O documento discute os diferentes modos de usar a língua portuguesa, argumentando que (1) a escola deve ensinar a produção e compreensão de textos de forma crítica ao invés de focar em regras gramaticais, e (2) as pessoas têm o direito de aprender e usar diferentes variedades linguísticas.
3. Objetivo fundamental da escola
“Levar a criança a produzir textos e compreendê-los de um
modo interativo e crítico. Assim, são mais importantes, na
escola, as noções relativas ao texto, ao discurso e à análise
textual, e não as noções gramaticais.”
“Gramática não tem nada a ver com texto, nem com discurso,
muito menos com processos de produção e compreensão de
texto.”
5. A escola está ensinando errado?
“Livro didático de língua portuguesa adotado pelo MEC (Ministério da
Educação) ensina aluno do ensino fundamental a usar a “norma
popular da língua portuguesa”.
O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender,
mostra ao aluno que não há necessidade de se seguir a norma
culta para a regra da concordância. Os autores usam a frase “os livro
ilustrado mais interessante estão emprestado” para exemplificar
que, na variedade popular, só “o fato de haver a palavra os (plural) já indica
que se trata de mais de um livro”. Em um outro exemplo, os autores mostram
que não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino
pega o peixe”.
6. Língua Portuguesa
Mais do que relacionar o que é certo e errado;
Capacitação das pessoas para a produção de textos orais e escritos;
Aprimoramento de uma habilidade a servi-los tanto em sala de
aula quanto para uma reunião de negócios, redação de vestibular,
etc.;
Aprimoramento que conduz o aluno a formar seu próprio estilo
de escrever.
7. Funções do Ensino do Português
Compreensão do que se lê;
Erudição de textos jurídicos.
Compreensão de textos de outras épocas;
8. Desafio do profissional de letras
Não ensinar a língua no padrão literário e erudito como única
variedade nem supor que ao aluno basta saber descrever sua
variedade vernácula local: todos têm o direito democrático
de, na escola, aprender a variedade linguística para que possa
escolher o que vai usar.
9. Então…
As pessoas têm o direito de ler uma obra de Eça de Queiroz ou
Machado de Assis.
10. Não se pretende, hoje, apontar uma solução única para a
diversidade linguística;
Busca-se uma forma para enfrentar o problema;
Não adianta ensinar se está certo ou errado se em gramáticas
diferentes houver respostas diferentes.
11. Variedade linguística
- Quanto dinheiro foi ganhado? Quanto foi gastado?
- Eu vou estar enviando um carnê de pagamento segunda de
manhã.
- Teríamos estado esperando a noite inteira na fila à toa se você
não tivesse ligado.
12. Saberes linguísticos
- Forma vernácula de uso do falante: como se fala onde onde
ele veio.
- “Cada lugar tem seu fuso, cada povo tem seu uso.”
É a base linguística cultural que interagirá com a tradição
escrita. (Sociedade, televisão, jornal, internet, etc.)
Ex.: Tauba.
13. - No saber linguístico de uma pessoa, toda a comunidade
conta como uma norma padrão independente da escola.
- Lembrete: antes da gramática da língua portuguesa (séc.
XVI), os falantes não tinham norma padrão da escrita, mas
isso não impedia a presença da noção do bem escrever. Se
hoje abolíssemos o ensino da gramática, a sociedade
continuaria vivendo com as diversas normas padrão
praticadas.
14. Adequações Gramaticais
“Por vezes, não só a comunidade local do aluno, mas
também quase toda a sociedade opta por não usar uma
variante da gramática tradicional por conta do
estranhamento geral que causa.
É o caso de pagado e gastado. Algumas gramáticas já
utilizam as formas pago e gasto como corretas, embora
não seja considerada a forma “correta”.