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BASTA FUTEBOL CLUBE 
Por Fernando Zornitta* 
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No texto BASTA FUTEBOL CLUBE o autor pondera sobre a atual estrutura do futebol mundial, norteado na sua 
organização e estrutura pela FIFA, em função de que esta modalidade esportiva assuma uma nova, mais comprometida 
e democrática função de protagonista do desenvolvimento humano e de princípios mais éticos e benéficos ao esporte e 
para a humanidade. 
A VERTENTE DO FUTEBOL MUNDIAL 
O futebol mundial administrado pela FIFA foca suas ações numa estrutura hierarquizada em federações e confederações 
internas aos países, a partir dos clubes filiados junto a essa estrutura mundialmente reconhecida. Esse conceito do 
futebol vigente com base nos clubes, gira em torno de um grupo de jogadores, de uma equipe técnica e de milhões de 
torcedores associados que ajudam a manter o circo funcionando, numa aura de competição e de espetáculo 
futebolístico, o qual tem como amálgama necessário os patrocínios das marcas de produtos, a cobertura da mídia com 
a transmissão de sinal pelo rádio, TV e Internet; reforçado por revistas especializadas e jornais; que fazem mover um 
negócio multimilionário por detrás do espetáculo. 
Clubes sempre com visão empresarial e mercadológica; jogadores com salários astronômicos, agentes de negócios de 
jogadores credenciados pela FIFA; empresas do segmento esportivo e outras gravitando e faturando nesse sistema que 
convencionou-se nomear de futebol, mas que na verdade é um circo da bola.
BASTA FUTEBOL CLUBE 
Por Fernando Zornitta* 
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Os torneios internos aos diversos países, geram para os vencedores das primeiras divisões, oportunidades de outros 
torneios regionais e continentais e, de 4 em 4 anos, a Copa Mundial da FIFA, que ocorre em um país pré-selecionado 
que se candidata para ser sede e se submete às suas regras e exigências. 
Nesse contexto vigente, o futebol como modalidade e prática desportiva pode ou não ser valorizado e difundido para o 
conjunto das populações, fazendo essa modalidade de esporte cumprir ou não um importante papel na formação e 
desenvolvimento humano. Na maioria dos países, o futebol é visto como atividade recreacional e não são oferecidas as 
condições para uma prática com as perfeitas condições de infraestrutura – quadras, campos, espaços, equipamentos e 
nem de orientação técnica e profissional. 
A bola não é a única ferramenta do jogador e nem o fará sozinha, dele um atleta. 
No Brasil, o futebol tornou-se a modalidade esportiva preferida e o país ficou conhecido como o país do futebol, um 
celeiro de atletas, que mesmo sem condições revelava – como revelou - talentos de origem humilde que saíam das 
favelas, do sacrifício e da pobreza para o mundo do futebol que o conhecemos como hoje ele é: assistido e não 
praticado. A grande maioria dos nossos atletas assim se fez, do nada e a partir das suas péssimas condições, ao topo e 
estrelato. 
Entretanto, a arcaica filosofia vigente no planeta e voltada para os clubes tem de mudar, em nome do próprio esporte 
e desta modalidade. No Brasil, os clubes viraram empresas; sempre estão no vermelho e não oportunizam a prática do 
esporte, mas sim, o negócio e o espetáculo futebolístico, onde de um lado está uma equipe de onze jogadores e do outro
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Por Fernando Zornitta* 
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milhões de passivos torcedores. 
Enquanto isso, nossa infraestrutura para a prática esportiva e de lazer da população nas cercanias dos nossos lares, 
principalmente para nossas crianças e jovens, está entregue ao mais completo abandono e cresce a criminalidade e o 
uso das drogas com a falta de oportunidades. Mas o foco das políticas públicas continua a mesma e os recursos 
direcionados a quem berra mais. Foi só terminar a Copa no Brasil, que nossa Presidente Dilma já recebeu em reunião 
os representantes dos clubes sempre endividados e do movimento Bom Senso Futebol Clube. O primeiro grupo 
chorando e pedindo por seus débitos para com o Estado e o segundo, benesses para os atores do circo da bola. 
A SECA E A CRISE DO FUTEBOL BRASILEIRO 
As crises dos clubes de futebol e o problema reincidente das secas, embora as previsibilidade de ambas, sempre estão a 
precisar do apoio público. Uma tem origem nas condições climática que todo o ano assola os diversos Estados do país e 
a outra, a chamada “crise do futebol”, na falta de gestão dos clubes brasileiros, constituídos com foco nesta 
modalidade esportiva. 
Mas essa segunda crise que se apresenta, em verdade não é do esporte, mas dos clubes e do negócio futebolístico que 
permeia as suas existências; os quais utilizam-se do esporte como estratégia, forma de existência e crescimento; o que 
está no cerne dos problemas e da ineficácia de um sistema falido moralmente, enquanto privilegia o espetáculo 
esportivo e o seu público – os torcedores; enquanto procura manter a roda viva de gastos com a operacionalização do
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Por Fernando Zornitta* 
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show, dos salários astronômicos pagos às estrelas e atores – os jogadores, treinadores e equipes técnicas; com as 
viagens e hospedagens e com o glamur para manter o circo funcionando com visibilidade; tudo garantido através de 
patrocinadores e da mídia que transmite o espetáculo e que lhes geram mais de 1/3 das suas rendas, impondo-lhes 
horários, mershandising e por vezes os próprios atores que participarão do espetáculo e estarão no palco. 
A reincidência da seca, decorrente das condições climáticas é bem mais previsível do que os destinos e os efeitos e 
resultados do circo da bola, do futebol-espetáculo dos clubes que não geram nada mais do que a falsa sensação de que 
o esporte é o foco e não os seus interesses; enquanto que os benefícios e os apoios públicos para atenuar os efeitos das 
secas, sempre são positivos e mitigam as agruras impostas. 
O movimento Bom Senso Futebol Clube, que pressiona o Governo Federal, propõe benesses aos partícipes e atores do 
circo da bola, enquanto que o efetivo bom senso, sugere uma mudança estrutural no futebol mundial e nas instituições 
corroídas pela falta de moral e pela corrupção comprovada no sistema, no sentido de priorizar o esporte e a prática 
desportiva, oferecendo-lhe as condições para que possa ser praticado. 
O esporte e a sua prática devem ser os novos focos; não os clubes, as entidades, os negócios periféricos e a sua 
manutenção. Os investimentos públicos e empresariais e o foco mediático podem, se redirecionados nesse sentido, 
serem determinantes para que o futebol ressurja com tudo que precisa para voltar a ter brilho, destaque e nova 
motivação no país.
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O INSANO FUTEBOL CLUBE 
O convencional e hierarquizado sistema FIFA de Federações, ligas, clubes; permeado pelo espírito das competições, tem 
incentivado o futebol empresarial, competitivo e mediático, mas não o futebol como prática desportiva; pois não tem 
oferecido as condições necessárias para que seja praticado em vez de assistido. 
Os negócios que permeiam a atividade esportiva não devem mais direcionar recursos exclusivamente para manter o 
espetáculo e essa falsa áurea que envolve o futebol e o torcedor passivo, mas sim para o fomento da prática desportiva 
fora dos clubes. 
Sem guiar-se por princípios e ética, tudo tem sido levado para o âmbito da disputa por títulos, competições e a uma 
aproximação do futebol com o litígio, como fica claro na nova nomenclatura imposta pela FIFA aos estádios brasileiros 
para a Copa, de ARENAs, que remete a época romana em que os partícipes disputavam na arena – como no Coliseu 
de Roma - pela vitória e até a morte ou das touradas espanholas, em que sempre deve ganhar o animal mais racional. 
A Copa do Mundo da FIFA deixa um legado, marcas e lições aos países sedes e, deixou também ao Brasil e para o 
futebol; do que pode ser replicado e do que deve ser evitado e mudado. A Copa está a indicar novos caminhos e 
necessários rumos para modalidade a nível mundial numa abordagem mais holística e lógica. 
A economia, o turismo e a visibilidade do país sede, sempre são vistos como pontos positivos destes grandes eventos; o 
que não quer dizer que outras áreas não tivessem sido prejudicadas, como foram. A inflação generalizada, a paralisação
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dos setores produtivos, os incômodos com as obras de mobilidade urbana para ligação dos aeroportos aos hotéis e 
destes às ARENAS; o alto custo e aceleração das obras e, a vergonhosa submissão de toda uma estrutura de governo 
que acomodou suas leis à Lei Geral da Copa. 
Uma campanha de baixa qualidade do futebol praticado pela nossa seleção, deixaram marcas e interrogações sobre 
validade dos investimentos e um descontentamento geral e paradoxal pela ausência e crise dos serviços públicos básicos, 
principalmente de saúde e segurança no país do futebol e comparativamente à excelência dos serviços, da infra e da 
superestrutura exigida e conquistada pela FIFA para a Copa. 
Mas, a voz calada dos jovens sem oportunidades, que não tiveram políticas públicas adequadas e que sequer podem 
praticar o esporte, receberam respostas e indicativos de caminhos para o futebol, vindos de fora; de países 
comprometidos com a formação, como o exemplo da Alemanha. 
Outros pontos positivos também foram trazidos pela ação da FIFA, que exigiu do Brasil e provou que, mesmo para o 
espetáculo futebolístico ocorrer, a infraestrutura interna e a superestrutura externa aos estádios – principalmente a 
esportiva - têm de existir e, assim estabeleceu – como sempre estabelece – as condições para um país que não se 
planeja - fazer obras de mobilidade urbana, nos estádios, aeroportos; melhorar e qualificar os seus meios de 
hospedagem e, também, para a estrutura da folia das FANFESTs para que ocorressem em todas as cidades sedes. 
Obrigou a nação a modernizar seus aeroportos, a sua rede hoteleira e plantou as 12 ARENAS. Fez o Brasil submeter-se 
a condições contrarias às suas próprias leis internas, a oferecer isenções de impostos absurdas; enquanto servia de palco
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para o maior espetáculo esportivo e mediático da Terra. 
O padrão FIFA de organização e a exigência de qualidade da infra e da superestrutura para o espetáculo futebolístico 
foi o grande legado e melhor exemplo deixado para o Brasil; ao mesmo nível do legado pela lição recebida da 
Alemanha, pela derrota sofrida de 7 a 1 nas quartas de final; que trouxe consigo o recado do necessário, constante e 
perene investimento na qualificação e na formação dos atletas; de incentivo à prática desportiva que ocorre como 
política de governo naquele país germânico e em outros países europeus e, que esse caminho e investimento foi 
confirmado pela vitória sobre o Brasil com esse vexaminoso placar e pela conquista da Copa do Mundo em 2014. 
A base dessa conquista foi a do investimento perene na prática desportiva e a base dessa prática é a disponibilidade da 
infraestrutura para o desenvolvimento esportivo; assim como o combustível, o acompanhamento e a orientação 
profissional. Grande e correta lição deixada pela Alemanha. 
Mas se compararmos as precárias condições, procedimentos e o descaso do Brasil com aqueles investimentos lógicos 
feitos na Alemanha, veremos que não mais talentos isolados e formados sem condições, sem uma estrutura adequada e 
sem orientação nos levarão a vitórias. Naquele país o esporte é priorizado e incentivado; no Brasil o espetáculo 
esportivo do “incongruente futebol clube” é que tem vez. 
Enquanto a Europa investe perto de 11% do seu PIB com programas e ações para os jovens e mantém o Fundo 
Europeu para a Juventude, o Brasil não mais do que 1%. Aqui, os recursos públicos para o futebol vão em quase a sua 
totalidade para o circo da bola, que tem como centro os clubes e os interesses empresariais. Não temos no país sequer
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Por Fernando Zornitta* 
espaços para a prática desportiva nas proximidades dos nossos lares; nossas crianças, jovens e toda a população 
continuam sem qualquer possibilidade e disponibilidade de campos, quadras, equipamentos e nossos potenciais e 
vocacionados atletas ficam abandonados à sua própria sorte, sem acompanhamento e nem orientação profissional. 
Hoje, o talento esportivo não nasce mais sem uma correta formação; sem uma adequada infraestrutura para a 
prática, sem orientação técnica e sem investimentos. Não despontam como dantes, jogadores oriundos dos bairros e 
favelas só pelo talento, sem um processo contínuo de formação integral,1 sem condições técnicas, equipamentos, 
orientação e preparação, conforme ficou comprovado pela seleção alemã na última copa; quando sua fórmula foi 
apresentada, de investimento perene, abrangente e difusos pelo país ao largo de 6 anos na formação das categorias de 
base e, o país, viu despontar naturalmente os talentos que foram tecnicamente preparados num ambiente adequado. 
Enquanto a seleção brasileira acreditava em seus talentos isolados e no seu famoso treinador, isso não nos garantiram 
as vitórias e nem a superação das outras filosofias de investimento na formação e preparação dos atletas das demais 
seleções. 
No Brasil, embora a sua tradição no futebol e em algumas modalidades como o vôlei, o basket, a natação; ainda não 
foi sedimentada a cultura do esporte, como um grande aliado na formação atlética, na profissionalização e na 
construção da cidadania, para que favoreça a incorporação de outros valores humanos para todos, enquanto oferece a 
oportunidade do desenvolvimento do potencial atlético - de maneira objetiva, gradual, coletiva e de uma nação que vê 
1 Preparo psicológico, fundamentos do esporte praticado, senso de equipe, correta alimentação, dentre outros aspectos 
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no esporte um aliado no processo de inclusão social “de fato e de direito”. 
A importância do esporte é percebido a nível público no Brasil, entretanto, as políticas e os investimentos estão 
vetorialmente erradas. São centralizadoras, direcionadas ao espetáculo mediático e não incentivam as iniciativas 
proativas locais, que ocorrem a nível das comunidades e da sociedade civil organizada; não ocupam e nem qualificam os 
equipamentos já existentes e não oferecem a orientação profissional necessária. 
Prova disso são os espaços públicos de esporte e lazer nas nossas cidades, que de norte a sul; de leste a oeste do país, 
as quais estão entregues ao desleixo e ao mais completo abandono, quando não ao ócio e à marginalidade. 
Embora o esporte e o lazer sejam direitos constitucionais e sociais, nossos governantes não tem minimamente oferecido 
essas garantias para a população. Os recursos públicos investidos no esporte são insignificantes, enquanto que a título 
de marketing esportivo para a promoção das empresas públicas são destinados a grande parte das verbas, que acabam 
alimentando os meios de comunicação de massa com uma falsa aura de que incentiva o esporte. 
Sinalização para a mudança existiram nas últimas duas gestões do Governo Federal, mas a efetividade não. O processo 
dito democrático das Conferências Nacionais do Esporte, aprovou em 2010, já na sua terceira edição, o Plano Decenal 
de Esporte e Lazer, com várias ações e metas, mas que ficaram no papel e no desperdício dos recursos públicos para 
esse processo, que envolveu nesta terceira edição 3.112 municípios brasileiros e 220 mil pessoas como delegados e 
representantes de entidades e, que de lá para cá, quase nada do que foi proposto foi posto em prática.2 
2 O autor participou como Delegado eleito por Fortaleza da III CNE, quando defendeu e viu aprovada a sua proposta “do inventário completo da
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O INCONGRUENTE SISTEMA DO FUTEBOL 
No atual sistema em que os clubes dão o norte, além das benesses para aqueles raros atletas que estão ou que entrarão 
no reino dos céus; nenhuma alternativa existe para democratizar o esporte para a sociedade e para as nossas cidades, 
que se privam de espaços de esporte e lazer para a prática desportiva nas cercanias dos seus lares e para retirar os 
privilégios dos clubes que esponjam recursos públicos das loterias, empresas públicas e dos direitos de mídias para 
transmissão dos jogos, além dos valores que recebem advindos do comércio de jogadores. 
No pós Copa, os dirigentes dos principais clubes brasileiros conseguiram uma audiência e reuniram-se em Brasília com 
a Presidente Dilma Rousseff, para chorar suas mágoas e pedir por privilégios e benesses para seus débitos tributários 
para a continuidade do mesmo sistema do insano futebol clube. 
Na outra mão, estão as claras mensagens dos jovens brasileiros, direcionadas aos governantes em junho de 2013, 
durante a Copa das Confederações, quando eles saíram pacificamente às ruas, clamando por seus justos anseios e 
demandas de não só pão nem só circo; mas não lhes foi dada a devida atenção. Em 2014 os jovens de bons princípios 
e portadores das mensagens boas para o país não puderam se manifestar pois, foram colocados no mesmo saco dos 
black blocks, que foram contidos por uma estrutura de bloqueio de quaisquer manifestações por tanques e exércitos 
infraestrutura de esporte e lazer em todos os municípios brasileiros para fundamentar as políticas e a implantação dos equipamentos e atividades”. e é 
constante do PLANO DECENAL DE ESPORTE E LAZER do Governo Federal (Eixo 9, ação 5 e metas).Também propôs o PLANO NACIONAL DE 
QUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS DE ESPORTE E LAZER e, desde 2010 em várias instâncias tentou sensibilizar gestores para a necessidade
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durante a Copa da FIFA em que o Brasil apareceu bem na foto do espetáculo, mas foi o maior fiasco no futebol, 
quando foi desbancado da sua tradição de protagonista desta modalidade esportiva. 
Os legítimos anseios daqueles jovens e da população brasileira que foi às ruas em 2013, não pode se manifestar da 
mesma forma em 2014 e durante a Copa, pois todas as suas pacíficas manifestações seriam contaminadas e 
confundidas com as ações e métodos dos black blocks, com suas rebeldes e terrorísticas ações e procedimentos. Além do 
que, todas as manifestações durante os jogos da Copa foram impedidos pelas forças de segurança comprometidas pelo 
Governo Federal com a FIFA. 
Mas, nas eleições para presidência, estes jovens de bons princípios reforçarão nas urnas as suas mensagens não ouvidas 
pelos governantes e o Brasil se surpreenderá com a sua pacífica e democrática força destinada tão somente a melhorar 
o país, contaminado pela corrupção e incompetentes para isso fazer. 
Neste contexto, o esporte e a sua prática podem contribuir de forma sistêmica para melhorar o cidadão e a sociedade, 
oferecendo um viés saudável e sustentável de evolução e de inclusão; num país que abunda em problemas de todas as 
ordens. 
OS VALORES INTRÍNSECOS DO ESPORTE3 
A prática esportiva incorpora importantes valores humanos, educativos e culturais, pertinentes à formação do 
3 Do texto O ESPORTE É PARA A PAZ, do autor. Versão 2006
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indivíduo; psicológicos e sociais, positivos na formação do caráter e da personalidade do indivíduo; de saúde e 
condicionamento físico; além de outros tão significativos e de de maior amplitude – universais, que contribuem para 
elevação do espírito humano, da fraternidade e para a promoção da paz. 
Enquanto praticamos o esporte, condicionamos o nosso corpo, a nossa mente e o nosso espírito também, buscando 
forças e harmonia para realizarmos a atividade e superarmos os nossos próprios limites; atendemos a regras e nos 
colocamos frente a frente com o inesperado, aceitamos os desafios da competição – do ganhar ou perder (mas sempre 
procurando apreender com ambos), buscamos essa superação dos limites (físicos e psicológicos), nos deparamos com 
descobertas – enquanto o praticamos e vivenciamos outras realidades - em outros lugares e com outras pessoas. 
Também nos condicionamos aos valores da solidariedade, da amizade, do companheirismo, enquanto participamos de 
equipes, de clubes, de competições e convivendo com pessoas e culturas diferentes durante longos períodos, em nome 
do esporte. 
O esporte é pedagógico, é uma forma de educação que trabalha corpo e a mente; ajuda no processo do crescimento 
individual, da descoberta, da superação e de conscientização do indivíduo, ajuda a fortalecer a identidade do 
desportista, enquanto mexe com a auto-estima (que é baixa no início do processo e quando o educando é oriundo de 
comunidades carentes e que vai do conflito à superação); ajuda a exercitar o protagonismo juvenil, enquanto faz o 
jovem ter atitudes e ser sujeito da construção da sua própria história. 
O esporte ajuda na formação da consciência social do desportista e pode orientar para a correta intervenção na sua
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realidade - da percepção à ação até a participação social - e influenciar positivamente a outros jovens e as demais 
forças da comunidade. 
Os eventos esportivos representam e são muito mais do que simples competições. Congregam pessoas, entidades, 
governos, comunidades para em nome do esporte, elevar o espírito humano, aproximar povos, confraternizar e fazer 
vivenciar momentos ímpares em que o homem, ele mesmo, só ou coletivamente, busca a superação, o equilíbrio, a 
perfeição - que nos ajudam enfim, a fazer uma aproximação da imagem e semelhança com que fomos criados. 
O jogo, a competição é o momento de colocar o corpo, a mente e o espírito numa conjugação de esforços pela vitória, 
o que traz em si a mensagem da superação e da elevação do homem a um estágio superior ao que ele era antes do 
evento. 
Para aquele que compete, entender o processo da formação atlética, do ato de jogar e da competição e, incorporar 
esses valores, será tão fundamental como são as regras que deve conhecer e se ater ou o equipamento necessário para a 
prática esportiva. Tudo isso deve ser compreendido por completo pelo atleta que compete e joga, a partir de uma 
bagagem que envolve um conjunto de elementos, dos quais fazem parte a sua formação atlética e as suas próprias 
experiências. 
Para o atleta com “A” maiúsculo, some-se a esse entendimento, o perfeito domínio técnico da modalidade esportiva a 
qual se dedica, o condicionamento físico adequado e constante, a educação e o preparo psicológico para a prática 
atlética, a sua participação social (na família, na escola, na igreja, com as amizades e com outros grupos sociais),
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Por Fernando Zornitta* 
some-se ainda, uma correta alimentação, o acompanhamento por profissionais das diversas áreas do conhecimento 
humano (educação física, psicologia, medicina, nutrição, fisioterapia – dentre outros) durante a sua evolução esportiva 
e nas respectivas fases do desenvolvimento humano. Estes é que são os pressupostos básicos do Atleta (com “A” 
maiúsculo) e para a correta prática da atividade atlética, o que podemos chamar de “formação atlética integral”. 
O atleta, para ser um verdadeiro Atleta, necessita desta “formação integral” (sem que seja esquecido nenhum destes 
elementos), a qual possa lhe oferecer estes componentes numa combinação e formulação específicas para cada 
modalidade esportiva e para que o esporte como atividade humana possa atingir os seus maiores benefícios e assim 
ajudar a mudar o mundo para melhor - para ser mais igualitário, mais ético, mais justo e numa linha indutora da 
paz. 
Estado, sociedade, entidades e indivíduos devem promover e oferecer a oportunidade da formação esportiva como uma 
atividade elementar e como parte dos princípios e dos componentes básicos da formação, do desenvolvimento humano 
e da inclusão social. 
O ESPORTE É PARA A PAZ4 
O esporte é para a paz; assim foi protagonizada uma campanha da ONU, alardeada no início dos anos dessa nova era 
e para mostrar ao mundo a importância do esporte para a promoção humana, neste diapasão do desenvolvimento 
4 Do texto O ESPORTE É PARA A PAZ, do autor. Versão 2006 
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Por Fernando Zornitta* 
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humano, da harmonia e da paz e do respeito aos povos.. 
O contemporâneo portador dessa mesma bandeira e, também, mártir Nelson Mandela, fez ecoar essa mensagem que 
perpassou orelhas e os cérebros dos desatentos governantes das nações que preferiram lutar por uma vaga no Conselho 
de Segurança da ONU e captar grandes eventos esportivos, mas não se atentaram para a mensagem; sobre o potencial 
da prática do esporte para a promoção dos valores e para a evolução humana neste planeta que agoniza e sofre de 
exclusão, de violência, de fome, de uma voraz depredação e involução sob a égide da mais valia, da exploração e da 
insana forma de avançar pela concentração do poder econômico ou das armas e não pela sapiência – que seria a 
condição básica e diferencial dos humanos das demais espécies de seres vivos. 
Somos, enquanto humanos, apenas passageiros dessa maravilhosa experiência terrena, num ínfimo momento de uma 
vida, mas com possibilidades de registros e de exemplos a serem deixados – como aqueles sagrados desenhos dos nossos 
ancestrais nas cavernas, nas obras arquitetônicas, nas artes e nos objetos e, assim, hoje pelas mágicas possibilidades das 
redes, de bits, bytes e de comunicação global, em que um pensamento poder ser escrito no éter, atravessar ou 
permanecer nos cérebros e alimentar os neurônios dos viajantes dessa aventurosa nave Terra; que nos acolhe e 
mantém. 
Lineu nos colocou, enquanto humanos, numa condição de superioridade sobre as demais espécies e, mesmo assim, 
estamos deixando um deplorável exemplo ao universo e às improváveis gerações futuras; enquanto devastadores da 
esplêndida e mágica biodiversidade que nos foi delegada e, como pseudo inteligentes, pensantes, sábios; que
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paradoxalmente consumimos com o planeta, extinguimos a sua biodiversidade e conduzimos toda a humanidade ao seu 
irremediável fim. 
Nos armamos com instrumentos de morte e teimamos em avançar pelo litígio, pela dominação, exploração e 
subserviência de povos e nações pela força da economia e das armas e muito pouco pelo espírito de colaboração. 
Diversas atividades humanas nos impulsionam para a evolução e aproximação dos povos, como as das artes, das 
ciências, da educação, do turismo, da espiritualidade – dentre tantas outras e, o esporte, enquanto uma destas 
atividades, ainda é pouco praticado; tão somente por uma em cada três crianças e jovens no mundo e a grande 
maioria dos adultos não o pratica, mas só assiste na forma do esporte-espetáculo. 
Enquanto atividade e prática, o esporte pode trazer benefícios para a saúde, para o processo educativo, para a 
conquista da cidadania e inclusão, para melhorar o homem e o mundo; para união das nações e para a promoção da 
paz. 
Desde a criação dos jogos Olímpicos na Grécia, há mais de sete séculos antes de Cristo, a chama olímpica permanece 
viva e propõe a incorporação de valores individuais, sociais e universais ao esporte no caminho do crescimento humano 
e da solidariedade. É um momento planetário respeitado, no qual até os litígios e guerras sessam para a sua realização.
BASTA FUTEBOL CLUBE 
Por Fernando Zornitta* 
DE ESTÁDIOS ÀS ARENAS; DOS CLUBES E TORCIDAS ÀS FRENTES DE BATALHAS 
- A que serve e no que se transformou o futebol no planeta ? 
- Vê-se hoje nas ARENAS (antes chamados de “estádios”, mas que estão sendo renomeados de “arenas” pela FIFA5) – 
de norte a sul, de leste a oeste do país - jovens torcendo, litigando pelos seus clubes, agredindo e matando seus 
adversários mas não vêem-se como dantes – no tradicional país do futebol – o jovem praticando esta modalidade ou 
outros esportes, pela ausência de espaços para tal e nas proximidade dos seus lares, pela falta de corretas políticas de 
incentivo para tal. 
O Brasil vem passando por uma crise ideológica e de representatividade; com problemas em diversas áreas e 
insatisfação generalizada, que tem origem em várias fontes. É um país que menos oportunidade dá aos seus jovens, que 
assim, encontram outros caminhos mais fáceis e convidativos como o do álcool, das drogas, da criminalidade e, 
também o também errado do vandalismo e da rebeldia. 
Mas foram os mesmos jovens, sem perspectivas, que saíram pacificamente às ruas em junho de 2013 passando a 
mensagem de insatisfação que não foi ou não quis ser entendida e, que depois foi abafada e confundida pelos 
movimentos radicais dos Black Blocks. 
De forma pacífica, num movimento que poder-se-ia intitular NEM SÓ PÃO, NEM SÓ CIRCO, pediam menos dinheiro 
5 Melhor seria chamarmos como antes, de “Estádio”, pois “Arena” lembra o espaço do confronto, do litígio, da guerra – onde só há um vencedor - e 
não o da sadia competição. Sugere-se a retomada do termo “Estádio”, se queremos acabar com a violência nos esportes e entre torcidas. 
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para a copa e mais investimentos em saúde, em educação; em segurança pública; uma perspectiva de futuro 
sustentável e, explicitaram um conjunto de indignações para com suas vidas sem perspectivas num país que vem 
abrindo suas portas para o trabalho estrangeiro sem dar a certeza aos nossos; que relega os espaços que seriam para a 
sua inclusão e para o exercício da cidadania – como os de esportes, de lazer e recreação; de cultura, de educação; mas 
não encontraram os canais e nem vêem investimentos para tal. 
Poucos entenderam a mensagem e os anseios continuam latentes e repercutirão nas urnas em 2014 e pela sabedoria, 
causará a dor naqueles surdos e insensíveis às suas mensagens. 
O esporte não é a solução, mas um dos caminhos saudáveis de inclusão e de oportunidades, que poderão vir de uma 
nova fórmula; mais ética e lógica a qual privilegie mais a prática do que o espetáculo; que atinja e contamine toda a 
população; todas as faixas etárias e de forma a atender o desenho universal e condições humanas diferenciadas. 
O começo de tudo estará nas políticas públicas assim pensadas e que não mais apóiem o atual viés que impõe a 
passividade de todos – enquanto deixa o cidadão apenas como torcedor-observador; mas em desenvolver programas e 
ações para promover a prática da atividade esportiva – se, o observador tornar-se o ator e quem efetivamente pratica 
o esporte.
BASTA FUTEBOL CLUBE 
Por Fernando Zornitta* 
Fernando Zornitta, Ambientalista, Arquiteto e Urbanista, Especialista a nível de pós-graduação em Lazer e Recreação (Escola Superior de 
Educação Física da UFRGS) e em Turismo, curso de pós-graduação da Organização Mundial de Turismo/ONU-Governo Italiano/SIST-Roma. 
Cumpriu período presencial do no Curso de Doutorado em Planejamento Físico-espacial e Desenvolvimento Regional junto à Universidade de 
Barcelona (com foco no turismo e projeto de pesquisa na América Latina e Caribe). Participou de Estagio de Aperfeiçoamento em Planejamento 
Turístico na Universidade de Messina – Itália; concluiu o Curso de Técnico de Realização Audiovisual e desenvolve atividades como artista 
plástico e designer. Há 8 anos vem participando de diversas iniciativas, projetos e entidades de promoção dos direitos humanos, das pessoas 
com deficiência e de meio ambiente - Grupo de Trabalho de Planejamento da Acessibilidade e do Meio Ambiente no CREA-CE, do Fórum 
Permanente do Idoso e da Pessoa com Deficiência, no qual atualmente é um dos coordenadores; do Movimento Green Wave, da Apolo – 
Associação de Cinema e Vídeo. É co-fundador da UNISPORTS – Esportes, Lazer e Cidadania – dentre outros. 
E-mail: fzornitta@hotmail.com 
Referências e citações: 
ZORNITTA, Fernando. EL DEPORTE ES PARA LA PAZ. RED RECREACIÒN http://www.redcreacion.org/cgi-bin/sitestats.gif? 
p=http%3A%2F%2Fwww.redcreacion.org%2Frelareti%2Fdocumentos%2FDeporteParalaPaz.html / O ESPORTE É PARA A PAZ. 
Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-esporte-para-a-paz-v2006 
ZORNITTA, Fernando. PLANO DECENAL DO ESPORTE Eixo 9, ação 5 e metas. Proposta do autor aprovada na III Conferência 
Nacional do Esporte e incluída no Plano Decenal do Esporte do Governo Federal. Brasilia, 2010. 
ZORNITTA, Fernando. NEM SÓ PÃO, NEM SÓ CIRCO. Fortaleza, 2013. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/no-s-po-nem- 
s-circo-by-fernando-zornitta 
ZORNITTA, Fernando. ESPAÇOS SAGRADOS. Fortaleza, 2009/V.2013. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/espaos-sagrados- 
v2013 
ZORNITTA, Fernando. “IMAGINE” - NO PAÍS DO FUTEBOL ! Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/immagine-copa- 
2013 
19
BASTA FUTEBOL CLUBE 
Por Fernando Zornitta* 
20 
ZORNITTA, Fernando. O BRASIL NÃO EXISTE !!!” Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-brasil-no-existe-d 
ZORNITTA, Fernando. PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE ESPORTE E LAZER Ideograma. Em 
http://www.slideshare.net/fernandozornitta/plano-nacional-de-qualificao-dos-equip-de-esp-e-lazer-p2 
MINISTÉRIO DO ESPORTE. Carta de Brasília III Conferência Nacional do Esporte. Em 
http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/carta-brasilia-24495700 
MINISTÉRIO DO ESPORTE. Plenária linha 9 da Infraestrutura na III Conferência Nacional do Esporte. Em 
http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/plenaria-linha9 
ZORNITTA, Fernando. O TURISMO NA PERSPECTIVA DA SUSTENTABILIDADE. Fortaleza, 2010. Em 
http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-turismo-na-perspectiva-da-sustententabilidade-24494459 
ZORNITTA, Fernando. TURISMO E DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE NO BRASIL. Em 
http://www.slideshare.net/fernandozornitta/turismo-e-desafio-da-sustentabilidade-no-brasil-4 
ZORNITTA, Fernando. Cidade Acessível; em Busca dos Caminhos da Urbanidade e do Direito Universal. Em 
http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/cidade-acessvel-fernando-zornitta 
ZORNITTA, Fernando. CIDADE ACESSÍVEL: EM BUSCA DOS CAMINHOS DA URBANIDADE E DO DIREITO UNIVERSAL. 
Revista CIDADE. Instituto da Cidade, n.1, p.22–28. Fortaleza, 2011. 
ZORNITTA, Fernando et ZORNITTA, Luciano Luca. + DIREITOS, + DIGNIDADE, + URBANIDADE, + ACESSIBILIDADE: 
CALÇADAS ACESSIVEIS (publicado em livro, revista e sites de forma resumida. Aborda a questão da acessibilidade arquitetônica 
e urbanística e aponta com programas públicos para a mudança de postura da sociedade em função da eliminação de barreiras e 
promoção da acessibilidade) Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/artigo-caladas-zornitta-vfinal

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  • 1. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 1 No texto BASTA FUTEBOL CLUBE o autor pondera sobre a atual estrutura do futebol mundial, norteado na sua organização e estrutura pela FIFA, em função de que esta modalidade esportiva assuma uma nova, mais comprometida e democrática função de protagonista do desenvolvimento humano e de princípios mais éticos e benéficos ao esporte e para a humanidade. A VERTENTE DO FUTEBOL MUNDIAL O futebol mundial administrado pela FIFA foca suas ações numa estrutura hierarquizada em federações e confederações internas aos países, a partir dos clubes filiados junto a essa estrutura mundialmente reconhecida. Esse conceito do futebol vigente com base nos clubes, gira em torno de um grupo de jogadores, de uma equipe técnica e de milhões de torcedores associados que ajudam a manter o circo funcionando, numa aura de competição e de espetáculo futebolístico, o qual tem como amálgama necessário os patrocínios das marcas de produtos, a cobertura da mídia com a transmissão de sinal pelo rádio, TV e Internet; reforçado por revistas especializadas e jornais; que fazem mover um negócio multimilionário por detrás do espetáculo. Clubes sempre com visão empresarial e mercadológica; jogadores com salários astronômicos, agentes de negócios de jogadores credenciados pela FIFA; empresas do segmento esportivo e outras gravitando e faturando nesse sistema que convencionou-se nomear de futebol, mas que na verdade é um circo da bola.
  • 2. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 2 Os torneios internos aos diversos países, geram para os vencedores das primeiras divisões, oportunidades de outros torneios regionais e continentais e, de 4 em 4 anos, a Copa Mundial da FIFA, que ocorre em um país pré-selecionado que se candidata para ser sede e se submete às suas regras e exigências. Nesse contexto vigente, o futebol como modalidade e prática desportiva pode ou não ser valorizado e difundido para o conjunto das populações, fazendo essa modalidade de esporte cumprir ou não um importante papel na formação e desenvolvimento humano. Na maioria dos países, o futebol é visto como atividade recreacional e não são oferecidas as condições para uma prática com as perfeitas condições de infraestrutura – quadras, campos, espaços, equipamentos e nem de orientação técnica e profissional. A bola não é a única ferramenta do jogador e nem o fará sozinha, dele um atleta. No Brasil, o futebol tornou-se a modalidade esportiva preferida e o país ficou conhecido como o país do futebol, um celeiro de atletas, que mesmo sem condições revelava – como revelou - talentos de origem humilde que saíam das favelas, do sacrifício e da pobreza para o mundo do futebol que o conhecemos como hoje ele é: assistido e não praticado. A grande maioria dos nossos atletas assim se fez, do nada e a partir das suas péssimas condições, ao topo e estrelato. Entretanto, a arcaica filosofia vigente no planeta e voltada para os clubes tem de mudar, em nome do próprio esporte e desta modalidade. No Brasil, os clubes viraram empresas; sempre estão no vermelho e não oportunizam a prática do esporte, mas sim, o negócio e o espetáculo futebolístico, onde de um lado está uma equipe de onze jogadores e do outro
  • 3. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 3 milhões de passivos torcedores. Enquanto isso, nossa infraestrutura para a prática esportiva e de lazer da população nas cercanias dos nossos lares, principalmente para nossas crianças e jovens, está entregue ao mais completo abandono e cresce a criminalidade e o uso das drogas com a falta de oportunidades. Mas o foco das políticas públicas continua a mesma e os recursos direcionados a quem berra mais. Foi só terminar a Copa no Brasil, que nossa Presidente Dilma já recebeu em reunião os representantes dos clubes sempre endividados e do movimento Bom Senso Futebol Clube. O primeiro grupo chorando e pedindo por seus débitos para com o Estado e o segundo, benesses para os atores do circo da bola. A SECA E A CRISE DO FUTEBOL BRASILEIRO As crises dos clubes de futebol e o problema reincidente das secas, embora as previsibilidade de ambas, sempre estão a precisar do apoio público. Uma tem origem nas condições climática que todo o ano assola os diversos Estados do país e a outra, a chamada “crise do futebol”, na falta de gestão dos clubes brasileiros, constituídos com foco nesta modalidade esportiva. Mas essa segunda crise que se apresenta, em verdade não é do esporte, mas dos clubes e do negócio futebolístico que permeia as suas existências; os quais utilizam-se do esporte como estratégia, forma de existência e crescimento; o que está no cerne dos problemas e da ineficácia de um sistema falido moralmente, enquanto privilegia o espetáculo esportivo e o seu público – os torcedores; enquanto procura manter a roda viva de gastos com a operacionalização do
  • 4. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 4 show, dos salários astronômicos pagos às estrelas e atores – os jogadores, treinadores e equipes técnicas; com as viagens e hospedagens e com o glamur para manter o circo funcionando com visibilidade; tudo garantido através de patrocinadores e da mídia que transmite o espetáculo e que lhes geram mais de 1/3 das suas rendas, impondo-lhes horários, mershandising e por vezes os próprios atores que participarão do espetáculo e estarão no palco. A reincidência da seca, decorrente das condições climáticas é bem mais previsível do que os destinos e os efeitos e resultados do circo da bola, do futebol-espetáculo dos clubes que não geram nada mais do que a falsa sensação de que o esporte é o foco e não os seus interesses; enquanto que os benefícios e os apoios públicos para atenuar os efeitos das secas, sempre são positivos e mitigam as agruras impostas. O movimento Bom Senso Futebol Clube, que pressiona o Governo Federal, propõe benesses aos partícipes e atores do circo da bola, enquanto que o efetivo bom senso, sugere uma mudança estrutural no futebol mundial e nas instituições corroídas pela falta de moral e pela corrupção comprovada no sistema, no sentido de priorizar o esporte e a prática desportiva, oferecendo-lhe as condições para que possa ser praticado. O esporte e a sua prática devem ser os novos focos; não os clubes, as entidades, os negócios periféricos e a sua manutenção. Os investimentos públicos e empresariais e o foco mediático podem, se redirecionados nesse sentido, serem determinantes para que o futebol ressurja com tudo que precisa para voltar a ter brilho, destaque e nova motivação no país.
  • 5. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 5 O INSANO FUTEBOL CLUBE O convencional e hierarquizado sistema FIFA de Federações, ligas, clubes; permeado pelo espírito das competições, tem incentivado o futebol empresarial, competitivo e mediático, mas não o futebol como prática desportiva; pois não tem oferecido as condições necessárias para que seja praticado em vez de assistido. Os negócios que permeiam a atividade esportiva não devem mais direcionar recursos exclusivamente para manter o espetáculo e essa falsa áurea que envolve o futebol e o torcedor passivo, mas sim para o fomento da prática desportiva fora dos clubes. Sem guiar-se por princípios e ética, tudo tem sido levado para o âmbito da disputa por títulos, competições e a uma aproximação do futebol com o litígio, como fica claro na nova nomenclatura imposta pela FIFA aos estádios brasileiros para a Copa, de ARENAs, que remete a época romana em que os partícipes disputavam na arena – como no Coliseu de Roma - pela vitória e até a morte ou das touradas espanholas, em que sempre deve ganhar o animal mais racional. A Copa do Mundo da FIFA deixa um legado, marcas e lições aos países sedes e, deixou também ao Brasil e para o futebol; do que pode ser replicado e do que deve ser evitado e mudado. A Copa está a indicar novos caminhos e necessários rumos para modalidade a nível mundial numa abordagem mais holística e lógica. A economia, o turismo e a visibilidade do país sede, sempre são vistos como pontos positivos destes grandes eventos; o que não quer dizer que outras áreas não tivessem sido prejudicadas, como foram. A inflação generalizada, a paralisação
  • 6. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 6 dos setores produtivos, os incômodos com as obras de mobilidade urbana para ligação dos aeroportos aos hotéis e destes às ARENAS; o alto custo e aceleração das obras e, a vergonhosa submissão de toda uma estrutura de governo que acomodou suas leis à Lei Geral da Copa. Uma campanha de baixa qualidade do futebol praticado pela nossa seleção, deixaram marcas e interrogações sobre validade dos investimentos e um descontentamento geral e paradoxal pela ausência e crise dos serviços públicos básicos, principalmente de saúde e segurança no país do futebol e comparativamente à excelência dos serviços, da infra e da superestrutura exigida e conquistada pela FIFA para a Copa. Mas, a voz calada dos jovens sem oportunidades, que não tiveram políticas públicas adequadas e que sequer podem praticar o esporte, receberam respostas e indicativos de caminhos para o futebol, vindos de fora; de países comprometidos com a formação, como o exemplo da Alemanha. Outros pontos positivos também foram trazidos pela ação da FIFA, que exigiu do Brasil e provou que, mesmo para o espetáculo futebolístico ocorrer, a infraestrutura interna e a superestrutura externa aos estádios – principalmente a esportiva - têm de existir e, assim estabeleceu – como sempre estabelece – as condições para um país que não se planeja - fazer obras de mobilidade urbana, nos estádios, aeroportos; melhorar e qualificar os seus meios de hospedagem e, também, para a estrutura da folia das FANFESTs para que ocorressem em todas as cidades sedes. Obrigou a nação a modernizar seus aeroportos, a sua rede hoteleira e plantou as 12 ARENAS. Fez o Brasil submeter-se a condições contrarias às suas próprias leis internas, a oferecer isenções de impostos absurdas; enquanto servia de palco
  • 7. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 7 para o maior espetáculo esportivo e mediático da Terra. O padrão FIFA de organização e a exigência de qualidade da infra e da superestrutura para o espetáculo futebolístico foi o grande legado e melhor exemplo deixado para o Brasil; ao mesmo nível do legado pela lição recebida da Alemanha, pela derrota sofrida de 7 a 1 nas quartas de final; que trouxe consigo o recado do necessário, constante e perene investimento na qualificação e na formação dos atletas; de incentivo à prática desportiva que ocorre como política de governo naquele país germânico e em outros países europeus e, que esse caminho e investimento foi confirmado pela vitória sobre o Brasil com esse vexaminoso placar e pela conquista da Copa do Mundo em 2014. A base dessa conquista foi a do investimento perene na prática desportiva e a base dessa prática é a disponibilidade da infraestrutura para o desenvolvimento esportivo; assim como o combustível, o acompanhamento e a orientação profissional. Grande e correta lição deixada pela Alemanha. Mas se compararmos as precárias condições, procedimentos e o descaso do Brasil com aqueles investimentos lógicos feitos na Alemanha, veremos que não mais talentos isolados e formados sem condições, sem uma estrutura adequada e sem orientação nos levarão a vitórias. Naquele país o esporte é priorizado e incentivado; no Brasil o espetáculo esportivo do “incongruente futebol clube” é que tem vez. Enquanto a Europa investe perto de 11% do seu PIB com programas e ações para os jovens e mantém o Fundo Europeu para a Juventude, o Brasil não mais do que 1%. Aqui, os recursos públicos para o futebol vão em quase a sua totalidade para o circo da bola, que tem como centro os clubes e os interesses empresariais. Não temos no país sequer
  • 8. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* espaços para a prática desportiva nas proximidades dos nossos lares; nossas crianças, jovens e toda a população continuam sem qualquer possibilidade e disponibilidade de campos, quadras, equipamentos e nossos potenciais e vocacionados atletas ficam abandonados à sua própria sorte, sem acompanhamento e nem orientação profissional. Hoje, o talento esportivo não nasce mais sem uma correta formação; sem uma adequada infraestrutura para a prática, sem orientação técnica e sem investimentos. Não despontam como dantes, jogadores oriundos dos bairros e favelas só pelo talento, sem um processo contínuo de formação integral,1 sem condições técnicas, equipamentos, orientação e preparação, conforme ficou comprovado pela seleção alemã na última copa; quando sua fórmula foi apresentada, de investimento perene, abrangente e difusos pelo país ao largo de 6 anos na formação das categorias de base e, o país, viu despontar naturalmente os talentos que foram tecnicamente preparados num ambiente adequado. Enquanto a seleção brasileira acreditava em seus talentos isolados e no seu famoso treinador, isso não nos garantiram as vitórias e nem a superação das outras filosofias de investimento na formação e preparação dos atletas das demais seleções. No Brasil, embora a sua tradição no futebol e em algumas modalidades como o vôlei, o basket, a natação; ainda não foi sedimentada a cultura do esporte, como um grande aliado na formação atlética, na profissionalização e na construção da cidadania, para que favoreça a incorporação de outros valores humanos para todos, enquanto oferece a oportunidade do desenvolvimento do potencial atlético - de maneira objetiva, gradual, coletiva e de uma nação que vê 1 Preparo psicológico, fundamentos do esporte praticado, senso de equipe, correta alimentação, dentre outros aspectos 8
  • 9. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 9 no esporte um aliado no processo de inclusão social “de fato e de direito”. A importância do esporte é percebido a nível público no Brasil, entretanto, as políticas e os investimentos estão vetorialmente erradas. São centralizadoras, direcionadas ao espetáculo mediático e não incentivam as iniciativas proativas locais, que ocorrem a nível das comunidades e da sociedade civil organizada; não ocupam e nem qualificam os equipamentos já existentes e não oferecem a orientação profissional necessária. Prova disso são os espaços públicos de esporte e lazer nas nossas cidades, que de norte a sul; de leste a oeste do país, as quais estão entregues ao desleixo e ao mais completo abandono, quando não ao ócio e à marginalidade. Embora o esporte e o lazer sejam direitos constitucionais e sociais, nossos governantes não tem minimamente oferecido essas garantias para a população. Os recursos públicos investidos no esporte são insignificantes, enquanto que a título de marketing esportivo para a promoção das empresas públicas são destinados a grande parte das verbas, que acabam alimentando os meios de comunicação de massa com uma falsa aura de que incentiva o esporte. Sinalização para a mudança existiram nas últimas duas gestões do Governo Federal, mas a efetividade não. O processo dito democrático das Conferências Nacionais do Esporte, aprovou em 2010, já na sua terceira edição, o Plano Decenal de Esporte e Lazer, com várias ações e metas, mas que ficaram no papel e no desperdício dos recursos públicos para esse processo, que envolveu nesta terceira edição 3.112 municípios brasileiros e 220 mil pessoas como delegados e representantes de entidades e, que de lá para cá, quase nada do que foi proposto foi posto em prática.2 2 O autor participou como Delegado eleito por Fortaleza da III CNE, quando defendeu e viu aprovada a sua proposta “do inventário completo da
  • 10. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 10 O INCONGRUENTE SISTEMA DO FUTEBOL No atual sistema em que os clubes dão o norte, além das benesses para aqueles raros atletas que estão ou que entrarão no reino dos céus; nenhuma alternativa existe para democratizar o esporte para a sociedade e para as nossas cidades, que se privam de espaços de esporte e lazer para a prática desportiva nas cercanias dos seus lares e para retirar os privilégios dos clubes que esponjam recursos públicos das loterias, empresas públicas e dos direitos de mídias para transmissão dos jogos, além dos valores que recebem advindos do comércio de jogadores. No pós Copa, os dirigentes dos principais clubes brasileiros conseguiram uma audiência e reuniram-se em Brasília com a Presidente Dilma Rousseff, para chorar suas mágoas e pedir por privilégios e benesses para seus débitos tributários para a continuidade do mesmo sistema do insano futebol clube. Na outra mão, estão as claras mensagens dos jovens brasileiros, direcionadas aos governantes em junho de 2013, durante a Copa das Confederações, quando eles saíram pacificamente às ruas, clamando por seus justos anseios e demandas de não só pão nem só circo; mas não lhes foi dada a devida atenção. Em 2014 os jovens de bons princípios e portadores das mensagens boas para o país não puderam se manifestar pois, foram colocados no mesmo saco dos black blocks, que foram contidos por uma estrutura de bloqueio de quaisquer manifestações por tanques e exércitos infraestrutura de esporte e lazer em todos os municípios brasileiros para fundamentar as políticas e a implantação dos equipamentos e atividades”. e é constante do PLANO DECENAL DE ESPORTE E LAZER do Governo Federal (Eixo 9, ação 5 e metas).Também propôs o PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS DE ESPORTE E LAZER e, desde 2010 em várias instâncias tentou sensibilizar gestores para a necessidade
  • 11. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 11 durante a Copa da FIFA em que o Brasil apareceu bem na foto do espetáculo, mas foi o maior fiasco no futebol, quando foi desbancado da sua tradição de protagonista desta modalidade esportiva. Os legítimos anseios daqueles jovens e da população brasileira que foi às ruas em 2013, não pode se manifestar da mesma forma em 2014 e durante a Copa, pois todas as suas pacíficas manifestações seriam contaminadas e confundidas com as ações e métodos dos black blocks, com suas rebeldes e terrorísticas ações e procedimentos. Além do que, todas as manifestações durante os jogos da Copa foram impedidos pelas forças de segurança comprometidas pelo Governo Federal com a FIFA. Mas, nas eleições para presidência, estes jovens de bons princípios reforçarão nas urnas as suas mensagens não ouvidas pelos governantes e o Brasil se surpreenderá com a sua pacífica e democrática força destinada tão somente a melhorar o país, contaminado pela corrupção e incompetentes para isso fazer. Neste contexto, o esporte e a sua prática podem contribuir de forma sistêmica para melhorar o cidadão e a sociedade, oferecendo um viés saudável e sustentável de evolução e de inclusão; num país que abunda em problemas de todas as ordens. OS VALORES INTRÍNSECOS DO ESPORTE3 A prática esportiva incorpora importantes valores humanos, educativos e culturais, pertinentes à formação do 3 Do texto O ESPORTE É PARA A PAZ, do autor. Versão 2006
  • 12. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 12 indivíduo; psicológicos e sociais, positivos na formação do caráter e da personalidade do indivíduo; de saúde e condicionamento físico; além de outros tão significativos e de de maior amplitude – universais, que contribuem para elevação do espírito humano, da fraternidade e para a promoção da paz. Enquanto praticamos o esporte, condicionamos o nosso corpo, a nossa mente e o nosso espírito também, buscando forças e harmonia para realizarmos a atividade e superarmos os nossos próprios limites; atendemos a regras e nos colocamos frente a frente com o inesperado, aceitamos os desafios da competição – do ganhar ou perder (mas sempre procurando apreender com ambos), buscamos essa superação dos limites (físicos e psicológicos), nos deparamos com descobertas – enquanto o praticamos e vivenciamos outras realidades - em outros lugares e com outras pessoas. Também nos condicionamos aos valores da solidariedade, da amizade, do companheirismo, enquanto participamos de equipes, de clubes, de competições e convivendo com pessoas e culturas diferentes durante longos períodos, em nome do esporte. O esporte é pedagógico, é uma forma de educação que trabalha corpo e a mente; ajuda no processo do crescimento individual, da descoberta, da superação e de conscientização do indivíduo, ajuda a fortalecer a identidade do desportista, enquanto mexe com a auto-estima (que é baixa no início do processo e quando o educando é oriundo de comunidades carentes e que vai do conflito à superação); ajuda a exercitar o protagonismo juvenil, enquanto faz o jovem ter atitudes e ser sujeito da construção da sua própria história. O esporte ajuda na formação da consciência social do desportista e pode orientar para a correta intervenção na sua
  • 13. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 13 realidade - da percepção à ação até a participação social - e influenciar positivamente a outros jovens e as demais forças da comunidade. Os eventos esportivos representam e são muito mais do que simples competições. Congregam pessoas, entidades, governos, comunidades para em nome do esporte, elevar o espírito humano, aproximar povos, confraternizar e fazer vivenciar momentos ímpares em que o homem, ele mesmo, só ou coletivamente, busca a superação, o equilíbrio, a perfeição - que nos ajudam enfim, a fazer uma aproximação da imagem e semelhança com que fomos criados. O jogo, a competição é o momento de colocar o corpo, a mente e o espírito numa conjugação de esforços pela vitória, o que traz em si a mensagem da superação e da elevação do homem a um estágio superior ao que ele era antes do evento. Para aquele que compete, entender o processo da formação atlética, do ato de jogar e da competição e, incorporar esses valores, será tão fundamental como são as regras que deve conhecer e se ater ou o equipamento necessário para a prática esportiva. Tudo isso deve ser compreendido por completo pelo atleta que compete e joga, a partir de uma bagagem que envolve um conjunto de elementos, dos quais fazem parte a sua formação atlética e as suas próprias experiências. Para o atleta com “A” maiúsculo, some-se a esse entendimento, o perfeito domínio técnico da modalidade esportiva a qual se dedica, o condicionamento físico adequado e constante, a educação e o preparo psicológico para a prática atlética, a sua participação social (na família, na escola, na igreja, com as amizades e com outros grupos sociais),
  • 14. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* some-se ainda, uma correta alimentação, o acompanhamento por profissionais das diversas áreas do conhecimento humano (educação física, psicologia, medicina, nutrição, fisioterapia – dentre outros) durante a sua evolução esportiva e nas respectivas fases do desenvolvimento humano. Estes é que são os pressupostos básicos do Atleta (com “A” maiúsculo) e para a correta prática da atividade atlética, o que podemos chamar de “formação atlética integral”. O atleta, para ser um verdadeiro Atleta, necessita desta “formação integral” (sem que seja esquecido nenhum destes elementos), a qual possa lhe oferecer estes componentes numa combinação e formulação específicas para cada modalidade esportiva e para que o esporte como atividade humana possa atingir os seus maiores benefícios e assim ajudar a mudar o mundo para melhor - para ser mais igualitário, mais ético, mais justo e numa linha indutora da paz. Estado, sociedade, entidades e indivíduos devem promover e oferecer a oportunidade da formação esportiva como uma atividade elementar e como parte dos princípios e dos componentes básicos da formação, do desenvolvimento humano e da inclusão social. O ESPORTE É PARA A PAZ4 O esporte é para a paz; assim foi protagonizada uma campanha da ONU, alardeada no início dos anos dessa nova era e para mostrar ao mundo a importância do esporte para a promoção humana, neste diapasão do desenvolvimento 4 Do texto O ESPORTE É PARA A PAZ, do autor. Versão 2006 14
  • 15. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 15 humano, da harmonia e da paz e do respeito aos povos.. O contemporâneo portador dessa mesma bandeira e, também, mártir Nelson Mandela, fez ecoar essa mensagem que perpassou orelhas e os cérebros dos desatentos governantes das nações que preferiram lutar por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU e captar grandes eventos esportivos, mas não se atentaram para a mensagem; sobre o potencial da prática do esporte para a promoção dos valores e para a evolução humana neste planeta que agoniza e sofre de exclusão, de violência, de fome, de uma voraz depredação e involução sob a égide da mais valia, da exploração e da insana forma de avançar pela concentração do poder econômico ou das armas e não pela sapiência – que seria a condição básica e diferencial dos humanos das demais espécies de seres vivos. Somos, enquanto humanos, apenas passageiros dessa maravilhosa experiência terrena, num ínfimo momento de uma vida, mas com possibilidades de registros e de exemplos a serem deixados – como aqueles sagrados desenhos dos nossos ancestrais nas cavernas, nas obras arquitetônicas, nas artes e nos objetos e, assim, hoje pelas mágicas possibilidades das redes, de bits, bytes e de comunicação global, em que um pensamento poder ser escrito no éter, atravessar ou permanecer nos cérebros e alimentar os neurônios dos viajantes dessa aventurosa nave Terra; que nos acolhe e mantém. Lineu nos colocou, enquanto humanos, numa condição de superioridade sobre as demais espécies e, mesmo assim, estamos deixando um deplorável exemplo ao universo e às improváveis gerações futuras; enquanto devastadores da esplêndida e mágica biodiversidade que nos foi delegada e, como pseudo inteligentes, pensantes, sábios; que
  • 16. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 16 paradoxalmente consumimos com o planeta, extinguimos a sua biodiversidade e conduzimos toda a humanidade ao seu irremediável fim. Nos armamos com instrumentos de morte e teimamos em avançar pelo litígio, pela dominação, exploração e subserviência de povos e nações pela força da economia e das armas e muito pouco pelo espírito de colaboração. Diversas atividades humanas nos impulsionam para a evolução e aproximação dos povos, como as das artes, das ciências, da educação, do turismo, da espiritualidade – dentre tantas outras e, o esporte, enquanto uma destas atividades, ainda é pouco praticado; tão somente por uma em cada três crianças e jovens no mundo e a grande maioria dos adultos não o pratica, mas só assiste na forma do esporte-espetáculo. Enquanto atividade e prática, o esporte pode trazer benefícios para a saúde, para o processo educativo, para a conquista da cidadania e inclusão, para melhorar o homem e o mundo; para união das nações e para a promoção da paz. Desde a criação dos jogos Olímpicos na Grécia, há mais de sete séculos antes de Cristo, a chama olímpica permanece viva e propõe a incorporação de valores individuais, sociais e universais ao esporte no caminho do crescimento humano e da solidariedade. É um momento planetário respeitado, no qual até os litígios e guerras sessam para a sua realização.
  • 17. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* DE ESTÁDIOS ÀS ARENAS; DOS CLUBES E TORCIDAS ÀS FRENTES DE BATALHAS - A que serve e no que se transformou o futebol no planeta ? - Vê-se hoje nas ARENAS (antes chamados de “estádios”, mas que estão sendo renomeados de “arenas” pela FIFA5) – de norte a sul, de leste a oeste do país - jovens torcendo, litigando pelos seus clubes, agredindo e matando seus adversários mas não vêem-se como dantes – no tradicional país do futebol – o jovem praticando esta modalidade ou outros esportes, pela ausência de espaços para tal e nas proximidade dos seus lares, pela falta de corretas políticas de incentivo para tal. O Brasil vem passando por uma crise ideológica e de representatividade; com problemas em diversas áreas e insatisfação generalizada, que tem origem em várias fontes. É um país que menos oportunidade dá aos seus jovens, que assim, encontram outros caminhos mais fáceis e convidativos como o do álcool, das drogas, da criminalidade e, também o também errado do vandalismo e da rebeldia. Mas foram os mesmos jovens, sem perspectivas, que saíram pacificamente às ruas em junho de 2013 passando a mensagem de insatisfação que não foi ou não quis ser entendida e, que depois foi abafada e confundida pelos movimentos radicais dos Black Blocks. De forma pacífica, num movimento que poder-se-ia intitular NEM SÓ PÃO, NEM SÓ CIRCO, pediam menos dinheiro 5 Melhor seria chamarmos como antes, de “Estádio”, pois “Arena” lembra o espaço do confronto, do litígio, da guerra – onde só há um vencedor - e não o da sadia competição. Sugere-se a retomada do termo “Estádio”, se queremos acabar com a violência nos esportes e entre torcidas. 17
  • 18. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 18 para a copa e mais investimentos em saúde, em educação; em segurança pública; uma perspectiva de futuro sustentável e, explicitaram um conjunto de indignações para com suas vidas sem perspectivas num país que vem abrindo suas portas para o trabalho estrangeiro sem dar a certeza aos nossos; que relega os espaços que seriam para a sua inclusão e para o exercício da cidadania – como os de esportes, de lazer e recreação; de cultura, de educação; mas não encontraram os canais e nem vêem investimentos para tal. Poucos entenderam a mensagem e os anseios continuam latentes e repercutirão nas urnas em 2014 e pela sabedoria, causará a dor naqueles surdos e insensíveis às suas mensagens. O esporte não é a solução, mas um dos caminhos saudáveis de inclusão e de oportunidades, que poderão vir de uma nova fórmula; mais ética e lógica a qual privilegie mais a prática do que o espetáculo; que atinja e contamine toda a população; todas as faixas etárias e de forma a atender o desenho universal e condições humanas diferenciadas. O começo de tudo estará nas políticas públicas assim pensadas e que não mais apóiem o atual viés que impõe a passividade de todos – enquanto deixa o cidadão apenas como torcedor-observador; mas em desenvolver programas e ações para promover a prática da atividade esportiva – se, o observador tornar-se o ator e quem efetivamente pratica o esporte.
  • 19. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* Fernando Zornitta, Ambientalista, Arquiteto e Urbanista, Especialista a nível de pós-graduação em Lazer e Recreação (Escola Superior de Educação Física da UFRGS) e em Turismo, curso de pós-graduação da Organização Mundial de Turismo/ONU-Governo Italiano/SIST-Roma. Cumpriu período presencial do no Curso de Doutorado em Planejamento Físico-espacial e Desenvolvimento Regional junto à Universidade de Barcelona (com foco no turismo e projeto de pesquisa na América Latina e Caribe). Participou de Estagio de Aperfeiçoamento em Planejamento Turístico na Universidade de Messina – Itália; concluiu o Curso de Técnico de Realização Audiovisual e desenvolve atividades como artista plástico e designer. Há 8 anos vem participando de diversas iniciativas, projetos e entidades de promoção dos direitos humanos, das pessoas com deficiência e de meio ambiente - Grupo de Trabalho de Planejamento da Acessibilidade e do Meio Ambiente no CREA-CE, do Fórum Permanente do Idoso e da Pessoa com Deficiência, no qual atualmente é um dos coordenadores; do Movimento Green Wave, da Apolo – Associação de Cinema e Vídeo. É co-fundador da UNISPORTS – Esportes, Lazer e Cidadania – dentre outros. E-mail: fzornitta@hotmail.com Referências e citações: ZORNITTA, Fernando. EL DEPORTE ES PARA LA PAZ. RED RECREACIÒN http://www.redcreacion.org/cgi-bin/sitestats.gif? p=http%3A%2F%2Fwww.redcreacion.org%2Frelareti%2Fdocumentos%2FDeporteParalaPaz.html / O ESPORTE É PARA A PAZ. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-esporte-para-a-paz-v2006 ZORNITTA, Fernando. PLANO DECENAL DO ESPORTE Eixo 9, ação 5 e metas. Proposta do autor aprovada na III Conferência Nacional do Esporte e incluída no Plano Decenal do Esporte do Governo Federal. Brasilia, 2010. ZORNITTA, Fernando. NEM SÓ PÃO, NEM SÓ CIRCO. Fortaleza, 2013. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/no-s-po-nem- s-circo-by-fernando-zornitta ZORNITTA, Fernando. ESPAÇOS SAGRADOS. Fortaleza, 2009/V.2013. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/espaos-sagrados- v2013 ZORNITTA, Fernando. “IMAGINE” - NO PAÍS DO FUTEBOL ! Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/immagine-copa- 2013 19
  • 20. BASTA FUTEBOL CLUBE Por Fernando Zornitta* 20 ZORNITTA, Fernando. O BRASIL NÃO EXISTE !!!” Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-brasil-no-existe-d ZORNITTA, Fernando. PLANO NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE ESPORTE E LAZER Ideograma. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/plano-nacional-de-qualificao-dos-equip-de-esp-e-lazer-p2 MINISTÉRIO DO ESPORTE. Carta de Brasília III Conferência Nacional do Esporte. Em http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/carta-brasilia-24495700 MINISTÉRIO DO ESPORTE. Plenária linha 9 da Infraestrutura na III Conferência Nacional do Esporte. Em http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/plenaria-linha9 ZORNITTA, Fernando. O TURISMO NA PERSPECTIVA DA SUSTENTABILIDADE. Fortaleza, 2010. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/o-turismo-na-perspectiva-da-sustententabilidade-24494459 ZORNITTA, Fernando. TURISMO E DESAFIO DA SUSTENTABILIDADE NO BRASIL. Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/turismo-e-desafio-da-sustentabilidade-no-brasil-4 ZORNITTA, Fernando. Cidade Acessível; em Busca dos Caminhos da Urbanidade e do Direito Universal. Em http://pt.slideshare.net/fernandozornitta/cidade-acessvel-fernando-zornitta ZORNITTA, Fernando. CIDADE ACESSÍVEL: EM BUSCA DOS CAMINHOS DA URBANIDADE E DO DIREITO UNIVERSAL. Revista CIDADE. Instituto da Cidade, n.1, p.22–28. Fortaleza, 2011. ZORNITTA, Fernando et ZORNITTA, Luciano Luca. + DIREITOS, + DIGNIDADE, + URBANIDADE, + ACESSIBILIDADE: CALÇADAS ACESSIVEIS (publicado em livro, revista e sites de forma resumida. Aborda a questão da acessibilidade arquitetônica e urbanística e aponta com programas públicos para a mudança de postura da sociedade em função da eliminação de barreiras e promoção da acessibilidade) Em http://www.slideshare.net/fernandozornitta/artigo-caladas-zornitta-vfinal