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Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos

                           Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a
                           testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 Co-
                           nheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio
                           ou quente! 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou
                           a ponto de vomitar-te da minha boca; 17 pois dizes: Estou rico e abas-
                           tado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim,
                           miserável, pobre, cego e nu. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro
                           refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te ves-
                           tires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colí-
                           rio para ungires os olhos, a fim de que vejas. 19 Eu repreendo e disci-
                           plino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20 Eis que estou à
                           porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em
                           sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sen-
                           tar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei
                           com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espíri-
                           to diz às igrejas.1

   A igreja de Laodicéia merece de nossa parte, Cristãos de hoje, um estudo es-
pecial realizado com muito carinho e atenção. Não que ela tenha sido melhor do
que as outras, pelo contrário, ela foi a única à qual o Senhor como o autor espiri-
tual do Apocalipse não teceu nenhum elogio. Esta comunidade só recebeu por
parte dele, nestas cartas materializadas pelo apóstolo João, reprimendas; apesar
Dele o fazer com muito amor é o que se destaca de Suas observações.
   É que alguns estudiosos viram nestas sete comunidades escolhidas para sim-
bolizar a totalidade do cristianismo, sete fases distintas da Igreja cristã, em que
Laodicéia sendo a última representa a que se manifestaria no fim dos tempos,
isto é, nos dias atuais da grande transição planetária.
  Portanto, nós somos Laodicéia hoje, e se a observação para todas as sete de-
vem ser por nós ponderadas e avaliadas com muita atenção, muito mais esta.
   Etimologicamente Laodicéia significa “justiça do povo” ou “julgamento do
povo”, o que expressa bem o juízo consciencial que é realizado por cada um nos
dias finais de qualquer fase da vida, e muito mais num sentido geral nestes úl-
timos dias de um ciclo evolutivo e de transição global.
   Todavia alguns, apesar de minoria, leem também no nome desta cidade “o
povo que julga”, e aí começam as complicações; é quando entendemos que de-
vemos tomar a direção do processo evolutivo de alguém ou de uma situação no
lugar de Deus realizando o que só a Ele cabe. Neste passo pensamos estar acima
do bem e do mal podendo legislar com segurança. Há de termos cuidado, pois
podemos fazer aí uma analogia com a situação de Adão e Eva que resolveram
contra as determinações divinas se alimentarem do fruto da ciência do bem e do


  1   Apocalipse, 3: 14 a 22
2       Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


    mal e se desviaram do caminho. Neste instante em que desejamos fazer a nossa
    vontade e não a de Deus corremos o perigo de novas quedas.
       A cidade recebeu este nome em substituição a Dióspolis que era o nome an-
    terior, que significava “cidade de Deus” em homenagem a Zeus e Júpiter prin-
    cipais divindades locais; Laodicéia homenageia a Laodice, esposa de Antíoco II
    Theos e mãe de Seleuco II, da dinastia dos reis selêucidas da Síria que, então,
    dominava o povo àquele tempo.2
       Segundo o professor Rodrigo Silva o nome não foi a princípio bem aceito, já
    que a esposa do rei não era bem conceituada entre a população e também por-
    que isto podia levar ao abandono das divindades em favor da figura Antíoco II
    Theos, o novo rei, em cujo nome existia um trocadilho que tanto podia signifi-
    car "o opositor de Deus" quanto "o deus opositor".
      Seja como for o nome que a referenciava como “metrópole de Laodice” foi o
    que permaneceu, priorizando os interesses do mundo em relação às questões
    espirituais.
       Justificando assim esta nova realidade, na cidade foram feitas construções de
    grande porte com arquitetura refinada e com a nova administração a cidade se
    tornou rica e próspera.
       Laodicéia situava-se na Frígia numa montanha que dava para um vale fértil,
    nas proximidades do rio Lico o que a colocava em uma situação privilegiada. O
    local era servido por um cruzamento de estradas importantes o que fazia desta
    cidade um destaque como rota comercial. Era como se ela fosse uma alfândega
    que cobrava impostos pelas mercadorias transitadas no local. Como parte des-
    tes impostos ficava em seu próprio caixa, ela podia investi-los e continuar cres-
    cendo economicamente. Desta forma tornou-se a mais rica metrópole da região,
    possuindo um importante centro bancário especializado em câmbios de ouro e
    moedas estrangeiras.
       Outro destaque da cidade era que nela se situava uma das maiores escolas de
    medicina do mundo antigo. Sua fama se dava pela cura de olhos realizadas no
    local a partir de um colírio à base de alume ou sulfato que existia na região. O
    que fazia que ela fosse visitada por pessoas de todo império para tratar com
    seus médicos.
       Ainda sob o ponto de vista econômico ela obtinha excelente renda como cen-
    tro têxtil que era por produzir e exportar tecidos finos principalmente à base de
    uma lã obtida a partir da criação de um raro carneiro negro.
      O autor do Apocalipse contrasta esta prosperidade material com sua pobreza
    espiritual. Apesar do centro bancário, da medicina que curava olhos e de sua




        2 Para alguns dados históricos me vali do Artigo do professor e pastor adventista Rodrigo P.

    Silva “Testemunho Fiel e Verdadeiro” citado em nosso bibliografia.
Cláudio Fajardo      3


importante indústria têxtil ele diz que seu povo era infeliz justamente por ser
miserável, pobre, cego e nu3.
   Tinha ainda a cidade representante de nossa comunidade cristã atual, muitos
chafarizes a ornamentá-la, eram lindas obras de arte que faziam parte de seu
conjunto arquitetônico bem ao estilo greco-romano; porém qualquer pessoa que
menos avisada fosse beber sua água se surpreendia com seu gosto ruim. Pode-
ríamos compará-las com aquela classe de pessoas a que se refere o Mestre como
belas por fora e podres em sua essência?
   É que como foi dito anteriormente, por ser rica em sulfato do qual se fabrica-
va o colírio bom para as vistas, este mesmo produto contaminava seus lençóis
freáticos tornando a água de suas fontes salobra. E por ser também uma região
vulcânica estas mesmas águas eram aquecidas tornando-se mornas e inapropri-
adas ao consumo.
  Estaria aí a fonte da clássica observação do Enviado Celeste fazendo uma a-
nalogia com a conduta repreensível da comunidade local de que ela não era
nem fria e nem quente, e que sendo morna seria vomitada de Sua boca?
   Analisemos todas estas informações e outras que possam surgir conjuguemo-
las com nossa situação atual quando nos dizemos trabalhadores de Cristo, e
busquemos nas orientações dadas pelo Messias a esta comunidade pontos de
reflexão indutores de mudança e transformação moral para todos nós.
  Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a
testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
   Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém; amém é
uma palavra que se tornou universal, ela foi transliterada diretamente do he-
braico para o grego do Novo Testamento, e então para o latim, o inglês, e mui-
tas outras línguas, inclusive o português.
   Seu significado é “firme” “em verdade”, “verdadeiramente”, “assim seja”.
No inicio de uma afirmação quer dizer “em verdade”, “verdadeiramente”; Je-
sus a usou deste modo várias vezes. No fim pode ser entendida como “assim
seja”, “que assim seja feito”. Metaforicamente pode significar fiel.
   Ao se denominar o Amém, o autor do Apocalipse dá a si a qualidade de Fiel
integralmente, de Verdade; aquele que tem Autoridade total em nosso planeta.
   Sendo a Palavra de Deus o Seu Amor irradiado, o Cristo é o Verbo, isto é o
Amor de Deus operacionalizado, daí poder dizer ser a Verdade, o Amém. Desta
Sua unificação plena com o Criador em termos de vivência dimana a Sua Auto-
ridade para revelar-Se deste modo.
  …a testemunha fiel e verdadeira; esta expressão vem dizer do por que ser Ele
o Amém; é basicamente o que dissemos linhas atrás. Ele tem o “testemunho
verdadeiro” de Deus e “vive” a Sua vontade. Ele é o agente dela.


  3   Apocalipse, 3: 17
4         Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


      Podemos entender isto como altamente consolador, pois na medida em que
    também vivermos a verdade do Evangelho revelado por Jesus, seremos teste-
    munhas fiéis do Cristo e assim também de Deus.
       …o princípio da criação de Deus; cremos ser esta uma das mais difíceis reve-
    lações deste Apocalipse e de todo o Evangelho. Entender a condição de Cristo
    como o principio da criação de Deus, sem ser o próprio Deus tem sido um grande
    desafio para nossa mente ainda infantil.
       Princípio, em grego temos arche que quer dizer começo, origem; pode ser en-
    tendida como “a primeira pessoa ou coisa de uma série” ou a “causa ativa”4, daí
    termos confundido esta “causa” como se fosse o próprio Criador de todas as
    coisas.
      Todavia, hoje, com o amadurecimento espiritual e as revelações trazidas pela
    Doutrina Espírita não é difícil entendermos esta identificação de Jesus-Cristo
    com a Sabedoria, a Palavra Criadora, a Perfeição do início; como sendo Ele o
    Verbo do Princípio, pois como dissemos Ele é o Amor de Deus operacionaliza-
    do.
       Em tese podemos dizer que a Criação de Deus não teve princípio, visto que
    tendo Ele existido desde sempre, e não podemos imaginá-Lo ocioso, Ele há de
    ter Criado sempre, pela eternidade.
      Veja que dissemos “em tese”, pois de algum modo a Criação iniciou um dia,
    pois se assim não fosse poderíamos pensar que ela é como Deus, incriada, o que
    não é verdade.
       Tal dificuldade de entendimento está em nossa imaturidade espiritual que
    não consegue dissociar a ação de Deus da dimensão “tempo” a que estamos
    vinculados. Faz-se preciso compreender que Deus sendo o autor dela, Lhe é
    anterior, portanto, iniciou a Criação antes do tempo existir. Em realidade para
    Ele é como se o tempo não existisse, pois em Deus o tempo não passa, ele é. Tu-
    do é um eterno presente.
                               Para Deus, o passado e o futuro são o presente.5
       Sendo assim, quando dizemos a palavra princípio já estamos nos referindo à
    existência de tempo, é, portanto, algo que sucedeu depois do que podemos
    chamar de Criação Original que é Perfeita por ser Deus Perfeito, Espiritual por
    ser Deus Espírito, e Atemporal por não estar sujeito o Criador a tempo.
       Deste modo, o vocábulo princípio é entendido por cada um de acordo com o
    seu estágio evolutivo. Para uns o princípio de sua vida é quando nasce, ou seja,
    quando é parido. Para outros a sua vida é anterior já que ele crê na preexistên-
    cia da alma. Existem os que pensam que a alma foi criada por Deus na raça hu-
    mana e outros que veem sua origem no princípio inteligente que vive nos reinos


      4   (Dicionário Bíblico Strong 2002)
      5   KARDEC, Allan. A Gênese, 26ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1984; frontispício.
Cláudio Fajardo      5


inferiores da criação. Donde concluímos que o entendimento do que seja princí-
pio é algo relativo ao nível de compreensão de cada um.
   Cristo é assim para nós a identificação com esta Perfeição Espiritual da Ori-
gem. Jesus tornou-se um Cristo, daí podermos reconhecê-Lo princípio da Criação
de Deus.
  15
    Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera
fosses frio ou quente!
  Conheço as tuas obras; observação feita a todas as comunidades e que po-
demos entender servir a todos nós. O Cristo conhece nossa conduta.
   …que nem és frio nem quente; Jesus, como em outra vezes é mostrado em seu
Evangelho, usa um fato conhecido de todos para ensinamentos profundos na
esfera do espírito.
  Como relatado na introdução ao estudo desta carta, as águas das fontes de
Laodicéia eram mornas e não apropriadas ao consumo. Os leitores originais
desta Revelação sabiam disto e mais facilmente podiam aplicar o ensinamento
em suas vidas.
   Jesus diz deste modo de uma característica da comunidade laodicena e que
se aplica a todos nós. Muitas vezes não nos posicionando devidamente não so-
mos nem uma coisa nem outra, não podendo ser considerados.
   Segundo o professor Rodrigo Silva em artigo já citado nestes nossos comen-
tários, existem dois tipos de “ateus”, os que negam sistematicamente a existên-
cia de Deus é um deles, e o outro, são aqueles que dizendo acreditarem vivem
como se Ele não existisse.
   No linguajar do Apocalipse, estes últimos não são nem frios nem quentes, pois
têm um dos defeitos mais condenados por Jesus, o da incoerência entre o que
dizem e que fazem; estes são tidos como hipócritas, ou quando muito, ficam em
cima do muro, não sabem para onde irem, se atendem ao convite do mundo ou
do Espírito em busca das realizações necessárias.
  Quem dera fosses frio ou quente! Esta é a necessidade, dizer ao que viemos,
quem somos.
   Muitas vezes não nos posicionamos por medo de errarmos e termos que so-
frer pela má escolha já que a Lei de Causa e Efeito está implícita em nossa cons-
ciência. Entretanto, é preciso compreender que em termos espirituais não fazer
opção é errar e tomar o caminho indevido, na vida não há espaço para negli-
gência, e nem para indecisões, ela cobra caro, se assim pudéssemos nos expres-
sar, por este tipo de desacerto.
   Temos visto nas experiências do dia a dia e as obras mediúnicas têm nos
mostrado isto, que em muitas ocasiões criaturas que cometem grandes dispara-
tes são redimidas muito mais rapidamente de suas imprudências do que outras
portadoras de enganos menores, mas que nunca se dispõem a pagar o preço da
decisão e da correção de rota.
6       Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


       Talvez um dos exemplos mais clássicos da história seja o de Judas, o que en-
    tregou Jesus. Ele é sistematicamente condenado pelo erro que alguns acham ser
    o maior possível de ser cometido. Não foi morno, fez a sua opção. Entretanto,
    pelo que sabemos através de obras espíritas em que se podem confiar, ele rece-
    beu o amparo do próprio Cristo após a crucificação, e hoje, tendo pago seu pre-
    ço, pelo que sabemos, é um Espírito redimido.
      E nós, que traímos o Mestre todos os dias e nunca assumimos nossa postura,
    por isto mornos, a que distância estamos deste Espírito, discípulo do Senhor?
      16
       Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de
    vomitar-te da minha boca…
       Diz uma amiga de quem carinhosamente sempre nos lembramos, que ao pe-
    dir ajuda a alguém para um serviço útil devemos avaliar; se este alguém tem
    muito tempo disponível não é este provavelmente que vai nos socorrer, peça-
    mos assim, o auxílio para quem tendo muito trabalho não tem tempo. Este por
    estar mais ajustado à necessidade de servir, criará condições e seguramente nos
    ajudará com maior eficiência.
       São sábios pequenos exemplos do que também nos ensinou Jesus. Ele jamais
    convocou alguém para o Seu ministério que estivesse ocioso ou fazendo mal
    feito. Estes têm a mesma oportunidade de todos, todavia fazem-se mornos por
    não atenderem ao convite da consciência que os dirige sempre para a colabora-
    ção efetiva em prol do Bem realizado e bem feito.
       Não são nem quentes, nem frios; são elementos com quem não podemos con-
    tar. Água lodosa, instrumento enferrujado, violinos sem cordas…
       Deus nos criou para sermos “ajudadores” e todas as vezes que assim não nos
    fazemos somos considerados pela vida como mornos, nem quentes e nem frios.
       Imaginemos alguém sedento que menos avisado chegasse a uma destas fon-
    tes de Laodicéia para tomar de sua água buscando saciar sua sede. Ao ingeri-la
    e senti-la morna e salobra seguramente teria tendência ao vômito.
       É o que Aquele que é o Amém está a dizer, o discípulo desajustado aos seus
    objetivos maiores, entre eles o de servir ao Seu Senhor que deve ser sempre
    Deus, é como o sal que não salga ou que está na proporção inadequada no pro-
    duto errado. Uma água para saciar quem tem sede não pode ter o sabor conta-
    minado por produtos estranhos, nem muito menos ser morna, isto é estar na
    temperatura inadequada. Mesmo que não seja com a função de aliviar a sede, se
    ela pelo menos estiver quente pode atender a outros objetivos.
        Daí tiramos signifcativa lição, se estivermos “quentes” no serviço cristão, isto
    é, integrado a ele de corpo e alma, estaremos bem e cumprindo nosso desidera-
    to. Se “frios” em relação a este objetivo, ou seja, até mesmo agindo em sentido
    contrário a este, talvez seja preferível, a vida tem os seus recursos para dar uti-
    lidade ao aço mais duro. Oxalá fôssemos sistematicamente frios, assim, até
    mesmo por saturação, talvez estivéssemos mais próximos de receber o calor de
    Deus, de sermos aquecido por ele, e deste modo nos fazermos úteis. Porém ao
Cláudio Fajardo      7


morno é difícil mesmo até de ajudá-lo, ele não se manifesta, não sabemos em que
faixa de sintonia está, o que deseja; está inapropriado para atender ao chamado
do Alto.
   E aqui é preciso mais uma vez repetir. A Vida em seu aspecto superior e
proposta educativa não contabiliza perdas; ela não se coaduna com a inutilida-
de, e o que não se faz útil é preciso ser descartado. Na linguagem do Evangelis-
ta Espiritual vomitada de sua boca que por ser instrumento da Palavra de
Deus, não pode se utilizar de elementos que dificultem seu entendimento àque-
les ajustados ao Bem.
   Ser vomitado pelo Cristo pode significar um desajuste, que mesmo temporá-
rio, pode ser longo em dores e intenso em sofrimentos. Nós sabemos o quanto
isto tem nos custado, ajustemo-nos, portanto. Sejamos quentes se assim for pre-
ciso ou frios se mais úteis nos fizermos deste modo, de acordo com a necessida-
de.
  17
   …pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e
nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
  Pois dizes; neste passo precisamos compreender que o que dizemos nem
sempre é a verdade, aliás, poucas vezes é por estarmos ainda dissociados dela.
  Assim, é necessário avaliar o que temos dito através dos sentimentos que se
materializam em nossa própria conduta.
  Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma; se compreendêssemos o
verbo com que inicia esta oração nossa atitude já seria diferente.
   “Estar” diz de algo temporário, a vida em nosso mundo ainda sujeito às leis
materiais é transitória em tudo, e como estamos hoje poderemos não mais estar
amanhã. E se mesmo do nosso acanhado ponto de vista não estamos necessi-
tando de coisa alguma, tenhamos cautela, dia virá em que a realidade poderá e
deverá mudar.
   Rico e abastado diz de uma condição em que nos supomos senhores de todas
as coisas. Aqui o foco é material e Jesus como sempre busca na vida conhecida
de seus educandos ensinamentos que transcendem a realidade ilusória.
  Como foi dito Laodicéia era uma cidade próspera e invejada em sua riqueza.
   No ano 60 d. C. a cidade sofreu o pior terremoto de sua história, ela sim-
plesmente recusou qualquer ajuda do império romano na figura de seu impera-
dor por achar que isto seria uma humilhação para seus ricos habitantes. Quanto
orgulho!
  É provável que esta frase captada pelo médium de Patmos tenha sido real-
mente dita a Nero:
  Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma.
   Quando nos achamos nesta condição, autossuficiente, talvez seja o ponto em
que nos manifestamos maior distância de Deus, provavelmente seja este o mo-
tivo do alerta de nosso Sábio Rabi:
8         Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


                           Quão dificilmente os que possuem riquezas entrarão no Reino de
                           Deus.6
      Saber ser dependente do Criador é conquista do Espírito imortal.
       …e nem sabes; esta expressão está intimamente ligada à com que o autor ini-
    cia o versículo: pois dizes.
       Define para todos nós quão grande são as nossas ignorância e inconsciência.
    Dizemos do que não sabemos, manifestamo-nos como efetivamente não somos.
    Vivemos em um universo de ilusão, onde ter nem sempre é o que dá destaque,
    o interessante nele é demonstrar, ou fazer os outros pensar, que temos. E aquilo
    que mais valorizamos não é o que efetivamente temos como conquista, mas o
    que detemos: como riquezas materiais, beleza, poder, etc..
      Tudo isto não passa de instrumento didático com que o Pai busca ensinar-
    nos a necessidade de retomarmos nossa Consciência, e quanto mais desconhe-
    cemos esta realidade mais nos aprofundamos na não ciência das coisas que ver-
    dadeiramente são.
      …que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aqui nosso autor contra-
    põe a ilusão material de seus primeiros destinatários com a realidade espiritual
    deles.
       Tu és infeliz, pois impossível ser feliz sem Deus e baseado naquilo, ou em po-
    sições, que detemos no campo da transitoriedade.
       Jesus não veio até nós para ensinar-nos a viver na esfera material, e sim para
    fazer crescer o “homem espiritual” que somos. O ambiente planetário em que
    nos movimentamos é o antípoda do Reino Eterno que iremos alcançar um dia.
    Deste modo o que é infelicidade aqui é a antecâmara do verdadeiro gozo do
    Espírito, e quando dizemos ser feliz pela prosperidade mundana é infeliz que
    somos.
      …sim, é o advérbio exprimindo ser verdade o que estar a dizer Aquele que
    tem o “Testemunho Verdadeiro”.
       Miserável, pobre…; “miserável” é o que é muito pobre, paupérrimo. O que es-
    tá nesta condição está abaixo da linha da pobreza; o primeiro adjetivo reforça o
    segundo, estas expressões fortes são comuns em Jesus como forma de fixar o
    ensinamento e dele não esquecermos jamais.
      O que está sendo revelado é a miserabilidade espiritual da população laodi-
    cena, e por ser esta a raiz de todos os outros males ela foi mais claramente ex-
    pressa.
       Importante, entretanto, notar que a raiz da palavra miserável é a mesma de
    “misericórdia” e este é o ponto fundamental da mensagem de Jesus, os miserá-
    veis são os que mais necessitam de misericórdia e o Mestre Nazareno nos sur-
    preende a todo instante nos mostrando que foi para estes que Ele veio, como


      6   Marcos, 10: 23
Cláudio Fajardo      9


vamos notar no próprio amor expresso por Ele nesta carta cheia de reprimen-
das, mas acima de tudo repleta de carinho.
  …cego e nu. É definitivamente linda a didática do Evangelho. O contraponto
aqui vem acentuar nossa necessidade de buscar o que é eterno.
   A cidade de Laodicéia se destacava através de uma medicina oftalmológica,
entretanto o Mestre os define como cegos. Vemos nisto a prioridade que deve-
mos dar ao sentido espiritual da vida, um cego não pode guiar outro cego,
quanto mais curá-lo. Assim, o texto está a nos dizer que o que importa não são
as curas realizadas a bem do corpo, mas as que definitivamente atendem as ne-
cessidades da alma.
   Poucos compreenderam a sutileza das curas realizadas pelo Senhor; o Jesus
terapeuta quis mostrar que o mais importante era o Jesus Educador, Mestre em
Espiritualidade.
  Só através da cura das chagas morais nos veremos definitivamente livre das
enfermidades físicas, e isto só se consuma através da Educação do Espírito para
Deus.
  O adjetivo nu tem a mesma função, mostrar que a comunidade aqui destaca-
da não estava pronta para o banquete celestial, não tinha as “vestes nupciais”
apesar de se destacar pela fabricação e exportação de tecidos finos e ser grande
também na produção têxtil.
  18
     Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te
enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja
manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim
de que vejas.
  Aconselho-te; em nosso mundo não damos muita importância ao conselho de
outras pessoas. Tem-se até um ditado popular que diz que “se conselho fosse
bom ninguém dava, vendia”.
   Tal afirmativa faz parte da ignorância de nossos tempos. Talvez porque nele
reine de tal forma a hipocrisia que aquele que aconselha quase nunca vive o que
ensina.
   Todavia, aqui é melhor considerarmos com atenção este conselho, pois quem
o dá é o “Verbo do Princípio”, Aquele que tem total Autoridade dada pelo Pai
que O enviou devido à Perfeição alcançada por Ele através da vivência plena da
Lei Maior.
  …que de mim compres; ao dizer desta forma o autor espiritual ensina-nos
que a conquista autêntica é só aquela realizada nos moldes de Seu exemplo.
   Não temos notícia dos mundos em que Ele fez Sua evolução para fazer a
comparação, isto remonta bilhões de anos e provavelmente muitos deles nem
existam mais fisicamente, e se algum ainda existir nossa evolução espiritual não
permite o acesso a eles.
   Assim temos de valer do testemunho que deu quando encarnado no princí-
pio de nossa era cristã.
10         Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


        Da manjedoura à cruz o que vimos foi Sua conduta de humildade, sacrifício e
     amor, tudo fazendo pelos outros e não usando nada de sua Autoridade espiri-
     tual em favor de Si mesmo.
        A expressão, portanto, de mim compres, nos fala de adquirir valores imitando
     o que Ele fez.
       …ouro refinado pelo fogo; o ouro tem sido eternamente o símbolo de algo de
     muito valor e preciosidade.
        O ouro do mundo pode nos ser roubado, e mesmo se não for, em algum mo-
     mento de nossa existência temos de deixá-lo e devolvê-lo à própria vida. Pois
     ele mesmo que legítimo é empréstimo ofertado por Aquele que tudo possui.
     Jesus nos ensina assim a conquistar os valores que não podem nos ser tirados
     jamais, aqueles que a traça nem ferrugem corrói, e que os ladrões não escavam, nem
     roubam7;
        A vida atual é muito breve é altamente incoerente lutarmos tanto por suas
     conquistas se elas não estiverem em harmonia com o Código de Leis Morais
     que regem o desenvolvimento do Universo.
        Priorizamos algo que vamos ter que deixar em detrimento das conquistas
     imperecíveis que serão definitivamente nossas. Se pensarmos bem sobre este
     disparate que cometemos vamos rapidamente compreender que não passamos
     de “deficientes mentais” mesmo que bem intencionados.
        Destarte, o que está em foco aqui são as conquistas do Espírito que são as
     mais preciosas, por não nos serem tiradas nem pelo tempo, nem por ninguém.
     Tratam-se das virtudes implementadas na própria alma como aquisição defini-
     tiva. Isso é o que tem mais valor para todos nós devido ao caráter de eternidade
     delas. Este é o ouro a ser comprado.
       Refinado pelo fogo, ao que tudo indica trata-se de um hebraísmo, pois refinado
     ou “provado” como em outras versões, traduz o grego puroo que quer dizer
     queimar com fogo, fundido pelo fogo e queimado de escórias; e fogo traduz pur
     que é uma palavra raiz que quer dizer “fogo”. Portanto, temos literalmente,
     “queimado com fogo pelo fogo” nos dando a ideia de purificado, sem escórias,
     por um processo de queima do que é inútil e desprezível.
        Aplicando esta fórmula à nossa proposta de evolução espiritual, temos o ca-
     dinho das lutas do dia a dia, o “bom combate”, queimando as nossas imperfei-
     ções e purificando-nos. É este o processo de conquista de valores aconselhado
     por Aquele que sabe por já ter passado pelo mesmo caminho, tendo assim Au-
     toridade suficiente para ensinar.
        Portanto, cabe a cada um aceitar ou não o conselho. O que é grandemente
     consolador é que a queima das imperfeições que é altamente dolorosa, só dura-
     rá enquanto houver combustível que a alimente; combustível este que são as



       7   Mateus, 6: 20
Cláudio Fajardo      11


próprias deficiências nossas a serem vencidas. Extintas estas teremos “ouro” em
seu maior grau de pureza como conquista do Espírito imortal.
   …para te enriqueceres; trata-se do enriquecimento legítimo, da individuali-
dade, a aquisição da moeda que dá direito ao acesso a Deus e aos dons celesti-
ais.
  É a prodigalidade dos valores morais.
   …vestiduras brancas para te vestires, já comentamos sobre as vestiduras co-
mo símbolo referindo à realidade profunda do Espírito8, as conquistas da virtu-
de, a roupagem da alma para se apresentar nos mundos superiores. Brancas
simbolizando pureza e o poder dado por ela, mas também alegria da vitória9,
pois este é sentimento com que temos de passar quando de nossas provações.
Alegria que expressa o entendimento do processo e que define nossa imersão
nele de forma consciente. É a purificação que se dá com dor, todavia com rego-
zijo da alma.
   …a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez; vergonha é um
sentimento de desonra oriundo de termos sido descobertos em alguma inferio-
ridade ou fraqueza.
   Há em nós questões íntimas e pessoais que não revelamos nem aos nossos
corações mais próximos e queridos. Faz parte de nossa privacidade e nem é er-
rado que assim seja. Todavia nossa psicologia infantil faz com que escondamos
situações morais indesejáveis que mais cedo ou mais tarde serão manifestas.
   No plano do Espírito não existe esta privacidade, expressamos o que somos
através de nosso “hálito mental”; não que os Espíritos nos investiguem sistema-
ticamente, mas somos nós que nos apresentamos diante deles num grau tal de
transparência que nos aterroriza. Talvez esteja aí uma das fontes do medo in-
consciente da morte, pois segundo nos informam nossos orientadores espiritu-
ais, diante dela nos apresentaremos em nossa completa nudez.
  Sentir ou não vergonha será consequência dos valores cultivados e das con-
quistas realizadas.
   Deste modo, de nada valerá se tivermos tido vestimenta nobre neste mundo,
ou mesmo sido grandes industriais da área têxtil. A tua nudez será da alma e é
bom que neste momento sejamos portadores de virtudes nobres que venham
revelar nossa intimidade superior em termos de conquistas morais. Pois esta
beleza sim, não devemos esconder, mas mostrar a todos, fruto de nosso pro-
gresso espiritual.
  …e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Já foi dito e repetido so-
bre a fabricação em Laodicéia de um colírio com capacidade de curar os olhos.
Àquele tempo era um pó especialíssimo com esta capacidade. Todavia, curava
somente os olhos físicos que não enxergam a realidade do Espírito.

  8   Cf. comentários de Apocalipse, 3: 4 e 5
  9   Apocalipse, 2: 17
12          Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


        O Médico dos médicos, por trazer-nos o remédio para a alma, age diferente,
     transforma o nosso sentimento nos capacitando assim para estarmos na Presen-
     ça de Deus sem nenhuma imperfeição ou enfermidade. Tal realidade abre-nos
     todas as possibilidades inclusive a de enxergar perfeitamente o que os olhos
     não veem, que como narrou um literato, é o essencial.
        A “unção” era uma cerimônia de consagração, assim podemos entender que
     ungir os olhos é dar a eles um caráter sagrado, o que se dá quando passamos a
     usá-los de forma nobre, jamais enxergando o que traz prejuízo ao nosso Ser mo-
     ral.
        Em essência, enxergamos o que desejamos, só o Cristo interior trabalhado
     nas oficinas do serviço nobre transforma o nosso desejo a ponto de refletirmos o
     que é superior em todos os momentos. A mente é o espelho da alma10 já disse nosso
     orientador espiritual. Ela é assim, a sede de nossos desejos. Trabalhemos por
     construir um Ser renovado em Cristo para ungirmos os olhos a fim de que vejam.
       19
         Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arre-
     pende-te.
       Esta é sem dúvida uma das afirmativas mais bonitas de todo Apocalipse, se-
     não, de todo Novo Testamento: Eu repreendo e disciplino a quantos amo.
       Esta afirmação clara de Jesus vem confirmar o quanto Ele ama esta comuni-
     dade assim como a todos nós independente de nossos desacertos e incorreções
     morais. Que como Ele mesmo afirmou, veio para os doentes e para aqueles que
     necessitam de salvação, os pecadores.
        Todavia, como se trata de Amor legítimo e que verdadeiramente quer o bem
     do Ser amado, e vendo este como realmente ele é, um Espírito imortal, este sen-
     timento não se expressa através de uma conivência com os erros como é comum
     em nosso amor contaminado por paixões mundanas.
        Deste modo, como sinal de seu afeto maduro ele diz: Eu repreendo e disciplino
     a quantos amo, significando esta repreensão uma admoestação justa, às vezes se-
     vera, porém, como fins reeducativos, pautada numa disciplina construtora da
     espontaneidade desejada como demonstração da conquista da virtude e de su-
     cesso do processo pedagógico.
        Quantos amo, ou seja, os da Laodicéia apocalíptica e todos nós, tutelados Seus
     em todas as épocas da humanidade e em especial os que O buscamos, a despei-
     to de nossas imperfeições, nestes dias finais de nosso ciclo planetário.
        Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Zeloso, isto é, cuidadoso consigo mesmo. Este
     é o verdadeiro “amor a si mesmo” contido na máxima evangélica; um amor que
     promove e desperta a potencialidade do Espírito que somos por criados à ima-
     gem de Deus.
       Um amor que desafia, que quer mais do ser amado por saber ser ele capaz;
     um amor como aquele que anteviu em Saulo, Paulo, na obsedada de Magdala, a

       10   F. C. XAVIER / Emmanuel (Espírito), Pensamento e Vida, 9ª ed., FEB, 1991. Cap. 1
Cláudio Fajardo      13


discípula fiel de sentimento nobre e por isto veículo da certeza da imortalidade
promotora de um sentimento ainda mais puro.
  Jamais o zelo pode ser um carinho que acoberta as imperfeições daqueles a
quem amamos dificultando assim seu progresso espiritual. Muito mais em rela-
ção à nós mesmos não podemos nos enganar, e sim cuidarmos de nossa evolu-
ção espiritual, que é o objetivo da existência, com esmero e atenção.
   Arrepende-te; esta advertência carinhosa contém em si uma necessidade de
transformação mental, de mudança de comportamento. Trata-se de uma dinâ-
mica que nos leva a corrigir os erros e aceitar definitivamente o Evangelho de
Deus como direcionador de nossa evolução.
  20
    Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
  Esta sequencia de versículos verdadeiramente emociona e mostra-nos o
grande Amor deste Cristo que pacientemente nos prepara a milênios para o
Reino Eterno do Pai.
   Se no versículo anterior Ele trouxe a necessidade da disciplina também
transmissora deste Nobre Sentimento, aqui Ele fala definitivamente da Miseri-
córdia com que nos aguarda para o Banquete Celestial.
   Eis que estou à porta e bato; no oriente os hábitos são em grande parte dife-
rentes dos que temos no ocidente. Quando alguém chega à porta para uma visi-
ta, não bate nem toca campainha, e sim se anuncia através de sua voz. Se reco-
nhecido é convidado a entrar. Só em situação de urgência ou emergência, como
uma tragédia, por exemplo, onde não haja tempo para os anúncios comuns, o
recurso de bater à porta é usado definindo a seriedade da visita.
  Desta forma, o Cristo à porta, e batendo mostra-nos a urgência de recebê-Lo
em nossa casa íntima.
   Estamos nos dias finais deste ciclo planetário que nos encaminhará para o
Mundo de Regeneração que será nosso próprio planeta melhorado e seguindo a
ética de Jesus em todas as relações. A partir deste momento, só haverá em nossa
casa planetária espaço para aqueles que receberem nosso Governador Espiritual
em seus corações através da mudança de seus sentimentos.
   Não será ainda Mundo superior e nem nos será cobrado perfeição espiritual,
mas disposição íntima para o Bem, que em muitos casos nos levará ao esforço
da reconstrução de algo físico ou moral que destruímos anteriormente com nos-
sa conduta desarrazoada.
   Ele aguarda pacientemente a milênios e tem-se feito avisar através da voz de
muitos de Seus mensageiros em várias épocas de nossa história, todavia, agora
bate à nossa porta alertando para a urgência de nossa transformação moral.
  Recebamo-No como Anunciador da alegria e de paz que desejamos; como
Enviado do Pai que é amor manifesto na presença deste Cristo que nunca esteve
ausente, mas que será especial no dia que abrirmos as portas de nossa intimi-
dade para Sua morada definitiva.
14          Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos


        Interessante observar o carinho deste Mensageiro Celeste aos mais necessita-
     dos. Ele só repreendeu Laodicéia, entretanto às outras comunidades dignas de
     elogios, Ele escreveu: conservai o que tendes, até que eu venha11; ou, venho sem demo-
     ra12. A esta que estava contaminada pela transitoriedade do mundo Ele se faz
     presente dizendo: eis que estou à porta e bato, ou seja, Ele já tinha chegado e só
     aguardava deles a permissão para entrar.
        …se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta; o se é condicional, só “se” ou-
     virmos Sua voz é que Ele poderá se manifestar.
       Alguém, não define quem, mas refere-se a todos, indistintamente, anonima-
     mente, que se fizerem receptivos ao Seu chamamento.
        Ouvir; o sentido da palavra no idioma original desta Revelação é “prestar
     atenção, considerar o que está ou tem sido dito”; “entender, perceber o sentido
     do que é dito”; “conseguir aprender pela audição”; “dar ouvido a um ensino ou
     a um professor”. Deste modo, expressa uma atitude de acolhimento, de
     aceitação da palavra e de a considerá-la importante a ponto de haver uma
     transformação de conduta fundamentado nela. A palavra do Cristo é sempre a
     do ensino moral e útil ao nosso progresso espiritual.
       Abrir a porta a Ele é assim o mínimo que podemos fazer; recebê-Lo, como
     Zaqueu O recebeu através da transformação de sua conduta, para que também
     haja salvação em nossa casa.
        …entrarei em sua casa; Jesus está em nossa casa. Sua aura abraça todo plane-
     ta nos mínimos detalhes, não há onde Ele não esteja.
        Todavia esta entrada aqui é especial, pois denota uma aceitação de nossa par-
     te em relação à Sua visita. Ela significa intimidade, comunhão. E desta forma,
     comunhão com Deus.
       …cearei com ele, e ele, comigo. Não se trata de uma refeição qualquer, mas
     de uma “ceia” realizada à noite.
        Podemos ver aqui, principalmente, dois sentidos. Uma evocação à ceia com
     os apóstolos mais íntimos e fiéis num momento de comunhão ampla em que o
     Senhor mostrava a necessidade da Nova Aliança ser realizada nos corações a
     partir da aplicação de seu Evangelho e da transformação da teoria em prática
     através do serviço prestado ao semelhante.
        E também, por ser uma refeição noturna pode simbolizar o momento em que
     nos alimentamos em instantes de dificuldades, a presença soberana do Senhor
     vem trazer luz às nossas trevas e definitivamente o Pão espiritual de que neces-
     sitamos.
        E o mais importante, Ele ceará conosco, e nós com Ele, ou seja, participaremos
     integralmente deste momento sublime, como no Banquete Messiânico.


       11   Apocalipse, 2: 25
       12   Idem, 3: 11
Cláudio Fajardo      15


  21
    Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como
também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
  Ao vencedor; mesma expressão já comentada nas outras cartas. Trata-se da-
quele que venceu as próprias imperfeições, a si mesmo. Venceu os apetites do
mundo e tornou-se mais efetivamente espiritual. No “bom combate” da evolu-
ção priorizou o que é imperecível.
   …dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono; dar-lhe-ei, trata-se do consenti-
mento do Cristo que nunca é ao acaso, mas obra de conquista do Espírito que
recebe tal prerrogativa.
   Sentar-se; o sentido do verbo quando alguém colocava outro nesta posição,
era o de conferir um reino a este. Ou ainda ter residência de alguém fixa13.
  Comigo; é o próprio Cristo, o Governador Espiritual do orbe, daí ser uma
grande conquista, uma morada espiritual.
  Meu trono; denota uma posição de poder, e aqui poder espiritual e definitivo,
pois se trata do trono do Messias Divino.
  Em nosso mundo o poder é tão cobiçado apesar de sua transitoriedade, dor-
me-se nele e acorda-se destituído.
  O poder espiritual é diferente, pois ao conquistá-lo não o perdemos jamais; é
fundamentado na verdadeira autoridade, a moral.
   …assim como também eu venci; Jesus venceu o mundo consoante Sua própria
declaração14. Temos nesta afirmativa a confirmação que se trata de vitória espi-
ritual sobre a transitoriedade dos elementos materiais. Assim como define que a
vitória a que Ele se refere é do mesmo nível que a Dele. Daí o mesmo galardão:
  …me sentei com meu Pai no seu trono. Meu Pai nos fazendo compreender
Deus em Sua dimensão maior de Perfeição e Espiritualidade.
  Jesus não é Deus, mas está em Seu trono significando Sua Unificação com Ele.
   Ao dizer que o vencedor se assentará no mesmo trono que Ele, nos diz de nos-
so destino glorioso de também nos integrar a Deus15. Em Cristo participaremos
desta Comunhão Maiúscula em Espírito e Verdade. Esta é a mensagem do Apo-
calipse…
  22
       Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

              (Texto extraído do Livro “As Sete Cartas do Apocalipse” – a publicar)




  13   (Dicionário Bíblico Strong 2002)
  14   Cf. João, 16: 33
  15   Cf. João, 17: 21 a 23
Bibliografia

  A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Ed. Paulinas, 1992.
  BibleWorks For Windows, Versão 7.0.012g. BibleWorks, 2006.
  DIAS, Haroldo Dutra (tradutor). O Novo Testamento. Brasília: Conselho
Espírita Internacional, 2010.
  Dicionário Bíblico Strong . Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
  HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa, versão 1.0.
Editora Objetiva, 2001.
  KARDEC, Allan. A Gênese, 26ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1984.
  SILVA, Rodrigo P. “Testemunho Fiel e Verdadeiro.” Revista Ministério, Julho
/ Agosto de 2005.
   XAVIER, Francisco C. / Emmanuel (Espírito). Pensamento e Vida, 9ª ed. Rio de
Janeiro: FEB, 1991.

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  • 1. Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 Co- nheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 17 pois dizes: Estou rico e abas- tado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te ves- tires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colí- rio para ungires os olhos, a fim de que vejas. 19 Eu repreendo e disci- plino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sen- tar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espíri- to diz às igrejas.1 A igreja de Laodicéia merece de nossa parte, Cristãos de hoje, um estudo es- pecial realizado com muito carinho e atenção. Não que ela tenha sido melhor do que as outras, pelo contrário, ela foi a única à qual o Senhor como o autor espiri- tual do Apocalipse não teceu nenhum elogio. Esta comunidade só recebeu por parte dele, nestas cartas materializadas pelo apóstolo João, reprimendas; apesar Dele o fazer com muito amor é o que se destaca de Suas observações. É que alguns estudiosos viram nestas sete comunidades escolhidas para sim- bolizar a totalidade do cristianismo, sete fases distintas da Igreja cristã, em que Laodicéia sendo a última representa a que se manifestaria no fim dos tempos, isto é, nos dias atuais da grande transição planetária. Portanto, nós somos Laodicéia hoje, e se a observação para todas as sete de- vem ser por nós ponderadas e avaliadas com muita atenção, muito mais esta. Etimologicamente Laodicéia significa “justiça do povo” ou “julgamento do povo”, o que expressa bem o juízo consciencial que é realizado por cada um nos dias finais de qualquer fase da vida, e muito mais num sentido geral nestes úl- timos dias de um ciclo evolutivo e de transição global. Todavia alguns, apesar de minoria, leem também no nome desta cidade “o povo que julga”, e aí começam as complicações; é quando entendemos que de- vemos tomar a direção do processo evolutivo de alguém ou de uma situação no lugar de Deus realizando o que só a Ele cabe. Neste passo pensamos estar acima do bem e do mal podendo legislar com segurança. Há de termos cuidado, pois podemos fazer aí uma analogia com a situação de Adão e Eva que resolveram contra as determinações divinas se alimentarem do fruto da ciência do bem e do 1 Apocalipse, 3: 14 a 22
  • 2. 2 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos mal e se desviaram do caminho. Neste instante em que desejamos fazer a nossa vontade e não a de Deus corremos o perigo de novas quedas. A cidade recebeu este nome em substituição a Dióspolis que era o nome an- terior, que significava “cidade de Deus” em homenagem a Zeus e Júpiter prin- cipais divindades locais; Laodicéia homenageia a Laodice, esposa de Antíoco II Theos e mãe de Seleuco II, da dinastia dos reis selêucidas da Síria que, então, dominava o povo àquele tempo.2 Segundo o professor Rodrigo Silva o nome não foi a princípio bem aceito, já que a esposa do rei não era bem conceituada entre a população e também por- que isto podia levar ao abandono das divindades em favor da figura Antíoco II Theos, o novo rei, em cujo nome existia um trocadilho que tanto podia signifi- car "o opositor de Deus" quanto "o deus opositor". Seja como for o nome que a referenciava como “metrópole de Laodice” foi o que permaneceu, priorizando os interesses do mundo em relação às questões espirituais. Justificando assim esta nova realidade, na cidade foram feitas construções de grande porte com arquitetura refinada e com a nova administração a cidade se tornou rica e próspera. Laodicéia situava-se na Frígia numa montanha que dava para um vale fértil, nas proximidades do rio Lico o que a colocava em uma situação privilegiada. O local era servido por um cruzamento de estradas importantes o que fazia desta cidade um destaque como rota comercial. Era como se ela fosse uma alfândega que cobrava impostos pelas mercadorias transitadas no local. Como parte des- tes impostos ficava em seu próprio caixa, ela podia investi-los e continuar cres- cendo economicamente. Desta forma tornou-se a mais rica metrópole da região, possuindo um importante centro bancário especializado em câmbios de ouro e moedas estrangeiras. Outro destaque da cidade era que nela se situava uma das maiores escolas de medicina do mundo antigo. Sua fama se dava pela cura de olhos realizadas no local a partir de um colírio à base de alume ou sulfato que existia na região. O que fazia que ela fosse visitada por pessoas de todo império para tratar com seus médicos. Ainda sob o ponto de vista econômico ela obtinha excelente renda como cen- tro têxtil que era por produzir e exportar tecidos finos principalmente à base de uma lã obtida a partir da criação de um raro carneiro negro. O autor do Apocalipse contrasta esta prosperidade material com sua pobreza espiritual. Apesar do centro bancário, da medicina que curava olhos e de sua 2 Para alguns dados históricos me vali do Artigo do professor e pastor adventista Rodrigo P. Silva “Testemunho Fiel e Verdadeiro” citado em nosso bibliografia.
  • 3. Cláudio Fajardo 3 importante indústria têxtil ele diz que seu povo era infeliz justamente por ser miserável, pobre, cego e nu3. Tinha ainda a cidade representante de nossa comunidade cristã atual, muitos chafarizes a ornamentá-la, eram lindas obras de arte que faziam parte de seu conjunto arquitetônico bem ao estilo greco-romano; porém qualquer pessoa que menos avisada fosse beber sua água se surpreendia com seu gosto ruim. Pode- ríamos compará-las com aquela classe de pessoas a que se refere o Mestre como belas por fora e podres em sua essência? É que como foi dito anteriormente, por ser rica em sulfato do qual se fabrica- va o colírio bom para as vistas, este mesmo produto contaminava seus lençóis freáticos tornando a água de suas fontes salobra. E por ser também uma região vulcânica estas mesmas águas eram aquecidas tornando-se mornas e inapropri- adas ao consumo. Estaria aí a fonte da clássica observação do Enviado Celeste fazendo uma a- nalogia com a conduta repreensível da comunidade local de que ela não era nem fria e nem quente, e que sendo morna seria vomitada de Sua boca? Analisemos todas estas informações e outras que possam surgir conjuguemo- las com nossa situação atual quando nos dizemos trabalhadores de Cristo, e busquemos nas orientações dadas pelo Messias a esta comunidade pontos de reflexão indutores de mudança e transformação moral para todos nós. Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém; amém é uma palavra que se tornou universal, ela foi transliterada diretamente do he- braico para o grego do Novo Testamento, e então para o latim, o inglês, e mui- tas outras línguas, inclusive o português. Seu significado é “firme” “em verdade”, “verdadeiramente”, “assim seja”. No inicio de uma afirmação quer dizer “em verdade”, “verdadeiramente”; Je- sus a usou deste modo várias vezes. No fim pode ser entendida como “assim seja”, “que assim seja feito”. Metaforicamente pode significar fiel. Ao se denominar o Amém, o autor do Apocalipse dá a si a qualidade de Fiel integralmente, de Verdade; aquele que tem Autoridade total em nosso planeta. Sendo a Palavra de Deus o Seu Amor irradiado, o Cristo é o Verbo, isto é o Amor de Deus operacionalizado, daí poder dizer ser a Verdade, o Amém. Desta Sua unificação plena com o Criador em termos de vivência dimana a Sua Auto- ridade para revelar-Se deste modo. …a testemunha fiel e verdadeira; esta expressão vem dizer do por que ser Ele o Amém; é basicamente o que dissemos linhas atrás. Ele tem o “testemunho verdadeiro” de Deus e “vive” a Sua vontade. Ele é o agente dela. 3 Apocalipse, 3: 17
  • 4. 4 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Podemos entender isto como altamente consolador, pois na medida em que também vivermos a verdade do Evangelho revelado por Jesus, seremos teste- munhas fiéis do Cristo e assim também de Deus. …o princípio da criação de Deus; cremos ser esta uma das mais difíceis reve- lações deste Apocalipse e de todo o Evangelho. Entender a condição de Cristo como o principio da criação de Deus, sem ser o próprio Deus tem sido um grande desafio para nossa mente ainda infantil. Princípio, em grego temos arche que quer dizer começo, origem; pode ser en- tendida como “a primeira pessoa ou coisa de uma série” ou a “causa ativa”4, daí termos confundido esta “causa” como se fosse o próprio Criador de todas as coisas. Todavia, hoje, com o amadurecimento espiritual e as revelações trazidas pela Doutrina Espírita não é difícil entendermos esta identificação de Jesus-Cristo com a Sabedoria, a Palavra Criadora, a Perfeição do início; como sendo Ele o Verbo do Princípio, pois como dissemos Ele é o Amor de Deus operacionaliza- do. Em tese podemos dizer que a Criação de Deus não teve princípio, visto que tendo Ele existido desde sempre, e não podemos imaginá-Lo ocioso, Ele há de ter Criado sempre, pela eternidade. Veja que dissemos “em tese”, pois de algum modo a Criação iniciou um dia, pois se assim não fosse poderíamos pensar que ela é como Deus, incriada, o que não é verdade. Tal dificuldade de entendimento está em nossa imaturidade espiritual que não consegue dissociar a ação de Deus da dimensão “tempo” a que estamos vinculados. Faz-se preciso compreender que Deus sendo o autor dela, Lhe é anterior, portanto, iniciou a Criação antes do tempo existir. Em realidade para Ele é como se o tempo não existisse, pois em Deus o tempo não passa, ele é. Tu- do é um eterno presente. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.5 Sendo assim, quando dizemos a palavra princípio já estamos nos referindo à existência de tempo, é, portanto, algo que sucedeu depois do que podemos chamar de Criação Original que é Perfeita por ser Deus Perfeito, Espiritual por ser Deus Espírito, e Atemporal por não estar sujeito o Criador a tempo. Deste modo, o vocábulo princípio é entendido por cada um de acordo com o seu estágio evolutivo. Para uns o princípio de sua vida é quando nasce, ou seja, quando é parido. Para outros a sua vida é anterior já que ele crê na preexistên- cia da alma. Existem os que pensam que a alma foi criada por Deus na raça hu- mana e outros que veem sua origem no princípio inteligente que vive nos reinos 4 (Dicionário Bíblico Strong 2002) 5 KARDEC, Allan. A Gênese, 26ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1984; frontispício.
  • 5. Cláudio Fajardo 5 inferiores da criação. Donde concluímos que o entendimento do que seja princí- pio é algo relativo ao nível de compreensão de cada um. Cristo é assim para nós a identificação com esta Perfeição Espiritual da Ori- gem. Jesus tornou-se um Cristo, daí podermos reconhecê-Lo princípio da Criação de Deus. 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Conheço as tuas obras; observação feita a todas as comunidades e que po- demos entender servir a todos nós. O Cristo conhece nossa conduta. …que nem és frio nem quente; Jesus, como em outra vezes é mostrado em seu Evangelho, usa um fato conhecido de todos para ensinamentos profundos na esfera do espírito. Como relatado na introdução ao estudo desta carta, as águas das fontes de Laodicéia eram mornas e não apropriadas ao consumo. Os leitores originais desta Revelação sabiam disto e mais facilmente podiam aplicar o ensinamento em suas vidas. Jesus diz deste modo de uma característica da comunidade laodicena e que se aplica a todos nós. Muitas vezes não nos posicionando devidamente não so- mos nem uma coisa nem outra, não podendo ser considerados. Segundo o professor Rodrigo Silva em artigo já citado nestes nossos comen- tários, existem dois tipos de “ateus”, os que negam sistematicamente a existên- cia de Deus é um deles, e o outro, são aqueles que dizendo acreditarem vivem como se Ele não existisse. No linguajar do Apocalipse, estes últimos não são nem frios nem quentes, pois têm um dos defeitos mais condenados por Jesus, o da incoerência entre o que dizem e que fazem; estes são tidos como hipócritas, ou quando muito, ficam em cima do muro, não sabem para onde irem, se atendem ao convite do mundo ou do Espírito em busca das realizações necessárias. Quem dera fosses frio ou quente! Esta é a necessidade, dizer ao que viemos, quem somos. Muitas vezes não nos posicionamos por medo de errarmos e termos que so- frer pela má escolha já que a Lei de Causa e Efeito está implícita em nossa cons- ciência. Entretanto, é preciso compreender que em termos espirituais não fazer opção é errar e tomar o caminho indevido, na vida não há espaço para negli- gência, e nem para indecisões, ela cobra caro, se assim pudéssemos nos expres- sar, por este tipo de desacerto. Temos visto nas experiências do dia a dia e as obras mediúnicas têm nos mostrado isto, que em muitas ocasiões criaturas que cometem grandes dispara- tes são redimidas muito mais rapidamente de suas imprudências do que outras portadoras de enganos menores, mas que nunca se dispõem a pagar o preço da decisão e da correção de rota.
  • 6. 6 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Talvez um dos exemplos mais clássicos da história seja o de Judas, o que en- tregou Jesus. Ele é sistematicamente condenado pelo erro que alguns acham ser o maior possível de ser cometido. Não foi morno, fez a sua opção. Entretanto, pelo que sabemos através de obras espíritas em que se podem confiar, ele rece- beu o amparo do próprio Cristo após a crucificação, e hoje, tendo pago seu pre- ço, pelo que sabemos, é um Espírito redimido. E nós, que traímos o Mestre todos os dias e nunca assumimos nossa postura, por isto mornos, a que distância estamos deste Espírito, discípulo do Senhor? 16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca… Diz uma amiga de quem carinhosamente sempre nos lembramos, que ao pe- dir ajuda a alguém para um serviço útil devemos avaliar; se este alguém tem muito tempo disponível não é este provavelmente que vai nos socorrer, peça- mos assim, o auxílio para quem tendo muito trabalho não tem tempo. Este por estar mais ajustado à necessidade de servir, criará condições e seguramente nos ajudará com maior eficiência. São sábios pequenos exemplos do que também nos ensinou Jesus. Ele jamais convocou alguém para o Seu ministério que estivesse ocioso ou fazendo mal feito. Estes têm a mesma oportunidade de todos, todavia fazem-se mornos por não atenderem ao convite da consciência que os dirige sempre para a colabora- ção efetiva em prol do Bem realizado e bem feito. Não são nem quentes, nem frios; são elementos com quem não podemos con- tar. Água lodosa, instrumento enferrujado, violinos sem cordas… Deus nos criou para sermos “ajudadores” e todas as vezes que assim não nos fazemos somos considerados pela vida como mornos, nem quentes e nem frios. Imaginemos alguém sedento que menos avisado chegasse a uma destas fon- tes de Laodicéia para tomar de sua água buscando saciar sua sede. Ao ingeri-la e senti-la morna e salobra seguramente teria tendência ao vômito. É o que Aquele que é o Amém está a dizer, o discípulo desajustado aos seus objetivos maiores, entre eles o de servir ao Seu Senhor que deve ser sempre Deus, é como o sal que não salga ou que está na proporção inadequada no pro- duto errado. Uma água para saciar quem tem sede não pode ter o sabor conta- minado por produtos estranhos, nem muito menos ser morna, isto é estar na temperatura inadequada. Mesmo que não seja com a função de aliviar a sede, se ela pelo menos estiver quente pode atender a outros objetivos. Daí tiramos signifcativa lição, se estivermos “quentes” no serviço cristão, isto é, integrado a ele de corpo e alma, estaremos bem e cumprindo nosso desidera- to. Se “frios” em relação a este objetivo, ou seja, até mesmo agindo em sentido contrário a este, talvez seja preferível, a vida tem os seus recursos para dar uti- lidade ao aço mais duro. Oxalá fôssemos sistematicamente frios, assim, até mesmo por saturação, talvez estivéssemos mais próximos de receber o calor de Deus, de sermos aquecido por ele, e deste modo nos fazermos úteis. Porém ao
  • 7. Cláudio Fajardo 7 morno é difícil mesmo até de ajudá-lo, ele não se manifesta, não sabemos em que faixa de sintonia está, o que deseja; está inapropriado para atender ao chamado do Alto. E aqui é preciso mais uma vez repetir. A Vida em seu aspecto superior e proposta educativa não contabiliza perdas; ela não se coaduna com a inutilida- de, e o que não se faz útil é preciso ser descartado. Na linguagem do Evangelis- ta Espiritual vomitada de sua boca que por ser instrumento da Palavra de Deus, não pode se utilizar de elementos que dificultem seu entendimento àque- les ajustados ao Bem. Ser vomitado pelo Cristo pode significar um desajuste, que mesmo temporá- rio, pode ser longo em dores e intenso em sofrimentos. Nós sabemos o quanto isto tem nos custado, ajustemo-nos, portanto. Sejamos quentes se assim for pre- ciso ou frios se mais úteis nos fizermos deste modo, de acordo com a necessida- de. 17 …pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Pois dizes; neste passo precisamos compreender que o que dizemos nem sempre é a verdade, aliás, poucas vezes é por estarmos ainda dissociados dela. Assim, é necessário avaliar o que temos dito através dos sentimentos que se materializam em nossa própria conduta. Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma; se compreendêssemos o verbo com que inicia esta oração nossa atitude já seria diferente. “Estar” diz de algo temporário, a vida em nosso mundo ainda sujeito às leis materiais é transitória em tudo, e como estamos hoje poderemos não mais estar amanhã. E se mesmo do nosso acanhado ponto de vista não estamos necessi- tando de coisa alguma, tenhamos cautela, dia virá em que a realidade poderá e deverá mudar. Rico e abastado diz de uma condição em que nos supomos senhores de todas as coisas. Aqui o foco é material e Jesus como sempre busca na vida conhecida de seus educandos ensinamentos que transcendem a realidade ilusória. Como foi dito Laodicéia era uma cidade próspera e invejada em sua riqueza. No ano 60 d. C. a cidade sofreu o pior terremoto de sua história, ela sim- plesmente recusou qualquer ajuda do império romano na figura de seu impera- dor por achar que isto seria uma humilhação para seus ricos habitantes. Quanto orgulho! É provável que esta frase captada pelo médium de Patmos tenha sido real- mente dita a Nero: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma. Quando nos achamos nesta condição, autossuficiente, talvez seja o ponto em que nos manifestamos maior distância de Deus, provavelmente seja este o mo- tivo do alerta de nosso Sábio Rabi:
  • 8. 8 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Quão dificilmente os que possuem riquezas entrarão no Reino de Deus.6 Saber ser dependente do Criador é conquista do Espírito imortal. …e nem sabes; esta expressão está intimamente ligada à com que o autor ini- cia o versículo: pois dizes. Define para todos nós quão grande são as nossas ignorância e inconsciência. Dizemos do que não sabemos, manifestamo-nos como efetivamente não somos. Vivemos em um universo de ilusão, onde ter nem sempre é o que dá destaque, o interessante nele é demonstrar, ou fazer os outros pensar, que temos. E aquilo que mais valorizamos não é o que efetivamente temos como conquista, mas o que detemos: como riquezas materiais, beleza, poder, etc.. Tudo isto não passa de instrumento didático com que o Pai busca ensinar- nos a necessidade de retomarmos nossa Consciência, e quanto mais desconhe- cemos esta realidade mais nos aprofundamos na não ciência das coisas que ver- dadeiramente são. …que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aqui nosso autor contra- põe a ilusão material de seus primeiros destinatários com a realidade espiritual deles. Tu és infeliz, pois impossível ser feliz sem Deus e baseado naquilo, ou em po- sições, que detemos no campo da transitoriedade. Jesus não veio até nós para ensinar-nos a viver na esfera material, e sim para fazer crescer o “homem espiritual” que somos. O ambiente planetário em que nos movimentamos é o antípoda do Reino Eterno que iremos alcançar um dia. Deste modo o que é infelicidade aqui é a antecâmara do verdadeiro gozo do Espírito, e quando dizemos ser feliz pela prosperidade mundana é infeliz que somos. …sim, é o advérbio exprimindo ser verdade o que estar a dizer Aquele que tem o “Testemunho Verdadeiro”. Miserável, pobre…; “miserável” é o que é muito pobre, paupérrimo. O que es- tá nesta condição está abaixo da linha da pobreza; o primeiro adjetivo reforça o segundo, estas expressões fortes são comuns em Jesus como forma de fixar o ensinamento e dele não esquecermos jamais. O que está sendo revelado é a miserabilidade espiritual da população laodi- cena, e por ser esta a raiz de todos os outros males ela foi mais claramente ex- pressa. Importante, entretanto, notar que a raiz da palavra miserável é a mesma de “misericórdia” e este é o ponto fundamental da mensagem de Jesus, os miserá- veis são os que mais necessitam de misericórdia e o Mestre Nazareno nos sur- preende a todo instante nos mostrando que foi para estes que Ele veio, como 6 Marcos, 10: 23
  • 9. Cláudio Fajardo 9 vamos notar no próprio amor expresso por Ele nesta carta cheia de reprimen- das, mas acima de tudo repleta de carinho. …cego e nu. É definitivamente linda a didática do Evangelho. O contraponto aqui vem acentuar nossa necessidade de buscar o que é eterno. A cidade de Laodicéia se destacava através de uma medicina oftalmológica, entretanto o Mestre os define como cegos. Vemos nisto a prioridade que deve- mos dar ao sentido espiritual da vida, um cego não pode guiar outro cego, quanto mais curá-lo. Assim, o texto está a nos dizer que o que importa não são as curas realizadas a bem do corpo, mas as que definitivamente atendem as ne- cessidades da alma. Poucos compreenderam a sutileza das curas realizadas pelo Senhor; o Jesus terapeuta quis mostrar que o mais importante era o Jesus Educador, Mestre em Espiritualidade. Só através da cura das chagas morais nos veremos definitivamente livre das enfermidades físicas, e isto só se consuma através da Educação do Espírito para Deus. O adjetivo nu tem a mesma função, mostrar que a comunidade aqui destaca- da não estava pronta para o banquete celestial, não tinha as “vestes nupciais” apesar de se destacar pela fabricação e exportação de tecidos finos e ser grande também na produção têxtil. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Aconselho-te; em nosso mundo não damos muita importância ao conselho de outras pessoas. Tem-se até um ditado popular que diz que “se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. Tal afirmativa faz parte da ignorância de nossos tempos. Talvez porque nele reine de tal forma a hipocrisia que aquele que aconselha quase nunca vive o que ensina. Todavia, aqui é melhor considerarmos com atenção este conselho, pois quem o dá é o “Verbo do Princípio”, Aquele que tem total Autoridade dada pelo Pai que O enviou devido à Perfeição alcançada por Ele através da vivência plena da Lei Maior. …que de mim compres; ao dizer desta forma o autor espiritual ensina-nos que a conquista autêntica é só aquela realizada nos moldes de Seu exemplo. Não temos notícia dos mundos em que Ele fez Sua evolução para fazer a comparação, isto remonta bilhões de anos e provavelmente muitos deles nem existam mais fisicamente, e se algum ainda existir nossa evolução espiritual não permite o acesso a eles. Assim temos de valer do testemunho que deu quando encarnado no princí- pio de nossa era cristã.
  • 10. 10 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Da manjedoura à cruz o que vimos foi Sua conduta de humildade, sacrifício e amor, tudo fazendo pelos outros e não usando nada de sua Autoridade espiri- tual em favor de Si mesmo. A expressão, portanto, de mim compres, nos fala de adquirir valores imitando o que Ele fez. …ouro refinado pelo fogo; o ouro tem sido eternamente o símbolo de algo de muito valor e preciosidade. O ouro do mundo pode nos ser roubado, e mesmo se não for, em algum mo- mento de nossa existência temos de deixá-lo e devolvê-lo à própria vida. Pois ele mesmo que legítimo é empréstimo ofertado por Aquele que tudo possui. Jesus nos ensina assim a conquistar os valores que não podem nos ser tirados jamais, aqueles que a traça nem ferrugem corrói, e que os ladrões não escavam, nem roubam7; A vida atual é muito breve é altamente incoerente lutarmos tanto por suas conquistas se elas não estiverem em harmonia com o Código de Leis Morais que regem o desenvolvimento do Universo. Priorizamos algo que vamos ter que deixar em detrimento das conquistas imperecíveis que serão definitivamente nossas. Se pensarmos bem sobre este disparate que cometemos vamos rapidamente compreender que não passamos de “deficientes mentais” mesmo que bem intencionados. Destarte, o que está em foco aqui são as conquistas do Espírito que são as mais preciosas, por não nos serem tiradas nem pelo tempo, nem por ninguém. Tratam-se das virtudes implementadas na própria alma como aquisição defini- tiva. Isso é o que tem mais valor para todos nós devido ao caráter de eternidade delas. Este é o ouro a ser comprado. Refinado pelo fogo, ao que tudo indica trata-se de um hebraísmo, pois refinado ou “provado” como em outras versões, traduz o grego puroo que quer dizer queimar com fogo, fundido pelo fogo e queimado de escórias; e fogo traduz pur que é uma palavra raiz que quer dizer “fogo”. Portanto, temos literalmente, “queimado com fogo pelo fogo” nos dando a ideia de purificado, sem escórias, por um processo de queima do que é inútil e desprezível. Aplicando esta fórmula à nossa proposta de evolução espiritual, temos o ca- dinho das lutas do dia a dia, o “bom combate”, queimando as nossas imperfei- ções e purificando-nos. É este o processo de conquista de valores aconselhado por Aquele que sabe por já ter passado pelo mesmo caminho, tendo assim Au- toridade suficiente para ensinar. Portanto, cabe a cada um aceitar ou não o conselho. O que é grandemente consolador é que a queima das imperfeições que é altamente dolorosa, só dura- rá enquanto houver combustível que a alimente; combustível este que são as 7 Mateus, 6: 20
  • 11. Cláudio Fajardo 11 próprias deficiências nossas a serem vencidas. Extintas estas teremos “ouro” em seu maior grau de pureza como conquista do Espírito imortal. …para te enriqueceres; trata-se do enriquecimento legítimo, da individuali- dade, a aquisição da moeda que dá direito ao acesso a Deus e aos dons celesti- ais. É a prodigalidade dos valores morais. …vestiduras brancas para te vestires, já comentamos sobre as vestiduras co- mo símbolo referindo à realidade profunda do Espírito8, as conquistas da virtu- de, a roupagem da alma para se apresentar nos mundos superiores. Brancas simbolizando pureza e o poder dado por ela, mas também alegria da vitória9, pois este é sentimento com que temos de passar quando de nossas provações. Alegria que expressa o entendimento do processo e que define nossa imersão nele de forma consciente. É a purificação que se dá com dor, todavia com rego- zijo da alma. …a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez; vergonha é um sentimento de desonra oriundo de termos sido descobertos em alguma inferio- ridade ou fraqueza. Há em nós questões íntimas e pessoais que não revelamos nem aos nossos corações mais próximos e queridos. Faz parte de nossa privacidade e nem é er- rado que assim seja. Todavia nossa psicologia infantil faz com que escondamos situações morais indesejáveis que mais cedo ou mais tarde serão manifestas. No plano do Espírito não existe esta privacidade, expressamos o que somos através de nosso “hálito mental”; não que os Espíritos nos investiguem sistema- ticamente, mas somos nós que nos apresentamos diante deles num grau tal de transparência que nos aterroriza. Talvez esteja aí uma das fontes do medo in- consciente da morte, pois segundo nos informam nossos orientadores espiritu- ais, diante dela nos apresentaremos em nossa completa nudez. Sentir ou não vergonha será consequência dos valores cultivados e das con- quistas realizadas. Deste modo, de nada valerá se tivermos tido vestimenta nobre neste mundo, ou mesmo sido grandes industriais da área têxtil. A tua nudez será da alma e é bom que neste momento sejamos portadores de virtudes nobres que venham revelar nossa intimidade superior em termos de conquistas morais. Pois esta beleza sim, não devemos esconder, mas mostrar a todos, fruto de nosso pro- gresso espiritual. …e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Já foi dito e repetido so- bre a fabricação em Laodicéia de um colírio com capacidade de curar os olhos. Àquele tempo era um pó especialíssimo com esta capacidade. Todavia, curava somente os olhos físicos que não enxergam a realidade do Espírito. 8 Cf. comentários de Apocalipse, 3: 4 e 5 9 Apocalipse, 2: 17
  • 12. 12 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos O Médico dos médicos, por trazer-nos o remédio para a alma, age diferente, transforma o nosso sentimento nos capacitando assim para estarmos na Presen- ça de Deus sem nenhuma imperfeição ou enfermidade. Tal realidade abre-nos todas as possibilidades inclusive a de enxergar perfeitamente o que os olhos não veem, que como narrou um literato, é o essencial. A “unção” era uma cerimônia de consagração, assim podemos entender que ungir os olhos é dar a eles um caráter sagrado, o que se dá quando passamos a usá-los de forma nobre, jamais enxergando o que traz prejuízo ao nosso Ser mo- ral. Em essência, enxergamos o que desejamos, só o Cristo interior trabalhado nas oficinas do serviço nobre transforma o nosso desejo a ponto de refletirmos o que é superior em todos os momentos. A mente é o espelho da alma10 já disse nosso orientador espiritual. Ela é assim, a sede de nossos desejos. Trabalhemos por construir um Ser renovado em Cristo para ungirmos os olhos a fim de que vejam. 19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arre- pende-te. Esta é sem dúvida uma das afirmativas mais bonitas de todo Apocalipse, se- não, de todo Novo Testamento: Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Esta afirmação clara de Jesus vem confirmar o quanto Ele ama esta comuni- dade assim como a todos nós independente de nossos desacertos e incorreções morais. Que como Ele mesmo afirmou, veio para os doentes e para aqueles que necessitam de salvação, os pecadores. Todavia, como se trata de Amor legítimo e que verdadeiramente quer o bem do Ser amado, e vendo este como realmente ele é, um Espírito imortal, este sen- timento não se expressa através de uma conivência com os erros como é comum em nosso amor contaminado por paixões mundanas. Deste modo, como sinal de seu afeto maduro ele diz: Eu repreendo e disciplino a quantos amo, significando esta repreensão uma admoestação justa, às vezes se- vera, porém, como fins reeducativos, pautada numa disciplina construtora da espontaneidade desejada como demonstração da conquista da virtude e de su- cesso do processo pedagógico. Quantos amo, ou seja, os da Laodicéia apocalíptica e todos nós, tutelados Seus em todas as épocas da humanidade e em especial os que O buscamos, a despei- to de nossas imperfeições, nestes dias finais de nosso ciclo planetário. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Zeloso, isto é, cuidadoso consigo mesmo. Este é o verdadeiro “amor a si mesmo” contido na máxima evangélica; um amor que promove e desperta a potencialidade do Espírito que somos por criados à ima- gem de Deus. Um amor que desafia, que quer mais do ser amado por saber ser ele capaz; um amor como aquele que anteviu em Saulo, Paulo, na obsedada de Magdala, a 10 F. C. XAVIER / Emmanuel (Espírito), Pensamento e Vida, 9ª ed., FEB, 1991. Cap. 1
  • 13. Cláudio Fajardo 13 discípula fiel de sentimento nobre e por isto veículo da certeza da imortalidade promotora de um sentimento ainda mais puro. Jamais o zelo pode ser um carinho que acoberta as imperfeições daqueles a quem amamos dificultando assim seu progresso espiritual. Muito mais em rela- ção à nós mesmos não podemos nos enganar, e sim cuidarmos de nossa evolu- ção espiritual, que é o objetivo da existência, com esmero e atenção. Arrepende-te; esta advertência carinhosa contém em si uma necessidade de transformação mental, de mudança de comportamento. Trata-se de uma dinâ- mica que nos leva a corrigir os erros e aceitar definitivamente o Evangelho de Deus como direcionador de nossa evolução. 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Esta sequencia de versículos verdadeiramente emociona e mostra-nos o grande Amor deste Cristo que pacientemente nos prepara a milênios para o Reino Eterno do Pai. Se no versículo anterior Ele trouxe a necessidade da disciplina também transmissora deste Nobre Sentimento, aqui Ele fala definitivamente da Miseri- córdia com que nos aguarda para o Banquete Celestial. Eis que estou à porta e bato; no oriente os hábitos são em grande parte dife- rentes dos que temos no ocidente. Quando alguém chega à porta para uma visi- ta, não bate nem toca campainha, e sim se anuncia através de sua voz. Se reco- nhecido é convidado a entrar. Só em situação de urgência ou emergência, como uma tragédia, por exemplo, onde não haja tempo para os anúncios comuns, o recurso de bater à porta é usado definindo a seriedade da visita. Desta forma, o Cristo à porta, e batendo mostra-nos a urgência de recebê-Lo em nossa casa íntima. Estamos nos dias finais deste ciclo planetário que nos encaminhará para o Mundo de Regeneração que será nosso próprio planeta melhorado e seguindo a ética de Jesus em todas as relações. A partir deste momento, só haverá em nossa casa planetária espaço para aqueles que receberem nosso Governador Espiritual em seus corações através da mudança de seus sentimentos. Não será ainda Mundo superior e nem nos será cobrado perfeição espiritual, mas disposição íntima para o Bem, que em muitos casos nos levará ao esforço da reconstrução de algo físico ou moral que destruímos anteriormente com nos- sa conduta desarrazoada. Ele aguarda pacientemente a milênios e tem-se feito avisar através da voz de muitos de Seus mensageiros em várias épocas de nossa história, todavia, agora bate à nossa porta alertando para a urgência de nossa transformação moral. Recebamo-No como Anunciador da alegria e de paz que desejamos; como Enviado do Pai que é amor manifesto na presença deste Cristo que nunca esteve ausente, mas que será especial no dia que abrirmos as portas de nossa intimi- dade para Sua morada definitiva.
  • 14. 14 Laodicéia, a Comunidade Cristã do Fim dos Tempos Interessante observar o carinho deste Mensageiro Celeste aos mais necessita- dos. Ele só repreendeu Laodicéia, entretanto às outras comunidades dignas de elogios, Ele escreveu: conservai o que tendes, até que eu venha11; ou, venho sem demo- ra12. A esta que estava contaminada pela transitoriedade do mundo Ele se faz presente dizendo: eis que estou à porta e bato, ou seja, Ele já tinha chegado e só aguardava deles a permissão para entrar. …se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta; o se é condicional, só “se” ou- virmos Sua voz é que Ele poderá se manifestar. Alguém, não define quem, mas refere-se a todos, indistintamente, anonima- mente, que se fizerem receptivos ao Seu chamamento. Ouvir; o sentido da palavra no idioma original desta Revelação é “prestar atenção, considerar o que está ou tem sido dito”; “entender, perceber o sentido do que é dito”; “conseguir aprender pela audição”; “dar ouvido a um ensino ou a um professor”. Deste modo, expressa uma atitude de acolhimento, de aceitação da palavra e de a considerá-la importante a ponto de haver uma transformação de conduta fundamentado nela. A palavra do Cristo é sempre a do ensino moral e útil ao nosso progresso espiritual. Abrir a porta a Ele é assim o mínimo que podemos fazer; recebê-Lo, como Zaqueu O recebeu através da transformação de sua conduta, para que também haja salvação em nossa casa. …entrarei em sua casa; Jesus está em nossa casa. Sua aura abraça todo plane- ta nos mínimos detalhes, não há onde Ele não esteja. Todavia esta entrada aqui é especial, pois denota uma aceitação de nossa par- te em relação à Sua visita. Ela significa intimidade, comunhão. E desta forma, comunhão com Deus. …cearei com ele, e ele, comigo. Não se trata de uma refeição qualquer, mas de uma “ceia” realizada à noite. Podemos ver aqui, principalmente, dois sentidos. Uma evocação à ceia com os apóstolos mais íntimos e fiéis num momento de comunhão ampla em que o Senhor mostrava a necessidade da Nova Aliança ser realizada nos corações a partir da aplicação de seu Evangelho e da transformação da teoria em prática através do serviço prestado ao semelhante. E também, por ser uma refeição noturna pode simbolizar o momento em que nos alimentamos em instantes de dificuldades, a presença soberana do Senhor vem trazer luz às nossas trevas e definitivamente o Pão espiritual de que neces- sitamos. E o mais importante, Ele ceará conosco, e nós com Ele, ou seja, participaremos integralmente deste momento sublime, como no Banquete Messiânico. 11 Apocalipse, 2: 25 12 Idem, 3: 11
  • 15. Cláudio Fajardo 15 21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Ao vencedor; mesma expressão já comentada nas outras cartas. Trata-se da- quele que venceu as próprias imperfeições, a si mesmo. Venceu os apetites do mundo e tornou-se mais efetivamente espiritual. No “bom combate” da evolu- ção priorizou o que é imperecível. …dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono; dar-lhe-ei, trata-se do consenti- mento do Cristo que nunca é ao acaso, mas obra de conquista do Espírito que recebe tal prerrogativa. Sentar-se; o sentido do verbo quando alguém colocava outro nesta posição, era o de conferir um reino a este. Ou ainda ter residência de alguém fixa13. Comigo; é o próprio Cristo, o Governador Espiritual do orbe, daí ser uma grande conquista, uma morada espiritual. Meu trono; denota uma posição de poder, e aqui poder espiritual e definitivo, pois se trata do trono do Messias Divino. Em nosso mundo o poder é tão cobiçado apesar de sua transitoriedade, dor- me-se nele e acorda-se destituído. O poder espiritual é diferente, pois ao conquistá-lo não o perdemos jamais; é fundamentado na verdadeira autoridade, a moral. …assim como também eu venci; Jesus venceu o mundo consoante Sua própria declaração14. Temos nesta afirmativa a confirmação que se trata de vitória espi- ritual sobre a transitoriedade dos elementos materiais. Assim como define que a vitória a que Ele se refere é do mesmo nível que a Dele. Daí o mesmo galardão: …me sentei com meu Pai no seu trono. Meu Pai nos fazendo compreender Deus em Sua dimensão maior de Perfeição e Espiritualidade. Jesus não é Deus, mas está em Seu trono significando Sua Unificação com Ele. Ao dizer que o vencedor se assentará no mesmo trono que Ele, nos diz de nos- so destino glorioso de também nos integrar a Deus15. Em Cristo participaremos desta Comunhão Maiúscula em Espírito e Verdade. Esta é a mensagem do Apo- calipse… 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Texto extraído do Livro “As Sete Cartas do Apocalipse” – a publicar) 13 (Dicionário Bíblico Strong 2002) 14 Cf. João, 16: 33 15 Cf. João, 17: 21 a 23
  • 16.
  • 17. Bibliografia A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Ed. Paulinas, 1992. BibleWorks For Windows, Versão 7.0.012g. BibleWorks, 2006. DIAS, Haroldo Dutra (tradutor). O Novo Testamento. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010. Dicionário Bíblico Strong . Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002. HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa, versão 1.0. Editora Objetiva, 2001. KARDEC, Allan. A Gênese, 26ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1984. SILVA, Rodrigo P. “Testemunho Fiel e Verdadeiro.” Revista Ministério, Julho / Agosto de 2005. XAVIER, Francisco C. / Emmanuel (Espírito). Pensamento e Vida, 9ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.