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JÉCA TABÚA




CANASTRA VÉIA

   VERSOS




        lataN
       arotidE
        6491
JÉCA TABÚA




CANASTRA VÉIA


   VERSOS




        lataN
       arotidE
        6491
Canastra véia   - Cosme F. Marques
Apresentando um Poeta
                                            LUIS DA CAMARA CASCUDO


        Apresento-vos ao poeta Cosme Ferreira Marques. Todos os seus versos estão reunidos,
como vegetação legítima do sertão, flores, cardos, corimbos, folhas, no bôjo da canastra véia
acolhedora e uma.
        Vereis a simplicidade comunicativa do poeta e os elementos que ele dispôz para fazer
ouvir sua voz até as margens do mar, vinda do coração da terra norte rio grandense entre as
pedras altas e brancas dos serrotes, dos taboleiros imensos, povoados pela estridência metálica
da sariema
        Jeca Tabúa mora na cidade de Santa Cruz, um cento de quilômetro para o interior.
Cercado de filhos, ganhou até poucos meses, vencimentos que seriam recusados por uma
semana de trabalho urbano. Duzentos cruzeiros mensais!
        Com esse dinheiro, a família tradicionalmente viva, palpitante de inteligência e de
vibração, bem grande e bem resignada, o poeta não deixou de cantar e sonhar, entre pedras e
sofrimentos, numa atitude obstinada de exilado que teima em olhar, no horizonte longínquo, a
sombra da terra em que nasceu.
        Não haverá valorização mais alta, irrespondível e lógica que o perguntar-se ao criador
em que estado e circunstância psicológica realizou a sua criação.
        Certo é que o talento é determinador de maravilhas em qualquer posição tomada ante a
vida. Mas vamos pensar no que seria Alexandre Magno tendo nascido na Albânia ou Vitor Hugo
cidadão de Karthum. E se o elemento econômico, ambientador, não anima ou retarda o vôo
luminoso da poesia. Ninguém discute que os poemas da Liberdade foram escritos na cadeia e
que quase todos os mestres do Humorismo foram homens tristes, de vida triste.
        Cosme Ferreira Marques é poeta que, antes do livro, nos dá uma lição de perseverança
e de fidelidade letrada. Tudo que o podia desanimar e vencer não o desanimou nem o venceu.
Passou epidemia, tempestade, crise, desalento, como um avião atravessa nuvem ou, lembrando
um verso de Ferreira Itajubá: - um gume cortando polpas de maçãs maduras.
Quando muita gente desanimou e virou homem prático, acabando rico e dispéptico, Jeca
Tabúa continuou poeta, poeta, poeta.
        Vereis, Leitor bem intencionado, que todos os temas desse livro são assuntos humanos,
episódios domésticos, nomes de filhos, de amigos, de companheiros, ramos da paisagem doce e
ambiental que o cerca.
        Para Cosme Ferreira Marques, para sua inteligência sensível e grande coração
afetuoso, a Poesia é a grande consoladora, a luz serena, dando calor e guiando.
        Para ele a Poesia é sagrada e ritual, como Saadi, Omar Kaiíam, Tagore ou Mistral.
        Nada mais emocional que esse pai que não pode comprar um presente para o
aniversário da filhinha, o mais simples, o mais pobre, o mais humilde presente. Para festeja-la
escreve um soneto, uma canção e entrega à filha, como a oferta do seu sangue, a luz do
espírito, o ritmo do coração. A pena, como o bico do pelicano clássico, abre o peito e a filhinha
recebe um presente arrancado à alma que a gerou.
        Lembro que, na Idade Média, quando os trovadores e troveiros viajavam sempre,
passando e repassando a muralha dos Pirineus, indo para os reinos de Castela, Aragão, Leão e
Navarra, indo para a Provença, para o condado portugalense do conde Afonso Henrique, não
tinham, muitas vezes, uma só moeda na sacolinha pobre.
        Chegava o poeta, o felibre, o mestre cantor, na cabeça de uma ponte. Era preciso pagar
a travessia, o direito de pedágio. O poeta parava, erguia a citara ou o citolon, e cantava, ao vento
triste da tarde, uma canção. Era a moeda que Deus lhe dera para viver.
        Cantava e passava. Pagara o direito do pedágio.
        Assim Jeca Tabúa, Cosme Ferreira Marques. Quando a emoção lhe exige os direitos da
impressão mental, quando a família lhe pede a prova da alegria cordial, quando os amigos
recordam, inconscientemente, o dia de festa e de oferta, o poeta, sem a moeda que os homens
fabricam e que vale tudo para a poeira do Mundo ergue a voz, cantando num verso simples, o
direito de cunhar e circular a outra rutilante moeda cujos domínios estão em todos os espíritos.
        E assim passa, de coração em coração, para o Futuro...
DEDICATÓRIA



        Aos meus pais, José Maria Marques e Isabel Oscarlina dos Santos, um preito de
devotamento.


        A minha esposa, companheira de lutas e canseiras, um conjunto de admiração e amor.


        Aos meus idolatrados filhinhos José Maria Neto, Maria do Rosário Marques, José
Maurício Marques, Maria Lúcia Marques, Maria do Socorro Marques e José Mário Marques, um
beijo paternal.


        À memória de todos aqueles que, já desaparecidos, ou ausentes, relembro nas pobres
páginas deste livro; á uns a minha saudade, á outros, a minha eterna lembrança.


        Ao meu irmão Francisco de Assis Marques e família, fraternal amizade.


        Aos companheiros de Repartição, um amplexo afetuoso.


        Ao Cel. Vivaldo Pereira de Araújo, o meu eterno reconhecimento.
Algumas palavras

          CANASTRA VÉIA... título pobre e desgracioso para um livro. Escolhi-o. O que é senão o
meu livro, um baú de recordações?


          Os seus versos, se é que a essa mistura de frases rimadas, pode-se dar esse nome, são
cantos pobres, destituídos de floreios literários, representando apenas, imagens de pessoas e
coisas dos bons tempos da meninice. Quis, retratá-las, gravando em versos aquilo que tanto
amei e continua fielmente impressa no meu Eu.


          A primeira parte do livro está constituída de “Pés Quebrados” numa linguagem matuta,
toda regional. Procurei arremedar esta linguagem falada pelos nossos sertanejos sofredores;
procurei pintar em versos, as imagens tão queridas, que rodeavam a minha existência, quando
ainda criança; e, MEU CORAÇÃO, BAÚ VÉIO I CANÇADU, guarda no seu mais recôndito, no
seu amago, tantas lembranças que ainda hoje povoam a minha fraca imaginação.


          A segunda parte, posso chamá-la de “Vibrações d’Alma”. São cantos desferidos ao
toque de um sentimento, quer de afeição, de dedicação e de gratidão, a amigos, filhos e
protetores. É um heterogêneo de versos, quadras, acrósticos, sonetos etc. São pedaços da
minha alma, ofertórios de meu coração; são lamentos, são festins oferecidos a todos a quem me
dirigi.


          Para oferecer ao público trabalho tão insignificante, recorri tão somente ao grande
mestre “Sentimento”, cooperando com o mesmo, a linguagem regional tão costumeira entre o
nosso povo. Ofereço, portanto, não um livro, mas, retalhos de minha alma, repartidos entre os
que recebam este sem outro fito, a não ser o de dispensar ao Jéca Tabúa, os defeitos e erros
que aos montes se encontram no CANASTRA VÉIA.


          Com estas palavras apresenta-se


                                                                       O AUTOR
PARTE I
CANASTRA VÉIA ...
                      Ao Afonso Geroncio da Fonseca




Canastra véia... tú tem
dentro de tú bem guardado,
as istóra dum passadu
            todo meu:


Canastra, juro pru Deus
inquanto vida tivé
di zelá essis papé
            di lembrança:


Minha vida di criança...
adispôi a di rapás.
daquelis tempus pra trás
            tempus bão:


Baú di arrecordação
qui guarda tantas lembrança,
tant’inluzão e isperança
            quêu tinha:
Canastra! Canastra minha,
         vô(*) ti dizê di verdade,
         sois, baú só di sódade
                               i judiação:


         Também o meu coração,
         é um baú véio i cançadu...
         Más trái tudim bem féxado
                               I siguro;


         Já tô* véio, tô* maduro,
         a morte logo mi arcança...
         más num carrega Sinhô
         a canastra de lembrança.




(*) Escrito no original como vê e tê, em evidente erro tipográfico. No corpo do texto
foram igualmente corrigidos erros análogos, em que foram acrescentados os
correspondentes acentos circunflexo e agudo, para assinalar as palavras oxítonas ou
monossílabos tônicos, ausentes por evidente erro de tipografia. No mais foi respeitada
a ortografia correspondente à linguagem matuta utilizada pelo autor, na primeira parte
da obra, e, na segunda parte, aos hábitos ortográficos não uniformes, vigentes à época
anterior à reforma ortográfica de 1943.
D. ZÉFINHA
            As Exmas. Sras. Iací Xavier e Hermilia G.
                      Gonçalves Bezerra




Sinhôras, mi alembru dela...
da boa D. Zefinha,
a dona de CAIÇARINHA
            tão falada...


Arma grande, arma dotada
qui a guarde u Redentô,
a munta gente curô
            na redondeza;


Seus remédio, era certesa
I tinhum munta valía..
Ela dava méópatía
            pelo dôtô;


a munta gente sarvô
dûa morte agarantida,
a muntos ela deu vida
            i saúde;
era chêa de virtude,
era munto caridósa
era a muié mais bondósa
            di redó;


Morreu, foi mermo qui o Só
fartár-nos durante o dia,
Beladona...Jalapa...Nós-vomica
Suas dósa...méópatia...


                     Março de 1938
VELHOS CARREIROS
     À memória do ilustre Abdias Gomes de Almeida
              Bezerra, o incentivador de RIMARIOS.




Um carro a gemê e a chorá
decendo numa ladêra..
di vagá, ca priguicêra
       acustumada.


Cantando...aquela tuada
nua harmunia dólente,
fazia gêmê a gente
     u seu canto;


a tarde, era um quebranto,
i naquela vagarêsa,
du carro e da naturêsa
     era bunito;


di vêz in quanto, um grito
du carrêro Bacuráu,
cum o ferrão feito de pau
     na mão;
gritava, na solidão
do dia quase acabado,
é Brioso...é Bordado
     é boi?!...


Passado qui já se foi,
a tempos cumo sois mau!
Mais num apaga a lembrança
Di João Birro e Bacuráu.
       .
QUÉQUÉU
             Ao coronel José Rodrigues de Carvalho




Meu sinhô, mi iscute bem,
mi preste toda atenção;
é uma recordação
           di minino;


Si num mi faiá u tino,
inté num sô isquecido,
u seu nome era Ocrido
         vurgo Quéquéu;


a menininho incréu!
era mermo artilôso,
era muito perigoso
         i brigão;


fazia judiação
era u dimonho in figura
era dessas criatura
           impossíve;
U minino era incrive
erum perigo patrão,
si paricia um tufão
        amolestado;


ôje ta munto mudado,
dizem qui é aviadô...
o Quéquéu, já ta dereito...
nun sei cuma indireitô.
MÃE ANINHA

            ohnirboS ahcoR leugiM oA




Eu vi ela; tanto tempo
qui eu num via a véinha,
assistente mãe Aninha
          Santiago;


Na minmóra ainda trago
u seu retrato instampado;
pôs tombem eu fui pegado
     pur éla;


Muntos hóme i donzela
pur as mão dela passô,
a muntos ela ajudô
            a vivê;


Mãe Aninha, u meu prazê,
Toda minha gratidão,
vae inscrita nestes verço
num preito de dimiração.
GAMELEIRA VEIA...
     Ao compadre e amigo João Felipe Damasceno (Dadão)




Quanta sódade q’ueu sinto,
daquela arve frondáda,
onde toda meninada
     si divirtia!


Na sua sombra si uvía,
u canto dos passarinho
qui nela fazia us ninho
           di amô;


ô antão-se us Bêja-frô
cas suas pena dórada,
cherando as frô prefumada
     cun bico;


as vêze cismando fico,
pensando óras inteira,
vendo a véia gamilêra
     tão arta;
in minh’arma si retrata
us seus gaio agigantado
i dibáxo amoquecado
           nóis vivia;


a gente si divirtia,
era pagóde i fonção,
sentado u véio Dadão
      assuviava,


i u tempo assim si passava
cumo um sonho di esperança...
vida boa...vida rica
nossa vida di criança.
CRIME



Matá um a férro frio,
assaciná um cristão...
dá facada bem nus vão
       dum sê,


Sinfóicá só pru querê
isfalicê dipindurado,
ô antão se envenenando
     cum arsenu,


inguli quarqué veneno
somente pra s’ispichá,
tê gosto di si matá
          pru gosto,


pru via quarqué disgosto
ô antão-se ruêdêra...
ô mermu cum lambedêra
             ô punhá,
Tê u gosto di matá
somente pru marvadeza,
marvado di natureza
             rim...


pois tudo isso pra mim,
num é crime meu patrão,
crime, é ingratidão
             di muié;


ela si torna um quicé,
amolado i cortadô...
mata a vida e u amô
             mas siguro;




Meu patrão, aqui li juro,
esse crime é sem perdão...
diviria havê centença
pru crime d’ingratidão.
JOÃO PINHEIRO
     Ao Dr. Odorico Ferreira de Souza




Patrão vaimicê se alembra
du nego véi João Pinheiro,
u mió aboiadêro
            i bóiadô?


Si alembra seu Dôtô
qui quando ele abóiava
as rua regurgitava
            di gente?


inda trago bem patente
u abôio sintimentá,
aquele abôio sem iguá
             no Norte...


Guela chêa, peito forte
tipo mermu du vaquero,
mi alembro dôtô, mi alembro
du abôio di João Pinhêro...
DISEJOS...
     Ao Dr. Lourival Ferreira de Souza.




Seu dôtô, eu num dêsejo
casa boa nem riqueza;
nem tómóve nem beleza
               nu falá;


num desejo viajá
pru essis mundo ixtrangero,
nem pru Rio de Janêro
               nem Baía;


nem também tê regalia
di muita comódação...
nem vuá nus avião
               di viadô;


nem imbaicá nus vapô
qui anda pur má afora,
eu num desejo mióra
               ninhua;
eu num quero côsa argua
dessas muderna inventada,
di raido qui fás zuáda
             i falação;


eu só queria patrão,
nu mundo tê um prazê,
duns óio, q’ueu sei mordê
             mastigá...


pra u gosto dêsse óiá
ficá nas minha guéla
(pois patrão, os óio dela...)
             a zóim!...
FABIÃO DAS QUÊMADA
                         Ao Horacio Rocha




 Era piqueno, mi alembru
 du cantadô Fabião;
 su rébeca, seu baião
              gêmedô;


 Puéta provizadô;
 nêgo véi intiligente,
 perigoso nu repente
             da puizía;


 onde cantava, curria
 um povão pra iscutá
 u puéta sem iguá
            na rêbêra;


 I cantava a noite intêra
 históra de apartação,
 das vaquejada de então
             qui havia;
a sua rébéca gimia
no seu Redondo sinhá,
a gaiganta ritinia
num canto sintimentá...
ARRITIRANTES...
 Ao Coronel Ezequiel Mergelino de Souza




Coroné num sadimire
du istado qui mi vê,
venho di riba du quimquê,
                du sertão:


mi arrepare meu patrão,
a mizéra mi consome,
dois fio morreu a fome
                nus caminho;


aqui patrão, tô sosinho,
morto di fome, cançado...
a famia, ali nu quebrado
                mi ispéra,


cum fome, mardita éra
qui trás a seca terrive,
é duro Patrão, é horrive,
                pra mim;
Eu nunca mi vi assim,
nu istado qui mi vê,
vendu meus fio morrê
            nus braço,


foi pra mim cumo um pedaço
tirado do coração,
mi secorra coroné,
uma ismola meu patrão.
QUEBRANTO
             Ao amigo José Josias Bezerra




Tu num néga meu amigo,
qui andas aduençado;
ti vejo assim tão calado
             i triste!?...


A móde qui já sintiste
ô antão-se tás sentindo
dentru di tú si bulindo
             um négóiço?


Tem coidado, esse tróço
é doença, ti agaranto,
é u marvado quebranto
             duenção,


ele ataca u coração
méxe cum côipo da gente,
não tem cristão c’aguente
             um mêi,
si agarra dua vêis
fás da gente aquele móio,
Quebranto, náce dus óio
             das cabôca;


dá abrimento di boca,
é aquela priguiçêra...
fás da gente ua porqueira
             dus cão;


Amigo, é duenção,
u quebranto é di matá,
i u réméido qui li séive,
é cum éla si cazá.
AQUELA CASA!
      Ao Dr. Octacilio Ferreira de Souza




Meu patrão, aquéla casa,
qui s’avista na ladêra,
tão cheia de trepadêra
                du mato;


vóis tá vendo seu matrato,
aquele seu abadono,
cumo uma casa sem dono
                insquicida?


pôs ali já ôve vida,
já teve folicidade;
oje só resta a sódade
                i a tapéra;


Pôs ali in ôtras éra
inzistiu um ninho di amô,
aus rédó...tantas fulô...
                er’um jardim;
Seu moço, ói bem pra mim
veja meu zóio a chorá,
foi ali u meu artá
          meus bem querê;


Meu patrão póde me crê,
eu vivo assim na mizéra
quinem aquela tapéra,
             disprezada;


Vivo quá arma penada,
pércurando uma inluzão...
só mi encontro ca sódade
TAPÉRA DU CORAÇÃO.
MADRINHA AMALIA
     Á D. Nanita Ferreira de Souza.




Patrôa, madrinha Amáia
uma santa criatura,
era a image da candura
               i piadade;


arma chêa de bondade,
a todos ela agradava,
in sua casa, num fartava
               gente;


munto carma, e paciente,
cunversadera i risôna,
               i ingraçada...


a morte levô-a; a marvada!
a coração inpedrado!...
minha madrinha, lá do céo
abençôe seu afiado.
                          Março de 1940
INVERNO
     Ao Dr. João Francisco Dantas Sales




Cai a chuva a noite intêra,
ronca bem perto o truvão;
já se alegra o meu sertão
               quirido;


ai cuma é divertido,
a gente ainda deitado
vendu a chuva nu téiado
               batendo?


Di menhã, a gente vendo
us campo dágua cuberto,
u rio cheio, bem perto
               zuando...


us bizerro iscramuçando
numa carrera danada,
inté mermo a bicharada
            fica contente;
inverno é cá pra gente
cuma ôro meu patrão...
si transfóima mundo i gente
cum inverno no sertão.
                   Março de 1946
GRATIDÃO
As professoras Leonor Vasconcelos e Palmira
      Barbosa, de quem recebi os mais belos e
      Melhores ensinamentos.




  Donas me alembro bem...
  tinha seis ano interado,
  quando fui matriculado
                    na iscóla;


  Eu tinha boa cachola
  dessas de intéligença,
  i junto ca paciença
                    de vaimincês,


  aprendi in pocos mês
  lê, iscrevê i contá,
  aprendi a dézenhá
                    tombem;


  minha mimóra inda tem
  lembrança i satisfação
  in lembrá as purfessôra
  qui me déro inducação.
                              Maio de 1940
AMÔ SERTANÊJO
Ao poeta Abel Rodrigues de Carvalho na noite de
          23 de Junho de 1940 em C. Novos.




  Nua noite cuma essa,
  cum um céo todo arrendado
  d’istrelas alumiado
                    e luá...


  Dessas Lua sem iguá
  cum’otra num se vê,
  nessas noite eu vi nacê
                    meu amô;


  Seu moço, vóis já provô,
  u gosto dessa paxão,
  das cabôca du sertão,
                    tão bunita?


  A sódade aqui mi grita,
  num mi dêxa más falá...
  seu Abé, u amô nace
  duns óio qui sabe óiá.
SECA...
Ao Dr. Eloi de Souza, ilustre batalhador sertanejo.




             Seu dôtô, vóis já conhece
             u fragelo du sertão?
             Vaimincê já viu patrão
                                 a seca?


             Qui tem sido toda a pêica
             di nós pobre sertanejo,
             é quinem aquele bêjo
                                 de Juda?


             Farça, ruim, úriuda
             marvada...inquelemente,
             acaba cas nossa gente
                                 e cuns bicho?...


             A dimonha tem capricho
             de tudo í insfolando,
             povo e gado dizimando
                                 sem dó;
Seu dôtô, é más mió
a gente num ispricá
us grande e terrive má
             das criza;


trás a fome, cumo briza
seu vento, nicícidade
i toda calamidade
             vem cum ela;


é bem feia a cara dela,
num tem nada di bom trato,
isso eu li juro patrão,
pois já vi u seu retrato.


             Fevereiro de 1941
LUA CHÊA
            Ao Dr. Camara Cascudo.




Moço, seu fosse inducado,
tivesse munto sabê,
minha vida er’inscrevê,
            prus jorná;


Falava nesse luá
dessas Lua qui lumêa,
qui nu sertão quilarêa,
            inté a gente;


a móde qui ela sente
u ca gente ta sentindo;
ela só véve sirrindo
            meu patrão;


a lua cá du sertão,
parece qui é dotada,
foru más bem trabaiada
            póde crê;
Quando a lua vem nacê,
nu tempo qui ela é chêa,
é bunita cumo bêia
            seu dôtô;


Seu CATULE discantô,
a lua du Ciará,
más moço, u meu luá...
            u meu luá...


Eu sô capás di jurá,
cum ele num tem parêa,
o brio dele patrão
inté a arma alumêa.


                     Agosto de 1941.
A SEU PUDESSE!
Ao grande iniciador radiofônico Luis Romão.




  Seu môço, eu uvi dizê
  qui a munto já si criô,
  n’argença Pernambucana
  um tar dum Indicadô?


  A móde quinem um raido,
  qui fala pras murtidão,
  inspricando as boa nova
  pru meio di falação?


  A seu moço seu pudêsse,
  tombem nu bicho falá!..
  Amostrava u meu sertão
  Prus povo das Capitá;


  Dibuiavá a vida véia
  qui nós leva nessa terra...
  dizia todas beleza
  das verdura cá da serra.
Quiria moço dizê
da lindeza dus luá,
da lua tamãe dum bombo
la nu céo a lumiá.


A seu tivesse córáge,
í dinheiro seu tivesse,
só pra í lá nus Natá,
A SEU MOÇO SEU PUDESSE!


                      Agosto de 1941.
OIA’ DI FÔGO
Ao ilustre poeta Jaime dos Guimarães Vanderley




            Teus óio cabôca, são
            duas chama qu’incandêa,
            dois óio de Só d’inverno
            dois brio di Lua chêa...


            Duas véla si quêmando,
            duas braza di aroêra
            duas lús di óstrómóve
            duas boca di caêra.


            dois vurcão s’incendiando
            duas lús qui dóe nas vista
            duas róda di festejo
            dessas di fogo de vista.


            Duas chalêra fervendo,
            fervendo cum água quente...
            teus óio cabôca quêmam,
            inté a arma da gente...
                                        Agosto de 1941.
FLOR HUMANA....
A D. Auta Brandão, no estagio, realizado no
  D. E. E. em Dezembro de 1941


    Sá dona, u mundo véio,
    é um imenso jardim,
    é grande, é munto gránde
    parece num tê más fim.


    I penso qui o jardinêro
    qui esse jardim fabricô,
    iscuiêu dona, as muié,
    pra sê dele suas fulô.


    Tem di toda versidade,
    tem fulô feia i catita,
    i vóis sa dona sois uma
    du bróco das mai bunita.


    Carculo, qui as outra frô,
    véve chêa di ciúme,
    pruquê vós tem más carrego
    nu vosso chêro i préfume.
Sá dona, vóis tem más vida,
nesses óio tão faguêro...
u disgosto qui mi mata,
é eu num sê jardinêro...


Don’Auta, peço perdão
Pru essa minha artitude,
más sá dona, é du matuto,
(Falá verdade, é vértude).
CARIDADE...
Ao Doutor Mariano coelho, o benemerito
          Médico da zona sertaneja.



  Patrão, vaimencê amostra
  da caridade a figura;
  a pois é a criatura
                    más bondosa,


  a arma más caridosa
  qui já viu esses meus óio,
  seu dôtô vóis sois um móio
                    de bondade;


  vóis retrata essa bérdade
  a más santa das virtude,
  vóis tem salucitude
                    di pai;


  nessa rêbêra, num ai
  um más mió qui o sinhô,
  todo mundo seu dôtô,
                    li qué bem;
I nesses verço tombem,
amostro a sastifação,
levum dôtô Mariano
toda minha gartidão.
                   Janeiro de 1942.
CABÔCA DU SERTÃO
       Ao compadre e amigo Luís Patriota.




  Teus cabelo são pretinho,
  quinem aza de caraúna,
  tem um brio da rizina
  do tronco da baraúna.


  Teus óio, são tão iscuro
  quinem fruita di quixaba,
  tem a lúa da Lúa chêa
  briante qui nun se acaba.


  Tua boca é piquinina
  dentes branco qui alumia,
  teus lábios, são paricido
  ca porpa da melancia...


  Tens a vós da juriti
  quando canta nu baxío,
  tem u saluço das água,
  das água mança du rio.
Infim cabôca, tu sois
a vida qui mi incanta,
Sois todinha amodelada
pur um mudelo di Santa.
                    Outubro de 1943.
DEPOIS DAS FESTAS
               Ao ilustre casal, JOSÉ C. FIUZA-MARIETA
     BEZERRA, o meu humilde mas sincero parabém, pela data tão significativa
     de suas Bodas de prata.




Cheguei tarde, eu ricunheço,
u meu vagá, minha tardança;
más vaimicês mi discurpem
tô véio quinem as gança...


Más imbora mermo tarde,
a vóis um verço dirijo,
os meu sinceros imbóra
pelo vosso arrigusijo.




Pru vossa sastifação
nesse dia, um tesôro...
meus voto qui vóis assista,
as vossas Boda de Ôro.
Eu quis pessoarmente
o meu abraço levá...
más...num diga a ninguém
num tinha rôpa pra i lá.
CUNHICIMENTO
Para Dr. Djalma Marinho e Teodorico Bezerra.




  Seu coroné Tidurico,
  fez travá cunhicimento,
  cum Bacharé de talento,
                    létrado;


  Dôtô, Djarma, falado,
  um moço di numiáda,
  qui fás questão increcada
                    si acaba;


  Num sô dôtô, num sei falá,
  sô matuto aferventado,
  más moços, sô divógádo
                    di ceitação;


  eu só resôrvo questão,
  sem fala, sem briga, sem guerra...
  encrencas qui vem dus óios,
  das cabôca de minha terra.


                              Março de 1944.
NOITE DE SÃO JOÃO
             Ao amigo Nestor Galhardo.




Seu môço, eu vejo S. João,
mais um S. João sertanejo,
um S. João qui sempre vejo
             Toda vida,


O mato, di fronte erguida
lá na frente du têrrêro,
infêitado, esguio, lampêro
             contente;


Vêno u povão, toda gente
in seu rédó frótiando
i u fuguêrão si quémano
             a vontade;


S. João di felicidade
di fartura i di discançu,
brandu como u remanço
             Dûa canção;
ai quanta arrecordação
 daquelis tempus passadu!
 hôje tá tudo mudado
               nem parece.


um fôgo num aparéce,
fuguêra já num inziste,
até a inmage du Santo
arrepare qui tá trixte.
MARGARIDA...
             Ao Miguel Andrade.




Seu moço, a Margarida,
aquela véia véinha,
ricurvada i bem pretinha
            quinem caivão;


aquela véia patrão,
trabaiava noite i dia,
i criô grande famia
             na fartura;


Inté qui pra sepurtura
seu coipo véio baxô,
num sei si arguem chorô
             pur ela;


Morte bunita a dela,
Morreu cum’uma criança...
Margarida, toma esses verço
Tua corôa di lembrança.
                         Março de 1944.
SOFRER
     Ao Cícero Pinto, amigo de lutas.




Môço, a vida véia
é um má di sufrimento,
é cabeça sem idéia
é idéia sem alento.


U mundo, véia candêia
trás a gente acorrentado,
inxãme grande di abêia
num vivê atribulado.


U rico récrama a vida,
pru tê feito mau negóiço,
u pobre coisa perdida
arrecrama seus distróço.


Carcule meu véio amigo,
a vida de um poeta!
Arma sôrta sem perigo,
Êle num véve, végéta.
U ISTAJO NO RETRATO...




  Eu venho dôtô Anfilóco
  Nessis verço aprezentá,
  Us agente da Sigunda
  Qui vinhéro istagiá.


  I apruveito a monção,
  Prus Sinhô agradicê,
  As lição tão pruveitosa
  Qui vinhemu arrecebê.


  Nossos agradicimentos...
  Si torne tombem patente,
  A tôdus daqui da casa
  I us dôtôris assistentes.


  Tôdus elis si mostraro,
  Chêis de dedicação.
  Cum paciença incinaro
  Istatisca in prufuzão.
In nome dus companhêrus
Da sigunda vô falá...
Dizejâno a vaimincês
Filis ano, bons Natá.


Cuntinuano a verçada,
Dô uma coipa fié,
Cumeço cum Zé Farnande
Agente di São Tumé.


U seu Bizerra Linhare
Di Currai Nóvo é agente,
U Ivã dos Acari
Nunca fêi vergonha a gente.


A Naí, das Serra Nêga
Das Parêa, a Guiomá,
Jucurutú tombem vêi
Nosso amigo Precevá.


O Arnaldo druminhôco,
Dus Jardin du Siridó,
U Perera das Fulôres
Ademá, dus Caicó.


Mai u batuta da Turma,
Gerente, dôtô di fato...
É u Zé Luí di França
Lá di Santana dus Mato.
Di Báxa Verde é o Pedro,
Bem franzino u rapagóte,
Da istatisca ele é
O mai novo, é u fióte.


U úrtimo, u du finá,
Dêssi istajo tão falado,
Sô eu, u de Santa Crui,
Químbáxo vô assinado.


     Natal, 22 de Dezembro de 1941.
ESTAGIO DE CURRAES NOVOS
Ao Delegado Regional, aos Delegados Seccionaes e
         Secretario e aos Delegados Municipais da 2ª. Zona.




            Senhor doutor Anfiloquio
            Venho pedir permissão
            Para do estagio fazer
            A rude apresentação


            Seu Dôtô seu Anfiloqo
            Vei fazer encerramento
            Do ta Recenseamento
                              Do Istago:


            Dôtô Óto, cum seu trajo
            De terno branco agajota
            É delegado de nota
                              i num é sonso:


            O Monsenhô Palo Éronso
            É um pade delegado
            Quim unto tem trabaiado
                              Nos laboro:
O ôtro munto simploro
(é gente do mió pano)
Dôtô Zé Merenciano
             É um valô


O seu Jorfi é um pavô,
É nos trabaio incansavi
São este qui fóima a chave
             Da dereção;


Inda tem u cidadão
o sinhô Mané Cuêio
Qui do censo é um istêo
             Bão:


Pra uvi as instrução
Da dereção rifirida,
A trinca foi reunida
             Dos Delegado:


Dos municipio do Istado
Isso é, de todos não
Aguenhite notu os quistão
             No cerramento;


O premeiro é no momento
U valô ca du Sertão
Seu Sobrinho-confusão
             Preguntadô:
Aparece ótru Sinhô
Sabidão di dimirá
Seu Olavo dus Jorná...
             Dêrêtô:


Dus otro é um valô
Nem qui seja nesa lista
Seu Geronso o charadista
             Topado


Seu Laro de ané passado
É dôtô de grunumia
Nos Boletim de famia
             é pesado:


Lá vai outro delegado,
Ese é bom qui nem se fala...
Zé Santa so fala im bale
             Dos Caicó:


Seu elampe eu tenho dó
Desse pobe delegado
Nem drumí póde o coitado
             só pensando


ôtro é só preguntando
P’ra das lição cuiê fruto
Aprigio, sub-produto
             Industriá...
Terminando vô falá
Cum veidade e cum certeza
Seu Bizerra, das impreza...
             Da istatisca:


E pru fim seguindo a risca
Desse trabaio braçá...
O colega de Bizerra
P’ra baixo vae se assiná




             *
           *****
Dotores vão discuipando,
O geitão cuma eu penso
A refém desse tá censo
             Nacioná


Nós vihemos si ajuntá
P’ra uvi uma lição,
Dos dôtô cá da sessão
             Secioná


É um serviço braçá
Cuma dixe um delegado
Nas capitá do Istado
             Ôtro dia
Tem sido tanta ingrisia
De dimirá todo povo,
Uveia ta pondo ovo!
            Avali:


Foi coisa que nunca vi
Cuma ta tudo mudado
Só mermo prus delegado
            Do censo:


Só tendo o juízo menso
É preciso que se ajeite
Si não galinha da leite
            é um horror:


Nesse caso Monsenhô
O censo vai p’ra dois ano
Seu dôtô Merenciano
            Qui diga:


Tudo isso é uma ispiga
Pur isso qui o povo berra
Só seu dôtô Oto Guerra
            Ispricando


Monsenhô vá discurpando
Essa linguage rastêra,
Embaixo vou assinando
Jéca Tabúa Pêrêra.
PARTE II
MEU PRESENTE
                               A minha esposa no seu natalício.




Muito embora nada possa ofertar-te,
Ao transpores mais um aniversario,
Recebe ao menos, este verso tão sem arte
Incolor...mas, nele se reparte
A minha alma, à ti ó meu sacrário.


Mil castelos formulei em minha vida,
Ilusões, quimeras, quantas lembranças!
Nessa luta intermina, ó querida,
Há um gênio tutelar, minha guarida
Aonde guardo todas as esperanças.


E hoje, nesse dia tão feliz,
Sinto cousa alguma te ofertar...
Pobre de mim, apenas dar-te-hei
O meu verso, mas, ele vae levar
Sorrisos, paz, amor e alegrias
A ti Maria, anjo do meu lar.


                               5 de Maio de 1942.
ACROSTICOS
        Ao Cel. Vivaldo Pereira de Araujo, a quem devo a
            publicação do presente livro, toda minha gratidão.




Venci, senhor, porem a vós o dêvo,
Ingrato sería, senão o confessasse,
Venci, eis o meu maior enlêvo
A lira velha quase a espatifar-se
Lesta, ágil, pululando de ccontente,
Diz da gratidão assim publicamente
O meu sonho realisou-se finalmente.


Publiquei o meu livro, quanta emoção!
Em vê-lo espalhado por toda parte!
Reuni em versos, o meu próprio coração
Embora despido de retórica e de arte.
Imaginei-o infiltrando-se pelos lares
Retrovertendo alegrias e pesares
Á terra, ás gentes, aos céus e mares.


    Santa Cruz, 26 de julho de 1946.
II
             A Eunice Pereira, virtuosa, culta e incansável
              trabalhadora pró Reinado Social de Cristo.




Currais Novos, Jerusalem da zona sertaneja,
Recebes cheia de fé a sacrossanta lei,
Irradiada de luz, que a brancura alveja;
Sois exemplo fiel de pacificadora grei.
Tens os olhos, voltados para a Igreja,
O teu estímulo e força está em Cristo Rei.


Reine em ti eternamente o decálogo de Moizés,
E na confusão ilusória e sofistica desta era,
Inflamados de amor em Cristo, gritem os fieis:


Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera.


             Currais Novos, 9 de Julho de 1946.
III
               Ao amigo Elpidio e família no centésimo vigésimo
               dia do desaparecimento do seu inesquecível filho,
                            um preito de gratidão.




Geraldo, botão de rosa desabrochado,
em um jardim de roseiral em flor,
respiraste, o ar odorificado
aspiraste da vida o seu odor;
lutaste qual antigo cavaleiro
divisando o porto alvissareiro
ouvindo o canto sublime do amor.


Até um dia, a carpa traiçoeira,
tétrica, horrível, sem piedade,
arrastou-te, levando-te a fogueira
imensa, de sua grã calamidade;
dormes em paz, e sobranceira
eleva-se tu’alma para a eternidade.


Padeceste na terra, sem um lamento,
estoico, sereno, imensamente forte,
resististe heroico a tanto sofrimento
entregando-te a Deus, á própria sorte;
imaginavas já perto o teu momento,
risonho, em dor atroz mostras alento
abraçando sorrindo, o espectro da morte.


             Santa Cruz, 6 de junho de 1946.
IV
       Ao casal Francisco Tales Bastos e Alice Bastos,
                 oferece o autor.




Jóia humana, presente do bom deus,
Ouro engastado e unido por dois élos;
Sois presente dos anjos, vindo dos céus
És objeto e amor, ciumes e desvelos.


Levem estes versos, todos meus desejos,
E os teus dias se multipliquem em anos,
O teu caminho seja um florir de beijos
Na tua vida nunca encontres desenganos.
Alcances feliz, o trajeto da vitória
Reazlises os teus sonhos, na existência,
Deixes um nome emoldurado pela glória
O teu guia perene seja a inocência.


                 Santa Cruz, 26 de julho de 1946.
MEUS PARABENS
               Ao benemérito casal-Gregorio e Mocinha Barroca,
                    na passagem de suas Bodas de Prata.



“Badalam os sinos nos zimbórios dos tempos”
“B
Ouve-se alegre, os seus carrilhões,
Duas almas escutam unidas em laços
Ao som compassado de seus corações
Sonhando felizes jungidas em abraços.


Duas almas... dois sonhos... duas vidas...
Eternamente felizes eternamente unidas.


Parabens eu vos dou, na data de hoje,
Relembra a saudade do dia feliz,
Aos pés do altar num jura de amores
Tecido de rosas, de meigo matiz...
Aceitai neste verso, meu jarro de flores.


                                3 de Março de 1944.
MEU MELHOR PRESENTE
             Para meu filho José Maria Neto, no seu terceiro
                       aniversário.



Jamais meu filho esquecerei,
O dia do teu aniversario;
Sempre em versos relembrarei
Éste dia, no tempo milenário.


Mais um ano, assistes prazenteiro,
Aumentando o florir d’uma existência,
Reina em ti, o élo verdadeiro,
Inquebrantavel jugo; a inocência
Amparando-se do mundo traiçoeiro.


Neste dia, meu filho, eu te ofereço
Estes versos, o meu melhor presente...
Têm eles anjinho, todo meu aprêço
O amor, minh’alma, tudo finalmente.


                                  12 de Agosto de 1942.
E A HUMANIDADE PASSA!
      Ao reverendo Padre Severino Bezerra.



Ei-lo! o mesmo quadro cruel de há mil anos!
Evocativo... soberbo... extraordinário...
O Cristo, o Redentor do gênero humano
Sofre, agonisa, expira no Calvario.


Passam-se dias, quantos desenganos!
Corre veloz o tempo milenário,
e Jesus contempla a terra de enganos
chora os pecados deste val mortuario,


Cada hora se repete essa agonia,
O Cristo sofre; quem sua dor alivia?
E a humanidade passa, sem ver tanta aflição.


O DEUS, O JUSTO, o meigo NAZARENO
Olha-a, olhar tão puro tão sereno
Lança mais uma vez, o seu grande perdão.


                                             Maio de 1942.
A MINHA FILHA MARIA DO ROSARIO

             (NO SEU TERCEIRO ANIVERSARIO)


Tres anos de existência vaes galgando
na escala ascendente desta vida;
linda flôr, no jardim desabrochando
minha rosa entre as demais querida,


E hoje, teu natal comemorando
o teu lar, a tua pobre guarida,
sente-se feliz, seu anjo adorando,
Rainha da festa, tão bela, tão garrida.


Queiras pois, minha filha, aceitar
este verso, como a melhor lembrança
de um dia de tua vida de creança.


É meu presente, é o que posso te ofertar,
guarda-o no coração, o teu sacrário,
guarda-o bem, Maria do Rosario.


                           17 de Agosto de 1943.
MEU VERSO

              Ao meu filho José Mauricio na passagem de seu
              primeiro natalício.


Meu filho, eis o teu primeiro ano
no ciclo do tempo vertiginoso;
sorris tão satisfeito, tão ufano
qual rei, em seu trono majestoso.


Alheio a todo sofrimento humano,
alheio ao momento angustioso,
meu filho, péde ao bom Deus tão soberano
a paz para o Brasil laborioso.


Nesta hora terrível e angustiosa
que o mundo em peso se estraçalha,
vês tudo meu filho, cor de rosa;


Guarda pois Mauricio este meu verso...
nêsse transe que o mundo se amortalha
péde a Cristo a paz para o Universo.


                            22 de Agosto de 1942.
MEUS ANOS
                            Á mim no meu 34º aniversario.



Sem festa, sem musica e sem flores,
assisto o dia de meu aniversario;
ao lado de Maria, esposa dos amores,
dos filhos, minha mãe e um amigo solitário.


Ao parco almoço, teço meus louvores,
aos pratos de sabor extraordinário...
pratos excelentes, desprendiam olores...
- galinha substitue o meu feijão diário.-


Sentia-me alegre, satisfeito e bem disposto,
pois assim demonstrava o próprio rosto
e o apetite voraz com o qual estava.


Guardarei deste dia, grata lembrança,
pois ainda mandei que enchessem a pança
de um pobre faminto que passava.


                            6 de Outubro de 1942.
BENEDICTUS QUI VENIT IN NOMINE DOMINE
              Ao neo-sacerdote, Francisco das Chagas Neves Gurgel,
                  como lembrança do dia de sua primeira Missa.



 Ser Padre, é possuir muito heroísmo,
 uma fé inquebrantável e tão forte...
 ser Padre, é encarar com estoicismo.
 Esse val de dores, sem luz e sem norte.


 Ser Padre, é ser grande, vencendo o abismo,
 a dor, a humanidade, até a própria sorte;
 Ser Padre...pregar o cristianismo,
 a pobresa da vida, a belesa da morte...


 Ser Padre, é a tarefa rude e espinhosa
 de mostrar a outrem a estrada gloriosa
 do Calvario, da justiça e do amor.


 A vós Padre Francisco, alma generosa,
 Santa Cruz diz genuflexa e radiosa,
 BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!


                        22 de Novembro de 1942.
A MOEMA

                             No seu natalicio


Moema, linda tupi
da grã nação tabajara,
tens a alvura da garça
a belesa da YARA...


              Soiois a eleita da tribo
              protegida de TUPAN,
              sejas sempre nessa Taba
              a IAUPÊ-JAÇANÃ.


que cresças forte e viril,
como a nossa Baraúna,
são os desejos que vota
o velho IRÊRÊ-UNA.


   Santa Cruz, 23 de Outubro de 1943.
FUNCIONÁRIOS
           Aos Colegas de repartição e aos do Brasil inteiro
                           Oferece o Autor




Vida de Trabalho, áspera e dificultosa,
é a dura vida amigos, que levamos;
A carestia surge negra e assombrosa,
agora sim a um tempo nós exclamamos.


Nossos filhos e esposa carinhosa
sofrem; com qual esforço lutamos
para vencermos a estrada escabrosa,
com o pouco ordenado que ganhamos!


Mas, nem por isso, de estarmos a morrer
Deixaremos de cumprir nosso dever
Como se percebêssemos grandes honorários.


E unidos pediremos ao sempiterno
E também ao nosso papae governo,
Tenha pena dos pobres funcionários!


      Santa Cruz, 26 de julho de 1946
FELICIDADES
                  A minha filha Maria Lucia Marques, no seu
                              terceiro aniversario.



Lucinha , eis o teu terceiro ano,
na rosa dos ventos, da existência:
o teu lar, hoje sente-se ufano,
festejando teu natal de inocência.


A minha lira coitada se esmaece,
cada ano, cada hora, cada instante:
mas, coração de pae nunca envelhece
neste dia, assim tão fulgurante.


E repuxando as cordas dessa lira,
arranco-lhe sons, a alma delira,
em lamentos de um velho trovador...


São lamentos, que para ti, ainda brilha
e um pai beijando a sua filha
em extasis de paternal amor.


             Santa Cruz, 14 de maio de 1946.
MEU PRESENTE

       A minha esposa no seu trigésimo aniversario.


Maria, minha adorada companheira,
assistes hoje, mais um feliz natal...
apenas dar-te-ei, minha alma inteira,
como presente, mimo de valor real.


De meu jardim, és a rosa altaneira,
das flores, és rainha sem igual,
és conforto, nos dias de canseira
és meu lírio de puresa virginal.


és alma de minha alma, és farol,
és meu guia, és meu grande sol
iluminando com refulgentes brilhos.


és meu tudo, és meu diáfano arcanjo,
emfim Maria, és meu sublime anjo
a meiga e terna mãe de meus filhos.


              Santa Cruz, 5 de maio de 1946.
FELICIDADES
                 A’ Maria do Socorro, no seu primeiro Natalicio,
                               Oferece seu Pai.



Eis querida filha, o teu primeiro ano:
Um fulgir de auroras, uma alvorada,
Um tremeluzir de azas, diáfano,
Um romper alegre de loira madrugada.


Um raiar de sol, lindo e soberano,
Um azul de ceu todo estrelado,
Lesta viração, ao longo do Oceano
Um murmúrio alegre de chirear alado.


Um jardim em flor, todo perfume,
Um amor puro, santo, sem ciúme,
Mais um astro no ceu, novo luzeiro.


E neste dia filhinha, o mundo imerso
Numa esperança de paz para o Universo,
Tens o teu natal, no solo brasileiro.


             Santa Cruz, 21 de Setembro de 1945.
MEUS SINCEROS EMBORAS
          Ao compadre e amigo José Bezerra, no seu natalício.
            oferece o Autor.




Queria possuir aquela luz,
Coruscante de chamas que alumia;
Queria amigo, ter força de obuz
na minha esquelética poesia.


Queria versos derramar a flux,
Queria musicas só de harmonia,
Queria a sapiência de Jesus
Para festejar o teu alegre dia.


No entanto, caminho por escombros
uma lira velha a pesas-me aos hombros
e um rasto apagado de meu verso.


Aceita-o, talvez, cinzas de lembrança,
um centavo, de uma era de esperança,
no Cruzeiro imenso do Universo.


              Santa Cruiz, 21 de Setembro de 1945.
RAMALHETE
                 A minha filha Maria do Rosario, no dia de seu
                   segundo aniversario. Oferece seu pae.




Minha filha, neste dia tão feliz
que assistes, dois anos de existência
eu almejo minha linda flor de Lis
o bafejo perene da inocência.


Minha filha, hoje eu bem quizera
auferir-te todos meus desejos
aceita pois ó linda primavera
um ramalhete formado só de beijos.


Muita cousa Lálo eu te daria
tuas mãos de mimos encheria
si pudesse, até o Universo...


mas, nada tenho, coitado de teu pai!
minha filha, ao menos aceitai
a misérrima estrofe deste verso.


       Santa Cruz, 17 de agosto de 1942.
CARA PRETA
                              Ao Sr. João Ferreira de Souza



Surgiu como um fantasma na cidade;
vindo talvez de um pequeno povoado,
cantar, eu única felicidade
e cantava, sublime triste e maguado:


             -“Quando o sol nace é rei,
             a mei dia ele é mórgado,
             di tarde é isfalecido
             di noite é sepurtado”-


Durante muito tempo, sua vóz se ouvia,
ao belo alvorecer de um novo dia
ou a bela tardinha o ocaso quase posto:


Uma manhã calou-se para sempre o canto,
ele morrera, partira sem um pranto
ao raiar de uma formosa manhã de agosto.


                              Agosto de 1945.
SACERDOTE
               Ao Revmo. Padre Alair Vilar, uma pálida lembrança
                       na passagem de seu natalício.



Padre, síntese da grandesa e da verdade,
deixada pelo meigo e Divino Nazareno
Padre, páramo grandioso de sublimidade,
de justiça fecunda, de espírito sereno.


Padre, poema milenário da cristandade,
escrito em frases de estilo tão ameno
Padre, escrutínio de virtude e santidade
és grande demais para um mundo tão pequeno.


Padre Alair, que o dia feliz destes teus anos
seja para vós e vossos fieis paroquianos
uma data feliz, santa alegre e jubilar.


Que Santa Cruz, em peso, una, genuflexa
ao seu pároco querido e estimado, peça,
as graças perenes que o ceu lhe pode dar.


                      Santa Cruz, 6 de junho de 1946.
A MINHA FILHA MARIA DO ROSARIO

              (NO SEU QUINTO ANIVERSARIO)


Nos teus anos, nada te ofereço,
nada filhinha eu posso dar-te,
apenas, esta data não esqueço
de cedinho minha filha, abraçar-te.


inda dormias risonha no teu berço
o meu premio filha, foi beijar-te;
com mimo, eu dou-te este verso
mimo tão pobre, coitado tão sem arte.


mas ele, minha filha, tem valor...
tem meu coração, cheio de amor
que para os filhos, é santo hostiário.


Meu anjinho, eu peço-te, aceitar
como pálida lembrança de teu pai,
um beijo paternal, MARIA DO ROSARIO.


              Santa Cruz, 17 de Agosto de 1945.
CARITAS BONITAS
           Ao ilustre amigo Dr. Mariano, cujo lema “Caridade
                 e Bondade” está gravado em outro, nos corações
                 dos que conhecem a palavra gratidão.



A vossa vida é um poema do trabalho,
vossas virtudes, um saltério salutar:
a vossa casa, é para os pobres agasalho,
da profissão fizestes o vosso altar.


Doutor, eu bem sei que nada valho,
no entanto eu não posso ocultar,
e neste verso borrifado de orvalho
da gratidão imensa, infinda sem par.


Cansada e paupérrima, a minha lira,
fala bem alto ao homem que admira,
ao protetor do pobre ser humano;


ela ainda sente, lampejos de harmonia,
e faz brotar esquelética poesia,
em honra insigne ao Doutor Mariano.


              Currais Novos, 6 de julho de 1946.
JESUS NO HORTO

                            Ao monsenhor Paulo H. de Melo


Eil-o, sublime, grande na sua dor,
Prostrado em terra, em humilde oração;
Pedindo ao mundo, um pouco de amor
para aliviar seu torturado coração.


E como no Horto continua, sofredor,
Triste ao ver tanta ingratidão:
No sacrário a sós, o meu Senhor
Numa eterna e palpitante oração.


Como no Horto, Jesus está orando...
Ao mundo ingrato, ainda implorando,
Cansado, triste...solitario e exangue!


Oh mundo desvairado, quanta tortura!
Quereis dar-lhe mais taça de amargura?
Quereis Vel-O ainda a gotejar SANGUE?


              Santa Cruz, 15 de Setembro de 1944.
RAMILHETE
                A minha filha Maria Lucia, no seu primeiro natalício.




Um ano completas
Mimosa flor,
élo paterno
de puro amor.


       Risonha e linda
       fragrante essência
       Meu branco lírio
       só de inocencia.


Aceita filha
os meus desejos,
um ramilhete
de quentes beijos.


       Santa Cruz, 14 de Maio de 1944.
POÉTA

      Ao culto espirito de Clovis J. de Andrade.


Rimas, abecedário cheio de harmonia
pensamentos de um cérebro portentoso,
sentir em verso, a própria poesía
de um ser inteligente e ardoroso.


Ser Poéta, é caminhar numa via
de um sonho tão lindo e majestoso,
é lançar ao mundo, um canto de magía
o ninho dum rimário glorioso.


Ser Poéta, é sentir a dor, a alegria
é rimar numa suprema agonia,
uma vida, um mundo, um Universo;


Ser Poéta, é amar, gosar, sofrer,
ser Poéta, é em sonhos reviver
vida e alma na estrofe de um verso.


                    Santa Cruz, 25 de agosto de 1944.
AO MEU FILHO JOSÉ MAURICIO

              (NO SEU 2.º NATALICIO)


Meu filho, completas hoje dois anos,
de uma vida tão cheia de inocência...
desconheces ainda, os grandes desenganos
desconheces ainda a própria existencia.


Estás alheio, ao erro dos humanos
desta vida tão cheia de inclemência,
deixando rastros de horríveis danos,
A guerra, a dor e a prepotência.


Inocencia qual lindo beija-flor
a voejar a procura de um odor,
desconheces meu filho, até a vida:


Um dia, já crescido, e bem feliz
has de ler estes versos que te fiz
lembrando a ti, essa data tão querida.


              Santa Cruz, 22 de agosto de 1943.
AO MEU FILHO JOSÉ MARIA NETO

             (NO SEU 4.º ANIVERSARIO NATALICIO)


Mais um ano de existência, tú alcanças
nesse mundo sombrio e complicado;
Paira em ti, as fulgidas esperanças
De um mundo melhor, mais desejado...


Mais um passo nesta vida tú avanças
em caminhos de roseiraes juncado,
a vida é para ti, um mar de bonanças
é um céo de estrelas fulgurado.


Queira Deus, meu filho, que um dia
a senda da vida, venhas galgar
Forte, sobranceiro e sem porfia.


E hoje comungo da harmonia
Que reina como sempre em nosso lar
No evento dessa data de alegria.


             Santa Cruz, 12 de agosto de 1943.
HOSTIA SANTA
                  Ao Paulo Eduardo no dia de sua primeira
                  Comunhão. Oferece o autor.



Eis Paulinho, o anhélo do Cristão,
Receber a Jesus na Eucaristia...
E Ele satisfeito, em teu coração,
Descança de sua eterna agonia.


Parabens Paulo, que este dia,
Relembres com grã satisfação
Seja a data perene de alegria
o dia da primeira Comunhão.


És inocente, e o meigo Nazareno,
Gosta imensamente dos pequenos...
És para Êle a linda Flor de Lis;


Ama-O, Paulinho, com todo teu ardor,
Seja Êle, teu guia, teu Senhor,
PAULO EDUARDO, Deus te faça feliz.


             Santa Cruz, 4 de fevereiro de 1945.
LAGRIMAS
            Ao Sr. José Ferreira de Medeiros e filhos, no trigésimo dia
            Do desaparecimento da inesquecível esposa e mãe Téca.



Não, não choro a viuvez de um marido
não choro dos filhos a orfandade,
verto lagrimas que têm outro sentido
lagrimas santas, rebentos da saudade.


A morte é certa; quem não há carpido.
este transe repleto de crueldade?
Quantas lagrimas já não tem vertido
desde o principio, toda humanidade?


Morreu Teresa, a esposa tão querida,
perdeu-se mais uma preciosa vida
que os anjos a sua alma acompanhe.


Pae e filhos, aceitae este meu verso,
como vós eu vivo também na dôr imerso
por ver partir mais uma esposa MÃE.


             Santa Cruz, 27 de Agosto de 1946.

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Canastra véia - Cosme F. Marques

  • 1. JÉCA TABÚA CANASTRA VÉIA VERSOS lataN arotidE 6491
  • 2. JÉCA TABÚA CANASTRA VÉIA VERSOS lataN arotidE 6491
  • 4. Apresentando um Poeta LUIS DA CAMARA CASCUDO Apresento-vos ao poeta Cosme Ferreira Marques. Todos os seus versos estão reunidos, como vegetação legítima do sertão, flores, cardos, corimbos, folhas, no bôjo da canastra véia acolhedora e uma. Vereis a simplicidade comunicativa do poeta e os elementos que ele dispôz para fazer ouvir sua voz até as margens do mar, vinda do coração da terra norte rio grandense entre as pedras altas e brancas dos serrotes, dos taboleiros imensos, povoados pela estridência metálica da sariema Jeca Tabúa mora na cidade de Santa Cruz, um cento de quilômetro para o interior. Cercado de filhos, ganhou até poucos meses, vencimentos que seriam recusados por uma semana de trabalho urbano. Duzentos cruzeiros mensais! Com esse dinheiro, a família tradicionalmente viva, palpitante de inteligência e de vibração, bem grande e bem resignada, o poeta não deixou de cantar e sonhar, entre pedras e sofrimentos, numa atitude obstinada de exilado que teima em olhar, no horizonte longínquo, a sombra da terra em que nasceu. Não haverá valorização mais alta, irrespondível e lógica que o perguntar-se ao criador em que estado e circunstância psicológica realizou a sua criação. Certo é que o talento é determinador de maravilhas em qualquer posição tomada ante a vida. Mas vamos pensar no que seria Alexandre Magno tendo nascido na Albânia ou Vitor Hugo cidadão de Karthum. E se o elemento econômico, ambientador, não anima ou retarda o vôo luminoso da poesia. Ninguém discute que os poemas da Liberdade foram escritos na cadeia e que quase todos os mestres do Humorismo foram homens tristes, de vida triste. Cosme Ferreira Marques é poeta que, antes do livro, nos dá uma lição de perseverança e de fidelidade letrada. Tudo que o podia desanimar e vencer não o desanimou nem o venceu. Passou epidemia, tempestade, crise, desalento, como um avião atravessa nuvem ou, lembrando um verso de Ferreira Itajubá: - um gume cortando polpas de maçãs maduras.
  • 5. Quando muita gente desanimou e virou homem prático, acabando rico e dispéptico, Jeca Tabúa continuou poeta, poeta, poeta. Vereis, Leitor bem intencionado, que todos os temas desse livro são assuntos humanos, episódios domésticos, nomes de filhos, de amigos, de companheiros, ramos da paisagem doce e ambiental que o cerca. Para Cosme Ferreira Marques, para sua inteligência sensível e grande coração afetuoso, a Poesia é a grande consoladora, a luz serena, dando calor e guiando. Para ele a Poesia é sagrada e ritual, como Saadi, Omar Kaiíam, Tagore ou Mistral. Nada mais emocional que esse pai que não pode comprar um presente para o aniversário da filhinha, o mais simples, o mais pobre, o mais humilde presente. Para festeja-la escreve um soneto, uma canção e entrega à filha, como a oferta do seu sangue, a luz do espírito, o ritmo do coração. A pena, como o bico do pelicano clássico, abre o peito e a filhinha recebe um presente arrancado à alma que a gerou. Lembro que, na Idade Média, quando os trovadores e troveiros viajavam sempre, passando e repassando a muralha dos Pirineus, indo para os reinos de Castela, Aragão, Leão e Navarra, indo para a Provença, para o condado portugalense do conde Afonso Henrique, não tinham, muitas vezes, uma só moeda na sacolinha pobre. Chegava o poeta, o felibre, o mestre cantor, na cabeça de uma ponte. Era preciso pagar a travessia, o direito de pedágio. O poeta parava, erguia a citara ou o citolon, e cantava, ao vento triste da tarde, uma canção. Era a moeda que Deus lhe dera para viver. Cantava e passava. Pagara o direito do pedágio. Assim Jeca Tabúa, Cosme Ferreira Marques. Quando a emoção lhe exige os direitos da impressão mental, quando a família lhe pede a prova da alegria cordial, quando os amigos recordam, inconscientemente, o dia de festa e de oferta, o poeta, sem a moeda que os homens fabricam e que vale tudo para a poeira do Mundo ergue a voz, cantando num verso simples, o direito de cunhar e circular a outra rutilante moeda cujos domínios estão em todos os espíritos. E assim passa, de coração em coração, para o Futuro...
  • 6. DEDICATÓRIA Aos meus pais, José Maria Marques e Isabel Oscarlina dos Santos, um preito de devotamento. A minha esposa, companheira de lutas e canseiras, um conjunto de admiração e amor. Aos meus idolatrados filhinhos José Maria Neto, Maria do Rosário Marques, José Maurício Marques, Maria Lúcia Marques, Maria do Socorro Marques e José Mário Marques, um beijo paternal. À memória de todos aqueles que, já desaparecidos, ou ausentes, relembro nas pobres páginas deste livro; á uns a minha saudade, á outros, a minha eterna lembrança. Ao meu irmão Francisco de Assis Marques e família, fraternal amizade. Aos companheiros de Repartição, um amplexo afetuoso. Ao Cel. Vivaldo Pereira de Araújo, o meu eterno reconhecimento.
  • 7. Algumas palavras CANASTRA VÉIA... título pobre e desgracioso para um livro. Escolhi-o. O que é senão o meu livro, um baú de recordações? Os seus versos, se é que a essa mistura de frases rimadas, pode-se dar esse nome, são cantos pobres, destituídos de floreios literários, representando apenas, imagens de pessoas e coisas dos bons tempos da meninice. Quis, retratá-las, gravando em versos aquilo que tanto amei e continua fielmente impressa no meu Eu. A primeira parte do livro está constituída de “Pés Quebrados” numa linguagem matuta, toda regional. Procurei arremedar esta linguagem falada pelos nossos sertanejos sofredores; procurei pintar em versos, as imagens tão queridas, que rodeavam a minha existência, quando ainda criança; e, MEU CORAÇÃO, BAÚ VÉIO I CANÇADU, guarda no seu mais recôndito, no seu amago, tantas lembranças que ainda hoje povoam a minha fraca imaginação. A segunda parte, posso chamá-la de “Vibrações d’Alma”. São cantos desferidos ao toque de um sentimento, quer de afeição, de dedicação e de gratidão, a amigos, filhos e protetores. É um heterogêneo de versos, quadras, acrósticos, sonetos etc. São pedaços da minha alma, ofertórios de meu coração; são lamentos, são festins oferecidos a todos a quem me dirigi. Para oferecer ao público trabalho tão insignificante, recorri tão somente ao grande mestre “Sentimento”, cooperando com o mesmo, a linguagem regional tão costumeira entre o nosso povo. Ofereço, portanto, não um livro, mas, retalhos de minha alma, repartidos entre os que recebam este sem outro fito, a não ser o de dispensar ao Jéca Tabúa, os defeitos e erros que aos montes se encontram no CANASTRA VÉIA. Com estas palavras apresenta-se O AUTOR
  • 9. CANASTRA VÉIA ... Ao Afonso Geroncio da Fonseca Canastra véia... tú tem dentro de tú bem guardado, as istóra dum passadu todo meu: Canastra, juro pru Deus inquanto vida tivé di zelá essis papé di lembrança: Minha vida di criança... adispôi a di rapás. daquelis tempus pra trás tempus bão: Baú di arrecordação qui guarda tantas lembrança, tant’inluzão e isperança quêu tinha:
  • 10. Canastra! Canastra minha, vô(*) ti dizê di verdade, sois, baú só di sódade i judiação: Também o meu coração, é um baú véio i cançadu... Más trái tudim bem féxado I siguro; Já tô* véio, tô* maduro, a morte logo mi arcança... más num carrega Sinhô a canastra de lembrança. (*) Escrito no original como vê e tê, em evidente erro tipográfico. No corpo do texto foram igualmente corrigidos erros análogos, em que foram acrescentados os correspondentes acentos circunflexo e agudo, para assinalar as palavras oxítonas ou monossílabos tônicos, ausentes por evidente erro de tipografia. No mais foi respeitada a ortografia correspondente à linguagem matuta utilizada pelo autor, na primeira parte da obra, e, na segunda parte, aos hábitos ortográficos não uniformes, vigentes à época anterior à reforma ortográfica de 1943.
  • 11. D. ZÉFINHA As Exmas. Sras. Iací Xavier e Hermilia G. Gonçalves Bezerra Sinhôras, mi alembru dela... da boa D. Zefinha, a dona de CAIÇARINHA tão falada... Arma grande, arma dotada qui a guarde u Redentô, a munta gente curô na redondeza; Seus remédio, era certesa I tinhum munta valía.. Ela dava méópatía pelo dôtô; a munta gente sarvô dûa morte agarantida, a muntos ela deu vida i saúde;
  • 12. era chêa de virtude, era munto caridósa era a muié mais bondósa di redó; Morreu, foi mermo qui o Só fartár-nos durante o dia, Beladona...Jalapa...Nós-vomica Suas dósa...méópatia... Março de 1938
  • 13. VELHOS CARREIROS À memória do ilustre Abdias Gomes de Almeida Bezerra, o incentivador de RIMARIOS. Um carro a gemê e a chorá decendo numa ladêra.. di vagá, ca priguicêra acustumada. Cantando...aquela tuada nua harmunia dólente, fazia gêmê a gente u seu canto; a tarde, era um quebranto, i naquela vagarêsa, du carro e da naturêsa era bunito; di vêz in quanto, um grito du carrêro Bacuráu, cum o ferrão feito de pau na mão;
  • 14. gritava, na solidão do dia quase acabado, é Brioso...é Bordado é boi?!... Passado qui já se foi, a tempos cumo sois mau! Mais num apaga a lembrança Di João Birro e Bacuráu. .
  • 15. QUÉQUÉU Ao coronel José Rodrigues de Carvalho Meu sinhô, mi iscute bem, mi preste toda atenção; é uma recordação di minino; Si num mi faiá u tino, inté num sô isquecido, u seu nome era Ocrido vurgo Quéquéu; a menininho incréu! era mermo artilôso, era muito perigoso i brigão; fazia judiação era u dimonho in figura era dessas criatura impossíve;
  • 16. U minino era incrive erum perigo patrão, si paricia um tufão amolestado; ôje ta munto mudado, dizem qui é aviadô... o Quéquéu, já ta dereito... nun sei cuma indireitô.
  • 17. MÃE ANINHA ohnirboS ahcoR leugiM oA Eu vi ela; tanto tempo qui eu num via a véinha, assistente mãe Aninha Santiago; Na minmóra ainda trago u seu retrato instampado; pôs tombem eu fui pegado pur éla; Muntos hóme i donzela pur as mão dela passô, a muntos ela ajudô a vivê; Mãe Aninha, u meu prazê, Toda minha gratidão, vae inscrita nestes verço num preito de dimiração.
  • 18. GAMELEIRA VEIA... Ao compadre e amigo João Felipe Damasceno (Dadão) Quanta sódade q’ueu sinto, daquela arve frondáda, onde toda meninada si divirtia! Na sua sombra si uvía, u canto dos passarinho qui nela fazia us ninho di amô; ô antão-se us Bêja-frô cas suas pena dórada, cherando as frô prefumada cun bico; as vêze cismando fico, pensando óras inteira, vendo a véia gamilêra tão arta;
  • 19. in minh’arma si retrata us seus gaio agigantado i dibáxo amoquecado nóis vivia; a gente si divirtia, era pagóde i fonção, sentado u véio Dadão assuviava, i u tempo assim si passava cumo um sonho di esperança... vida boa...vida rica nossa vida di criança.
  • 20. CRIME Matá um a férro frio, assaciná um cristão... dá facada bem nus vão dum sê, Sinfóicá só pru querê isfalicê dipindurado, ô antão se envenenando cum arsenu, inguli quarqué veneno somente pra s’ispichá, tê gosto di si matá pru gosto, pru via quarqué disgosto ô antão-se ruêdêra... ô mermu cum lambedêra ô punhá,
  • 21. Tê u gosto di matá somente pru marvadeza, marvado di natureza rim... pois tudo isso pra mim, num é crime meu patrão, crime, é ingratidão di muié; ela si torna um quicé, amolado i cortadô... mata a vida e u amô mas siguro; Meu patrão, aqui li juro, esse crime é sem perdão... diviria havê centença pru crime d’ingratidão.
  • 22. JOÃO PINHEIRO Ao Dr. Odorico Ferreira de Souza Patrão vaimicê se alembra du nego véi João Pinheiro, u mió aboiadêro i bóiadô? Si alembra seu Dôtô qui quando ele abóiava as rua regurgitava di gente? inda trago bem patente u abôio sintimentá, aquele abôio sem iguá no Norte... Guela chêa, peito forte tipo mermu du vaquero, mi alembro dôtô, mi alembro du abôio di João Pinhêro...
  • 23. DISEJOS... Ao Dr. Lourival Ferreira de Souza. Seu dôtô, eu num dêsejo casa boa nem riqueza; nem tómóve nem beleza nu falá; num desejo viajá pru essis mundo ixtrangero, nem pru Rio de Janêro nem Baía; nem também tê regalia di muita comódação... nem vuá nus avião di viadô; nem imbaicá nus vapô qui anda pur má afora, eu num desejo mióra ninhua;
  • 24. eu num quero côsa argua dessas muderna inventada, di raido qui fás zuáda i falação; eu só queria patrão, nu mundo tê um prazê, duns óio, q’ueu sei mordê mastigá... pra u gosto dêsse óiá ficá nas minha guéla (pois patrão, os óio dela...) a zóim!...
  • 25. FABIÃO DAS QUÊMADA Ao Horacio Rocha Era piqueno, mi alembru du cantadô Fabião; su rébeca, seu baião gêmedô; Puéta provizadô; nêgo véi intiligente, perigoso nu repente da puizía; onde cantava, curria um povão pra iscutá u puéta sem iguá na rêbêra; I cantava a noite intêra históra de apartação, das vaquejada de então qui havia;
  • 26. a sua rébéca gimia no seu Redondo sinhá, a gaiganta ritinia num canto sintimentá...
  • 27. ARRITIRANTES... Ao Coronel Ezequiel Mergelino de Souza Coroné num sadimire du istado qui mi vê, venho di riba du quimquê, du sertão: mi arrepare meu patrão, a mizéra mi consome, dois fio morreu a fome nus caminho; aqui patrão, tô sosinho, morto di fome, cançado... a famia, ali nu quebrado mi ispéra, cum fome, mardita éra qui trás a seca terrive, é duro Patrão, é horrive, pra mim;
  • 28. Eu nunca mi vi assim, nu istado qui mi vê, vendu meus fio morrê nus braço, foi pra mim cumo um pedaço tirado do coração, mi secorra coroné, uma ismola meu patrão.
  • 29. QUEBRANTO Ao amigo José Josias Bezerra Tu num néga meu amigo, qui andas aduençado; ti vejo assim tão calado i triste!?... A móde qui já sintiste ô antão-se tás sentindo dentru di tú si bulindo um négóiço? Tem coidado, esse tróço é doença, ti agaranto, é u marvado quebranto duenção, ele ataca u coração méxe cum côipo da gente, não tem cristão c’aguente um mêi,
  • 30. si agarra dua vêis fás da gente aquele móio, Quebranto, náce dus óio das cabôca; dá abrimento di boca, é aquela priguiçêra... fás da gente ua porqueira dus cão; Amigo, é duenção, u quebranto é di matá, i u réméido qui li séive, é cum éla si cazá.
  • 31. AQUELA CASA! Ao Dr. Octacilio Ferreira de Souza Meu patrão, aquéla casa, qui s’avista na ladêra, tão cheia de trepadêra du mato; vóis tá vendo seu matrato, aquele seu abadono, cumo uma casa sem dono insquicida? pôs ali já ôve vida, já teve folicidade; oje só resta a sódade i a tapéra; Pôs ali in ôtras éra inzistiu um ninho di amô, aus rédó...tantas fulô... er’um jardim;
  • 32. Seu moço, ói bem pra mim veja meu zóio a chorá, foi ali u meu artá meus bem querê; Meu patrão póde me crê, eu vivo assim na mizéra quinem aquela tapéra, disprezada; Vivo quá arma penada, pércurando uma inluzão... só mi encontro ca sódade TAPÉRA DU CORAÇÃO.
  • 33. MADRINHA AMALIA Á D. Nanita Ferreira de Souza. Patrôa, madrinha Amáia uma santa criatura, era a image da candura i piadade; arma chêa de bondade, a todos ela agradava, in sua casa, num fartava gente; munto carma, e paciente, cunversadera i risôna, i ingraçada... a morte levô-a; a marvada! a coração inpedrado!... minha madrinha, lá do céo abençôe seu afiado. Março de 1940
  • 34. INVERNO Ao Dr. João Francisco Dantas Sales Cai a chuva a noite intêra, ronca bem perto o truvão; já se alegra o meu sertão quirido; ai cuma é divertido, a gente ainda deitado vendu a chuva nu téiado batendo? Di menhã, a gente vendo us campo dágua cuberto, u rio cheio, bem perto zuando... us bizerro iscramuçando numa carrera danada, inté mermo a bicharada fica contente;
  • 35. inverno é cá pra gente cuma ôro meu patrão... si transfóima mundo i gente cum inverno no sertão. Março de 1946
  • 36. GRATIDÃO As professoras Leonor Vasconcelos e Palmira Barbosa, de quem recebi os mais belos e Melhores ensinamentos. Donas me alembro bem... tinha seis ano interado, quando fui matriculado na iscóla; Eu tinha boa cachola dessas de intéligença, i junto ca paciença de vaimincês, aprendi in pocos mês lê, iscrevê i contá, aprendi a dézenhá tombem; minha mimóra inda tem lembrança i satisfação in lembrá as purfessôra qui me déro inducação. Maio de 1940
  • 37. AMÔ SERTANÊJO Ao poeta Abel Rodrigues de Carvalho na noite de 23 de Junho de 1940 em C. Novos. Nua noite cuma essa, cum um céo todo arrendado d’istrelas alumiado e luá... Dessas Lua sem iguá cum’otra num se vê, nessas noite eu vi nacê meu amô; Seu moço, vóis já provô, u gosto dessa paxão, das cabôca du sertão, tão bunita? A sódade aqui mi grita, num mi dêxa más falá... seu Abé, u amô nace duns óio qui sabe óiá.
  • 38. SECA... Ao Dr. Eloi de Souza, ilustre batalhador sertanejo. Seu dôtô, vóis já conhece u fragelo du sertão? Vaimincê já viu patrão a seca? Qui tem sido toda a pêica di nós pobre sertanejo, é quinem aquele bêjo de Juda? Farça, ruim, úriuda marvada...inquelemente, acaba cas nossa gente e cuns bicho?... A dimonha tem capricho de tudo í insfolando, povo e gado dizimando sem dó;
  • 39. Seu dôtô, é más mió a gente num ispricá us grande e terrive má das criza; trás a fome, cumo briza seu vento, nicícidade i toda calamidade vem cum ela; é bem feia a cara dela, num tem nada di bom trato, isso eu li juro patrão, pois já vi u seu retrato. Fevereiro de 1941
  • 40. LUA CHÊA Ao Dr. Camara Cascudo. Moço, seu fosse inducado, tivesse munto sabê, minha vida er’inscrevê, prus jorná; Falava nesse luá dessas Lua qui lumêa, qui nu sertão quilarêa, inté a gente; a móde qui ela sente u ca gente ta sentindo; ela só véve sirrindo meu patrão; a lua cá du sertão, parece qui é dotada, foru más bem trabaiada póde crê;
  • 41. Quando a lua vem nacê, nu tempo qui ela é chêa, é bunita cumo bêia seu dôtô; Seu CATULE discantô, a lua du Ciará, más moço, u meu luá... u meu luá... Eu sô capás di jurá, cum ele num tem parêa, o brio dele patrão inté a arma alumêa. Agosto de 1941.
  • 42. A SEU PUDESSE! Ao grande iniciador radiofônico Luis Romão. Seu môço, eu uvi dizê qui a munto já si criô, n’argença Pernambucana um tar dum Indicadô? A móde quinem um raido, qui fala pras murtidão, inspricando as boa nova pru meio di falação? A seu moço seu pudêsse, tombem nu bicho falá!.. Amostrava u meu sertão Prus povo das Capitá; Dibuiavá a vida véia qui nós leva nessa terra... dizia todas beleza das verdura cá da serra.
  • 43. Quiria moço dizê da lindeza dus luá, da lua tamãe dum bombo la nu céo a lumiá. A seu tivesse córáge, í dinheiro seu tivesse, só pra í lá nus Natá, A SEU MOÇO SEU PUDESSE! Agosto de 1941.
  • 44. OIA’ DI FÔGO Ao ilustre poeta Jaime dos Guimarães Vanderley Teus óio cabôca, são duas chama qu’incandêa, dois óio de Só d’inverno dois brio di Lua chêa... Duas véla si quêmando, duas braza di aroêra duas lús di óstrómóve duas boca di caêra. dois vurcão s’incendiando duas lús qui dóe nas vista duas róda di festejo dessas di fogo de vista. Duas chalêra fervendo, fervendo cum água quente... teus óio cabôca quêmam, inté a arma da gente... Agosto de 1941.
  • 45. FLOR HUMANA.... A D. Auta Brandão, no estagio, realizado no D. E. E. em Dezembro de 1941 Sá dona, u mundo véio, é um imenso jardim, é grande, é munto gránde parece num tê más fim. I penso qui o jardinêro qui esse jardim fabricô, iscuiêu dona, as muié, pra sê dele suas fulô. Tem di toda versidade, tem fulô feia i catita, i vóis sa dona sois uma du bróco das mai bunita. Carculo, qui as outra frô, véve chêa di ciúme, pruquê vós tem más carrego nu vosso chêro i préfume.
  • 46. Sá dona, vóis tem más vida, nesses óio tão faguêro... u disgosto qui mi mata, é eu num sê jardinêro... Don’Auta, peço perdão Pru essa minha artitude, más sá dona, é du matuto, (Falá verdade, é vértude).
  • 47. CARIDADE... Ao Doutor Mariano coelho, o benemerito Médico da zona sertaneja. Patrão, vaimencê amostra da caridade a figura; a pois é a criatura más bondosa, a arma más caridosa qui já viu esses meus óio, seu dôtô vóis sois um móio de bondade; vóis retrata essa bérdade a más santa das virtude, vóis tem salucitude di pai; nessa rêbêra, num ai um más mió qui o sinhô, todo mundo seu dôtô, li qué bem;
  • 48. I nesses verço tombem, amostro a sastifação, levum dôtô Mariano toda minha gartidão. Janeiro de 1942.
  • 49. CABÔCA DU SERTÃO Ao compadre e amigo Luís Patriota. Teus cabelo são pretinho, quinem aza de caraúna, tem um brio da rizina do tronco da baraúna. Teus óio, são tão iscuro quinem fruita di quixaba, tem a lúa da Lúa chêa briante qui nun se acaba. Tua boca é piquinina dentes branco qui alumia, teus lábios, são paricido ca porpa da melancia... Tens a vós da juriti quando canta nu baxío, tem u saluço das água, das água mança du rio.
  • 50. Infim cabôca, tu sois a vida qui mi incanta, Sois todinha amodelada pur um mudelo di Santa. Outubro de 1943.
  • 51. DEPOIS DAS FESTAS Ao ilustre casal, JOSÉ C. FIUZA-MARIETA BEZERRA, o meu humilde mas sincero parabém, pela data tão significativa de suas Bodas de prata. Cheguei tarde, eu ricunheço, u meu vagá, minha tardança; más vaimicês mi discurpem tô véio quinem as gança... Más imbora mermo tarde, a vóis um verço dirijo, os meu sinceros imbóra pelo vosso arrigusijo. Pru vossa sastifação nesse dia, um tesôro... meus voto qui vóis assista, as vossas Boda de Ôro.
  • 52. Eu quis pessoarmente o meu abraço levá... más...num diga a ninguém num tinha rôpa pra i lá.
  • 53. CUNHICIMENTO Para Dr. Djalma Marinho e Teodorico Bezerra. Seu coroné Tidurico, fez travá cunhicimento, cum Bacharé de talento, létrado; Dôtô, Djarma, falado, um moço di numiáda, qui fás questão increcada si acaba; Num sô dôtô, num sei falá, sô matuto aferventado, más moços, sô divógádo di ceitação; eu só resôrvo questão, sem fala, sem briga, sem guerra... encrencas qui vem dus óios, das cabôca de minha terra. Março de 1944.
  • 54. NOITE DE SÃO JOÃO Ao amigo Nestor Galhardo. Seu môço, eu vejo S. João, mais um S. João sertanejo, um S. João qui sempre vejo Toda vida, O mato, di fronte erguida lá na frente du têrrêro, infêitado, esguio, lampêro contente; Vêno u povão, toda gente in seu rédó frótiando i u fuguêrão si quémano a vontade; S. João di felicidade di fartura i di discançu, brandu como u remanço Dûa canção;
  • 55. ai quanta arrecordação daquelis tempus passadu! hôje tá tudo mudado nem parece. um fôgo num aparéce, fuguêra já num inziste, até a inmage du Santo arrepare qui tá trixte.
  • 56. MARGARIDA... Ao Miguel Andrade. Seu moço, a Margarida, aquela véia véinha, ricurvada i bem pretinha quinem caivão; aquela véia patrão, trabaiava noite i dia, i criô grande famia na fartura; Inté qui pra sepurtura seu coipo véio baxô, num sei si arguem chorô pur ela; Morte bunita a dela, Morreu cum’uma criança... Margarida, toma esses verço Tua corôa di lembrança. Março de 1944.
  • 57. SOFRER Ao Cícero Pinto, amigo de lutas. Môço, a vida véia é um má di sufrimento, é cabeça sem idéia é idéia sem alento. U mundo, véia candêia trás a gente acorrentado, inxãme grande di abêia num vivê atribulado. U rico récrama a vida, pru tê feito mau negóiço, u pobre coisa perdida arrecrama seus distróço. Carcule meu véio amigo, a vida de um poeta! Arma sôrta sem perigo, Êle num véve, végéta.
  • 58. U ISTAJO NO RETRATO... Eu venho dôtô Anfilóco Nessis verço aprezentá, Us agente da Sigunda Qui vinhéro istagiá. I apruveito a monção, Prus Sinhô agradicê, As lição tão pruveitosa Qui vinhemu arrecebê. Nossos agradicimentos... Si torne tombem patente, A tôdus daqui da casa I us dôtôris assistentes. Tôdus elis si mostraro, Chêis de dedicação. Cum paciença incinaro Istatisca in prufuzão.
  • 59. In nome dus companhêrus Da sigunda vô falá... Dizejâno a vaimincês Filis ano, bons Natá. Cuntinuano a verçada, Dô uma coipa fié, Cumeço cum Zé Farnande Agente di São Tumé. U seu Bizerra Linhare Di Currai Nóvo é agente, U Ivã dos Acari Nunca fêi vergonha a gente. A Naí, das Serra Nêga Das Parêa, a Guiomá, Jucurutú tombem vêi Nosso amigo Precevá. O Arnaldo druminhôco, Dus Jardin du Siridó, U Perera das Fulôres Ademá, dus Caicó. Mai u batuta da Turma, Gerente, dôtô di fato... É u Zé Luí di França Lá di Santana dus Mato.
  • 60. Di Báxa Verde é o Pedro, Bem franzino u rapagóte, Da istatisca ele é O mai novo, é u fióte. U úrtimo, u du finá, Dêssi istajo tão falado, Sô eu, u de Santa Crui, Químbáxo vô assinado. Natal, 22 de Dezembro de 1941.
  • 61. ESTAGIO DE CURRAES NOVOS Ao Delegado Regional, aos Delegados Seccionaes e Secretario e aos Delegados Municipais da 2ª. Zona. Senhor doutor Anfiloquio Venho pedir permissão Para do estagio fazer A rude apresentação Seu Dôtô seu Anfiloqo Vei fazer encerramento Do ta Recenseamento Do Istago: Dôtô Óto, cum seu trajo De terno branco agajota É delegado de nota i num é sonso: O Monsenhô Palo Éronso É um pade delegado Quim unto tem trabaiado Nos laboro:
  • 62. O ôtro munto simploro (é gente do mió pano) Dôtô Zé Merenciano É um valô O seu Jorfi é um pavô, É nos trabaio incansavi São este qui fóima a chave Da dereção; Inda tem u cidadão o sinhô Mané Cuêio Qui do censo é um istêo Bão: Pra uvi as instrução Da dereção rifirida, A trinca foi reunida Dos Delegado: Dos municipio do Istado Isso é, de todos não Aguenhite notu os quistão No cerramento; O premeiro é no momento U valô ca du Sertão Seu Sobrinho-confusão Preguntadô:
  • 63. Aparece ótru Sinhô Sabidão di dimirá Seu Olavo dus Jorná... Dêrêtô: Dus otro é um valô Nem qui seja nesa lista Seu Geronso o charadista Topado Seu Laro de ané passado É dôtô de grunumia Nos Boletim de famia é pesado: Lá vai outro delegado, Ese é bom qui nem se fala... Zé Santa so fala im bale Dos Caicó: Seu elampe eu tenho dó Desse pobe delegado Nem drumí póde o coitado só pensando ôtro é só preguntando P’ra das lição cuiê fruto Aprigio, sub-produto Industriá...
  • 64. Terminando vô falá Cum veidade e cum certeza Seu Bizerra, das impreza... Da istatisca: E pru fim seguindo a risca Desse trabaio braçá... O colega de Bizerra P’ra baixo vae se assiná * ***** Dotores vão discuipando, O geitão cuma eu penso A refém desse tá censo Nacioná Nós vihemos si ajuntá P’ra uvi uma lição, Dos dôtô cá da sessão Secioná É um serviço braçá Cuma dixe um delegado Nas capitá do Istado Ôtro dia
  • 65. Tem sido tanta ingrisia De dimirá todo povo, Uveia ta pondo ovo! Avali: Foi coisa que nunca vi Cuma ta tudo mudado Só mermo prus delegado Do censo: Só tendo o juízo menso É preciso que se ajeite Si não galinha da leite é um horror: Nesse caso Monsenhô O censo vai p’ra dois ano Seu dôtô Merenciano Qui diga: Tudo isso é uma ispiga Pur isso qui o povo berra Só seu dôtô Oto Guerra Ispricando Monsenhô vá discurpando Essa linguage rastêra, Embaixo vou assinando Jéca Tabúa Pêrêra.
  • 67. MEU PRESENTE A minha esposa no seu natalício. Muito embora nada possa ofertar-te, Ao transpores mais um aniversario, Recebe ao menos, este verso tão sem arte Incolor...mas, nele se reparte A minha alma, à ti ó meu sacrário. Mil castelos formulei em minha vida, Ilusões, quimeras, quantas lembranças! Nessa luta intermina, ó querida, Há um gênio tutelar, minha guarida Aonde guardo todas as esperanças. E hoje, nesse dia tão feliz, Sinto cousa alguma te ofertar... Pobre de mim, apenas dar-te-hei O meu verso, mas, ele vae levar Sorrisos, paz, amor e alegrias A ti Maria, anjo do meu lar. 5 de Maio de 1942.
  • 68. ACROSTICOS Ao Cel. Vivaldo Pereira de Araujo, a quem devo a publicação do presente livro, toda minha gratidão. Venci, senhor, porem a vós o dêvo, Ingrato sería, senão o confessasse, Venci, eis o meu maior enlêvo A lira velha quase a espatifar-se Lesta, ágil, pululando de ccontente, Diz da gratidão assim publicamente O meu sonho realisou-se finalmente. Publiquei o meu livro, quanta emoção! Em vê-lo espalhado por toda parte! Reuni em versos, o meu próprio coração Embora despido de retórica e de arte. Imaginei-o infiltrando-se pelos lares Retrovertendo alegrias e pesares Á terra, ás gentes, aos céus e mares. Santa Cruz, 26 de julho de 1946.
  • 69. II A Eunice Pereira, virtuosa, culta e incansável trabalhadora pró Reinado Social de Cristo. Currais Novos, Jerusalem da zona sertaneja, Recebes cheia de fé a sacrossanta lei, Irradiada de luz, que a brancura alveja; Sois exemplo fiel de pacificadora grei. Tens os olhos, voltados para a Igreja, O teu estímulo e força está em Cristo Rei. Reine em ti eternamente o decálogo de Moizés, E na confusão ilusória e sofistica desta era, Inflamados de amor em Cristo, gritem os fieis: Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera. Currais Novos, 9 de Julho de 1946.
  • 70. III Ao amigo Elpidio e família no centésimo vigésimo dia do desaparecimento do seu inesquecível filho, um preito de gratidão. Geraldo, botão de rosa desabrochado, em um jardim de roseiral em flor, respiraste, o ar odorificado aspiraste da vida o seu odor; lutaste qual antigo cavaleiro divisando o porto alvissareiro ouvindo o canto sublime do amor. Até um dia, a carpa traiçoeira, tétrica, horrível, sem piedade, arrastou-te, levando-te a fogueira imensa, de sua grã calamidade; dormes em paz, e sobranceira eleva-se tu’alma para a eternidade. Padeceste na terra, sem um lamento, estoico, sereno, imensamente forte, resististe heroico a tanto sofrimento entregando-te a Deus, á própria sorte; imaginavas já perto o teu momento, risonho, em dor atroz mostras alento abraçando sorrindo, o espectro da morte. Santa Cruz, 6 de junho de 1946.
  • 71. IV Ao casal Francisco Tales Bastos e Alice Bastos, oferece o autor. Jóia humana, presente do bom deus, Ouro engastado e unido por dois élos; Sois presente dos anjos, vindo dos céus És objeto e amor, ciumes e desvelos. Levem estes versos, todos meus desejos, E os teus dias se multipliquem em anos, O teu caminho seja um florir de beijos Na tua vida nunca encontres desenganos. Alcances feliz, o trajeto da vitória Reazlises os teus sonhos, na existência, Deixes um nome emoldurado pela glória O teu guia perene seja a inocência. Santa Cruz, 26 de julho de 1946.
  • 72. MEUS PARABENS Ao benemérito casal-Gregorio e Mocinha Barroca, na passagem de suas Bodas de Prata. “Badalam os sinos nos zimbórios dos tempos” “B Ouve-se alegre, os seus carrilhões, Duas almas escutam unidas em laços Ao som compassado de seus corações Sonhando felizes jungidas em abraços. Duas almas... dois sonhos... duas vidas... Eternamente felizes eternamente unidas. Parabens eu vos dou, na data de hoje, Relembra a saudade do dia feliz, Aos pés do altar num jura de amores Tecido de rosas, de meigo matiz... Aceitai neste verso, meu jarro de flores. 3 de Março de 1944.
  • 73. MEU MELHOR PRESENTE Para meu filho José Maria Neto, no seu terceiro aniversário. Jamais meu filho esquecerei, O dia do teu aniversario; Sempre em versos relembrarei Éste dia, no tempo milenário. Mais um ano, assistes prazenteiro, Aumentando o florir d’uma existência, Reina em ti, o élo verdadeiro, Inquebrantavel jugo; a inocência Amparando-se do mundo traiçoeiro. Neste dia, meu filho, eu te ofereço Estes versos, o meu melhor presente... Têm eles anjinho, todo meu aprêço O amor, minh’alma, tudo finalmente. 12 de Agosto de 1942.
  • 74. E A HUMANIDADE PASSA! Ao reverendo Padre Severino Bezerra. Ei-lo! o mesmo quadro cruel de há mil anos! Evocativo... soberbo... extraordinário... O Cristo, o Redentor do gênero humano Sofre, agonisa, expira no Calvario. Passam-se dias, quantos desenganos! Corre veloz o tempo milenário, e Jesus contempla a terra de enganos chora os pecados deste val mortuario, Cada hora se repete essa agonia, O Cristo sofre; quem sua dor alivia? E a humanidade passa, sem ver tanta aflição. O DEUS, O JUSTO, o meigo NAZARENO Olha-a, olhar tão puro tão sereno Lança mais uma vez, o seu grande perdão. Maio de 1942.
  • 75. A MINHA FILHA MARIA DO ROSARIO (NO SEU TERCEIRO ANIVERSARIO) Tres anos de existência vaes galgando na escala ascendente desta vida; linda flôr, no jardim desabrochando minha rosa entre as demais querida, E hoje, teu natal comemorando o teu lar, a tua pobre guarida, sente-se feliz, seu anjo adorando, Rainha da festa, tão bela, tão garrida. Queiras pois, minha filha, aceitar este verso, como a melhor lembrança de um dia de tua vida de creança. É meu presente, é o que posso te ofertar, guarda-o no coração, o teu sacrário, guarda-o bem, Maria do Rosario. 17 de Agosto de 1943.
  • 76. MEU VERSO Ao meu filho José Mauricio na passagem de seu primeiro natalício. Meu filho, eis o teu primeiro ano no ciclo do tempo vertiginoso; sorris tão satisfeito, tão ufano qual rei, em seu trono majestoso. Alheio a todo sofrimento humano, alheio ao momento angustioso, meu filho, péde ao bom Deus tão soberano a paz para o Brasil laborioso. Nesta hora terrível e angustiosa que o mundo em peso se estraçalha, vês tudo meu filho, cor de rosa; Guarda pois Mauricio este meu verso... nêsse transe que o mundo se amortalha péde a Cristo a paz para o Universo. 22 de Agosto de 1942.
  • 77. MEUS ANOS Á mim no meu 34º aniversario. Sem festa, sem musica e sem flores, assisto o dia de meu aniversario; ao lado de Maria, esposa dos amores, dos filhos, minha mãe e um amigo solitário. Ao parco almoço, teço meus louvores, aos pratos de sabor extraordinário... pratos excelentes, desprendiam olores... - galinha substitue o meu feijão diário.- Sentia-me alegre, satisfeito e bem disposto, pois assim demonstrava o próprio rosto e o apetite voraz com o qual estava. Guardarei deste dia, grata lembrança, pois ainda mandei que enchessem a pança de um pobre faminto que passava. 6 de Outubro de 1942.
  • 78. BENEDICTUS QUI VENIT IN NOMINE DOMINE Ao neo-sacerdote, Francisco das Chagas Neves Gurgel, como lembrança do dia de sua primeira Missa. Ser Padre, é possuir muito heroísmo, uma fé inquebrantável e tão forte... ser Padre, é encarar com estoicismo. Esse val de dores, sem luz e sem norte. Ser Padre, é ser grande, vencendo o abismo, a dor, a humanidade, até a própria sorte; Ser Padre...pregar o cristianismo, a pobresa da vida, a belesa da morte... Ser Padre, é a tarefa rude e espinhosa de mostrar a outrem a estrada gloriosa do Calvario, da justiça e do amor. A vós Padre Francisco, alma generosa, Santa Cruz diz genuflexa e radiosa, BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR! 22 de Novembro de 1942.
  • 79. A MOEMA No seu natalicio Moema, linda tupi da grã nação tabajara, tens a alvura da garça a belesa da YARA... Soiois a eleita da tribo protegida de TUPAN, sejas sempre nessa Taba a IAUPÊ-JAÇANÃ. que cresças forte e viril, como a nossa Baraúna, são os desejos que vota o velho IRÊRÊ-UNA. Santa Cruz, 23 de Outubro de 1943.
  • 80. FUNCIONÁRIOS Aos Colegas de repartição e aos do Brasil inteiro Oferece o Autor Vida de Trabalho, áspera e dificultosa, é a dura vida amigos, que levamos; A carestia surge negra e assombrosa, agora sim a um tempo nós exclamamos. Nossos filhos e esposa carinhosa sofrem; com qual esforço lutamos para vencermos a estrada escabrosa, com o pouco ordenado que ganhamos! Mas, nem por isso, de estarmos a morrer Deixaremos de cumprir nosso dever Como se percebêssemos grandes honorários. E unidos pediremos ao sempiterno E também ao nosso papae governo, Tenha pena dos pobres funcionários! Santa Cruz, 26 de julho de 1946
  • 81. FELICIDADES A minha filha Maria Lucia Marques, no seu terceiro aniversario. Lucinha , eis o teu terceiro ano, na rosa dos ventos, da existência: o teu lar, hoje sente-se ufano, festejando teu natal de inocência. A minha lira coitada se esmaece, cada ano, cada hora, cada instante: mas, coração de pae nunca envelhece neste dia, assim tão fulgurante. E repuxando as cordas dessa lira, arranco-lhe sons, a alma delira, em lamentos de um velho trovador... São lamentos, que para ti, ainda brilha e um pai beijando a sua filha em extasis de paternal amor. Santa Cruz, 14 de maio de 1946.
  • 82. MEU PRESENTE A minha esposa no seu trigésimo aniversario. Maria, minha adorada companheira, assistes hoje, mais um feliz natal... apenas dar-te-ei, minha alma inteira, como presente, mimo de valor real. De meu jardim, és a rosa altaneira, das flores, és rainha sem igual, és conforto, nos dias de canseira és meu lírio de puresa virginal. és alma de minha alma, és farol, és meu guia, és meu grande sol iluminando com refulgentes brilhos. és meu tudo, és meu diáfano arcanjo, emfim Maria, és meu sublime anjo a meiga e terna mãe de meus filhos. Santa Cruz, 5 de maio de 1946.
  • 83. FELICIDADES A’ Maria do Socorro, no seu primeiro Natalicio, Oferece seu Pai. Eis querida filha, o teu primeiro ano: Um fulgir de auroras, uma alvorada, Um tremeluzir de azas, diáfano, Um romper alegre de loira madrugada. Um raiar de sol, lindo e soberano, Um azul de ceu todo estrelado, Lesta viração, ao longo do Oceano Um murmúrio alegre de chirear alado. Um jardim em flor, todo perfume, Um amor puro, santo, sem ciúme, Mais um astro no ceu, novo luzeiro. E neste dia filhinha, o mundo imerso Numa esperança de paz para o Universo, Tens o teu natal, no solo brasileiro. Santa Cruz, 21 de Setembro de 1945.
  • 84. MEUS SINCEROS EMBORAS Ao compadre e amigo José Bezerra, no seu natalício. oferece o Autor. Queria possuir aquela luz, Coruscante de chamas que alumia; Queria amigo, ter força de obuz na minha esquelética poesia. Queria versos derramar a flux, Queria musicas só de harmonia, Queria a sapiência de Jesus Para festejar o teu alegre dia. No entanto, caminho por escombros uma lira velha a pesas-me aos hombros e um rasto apagado de meu verso. Aceita-o, talvez, cinzas de lembrança, um centavo, de uma era de esperança, no Cruzeiro imenso do Universo. Santa Cruiz, 21 de Setembro de 1945.
  • 85. RAMALHETE A minha filha Maria do Rosario, no dia de seu segundo aniversario. Oferece seu pae. Minha filha, neste dia tão feliz que assistes, dois anos de existência eu almejo minha linda flor de Lis o bafejo perene da inocência. Minha filha, hoje eu bem quizera auferir-te todos meus desejos aceita pois ó linda primavera um ramalhete formado só de beijos. Muita cousa Lálo eu te daria tuas mãos de mimos encheria si pudesse, até o Universo... mas, nada tenho, coitado de teu pai! minha filha, ao menos aceitai a misérrima estrofe deste verso. Santa Cruz, 17 de agosto de 1942.
  • 86. CARA PRETA Ao Sr. João Ferreira de Souza Surgiu como um fantasma na cidade; vindo talvez de um pequeno povoado, cantar, eu única felicidade e cantava, sublime triste e maguado: -“Quando o sol nace é rei, a mei dia ele é mórgado, di tarde é isfalecido di noite é sepurtado”- Durante muito tempo, sua vóz se ouvia, ao belo alvorecer de um novo dia ou a bela tardinha o ocaso quase posto: Uma manhã calou-se para sempre o canto, ele morrera, partira sem um pranto ao raiar de uma formosa manhã de agosto. Agosto de 1945.
  • 87. SACERDOTE Ao Revmo. Padre Alair Vilar, uma pálida lembrança na passagem de seu natalício. Padre, síntese da grandesa e da verdade, deixada pelo meigo e Divino Nazareno Padre, páramo grandioso de sublimidade, de justiça fecunda, de espírito sereno. Padre, poema milenário da cristandade, escrito em frases de estilo tão ameno Padre, escrutínio de virtude e santidade és grande demais para um mundo tão pequeno. Padre Alair, que o dia feliz destes teus anos seja para vós e vossos fieis paroquianos uma data feliz, santa alegre e jubilar. Que Santa Cruz, em peso, una, genuflexa ao seu pároco querido e estimado, peça, as graças perenes que o ceu lhe pode dar. Santa Cruz, 6 de junho de 1946.
  • 88. A MINHA FILHA MARIA DO ROSARIO (NO SEU QUINTO ANIVERSARIO) Nos teus anos, nada te ofereço, nada filhinha eu posso dar-te, apenas, esta data não esqueço de cedinho minha filha, abraçar-te. inda dormias risonha no teu berço o meu premio filha, foi beijar-te; com mimo, eu dou-te este verso mimo tão pobre, coitado tão sem arte. mas ele, minha filha, tem valor... tem meu coração, cheio de amor que para os filhos, é santo hostiário. Meu anjinho, eu peço-te, aceitar como pálida lembrança de teu pai, um beijo paternal, MARIA DO ROSARIO. Santa Cruz, 17 de Agosto de 1945.
  • 89. CARITAS BONITAS Ao ilustre amigo Dr. Mariano, cujo lema “Caridade e Bondade” está gravado em outro, nos corações dos que conhecem a palavra gratidão. A vossa vida é um poema do trabalho, vossas virtudes, um saltério salutar: a vossa casa, é para os pobres agasalho, da profissão fizestes o vosso altar. Doutor, eu bem sei que nada valho, no entanto eu não posso ocultar, e neste verso borrifado de orvalho da gratidão imensa, infinda sem par. Cansada e paupérrima, a minha lira, fala bem alto ao homem que admira, ao protetor do pobre ser humano; ela ainda sente, lampejos de harmonia, e faz brotar esquelética poesia, em honra insigne ao Doutor Mariano. Currais Novos, 6 de julho de 1946.
  • 90. JESUS NO HORTO Ao monsenhor Paulo H. de Melo Eil-o, sublime, grande na sua dor, Prostrado em terra, em humilde oração; Pedindo ao mundo, um pouco de amor para aliviar seu torturado coração. E como no Horto continua, sofredor, Triste ao ver tanta ingratidão: No sacrário a sós, o meu Senhor Numa eterna e palpitante oração. Como no Horto, Jesus está orando... Ao mundo ingrato, ainda implorando, Cansado, triste...solitario e exangue! Oh mundo desvairado, quanta tortura! Quereis dar-lhe mais taça de amargura? Quereis Vel-O ainda a gotejar SANGUE? Santa Cruz, 15 de Setembro de 1944.
  • 91. RAMILHETE A minha filha Maria Lucia, no seu primeiro natalício. Um ano completas Mimosa flor, élo paterno de puro amor. Risonha e linda fragrante essência Meu branco lírio só de inocencia. Aceita filha os meus desejos, um ramilhete de quentes beijos. Santa Cruz, 14 de Maio de 1944.
  • 92. POÉTA Ao culto espirito de Clovis J. de Andrade. Rimas, abecedário cheio de harmonia pensamentos de um cérebro portentoso, sentir em verso, a própria poesía de um ser inteligente e ardoroso. Ser Poéta, é caminhar numa via de um sonho tão lindo e majestoso, é lançar ao mundo, um canto de magía o ninho dum rimário glorioso. Ser Poéta, é sentir a dor, a alegria é rimar numa suprema agonia, uma vida, um mundo, um Universo; Ser Poéta, é amar, gosar, sofrer, ser Poéta, é em sonhos reviver vida e alma na estrofe de um verso. Santa Cruz, 25 de agosto de 1944.
  • 93. AO MEU FILHO JOSÉ MAURICIO (NO SEU 2.º NATALICIO) Meu filho, completas hoje dois anos, de uma vida tão cheia de inocência... desconheces ainda, os grandes desenganos desconheces ainda a própria existencia. Estás alheio, ao erro dos humanos desta vida tão cheia de inclemência, deixando rastros de horríveis danos, A guerra, a dor e a prepotência. Inocencia qual lindo beija-flor a voejar a procura de um odor, desconheces meu filho, até a vida: Um dia, já crescido, e bem feliz has de ler estes versos que te fiz lembrando a ti, essa data tão querida. Santa Cruz, 22 de agosto de 1943.
  • 94. AO MEU FILHO JOSÉ MARIA NETO (NO SEU 4.º ANIVERSARIO NATALICIO) Mais um ano de existência, tú alcanças nesse mundo sombrio e complicado; Paira em ti, as fulgidas esperanças De um mundo melhor, mais desejado... Mais um passo nesta vida tú avanças em caminhos de roseiraes juncado, a vida é para ti, um mar de bonanças é um céo de estrelas fulgurado. Queira Deus, meu filho, que um dia a senda da vida, venhas galgar Forte, sobranceiro e sem porfia. E hoje comungo da harmonia Que reina como sempre em nosso lar No evento dessa data de alegria. Santa Cruz, 12 de agosto de 1943.
  • 95. HOSTIA SANTA Ao Paulo Eduardo no dia de sua primeira Comunhão. Oferece o autor. Eis Paulinho, o anhélo do Cristão, Receber a Jesus na Eucaristia... E Ele satisfeito, em teu coração, Descança de sua eterna agonia. Parabens Paulo, que este dia, Relembres com grã satisfação Seja a data perene de alegria o dia da primeira Comunhão. És inocente, e o meigo Nazareno, Gosta imensamente dos pequenos... És para Êle a linda Flor de Lis; Ama-O, Paulinho, com todo teu ardor, Seja Êle, teu guia, teu Senhor, PAULO EDUARDO, Deus te faça feliz. Santa Cruz, 4 de fevereiro de 1945.
  • 96. LAGRIMAS Ao Sr. José Ferreira de Medeiros e filhos, no trigésimo dia Do desaparecimento da inesquecível esposa e mãe Téca. Não, não choro a viuvez de um marido não choro dos filhos a orfandade, verto lagrimas que têm outro sentido lagrimas santas, rebentos da saudade. A morte é certa; quem não há carpido. este transe repleto de crueldade? Quantas lagrimas já não tem vertido desde o principio, toda humanidade? Morreu Teresa, a esposa tão querida, perdeu-se mais uma preciosa vida que os anjos a sua alma acompanhe. Pae e filhos, aceitae este meu verso, como vós eu vivo também na dôr imerso por ver partir mais uma esposa MÃE. Santa Cruz, 27 de Agosto de 1946.