os conteúdos, apresentados de forma sinótica, servem de ajuda de
memória para contextualizações tanto em conferências quanto em salas de aulas
e em oficinas de trabalho, a partir de uma visão crítica abrangente com
destaques para:

        a) Teoria da complexidade com vistas a motivar os leitores à inter e
transdisciplinaridade com os novos paradigmas da visão sistêmica ou holística
da realidade


                                                                             5
b) Análise, de forma sinótica, e em tópicos dos assuntos julgados
essenciais com vistas a seus desdobramentos, contextualizações e conexões
realizadas em salas de aula, em conferências e palestras
        c) Síntese a partir das respostas e doações de sentido às ementas e
conteúdos pedagógicos e andragógicos das disciplinas que leciona
        d) Formação de base de conhecimento para seus alunos, leitores e
ouvintes.

         Como foi dito os Textos, agora, estão imbricados aos demais trabalhos,
acima citados, em co-autoria ou não com a Professora Marta Wanderley. Fica
claro, portanto, que seus leitores e, principalmente, seus alunos tomam
conhecimento do que se explicitou naqueles ensaios. Essa é a razão de, na
leitura, apresentarem-se repetições dos assuntos tratados em outros ensaios de
forma modificada ou não.
          Os Textos estão divididos em sete partes: a primeira, voltada para uma
visão prévia de paradigmas, a segunda, converge para os fundamentos
conceituais das categorias de análise da sociedade e da economia política suas
principais escolas e categorias de análises; a terceira estuda modelos
econômicos e políticos e seus usos, a quarta diz respeito às principais teorias do
desenvolvimento e do subdesenvolvimento, a quinta, visualiza as estruturas
econômicas das regiões subdesenvolvidas a sexta, volta-se aos fundamentos
para um modelo autônomo de desenvolvimento sustentável ( revisada do
livro Agenda 21 e desenvolvimento sustentável) e a sétima trata da
desconstrução do desenvolvimento/subdesenvolvimento segundo Morin.

        O autor no que pese ter feito sua graduação universitária e seu mestrado
na já fragmentada, República Socialista da Tchecoslováquia, hoje, República
Tcheca e República da Eslováquia. Ali, estudou, com certa profundidade, o
marxismo e participou da Primavera de Praga (movimento importante para a
Revolução Mundial de 1968). Deseja explicitar, ao leitor, que não vê e muito
menos aceita o marxismo como doutrina ou dogma, mas sim como uma visão,
método, concepção e contextualização dos entes humanos em sociedade, nos
diferentes modos de produção que não foram e não são realidades estáticas. O
marxismo, no seu entender, recria-se no fluir das mudanças e mutações da
história da humanidade. Continua a ser “a filosofia da ação transformadora do
mundo” ou um “método inacabado para as ciências sociais” mesmo fora do
contexto histórico em que surgiu, emergiu e fortaleceu-se, como parte ou
contribuição, às ciências humanas cujo objetivo é adquirir conhecimento sobre
a realidade, a sociedade e o mundo histórico. Como filosofia é ciência pura, isto
é, foge do pragmatismo do controle dos seres humanos sobre a natureza para
analisar o metabolismo do capital em seu processo incessante de acumulação.


                                                                                6
O autor considera e conceitua a economia política, como padrão em
rede de relações de trabalho e de relações sociais de produção com a
natureza. Seu objeto é tão complexo ou similar à própria vida que se autorecria.
As suas relações implicam em perspectivas:
         > De processo, como mudanças autocriativas ou autodeterminadas das
ações induzidas a partir da ação comunicativa humana que se dão nas relações
de produção e circulação dos bens econômicos pelo conhecimento reflexivo e
pelo metabolismo do capital
        > De forma, como ação estratégica dos relacionamentos humanos com a
natureza ou biosfera
        > De matéria, como ação instrumental de fabricação de instrumentos e
meios de trabalho que se dão e se realizam nos processos de trabalho e de
produção no mundo concreto
        > De sentido ou significado, como apreensão e entendimento das coisas,
dos fenômenos e do metabolismo do capital.
         A economia política sintetiza todas essas perspectivas ou padrões da
vida na terra com o objetivo de atender ilimitadas necessidades humanas com
vistas a um cenário de antropolítica.
         O autor solicita dos seus leitores, críticas aos Textos pelo correio
eletrônico gmaguiar@yahoo.com.br




                                                                              7
I.    VISÃO PRÉVIA

          O propósito dessa visão prévia é situar o leitor no sistema mundo
capitalista a partir da queda de paradigmas ao tempo que lhe apresenta conceitos
e teorias insertas na realidade contemporânea em um contexto que se
convencionou chamar de globalização. Essa visão prévia, sem dúvida, é um
requisito para a formação de uma base de conhecimento a título de intróito.

        Velhos e novos paradigmas

        O objetivo aqui é situar o ledor no paradigma cartesiano, (reducionista,
mecanicista e determinista) e seu processo de superação por um novo
paradigma que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico. Para
tanto, em termos sinóticos, busca-se a historicidade da visão do mundo pelos
entes humanos e radical mudança do pensamento linear para o pensar complexo.
        Grosso modo pode afirmar-se que até os anos dos grandes
descobrimentos ou invasões (1492 a 1500) a visão do mundo era orgânica, isto
é, se vivenciava a natureza pela interdependência dos fenômenos naturais e
espirituais em termos de relações orgânicas, onde prevalecia a subordinação
das necessidades individuais às da comunidade. A Igreja fundamentada na
filosofia de Aristóteles e na Teologia de Tomás de Aquino estabeleceu a
estrutura conceitual do conhecimento durante toda a chamada Idade Média.
Aquela visão tinha por finalidade apenas o significado das coisas e não exercia
quaisquer predições ou controles dos fenômenos naturais. Seu foco era as
questões teístas voltadas para a alma humana e a moral.
        Outrossim, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica Romana, nasce
e cresce o hedonista Francis Bacon ferrenho crítico de Aristóteles, Platão,
escolásticos e alquimistas e reformula, por completo, a indução aristotélica
dando a mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira Bacon, em
contraponto ao “Organon” aristotélico, expõe em sua obra “Novum organum”
um novo método de investigação da natureza a partir das “Tábuas da
investigação” que bem caracteriza a sua teoria da indução e seu empirismo.
        Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida” em cuja utopia a
ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou atividade contemplativa para se
transformar em um cotidiano de árdua luta com a natureza.
        A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica do mundo.
Coloca o conhecimento em um novo plano científico cuja divisa máxima foi
“saber é poder”, princípio este que lhe permitiu construir um vasto, eficaz e
virtuoso sistema de idéias para o seu método do empírico de buscar a verdade
mesmo violentando a natureza.
        Em pleno processo da acumulação primitiva do capital e do capitalismo
mercantil ou renascimento surge no, continente europeu, um grande pensador,
                                                                              8
René Descartes (Cartesius), que revoluciona o mundo do pensamento e da
ciência com a criação do método cartesiano com base na metafísica e na
mecânica. Seu método leva a laicização do saber, isto é, a universalização do
conhecimento. Ao desenvolver o princípio da causalidade Descartes, anuncia o
advento de um mundo racional e positivo sobre o qual o ente humano proclama
seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Na tentativa de organizar o
mundo em um domínio da natureza Descartes, tenta integrá-la em um universo
de máquinas que fundamenta a idéia cartesiana. Dessa forma, Descartes
desenvolve o tema da empresa inflectida na caça ao lucro e a mecanização das
relações humanas e da natureza fundamentando a forma de pensar cartesiana.
O seu “penso logo existo” remete o pensar filósofo a uma ordem natural
inerente à progressão do conhecimento, agora, alicerçado na matemática e na
geometria cartesiana, ou seja, só se considera verdadeiro o que for evidente e
intuitível com clareza e precisão. Sua filosofia racional proclama a
universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana se explicita na máquina
capaz de produzir todos os fenômenos do universo inclusive o corpo humano.
        Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes escritos:

       • Discurso do método
       • Meditações
       • Objeções e respostas
       • As paixões da alma
       • Cartas.

       Ainda, no renascimento ou iluminismo surgem dois grandes sábios
Galileu Galilei e Kepler que conceberam a idéia de lei natural em toda sua
amplitude e profundidade, sem, entretanto, ser aplicada em outros fenômenos
além do movimento dos corpos em queda livre e as órbitas dos planetas.
       A partir de 1666 vem à luz à física e a mecânica celeste de Isaac
Newton que matematiza e experimenta um método para a ciência de forma a
unir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de René
Descartes. Isaac Newton (matemático, físico, filosofo e teólogo) desenvolveu o
método matemático das flexões com o cálculo diferencial e integral. Criou a
teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idéias sobre a gravitação
universal, enunciaram as leis e princípios da física com ênfase a sistematização
da mecânica de Galileu e astronomia de Kepler. Dessa forma criou a
metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste na análise
indutiva seguida da síntese. Foi ainda criador da teoria do tempo e do espaço
absolutos.
       Vale dizer que os pensadores aqui, sinteticamente, apresentados foram os
grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista, mecanicista

                                                                              9
e determinista) das ciências e que somente a partir dos meados do século XX,
começaram a serem superados com o desenvolvimento da teoria da
relatividade e da física quântica.
        Com os pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Einstein,
Heisenberg, Planck, Bohr, Freud, Chew, Rutenford, Broglie, Schrodinger,
Pauli, Dirac, Sartre, Bell, Habermas, Prigogine, Maturana, Varela,
Bateson, Margulis, Grof, Lovelock, Capra e outros, dão-se o início da
superação dos paradigmas cartesianos por outro que pode ser chamado de
holístico, ecológico ou sistêmico que pode ser explícito pelos critérios de:

        • Mudança da parte para o todo - Tal critério, nesse novo paradigma,
objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. As partes são
vistas como um padrão em um emaranhado de relações inseparáveis em forma
de uma teia
        • Mudança de estrutura para processo - No diagnóstico e prognóstico
tentar-se-á apreender a realidade na dinâmica da teia, isto é, as estruturas serão
vistas como manifestação de um processo subjacente e não a partir de estruturas
fundamentais
        • Mudança da objetividade real para um enfoque epistêmico, ou seja,
a compreensão do processo de conhecimento na descrição dos fenômenos
naturais. Dessa forma a objetividade do real passa a conter uma dependência do
observador humano e do seu processo de conhecimento
        • Mudança de construção para rede como metáfora do
conhecimento. Com tal critério tenta-se fugir das chamadas leis e princípios
fundamentais para uma metáfora em rede ou reticular. Na medida em que a
realidade é percebida como uma rede de relações ou interfaces, passando as
descrições a forma de uma rede interconexa dos fenômenos observados. Dessa
maneira, o enfoque reticular ou em rede não suporta hierarquias ou alicerces
        • Mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas -
É um critério de novo paradigma que não aceita a certeza absoluta e final.
Reconhece que os conceitos, as teorias, as descobertas científicas e as inovações
tecnológicas são limitados e aproximados. Entende que a própria realidade não
pode ter uma compreensão completa, ou seja, sua apreensão depende da maior
ou menor aderência do modelo ou enfoque que a apreende. O ente humano lida
apenas com descrições limitadas e aproximadas da realidade.

        A partir dos novos paradigmas é importante compreender o novo código
da época da revolução pós-industrial, da informação ou do conhecimento que se
sustenta nas seguintes categorias:



                                                                                10
a) Interatividade que se constitui de vasta rede de aparelhos eletrônicos
interativos onde é deslocado o poder das redes de televisão para os usuários na
medida em que estes podem modificar as imagens com total liberdade e,
portanto, atenuar ou erradicar a passividade do telespectador. Está imbricada ao
desenvolvimento da telemática
        b) Mobilidade característica da comunicação em linha imediata de
qualquer lugar para qualquer parte do planeta ou situação de trânsito ou lugar
fixo. O imediatismo da comunicação móvel ou fixa, inserta nesta categoria,
permite a efetividade da conversão ou transferência de informação de um meio
para outro
        c) Conversibilidade ou conectividade que tem a capacidade de
transformar a mobilidade de um sistema de aparelho para outro
independentemente de uma marca ou país de origem. A conversibilidade é
também um elo fundamental da rede interativa e sua mobilidade;
        d) Ubiqüidade consiste na sistemática disseminação dos sistemas de
comunicação em rede pelo mundo e por todas as classes e estratos sociais dos
países hegemônicos e periféricos. Esta categoria é responsável, hoje, pela
divisão da população mundial em "inforrica e infopobre"
        e) Globalidade/mundialidade aponta para as ilações de troca onde se
explicitam os fenômenos políticos de mundialização versus fragmentação.
Também, dá-se o sócio-econômico de exclusão versus inclusão, ou a criação de
um sistema mundo onde, ainda, não se visualiza o novo rumo do existente modo
de produção capitalista ou de sua possível superação ou negação histórica, por
um outro modo de produção que não se sabe qual é.

        No cenário de mudanças de paradigmas e do processo de globalização a
educação do futuro demanda uma reconceitualização e reencantamento dos
discentes tão profundas que abalam os alicerces das questões orçamentário-
financeira, tamanho das classes nas organizações educacionais, formação,
salários do corpo docente. Há que se dar atenção aos conflitos curriculares,
avaliações e ementas insertas nos planos pedagógicos e andragógicos. Como
transformar a educação em um sistema de alta opção em termos de
compatibilizar o ensino desfocado e desencontrado com a realidade evolvente e
mutante é o cerne da questão educacional em rede.
        Vislumbra-se a tendência de as empresas venderem conhecimentos, com
apoio das novas tecnologias da informação, com vistas a adequar o ensino ou
adaptar a educação às novas realidades indicando novos caminhos que
conduzem ao sucesso e orientam o ensino às demandas educacionais do futuro.
        O código da revolução da informação e do conhecimento subverte o
velho código do industrialismo que foi consubstanciado nas seguintes
categorias: padronização; especialização; sincronização; concentração;
maximização e centralização.
                                                                               11
É nesse cenário de superação de um código por outro que a educação se
projeta combinando o aprendizado com trabalho, com a luta política, com
serviços comunal-associativos, com turismo e lazer, etc.. Aponta para um total
ou completo reexame educacional tanto nos países cêntricos como nos
periféricos com vistas ao humanismo concreto como utopia a ser realizada.
        Edgar Morin em seu livro “Os sete saberes necessários à educação do
futuro" trata das seguintes questões, aqui, sinòticamente, apresentadas:

         a) Aprender a ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer (produzir
conhecimento)
         b) Visão transdisciplinar da educação como processo de construção do
conhecimento comum a todas as especialidades compreendendo principalmente:
i) as linguagens para superar as diferenças de conceito e enfoque sobre o mesmo
objetam que as especialidades introduzem no processo do conhecimento; ii) o
erro e a ilusão, isto é, fazer conhecer o que é conhecer ou, ainda, conhecimento
do conhecimento para saber que sabe; iii) o erro e a ilusão que são diretamente
condicionados por características cerebrais, mentais e culturais do conhecimento
humano
         c) Princípios do conhecimento pertinente a: i) aprender problemas
globais e neles inserir conhecimentos parciais e locais; ii) saber que o
conhecimento fragmentado impede a operação da interface entre as partes e a
totalidade; iii) ensinar métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as
influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo
          d) Identidade terrena com as percepções: i) do destino planetário do ente
humano (geneticamente modificado ou não); ii) das comunicações imediatas
entre todos os países e continentes; iii) do destino de vida e de morte
compartilhado de forma planetária
         e) Incertezas e inesperados nas percepções da vida e do mundo, ou seja:
i) preparar as mentes para esperar o inesperado para poder enfrentá-los; ii)
pensar estratégias que permitam enfrentar os imprevisto ou incertezas; iii)
ensinar a enfrentar as incertezas, isto é, "navegar em mares de incertezas em
meio a arquipélagos de certezas"
         f) Compreensão mútua entre os humanos para uma frente vital quanto a:
i) reforma das mentalidades para novas percepções da vida e do mundo; ii)
compreensão da necessidade de sair do estado bárbaro da incompreensão
politizando os problemas concretos; iii) estudo da incompreensão a partir de
suas raízes, modalidades e efeitos para a erradicação do racismo, da xenofobia,
do desprezo e da exclusão social
         g) Ética e antropoética com vistas a perceber que o ser humano tem
necessariamente a condição de indivíduo-sociedade-espécie, isto é: i) os
humanos serem simultaneamente indivíduos, parte da sociedade e parte da
espécie; ii) a humanidade ser vista e desenvolvida como comunidade planetária;
                                                                                 12
iii) a consciência traduzir a vontade de realizar a cidadania terrena e planetária
com vistas à antropolítica.

        O paradigma Cartesiano-Newtoniano. Uma Síntese. A tão decantada
civilização tecnológica está em crise. A técnica, o tecnicismo e a alta tecnologia,
associadas a uma forma de viver moderna, igualmente técnica, mas cada vez
mais estereotipada, pragmática e menos humana, está apontando para a falácia
de mais uma promessa: por nos meios de produção ou no extremo
desenvolvimento material a chave para a felicidade humana (hoje, tudo isso tem
separado cada vez mais os humanos dos humanos e os humanos da natureza, e,
também, o humano de si mesmo).
        Este paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor,
uma concepção/visão de mundo mecânica, determinista, material e composta, ou
seja, de máquina constituída por peças menores que se conectam de modo
preciso. E essa concepção de mundo teve um grande impacto não só na Física,
mas muito mais, pélas suas conseqüências filosóficas em: Biologia, Medicina,
Psicologia, Economia, Filosofia e Política. A extrema fragmentação das
especializações e a codificação da natureza. A ênfase no racionalismo, na fria
objetividade e no desvinculamento dos valores humanos superiores, a
abordagem mercantil competitiva na exploração da natureza, a ideologia do
consumismo desenfreado, as diversas explorações com fins de se obter qualquer
vantagem em cima de outros seres vivos, etc. têm sua fundamentação filosófica
numa pretensa visão “científica”. Essa visão de um universo mecanicista,
reducionista e determinista numa concepção “neodarwinista” da supremacia de
umas ditas classes sociais, políticas e profissionais por sobre outras, é reedição
aprimorada de um discurso fascista-racista já usado pelos nazistas há algum
tempo atrás.

        O paradigma Holístico. Um Sumário. O extremo sentimento de mal-
estar que muitas pessoas sentem diante dos complexos e trágicos problemas da
atualidade têm levado a uma busca de um diálogo entre os vários núcleos do
saber e da atividade humana. Por exemplo, a ONU, a OMS, a UNESCO, a
UNCTAD e a FAO, como grandes organizações internacionais, buscam uma
maneira conjunta de solucionarem muitos dos atuais problemas humanos, sem
falar nos movimentos de encontro interdisciplinares e a busca pela ação
cooperativa em todos os âmbitos, a medicina psicossomática e homeopática e a
abordagem holística em psicoterapia, etc. É a essa busca de uma visão de
conjunto, uma visão do TODO, que se dá o nome holismo.
        Desde que Descartes cristalizou, de modo definitivo, a idéia da divisão
da ciência em humana e exata (ou melhor, em “Res cogitans” e “Res extensa”, o
que viria a se refletir em nossa divisão em corpo e mente etc.). Tem-se visto
toda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatíveis com a idéia

                                                                                 13
dominante do universo como um sistema mecânico casualmente emergido de
um caldo de matéria de modo fortuito.
        O desagrado ao modelo cartesiano – e da sua conseqüente visão de
mundo – foi expresso de maneira clara por vários grandes cientistas em nosso
século, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr, Baterson,
Varela e tantos outros.
        Enquanto, o mecanicismo cientifico vê o universo como uma imensa
máquina determinística, o holismo, sem negar as características “mecânicas”
que se apresentam na natureza, percebe o universo mais como uma rede de inter-
relações dinâmicas, orgânica.
        Sabe-se que a incrível dinâmica do mercado das tecnologias e dos
conhecimentos humanos impõe desafios. É preciso mudar sempre, estar aberto
às idéias novas sempre. É necessário rever constantemente os conceitos e
crenças, e estar sempre prontos a reavaliar os conhecimentos sempre abertos a
aprender mais. Esse é o desafio. Não se pode confundir o real com a cópia ou
com o virtual.
        O fato é que em todas as partes do mundo, todos os dias, pessoas reagem
a propostas de mudanças que causam incertezas. Elas sempre são traduzidas nos
cérebros humanos como perigo. Todos os dias, ao redor do globo, pessoas
repelem novas idéias, empresas rejeitam boas soluções e propostas, apenas
porque não estão de acordo com as expectativas dos conhecimentos anteriores
das pessoas que tomam as decisões. Essas pessoas têm, em suas mentes, padrões
já desenvolvidos de como funciona o mercado, ou a linha de produção, e assim,
não conseguem enxergar nenhuma solução ou proposta que não obedeçam esses
padrões, esses paradigmas.
        No dicionário, paradigma significa “padrão”, “modelo”. Paradigmas
são modelos que se concebe de como funciona ou é concebida alguma coisa.
Está presente em tudo na vida; em nossas atividades particulares, no trabalho, na
sociedade. Por exemplo. William Bridges, autor do best seller “Job shifting” (O
mundo sem empregos) diz que as empresas do futuro, mesmo as grandes, não
estarão baseadas em um conglomerado de empregos, mas sim em duas redes:
uma de pessoas interdependentes (não-empregados) e outra de informações.
        Para ver através dos paradigmas, é preciso ter em mente ainda outro
conceito: os paradigmas cegam, não deixam ver soluções que fujam ao padrão
conhecido. Por isso, a solução costuma vir de gente de fora, de pessoas que não
estavam envolvidas com os padrões antigos. Às vezes, de pessoas não
especialistas. Por isso, ao apresentar-se uma proposta nova, afaste do caminho
aquelas pessoas que dizem “isto não funciona”. Elas vão atrapalhar os que estão
buscando novos paradigmas. Quando Henry Ford quis desenvolver o motor V-
8, teve como resposta dos especialistas de que não funcionaria. Buscou, então,
gente nova, engenheiros novos sem os velhos paradigmas. Isto não significa que
os conhecimentos dos mais experientes devam ser desprezados. Mas também,
que não se deve desprezar a visão dos mais novos. Idêntico procedimento se deu
                                                                               14
com Thomas Edison não somente no invento da lâmpada incandescente, mas
no do telegrafo e outras invenções.
        Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marcha constante
do progresso. Cada nova descoberta corrige deficiências, traz aperfeiçoamentos
ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara. Eles voltam seus olhos
para a história da ciência e observam um contínuo desenvolvimento,
convenientemente assinalado pelas grandes descobertas e criações.
        Essa visão, entretanto, é ilusória, segundo o historiador de ciência
Thomas Kuhn, em seu livro “The struture of scientific revolutions” (1962). A
ciência não é uma transição suave do erro à verdade, é sim uma série de crises
ou revoluções, expressas como “mudanças de paradigmas”.
        Kuhn define “paradigma” como uma série de suposições, métodos e
problemas típicos, que determinam para uma comunidade científica quais são as
questões importantes, e qual a melhor maneira de respondê-las. Os estudos de
Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas são persistentes e que um
derruba o outro de uma só tacada e não com pequenos golpes. O progresso
científico está mais para uma série de transformações revolucionárias do que
para um crescimento orgânico.
        As idéias fundamentais sobre paradigmas:

          • O hábito é o maior inimigo do novo
          • Novos modelos só são propostos nos “limites” da situação atual
          • O novo só acontece se houver “força” para superar os obstáculos
            que virão
          • Só enxerga-se o novo afastando-se da regra e do comportamento
            atual.

        Apresentam-se, a seguir, alguns princípios da “teoria da complexidade”
para enfatizar as mudanças ou a transposição de paradigmas. Certamente, essa
teoria ocupa cada vez mais espaços com a revolução do conhecimento e da
informação. Mais ainda, com a gestação de novas fontes de energia (biomassa,
eólica, solar) e da economia do hidrogênio com vistas à substituição dos
combustíveis fósseis, redistribuição não somente do lucro, mas também, do
poder entre os humanos que vivem no planeta. A complexidade necessariamente
supera o conhecimento disciplinarizado.
        Fala-se, não mais dos processos de produção na organização da empresa
convencional, mecânica e complicada, do sistema mundo do capitalismo, mas de
uma empresa viva. Esta se autorecria por ser capaz de aprender e pensar a
partir das famílias que nela estão insertas, portanto, de uma empresa ou
organização tão complexa como a vida ou como a sociedade humana.
        Para maior inteligibilidade de como funcionam essas visões da
complexidade ou apreensões em rede, nos processos sócio-econômicos e nas
organizações reticulares apresentam-se, sinoticamente, os princípios básicos ou
características da teoria da complexidade e o holismo com vistas à
contextualização e apreensão da ciência, particularmente, da economia política.
                                                                             15
Dinâmica. Com a observação dos campos de forças contrárias
(impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo imbricados as
categorias de: atividade, criatividade, objetividade, historicidade e agilidade.
Compreende as chamadas “estruturas dissipativas” para a criatividade possível.
É o modo inovador do vir a ser. A dinâmica da ciência está no fato de que
enquanto mais paradigmática ela for, menos cientifica será.
        Não-linear. Esse princípio do pensar complexo embora aceite que toda
intervenção ou criação tecnológica que seja linear como parte da realidade,
porém em totalidades complexas, a decomposição das partes desconstrói o todo
e é impraticável a partir das partes reconstituírem o todo. É preciso entender que
na complexidade da vida na parte está contido o todo. A não-linearidade implica
equilíbrio e desequilíbrio que, geralmente, leva à substituição do velho pelo
novo. Tudo está conectado. Segundo Demo na “não-linearidade implica, pois,
muito mais que emaranhados, labirintos, complicações, onde se podem ver
processos que se complicam, mas não se complexificam”. Na complexidade
pulsa relação própria entre o todo e as partes. O complexo pode provir do
simples como este do complexo.

        Reconstrutiva. Essa característica do pensar complexo doa sentido a
produzir-se algo para além de si mesmo. A luz pode ser vista como matéria e
onda dependendo do ponto de vista de quem a observa. Apenas na lógica formal
linear 2+2 são iguais a 4, haja vista que se leva em conta que o primeiro 2 são
dois euros e, o segundo, são dois reais seu somatório jamais serão 4. Muito do
que parece igual esconde incomensuráveis diferenças e vice-versa. A
reconstrutividade sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem, reconstrução e
reformação. A vida não significa uma matéria nova, mas certamente, uma nova
modalidade de organização da matéria.

        Processo dialético evolutivo. O computador não aprende, logo, não sabe
errar. É máquina reversível, sofisticada, complicada, mas não complexa. O
cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas que ultrapassam
todas as lógicas reversíveis. É, portanto, irreversível e complexo. A vida não foi
criada, ela mesma se reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito em 2000 a.C.
que: “vive-se com a morte e morre-se com a vida”. Essa assertiva aponta ou
compõe o desafio dialético do conhecimento sobre o cosmo e sobre a vida.
        Irreversibilidade. Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes.
É não linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo
o mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter evolutivo e histórico da natureza.
O tempo-espaço são dimensões irreversíveis. Toda e qualquer realidade está
muito além do que aparenta e que se pode verificar. O máximo que se pode fazer
é construir um modelo de aderência à realidade. Aquilo que aparece real é muita
das vezes virtual ou cópia. A natureza não doa sentido e não tem sentido em si,
apenas age ou reage por causa e efeito.

      Intensidade de fenômenos complexos. O que bem explicita esse fato é
o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um continente
causam um ciclone em outro ou o também conhecido efeito dominó. Demanda
                                                                                16
relação de causa e efeito e ambivalência em sua contextualização. Sabe-se, hoje,
que o mundo da complexidade é o mundo das incertezas. No caso do direito
pode-se aventar que a justiça é cega, não por ser injusta e imparcial, mas porque
é voltada para o que se quer ver. Esse mesmo fenômeno pode ter referência a
mais valia e à alienação do trabalho.

        Ambigüidade/ambivalência dos fenômenos complexos. Ambigüidade
refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem e à desordem. Ambivalência diz
respeito à processualidade dos fenômenos. É o eterno vir a ser. Argumentar é
questionar, é penetrar no campo de forças que constitui a dinâmica. A
ambivalência subentende a existência e a simultaneidade de idéias com a mesma
intensidade sobre algo ou coisa que se opõem mutuamente. Por isso a
ambivalência é a tendência do construtivo no destrutivo e vice-versa com vistas
à inovação e a criatividade. É o que se conhece como crise.
        Sob a alegação que a inteligência humana ser não-linear Pedro Demo,
em seu livro “Complexidade e aprendizagem”, cita de Hofstardter o seguinte
texto: “ninguém sabe por onde passa a linha divisória entre o comportamento
não inteligente e o comportamento inteligente; na verdade, admitir a existência
de uma linha divisória nítida é provavelmente uma tolice. Mas, certamente, são
capacidades essenciais para a inteligência:
         • Responder a situações de maneira muito flexível
         • Tirar vantagens de circunstâncias fortuitas
         • Dar sentido a mensagens ambíguas ou contraditórias
         • Reconhecer a importância relativa de elementos de uma situação
         • Encontrar similaridades entre situações, apesar das diferenças que
                possam separá-las
         • Encontrar diferenças entre situações, apesar das que possam uni-
                las
         • Sintetizar novos conceitos, tomando conceitos anteriores e
                reordena-los de maneiras novas
         • Formular idéias que constituem novidades”.

        Sobre o pensar complexo e sistêmico a aluna Mirella Ferraz, junto com
Aristófanes Júnior, contextualizaram o tema resumindo-o nos seguintes
princípios:
          • “Tudo está ligado a tudo
          • O mundo natural é constituído de opostos ao mesmo tempo
      antagônicos e complementares
          • Toda ação implica uma retro alimentação (feedback)
          • Toda retro alimentação resulta em novas ações
          • Vive-se em círculos sistêmicos e dinâmicos de retro alimentação e
      não em linhas estáticas de causa e efeito imediato
          • Há que se ter responsabilidade em tudo que se influencia
          • A retro alimentação pode surgir bem longe da ação inicial, em
      termos de tempo e espaço
          • Todo sistema reage segundo a sua estrutura
          • A estrutura de um sistema muda continuamente, mas não a sua
      organização
          • Os resultados nem sempre são proporcionais aos esforços iniciais
                                                                               17
• Os sistemas funcionam melhor por meio de suas ligações mais
     frágeis
        • Uma parte so pode ser definida como tal em relação a um todo
        • Nunca se pode fazer uma coisa isolada
        • Não há fenômeno de causa única no mundo natural
        • As propriedades emergentes de um sistema não são redutíveis aos
     seus componentes
        • É impossível pensar num sistema sem pensar em seu ambiente ou
     contexto
        • Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice-
     versa”.

      No final de suas apresentações, em sala de aula, foram enfáticos em
afirmar que, nas suas bases de conhecimento o pensar complexo mostrou que:

        • “Pequenas ações podem levar a grandes resultados (efeitos:
           borboleta e dominó)
        • Nem sempre se aprende pela experiência ou repetição
        • O autoconhecimento se dar com ajuda do outro
        • Soluções imediatistas podem provocar problemas ainda maiores do
           que aquele que se tenta resolver
        • Toda ação produz efeitos colaterais
        • Soluções óbvias em geral causam mais mal do que bem
        • É possível pensar em termos de conexões, e não de eventos
           isolados
        • O imediatismo e a inflexibilidade são os primeiros passos para o
     subdesenvolvimento, seja ele pessoal, cultural e grupal”.




                                                                        18
19
As ideologias imbricadas a economia política

             A luz do presente tema vale lembrar a historicidade das ideologias
entendidas como parâmetros que atribuem à origem das idéias humanas às
percepções sensoriais do mundo externo. No dicionário Houaiss lê-se o método
marxista tem como ideologia “um conjunto de idéias presentes nos âmbitos
teórico, cultural e institucional das sociedades, que se caracteriza por ignorar a
sua origem materialista nas necessidades e interesses inerentes às relações
econômicas de produção, e, portanto, termina por beneficiar as classes
dominantes”.
             Segundo Wallerstein as ideologias surgem com a Revolução
Francesa em 1789 com as ideologias burguesas dos conservadores e dos
liberais ou liberalismo. Os primeiros (girondinos) considerados de direita e os
segundos (jacobinos) intitulados de esquerda pelas posições que ocupavam no
parlamento francês. A ideologia proletária tem sua origem na Revolução
Francesa de 1848 (cinqüenta e nove anos depois das ideologias conservadora e
liberal). Esta surge com Marx e Engels que fundamentaram a ideologia
socialista após absorção e negação de idéias do liberal-socialismo de Saint
Simon e da crítica ao blanquismo, prudonismo e anarquismos oriundos do
liberalismo.
            Com o desenvolvimento do capitalismo e do socialismo, pós
revolução industrial, é importante, nestes Textos, mencionar-se os principais
vieses que tomaram cada uma dessas ideologias:

                   A ideologia burguesa conservadora teve aparências
          hegemônicas no colonialismo escravista, fascismo, nazismo e no
          nacionalismo de direita sempre com ênfase ao crescimento e
          desenvolvimento econômico
                   A ideologia burguesa liberal ou liberalismo assume
          aparências hegemônicas         no neocolonialismo, imperialismo,
          neoliberalismo, teocracismo e nacionalismo de esquerda
          (industrialismo) todas também voltadas para o desenvolvimentismo
          induzido pelas forças motrizes do modo de produção capitalista (lucro
          e poder)
                   Finalmente, a ideologia proletária do socialismo assume as
          aparências hegemônicas do leninismo, estalinismo, trotskismo,
          titoismo e maoísmo todas reivindicando para si o método marxista de
          Marx e Engels. Curiosamente, todos esses vieses do socialismo de
          estado tiveram e ainda tem o desenvolvimentismo-industrialismo
          como meta principal haja vista a China que a partir de um forte
          “centralismo democrático partidário” tem como bandeira e prática o
          desenvolvimentismo. As poucas tentativas de prática de autogestão,
          como tentativa de negação do estado, foram abortadas tanto na
                                                                                20
Iugoslávia, Argélia e Tchecoslováquia, no curto período da Primavera
          de Praga, que deu origem a invasão soviética no país.

            Na análise acurada dessas três ideologias vê-se que todas têm em
comum, como princípio, o anti-estatismo ou negação do estado, porém suas
práticas são a de manterem um ferrenho cunho estatal para exercer o poder com
vistas a implantar seus ideais ideológicos. Sem exceção todas elas usam e
abusam da instituição do estado como instrumento de poder político, econômico
e social, particularmente, nas organizações do legislativo e do judiciário. O
estado, em todas elas, é a instituição e instrumento pelo qual as classes sociais
que o detem, são beneficiadas ou privilegiadas na drenagem ou distribuição da
mais valiam oriunda do sistema produtivo. Hoje, no Brasil, é a burguesia
financeira aquele estrato social que mais se beneficia da mais valia nacional
mantendo sobre seu controle os estratos da burguesia agrária, comercial e
industrial que também são detentoras do estado nacional.
            A partir desse ponto de vista as “três ideologias da economia
política” (liberal, nacionalista e marxista) em seu livro “A economia política
das relações internacionais” merecem ser revisitada e criticada.
Epistemologicamente, o marxismo não é uma ideologia e sim um método assim
como o nacionalismo pode ser conservador (direita) ou liberal (esquerda).

          A divisão do trabalho e um mundo sem empregos
       A divisão do trabalho é no sistema mundo do capitalismo, a fonte de
todas as alienações. As ciências da administração e da economia política a têm
sempre como pano de fundo. Ela é discutida a luz da gestão da fábrica ou da
organização da intensidade e da produtividade do trabalho, da intensidade da
produção. Da cisão entre o trabalho intelectual e o braçal com vistas à
hierarquização e à disciplina inserta no parcelamento das tarefas e nos
sistemas de monopolização da técnica e da ciência pelas gigantes instalações e
centralização do poder das empresas transnacionais têm-se na produtividade seu
instrumento de caça ao lucro.
       Essa configuração foi, historicamente, montada pelo metabolismo do
capital em seu processo incessante de acumulação em suas diferentes fases. No
dizer de André Gorz, “a monopolização da produção pelos aparelhos
institucionais – trustes industriais, administrações – e das corporações
especializadas (médicos, professores, corporações de Estado) faz com que ela
se submeta a produzir o que não consome, a consumir o que não produz e a não
poder produzir nem consumir conforme suas próprias aspirações individuais ou
coletivas. Não existe mais lugar onde a unidade dos trabalhos socialmente
divididos passa a corresponder à experiência da cooperação, da troca, da
produção em comum de um resultado global. Essa unidade só é assegurada – de
um lado, pelo mercado; do outro, pelas burocracias privadas estatais. Ela se
                                                                               21
impõe aos indivíduos, portanto, como unidade exterior, como ‘uma força
estranha da qual não conhece nem a origem, nem a finalidade”.
       Em “A ideologia alemã”, ainda, segundo Gorz, Karl Marx explica o
tema em lide quando explicitou que “enquanto a atividade não for, pois
dividida voluntária, mas naturalmente, o ato próprio do homem torna-se para
ele uma força exterior que o subjuga, quando ele deveria dominá-la. Com
efeito, desde que o trabalho passa a ser repartido, cada um tem seu currículo de
atividade determinado, exclusivo, que lhe é imposto, do qual não pode sair; seja
ele caçador, pescador, pastor ou crítico – é forçado a continuar a sê-lo, se não
quiser perder seus meios de subsistência; enquanto na sociedade comunista,
onde cada um não tem currículo exclusivo de atividade, mas pode aperfeiçoar-
se em qualquer ramo, a sociedade regula a produção geral e dá-me, assim, a
possibilidade de hoje fazer isso; amanhã, aquilo; de caçar pela manhã, pescar à
tarde, cuidar da criação à noite, e mesmo criticar a alimentação, o meu bel
prazer, sem jamais tornar-me pescador, caçador, pastor ou crítico. Essa
estabilização da atividade social, essa consolidação do nosso próprio produto
numa força concreta que nos domina, que foge ao nosso controle, barra as
nossas esperanças, anula nossos cálculos, constitui um dos principais fatores do
desenvolvimento histórico passado (...). A força social, ou seja, a força
produtiva multiplicada, que resulta da colaboração dos diferentes indivíduos
condicionados pela divisão do trabalho, aparece para esses indivíduos – porque
a própria colaboração não é voluntária, mas, natural – não como a sua própria
força unida, mas como força estranha, situada fora deles, da qual não
conhecem nem a origem, nem a finalidade, que eles, portanto, não mais podem
dominar, mas que agora percorre, ao contrário, toda uma série de fases e de
graus de desenvolvimento particular, independente da vontade e da agitação
dos homens, até regulando essa vontade e essa agitação”.
       Em geral, os estudantes de administração e de economia política têm em
sua grade escolar de curso os ensinamentos de Henri Fayol a partir de sua obra
“Administração industrial e geral”, base de sua doutrina - o fayolismo - que
trata das necessidades e possibilidades de um ensino administrativo e dos
princípios e elementos da administração com vistas à divisão racional do
trabalho, à autoridade, à responsabilidade, à disciplina, à unidade de mando e à
convergência de esforços na empresa. Outro clássico da administração é “Os
princípios de administração científica”, de F.W. Taylor, onde ele apresenta
suas observações e experiências, particularmente, quanto às formas de
desperdícios, procura de homens eficientes, causas da vadiagem no trabalho, lei
da fadiga, seleção de pessoal e outros temas relevantes que serviram de
fundamentos à sua doutrina, conhecida como teilorismo. Uma das mais belas
críticas ao teilorismo, como doutrina, vem do gênio do cinema mudo Charles
Chaplin em seu belíssimo filme “Tempos modernos”, que se aconselha a ver,
para divertir-se e contextualizar tão importante crítica.

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Tanto Fayol quanto Taylor em muito influenciaram Henry Ford, em sua
indústria automobilista, onde, de fato, também criou sua doutrina administrativa
mundialmente conhecida como fordismo, que se fundamenta na linha de
montagem com ou sem esteira rolante para a produção em série.
       Esses arautos da administração e da economia fabril ou empresarial
Fayol, Taylor e Ford em suas idéias e obras dão uma “aparência científica à
racionalização do trabalho de tal forma” a ocultar e camuflar as críticas de
Marx. Segundo ele “toda produção capitalista, como geradora não só do valor,
mas também da mais-valia, tem esta característica: em vez de dominar as
condições de trabalho, o trabalhador é dominado por elas; mas essa inversão
de papéis só se torna real e efetiva, do ponto de vista técnico, com emprego das
máquinas. O meio de trabalho, tornado autômato ergue-se, durante o processo
de trabalho, diante do operário sob a forma de capital, de trabalho morto, que
domina e explora a força de trabalho viva”.
       É do conhecimento público que, em todos os setores da economia
(primário, secundário e terciário) o nível de emprego tende a diminuir e, sem
dúvida, não há um único segmento industrial, na última década, onde o emprego
não tenha se contraído. A revolução do conhecimento e da informação via
telemática, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, aeroespacial e agricultura
molecular estão levando a mudança radical na empregabilidade. Tanto o
crescimento e o desenvolvimento econômicos se dão, hoje, à revelia da geração
de empregos e, mais grave ainda, tornando-os obsoletos e o empregado
descartável.
       A reengenharia do trabalho foi criada pelas grandes corporações para
eliminar cargos de todos os tipos e em quantidade maior do que em qualquer
época do sistema mundo capitalista. Sua forma de eliminar empregos é
comparável a grande crise mundial do capitalismo dos anos 29 e 30 do século
passado. Note-se, também, que a reengenharia do trabalho alimenta a queda do
poder aquisitivo das comunidades pelo impacto do achatamento das gigantescas
burocracias das transnacionais, agora, funcionando em rede ou de forma
reticular com total e absoluta transposição de fronteiras, sejam elas quais forem,
ou seja, geográficas, culturais, raciais, religiosas, étnicas etc.
       Observe-se, também, que as grandes corporações desenvolvem diferentes
estratégias de trabalho contingencial para evitar os altos custos, para elas, de
benefícios aos trabalhadores, tais como: aposentadorias, assistência médica,
férias e licenças médicas pagas, etc. Reduzem, portanto, seu núcleo de
trabalhadores fixos, contratando trabalhadores temporários, estagiários
universitários, todos com variações sazonais. Na prática, a mão de obra, como
mercadoria, recebe todo o impacto da logística “just-in-time”, criada para
atender o que há de mais moderno na circulação dos bens econômicos sob a
égide da micro-eletrônica.
       Por mais que as corporações diminuam a duração de vida dos produtos via
aceleradas depreciação moral e material dos mesmos, com sua substituição em
                                                                                23
intervalos cada vez menores, a crise de empregabilidade se torna mais
dramática, sem quaisquer ajustes nos campos: econômico-social e ambiental do
modo de produção capitalista, justificando o enunciado de Marx, feito em 1857,
de que “chegou o tempo em que os homens não mais farão o que as máquinas
podem fazer”. Dessa forma, vive-se, hoje, no sistema mundo do capitalismo,
com a abolição do emprego obrigando os trabalhadores a disputar entre si as
escassas oportunidades de emprego em vez de juntos se organizarem em busca
de uma nova racionalidade econômica, política, sociais e ambientais. Na
prática, essa crise da empregabilidade tem servido de arma para os detentores de
capital com vistas a estabelecer cada vez mais hierarquia, obediência, disciplina
na divisão do trabalho nas empresas e corporações transnacionais.
       Segundo Gorz, a crise da empregabilidade tem levado os estados
capitalistas a um impasse: “não se trata mais de trabalhar para produzir, mas
de produzir para trabalhar (...) a economia de guerra e a própria guerra que
foram, até hoje, os únicos métodos eficazes para assegurar o pleno emprego dos
homens e das máquinas quando a capacidade de produzir ultrapassava a de
consumir”.
        “O declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força
global do trabalho”, é o subtítulo do livro, “O fim dos empregos”, de Jeremy
Rifkin. Este aponta para se deixar de lado a ilusão de retreinar pessoas para
cargos já inexistentes e pondera, institucionalmente, para a ação em um mundo
que está eliminando o emprego de massa na produção e na comercialização de
bens e serviços. Aconselha a intuir-se uma era pós-mercado em busca de novas
alternativas e novas maneiras de proporcionar renda e poder aquisitivo com
vistas à restauração das comunidades e reconstrução de uma cultura de
sustentabilidade. Sinaliza, também, a necessidade de se iniciar uma grande
transformação política, social, econômica e ambiental com vistas ao
renascimento do ser humano em toda sua plenitude.
       Em seu conhecido livro “A economia do hidrogênio”, o mesmo Rifkin
sinaliza que as células combustíveis energizadas por hidrogênio possuído
pelas comunidades possibilitarão toda uma nova redistribuição do poder na
medida em que qualquer ser humano poderá produzir sua própria energia. Essa
“geração distributiva”, preconizada por Rifkin, tornará o controle oligárquico e
hierárquico das grandes corporações obsoleta. Afirma ele que “milhões de
usuários poderão conectar suas células combustíveis locais, regionais e
nacionais de hidrogênio, através dos mesmos princípios e tecnologia da world
wide web, compartilhando e criando um novo uso descentralizado da energia”.
       Seu otimismo chega a ponto de afirmar que “o hidrogênio pode acabar
com a dependência do petróleo, reduzir a emissão de dióxido de carbono e o
aquecimento global, além de apaziguar guerras políticas religiosas. O
hidrogênio poderá se tornar o primeiro sistema energético democrático da
história”.

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Fritjof Capra, também, em sua obra “As conexões ocultas” aponta como
tarefa desta e das futuras gerações “a mudança do sistema de valores que está
por trás da economia global, de modo que passe a respeitar os valores da
dignidade humana e atenda às exigências da sustentabilidade ecológica”.
       Após essas breves divagações sobre a divisão do trabalho procura-se,
agora, navegar ou proceder a conjecturas sobre um mundo sem empregos.
       Contextualizando o livro de William Bridges, “Um mundo sem
empregos. JobShift. O desafio da sociedade pós-industrial”, pode-se, grosso
modo, sinalizar os seguintes tópicos para a sua compreensão:

       1. Da gênese e da evolução ou desenvolvimento, vê-se que o conceito
de emprego não faz parte da natureza na medida em que é uma criação humana.
Durante séculos, apresentou-se como arte ou ofício dos humanos nos modos de
produção precedentes ao capitalismo e, mesmo, em algumas fases deste. Passou
a ter o significado que tem hoje a partir da revolução industrial, através do
advento das fábricas, das máquinas e das burocracias institucionais e
organizacionais tanto das empresas quanto dos estados nacionais. Não existem
empregos fora das organizações fabris ou não-fabris – burocratas. Hoje, as
organizações que deram origem ou criaram os empregos estão em processo de
mutação, ou seja, desaparecendo via processos de terceirizações (outsourcing)
e serviços públicos terceirizados/privatizados.
       O emprego nunca foi e não é um fato atemporal da existência humana. É
um artefato social próprio de determinadas etapas do desenvolvimento da
economia mundo do capitalismo e, muito em particular, do metabolismo do
capital.
       Do ponto de vista da psicologia social, o emprego proporciona à pessoa o
seguinte:

       a) Uma ajuda à pessoa a dizer a si mesma e aos outros os que ela é
       b) Seu envolvimento em uma rede central de relações de amizades em um
contexto social
       c) Uma estrutura de tempo onde se imagina a padronização dos dias,
meses e anos de sua vida
       d) Um rol de papéis a serem desempenhados em tempo hábil, ou seja,
lugar e hora de comparecer, coisas a fazer, expectativa quanto a um padrão de
carreira e propósitos diários
       e) Um significado e ordem de sua vida em função de uma remuneração e
direitos sociais empregatícios.

       2. Do mundo do emprego para o mundo sem emprego. Nesse processo
de transição vale lembrar os seguintes tópicos:


                                                                             25
a) A força de trabalho insere-se no processo “just-in-time”, tornando-se
fluida, flexível e descartável, e as oportunidades e situações de trabalho tendem
para tempo parcial, temporalidade e flexibilidade
       b) As novas tecnologias facilitam e deslocam a colaboração entre
empresas em redes e, também, a partir de fornecedores terceirizados entre
diferentes localizações de uma mesma organização transnacional
       c) A economia desloca-se das velhas indústrias para novas guiadas pela
micro-eletrônica, biotecnologia, robotização e outras informatizadas. A
agricultura tradicional passa a dar lugar à agricultura molecular, agrônica e
agrótica
       d) A reengenharia do trabalho altera significadamente o mundo da divisão
do trabalho tanto em seus aspectos qualitativos quanto quantitativos, remetendo
para o mundo da administração e da gestão das organizações públicas e privadas
o emprego, como parte do problema e não da solução na medida em que o
analisa e o vê como inibidor das mudanças
       e) O trabalho, informatizado e robotizado demanda um número bem
menor de empregados e desloca-se para todo e qualquer lugar. Essa é a razão do
fax, dos laptops, dos telefones celulares transformarem qualquer ambiente em
um escritório completo
       f) O ex-empregado necessita, agora, vender suas habilidades, inventar
novas relações com organizações para ocupar seu tempo de trabalho e aprender
novas maneiras de trabalhar fora dos empregos, ou seja, nas organizações ou
corporações sem empregos.

      3. Desse processo de abolição dos empregos deduz-se que levam às
mudanças as necessidades não-satisfeitas nos seguintes aspectos das
organizações:

      a) No abrir dos espaços entre os recursos disponíveis
      b) Na criação de novas fronteiras e novas interfaces entre as organizações
      c) Na introdução de novas tecnologias e novas economias a serem
introduzidas no metabolismo do capital
      d) No obsoletismo dos arranjos técnicos, econômicos e organizacionais.

      4. Do trabalho ou ocupação no mundo sem empregos torna-se
necessário que a pessoa ou trabalhador redefina e recicle seus dados pessoais
quanto:

       a) Às expectativas sob a ótica das incertezas
       b) Aos hábitos sociais, técnicos, econômicos e criação de cenários
alternativos
       c) Às regras pessoais quanto à qualificação, atitudes, capacidades,
temperamento e ativos
                                                                               26
d) À estrutura da integridade/identidade doando limites as possibilidades
do que se cogita na jornada da vida
      e) À estrutura da realidade em constante e permanente mudança
      f) À criação de um novo sentido com vistas às condições internas e
externas para lidar com esse novo mundo.

      Nestes tópicos sobre a divisão do trabalho e sobre um mundo sem
empregos, vale, aqui, transcreverem-se as novas atitudes ou estratégias
apresentadas por William Bridges em seu livro, acima citado, resumidas no
seguinte:

       “1. Aprenda a encarar toda situação potencial de trabalho, tanto dentro
quanto fora de uma organização, como um mercado. Até mesmo pessoas que
atualmente estão sem trabalho descobrirão, ironicamente, que muito das
melhores perspectivas para as futuras situações de trabalho encontram-se na
organização que as demitiu de emprego ou as induziu a uma aposentadoria
precoce”.
       “2. Pesquise seus DADOS (ou seja, suas Aspirações, Capacidades,
Temperamento e Pontos Fortes) e recicle-os num produto diferente e mais
‘viável’. Todo mercado está cheio de pessoas à procura de produtos, mesmo
quando nenhum emprego está sendo anunciado. Você precisa aprender a
transformar seus recursos naquilo que está sendo procurado”.
       “3. Pegue os resultados do nº2, construa um negócio (vamos chamá-lo
de Você & Co.) em torno do mesmo aprenda a dirigi-lo. Nos anos vindouros,
você vai obter menos quilometragem de um plano de carreira no sentido antigo
do que de um ‘plano comercial’ para sua própria empresa. Quer você esteja
empregado ou não naquilo que costumava chamar de emprego, daqui para
frente você está num negócio próprio”.
       “4. Aprenda sobre os impactos psicológicos da vida neste novo mundo
do trabalho e monte um plano para lidar com eles com sucesso. Não bastará
saber para onde você vai se você não puder suportar as pressões do lugar
quando chegar lá”.

      No ambiente das empresas e organizações pós-emprego, os cargos
tornam-se obsoletos e são substituídos por atribuições de tarefas além de se ter
em conta o ócio criativo e uma economia pública. Daí sua estrutura tender para
conter os seguintes elementos:

      a) Empregados essenciais
      b) Fornecedores e subcontratantes
      c) Fregueses e clientes
      d) Trabalhadores temporários
      e) Contratações por prazo limitado.
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Nos escritórios e departamentos de empresas que antes estavam repletos
de empregados, hoje se limita a um número pequeno de pessoas fazendo
previsões para clientes reais e potenciais ou indivíduos mandando pedidos via
fax de seus “laptops” em veículos, hotéis, etc. Muitas dessas pessoas são
distribuidores independentes do sistema de vendas direta, contratantes
individuais ou trabalhadores temporários para o fluxo de negócios.
       A questão de uma organização ou empresa pós-emprego é
qualitativamente diferente daquela baseada em cargos. As carreiras são
reconceitualizadas e reinventadas desde a disponibilidade de acoplamento
tecnológico até as questões idiossincrásicas como são as responsabilidades
familiares das partes como as condições de ir e vir ao autoemprego,
autonegócios ou trabalho. Há que se rever e refazer o estado em função das
empresas ou organizações não-governamentais (ONG) economia social-
comunitária.
       No pós-emprego das empresas trabalho e lazer também fogem ou se
divorciam do cálculo do emprego permanente. O tempo livre não é mais
parte do horário de serviço, mas algo inserto nas atribuições de tarefas ou
contratos de projeto e aposentadoria torna-se uma questão individual que
nada tem a ver com a política organizacional. A economia do hidrogênio
certamente provocará a redistribuição do poder no mundo globalizado.
       As tendências das empresas ou organizações pós-emprego são três:

      a) Expansão dos ganhos para participação dos resultados
      b) Pagamento por habilidades
      c) Autogestão na direção dos negócios, isto é, aceso direto às
informações que antes eram do domínio das pessoas que tomavam as decisões.
Hoje se observa que a economia tende a conectar células combustíveis de
hidrogênio com geração autônoma e resdistribuitiva.

      Ainda no ambiente da empresa ou organização pós-emprego, a pessoa
faz aquilo que precisa ser feito para facilitar, honrar e realizar a missão, a visão
e os valores da organização onde cada pessoa administra o todo e não apenas
a sua parte. O hidrogênio como fonte de energia pode se tornar o primeiro
sistema energético democrático, libertador e eqüitativo da história humana.
      Nas organizações pós-emprego, consegue-se que as pessoas:

     a) Tomem decisões gerenciais que eram restritas aos gerentes
     b) Tenham acesso às informações para tais decisões
     c) as pessoas sejam capacitadas e treinadas para entender as questões
comerciais e financeiras da empresa
     d) Interessem-se pelo fruto de seu trabalho como forma de
compartilhar com a organização e participar dos seus lucros
                                                                                  28
e) Possam na economia do hidrogênio compartilhar e criar um novo uso
descentralizado da energia e do bem estar.

      Para administrar a transição da sociedade industrial para a sociedade
da informação, onde predominam as organizações pós-emprego, há que se
reinventarem também os programas de capacitação e treinamento. Essas
ações devem:

       a) Objetivar a leitura dos mercados, identificarem as necessidades
oriundas das mudanças e definir o produto de ou para alguém de acordo com as
necessidades
       b) Identificar outros vendedores de bens ou serviços que estão fazendo
aquilo que a organização pretende fazer e como alcançam resultados
       c) Induzir a melhorar continuamente a qualidade daquilo que se pretende
fazer;
       d) Gerir seu tempo pessoal e do “joint-venturing” pessoal na organização.
A criação da economia do hidrogênio deve levar à redistribuição do lucro e do
poder como forças motrizes de um novo modo de produção.

      O novo sistema circulatório da organização pós-emprego requer para a
redisposição de recursos:

       a) Capacitação e treinamento em como administrar a própria carreira e
oportunidades de negócios
       b) Estímulo, motivação e entusiasmo para ações multiníveis (networking)
e acesso “on line” às oportunidades de negócios ou de oportunidades de
trabalho ou autoemprego
       c) Desenvolvimento de estratégias de a própria pessoa atuar como um
negócio
       d) Informações de como dispor da ajuda para a carreira, em termos de
cursos, bancos de dados, serviços de avaliação e coisas afins
       e) Com o hidrogênio, como fonte de energia, a geopolítica do sistema
mundo do capitalismo entrará em colapso dando lugar a uma política biosférica
inserta em uma antropolítica.

       Vale lembrar que o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio
Vargas, em seu recente levantamento sobre emprego no Brasil, aponta que “uma
em cada três pessoas vai perder o emprego nos próximos dois anos”. (Ver
Revista Época nº. 427 de 24/07/2006). Comenta, ainda, a revista em tela que
aqueles que pretendem manter seu emprego têm de cuidar das seguintes
habilidades:

      a) Entender o que é sucesso, conhecendo os valores da empresa
                                                                              29
b) Não prometer demais de forma a apreender a cultura da empresa
       c) Controlar o tempo, como maneira de focar o trabalho a ser produtivo e
dar resultados
       d) Ser político, isto é, participar da vontade do time, mesmo que dele não
faça parte de forma a externalizar habilidade política e liderança
       e) Fazer marketing pessoal de maneira que as pessoas achem que seu
trabalho tem a ver com o sucesso em manter seu emprego ou carreira na
empresa.

       Outros conceitos importantes

       Ainda, nessa visão prévia para criação de uma base de conhecimento em
economia política e desenvolvimento, faz-se menção à conceitualização e
contextualização de termos usuais, no cotidiano das pessoas, e que muito
contribuem para uma consciência crítica da realidade brasileira.

        Brasileiro. Etimologicamente, contrabandista de pau-brasil tornou-se
o gentílico, no Brasil, por exclusão social, haja vista que, na língua portuguesa, o
sufixo “eiro” é um sufixo de atividade (pedra = pedreiro, ferro = ferreiro,
maconha = maconheiro, etc.). No caso concreto do Brasil o gentílico devia ter
sido brasilês, para os homens e, brasilesa, para as mulheres. Outrossim, por
falta de uma identidade para os cafuzos, curibócos, mamelucos, caboclos, etc.
(que deram origem ao povo brasileiro), os portugueses de além mar, por
discriminação social e, pejorativamente, os apelidaram de brasileiros que, na
época eram conhecidos os contrabandista do pau brasil.

        Sociodiversidade. Etimologicamente, sócio é aquele que compartilha,
associa ou participa em conjunto de algo e, diversidade. É a qualidade do que
não é igual ou semelhante, isto é, aquilo que é diferente ou distinto. A
sociodiversidade é a qualidade de mestiçagem de diferentes pessoas com
culturas, religiões, raças, estamentos sociais e etnias diversificadas e que
convivem de forma não antagônicas. O Brasil por ser detentor de um povo
novo, (Darcy Ribeiro) é uma das maiores e bem sucedidas nação em termos de
sociodiversidade (semelhante a Cuba) e tolerância social. Chega-se ao extremo
de, em um mesmo local, coexistirem e conviverem status sociais de indigentes e
lumpens com grandes burgueses ou status sociais de alta renda.

 Cultura e pluralidade cultural. Cultura etimologicamente vem do latin
“culturae” que significa ação de cuidar tratar, venerar. A palavra por ser
detentora de amplos sentidos e conceitos configura um grande número de
epítetos como exemplo cultura de massa, cultura popular, cultura erudita, etc.
Do ponto de vista da economia política há que se contextualizar o processo da
origem da cultura, sua historicidade, suas funções e suas relações e conexões
                                                                                  30
com a natureza circundante e a essência da teoria da cultura. Sendo processo
de hominização a cultura está imbricada a evolução da ideação reflexiva dos
hominídeos nas ações ou operações inovadoras e prospectivas sobre a natureza e
o cosmo.
             Como efeito da relação produtiva (indissociável do processo de
produção e do processo incessante de acumulação de capital) a teoria da cultura
a vê em dois sentidos fundamentais: produção do ser humano por si mesmo e
produção dos meios de sustentação da vida e a interpreta em dupla natureza,
isto é, bem de consumo e bem de produção. Inserta nos sentidos e naturezas
supracitados a cultura é o acervo de conhecimentos, instrumentos e técnicas
que permite a exploração coletiva do planeta terra pelos hominídeos. Essa dupla
natureza implica em que nas sociedades humanas ou nos diferentes modos de
produção a cultura se apresente apropriada por um grupo minoritário que se
autodesigna de “cultos” em contra ponto a maioria desapropriada que assume
a aparência enganosa de “inculta”.
             Sendo o ente humano um bem de produção ou principal força
produtiva ele próprio inventa e produz a cultura. Na medida em que lhe doa
finalidades, apropriações e desapropriações colocam em evidência todo o
fenômeno do processo de alienação do próprio ser humano e da cultura,
particularmente imbricado ao conceito de classes sociais, de divisão social do
trabalho e da teoria do valor-trabalho.
             A cultura, em sua acepção mais ampla, é a maneira pelas quais os
hominídeos se humanizaram e se humanizam na criação de sua existência:
política; social; ambiental; econômica; religiosa; lúdica e etc. Seus significados
podem ser resumidos no seguinte:

            a) Posse de certos conhecimentos (artes, literatura, etc.)
            b) Diferenças sociais (ser ou não ser culto)
            c) Propriedade individual através de prestígio, respeito, privilégios e
exclusão
             d) Algo em si ou por si mesmo tais como culturas: brasileira,
francesa, chinesa, australiana, angolana, etc.
             e) Erudita, culta, intelectual, científica, etc.
             f) Popular ou vulgar como expressão da massa ou do povo
             g) Elitista como é exemplo a Doutrina da Escola Superior de Guerra
e outras doutrinas
             h) De massa quando disseminada pela mídia falada e escrita com
vistas às manipulações
             i) De comunidade, onde os mitos unificam o tempo e às
interpretações


                                                                                 31
j) De atividade agrícola, com os cultivos de vegetais e criatórios de
animais
            k) Cuidado do ente humano com a natureza e a alma
            l) Formação e educação dos seres humanos
            m) Aprimoramento da natureza humana
            n) Natureza adquirida.

            Nesta visão prévia dos Textos a cultura pode e deve ser apreciada
como:
             Cultura histórica. Vista sob o ponto de observação do espírito ou
razão conforme trata HEGEL na “Fenomenologia do Espírito” e em seus
tratados sobre a “Estética” tanto no referencial a idéia e o ideal quanto ao belo
artístico e o ideal. Historicamente pode ser apreendida segundo a ótica das
relações de produção na extensa, oportuna e discutida obra de MARX não
somente nos seus “Manuscritos Econômico-Filosóficos”, mas no “Capital”
(três volumes) e na “Crítica da Economia Política”.
             Cultura e antropologia. Sob essa ótica a cultura é vista como
diferença ente humano-natureza, ou seja, é apreendida como a ordem
simbólica da lei, da linguagem e do conjunto de práticas, comportamentos e
ações entre os humanos entre si e entre eles e a natureza. Em sua análise sobre a
cultura brasileira o antropólogo Darcy Ribeiro escreve o seguinte: “o caráter
espúrio da cultura brasileira decorre, como vimos, da própria natureza exógena
e mercantil da empresa que lhe deu nascimento como formação colonial
escravista, organizada para prover o mercado europeu de certos produtos.
Nestas condições, o Brasil nasce e cresce como um proletariado externo das
sociedades européias, destinado a contribuir para o preenchimento das
condições de sobrevivência, de conforto e de riqueza destas e não das suas
próprias. A classe dominante brasileira, em conseqüência, é chamada a exercer
desde o início, o papel de uma camada gerencial de interesses estrangeiros
mais atenta para as exigências destes do que para as condições de existência da
população nacional. Não constituía, por isso, um estrato senhorial e erudito de
uma sociedade autônoma, mas uma representação local, alienada, de outra
sociedade cuja cultura buscava mimetizar. Sua função precípua era induzir a
população a atender os requisitos de feitoria produtora de gêneros tropicais ou
de metais preciosos e geradora de lucro exportáveis”.
             Cultura e ideologia. Sob este ângulo a cultura é vista como
imposição das classes dominantes do seu ideal ou ponto de vista sobre a
sociedade ocultando as divisões internas. Tanto isto é verdade que MARX,
historicamente, colocou que “as idéias das classes dominantes são as idéias
dominantes de cada época ... a existência de idéias revolucionárias em uma
determinada época já pressupõe a existência de uma classe revolucionária.” Na
Crítica a Economia Política, MARX é enfático em afirmar: “o modo de
                                                                               32
produção da vida material condiciona o processo de existência social, política e
espiritual no seu conjunto. Não é a consciência dos homens que lhe determina o
ser, mas, pelo contrário, é o ser social que lhes determina a consciência”.
             Cultura e desenvolvimento sustentável segundo o saudoso
economista CELSO FURTADO (Ex-ministro de Planejamento, da Cultura e 1º
Superintendente da SUDENE) cabem aos brasileiros, quanto ao item supradito,
o seguinte:

             a) Tirar proveito da crise atual para fundamentar um novo pacto
social com vistas a erradicar a concentração de rendas e as desigualdades sociais
e regionais existentes
             b) Aprofundar a percepção da realidade para restaurar a confiança
na criatividade da cultura brasileira e da identidade nacional
             c) Criar padrões de consumo de conformidade com a configuração
da demanda populacional em um forte e consolidado mercado interno sobre
bases sustentáveis de desenvolvimento
             d) Satisfazer via mercado interno, as necessidades básicas da
população com redução radical das desigualdades pessoais de rendas e das
regiões
             e) Criar ou buscar meios e caminhos para sanear o desastre dos
endividamentos externo e interno e salvaguardar a nação da tutela do FMI,
BIRD, OMC e BIS sobre a política econômica nacional
             f) Modificar as bases do poder de sustentação econômica atual com
vistas a assegurar uma participação efetiva nos processos político e cultural dos
segmentos sociais vitimados pela racionalização econômica atual
             g) Abolir formas sofisticadas de concorrência e de competitividade
de elevados custos sociais e que conformam a demanda definindo o status de
cada classe de consumidor
             h) Compreender que cabe a ação política gerar os recursos de poder
requeridos para modificar o modelo atual de desenvolvimento que conduz a
ingovernabilidade e a calamitosa situação de bem estar social, econômico e
financeiro
             i) Adotar políticas culturais, econômicas, sociais e ambientais que
atendam de frente os problemas que mais angustiam a população brasileira.

            No que diz respeito à dimensão cultural do desenvolvimento
sustentável FURTADO, no seu livro “O Capitalismo Global” afirma: “a
cultura deve ser observada simultaneamente, como um processo acumulativo e
como sistema, vale dizer, algo que tem uma coerência e cuja totalidade não se
explica cabalmente pelo significado das partes, graças a efeitos de sinergia”.
Após outras considerações importantes sobre a dimensão cultural enfatiza de

                                                                               33
forma muito clara “a importância do conceito de identidade cultural, que
enfeita a idéia de manter com nosso passado uma relação enriquecedora do
presente”.
              Segundo ROSENTAL (em seu Dicionário Filosófico Abreviado)
cultura é o “conjunto dos valores materiais e espirituais criados pela
humanidade, no curso de sua história. A cultura é um fenômeno social que
representa o nível alcançado pela sociedade em determinada etapa histórica:
progresso, técnica, experiência de produção e de trabalho, instrução, educação,
ciência, literatura, arte instituições que lhes correspondem. Em um sentido mais
restrito, compreende-se, sob o termo cultura, o conjunto de formas da vida
espiritual da sociedade, que nascem e se desenvolvem à base do modo de
produção dos bens materiais historicamente determinados. Assim entende-se
por cultura o nível de desenvolvimento alcançado pela sociedade na instrução,
na ciência, na literatura, na arte, na filosofia, na moral, etc. e as instituições
correspondentes”.
              A partir do conceito acima citado se pode estudar a cultura
brasileira em três fases, a saber: a primeira, cultura transplantada anterior ao
aparecimento do povo brasileiro. A segunda, cultura transplantada com o
surgimento do povo brasileiro, isto é, mamelucos, caipiras, curibocos,
crioulos, caboclos, sertanejos, etc. que vem a constituir o proletariado e a
chamada classe média. A terceira, a partir da libertação dos escravos, com o
surgimento do processo de desenvolvimento da cultura brasileira, muito em
particular, depois de 1930, com a era VARGAS, dinamizando as relações
capitalistas de produção tanto no agro quanto na urbe consolidando a existência
das classes sociais: burguesia e proletariado no Brasil.
              Cultura e imperialismo (Globalismo). Considerando que a
produção intelectual é à base da cultura capitalista, tanto material quanto
espiritual, ela tende ou é dirigida a reproduzir globalmente, idéias, valores,
princípios e doutrinas colocando os países periféricos em profunda dependência
cultural. A produção intelectual é o produto e a condição do imperialismo
cultural, na forma do pensar eurocêntrico e etnocêntrico, que se verifica no
chamado processo de globalização. Para superar as formas de pensar
eurocêntricas e etnocêntrica há que se contrapor, a elas, o pensar crítico
abrangente com as respectivas recomposições: política, econômica, social,
psicossocial, institucional e ambiental. Com esta perspectiva o povo do país,
alienado culturalmente, deve entender e apreender de forma objetiva não
somente os processos de deculturação, mas, principalmente, de aculturação.
Na medida em que apreende os processos, em tela, cabe ao povo e à
intelectualidade esforçar-se, persistentemente, em conduzir maneiras de auto-
afirmação libertando sua cultura da carga de pré-noções e preconceitos
destinados a resigná-la. Em contra ponto ao pensar do “centro de dominação"
há que se estabelecerem umas compreensões solidárias, criativas e niveladoras
na dimensão cultural da nação. O pensar crítico abrangente na sociedade, no
                                                                                34
dizer de Darcy Ribeiro, pode experimentar impulsos progressistas
“incorporando à sua cultura elementos de um acervo tecnológico-produtivo
que, mais que traços de uma cultura qualquer, fazem parte, hoje em dia, do
patrimônio do saber humano”. Ainda, segundo Ribeiro, é necessário ter em
conta que "as construções culturais devem ser examinadas valorativamente, em
termos de seu papel como instrumentos e estímulos da afirmação de
criatividade e desenvolvimento autônomo de um povo, ou ao contrário, de
percalços dissuasivos de qualquer esforço renovador. É admitir ademais a
possibilidade de restauração da ingenuidade cultural pela erradicação de seus
conteúdos espúrios, através de processos autoconstrutivos que seriam
revoluções culturais".

              A pluralidade cultural se dá no âmbito da teoria da adaptação
(ver HABERMAS) a partir da tolerância que prefigura, envolve e evolve o
multiculturalismo e a democracia nas sociedades humanas chamadas
ocidentais. O termo tolerância vem do latim “toleranz” que trata da virtude
política entre os cidadãos de procedência e modos diferentes de viver. Do ponto
de vista da cultura tolerância é considerada a mistura ou miscigenação de
diferentes e distintas culturas para a cooperação e compromisso de convivência
humanitária, ou seja, mistura, de forma virtuosa, não somente de etnias, mas
principalmente, de raças e de religiões.

             Sob esse aspecto o Brasil se diferencia, no planeta, na medida em
que é dotado de total e absoluta tolerância étnica, racial e religiosa em todo o seu
território. Esse qualificativo da pluralidade cultural ou do multiculturalismo
brasileiro aponta para um por vir virtuoso da nacionalidade na solução dos seus
problemas internos. Também, em particular, dos problemas mundiais ou
internacionais aonde se verificam cerca de 30 conflitos bélicos (guerras) com
conteúdos e formas de origem ética, racial e religiosa que se originam na
estrutura metabólica do capital no modo produção capitalista e se tornam
irreconciliáveis.
             Sendo um modelo reduzido das contradições globais, desse modo
produção, certamente o Brasil, na medida em que soluciona os seus problemas,
pode e deve servir de modelo para a solução dos conflitos atuais do sistema
mundo capitalista. Para tanto sua pluralidade é o seu principal ponto forte pela
adaptabilidade étnica, racial e religiosa do seu povo.
             Com uma séria política de inclusão social acredita-se que o país
possa, agora, circunscrever um campo de ação onde possa reivindicar para si e
para o mundo uma estrutura e uma lógica de humanidades ou antropolítica ou,
ainda, uma nova forma de vida em seu todo. O nexo da teoria da cultura e da
teoria da adaptação está, no Brasil, exatamente na miscigenação da cultura.
Ela é a gênese da pluralidade cultural ou formação de identidades coletivas
                                                                                  35
próprias do seu povo não somente em termos políticos, mas na busca evolvente
de mitigar, virtuosamente, a destrutividade social e o discenso irreconciliável
das etnias, das raças e das religiões. Com essa sensibilidade e virtuosidade o
povo brasileiro tem um ajuste legitimador a um pluralismo de visões do mundo,
coexistências e integração político-social para os “por vir” da humanidade ou
sociedade globais livres, ecumênicas e sem ranços colonialistas e imperialistas.

         Muticulturalismo. Coexistência de diferentes culturas em um mesmo
território ou país. O Brasil é por excelência, um país multicultural bem sucedido.
Em seu território fala-se mais de 170 línguas com particularidade a oficial o
português (substituta da língua geral) integrar sua população em seus 8,5
milhões de km² independentemente de raças, etnias, religiões, níveis sociais e de
rendas. Até mesmo os regionalismos existentes servem de catalisadores para a
identidade nacional onde as distâncias servem de unidade. O Brasil, como um
todo, é a negação do eurocentrismo ou etnocentrismo do determinismo
geográfico. O multiculturalismo imbricado ao metabolismo do capital, no Brasil,
pode ser explícito como “uma exigência política, uma exigência de grupos que
sentiam ser oprimidos, ignorados e reprimidos” (Wallerstein). É por isso
versátil e libertador.

        Exclusão social. Fenômeno causado pelo metabolismo do capital no
sistema mundo capitalista, ora vigente e que exclui incomensurável número de
pessoas dos processos de trabalho e de produção e circulação dos bens e serviços
ofertados pelas empresas ou unidades de produção e de circulação de
mercadorias. Ela gera, também, em nível mundial, resistências com vistas ao seu
inverso, ou seja, a inclusão social e que batem de frente com as forças motrizes
do metabolismo do capital (lucro e poder) na expectativa de uma antropolítica.
Enquanto a inclusão social trata da ação de inserir, envolver ou introduzir os
entes humanos no sistema mundo do capitalismo, a exclusão social, própria do
metabolismo do capital, é a ação de descartar os seres humanos dos processos de
trabalho. Transforma-os em coisas, isto é, priva-os de ser do sistema e de sua
cidadania. Embora, a exclusão social não signifique pobreza vale lembrar que a
maioria da população brasileira, está inserta em um dos mais aberrantes e
ignóbeis processos de pobreza. Apenas 15% são do país e do mundo e os 85%
restantes apenas estão no território sob o manto da mais irracional e perversa
concentração de renda, e de riqueza. O Brasil, segundo dados da ONU, só
perde em concentração de renda, no mundo, para o mais miserável país do
planeta, segundos dados de IDH da ONU que é Serra Leoa no Continente da
África. A exclusão social, no Brasil, tende, também, para a exclusão digital, ou
seja, no sistema tecnológico da informação, via satélites, e da nanotecnologia
sob a ótica da física subatômica. Esta, inclusive muda a visão do mundo e do
cosmo descartando o pensamento linear e a visão criacionista da vida no planeta.

                                                                                36
Racismo e sexismo. Qualquer bom dicionário explicita que o racismo
configura um conjunto de teorias e crenças com vistas à discriminação entre as
raças e entre as etnias e o sexismo é a atitude de se discriminar pessoas com
fundamento no gênero, ou melhor, dizendo, na forma de comportamento sexual
de um ser humano. Do ponto de vista da economia política o racismo tem a
finalidade manter as pessoas dentro do sistema econômico-social como
inferiores. Podem e devem, segundo os racistas, ser explorados economicamente
(como se dá com os migrantes e imigrantes nos países cêntricos) no processo
incessante de acumulação de capital e, por isso, são vistos como atrasados,
baderneiros ou bárbaros. Para tristeza dos antropolíticos os cientistas políticos e
sociais vêm transformando o racismo em uma questão básica de legislação
formal em vez de contextualizar as raízes dos privilégios, dele oriundos, que
permeiam as sociedades e que dizem respeitos a todas as suas instituições e
organizações inclusas nelas a do saber. Esquece-se que a luta contra o racismo é
indivisível e que deve ser extipardo em quaisquer das formas em que se
apresente. O sexismo é a maneira pela qual o sistema mundo capitalista
discrimina o gênero feminino nos processos de produção e, conseqüentemente,
no processo incessante de acumulação de capital onde as mulheres quase sempre
têm remuneração mais baixa que os homens para a mesma atividade.

        Universalismo e particularismo. Nesta visão prévia, dos Textos, não se
pode deixar de trazer, para as suas contextualizações, os conceitos de
universalismo e de particularismo sob o ponto de vista da economia política. O
conceito mais amplo de universalismo é aquele que o apresenta como doutrina
ou crença que afirma que todos os humanos estão destinados a salvação eterna
em virtude da bondade divina. Outro é aquele inspirado pelo iluminismo que só
reconhecem como legado universal aquilo que é patrimônio de todos. Já do
ponto de vista de determinados segmentos das ciências sociais universalismo é
supostamente a visão que se tem de existirem leis, normas, valores ou verdades
que se aplicam indistintamente a pessoas, grupos ou sistemas históricos no
tempo e no espaço. Essa concepção é muito utilizada, pelos defensores do
sistema mundo capitalista para perpetuar o processo incessante de acumulação
de capital quando coloca como universal aqueles valores que são criados ou
observados, primeiramente, pelo centro hegemônico do sistema de acumulação
ou potência imperial.
        De um ponto de vista da economia política os conceitos acima citados
levam a crença de existirem pelo menos três variedades de universalismo, isto é,
o religioso, o humanista-científico e o imperialista. Daí os universalismos se
prestarem para oprimir as pessoas que, em troca, se refugiam em particularismo
como bem explica Wallerstein. “Os particularismos, por definição, negam os
universalismos”. Daí existirem, também, múltiplos particularismos, ou seja,
“aqueles reinvidicados pelos atuais derrotados nas corridas do universalismo”.
Aqueles “dos grupos em declínios” sejam eles: raça, classe social, etnia, língua
                                                                                 37
e religião. Aqueles oriundos “dos grupos persistentes situados no fundo da
escala, independentemente de como sejam definidos” sejam eles parias ou não
do sistema mundo capitalista que são “os negros, os ciganos, os harijan, os
burakumin, os índios, os aborígenes e os pigmeus”. Aqueles formados por
“esnobes esgotados que se orgulham da sua elevada cultura” e mesmo pregam
a vulgaridade das massas, ou melhor, traduzindo das pessoas comuns e, por fim,
aqueles “constituídos pelas elites dominantes”.          Notável é que, segundo
Wallerstein, tanto os universalismos quanto os particularismos são governados
pela lei aristotélica do terceiro excluído e são, em geral, focos centrais das lutas
políticas. Para tanto, vale citar a assertiva de Wallerstein “universalismo e
particularismo são definidos como antinomia crítica que podemos usar para
analisar toda ação social; todos temos de escolher, de uma vez por toda, entre
dar prioridade a um ou outro. Isto tem sido útil, para os vencedores e nada útil
para os derrotados”.

        Novos mapas geopolíticos da globalização/mundialização e da
integração Sul-americana. Sob esse prisma os Textos, de um modo geral,
remetem o leitor para o tema em epígrafe, chegando a contextualizar possíveis
cenários para o presente século. Discorre sobre o caos estrutural do sistema
mundo do capitalismo e sua possível ruptura ou substituição. Procura, ainda,
mostrar a inserção do Brasil no chamado mundo globalizado. Discutem-se as
grandes contradições do sistema mundo capitalista, em particular, aquela
existente entre o capital mudializado versus trabalho local e descartável.
Procura-se, para tanto, usar das categorias do pensar crítico abrangente a seguir:

        a) Objetividade com a submissão ao real, a transformação do mundo e
ao cuidado com a ocupação e empregabilidade em contraponto a exclusão social
        b) Historicidade na medida em que trata a realidade como processo, ou
seja, vê o passado como virtualidade do presente e como dinamismo e
virtualidade do futuro além da interação entre consciência e processo
        c) Racionalidade a partir da sensibilidade social, das correlações causais
da consciência útil ao desenvolvimento ou da antropolítica e da dialética da
razão e da realidade
        d) Totalidade como conexão de sentido e projeto de destino nos âmbitos
nacional, sul-americano e de, como povo, pertencer ao mundo
        e) Atividade entendida como pensamento e ação, caráter histórico e
social dos valores e da ética do desenvolvimento sustentável com vistas a
antropolítica
        f) Liberdade como ato livre de pertencimento ao mundo e como ato de
libertar como dialética da liberdade como existência autêntica da liberdade
concreta
        g) Nacionalidade como o universal concreto onde se extinga as relações
de dominação e se veja a nação como origem de significado, mesmo inserto em
                                                                                  38
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  • 1. Geraldo Medeiros de Aguiar TEXTOS SOBRE ECONOMIA POLÍTICA E DESENVOLVIMENTO 2008
  • 2. DEDICATÓRIAS E AGRADECIMENTOS Agradeço e dedico estes TEXTOS a minha esposa Professora Mauricéa Marta B. Wanderley por me motivar a escrevê-los e a meu filho Tiago Wanderley de Aguiar que os formatou e digitou. Dedico, ainda, a minha filha Milena (minha linda flor gentil singela), e aos meus filhos Lucas e Eugênio que, com Marta e Tiago, são a razão de todo meu amor, carinho e dedicação familiar. Externo, em especial, meus agradecimentos ao Professor Ary Avelar Diniz, (Presidente da Mantenedora do Colégio e da Faculdade Boa Viagem), que financiou a minha participação na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD XI) e ao Professor Walter Moraes que acreditou no meu trabalho. Dedico estes TEXTOS aos mestres e amigos: Manuel Figueroa Lazarte, técnico da ONU/FAO, com quem apreendi a contextualizar ou ler a realidade, a Vantuil Barroso Filho meu ilustre contraponto em diferentes fóruns, (na esperança de que volte a apostar na luta para o humanismo concreto). Também, externo minhas homenagens ao colega e amigo Professor George Emílio Bastos Gonçalves e Felipe Reis e aos meus ex-alunos de Economia Política, ao meu genro Fabrício Azevedo, a minha querida sogra Josamira B. Pontes, a minha neta Thaís e aos meus netos Andrey e Ian Victor pelo carinho e dedicação como me recebem e acolhem. (Estes textos, ainda, não foram submetidos à revisão gramatical da língua portuguesa. A redação é a coloquial do Autor. Para publicação terá que ser revisado. No presente momento serve de apostila para os alunos do Autor ). 2
  • 3. ÍNDICE APRESENTAÇÃO 05 I. VISÃO PRÉVIA 08 Velhos e novos paradigmas 08 As ideologias imbricadas à economia política 20 A divisão do trabalho e um mundo sem empregos 21 Outros conceitos importantes 30 Cronologia de acontecimentos importantes no sistema mundo capitalista 42 II. CATEGORIAS BÁSICAS PARA O ENTENDIMENTO DA SOCIEDADE E DA ECONOMIA POLÍTICA 47 Instância econômica – IE 47 Instância social – IS 48 Instância política – IP 49 Instância ideológica/psicossocial –II 50 Sistemas mundiais 51 Economia política 52 Leis da economia política 57 Trabalho e alienação 59 Bens e mercadorias 61 Teoria da mais valia 62 O valor e suas teorias 64 Valor e processo de trabalho 66 As lógicas do valor 69 Capital e crédito 73 Empresa capitalista 76 Excedente econômico e acumulação de capital 78 Renda, lucro e investimento 81 Comércio mundial 82 A rodada de Doha da OMC. A Conferência de Hong Kong 89 III. MODELOS E SEUS USOS 92 Modelos de desenvolvimento econômico 93 Modelos de desenvolvimento político 100 Nacional capitalismo 101 Capitalismo de estado 102 Socialismo de desenvolvimento 103 Características das realidades emergentes 104 Uso de modelos econométricos. Uma crítica 106 3
  • 4. IV. SINOPSE DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO 112 Teoria do circulo vicioso 112 Teoria do dualismo econômico 114 Teoria do grande incentivo 115 Teoria do crescimento equilibrado 115 Teoria do crescimento não-equilibrado 116 Teoria da transição do arranco para o autodesenvolvimento 117 Teoria da economia periférica ou exportadora dependente 118 Teoria do subdesenvolvimento 122 Teoria do desenvolvimento sustentável 124 V. AS ESTRUTURAS ECONÔMICAS DAS REGIÕES SUBDESENVOLVIDAS 137 A configuração estrutural 137 A dinâmica do subdesenvolvimento 145 As condições do subdesenvolvimento 149 VI. IDÉIAS PARA UM MODELO AUTÔNOMO DE DESENVOLVIMENTO 157 VII. DESENVOLVIMENTO/SUBDESENVOLVIMENTO UMA DESCONSTRUÇÃO DE EDGAR MORIN 179 BIBLIOGRAFIA 184 O AUTOR 193 4
  • 5. APRESENTAÇÃO Os presentes Textos sobre economia política e desenvolvimento destinam-se aos alunos do autor e leitores diversos. Os Textos, em epígrafe, servem, também, de complemento aos outros trabalhos do autor, voltados para palestras e cursos, intitulados: a) Notas sobre metodologia de pesquisa científica. Recife, 2001. 90 p. b) Temas sobre epistemologia e ecologia. Recife, 2002. 68 p. c) Política includente de recursos humanos de base local. Recife, 2008. 130 p. (no prelo) d) Leituras sobre planejamento estratégico. Recife. 2003. 108 p. e) Agenda 21 e desenvolvimento sustentável. (Caminhos e desvios). Recife. Livro Rápido. 2004. 109 p. (2ª edição no prelo) f) Organizações em rede. O que são como funcionam? Recife, 2006. 150 p. (no prelo). g) Anotações sobre a análise da realidade brasileira contemporânea. Recife 2007. 135 p. Os dois primeiros trabalhos são em co-autoria com a Professora Mauricéa Marta Bezerra Wanderley que também motivou a elaboração dos outros ensaios, acima citados, e estes Textos sobre economia e desenvolvimento. A proposição do autor é dotar seus leitores, universitários ou não, de uma consciência crítica abrangente inserta em paradigmas não-cartesianos. Para tanto, busca introduzir nos Textos os elementos básicos da teoria da complexidade a partir de uma visão sistêmica, dialética e transdisciplinar. A metodologia utilizada foi a de consultas bibliográficas, de indução, participação na UNCTAD XI (com patrocínio da Faculdade Boa Viagem) e contextualização de sua experiência profissional. A técnica ou plano de trabalho foi voltado para as palestras, ementas e programas pedagógicos das disciplinas dos cursos das organizações de ensino onde o autor atua. Os conteúdos, apresentados de forma sinótica, servem de ajuda de memória para contextualizações tanto em conferências quanto em salas de aulas e em oficinas de trabalho, a partir de uma visão crítica abrangente com destaques para: a) Teoria da complexidade com vistas a motivar os leitores à inter e transdisciplinaridade com os novos paradigmas da visão sistêmica ou holística da realidade 5
  • 6. b) Análise, de forma sinótica, e em tópicos dos assuntos julgados essenciais com vistas a seus desdobramentos, contextualizações e conexões realizadas em salas de aula, em conferências e palestras c) Síntese a partir das respostas e doações de sentido às ementas e conteúdos pedagógicos e andragógicos das disciplinas que leciona d) Formação de base de conhecimento para seus alunos, leitores e ouvintes. Como foi dito os Textos, agora, estão imbricados aos demais trabalhos, acima citados, em co-autoria ou não com a Professora Marta Wanderley. Fica claro, portanto, que seus leitores e, principalmente, seus alunos tomam conhecimento do que se explicitou naqueles ensaios. Essa é a razão de, na leitura, apresentarem-se repetições dos assuntos tratados em outros ensaios de forma modificada ou não. Os Textos estão divididos em sete partes: a primeira, voltada para uma visão prévia de paradigmas, a segunda, converge para os fundamentos conceituais das categorias de análise da sociedade e da economia política suas principais escolas e categorias de análises; a terceira estuda modelos econômicos e políticos e seus usos, a quarta diz respeito às principais teorias do desenvolvimento e do subdesenvolvimento, a quinta, visualiza as estruturas econômicas das regiões subdesenvolvidas a sexta, volta-se aos fundamentos para um modelo autônomo de desenvolvimento sustentável ( revisada do livro Agenda 21 e desenvolvimento sustentável) e a sétima trata da desconstrução do desenvolvimento/subdesenvolvimento segundo Morin. O autor no que pese ter feito sua graduação universitária e seu mestrado na já fragmentada, República Socialista da Tchecoslováquia, hoje, República Tcheca e República da Eslováquia. Ali, estudou, com certa profundidade, o marxismo e participou da Primavera de Praga (movimento importante para a Revolução Mundial de 1968). Deseja explicitar, ao leitor, que não vê e muito menos aceita o marxismo como doutrina ou dogma, mas sim como uma visão, método, concepção e contextualização dos entes humanos em sociedade, nos diferentes modos de produção que não foram e não são realidades estáticas. O marxismo, no seu entender, recria-se no fluir das mudanças e mutações da história da humanidade. Continua a ser “a filosofia da ação transformadora do mundo” ou um “método inacabado para as ciências sociais” mesmo fora do contexto histórico em que surgiu, emergiu e fortaleceu-se, como parte ou contribuição, às ciências humanas cujo objetivo é adquirir conhecimento sobre a realidade, a sociedade e o mundo histórico. Como filosofia é ciência pura, isto é, foge do pragmatismo do controle dos seres humanos sobre a natureza para analisar o metabolismo do capital em seu processo incessante de acumulação. 6
  • 7. O autor considera e conceitua a economia política, como padrão em rede de relações de trabalho e de relações sociais de produção com a natureza. Seu objeto é tão complexo ou similar à própria vida que se autorecria. As suas relações implicam em perspectivas: > De processo, como mudanças autocriativas ou autodeterminadas das ações induzidas a partir da ação comunicativa humana que se dão nas relações de produção e circulação dos bens econômicos pelo conhecimento reflexivo e pelo metabolismo do capital > De forma, como ação estratégica dos relacionamentos humanos com a natureza ou biosfera > De matéria, como ação instrumental de fabricação de instrumentos e meios de trabalho que se dão e se realizam nos processos de trabalho e de produção no mundo concreto > De sentido ou significado, como apreensão e entendimento das coisas, dos fenômenos e do metabolismo do capital. A economia política sintetiza todas essas perspectivas ou padrões da vida na terra com o objetivo de atender ilimitadas necessidades humanas com vistas a um cenário de antropolítica. O autor solicita dos seus leitores, críticas aos Textos pelo correio eletrônico gmaguiar@yahoo.com.br 7
  • 8. I. VISÃO PRÉVIA O propósito dessa visão prévia é situar o leitor no sistema mundo capitalista a partir da queda de paradigmas ao tempo que lhe apresenta conceitos e teorias insertas na realidade contemporânea em um contexto que se convencionou chamar de globalização. Essa visão prévia, sem dúvida, é um requisito para a formação de uma base de conhecimento a título de intróito. Velhos e novos paradigmas O objetivo aqui é situar o ledor no paradigma cartesiano, (reducionista, mecanicista e determinista) e seu processo de superação por um novo paradigma que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico. Para tanto, em termos sinóticos, busca-se a historicidade da visão do mundo pelos entes humanos e radical mudança do pensamento linear para o pensar complexo. Grosso modo pode afirmar-se que até os anos dos grandes descobrimentos ou invasões (1492 a 1500) a visão do mundo era orgânica, isto é, se vivenciava a natureza pela interdependência dos fenômenos naturais e espirituais em termos de relações orgânicas, onde prevalecia a subordinação das necessidades individuais às da comunidade. A Igreja fundamentada na filosofia de Aristóteles e na Teologia de Tomás de Aquino estabeleceu a estrutura conceitual do conhecimento durante toda a chamada Idade Média. Aquela visão tinha por finalidade apenas o significado das coisas e não exercia quaisquer predições ou controles dos fenômenos naturais. Seu foco era as questões teístas voltadas para a alma humana e a moral. Outrossim, em pleno cisma da Igreja Católica Apostólica Romana, nasce e cresce o hedonista Francis Bacon ferrenho crítico de Aristóteles, Platão, escolásticos e alquimistas e reformula, por completo, a indução aristotélica dando a mesma uma grande amplitude e eficácia. Dessa maneira Bacon, em contraponto ao “Organon” aristotélico, expõe em sua obra “Novum organum” um novo método de investigação da natureza a partir das “Tábuas da investigação” que bem caracteriza a sua teoria da indução e seu empirismo. Em réplica a Platão, Bacon escreve a “Nova Atlântida” em cuja utopia a ciência deixa de ser um exercício de gabinete ou atividade contemplativa para se transformar em um cotidiano de árdua luta com a natureza. A partir desses escritos, Bacon redefine a visão orgânica do mundo. Coloca o conhecimento em um novo plano científico cuja divisa máxima foi “saber é poder”, princípio este que lhe permitiu construir um vasto, eficaz e virtuoso sistema de idéias para o seu método do empírico de buscar a verdade mesmo violentando a natureza. Em pleno processo da acumulação primitiva do capital e do capitalismo mercantil ou renascimento surge no, continente europeu, um grande pensador, 8
  • 9. René Descartes (Cartesius), que revoluciona o mundo do pensamento e da ciência com a criação do método cartesiano com base na metafísica e na mecânica. Seu método leva a laicização do saber, isto é, a universalização do conhecimento. Ao desenvolver o princípio da causalidade Descartes, anuncia o advento de um mundo racional e positivo sobre o qual o ente humano proclama seu reinado sobre as potencialidades da natureza. Na tentativa de organizar o mundo em um domínio da natureza Descartes, tenta integrá-la em um universo de máquinas que fundamenta a idéia cartesiana. Dessa forma, Descartes desenvolve o tema da empresa inflectida na caça ao lucro e a mecanização das relações humanas e da natureza fundamentando a forma de pensar cartesiana. O seu “penso logo existo” remete o pensar filósofo a uma ordem natural inerente à progressão do conhecimento, agora, alicerçado na matemática e na geometria cartesiana, ou seja, só se considera verdadeiro o que for evidente e intuitível com clareza e precisão. Sua filosofia racional proclama a universalidade do bom senso. A filosofia cartesiana se explicita na máquina capaz de produzir todos os fenômenos do universo inclusive o corpo humano. Sua magistral obra está explicita nos seus seguintes escritos: • Discurso do método • Meditações • Objeções e respostas • As paixões da alma • Cartas. Ainda, no renascimento ou iluminismo surgem dois grandes sábios Galileu Galilei e Kepler que conceberam a idéia de lei natural em toda sua amplitude e profundidade, sem, entretanto, ser aplicada em outros fenômenos além do movimento dos corpos em queda livre e as órbitas dos planetas. A partir de 1666 vem à luz à física e a mecânica celeste de Isaac Newton que matematiza e experimenta um método para a ciência de forma a unir e superar o empirismo de Francis Bacon e o racionalismo de René Descartes. Isaac Newton (matemático, físico, filosofo e teólogo) desenvolveu o método matemático das flexões com o cálculo diferencial e integral. Criou a teoria sobre a natureza da luz e as primeiras idéias sobre a gravitação universal, enunciaram as leis e princípios da física com ênfase a sistematização da mecânica de Galileu e astronomia de Kepler. Dessa forma criou a metodologia da pesquisa científica da natureza, que consiste na análise indutiva seguida da síntese. Foi ainda criador da teoria do tempo e do espaço absolutos. Vale dizer que os pensadores aqui, sinteticamente, apresentados foram os grandes formuladores dos paradigmas cartesianos (reducionista, mecanicista 9
  • 10. e determinista) das ciências e que somente a partir dos meados do século XX, começaram a serem superados com o desenvolvimento da teoria da relatividade e da física quântica. Com os pensamentos de Darwin, Hegel, Marx, Engels, Einstein, Heisenberg, Planck, Bohr, Freud, Chew, Rutenford, Broglie, Schrodinger, Pauli, Dirac, Sartre, Bell, Habermas, Prigogine, Maturana, Varela, Bateson, Margulis, Grof, Lovelock, Capra e outros, dão-se o início da superação dos paradigmas cartesianos por outro que pode ser chamado de holístico, ecológico ou sistêmico que pode ser explícito pelos critérios de: • Mudança da parte para o todo - Tal critério, nesse novo paradigma, objetiva apreender as propriedades das partes a partir do todo. As partes são vistas como um padrão em um emaranhado de relações inseparáveis em forma de uma teia • Mudança de estrutura para processo - No diagnóstico e prognóstico tentar-se-á apreender a realidade na dinâmica da teia, isto é, as estruturas serão vistas como manifestação de um processo subjacente e não a partir de estruturas fundamentais • Mudança da objetividade real para um enfoque epistêmico, ou seja, a compreensão do processo de conhecimento na descrição dos fenômenos naturais. Dessa forma a objetividade do real passa a conter uma dependência do observador humano e do seu processo de conhecimento • Mudança de construção para rede como metáfora do conhecimento. Com tal critério tenta-se fugir das chamadas leis e princípios fundamentais para uma metáfora em rede ou reticular. Na medida em que a realidade é percebida como uma rede de relações ou interfaces, passando as descrições a forma de uma rede interconexa dos fenômenos observados. Dessa maneira, o enfoque reticular ou em rede não suporta hierarquias ou alicerces • Mudança de descrições verdadeiras para descrições aproximadas - É um critério de novo paradigma que não aceita a certeza absoluta e final. Reconhece que os conceitos, as teorias, as descobertas científicas e as inovações tecnológicas são limitados e aproximados. Entende que a própria realidade não pode ter uma compreensão completa, ou seja, sua apreensão depende da maior ou menor aderência do modelo ou enfoque que a apreende. O ente humano lida apenas com descrições limitadas e aproximadas da realidade. A partir dos novos paradigmas é importante compreender o novo código da época da revolução pós-industrial, da informação ou do conhecimento que se sustenta nas seguintes categorias: 10
  • 11. a) Interatividade que se constitui de vasta rede de aparelhos eletrônicos interativos onde é deslocado o poder das redes de televisão para os usuários na medida em que estes podem modificar as imagens com total liberdade e, portanto, atenuar ou erradicar a passividade do telespectador. Está imbricada ao desenvolvimento da telemática b) Mobilidade característica da comunicação em linha imediata de qualquer lugar para qualquer parte do planeta ou situação de trânsito ou lugar fixo. O imediatismo da comunicação móvel ou fixa, inserta nesta categoria, permite a efetividade da conversão ou transferência de informação de um meio para outro c) Conversibilidade ou conectividade que tem a capacidade de transformar a mobilidade de um sistema de aparelho para outro independentemente de uma marca ou país de origem. A conversibilidade é também um elo fundamental da rede interativa e sua mobilidade; d) Ubiqüidade consiste na sistemática disseminação dos sistemas de comunicação em rede pelo mundo e por todas as classes e estratos sociais dos países hegemônicos e periféricos. Esta categoria é responsável, hoje, pela divisão da população mundial em "inforrica e infopobre" e) Globalidade/mundialidade aponta para as ilações de troca onde se explicitam os fenômenos políticos de mundialização versus fragmentação. Também, dá-se o sócio-econômico de exclusão versus inclusão, ou a criação de um sistema mundo onde, ainda, não se visualiza o novo rumo do existente modo de produção capitalista ou de sua possível superação ou negação histórica, por um outro modo de produção que não se sabe qual é. No cenário de mudanças de paradigmas e do processo de globalização a educação do futuro demanda uma reconceitualização e reencantamento dos discentes tão profundas que abalam os alicerces das questões orçamentário- financeira, tamanho das classes nas organizações educacionais, formação, salários do corpo docente. Há que se dar atenção aos conflitos curriculares, avaliações e ementas insertas nos planos pedagógicos e andragógicos. Como transformar a educação em um sistema de alta opção em termos de compatibilizar o ensino desfocado e desencontrado com a realidade evolvente e mutante é o cerne da questão educacional em rede. Vislumbra-se a tendência de as empresas venderem conhecimentos, com apoio das novas tecnologias da informação, com vistas a adequar o ensino ou adaptar a educação às novas realidades indicando novos caminhos que conduzem ao sucesso e orientam o ensino às demandas educacionais do futuro. O código da revolução da informação e do conhecimento subverte o velho código do industrialismo que foi consubstanciado nas seguintes categorias: padronização; especialização; sincronização; concentração; maximização e centralização. 11
  • 12. É nesse cenário de superação de um código por outro que a educação se projeta combinando o aprendizado com trabalho, com a luta política, com serviços comunal-associativos, com turismo e lazer, etc.. Aponta para um total ou completo reexame educacional tanto nos países cêntricos como nos periféricos com vistas ao humanismo concreto como utopia a ser realizada. Edgar Morin em seu livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro" trata das seguintes questões, aqui, sinòticamente, apresentadas: a) Aprender a ser, a fazer, a viver juntos e a conhecer (produzir conhecimento) b) Visão transdisciplinar da educação como processo de construção do conhecimento comum a todas as especialidades compreendendo principalmente: i) as linguagens para superar as diferenças de conceito e enfoque sobre o mesmo objetam que as especialidades introduzem no processo do conhecimento; ii) o erro e a ilusão, isto é, fazer conhecer o que é conhecer ou, ainda, conhecimento do conhecimento para saber que sabe; iii) o erro e a ilusão que são diretamente condicionados por características cerebrais, mentais e culturais do conhecimento humano c) Princípios do conhecimento pertinente a: i) aprender problemas globais e neles inserir conhecimentos parciais e locais; ii) saber que o conhecimento fragmentado impede a operação da interface entre as partes e a totalidade; iii) ensinar métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo d) Identidade terrena com as percepções: i) do destino planetário do ente humano (geneticamente modificado ou não); ii) das comunicações imediatas entre todos os países e continentes; iii) do destino de vida e de morte compartilhado de forma planetária e) Incertezas e inesperados nas percepções da vida e do mundo, ou seja: i) preparar as mentes para esperar o inesperado para poder enfrentá-los; ii) pensar estratégias que permitam enfrentar os imprevisto ou incertezas; iii) ensinar a enfrentar as incertezas, isto é, "navegar em mares de incertezas em meio a arquipélagos de certezas" f) Compreensão mútua entre os humanos para uma frente vital quanto a: i) reforma das mentalidades para novas percepções da vida e do mundo; ii) compreensão da necessidade de sair do estado bárbaro da incompreensão politizando os problemas concretos; iii) estudo da incompreensão a partir de suas raízes, modalidades e efeitos para a erradicação do racismo, da xenofobia, do desprezo e da exclusão social g) Ética e antropoética com vistas a perceber que o ser humano tem necessariamente a condição de indivíduo-sociedade-espécie, isto é: i) os humanos serem simultaneamente indivíduos, parte da sociedade e parte da espécie; ii) a humanidade ser vista e desenvolvida como comunidade planetária; 12
  • 13. iii) a consciência traduzir a vontade de realizar a cidadania terrena e planetária com vistas à antropolítica. O paradigma Cartesiano-Newtoniano. Uma Síntese. A tão decantada civilização tecnológica está em crise. A técnica, o tecnicismo e a alta tecnologia, associadas a uma forma de viver moderna, igualmente técnica, mas cada vez mais estereotipada, pragmática e menos humana, está apontando para a falácia de mais uma promessa: por nos meios de produção ou no extremo desenvolvimento material a chave para a felicidade humana (hoje, tudo isso tem separado cada vez mais os humanos dos humanos e os humanos da natureza, e, também, o humano de si mesmo). Este paradigma se caracteriza por idealizar uma realidade, ou melhor, uma concepção/visão de mundo mecânica, determinista, material e composta, ou seja, de máquina constituída por peças menores que se conectam de modo preciso. E essa concepção de mundo teve um grande impacto não só na Física, mas muito mais, pélas suas conseqüências filosóficas em: Biologia, Medicina, Psicologia, Economia, Filosofia e Política. A extrema fragmentação das especializações e a codificação da natureza. A ênfase no racionalismo, na fria objetividade e no desvinculamento dos valores humanos superiores, a abordagem mercantil competitiva na exploração da natureza, a ideologia do consumismo desenfreado, as diversas explorações com fins de se obter qualquer vantagem em cima de outros seres vivos, etc. têm sua fundamentação filosófica numa pretensa visão “científica”. Essa visão de um universo mecanicista, reducionista e determinista numa concepção “neodarwinista” da supremacia de umas ditas classes sociais, políticas e profissionais por sobre outras, é reedição aprimorada de um discurso fascista-racista já usado pelos nazistas há algum tempo atrás. O paradigma Holístico. Um Sumário. O extremo sentimento de mal- estar que muitas pessoas sentem diante dos complexos e trágicos problemas da atualidade têm levado a uma busca de um diálogo entre os vários núcleos do saber e da atividade humana. Por exemplo, a ONU, a OMS, a UNESCO, a UNCTAD e a FAO, como grandes organizações internacionais, buscam uma maneira conjunta de solucionarem muitos dos atuais problemas humanos, sem falar nos movimentos de encontro interdisciplinares e a busca pela ação cooperativa em todos os âmbitos, a medicina psicossomática e homeopática e a abordagem holística em psicoterapia, etc. É a essa busca de uma visão de conjunto, uma visão do TODO, que se dá o nome holismo. Desde que Descartes cristalizou, de modo definitivo, a idéia da divisão da ciência em humana e exata (ou melhor, em “Res cogitans” e “Res extensa”, o que viria a se refletir em nossa divisão em corpo e mente etc.). Tem-se visto toda uma vasta gama de atitudes e comportamentos compatíveis com a idéia 13
  • 14. dominante do universo como um sistema mecânico casualmente emergido de um caldo de matéria de modo fortuito. O desagrado ao modelo cartesiano – e da sua conseqüente visão de mundo – foi expresso de maneira clara por vários grandes cientistas em nosso século, como Albert Einstein, Werner Heisenberg, Niels Bohr, Baterson, Varela e tantos outros. Enquanto, o mecanicismo cientifico vê o universo como uma imensa máquina determinística, o holismo, sem negar as características “mecânicas” que se apresentam na natureza, percebe o universo mais como uma rede de inter- relações dinâmicas, orgânica. Sabe-se que a incrível dinâmica do mercado das tecnologias e dos conhecimentos humanos impõe desafios. É preciso mudar sempre, estar aberto às idéias novas sempre. É necessário rever constantemente os conceitos e crenças, e estar sempre prontos a reavaliar os conhecimentos sempre abertos a aprender mais. Esse é o desafio. Não se pode confundir o real com a cópia ou com o virtual. O fato é que em todas as partes do mundo, todos os dias, pessoas reagem a propostas de mudanças que causam incertezas. Elas sempre são traduzidas nos cérebros humanos como perigo. Todos os dias, ao redor do globo, pessoas repelem novas idéias, empresas rejeitam boas soluções e propostas, apenas porque não estão de acordo com as expectativas dos conhecimentos anteriores das pessoas que tomam as decisões. Essas pessoas têm, em suas mentes, padrões já desenvolvidos de como funciona o mercado, ou a linha de produção, e assim, não conseguem enxergar nenhuma solução ou proposta que não obedeçam esses padrões, esses paradigmas. No dicionário, paradigma significa “padrão”, “modelo”. Paradigmas são modelos que se concebe de como funciona ou é concebida alguma coisa. Está presente em tudo na vida; em nossas atividades particulares, no trabalho, na sociedade. Por exemplo. William Bridges, autor do best seller “Job shifting” (O mundo sem empregos) diz que as empresas do futuro, mesmo as grandes, não estarão baseadas em um conglomerado de empregos, mas sim em duas redes: uma de pessoas interdependentes (não-empregados) e outra de informações. Para ver através dos paradigmas, é preciso ter em mente ainda outro conceito: os paradigmas cegam, não deixam ver soluções que fujam ao padrão conhecido. Por isso, a solução costuma vir de gente de fora, de pessoas que não estavam envolvidas com os padrões antigos. Às vezes, de pessoas não especialistas. Por isso, ao apresentar-se uma proposta nova, afaste do caminho aquelas pessoas que dizem “isto não funciona”. Elas vão atrapalhar os que estão buscando novos paradigmas. Quando Henry Ford quis desenvolver o motor V- 8, teve como resposta dos especialistas de que não funcionaria. Buscou, então, gente nova, engenheiros novos sem os velhos paradigmas. Isto não significa que os conhecimentos dos mais experientes devam ser desprezados. Mas também, que não se deve desprezar a visão dos mais novos. Idêntico procedimento se deu 14
  • 15. com Thomas Edison não somente no invento da lâmpada incandescente, mas no do telegrafo e outras invenções. Os cientistas gostam de pensar que contribuem para a marcha constante do progresso. Cada nova descoberta corrige deficiências, traz aperfeiçoamentos ao conhecimento e torna a verdade cada vez mais clara. Eles voltam seus olhos para a história da ciência e observam um contínuo desenvolvimento, convenientemente assinalado pelas grandes descobertas e criações. Essa visão, entretanto, é ilusória, segundo o historiador de ciência Thomas Kuhn, em seu livro “The struture of scientific revolutions” (1962). A ciência não é uma transição suave do erro à verdade, é sim uma série de crises ou revoluções, expressas como “mudanças de paradigmas”. Kuhn define “paradigma” como uma série de suposições, métodos e problemas típicos, que determinam para uma comunidade científica quais são as questões importantes, e qual a melhor maneira de respondê-las. Os estudos de Kuhn revelaram duas coisas: que os paradigmas são persistentes e que um derruba o outro de uma só tacada e não com pequenos golpes. O progresso científico está mais para uma série de transformações revolucionárias do que para um crescimento orgânico. As idéias fundamentais sobre paradigmas: • O hábito é o maior inimigo do novo • Novos modelos só são propostos nos “limites” da situação atual • O novo só acontece se houver “força” para superar os obstáculos que virão • Só enxerga-se o novo afastando-se da regra e do comportamento atual. Apresentam-se, a seguir, alguns princípios da “teoria da complexidade” para enfatizar as mudanças ou a transposição de paradigmas. Certamente, essa teoria ocupa cada vez mais espaços com a revolução do conhecimento e da informação. Mais ainda, com a gestação de novas fontes de energia (biomassa, eólica, solar) e da economia do hidrogênio com vistas à substituição dos combustíveis fósseis, redistribuição não somente do lucro, mas também, do poder entre os humanos que vivem no planeta. A complexidade necessariamente supera o conhecimento disciplinarizado. Fala-se, não mais dos processos de produção na organização da empresa convencional, mecânica e complicada, do sistema mundo do capitalismo, mas de uma empresa viva. Esta se autorecria por ser capaz de aprender e pensar a partir das famílias que nela estão insertas, portanto, de uma empresa ou organização tão complexa como a vida ou como a sociedade humana. Para maior inteligibilidade de como funcionam essas visões da complexidade ou apreensões em rede, nos processos sócio-econômicos e nas organizações reticulares apresentam-se, sinoticamente, os princípios básicos ou características da teoria da complexidade e o holismo com vistas à contextualização e apreensão da ciência, particularmente, da economia política. 15
  • 16. Dinâmica. Com a observação dos campos de forças contrárias (impulsoras e restritivas) que pressupõem o devir e o fazer novo imbricados as categorias de: atividade, criatividade, objetividade, historicidade e agilidade. Compreende as chamadas “estruturas dissipativas” para a criatividade possível. É o modo inovador do vir a ser. A dinâmica da ciência está no fato de que enquanto mais paradigmática ela for, menos cientifica será. Não-linear. Esse princípio do pensar complexo embora aceite que toda intervenção ou criação tecnológica que seja linear como parte da realidade, porém em totalidades complexas, a decomposição das partes desconstrói o todo e é impraticável a partir das partes reconstituírem o todo. É preciso entender que na complexidade da vida na parte está contido o todo. A não-linearidade implica equilíbrio e desequilíbrio que, geralmente, leva à substituição do velho pelo novo. Tudo está conectado. Segundo Demo na “não-linearidade implica, pois, muito mais que emaranhados, labirintos, complicações, onde se podem ver processos que se complicam, mas não se complexificam”. Na complexidade pulsa relação própria entre o todo e as partes. O complexo pode provir do simples como este do complexo. Reconstrutiva. Essa característica do pensar complexo doa sentido a produzir-se algo para além de si mesmo. A luz pode ser vista como matéria e onda dependendo do ponto de vista de quem a observa. Apenas na lógica formal linear 2+2 são iguais a 4, haja vista que se leva em conta que o primeiro 2 são dois euros e, o segundo, são dois reais seu somatório jamais serão 4. Muito do que parece igual esconde incomensuráveis diferenças e vice-versa. A reconstrutividade sinaliza sentidos de: autonomia; aprendizagem, reconstrução e reformação. A vida não significa uma matéria nova, mas certamente, uma nova modalidade de organização da matéria. Processo dialético evolutivo. O computador não aprende, logo, não sabe errar. É máquina reversível, sofisticada, complicada, mas não complexa. O cérebro humano possui habilidades reconstrutivas e seletivas que ultrapassam todas as lógicas reversíveis. É, portanto, irreversível e complexo. A vida não foi criada, ela mesma se reconstrói. É autocriativa. Dizia Heráclito em 2000 a.C. que: “vive-se com a morte e morre-se com a vida”. Essa assertiva aponta ou compõe o desafio dialético do conhecimento sobre o cosmo e sobre a vida. Irreversibilidade. Nada se repete. Qualquer depois é diferente do antes. É não linearidade. É impossível voltar ao passado ou ir ao futuro permanecendo o mesmo. A irreversibilidade sinaliza o caráter evolutivo e histórico da natureza. O tempo-espaço são dimensões irreversíveis. Toda e qualquer realidade está muito além do que aparenta e que se pode verificar. O máximo que se pode fazer é construir um modelo de aderência à realidade. Aquilo que aparece real é muita das vezes virtual ou cópia. A natureza não doa sentido e não tem sentido em si, apenas age ou reage por causa e efeito. Intensidade de fenômenos complexos. O que bem explicita esse fato é o chamado efeito borboleta, ou seja, aquelas que esvoaçam em um continente causam um ciclone em outro ou o também conhecido efeito dominó. Demanda 16
  • 17. relação de causa e efeito e ambivalência em sua contextualização. Sabe-se, hoje, que o mundo da complexidade é o mundo das incertezas. No caso do direito pode-se aventar que a justiça é cega, não por ser injusta e imparcial, mas porque é voltada para o que se quer ver. Esse mesmo fenômeno pode ter referência a mais valia e à alienação do trabalho. Ambigüidade/ambivalência dos fenômenos complexos. Ambigüidade refere-se à estrutura caótica, isto é, à ordem e à desordem. Ambivalência diz respeito à processualidade dos fenômenos. É o eterno vir a ser. Argumentar é questionar, é penetrar no campo de forças que constitui a dinâmica. A ambivalência subentende a existência e a simultaneidade de idéias com a mesma intensidade sobre algo ou coisa que se opõem mutuamente. Por isso a ambivalência é a tendência do construtivo no destrutivo e vice-versa com vistas à inovação e a criatividade. É o que se conhece como crise. Sob a alegação que a inteligência humana ser não-linear Pedro Demo, em seu livro “Complexidade e aprendizagem”, cita de Hofstardter o seguinte texto: “ninguém sabe por onde passa a linha divisória entre o comportamento não inteligente e o comportamento inteligente; na verdade, admitir a existência de uma linha divisória nítida é provavelmente uma tolice. Mas, certamente, são capacidades essenciais para a inteligência: • Responder a situações de maneira muito flexível • Tirar vantagens de circunstâncias fortuitas • Dar sentido a mensagens ambíguas ou contraditórias • Reconhecer a importância relativa de elementos de uma situação • Encontrar similaridades entre situações, apesar das diferenças que possam separá-las • Encontrar diferenças entre situações, apesar das que possam uni- las • Sintetizar novos conceitos, tomando conceitos anteriores e reordena-los de maneiras novas • Formular idéias que constituem novidades”. Sobre o pensar complexo e sistêmico a aluna Mirella Ferraz, junto com Aristófanes Júnior, contextualizaram o tema resumindo-o nos seguintes princípios: • “Tudo está ligado a tudo • O mundo natural é constituído de opostos ao mesmo tempo antagônicos e complementares • Toda ação implica uma retro alimentação (feedback) • Toda retro alimentação resulta em novas ações • Vive-se em círculos sistêmicos e dinâmicos de retro alimentação e não em linhas estáticas de causa e efeito imediato • Há que se ter responsabilidade em tudo que se influencia • A retro alimentação pode surgir bem longe da ação inicial, em termos de tempo e espaço • Todo sistema reage segundo a sua estrutura • A estrutura de um sistema muda continuamente, mas não a sua organização • Os resultados nem sempre são proporcionais aos esforços iniciais 17
  • 18. • Os sistemas funcionam melhor por meio de suas ligações mais frágeis • Uma parte so pode ser definida como tal em relação a um todo • Nunca se pode fazer uma coisa isolada • Não há fenômeno de causa única no mundo natural • As propriedades emergentes de um sistema não são redutíveis aos seus componentes • É impossível pensar num sistema sem pensar em seu ambiente ou contexto • Os sistemas não podem ser reduzidos ao meio ambiente e vice- versa”. No final de suas apresentações, em sala de aula, foram enfáticos em afirmar que, nas suas bases de conhecimento o pensar complexo mostrou que: • “Pequenas ações podem levar a grandes resultados (efeitos: borboleta e dominó) • Nem sempre se aprende pela experiência ou repetição • O autoconhecimento se dar com ajuda do outro • Soluções imediatistas podem provocar problemas ainda maiores do que aquele que se tenta resolver • Toda ação produz efeitos colaterais • Soluções óbvias em geral causam mais mal do que bem • É possível pensar em termos de conexões, e não de eventos isolados • O imediatismo e a inflexibilidade são os primeiros passos para o subdesenvolvimento, seja ele pessoal, cultural e grupal”. 18
  • 19. 19
  • 20. As ideologias imbricadas a economia política A luz do presente tema vale lembrar a historicidade das ideologias entendidas como parâmetros que atribuem à origem das idéias humanas às percepções sensoriais do mundo externo. No dicionário Houaiss lê-se o método marxista tem como ideologia “um conjunto de idéias presentes nos âmbitos teórico, cultural e institucional das sociedades, que se caracteriza por ignorar a sua origem materialista nas necessidades e interesses inerentes às relações econômicas de produção, e, portanto, termina por beneficiar as classes dominantes”. Segundo Wallerstein as ideologias surgem com a Revolução Francesa em 1789 com as ideologias burguesas dos conservadores e dos liberais ou liberalismo. Os primeiros (girondinos) considerados de direita e os segundos (jacobinos) intitulados de esquerda pelas posições que ocupavam no parlamento francês. A ideologia proletária tem sua origem na Revolução Francesa de 1848 (cinqüenta e nove anos depois das ideologias conservadora e liberal). Esta surge com Marx e Engels que fundamentaram a ideologia socialista após absorção e negação de idéias do liberal-socialismo de Saint Simon e da crítica ao blanquismo, prudonismo e anarquismos oriundos do liberalismo. Com o desenvolvimento do capitalismo e do socialismo, pós revolução industrial, é importante, nestes Textos, mencionar-se os principais vieses que tomaram cada uma dessas ideologias: A ideologia burguesa conservadora teve aparências hegemônicas no colonialismo escravista, fascismo, nazismo e no nacionalismo de direita sempre com ênfase ao crescimento e desenvolvimento econômico A ideologia burguesa liberal ou liberalismo assume aparências hegemônicas no neocolonialismo, imperialismo, neoliberalismo, teocracismo e nacionalismo de esquerda (industrialismo) todas também voltadas para o desenvolvimentismo induzido pelas forças motrizes do modo de produção capitalista (lucro e poder) Finalmente, a ideologia proletária do socialismo assume as aparências hegemônicas do leninismo, estalinismo, trotskismo, titoismo e maoísmo todas reivindicando para si o método marxista de Marx e Engels. Curiosamente, todos esses vieses do socialismo de estado tiveram e ainda tem o desenvolvimentismo-industrialismo como meta principal haja vista a China que a partir de um forte “centralismo democrático partidário” tem como bandeira e prática o desenvolvimentismo. As poucas tentativas de prática de autogestão, como tentativa de negação do estado, foram abortadas tanto na 20
  • 21. Iugoslávia, Argélia e Tchecoslováquia, no curto período da Primavera de Praga, que deu origem a invasão soviética no país. Na análise acurada dessas três ideologias vê-se que todas têm em comum, como princípio, o anti-estatismo ou negação do estado, porém suas práticas são a de manterem um ferrenho cunho estatal para exercer o poder com vistas a implantar seus ideais ideológicos. Sem exceção todas elas usam e abusam da instituição do estado como instrumento de poder político, econômico e social, particularmente, nas organizações do legislativo e do judiciário. O estado, em todas elas, é a instituição e instrumento pelo qual as classes sociais que o detem, são beneficiadas ou privilegiadas na drenagem ou distribuição da mais valiam oriunda do sistema produtivo. Hoje, no Brasil, é a burguesia financeira aquele estrato social que mais se beneficia da mais valia nacional mantendo sobre seu controle os estratos da burguesia agrária, comercial e industrial que também são detentoras do estado nacional. A partir desse ponto de vista as “três ideologias da economia política” (liberal, nacionalista e marxista) em seu livro “A economia política das relações internacionais” merecem ser revisitada e criticada. Epistemologicamente, o marxismo não é uma ideologia e sim um método assim como o nacionalismo pode ser conservador (direita) ou liberal (esquerda). A divisão do trabalho e um mundo sem empregos A divisão do trabalho é no sistema mundo do capitalismo, a fonte de todas as alienações. As ciências da administração e da economia política a têm sempre como pano de fundo. Ela é discutida a luz da gestão da fábrica ou da organização da intensidade e da produtividade do trabalho, da intensidade da produção. Da cisão entre o trabalho intelectual e o braçal com vistas à hierarquização e à disciplina inserta no parcelamento das tarefas e nos sistemas de monopolização da técnica e da ciência pelas gigantes instalações e centralização do poder das empresas transnacionais têm-se na produtividade seu instrumento de caça ao lucro. Essa configuração foi, historicamente, montada pelo metabolismo do capital em seu processo incessante de acumulação em suas diferentes fases. No dizer de André Gorz, “a monopolização da produção pelos aparelhos institucionais – trustes industriais, administrações – e das corporações especializadas (médicos, professores, corporações de Estado) faz com que ela se submeta a produzir o que não consome, a consumir o que não produz e a não poder produzir nem consumir conforme suas próprias aspirações individuais ou coletivas. Não existe mais lugar onde a unidade dos trabalhos socialmente divididos passa a corresponder à experiência da cooperação, da troca, da produção em comum de um resultado global. Essa unidade só é assegurada – de um lado, pelo mercado; do outro, pelas burocracias privadas estatais. Ela se 21
  • 22. impõe aos indivíduos, portanto, como unidade exterior, como ‘uma força estranha da qual não conhece nem a origem, nem a finalidade”. Em “A ideologia alemã”, ainda, segundo Gorz, Karl Marx explica o tema em lide quando explicitou que “enquanto a atividade não for, pois dividida voluntária, mas naturalmente, o ato próprio do homem torna-se para ele uma força exterior que o subjuga, quando ele deveria dominá-la. Com efeito, desde que o trabalho passa a ser repartido, cada um tem seu currículo de atividade determinado, exclusivo, que lhe é imposto, do qual não pode sair; seja ele caçador, pescador, pastor ou crítico – é forçado a continuar a sê-lo, se não quiser perder seus meios de subsistência; enquanto na sociedade comunista, onde cada um não tem currículo exclusivo de atividade, mas pode aperfeiçoar- se em qualquer ramo, a sociedade regula a produção geral e dá-me, assim, a possibilidade de hoje fazer isso; amanhã, aquilo; de caçar pela manhã, pescar à tarde, cuidar da criação à noite, e mesmo criticar a alimentação, o meu bel prazer, sem jamais tornar-me pescador, caçador, pastor ou crítico. Essa estabilização da atividade social, essa consolidação do nosso próprio produto numa força concreta que nos domina, que foge ao nosso controle, barra as nossas esperanças, anula nossos cálculos, constitui um dos principais fatores do desenvolvimento histórico passado (...). A força social, ou seja, a força produtiva multiplicada, que resulta da colaboração dos diferentes indivíduos condicionados pela divisão do trabalho, aparece para esses indivíduos – porque a própria colaboração não é voluntária, mas, natural – não como a sua própria força unida, mas como força estranha, situada fora deles, da qual não conhecem nem a origem, nem a finalidade, que eles, portanto, não mais podem dominar, mas que agora percorre, ao contrário, toda uma série de fases e de graus de desenvolvimento particular, independente da vontade e da agitação dos homens, até regulando essa vontade e essa agitação”. Em geral, os estudantes de administração e de economia política têm em sua grade escolar de curso os ensinamentos de Henri Fayol a partir de sua obra “Administração industrial e geral”, base de sua doutrina - o fayolismo - que trata das necessidades e possibilidades de um ensino administrativo e dos princípios e elementos da administração com vistas à divisão racional do trabalho, à autoridade, à responsabilidade, à disciplina, à unidade de mando e à convergência de esforços na empresa. Outro clássico da administração é “Os princípios de administração científica”, de F.W. Taylor, onde ele apresenta suas observações e experiências, particularmente, quanto às formas de desperdícios, procura de homens eficientes, causas da vadiagem no trabalho, lei da fadiga, seleção de pessoal e outros temas relevantes que serviram de fundamentos à sua doutrina, conhecida como teilorismo. Uma das mais belas críticas ao teilorismo, como doutrina, vem do gênio do cinema mudo Charles Chaplin em seu belíssimo filme “Tempos modernos”, que se aconselha a ver, para divertir-se e contextualizar tão importante crítica. 22
  • 23. Tanto Fayol quanto Taylor em muito influenciaram Henry Ford, em sua indústria automobilista, onde, de fato, também criou sua doutrina administrativa mundialmente conhecida como fordismo, que se fundamenta na linha de montagem com ou sem esteira rolante para a produção em série. Esses arautos da administração e da economia fabril ou empresarial Fayol, Taylor e Ford em suas idéias e obras dão uma “aparência científica à racionalização do trabalho de tal forma” a ocultar e camuflar as críticas de Marx. Segundo ele “toda produção capitalista, como geradora não só do valor, mas também da mais-valia, tem esta característica: em vez de dominar as condições de trabalho, o trabalhador é dominado por elas; mas essa inversão de papéis só se torna real e efetiva, do ponto de vista técnico, com emprego das máquinas. O meio de trabalho, tornado autômato ergue-se, durante o processo de trabalho, diante do operário sob a forma de capital, de trabalho morto, que domina e explora a força de trabalho viva”. É do conhecimento público que, em todos os setores da economia (primário, secundário e terciário) o nível de emprego tende a diminuir e, sem dúvida, não há um único segmento industrial, na última década, onde o emprego não tenha se contraído. A revolução do conhecimento e da informação via telemática, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, aeroespacial e agricultura molecular estão levando a mudança radical na empregabilidade. Tanto o crescimento e o desenvolvimento econômicos se dão, hoje, à revelia da geração de empregos e, mais grave ainda, tornando-os obsoletos e o empregado descartável. A reengenharia do trabalho foi criada pelas grandes corporações para eliminar cargos de todos os tipos e em quantidade maior do que em qualquer época do sistema mundo capitalista. Sua forma de eliminar empregos é comparável a grande crise mundial do capitalismo dos anos 29 e 30 do século passado. Note-se, também, que a reengenharia do trabalho alimenta a queda do poder aquisitivo das comunidades pelo impacto do achatamento das gigantescas burocracias das transnacionais, agora, funcionando em rede ou de forma reticular com total e absoluta transposição de fronteiras, sejam elas quais forem, ou seja, geográficas, culturais, raciais, religiosas, étnicas etc. Observe-se, também, que as grandes corporações desenvolvem diferentes estratégias de trabalho contingencial para evitar os altos custos, para elas, de benefícios aos trabalhadores, tais como: aposentadorias, assistência médica, férias e licenças médicas pagas, etc. Reduzem, portanto, seu núcleo de trabalhadores fixos, contratando trabalhadores temporários, estagiários universitários, todos com variações sazonais. Na prática, a mão de obra, como mercadoria, recebe todo o impacto da logística “just-in-time”, criada para atender o que há de mais moderno na circulação dos bens econômicos sob a égide da micro-eletrônica. Por mais que as corporações diminuam a duração de vida dos produtos via aceleradas depreciação moral e material dos mesmos, com sua substituição em 23
  • 24. intervalos cada vez menores, a crise de empregabilidade se torna mais dramática, sem quaisquer ajustes nos campos: econômico-social e ambiental do modo de produção capitalista, justificando o enunciado de Marx, feito em 1857, de que “chegou o tempo em que os homens não mais farão o que as máquinas podem fazer”. Dessa forma, vive-se, hoje, no sistema mundo do capitalismo, com a abolição do emprego obrigando os trabalhadores a disputar entre si as escassas oportunidades de emprego em vez de juntos se organizarem em busca de uma nova racionalidade econômica, política, sociais e ambientais. Na prática, essa crise da empregabilidade tem servido de arma para os detentores de capital com vistas a estabelecer cada vez mais hierarquia, obediência, disciplina na divisão do trabalho nas empresas e corporações transnacionais. Segundo Gorz, a crise da empregabilidade tem levado os estados capitalistas a um impasse: “não se trata mais de trabalhar para produzir, mas de produzir para trabalhar (...) a economia de guerra e a própria guerra que foram, até hoje, os únicos métodos eficazes para assegurar o pleno emprego dos homens e das máquinas quando a capacidade de produzir ultrapassava a de consumir”. “O declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da força global do trabalho”, é o subtítulo do livro, “O fim dos empregos”, de Jeremy Rifkin. Este aponta para se deixar de lado a ilusão de retreinar pessoas para cargos já inexistentes e pondera, institucionalmente, para a ação em um mundo que está eliminando o emprego de massa na produção e na comercialização de bens e serviços. Aconselha a intuir-se uma era pós-mercado em busca de novas alternativas e novas maneiras de proporcionar renda e poder aquisitivo com vistas à restauração das comunidades e reconstrução de uma cultura de sustentabilidade. Sinaliza, também, a necessidade de se iniciar uma grande transformação política, social, econômica e ambiental com vistas ao renascimento do ser humano em toda sua plenitude. Em seu conhecido livro “A economia do hidrogênio”, o mesmo Rifkin sinaliza que as células combustíveis energizadas por hidrogênio possuído pelas comunidades possibilitarão toda uma nova redistribuição do poder na medida em que qualquer ser humano poderá produzir sua própria energia. Essa “geração distributiva”, preconizada por Rifkin, tornará o controle oligárquico e hierárquico das grandes corporações obsoleta. Afirma ele que “milhões de usuários poderão conectar suas células combustíveis locais, regionais e nacionais de hidrogênio, através dos mesmos princípios e tecnologia da world wide web, compartilhando e criando um novo uso descentralizado da energia”. Seu otimismo chega a ponto de afirmar que “o hidrogênio pode acabar com a dependência do petróleo, reduzir a emissão de dióxido de carbono e o aquecimento global, além de apaziguar guerras políticas religiosas. O hidrogênio poderá se tornar o primeiro sistema energético democrático da história”. 24
  • 25. Fritjof Capra, também, em sua obra “As conexões ocultas” aponta como tarefa desta e das futuras gerações “a mudança do sistema de valores que está por trás da economia global, de modo que passe a respeitar os valores da dignidade humana e atenda às exigências da sustentabilidade ecológica”. Após essas breves divagações sobre a divisão do trabalho procura-se, agora, navegar ou proceder a conjecturas sobre um mundo sem empregos. Contextualizando o livro de William Bridges, “Um mundo sem empregos. JobShift. O desafio da sociedade pós-industrial”, pode-se, grosso modo, sinalizar os seguintes tópicos para a sua compreensão: 1. Da gênese e da evolução ou desenvolvimento, vê-se que o conceito de emprego não faz parte da natureza na medida em que é uma criação humana. Durante séculos, apresentou-se como arte ou ofício dos humanos nos modos de produção precedentes ao capitalismo e, mesmo, em algumas fases deste. Passou a ter o significado que tem hoje a partir da revolução industrial, através do advento das fábricas, das máquinas e das burocracias institucionais e organizacionais tanto das empresas quanto dos estados nacionais. Não existem empregos fora das organizações fabris ou não-fabris – burocratas. Hoje, as organizações que deram origem ou criaram os empregos estão em processo de mutação, ou seja, desaparecendo via processos de terceirizações (outsourcing) e serviços públicos terceirizados/privatizados. O emprego nunca foi e não é um fato atemporal da existência humana. É um artefato social próprio de determinadas etapas do desenvolvimento da economia mundo do capitalismo e, muito em particular, do metabolismo do capital. Do ponto de vista da psicologia social, o emprego proporciona à pessoa o seguinte: a) Uma ajuda à pessoa a dizer a si mesma e aos outros os que ela é b) Seu envolvimento em uma rede central de relações de amizades em um contexto social c) Uma estrutura de tempo onde se imagina a padronização dos dias, meses e anos de sua vida d) Um rol de papéis a serem desempenhados em tempo hábil, ou seja, lugar e hora de comparecer, coisas a fazer, expectativa quanto a um padrão de carreira e propósitos diários e) Um significado e ordem de sua vida em função de uma remuneração e direitos sociais empregatícios. 2. Do mundo do emprego para o mundo sem emprego. Nesse processo de transição vale lembrar os seguintes tópicos: 25
  • 26. a) A força de trabalho insere-se no processo “just-in-time”, tornando-se fluida, flexível e descartável, e as oportunidades e situações de trabalho tendem para tempo parcial, temporalidade e flexibilidade b) As novas tecnologias facilitam e deslocam a colaboração entre empresas em redes e, também, a partir de fornecedores terceirizados entre diferentes localizações de uma mesma organização transnacional c) A economia desloca-se das velhas indústrias para novas guiadas pela micro-eletrônica, biotecnologia, robotização e outras informatizadas. A agricultura tradicional passa a dar lugar à agricultura molecular, agrônica e agrótica d) A reengenharia do trabalho altera significadamente o mundo da divisão do trabalho tanto em seus aspectos qualitativos quanto quantitativos, remetendo para o mundo da administração e da gestão das organizações públicas e privadas o emprego, como parte do problema e não da solução na medida em que o analisa e o vê como inibidor das mudanças e) O trabalho, informatizado e robotizado demanda um número bem menor de empregados e desloca-se para todo e qualquer lugar. Essa é a razão do fax, dos laptops, dos telefones celulares transformarem qualquer ambiente em um escritório completo f) O ex-empregado necessita, agora, vender suas habilidades, inventar novas relações com organizações para ocupar seu tempo de trabalho e aprender novas maneiras de trabalhar fora dos empregos, ou seja, nas organizações ou corporações sem empregos. 3. Desse processo de abolição dos empregos deduz-se que levam às mudanças as necessidades não-satisfeitas nos seguintes aspectos das organizações: a) No abrir dos espaços entre os recursos disponíveis b) Na criação de novas fronteiras e novas interfaces entre as organizações c) Na introdução de novas tecnologias e novas economias a serem introduzidas no metabolismo do capital d) No obsoletismo dos arranjos técnicos, econômicos e organizacionais. 4. Do trabalho ou ocupação no mundo sem empregos torna-se necessário que a pessoa ou trabalhador redefina e recicle seus dados pessoais quanto: a) Às expectativas sob a ótica das incertezas b) Aos hábitos sociais, técnicos, econômicos e criação de cenários alternativos c) Às regras pessoais quanto à qualificação, atitudes, capacidades, temperamento e ativos 26
  • 27. d) À estrutura da integridade/identidade doando limites as possibilidades do que se cogita na jornada da vida e) À estrutura da realidade em constante e permanente mudança f) À criação de um novo sentido com vistas às condições internas e externas para lidar com esse novo mundo. Nestes tópicos sobre a divisão do trabalho e sobre um mundo sem empregos, vale, aqui, transcreverem-se as novas atitudes ou estratégias apresentadas por William Bridges em seu livro, acima citado, resumidas no seguinte: “1. Aprenda a encarar toda situação potencial de trabalho, tanto dentro quanto fora de uma organização, como um mercado. Até mesmo pessoas que atualmente estão sem trabalho descobrirão, ironicamente, que muito das melhores perspectivas para as futuras situações de trabalho encontram-se na organização que as demitiu de emprego ou as induziu a uma aposentadoria precoce”. “2. Pesquise seus DADOS (ou seja, suas Aspirações, Capacidades, Temperamento e Pontos Fortes) e recicle-os num produto diferente e mais ‘viável’. Todo mercado está cheio de pessoas à procura de produtos, mesmo quando nenhum emprego está sendo anunciado. Você precisa aprender a transformar seus recursos naquilo que está sendo procurado”. “3. Pegue os resultados do nº2, construa um negócio (vamos chamá-lo de Você & Co.) em torno do mesmo aprenda a dirigi-lo. Nos anos vindouros, você vai obter menos quilometragem de um plano de carreira no sentido antigo do que de um ‘plano comercial’ para sua própria empresa. Quer você esteja empregado ou não naquilo que costumava chamar de emprego, daqui para frente você está num negócio próprio”. “4. Aprenda sobre os impactos psicológicos da vida neste novo mundo do trabalho e monte um plano para lidar com eles com sucesso. Não bastará saber para onde você vai se você não puder suportar as pressões do lugar quando chegar lá”. No ambiente das empresas e organizações pós-emprego, os cargos tornam-se obsoletos e são substituídos por atribuições de tarefas além de se ter em conta o ócio criativo e uma economia pública. Daí sua estrutura tender para conter os seguintes elementos: a) Empregados essenciais b) Fornecedores e subcontratantes c) Fregueses e clientes d) Trabalhadores temporários e) Contratações por prazo limitado. 27
  • 28. Nos escritórios e departamentos de empresas que antes estavam repletos de empregados, hoje se limita a um número pequeno de pessoas fazendo previsões para clientes reais e potenciais ou indivíduos mandando pedidos via fax de seus “laptops” em veículos, hotéis, etc. Muitas dessas pessoas são distribuidores independentes do sistema de vendas direta, contratantes individuais ou trabalhadores temporários para o fluxo de negócios. A questão de uma organização ou empresa pós-emprego é qualitativamente diferente daquela baseada em cargos. As carreiras são reconceitualizadas e reinventadas desde a disponibilidade de acoplamento tecnológico até as questões idiossincrásicas como são as responsabilidades familiares das partes como as condições de ir e vir ao autoemprego, autonegócios ou trabalho. Há que se rever e refazer o estado em função das empresas ou organizações não-governamentais (ONG) economia social- comunitária. No pós-emprego das empresas trabalho e lazer também fogem ou se divorciam do cálculo do emprego permanente. O tempo livre não é mais parte do horário de serviço, mas algo inserto nas atribuições de tarefas ou contratos de projeto e aposentadoria torna-se uma questão individual que nada tem a ver com a política organizacional. A economia do hidrogênio certamente provocará a redistribuição do poder no mundo globalizado. As tendências das empresas ou organizações pós-emprego são três: a) Expansão dos ganhos para participação dos resultados b) Pagamento por habilidades c) Autogestão na direção dos negócios, isto é, aceso direto às informações que antes eram do domínio das pessoas que tomavam as decisões. Hoje se observa que a economia tende a conectar células combustíveis de hidrogênio com geração autônoma e resdistribuitiva. Ainda no ambiente da empresa ou organização pós-emprego, a pessoa faz aquilo que precisa ser feito para facilitar, honrar e realizar a missão, a visão e os valores da organização onde cada pessoa administra o todo e não apenas a sua parte. O hidrogênio como fonte de energia pode se tornar o primeiro sistema energético democrático, libertador e eqüitativo da história humana. Nas organizações pós-emprego, consegue-se que as pessoas: a) Tomem decisões gerenciais que eram restritas aos gerentes b) Tenham acesso às informações para tais decisões c) as pessoas sejam capacitadas e treinadas para entender as questões comerciais e financeiras da empresa d) Interessem-se pelo fruto de seu trabalho como forma de compartilhar com a organização e participar dos seus lucros 28
  • 29. e) Possam na economia do hidrogênio compartilhar e criar um novo uso descentralizado da energia e do bem estar. Para administrar a transição da sociedade industrial para a sociedade da informação, onde predominam as organizações pós-emprego, há que se reinventarem também os programas de capacitação e treinamento. Essas ações devem: a) Objetivar a leitura dos mercados, identificarem as necessidades oriundas das mudanças e definir o produto de ou para alguém de acordo com as necessidades b) Identificar outros vendedores de bens ou serviços que estão fazendo aquilo que a organização pretende fazer e como alcançam resultados c) Induzir a melhorar continuamente a qualidade daquilo que se pretende fazer; d) Gerir seu tempo pessoal e do “joint-venturing” pessoal na organização. A criação da economia do hidrogênio deve levar à redistribuição do lucro e do poder como forças motrizes de um novo modo de produção. O novo sistema circulatório da organização pós-emprego requer para a redisposição de recursos: a) Capacitação e treinamento em como administrar a própria carreira e oportunidades de negócios b) Estímulo, motivação e entusiasmo para ações multiníveis (networking) e acesso “on line” às oportunidades de negócios ou de oportunidades de trabalho ou autoemprego c) Desenvolvimento de estratégias de a própria pessoa atuar como um negócio d) Informações de como dispor da ajuda para a carreira, em termos de cursos, bancos de dados, serviços de avaliação e coisas afins e) Com o hidrogênio, como fonte de energia, a geopolítica do sistema mundo do capitalismo entrará em colapso dando lugar a uma política biosférica inserta em uma antropolítica. Vale lembrar que o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, em seu recente levantamento sobre emprego no Brasil, aponta que “uma em cada três pessoas vai perder o emprego nos próximos dois anos”. (Ver Revista Época nº. 427 de 24/07/2006). Comenta, ainda, a revista em tela que aqueles que pretendem manter seu emprego têm de cuidar das seguintes habilidades: a) Entender o que é sucesso, conhecendo os valores da empresa 29
  • 30. b) Não prometer demais de forma a apreender a cultura da empresa c) Controlar o tempo, como maneira de focar o trabalho a ser produtivo e dar resultados d) Ser político, isto é, participar da vontade do time, mesmo que dele não faça parte de forma a externalizar habilidade política e liderança e) Fazer marketing pessoal de maneira que as pessoas achem que seu trabalho tem a ver com o sucesso em manter seu emprego ou carreira na empresa. Outros conceitos importantes Ainda, nessa visão prévia para criação de uma base de conhecimento em economia política e desenvolvimento, faz-se menção à conceitualização e contextualização de termos usuais, no cotidiano das pessoas, e que muito contribuem para uma consciência crítica da realidade brasileira. Brasileiro. Etimologicamente, contrabandista de pau-brasil tornou-se o gentílico, no Brasil, por exclusão social, haja vista que, na língua portuguesa, o sufixo “eiro” é um sufixo de atividade (pedra = pedreiro, ferro = ferreiro, maconha = maconheiro, etc.). No caso concreto do Brasil o gentílico devia ter sido brasilês, para os homens e, brasilesa, para as mulheres. Outrossim, por falta de uma identidade para os cafuzos, curibócos, mamelucos, caboclos, etc. (que deram origem ao povo brasileiro), os portugueses de além mar, por discriminação social e, pejorativamente, os apelidaram de brasileiros que, na época eram conhecidos os contrabandista do pau brasil. Sociodiversidade. Etimologicamente, sócio é aquele que compartilha, associa ou participa em conjunto de algo e, diversidade. É a qualidade do que não é igual ou semelhante, isto é, aquilo que é diferente ou distinto. A sociodiversidade é a qualidade de mestiçagem de diferentes pessoas com culturas, religiões, raças, estamentos sociais e etnias diversificadas e que convivem de forma não antagônicas. O Brasil por ser detentor de um povo novo, (Darcy Ribeiro) é uma das maiores e bem sucedidas nação em termos de sociodiversidade (semelhante a Cuba) e tolerância social. Chega-se ao extremo de, em um mesmo local, coexistirem e conviverem status sociais de indigentes e lumpens com grandes burgueses ou status sociais de alta renda. Cultura e pluralidade cultural. Cultura etimologicamente vem do latin “culturae” que significa ação de cuidar tratar, venerar. A palavra por ser detentora de amplos sentidos e conceitos configura um grande número de epítetos como exemplo cultura de massa, cultura popular, cultura erudita, etc. Do ponto de vista da economia política há que se contextualizar o processo da origem da cultura, sua historicidade, suas funções e suas relações e conexões 30
  • 31. com a natureza circundante e a essência da teoria da cultura. Sendo processo de hominização a cultura está imbricada a evolução da ideação reflexiva dos hominídeos nas ações ou operações inovadoras e prospectivas sobre a natureza e o cosmo. Como efeito da relação produtiva (indissociável do processo de produção e do processo incessante de acumulação de capital) a teoria da cultura a vê em dois sentidos fundamentais: produção do ser humano por si mesmo e produção dos meios de sustentação da vida e a interpreta em dupla natureza, isto é, bem de consumo e bem de produção. Inserta nos sentidos e naturezas supracitados a cultura é o acervo de conhecimentos, instrumentos e técnicas que permite a exploração coletiva do planeta terra pelos hominídeos. Essa dupla natureza implica em que nas sociedades humanas ou nos diferentes modos de produção a cultura se apresente apropriada por um grupo minoritário que se autodesigna de “cultos” em contra ponto a maioria desapropriada que assume a aparência enganosa de “inculta”. Sendo o ente humano um bem de produção ou principal força produtiva ele próprio inventa e produz a cultura. Na medida em que lhe doa finalidades, apropriações e desapropriações colocam em evidência todo o fenômeno do processo de alienação do próprio ser humano e da cultura, particularmente imbricado ao conceito de classes sociais, de divisão social do trabalho e da teoria do valor-trabalho. A cultura, em sua acepção mais ampla, é a maneira pelas quais os hominídeos se humanizaram e se humanizam na criação de sua existência: política; social; ambiental; econômica; religiosa; lúdica e etc. Seus significados podem ser resumidos no seguinte: a) Posse de certos conhecimentos (artes, literatura, etc.) b) Diferenças sociais (ser ou não ser culto) c) Propriedade individual através de prestígio, respeito, privilégios e exclusão d) Algo em si ou por si mesmo tais como culturas: brasileira, francesa, chinesa, australiana, angolana, etc. e) Erudita, culta, intelectual, científica, etc. f) Popular ou vulgar como expressão da massa ou do povo g) Elitista como é exemplo a Doutrina da Escola Superior de Guerra e outras doutrinas h) De massa quando disseminada pela mídia falada e escrita com vistas às manipulações i) De comunidade, onde os mitos unificam o tempo e às interpretações 31
  • 32. j) De atividade agrícola, com os cultivos de vegetais e criatórios de animais k) Cuidado do ente humano com a natureza e a alma l) Formação e educação dos seres humanos m) Aprimoramento da natureza humana n) Natureza adquirida. Nesta visão prévia dos Textos a cultura pode e deve ser apreciada como: Cultura histórica. Vista sob o ponto de observação do espírito ou razão conforme trata HEGEL na “Fenomenologia do Espírito” e em seus tratados sobre a “Estética” tanto no referencial a idéia e o ideal quanto ao belo artístico e o ideal. Historicamente pode ser apreendida segundo a ótica das relações de produção na extensa, oportuna e discutida obra de MARX não somente nos seus “Manuscritos Econômico-Filosóficos”, mas no “Capital” (três volumes) e na “Crítica da Economia Política”. Cultura e antropologia. Sob essa ótica a cultura é vista como diferença ente humano-natureza, ou seja, é apreendida como a ordem simbólica da lei, da linguagem e do conjunto de práticas, comportamentos e ações entre os humanos entre si e entre eles e a natureza. Em sua análise sobre a cultura brasileira o antropólogo Darcy Ribeiro escreve o seguinte: “o caráter espúrio da cultura brasileira decorre, como vimos, da própria natureza exógena e mercantil da empresa que lhe deu nascimento como formação colonial escravista, organizada para prover o mercado europeu de certos produtos. Nestas condições, o Brasil nasce e cresce como um proletariado externo das sociedades européias, destinado a contribuir para o preenchimento das condições de sobrevivência, de conforto e de riqueza destas e não das suas próprias. A classe dominante brasileira, em conseqüência, é chamada a exercer desde o início, o papel de uma camada gerencial de interesses estrangeiros mais atenta para as exigências destes do que para as condições de existência da população nacional. Não constituía, por isso, um estrato senhorial e erudito de uma sociedade autônoma, mas uma representação local, alienada, de outra sociedade cuja cultura buscava mimetizar. Sua função precípua era induzir a população a atender os requisitos de feitoria produtora de gêneros tropicais ou de metais preciosos e geradora de lucro exportáveis”. Cultura e ideologia. Sob este ângulo a cultura é vista como imposição das classes dominantes do seu ideal ou ponto de vista sobre a sociedade ocultando as divisões internas. Tanto isto é verdade que MARX, historicamente, colocou que “as idéias das classes dominantes são as idéias dominantes de cada época ... a existência de idéias revolucionárias em uma determinada época já pressupõe a existência de uma classe revolucionária.” Na Crítica a Economia Política, MARX é enfático em afirmar: “o modo de 32
  • 33. produção da vida material condiciona o processo de existência social, política e espiritual no seu conjunto. Não é a consciência dos homens que lhe determina o ser, mas, pelo contrário, é o ser social que lhes determina a consciência”. Cultura e desenvolvimento sustentável segundo o saudoso economista CELSO FURTADO (Ex-ministro de Planejamento, da Cultura e 1º Superintendente da SUDENE) cabem aos brasileiros, quanto ao item supradito, o seguinte: a) Tirar proveito da crise atual para fundamentar um novo pacto social com vistas a erradicar a concentração de rendas e as desigualdades sociais e regionais existentes b) Aprofundar a percepção da realidade para restaurar a confiança na criatividade da cultura brasileira e da identidade nacional c) Criar padrões de consumo de conformidade com a configuração da demanda populacional em um forte e consolidado mercado interno sobre bases sustentáveis de desenvolvimento d) Satisfazer via mercado interno, as necessidades básicas da população com redução radical das desigualdades pessoais de rendas e das regiões e) Criar ou buscar meios e caminhos para sanear o desastre dos endividamentos externo e interno e salvaguardar a nação da tutela do FMI, BIRD, OMC e BIS sobre a política econômica nacional f) Modificar as bases do poder de sustentação econômica atual com vistas a assegurar uma participação efetiva nos processos político e cultural dos segmentos sociais vitimados pela racionalização econômica atual g) Abolir formas sofisticadas de concorrência e de competitividade de elevados custos sociais e que conformam a demanda definindo o status de cada classe de consumidor h) Compreender que cabe a ação política gerar os recursos de poder requeridos para modificar o modelo atual de desenvolvimento que conduz a ingovernabilidade e a calamitosa situação de bem estar social, econômico e financeiro i) Adotar políticas culturais, econômicas, sociais e ambientais que atendam de frente os problemas que mais angustiam a população brasileira. No que diz respeito à dimensão cultural do desenvolvimento sustentável FURTADO, no seu livro “O Capitalismo Global” afirma: “a cultura deve ser observada simultaneamente, como um processo acumulativo e como sistema, vale dizer, algo que tem uma coerência e cuja totalidade não se explica cabalmente pelo significado das partes, graças a efeitos de sinergia”. Após outras considerações importantes sobre a dimensão cultural enfatiza de 33
  • 34. forma muito clara “a importância do conceito de identidade cultural, que enfeita a idéia de manter com nosso passado uma relação enriquecedora do presente”. Segundo ROSENTAL (em seu Dicionário Filosófico Abreviado) cultura é o “conjunto dos valores materiais e espirituais criados pela humanidade, no curso de sua história. A cultura é um fenômeno social que representa o nível alcançado pela sociedade em determinada etapa histórica: progresso, técnica, experiência de produção e de trabalho, instrução, educação, ciência, literatura, arte instituições que lhes correspondem. Em um sentido mais restrito, compreende-se, sob o termo cultura, o conjunto de formas da vida espiritual da sociedade, que nascem e se desenvolvem à base do modo de produção dos bens materiais historicamente determinados. Assim entende-se por cultura o nível de desenvolvimento alcançado pela sociedade na instrução, na ciência, na literatura, na arte, na filosofia, na moral, etc. e as instituições correspondentes”. A partir do conceito acima citado se pode estudar a cultura brasileira em três fases, a saber: a primeira, cultura transplantada anterior ao aparecimento do povo brasileiro. A segunda, cultura transplantada com o surgimento do povo brasileiro, isto é, mamelucos, caipiras, curibocos, crioulos, caboclos, sertanejos, etc. que vem a constituir o proletariado e a chamada classe média. A terceira, a partir da libertação dos escravos, com o surgimento do processo de desenvolvimento da cultura brasileira, muito em particular, depois de 1930, com a era VARGAS, dinamizando as relações capitalistas de produção tanto no agro quanto na urbe consolidando a existência das classes sociais: burguesia e proletariado no Brasil. Cultura e imperialismo (Globalismo). Considerando que a produção intelectual é à base da cultura capitalista, tanto material quanto espiritual, ela tende ou é dirigida a reproduzir globalmente, idéias, valores, princípios e doutrinas colocando os países periféricos em profunda dependência cultural. A produção intelectual é o produto e a condição do imperialismo cultural, na forma do pensar eurocêntrico e etnocêntrico, que se verifica no chamado processo de globalização. Para superar as formas de pensar eurocêntricas e etnocêntrica há que se contrapor, a elas, o pensar crítico abrangente com as respectivas recomposições: política, econômica, social, psicossocial, institucional e ambiental. Com esta perspectiva o povo do país, alienado culturalmente, deve entender e apreender de forma objetiva não somente os processos de deculturação, mas, principalmente, de aculturação. Na medida em que apreende os processos, em tela, cabe ao povo e à intelectualidade esforçar-se, persistentemente, em conduzir maneiras de auto- afirmação libertando sua cultura da carga de pré-noções e preconceitos destinados a resigná-la. Em contra ponto ao pensar do “centro de dominação" há que se estabelecerem umas compreensões solidárias, criativas e niveladoras na dimensão cultural da nação. O pensar crítico abrangente na sociedade, no 34
  • 35. dizer de Darcy Ribeiro, pode experimentar impulsos progressistas “incorporando à sua cultura elementos de um acervo tecnológico-produtivo que, mais que traços de uma cultura qualquer, fazem parte, hoje em dia, do patrimônio do saber humano”. Ainda, segundo Ribeiro, é necessário ter em conta que "as construções culturais devem ser examinadas valorativamente, em termos de seu papel como instrumentos e estímulos da afirmação de criatividade e desenvolvimento autônomo de um povo, ou ao contrário, de percalços dissuasivos de qualquer esforço renovador. É admitir ademais a possibilidade de restauração da ingenuidade cultural pela erradicação de seus conteúdos espúrios, através de processos autoconstrutivos que seriam revoluções culturais". A pluralidade cultural se dá no âmbito da teoria da adaptação (ver HABERMAS) a partir da tolerância que prefigura, envolve e evolve o multiculturalismo e a democracia nas sociedades humanas chamadas ocidentais. O termo tolerância vem do latim “toleranz” que trata da virtude política entre os cidadãos de procedência e modos diferentes de viver. Do ponto de vista da cultura tolerância é considerada a mistura ou miscigenação de diferentes e distintas culturas para a cooperação e compromisso de convivência humanitária, ou seja, mistura, de forma virtuosa, não somente de etnias, mas principalmente, de raças e de religiões. Sob esse aspecto o Brasil se diferencia, no planeta, na medida em que é dotado de total e absoluta tolerância étnica, racial e religiosa em todo o seu território. Esse qualificativo da pluralidade cultural ou do multiculturalismo brasileiro aponta para um por vir virtuoso da nacionalidade na solução dos seus problemas internos. Também, em particular, dos problemas mundiais ou internacionais aonde se verificam cerca de 30 conflitos bélicos (guerras) com conteúdos e formas de origem ética, racial e religiosa que se originam na estrutura metabólica do capital no modo produção capitalista e se tornam irreconciliáveis. Sendo um modelo reduzido das contradições globais, desse modo produção, certamente o Brasil, na medida em que soluciona os seus problemas, pode e deve servir de modelo para a solução dos conflitos atuais do sistema mundo capitalista. Para tanto sua pluralidade é o seu principal ponto forte pela adaptabilidade étnica, racial e religiosa do seu povo. Com uma séria política de inclusão social acredita-se que o país possa, agora, circunscrever um campo de ação onde possa reivindicar para si e para o mundo uma estrutura e uma lógica de humanidades ou antropolítica ou, ainda, uma nova forma de vida em seu todo. O nexo da teoria da cultura e da teoria da adaptação está, no Brasil, exatamente na miscigenação da cultura. Ela é a gênese da pluralidade cultural ou formação de identidades coletivas 35
  • 36. próprias do seu povo não somente em termos políticos, mas na busca evolvente de mitigar, virtuosamente, a destrutividade social e o discenso irreconciliável das etnias, das raças e das religiões. Com essa sensibilidade e virtuosidade o povo brasileiro tem um ajuste legitimador a um pluralismo de visões do mundo, coexistências e integração político-social para os “por vir” da humanidade ou sociedade globais livres, ecumênicas e sem ranços colonialistas e imperialistas. Muticulturalismo. Coexistência de diferentes culturas em um mesmo território ou país. O Brasil é por excelência, um país multicultural bem sucedido. Em seu território fala-se mais de 170 línguas com particularidade a oficial o português (substituta da língua geral) integrar sua população em seus 8,5 milhões de km² independentemente de raças, etnias, religiões, níveis sociais e de rendas. Até mesmo os regionalismos existentes servem de catalisadores para a identidade nacional onde as distâncias servem de unidade. O Brasil, como um todo, é a negação do eurocentrismo ou etnocentrismo do determinismo geográfico. O multiculturalismo imbricado ao metabolismo do capital, no Brasil, pode ser explícito como “uma exigência política, uma exigência de grupos que sentiam ser oprimidos, ignorados e reprimidos” (Wallerstein). É por isso versátil e libertador. Exclusão social. Fenômeno causado pelo metabolismo do capital no sistema mundo capitalista, ora vigente e que exclui incomensurável número de pessoas dos processos de trabalho e de produção e circulação dos bens e serviços ofertados pelas empresas ou unidades de produção e de circulação de mercadorias. Ela gera, também, em nível mundial, resistências com vistas ao seu inverso, ou seja, a inclusão social e que batem de frente com as forças motrizes do metabolismo do capital (lucro e poder) na expectativa de uma antropolítica. Enquanto a inclusão social trata da ação de inserir, envolver ou introduzir os entes humanos no sistema mundo do capitalismo, a exclusão social, própria do metabolismo do capital, é a ação de descartar os seres humanos dos processos de trabalho. Transforma-os em coisas, isto é, priva-os de ser do sistema e de sua cidadania. Embora, a exclusão social não signifique pobreza vale lembrar que a maioria da população brasileira, está inserta em um dos mais aberrantes e ignóbeis processos de pobreza. Apenas 15% são do país e do mundo e os 85% restantes apenas estão no território sob o manto da mais irracional e perversa concentração de renda, e de riqueza. O Brasil, segundo dados da ONU, só perde em concentração de renda, no mundo, para o mais miserável país do planeta, segundos dados de IDH da ONU que é Serra Leoa no Continente da África. A exclusão social, no Brasil, tende, também, para a exclusão digital, ou seja, no sistema tecnológico da informação, via satélites, e da nanotecnologia sob a ótica da física subatômica. Esta, inclusive muda a visão do mundo e do cosmo descartando o pensamento linear e a visão criacionista da vida no planeta. 36
  • 37. Racismo e sexismo. Qualquer bom dicionário explicita que o racismo configura um conjunto de teorias e crenças com vistas à discriminação entre as raças e entre as etnias e o sexismo é a atitude de se discriminar pessoas com fundamento no gênero, ou melhor, dizendo, na forma de comportamento sexual de um ser humano. Do ponto de vista da economia política o racismo tem a finalidade manter as pessoas dentro do sistema econômico-social como inferiores. Podem e devem, segundo os racistas, ser explorados economicamente (como se dá com os migrantes e imigrantes nos países cêntricos) no processo incessante de acumulação de capital e, por isso, são vistos como atrasados, baderneiros ou bárbaros. Para tristeza dos antropolíticos os cientistas políticos e sociais vêm transformando o racismo em uma questão básica de legislação formal em vez de contextualizar as raízes dos privilégios, dele oriundos, que permeiam as sociedades e que dizem respeitos a todas as suas instituições e organizações inclusas nelas a do saber. Esquece-se que a luta contra o racismo é indivisível e que deve ser extipardo em quaisquer das formas em que se apresente. O sexismo é a maneira pela qual o sistema mundo capitalista discrimina o gênero feminino nos processos de produção e, conseqüentemente, no processo incessante de acumulação de capital onde as mulheres quase sempre têm remuneração mais baixa que os homens para a mesma atividade. Universalismo e particularismo. Nesta visão prévia, dos Textos, não se pode deixar de trazer, para as suas contextualizações, os conceitos de universalismo e de particularismo sob o ponto de vista da economia política. O conceito mais amplo de universalismo é aquele que o apresenta como doutrina ou crença que afirma que todos os humanos estão destinados a salvação eterna em virtude da bondade divina. Outro é aquele inspirado pelo iluminismo que só reconhecem como legado universal aquilo que é patrimônio de todos. Já do ponto de vista de determinados segmentos das ciências sociais universalismo é supostamente a visão que se tem de existirem leis, normas, valores ou verdades que se aplicam indistintamente a pessoas, grupos ou sistemas históricos no tempo e no espaço. Essa concepção é muito utilizada, pelos defensores do sistema mundo capitalista para perpetuar o processo incessante de acumulação de capital quando coloca como universal aqueles valores que são criados ou observados, primeiramente, pelo centro hegemônico do sistema de acumulação ou potência imperial. De um ponto de vista da economia política os conceitos acima citados levam a crença de existirem pelo menos três variedades de universalismo, isto é, o religioso, o humanista-científico e o imperialista. Daí os universalismos se prestarem para oprimir as pessoas que, em troca, se refugiam em particularismo como bem explica Wallerstein. “Os particularismos, por definição, negam os universalismos”. Daí existirem, também, múltiplos particularismos, ou seja, “aqueles reinvidicados pelos atuais derrotados nas corridas do universalismo”. Aqueles “dos grupos em declínios” sejam eles: raça, classe social, etnia, língua 37
  • 38. e religião. Aqueles oriundos “dos grupos persistentes situados no fundo da escala, independentemente de como sejam definidos” sejam eles parias ou não do sistema mundo capitalista que são “os negros, os ciganos, os harijan, os burakumin, os índios, os aborígenes e os pigmeus”. Aqueles formados por “esnobes esgotados que se orgulham da sua elevada cultura” e mesmo pregam a vulgaridade das massas, ou melhor, traduzindo das pessoas comuns e, por fim, aqueles “constituídos pelas elites dominantes”. Notável é que, segundo Wallerstein, tanto os universalismos quanto os particularismos são governados pela lei aristotélica do terceiro excluído e são, em geral, focos centrais das lutas políticas. Para tanto, vale citar a assertiva de Wallerstein “universalismo e particularismo são definidos como antinomia crítica que podemos usar para analisar toda ação social; todos temos de escolher, de uma vez por toda, entre dar prioridade a um ou outro. Isto tem sido útil, para os vencedores e nada útil para os derrotados”. Novos mapas geopolíticos da globalização/mundialização e da integração Sul-americana. Sob esse prisma os Textos, de um modo geral, remetem o leitor para o tema em epígrafe, chegando a contextualizar possíveis cenários para o presente século. Discorre sobre o caos estrutural do sistema mundo do capitalismo e sua possível ruptura ou substituição. Procura, ainda, mostrar a inserção do Brasil no chamado mundo globalizado. Discutem-se as grandes contradições do sistema mundo capitalista, em particular, aquela existente entre o capital mudializado versus trabalho local e descartável. Procura-se, para tanto, usar das categorias do pensar crítico abrangente a seguir: a) Objetividade com a submissão ao real, a transformação do mundo e ao cuidado com a ocupação e empregabilidade em contraponto a exclusão social b) Historicidade na medida em que trata a realidade como processo, ou seja, vê o passado como virtualidade do presente e como dinamismo e virtualidade do futuro além da interação entre consciência e processo c) Racionalidade a partir da sensibilidade social, das correlações causais da consciência útil ao desenvolvimento ou da antropolítica e da dialética da razão e da realidade d) Totalidade como conexão de sentido e projeto de destino nos âmbitos nacional, sul-americano e de, como povo, pertencer ao mundo e) Atividade entendida como pensamento e ação, caráter histórico e social dos valores e da ética do desenvolvimento sustentável com vistas a antropolítica f) Liberdade como ato livre de pertencimento ao mundo e como ato de libertar como dialética da liberdade como existência autêntica da liberdade concreta g) Nacionalidade como o universal concreto onde se extinga as relações de dominação e se veja a nação como origem de significado, mesmo inserto em 38