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FUNDAMENTOS

    DA

MEDICINA

TIBETANA

  Volume II




              1
FUNDAMENTOS
        DA
     MEDICINA
     TIBETANA
    de acordo com a obra rGyud-bzi

                  Volume II


           Elizabeth Finckh

                 Traduzido por:
           Williams Ribeiro de Farias
         e Dra. Yeda Ribeiro de Farias


            Editora Chakpori




2
Título original: Foundations of Tibetan Medicine Vol. II
      © 1978, Robinson and Watkins Books Ltd.




           Direitos autorais adquiridos pela
                   Editora Chakpori


                                                           3
PREFÁCIO


      Durante toda sua história o Ocidente tem mostrado
uma saudável curiosidade e um vivo interesse na
sabedoria e na filosofia do Oriente. O Tibete foi,
especialmente, objeto de intensa especulação e sua
posição extremamente isolada, aliada à política de
desencorajamento        aos      estrangeiros,     seduziu
imensamente a imaginação e o romantismo.
      Mas foram também as pessoas no Ocidente,
estudantes, cientistas, escritores, historiadores e
médicos quem manifestaram uma qualidade admirável
de seriedade em suas tentativas de compreender o
mundo asiático. Estes esforços pioneiros para descobrir,
interpretar e avaliar o tesouro cultural do Tibete têm
crescido enormemente desde 1959, quando o país foi
invadido e ocupado pela China.
      É no campo da medicina tibetana que os cientistas
Ocidentais têm realizado, recentemente, numerosos
projetos, envolvendo a tradução e a interpretação dos
textos e tratados médicos. Esta iniciativa deu origem à
a maiores possibilidades de contato e comunicação do
que o existente anteriormente no Tibete. Foi causado
também por um desejo de conservar e preservar a
medicina tibetana como parte de uma rica herança
cultural que está sendo atualmente influenciada pela
China.
      A Dra. Finckh é talvez a primeira médica Ocidental
a traduzir e interpretar os principais textos da medicina
4
tibetana para uma língua Ocidental. Ela tem o mérito de
haver estudado na Tibetan Medical School em
Dharamsala sob a experiente orientação de médicos
tibetanos em 1962. Foi com o auxílio destes médicos
que os principais textos foram traduzidos e explicados.
      A medicina tibetana hoje goza de um rápido e
crescente interesse e reputação entre os médicos
Ocidentais. A ciência da medicina tibetana e sua
praticabilidade está agora sendo reconhecida.
      Congratulo a autora pelos seus esforços diligentes
e louváveis para propagar a medicina tibetana e desejo-
lhe todo sucesso e bem-aventurança em seu nobre
empreendimento.


                                          DALAI LAMA
                                    6 de Março de 1972




                                                       5
ÍNDICE


PREFÁCIO ..................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS ............................................................................... 7
CAPÍTULO UM                   O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA ............................ 11
ANATOMIA ................................................................................................................ 19
FISIOLOGIA ................................................................................................................ 23
PATOLOGIA ............................................................................................................... 28
CAPÍTULO DOIS                      DIAGNÓSTICO ................................................................. 32
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 32
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 36
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 39
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 44
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ...................................................................................... 51
   1. Observação ..................................................................................................... 54
   2. Palpação.......................................................................................................... 60
   3. Questionamento (Anamnese) ........................................................................... 72
CAPÍTULO TRÊS                      TERAPÊUTICA................................................................. 77
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 77
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 81
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 84
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 91
E) MÉTODOS DE TRATAMENTO ................................................................................. 105
   1. Nutrição......................................................................................................... 105
   2. Comportamento.............................................................................................. 110
   3. Medicamentos ................................................................................................ 115
   4. Tratamentos ................................................................................................... 128
CAPÍTULO QUATRO                        TIPOS CONSTITUCIONAIS ..................................... 145
     1. Natureza e temperamento em geral ................................................................. 146
     2. Condições que geralmente dão origem às doenças .......................................... 147
     3. As Características do Sistema......................................................................... 147
CAPÍTULO CINCO                     O LIVRO RGYUD-BZHI................................................ 149
CAPÍTULO SEIS                      PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA ....................... 155
TÍTULOS DOS TRABALHOS ........................................................................................ 161
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 164


6
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS

       Não há dúvidas sobre o fato da medicina tibetana
ter despertado grande interesse no Ocidente. No
entanto, precisamente por esta razão, seria muito
perigoso, particularmente em uma época como a nossa
na qual estamos prontamente dispostos a experimentar
as práticas Orientais e “drogas milagrosas”, adotar sem
críticas, fragmentos separados do significativo Sistema
de Medicina Tibetana ou levantar, precocemente, a
questão de sua aplicabilidade. Primeiramente, é de
primordial importância que os fundamentos teóricos da
medicina tibetana e sua circunstância filosófica seja
cuidadosamente estudada.
       Nos Fundamentos da Medicina Tibetana, Volume
1, apontamos para o fato de que, quando a acupuntura,
um outro método de tratamento asiático que tem
adquirido reconhecimento acadêmico em universidades
e que está sendo colocada em prática, foi introduzida no
Ocidente, diversos erros foram cometidos: o auxílio de
Sinologistas na tradução dos mais importantes trabalhos
médicos chineses foi solicitado tarde demais; este
método de tratamento foi colocado em prática cedo
demais; muito tempo foi gasto com desnecessárias
especulações filosóficas e, finalmente, não havia desde
o início qualquer terminologia médica adequada. Estes
erros não devem ser repetidos com a medicina tibetana.
Portanto, nosso primeiro passo deve ser estabelecer
uma terminologia médica realizada a partir das fontes
disponíveis e tornada clara com o auxílio e
aconselhamento de médicos tibetanos e tibetologistas.

                                                       7
Por esta razão, demos início no Volume 1 à
compilação de alguns fundamentos da medicina
tibetana. O estudo destes fundamentos, um capítulo
sobre os autores, sobre importantes trabalhos médicos e
um esboço do conteúdo do tratado padrão sobre
medicina tibetana, o rGyud bzi (Quatro Tratados), traz
ao leitor do Volume 1, através da transliteração, da
tradução e da apresentação dos textos, a organização
do sistema da medicina tibetana o qual consiste de três
raízes: a organização das partes do corpo, o diagnóstico
e a terapêutica. Através da tradução dos textos, foi
possível chegar à terminologia médica e descobrir o
princípio da medicina tibetana – uma consistente divisão
em três partes – e o fato de que a medicina tibetana é
uma doutrina de constituição.
      O objetivo deste volume é expandir a terminologia
médica, tomando novamente textos do rGyud bzi como
base. No Volume 1, os 88 termos da Raiz A =
Organismo Doente e Saudável foram deduzidos (rGyud
bzi, Parte I, Capítulo 3). Neste Volume, devemos nos
concentrar nos textos referentes às duas outras raízes,
Diagnóstico = Raiz B e Terapêutica = Raiz C. Os blocos
de impressão serão trabalhados da mesma forma que
no Volume 1 (transliteração, tradução e apresentação)
de modo a analisar por completo a terminologia médica
derivada dos textos e englobando as nove disciplinas da
medicina tibetana. Ao todo, devemos então definir 283
termos: 3 raízes, 9 troncos, 47 ramos e 224 folhas.
      Para esquematizarmos a apresentação das nove
disciplinas devemos utilizar o sistema da medicina
tibetana como guia porque com seu auxílio, é possível
ver claramente a estrutura da medicina tibetana.
      O seguinte material será utilizado para breves
descrições das nove disciplinas:
8
1. Os trabalhos relacionados no apêndice Título dos
   Trabalhos.
2. P.A. Badmaev Glavnoe rukovodstovo po vracebnoj
   nauke Tibeta Zud si v novom perevode P. A.
   Badmaeva s ego vvedeniem, raz‟jasnjajuscim osnovy
   tibetskoj vracebnoj nauki. St. Petersburg, 1903.
   Conseguimos uma tradução alemã deste trabalho
   russo que é uma tradução parcialmente resumida das
   Partes 1 e 2 do rGyud bzi.
3. Csoma de Körös Analysis of a Tibetan Work (em:
   Journal of the Asiatic Society of Bengal, 4, 1835, págs.
   1-20)
4. Instrução oral e material escrito, as muitas tabelas dos
   médicos tibetanos – pelas quais devo agradecer ao
   meu professor tibetano, Yeshe Donden, e seus
   alunos, Jhampa Kelsang e Barry Clark.
5. Agradeço ao Prof. R. E. Emmerick pela gentileza de
   permitir que eu utilizasse sua tradução inglesa de
   vários capítulos do rGyud bzi ainda não publicada.
   Utilizei os capítulos 4 e 5 (rGyud bzi, Parte 1) quase
   que palavra por palavra de sua tradução porque seria
   presunçoso e, além disso, quase impossível para mim
   tentar fazer minha própria tradução destes textos
   extremamente difíceis considerando meu atual
   conhecimento da língua tibetana que, apesar de ter
   melhorado, é ainda insuficiente. Gostaria de expressar
   meus agradecimentos ao Sr. Andrew Craston que
   traduziu grande parte deste Volume.
       Apesar de não estar dentro da abrangência deste
trabalho descrever a prática da medicina tibetana – este
assunto será desenvolvido no Volume 3 – será
necessário discutirmos brevemente alguns métodos
diagnósticos e tratamentos externos. Gostaria de
enfatizar que os métodos diagnósticos e terapêuticos
                                                          9
podem ser aplicados satisfatoriamente apenas depois
que os princípios teóricos forem estudados em detalhes
e sob a completa supervisão de médicos tibetanos.
      A medicina tibetana não é uma técnica qualquer
que possa ser aprendida em um curso relâmpago. Uma
aplicação prematura e sem críticas de certos métodos
poderia resultar em um aniquilamento da medicina
tibetana, transformando-a em um outro tipo de medicina
alternativa. Minha intenção ao escrever este livro é
tornar claro que a medicina tibetana, com todos seus
fascinantes e valiosos discernimentos, deve ser
cuidadosamente estudada e examinada, podendo desta
forma ser preservada.




10
Capítulo Um      O SISTEMA DA MEDICINA
                      TIBETANA

      Os tibetanos desenvolveram seu próprio sistema
de medicina, individual e único, pois nenhum outro
sistema de medicina é organizado desta maneira.
      Quando observamos especificamente os números
associados a este sistema, devemos nos lembrar do fato
de que ele possui muitas e variadas influências, algumas
particularmente fortes, como a indiana, a chinesa e a
budista. O caráter especial da medicina tibetana tornar-
se-ia apenas aparente se as influências acima
mencionadas, que também podem ter afetado os
números do sistema, forem descritos em detalhes. No
entanto, como mencionado no volume 1, teremos que
nos ocupar com este tópico em um próximo volume.
      A medicina tibetana e os ensinamentos budistas
estão intimamente relacionados. Por esta razão,
planejamos inicialmente relacionar os já conhecidos
conceitos budistas aos números do sistema. A
interpretação das muitas ocorrências desta correlação
seria na verdade fácil porque a correlação é bastante
óbvia. No entanto, nem todos os números podem ser
explicados tão facilmente desta maneira. As seguintes
considerações induziram-me a abandonar o plano
original: aventurar-nos em qualquer um deles nos
desviaria do assunto principal deste livro ou, se a
descrição fosse inadequada, não teríamos feito justiça à
tremenda influência do budismo.
      Entretanto, é possível explicar e esclarecer a
estrutura do sistema, seus números, o caráter especial e
a colorida diversidade da medicina tibetana, a qual está
                                                      11
também profundamente enraizada na crença popular do
Tibete (crença em espíritos prejudiciais, consulta a
oráculos, rituais mágicos, amuletos, métodos de
proteção contra espíritos prejudiciais, etc.) através da
discussão da antiga religião Bon do Tibete, do
Xamanismo e das tradições do Na-khi.
      O sistema da medicina tibetana é retratada em
analogia com uma árvore. Nove troncos crescem das
três raízes da árvore – dois, três e quatro troncos,
respectivamente, um fato que aponta para a religião Bon
com seu número sagrado nove. A crença e o medo de
espíritos prejudiciais, as nove esferas do paraíso, os
nove degraus da escada-dmu do paraíso para a
montanha Yol ba, o banimento dos espíritos prejudiciais
pelos monges Bon através de poderes mágicos, o fato
da menção das 404 doenças, os rituais da morte,
conhecido como Bardo e sempre o número sagrado
nove: todos estes aspectos podem ter representado um
papel no desenvolvimento do sistema da medicina
tibetana.
      O Xamanismo assim como a religião Bom serão
apenas mencionados neste trabalho, embora tenham
influenciado o desenvolvimento do sistema. Sobre este
aspecto, podem-se citar os nove filhos xamãs, o jejum
de nove dias, a colocação de nove árvores de faia, nove
postes e nove tijelas de oferendas, as nove
circumambulações da iniciação do xamã na qual ele
escala a vidoeira, a cerimônia de nove dias de duração,
os nove ninhos da árvore xamã e os nove pássaros que
podem ser vistos. Esta grande e sagrada árvore xamã
com seus nove entalhes e o topo que alcança o nono
paraíso poderia ter influenciado a divisão em nove
partes do sistema de medicina tibetana, que é da
mesma forma representado como uma árvore.
12
Os Na-khi1, uma tribo dos antigos Ch‟iang, viviam
como nômades em suas pastagens no noroeste do
Tibete. Suas tradições são bastante singulares. Eles
veneravam três paraísos, três terras e três zimbros. Um
altar era construído para o “sacrifício ao paraíso”; um
zimbro era colocado no centro com um carvalho à direita
(paraíso) e outro carvalho à esquerda (terra). Um ramo
de carvalho com duas bifurcações horizontais era
colocado à esquerda de cada árvore, e à direita, um
ramo de carvalho com dois entalhes horizontais. Uma
vara de álamo com quatro bifurcações no topo era
afixada atrás da árvore central. Uma pedra branca era
colocada na frente de cada árvore. Assim, em frente dos
nove, 3 vezes 3 árvores, três tigelas de arroz eram
oferecidas sobre o altar, em frente das quais estavam as
três pedras brancas. Há, portanto, uma grande
semelhança entre este exótico “sacrifício ao paraíso”,
uma cerimônia envolvendo a disposição de nove
árvores, duas das quais também revelam uma divisão
de duas e de quatro partes, respectivamente, e a árvore
do sistema tibetano.
      É uma pena que tenha sido necessário condensar
esta parte do livro e que tenha sido possível apenas
mencionar aqui os pontos importantes. Um trabalho
mais     detalhado     dos     aspectos     mencionados
preencheriam um livro completo e auxiliaria a
demonstrar mais claramente a fascinante variedade da
medicina tibetana e tornar mais fácil a explicação do
sistema.
      O sistema da medicina tibetana é particularmente
importante por numerosas razões. A típica divisão em
três partes, uma característica da medicina tibetana, é
óbvia e reconhecível por todo o sistema. As relações
das várias disciplinas umas com as outras podem ser
                                                      13
vistas; por exemplo, o número de folhas para os
medicamentos é dado como cinqüenta, o que
certamente corresponde à grande importância desta
disciplina na prática da medicina tibetana. Aprendemos
através do sistema que todos os detalhes referem-se
aos três tipos constitucionais. Finalmente, este sistema
nos possibilita apresentar a medicina tibetana de uma
maneira sistemática porque os nove troncos
correspondem às nove disciplinas.
       Gostaria de explicar agora o esquema que deverei
utilizar para a pesquisa das nove disciplinas. Na tabela
seguinte, o sistema completo está representado com
raízes, troncos, ramos e folhas por meio dos quais os
termos empregados para descrever alguns dos troncos
são apenas equivalentes e não traduções literais 2. As
ilustrações (A, B e C) foram incluídas para que o leitor
possa visualizar as raízes. Antes da apresentação de
cada disciplina, foi incluída uma ilustração do tronco
correspondente (Ilustrações I-IX). Neste Volume, as
ilustrações foram incluídas em escala real de forma que
alguns nomes tibetanos escritos sobre as folhas podem
ser claramente reconhecidos e podem ser decifrados por
tibetologistas. Aos não-tibetologistas, estas ilustrações
oferecem uma boa elucidação do sistema. Incluí
também uma breve descrição das duas disciplinas,
Troncos I e II, os quais não são, na verdade, o objeto de
estudo deste Volume3, de forma que a estrutura da
medicina tibetana como um todo será evidente, ainda
que apenas de forma condensada. Portanto, podemos
observar que as disciplinas da medicina tibetana
correspondem àquelas da medicina Ocidental e que a
medicina tibetana está organizada de uma maneira
bastante sistemática.

14
O SISTEMA

Raízes                           Troncos   Ramos   Folhas
Raiz A = Organização das partes do corpo e as bases das
doenças
Organismo saudável                    I      3     25
Organismo doente                     II      9     63
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3             12     88
Raiz B = Diagnóstico
Observação                          III      2      6
Palpação                            IV       3      3
Questionamento                       V       3     29
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 4              8     38
Raiz C = Terapia
Nutrição                            VI       6     35
Comportamento                       VII      3      6
Medicamentos                       VIII     15     50
Tratamentos                         IX       3      7
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 5             27     98
                                            47     224




                                                       15
RAIZ A

           Organização das partes do corpo e
                as bases das doenças


     Organismo saudável            Organismo doente

          3 ramos                      9 ramos
          25 folhas                    63 folhas

              I                           II




16
17
RAIZ A
         Tronco I = Organismo saudável
              rnam par ma gyur pa

      Ramos                    Folhas
        nad                      15
     lus zungs                    7
       dri ma                     3
          3                      25




18
ANATOMIA

      Na visão da maneira pela qual os sepultamentos
eram conduzidos, os médicos tibetanos tiveram
certamente a oportunidade de realizar estudos
anatômicos detalhados. No entanto, nenhuma tentativa
parece ter sido feita para descobrir a verdadeira
estrutura anatômica do corpo. A anatomia tibetana
apresenta certas características típicas porque é
principalmente orientada para as funções e não para o
substrato material. Esta é a razão pela qual, na
apresentação da anatomia tibetana, um diagrama do
corpo descrevendo todas as funções parece ser mais
importante do que a exata descrição dos órgãos porque,
desta forma, as funções podem ser determinadas para
partes do diagrama. Este aspecto torna-se mais óbvio
quando observamos as ilustrações anatômicas. Além
disso, os tibetanos afirmam que existem áreas
intercorporais que são mais sutis que nosso substrato
Ocidental; são “campos de força” que formam canais de
energia os quais, em nossa maneira de pensar
Ocidental, são irreais. Termos como “canais vitais”, “fogo
digestivo” e muitos outros aspectos mostram claramente
que não podemos igualar estes “órgãos” com outros da
ciência anatômica Ocidental. Esta é também a razão
pela qual torna-se quase impossível definir estes
conceitos nos termos da medicina Ocidental. Podemos
apenas     observar     que   os   médicos      tibetanos
desenvolveram, de maneira bastante consistente, uma
ciência da anatomia que não podemos comparar com a
nossa anatomia Ocidental. Uma observação mais
cuidadosa na anatomia tibetana, no entanto, ensina-nos
                                                        19
que esta abordagem, que enfatiza as funções, é de
grande utilidade prática.
     É possível fazer apenas uma breve menção à
embriologia, que apesar de suas semelhanças com a
embriologia indiana, difere desta última em vários
pontos. A principal diferença é que, de acordo com a
embriologia tibetana, os órgãos sólidos (don) são
formados na 12a semana e os órgãos ocos (snod), na
13a. A embriologia tibetana também estabelece que o
sêmen do pai forma os ossos, o cérebro e a medula
espinhal enquanto que o sangue da mãe forma os
músculos, sangue, órgãos sólidos e órgãos ocos.
     A anatomia é dividida nas seguintes quatro partes:

1) A organização das partes do corpo
a) As quantidades: rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad
  kan (fleuma) e todos as partes componentes do corpo
  podem ser relacionados uns com os outros de uma
  maneira específica, por exemplo, a quantidade de
  rLung (vento) deve preencher a bexiga, a quantidade
  de mKris pa (bile) preenche o saco escrotal e a
  quantidade de Bad kan (fleuma) equivale a três vezes
  as duas mãos cheias.
b) As partes do corpo: O corpo humano é formado por
  360 ossos, que são de 23 tipos diferentes, 12
  articulações grandes, 210 articulações pequenas, 16
  tendões, 900 fibras, 21.000 fios de cabelos e 11
  milhões de poros. Os tibetanos diferenciam os órgãos
  em 5 órgãos sólidos (don) – coração, pulmões, baço e
  rins – e 6 órgãos ocos (snod) – intestino grosso,
  vesícula biliar, intestino delgado, estômago, bexiga e
  bsam se‟u. Existem também as nove entradas.


20
2) O sistema de canais e suas conexões 4
a) Canais de concepção (chag pa‟i rtsa). Estes canais ou
   veias possuem um caráter embrionário. Três canais
   originam-se do umbigo: o primeiro canal expande-se
   de forma ascendente e o cérebro se desenvolve a
   partir daí; o segundo penetra no meio do corpo e o
   canal vital desenvolve-se a partir daí; o terceiro canal
   expande-se de forma descendente e os genitais
   desenvolvem-se a partir daí.
b) Canais da existência (srid pa‟i rtsa): O tibetanos
   fazem diferença entre quatro grandes canais. O canal
   que forma os órgãos sensoriais está no cérebro e está
   circundado por 500 pequenos canais. O canal que
   sustenta a memória e a consciência está no coração e
   é circundado por 500 pequenos canais. O canal que
   forma os elementos do corpo está no umbigo e é
   circundado por 500 pequenos canais. O canal que
   executa a reprodução está na região dos genitais e é
   circundado por 500 pequenos canais.
c) Canais de conexão („brel ba‟i rtsa): Na cabeça, o
   canal vital escuro divide-se em 24 canais que suprem
   os músculos e o sangue. Oito canais ocultos originam-
   se das partes inferiores do canal vital e suprem os
   órgãos sólidos e ocos. Há 16 canais visíveis que
   suprem as articulações e 77 canais para circulação
   sangüínea. Há também 112 pontos vitais, 189
   pequenos canais de características variáveis, dos
   quais 120 canais menores se originam. São
   destinados às áreas mediana e interna do corpo.
   Estes canais, por sua vez, dividem-se em 360 canais
   menores ainda, que se dividem em 700 canais muito
   finos que cobrem toda a superfície do corpo.
Assim como estes canais escuros, há um segundo
   grupo de caráter branco ou claro. Os 19 chamados
                                                         21
canais de sustentação-água, dos quais 13 são
  conectados com os órgãos sólidos e ocos, originam-
  se no cérebro e são canais ocultos. Seis canais
  visíveis são conectados com as articulações e deles
  se originam os 16 canais de sustentação-água
  menores.
d) Canais vitais (tshe yi rtsa): O primeiro canal passa
  através da cabeça e de todo o corpo. O segundo
  canal está conectado com a respiração. O terceiro
  canal é o canal principal e mantém o crescimento
  corporal.

3) Pontos vitais
      Os pontos vitais ou pontos críticos são assim
denominados porque se um destes pontos for
prejudicado as consequências podem ser fatais. Há 302
pontos vitais dos quais 96 são tão perigosos que a pode
ocorrer a morte se um deles for atingido. Dentre os
demais, 49 são perigosos também, mas médicos
experientes podem curar tais distúrbios. As lesões nos
157 pontos restantes podem ser curadas. Faz-se uma
distinção entre 7 tipos de pontos vitais: (1) carne = 45,
(2) gordura = 8, (3) ossos = 32, (4) tendões e (5) fibras =
14, (6) órgãos sólidos e ocos = 13, (7) vasos = 190.
Estes pontos vitais estão espalhados pelo corpo inteiro
da seguinte maneira: cabeça = 62, pescoço = 33, tronco
= 95 e membros = 112. Se estes pontos vitais são
lesados, podem ocasionar vários distúrbios mais graves
ou menos graves. O tipo mais perigoso de lesão ocorre
nos vasos, na gordura, nos órgãos sólidos e ocos; se
estas partes do corpo são prejudicadas, as
conseqüências são fatais. Na opinião dos médicos
tibetanos, é extremamente importante que sejam
tomados cuidados especiais com os pontos vitais,
22
particularmente com os vasos – isto significa que o
método terapêutico da sangria deve levar em
consideração os pontos vitais dos vasos. Tenho
observado freqüentemente como os pacientes tibetanos
oferecem resistência quando uma amostra de sangue é
retirada da veia na dobra do braço, quando feita da
maneira ocidental, que normalmente utiliza esta veia
para tais amostras ou para injeções. A razão para tal
resistência é que este é um ponto que corresponde
exatamente a um ponto vital.

4) Entradas
Há uma diferença entre dois tipos de entradas dos
caminhos de circulação: entradas internas e externas.
As aberturas internas são: os constituintes do corpo (7),
as impurezas (3), rLung da sustentação da vida (1) e o
alimento (1) = 13 aberturas internas. As aberturas
externas são: narinas (2), ouvidos (2), olhos(2), boca (1),
ânus (1), totalizando 12 aberturas.
      As doenças ocorrem como consequência de erros
de comportamento ou de nutrição porque os canais
naturais do organismo estão bloqueados.


                     FISIOLOGIA

1) Partes do corpo que podem ser lesadas

      Constituintes do corpo: o quilo (1) faz com que os
outros seis constituintes desenvolvam-se e é
transformado em sangue; o sangue (2) umedece o
corpo, mantém a vida e é transformado em carne; a
carne (3) recobre o corpo e transforma-se em gordura; a
gordura (4) torna o corpo lubrificado e é transformado
                                                         23
em osso; o osso (5) sustenta o corpo e desenvolve-se
em medula óssea; a medula óssea (6) é importante para
a nutrição e é transformada em sêmen; o sêmen (7)
realiza a fertilização e preserva a vida.
       As impurezas são as fezes e a urina, resultantes
da digestão do alimento, e o suor que amacia a pele.
       O crescimento do corpo depende do suporte
mútuo dos constituintes corporais, das impurezas e das
bases das doenças. O calor combinado gerado por
estes três fatores formam o chamado calor do fogo
digestivo o qual, por sua vez, produz saúde, vitalidade e
energia. Este fogo digestivo forma a base da digestão na
qual, acima de tudo, a vesícula biliar representa parte
ativa.
       Durante o processo digestivo, os alimentos e as
bebidas são partidos em partes menores e decompostos
no trato digestivo com o auxílio de rLung, mKris pa e
Bad kan, os quais realizam várias funções. O processo
digestivo é influenciado pelas qualidades do sabor.
Finalmente, a porção sólida do alimento transforma-se
em fezes e a porção líquida transforma-se em urina. O
quilo é transformado em muco no estômago, sangue é
transformado em bile na vesícula biliar, carne é
transformada em impurezas, gordura em oleosidade,
ossos em unhas, cabelos e dentes, e a medula óssea
em pele e fezes. O complexo processamento digestivo
demora seis dias para completar-se.

2) Partes que lesam o corpo

      Se os três humores – rLung, mKris pa e Bad kan –
alteram-se de qualquer forma, por exemplo, quanto à
quantidade ou localização no corpo, as funções
corporais são perturbadas. Se os mesmos não se
24
alteram e permanecem em equilíbrio, o corpo mantém-
se saudável. Os três humores possuem: tipos
específicos, localizações, relações com o fogo digestivo,
efeitos sobre o estômago, funções e características.
      rLung (vento): Sustentador da vida, Movimento
ascendente, Penetrante, (acompanha o) Fogo e
Remoção descendente são os cinco tipos. Está
localizado abaixo do coração e do umbigo. Um rLung
forte torna o fogo digestivo irregular. Se rLung é
dominante, o estômago está firme. As funções gerais de
rLung são: movimentar o corpo, influenciar a respiração
para dentro e para fora, manutenção do corpo e
conservação da clareza dos órgãos sensoriais. As
funções específicas dos cinco tipos de rLung são muitas
e variadas e podem, até certo ponto, ser deduzidas a
partir de seus nomes. As características são: áspero,
leve, frio, aguçado, firme e móvel.
      mKris pa (bile): Digestivo, Responsável pelo brilho
do quilo, Satisfação dos desejos, Permite a visão e
Clareador a cor da pele são os cinco tipos. Está
localizado entre o coração e o umbigo. O fogo digestivo
torna-se pungente por causa de um mKris pa forte. Se
mKris pa é dominante, o estômago fica macio. As
funções gerais de mKris pa são: atua sobre a digestão,
limpa a pele e produz uma compleição pura, um coração
corajoso e um estado feliz na mente em geral. As
funções específicas são evidenciadas pelos nomes
dados a eles. As características são: oleoso, pungente,
leve, malcheiroso, limpador e úmido.
      Bad kan (fleuma): Sustentação, Decomposição,
Responsável pelo paladar, Produtor de satisfação e
Possibilita a flexão são os cinco tipos. Está localizado
acima do coração e do umbigo. Um Bad kan forte torna
o fogo digestivo fraco e reduzido. Se Bad kan é
                                                       25
dominante o estômago não se torna nem macio nem
duro. As funções gerais de Bad kan são: fixa e une as
articulações, produz estabilidade ao corpo e à mente e
fornece resistência ao corpo. As funções específicas dos
cinco tipos são evidenciadas pelas suas denominações.
As características são: oleoso, frio, pesado, embotado,
macio, estável e adesivo.




26
RAIZ A
         Tronco II = Organismo doente
               rnam par gyur pa

         ramos                folhas
         rgyu                         3
         rkyen                        4
         „jug sgo                     6
         gnas                         3
         lam                         15
         ldang dus                    9
         (na so, Yul,
         dus)
         „bras bu                     9
         ldog pa‟i rgyu              12
         mdo don                      2
                 9              63




                                          27
PATOLOGIA

       A doutrina da doença é introduzida por uma
descrição dos quatro precursores da morte. Faz-se uma
diferenciação entre precursores distantes tais como as
mudanças no caráter do paciente, seus sonhos, e os
precursores próximos, incertos e certos da morte.
       A patologia em si é dividida de maneira sistemática
em sete seções e estudá-la, Capítulo 3 do rGyud bzhi,
Parte 1, já traduzido, fornece-nos pontos de referências
úteis. Com relação às causas (rgyu), a distinção é feita
entre causas distantes, tais como os três “venenos”, e as
causas próximas. Nesta seção, nós também
encontramos a importante passagem que estabelece
que, dentre os três humores, rLung (vento) é a causa de
todas as doenças por sua influência sobre ambos, o
calor e o frio corporais. Com relação às causas
predisponentes (rkyen), encontramos explicações
bastante longas sobre as influências do tempo, nutrição,
comportamento e demônios (ou estados mentais
prejudiciais). A terceira seção, as formas de entrada („jug
sgo), ensina-nos como, após terem sido lesados os
constituintes corporais e as impurezas, as entradas
finalmente se abrem e a doença toma seu curso. A
quarta seção, localização (gnas), descreve quais partes
do corpo são afetadas. A próxima seção nos informa das
características da doença. A redução e a elevação e,
finalmente, o distúrbio completo dos humores, os
constituintes corporais e as impurezas são descritas
juntamente com os vários sintomas. Aqui, descobrimos
que, ao final, todas as doenças estão relacionadas com
o calor e o frio. Além disso, na sétima seção e na seção
final, antes da classificação das doenças (6), também

28
lemos que as doenças possuem formas individuais e
que há inúmeras formas e tipos de doenças.
      A classificação em 4 x 101 doenças é típica da
medicina tibetana. Devo omitir outras divisões dentro da
patologia e mostrar a forma sistemática desta
classificação de maneira a demonstrar a estrutura das
404 doenças, sem mencionar os nomes e os sintomas.




                                                      29
Classificação das doenças

                        A. Três humores
                             rLung
Tipo                                       1-20
Localização: pele, carne, vasos, ossos    21-24
                órgãos sólidos               25
                órgãos ocos                  26
                órgãos sensoriais            27
Classes particulares: rLung               28-32
                rLung + Bad kan           33-37
                rLung + mKris pa          38-42
                                             42
                       mKris pa
Tipo                                        1-4
Localização: pele, carne, vasos, ossos      5-8
                órgãos sólidos                9
                órgãos ocos                  10
                órgãos sensoriais            11
Classes particulares: mKris pa            12-16
                mKris pa + rLung          17-21
                mKris pa + Bad kan        22-26
                                             26
                            Bad kan
Tipo (simples)                              1-6
Localização: pele, carne, vasos, ossos     7-10
                órgãos sólidos               11
                órgãos ocos                  12
                órgãos sensoriais            13
Classes particulares: Bad kan             14-18
                Bad kan + rLung           19-23
                Bad kan + mKris pa        24-28
Tipo (complexo)                           29-33
                                             33
                                            101




30
B. Predominâncias
Simples                                  Elevação e   18
Dois humores predominantes               redução de   18
Três humores predominantes                humores     38
Superveniente                                          27
                                                      101

                      C. Localizações
Região superior                                       18
Região interna                                        19
Região inferior                            Corpo       5
Região externa                                        20
Interna e externa                                     37
Mente                                                   2
                                                      101

                          D. Variações
Doenças internas                                       48
Ferimentos                                             15
Febre e doenças quentes                                19
Pústulas                                               19
                                                      101
A. Três humores                                       101
B. Predominâncias                                     101
C. Localizações                                       101
D. Variações                                          101
Total de doenças                                      404




                                                       31
Capítulo Dois DIAGNÓSTICO


Sumário do Capítulo
Introdução
A) Blocos de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
   4 – fólios 8a, 8b, 9a
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos diagnósticos
      1. Observação
      2. Palpação
      3. Questionamento


                   INTRODUÇÃO

       Na transliteração, a divisão do texto em estrofes
de quatro linhas foi ignorada, como no Volume I. Os
parênteses que foram incluídos na transliteração (8b1-
9a1) mostram os fólios, as páginas e as linhas do bloco
de impressão. Os números que aparecem dentro de
colchetes correspondem aos da tradução; em outras
palavras, os números [5]-[32] foram incluídos na
tradução de forma que os termos correspondentes
possam ser encontrados sem dificuldades. Na tradução
do texto, os termos são marcados por números, com III-
V representando os troncos e 1-38, as folhas. Esta
identificação não foi de fácil realização e em alguns
casos foi possível apenas com o auxílio de comentários.
32
Dificuldades particulares surgiram na classificação do
Tronco V = Questionamento. Felizmente, no entanto, a
informação dos médicos tibetanos foi particularmente
útil. Portanto, foi possível realizar a identificação de
todas as 38 folhas e os 8 ramos de forma que todos os
termos puderam ser definidos.
       Na apresentação, foi impossível evitar em algumas
situações o uso de termos retirados do texto original de
uma forma gramatical ligeiramente diferente.
       Os troncos da Raiz B = Diagnóstico
                    Tronco III Observação
                    Tronco IV Palpação
                    Tronco V Questionamento
foi assim analisado. Após o bloco de impressão (A), a
transliteração (B), a tradução (C) e a apresentação (D)
vem uma descrição dos métodos diagnósticos (E),
principalmente dedicada ao mais importante método
diagnóstico utilizado pelos médicos tibetanos, o
diagnóstico pelo pulso.




                                                      33
RAIZ B

                  Diagnóstico


     Observação    Palpação     Questionamento
      2 ramos       3 ramos        3 ramos
      6 folhas      3 folhas       29 folhas
         III          IV              V




34
35
A) BLOCO DE IMPRESSÃO


rGyud bzhi, Parte 1
Capítulo 4
Fólio 8a




36
rGyud bzhi, Parte 1
capítulo 4
Fólio 8b
Fólio 9a




                      37
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO

de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis „di skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
nad la blta reg dri bas yongs shes bya                               [1]
(8b1) mig gis blta ba lce dang chu la brtag                          [2]
brtag pa „di ni mthong ba yul rig yin                                [3]
sor mos reg pa brda sbyor „phrin pa rtsa                             [4]
brtag pa „di ni dpyod pa don rig yin                                 [5]
ngag gis dri ba slong rkyen na lugs zas                              [6]
brtag pa „di ni thos pa (8b2) sgra rig yin                           [7]
rlung gi lce ni dmar zhing skam la rtsub                             [8]
mkhris lce bad kan skya sar mthug pos g-yogs                         [9]
bad kan skya gleg mdangs med „jam la rlon                          [10]
rlung gi chu ni chu „dra lbu ba che                                [11]
mkhris chu dmar ser rlangs che dri ma (8b3) dugs                   [12]
bad kan chu ni dkar la dri rlangs chung                            [13]
rlung gi rtsa ni rkyal stong skabs su sdod                         [14]




38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO

       Então novamente o sábio Rig pa‟i ye shes falou:
       “Oh grande sábio, ouça-me! No caso das doenças,
elas podem ser reconhecidas completamente através da
observação, da sensação (do pulso) e do
questionamento.
       Observar com os olhos e o exame da língua (I) e
da urina (II) – estes exames dão o conhecimento do
local, por causa da observação.
       Sentir com o dedo o (batimento do ) pulso (III-V)
que transmite a informação – [5] este exame dá o
conhecimento do ponto principal, por causa da
investigação.
       Questionar com a voz as causas relacionadas (VI),
as condições da doença (VII) e a alimentação (VIII) –
este exame fornece o conhecimento da fala, por causa
da audição.
       A língua de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é vermelha, seca e áspera (1).
       A língua de (uma pessoa que sofre de) mKris pa é
coberta com muco espesso e castanho-amarelado.
       [10] A língua de (uma pessoa que sofre de uma
doença de) Bad kan é cinza, grossa, sem brilho, lisa e
úmida (3).
       A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é semelhante à água (e apresenta) bolhas
grandes (4).
       A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) mKris pa é amarelo-avermelhada, (apresenta) muito
vapor e (possui) cheiro picante (5).
       A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) Bad kan é branca, possui pouco odor e pouco vapor
(6).
                                                      39
O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é flutuante, vazio e interrompido às vezes (7).




40
Mkhris pa‟i rtsa ni mgyogs rgyas grims par „phar            [15]
bad kan rtsa ni bying rgud dal ba‟o                         [16]
dri ba yang la rtsub pa‟i zas spyod kyi                     [17]
(8b4) rkyen gyis g-yal „dar bya rmyang grang shum byed      [18]
dpyi dang rked pa rus tshigs ma lus na                      [19]
gzer ba nges med „pho zhing stong skyugs byed               [20]
dbang po mi gsal shes pa „tshub pa dang                     [21]
bkres dus na zhing snum bcud phan par nges                  [22]
rno zhing tsha (8b5) ba‟i zas dang spyod lam gyis           [23]
kha kha mgo na sha drod tsha ba dang                        [24]
stod gzer zhu rjes na zhing bsil ba phan                    [25]
lci la snum pa‟i zas dang spyod lam gyis                    [26]
dang ga mi bde kha zas „ju ba dka‟                          [27]
skyug cing kha mngal pho ba tshing ste sgreg                [28]
(8b6) lus sems lci la phyi nang gnyis ka grang              [29]
zos rjes mi bde zas spyod dro na „phrod                     [30]
de ltar brtag thabs sum cu rtsa brgyad kyis                 [31]
nad kun „khrul med nges par gtan la „bebs                   [32]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa (9a1) gsang ba man ngag gi
rgyud las ngos „jin rtags kyi le‟u ste bzhi pa‟o




                                                              41
[15] O pulso de (uma pessoa que sofre de uma
doença de) mKris pa bate rapidamente (e pulsa)
sutilmente (8).
      O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) Bad kan é profundo, fraco e lento (9).

      (Quanto ao) questionamento, por causa de
alimento e comportamento leve e áspero, (10):
bocejos e tremores (11), espreguiçamento (12), calafrios
(13), dores em todas as articulações da coxa e quadril
(14) [20], dores indefinidas que se movimentam (15),
vômito (de estômago) vazio (16), os órgãos dos sentidos
não têm brilho (17), o conhecimento está embotado (18),
há dor na hora da fome (19).
      Alimento oleoso é certamente benéfico (20).

      (Condições das doenças) por causa de alimento e
comportamento pungente e quente (21):
gosto amargo (22), cefaléias (23), ondas de calor (24)
[25], dores na região superior (do corpo) (25), dores
após a digestão (26).
      (Alimento) frio (27) (é certamente) benéfico.

      (Condições das doenças) por causa de alimento e
comportamento pesado e oleoso (28):
falta de apetite (29), dificuldade em digerir o alimento
(30), vômitos (31), (gosto ruim na) boca (32), distensão
abdominal (33), eructações (34), corpo e mente tornam-
se pesados (ambos) (35), sensação de frio dentro e fora
do corpo (36), [30] desconforto após comer (37).
      Alimento e comportamento mornos (38) são
certamente benéficos.


42
Portanto, por meio dos 38 métodos de exame,
todas as doenças (podem) ser classificadas sem erro e
com certeza.”

     Assim expressou o sábio.
     Quarto capítulo sobre o diagnóstico do Tratado
Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da Essência
da Imortalidade.




                                                   43
D) APRESENTAÇÃO

                     RAIZ B
                   Diagnóstico            ngos ‘dzin rtags
Tronco III
Observação                                             blta
Tronco III tem dois ramos:
1º ramo = língua (I)                                    lce
2º ramo = urina (água) (II)                            chu
2 ramos
Estes dois ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Observação

Do 1º ramo nascem                                  3 folhas

Língua (I)                                              lce

     rLung (1)                                       rlung
     vermelha                                        dmar
     seca                                            skam
     áspera                                          rtsub

Língua (I)                                              lce

     mKris pa (2)                                mkhris pa
     coberta com muco grosso e castanho   bad kan skya sar
                                          mthug pos g-yogs

Língua (I)                                              lce

     Bad kan (3)                                  bad kan
     cinza                                           skya
     grossa                                          gleg
     sem brilho                               mdangs med
     macia                                           „jam
     úmida                                            rlon

44
Do 2º ramos nascem                                   3 folhas

Urina (II)                                                chu

   rLung (4)                                           rlung
   semelhante à água                                chu „dra
   bolhas grandes                                 lbu ba che

Urina (II)                                                chu

   mKris pa (5)                                    mkhris pa
   amarelo-avermelhada                               dmar ser
   muito vapor                                    rlangs che
   cheiro quente 5                               dri ma dugs

Urina (II)                                                chu

   Bad kan (6)                                       bad kan
   branca                                                 dkar
   pouco cheiro                                     dri chung
   pouco vapor                                  rlangs chung

                                                     6 folhas

Estas 6 folhas contém detalhes específicos do
Tronco = Observação

                             RAIZ B
                  Tronco III       = 2 ramos

             Ramo 1            = 3 folhas
             Ramo 2            = 3 folhas

                               6 folhas



                                                           45
Raiz B
                   Diagnóstico           ngos ‘dzin rtags
Tronco IV
Sensação (do pulso do vaso) = Palpação              reg pa
Tronco IV tem 3 ramos:
1º ramo = rLung (III)                                 rlung
2º ramo = mKris pa (IV)                           mkhris pa
3º ramo = Bad kan (V)                              bad kan
3 ramos
Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Sensação (do pulso do vaso) = Palpação

Do 1º ramos nasce                                   1 folha

     rLung (7)                                        rlung
     flutuante                                        rkyal
     vazio                                           stong
     com interrupções                        skabs su sdod

Do 2º ramo nasce                                    1 folha

     mKris pa (8)                                mkhris pa
     bate rapidamente, difunde-se    mgyogs rgyas grims par
     (e bate) sutilmente                              „phar

Do 3º ramo nasce                                    1 folha

     Bad kan (9)                                   bad kan
     profundo                                         bying
     fraco                                             rgud
     lento                                           dal ba

                                                   3 folhas

Estas 3 folhas contém detalhes específicos do Tronco =
Sensação (do pulso do vaso) = Palpação


46
RAIZ B
                  Tronco IV             = 3 ramos

           Ramo 1                 = 1 folha
           Ramo 2                 = 1 folha
           Ramo 3                 = 1 folha

                                         3 folhas

                 RAIZ B
               Diagnóstico                    ngos ‘dzin rtags
Tronco V
Questionamento                                            dri ba
Tronco V tem 3 ramos:

1º ramo = causas produtoras (VI)                     slong rkyen
2º ramo = condições das doenças (VII)                    na lugs
3º ramo = alimentação (VIII)                                 zas

3 ramos

Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Questionamento

Do 1º ramo nascem                                       3 folhas

Causas produtoras (VI)                               slong rkyen

  rLung (10)                                               rlung
  leve                                                     yang
  áspero                                                   rtsub

  mKris pa (21)                                       mkhris pa
  pungente                                                  rno
  quente                                                   tsha

  Bad kan (28)                                          bad kan
                                                                 47
pesado                                                          lci
     oleoso                                                       snum

Do 2º ramo nascem                                             23 folhas

Condições das doenças (VII)                                     na lugs

     rLung:                                                        rlung
     1. bocejos e tremores (11)                               g-yal „dar
     1. espreguiçamento (12)                                bya rmyang
     1. calafrios (13)                                 grang shum byed
     1. dores em todas as articulações da             dpyi dang rked pa
        coxa e quadril (14)                        rus tshigs ma lus na
     1. dores indefinidas que se movi-                gzer ba nges med
        mentam (15)                                                 „pho
     1. vômito (de estômago) vazio (16)              stong skyugs byed
     1. os órgãos sensoriais não têm brilho (17)       dbang po mi gsal
     1. conhecimento está embotado (18)               shes pa „tshub pa
     1. dor quando tem fome (19)                           bkres dus na

     mKris pa                                                mkhris pa
     1. gosto amargo (22)                                     kha kha
     1. cefaléias (23)                                         mgo na
     1. ondas de calor (=febre) (24)                  sha drod tsha ba
     1. dores na região superior (do corpo) (25)             stod gzer
     1. dores após a digestão (26)                         zhu rjes na

     Bad kan                                                   bad kan
     1. falta de apetite                              dang ga mi bde
     1. dificuldade em digerir o alimento (30)      kha zas „ju ba dka‟
     1. vômitos (31)                                             skyug
     1. (gosto ruim na) boca (32)                            kha mngal
     1. distensão abdominal (33)                         pho ba tshing
     1. eructações (34)                                          sgreg
     1. corpo e mente tornam-se pesados (35)               lus sems lci
     1. sensação de frio dentro e fora do            phyi nang gnyis ka
        corpo (36)                                               grang
     1. desconforto após comer (37)                    zos rjes mi bde


48
Condições das doenças:

                            rLung            9
                            mKris pa         5
                            Bad kan          9
                                            23


Do 3º ramo nascem                                      3 folhas

Alimentação (VIII)                                          zas

rLung:                                                    rlung
oleosa (20)                                               snum

mKris pa:                                             mkhris pa
fria (27)                                                   bsil

Bad kan:                                               bad kan
morna (38)                                                 dro

                                                      29 folhas

Estas 29 folhas contém detalhes específicos do Tronco =
Questionamento


                                RAIZ B
                     Tronco V            = 3 ramos

              Ramo 1                   = 3 folhas
              Ramo 2                   = 23 folhas
              Ramo 3                   = 3 folhas

                                          29 folhas



                                                             49
Os seguintes termos foram retirados do Capítulo 4
(Parte 1) do livro rGyud bzhi:
Raiz do Diagnóstico = ngos „dzin rtags kyi rtsa ba

Tronco III = Observação     2 ramos     6 folhas
Tronco IV = Palpação        3 ramos     3 folhas
Tronco V = Questionamento   29 ramos   29 folhas
                            8 ramos    38 folhas




50
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

      Um médico tibetano tenta chegar ao fundo das
causas de uma doença em particular através de um
diagnóstico claro e, ao mesmo tempo, descobrir o tipo
constitucional do paciente. Para diagnosticar os
distúrbios que foram causados por fatores prejudiciais, o
médico começa a realizar os seguintes exames:

um exame geral do corpo
um exame das partes afetadas do corpo
um exame do abdome e da pele
tomada de temperatura do paciente – através do exame
    do pulso, etc.

      Então, o médico realiza exames mais específicos
com uma observação e exame dos órgãos sensoriais,
das secreções e excreções – fezes, urina, escarro,
sangue e vômitos.
      Quando estes exames estiverem completos, os
três métodos diagnósticos que foram analisados em
nosso texto são aplicados: observação, palpação e
questionamento.
      Na descrição destes métodos a seguir, será
impossível, evidentemente, denominar todos os
sintomas que são típicos das várias doenças. Melhor
que isso, esperamos que se torne claro que os métodos
diagnósticos são também organizados de uma maneira
sistemática de acordo com os três humores – rLung
(vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma). Gostaria de
adicionar também que tive inúmeras oportunidades,
durante minhas visitas aos Himalaias em 1962 e 1967,
de observar médicos tibetanos realizando tais exames.
                                                       51
No entanto, uma avaliação exata da precisão dos
diagnósticos foi possível apenas alguns anos depois, em
1970, quando o Dr. Yeshe Donden, meu professor,
passou algum tempo como meu hóspede. Em meu
consultório ele foi apresentado a muitos de meus
pacientes cujas patologias eu mesma já havia
diagnosticado com exatidão. Descobri que Yeshe
Donden era capaz de chegar a um diagnóstico
extremamente preciso sem questionar o paciente sobre
quaisquer aspectos – simplesmente através do exame
do pulso e um exame da urina.




52
RAIZ B
 Tronco III = Observação
            blta
ramos              folhas
  lce                 3
  chu                 3
   2                  6




                            53
1. Observação


Diagnóstico através do exame da língua

      Na medicina chinesa, o exame da língua é o
segundo método mais importante de diagnóstico depois
do exame do pulso. Todas as regiões do corpo estão
relacionadas exatamente com as várias partes da língua
de forma que as funções dos órgãos possam ser
interpretadas. Tal distribuição precisa e metódica dos
órgãos nas várias partes da língua não é encontrada na
medicina tibetana. No entanto, o diagnóstico pelo exame
da língua representa ainda assim um papel importante
na medicina tibetana e seu valor pode ser avaliado pelo
grande número de sintomas, característicos de várias
doenças, relacionados à língua. Apesar disso, este
método não ocupa uma posição central como na
medicina chinesa.
      Antes de realizar um exame detalhado, qualquer
tipo de partículas de alimento deve ser removido da
língua. O exame deve, se possível, ser realizado à luz
do dia ou com ótima iluminação. Antes do exame, o
paciente deve ser questionado sobre quais alimentos ou
bebidas ele tenha comido ou bebido.
      Dedica-se uma atenção especial às seguintes
características:

     1. Coloração da língua.
     2. Camada que recobre a língua.
     3. Natureza da língua.

54
Nas doenças de rLung (vento), a língua apresenta-se:
    vermelha
    seca
    áspera
Nas doenças de mKris pa (bile), a língua apresenta-se:
    coberta com uma grossa camada de muco
    castanho-avermelhado.
Nas doenças de Bad kan (fleuma), a língua apresenta-se:
    cinza
    grossa
    sem brilho
    macia
    úmida




                                                     55
Diagnóstico através do exame da urina

      Este método diagnóstico é considerado pelos
médicos tibetanos como particularmente importante.
Isso é indicado pelo fato de que no livro rGyud bzhi
(Parte 4, Capítulo 2), as numerosas características das
várias doenças são consideradas de uma maneira
detalhada e bastante exata.6 Este método é também de
grande importância na prática da medicina tibetana.
      Quando possível, o paciente a ser examinado
deve estar de estômago vazio ou, pelo menos, não ter
ingerido grande quantidade de alimento. A micção da
manhã é a melhor para o exame da urina – à noite, o
exame deve ser evitado porque a coloração da urina é
afetada pelos gêneros alimentícios que o paciente tenha
ingerido durante o dia. Yeshe Donden utilizou apenas a
urina da manhã para realizar tal diagnóstico nos
pacientes que examinou em meu consultório.
      A urina normal é descrita como segue: coloração
amarelo-esbranquiçada, exala quantidade normal de
vapor, não forma muitas bolhas e apresenta um odor
tênue.
      Yeshe Donden pediu-me um recipiente em forma
de tigela, pequeno e limpo, para realizar o exame. Os
médicos tibetanos nos Himalaias também enfatizaram
que o recipiente deve ser muito limpo. Em seguida, o
médico requisitou uma vareta de madeira clara. A urina
a ser examinada é despejada dentro do recipiente e
agitada com a vareta de madeira.
      Observei que o exame subsequente dura longo
tempo porque as seguintes características devem ser
registradas:
     1. Coloração
56
2. Formação de vapor
     3. Cheiro
     4. Formação de bolhas
     5. Sedimentos
      Todas essas características são importantes, mas
a formação de bolhas e o sedimento parecem ser
particularmente significativos.
      Nas doenças de rLung (vento) são formadas
bolhas grandes e azuis.
      Nas doenças de mKris pa (bile) poucas bolhas
aparecem muito rapidamente.
      Nas doenças de Bad kan (fleuma) as bolhas são
pequenas e azuladas.
      Nas doenças quentes há grande quantidade de
sedimento muito espesso.
      Nas doenças frias há pequena quantidade de um
sedimento muito ralo.
      Nas doenças de rLung, a urina possui as seguintes
características:
          semelhante à água
          grandes bolhas.
      Nas doenças de mKris pa, a urina apresenta as
seguintes características:
          amarelo-avermelhada
          cheiro forte.
      Nas doenças de Bad kan, a urina apresenta as
seguintes características:
          branca
          pouco odor
          pequena quantidade de vapor.

      Yeshe Donden enfatizou particularmente que há
certas características que apontam para a presença de

                                                     57
doenças fatais – e que elas também são descritas no
rGyud bzhi como citado a seguir:
– uma doença fatal de rLung está presente quando a
urina é quase azul escura na coloração e apresenta a
superfície ondulada;
– uma febre fatal está presente quando a urina é
vermelho-escura e apresenta odor bolorento, e quando
estes sintomas não desaparecem mesmo após a
prescrição de medicamentos para reduzir a febre;
– uma doença fria fatal está presente quando a urina
não exala qualquer cheiro, apresenta a coloração quase
azul, não há qualquer sedimento nem formação de
bolhas, e ainda se esses sinais não desaparecem após
a prescrição da medicação correspondente.
      O diagnóstico feito através do exame da urina, no
qual os médicos tibetanos possuem domínio magistral, e
o qual é realizado apenas com a utilização dos órgãos
sensoriais, deve encorajar-nos, médicos ocidentais, a
desenvolvermos a sensibilidade de nossos órgãos
sensoriais, embotados pela nossa confiança em
instrumentos e equipamentos, de forma a colocar em
prática métodos diagnósticos sensíveis como esse. O
diagnóstico através da urina praticado pelos médicos
tibetanos poderia ser de grande auxílio para nós
também.




58
RAIZ B
    Tronco IV = Palpação
           reg pa
 ramos             folhas
  rlung               1
mkhris pa             1
bad kan               1
     3                3




                            59
2. Palpação


Diagnóstico através do exame do pulso

       Para os médicos tibetanos, as funções dos órgãos
parecem ser mais importantes do que o conhecimento
de sua estrutura anatômica fundamental. O diagnóstico
através do pulso é visto como o mais importante método
diagnóstico por causa da informação sobre as funções
dos órgãos obtida dessa maneira. Em outras palavras,
as funções orgânicas – palpáveis em posições no pulso
– tornam-se evidentes aos médicos tibetanos e são,
portanto, uma clara indicação do tipo de terapia a ser
aplicada.
       Ao reconhecermos o diagnóstico pelo pulso
utilizado nos métodos de tratamento asiáticos,
cometemos sempre o mesmo erro. Consideramos que
os órgãos da anatomia ocidental são idênticos à
perspectiva funcional dos órgãos na medicina asiática,
em nosso caso, com os “órgãos” don e snod. Estes
termos tibetanos são apenas vagamente relacionados
com os órgãos da anatomia ocidental.


Técnica

     Os médicos tibetanos distinguem três posições
nas quais os pulsos devem ser sentidos:
      os pulsos superiores (cabeça)
      os pulsos medianos (mão)
      os pulsos inferiores (pé)
60
No entanto, a palpação na mão, ou seja, os pulsos
medianos, é a mais comumente praticada pelos médicos
tibetanos. O médico utiliza sua mão direita para
examinar os pulsos da mão do paciente que fica do lado
esquerdo do corpo. A palpação é realizada com o dedo
indicador (mtshon), o dedo médio (kan ma) e o dedo
anelar (chag).
       O exame real do pulso é realizado da seguinte
maneira. O médico toma a mão do paciente e vira-a de
forma que os sulcos do punho possam ser vistos
facilmente. Então o médico pega a outra mão do
paciente e coloca a falange distal desta mão sobre o
sulco proximal da outra mão. Assim, a posição do pulso
é indicado pela distância entre o relevo da falange do
polegar e o sulco da mão do paciente. O médico coloca
seus três dedos acima relacionados sobre este ponto –
eles devem estar dispostos em linha reta e não devem
tocar uns nos outros. A pressão exercida sobre cada um
dos três dedos é diferente, com o dedo indicador
exercendo a menor pressão.
       As posições do pulso parecem-me dispostas
ligeiramente mais para o meio do que as dos chineses.
Normalmente, o exame do pulso não é realizado em
ambas as mãos ao mesmo tempo; nas mulheres o pulso
da mão direita é examinado primeiro, nos homens, o
pulso da mão esquerda. Após, os pulsos de ambas as
mãos são examinados ao mesmo tempo. Alguns
médicos tibetanos – aqueles com grande experiência –
examinam na verdade, desde o início, os pulsos de
ambas as mãos ao mesmo tempo. O tempo gasto para
realizar tal exame varia de acordo com a dificuldade do
diagnóstico no caso em questão. Primeiramente, o
médico compara o pulso do paciente com sua própria
respiração: se 5 pulsações são contadas desde o início
                                                      61
da inspiração ao final da expiração, o paciente não
apresenta nenhuma doença séria. No entanto, se mais
ou menos do que 5 pulsações são contadas, o exame
do pulso irá certamente prolongar-se por um certo
tempo, uma vez que esse é um sintoma de distúrbios de
uma natureza mais séria. Geralmente, um diagnóstico
pelo pulso leva entre 5 a 10 minutos, mas algumas
vezes pode demorar-se mais.
       A melhor hora do dia para o exame do pulso é pela
manhã. O paciente deve estar em jejum ou, pelo menos,
não deve ter comido ou bebido grande quantidade de
alimento ou bebida. O paciente também deve estar
relaxado, se possível.
       Os médicos tibetanos explicam o exame do pulso
de maneira típica também: sobre as extremidades de
seus três dedos palpadores, o médico descreve as seis
posições que são palpadas. Dois órgãos são
relacionados a cada extremidade dos dedos da mão
direita e esquerda.7


Posições profundas e superficiais

Superficial (pressão leve): todos os órgãos sólidos (don)
Profunda (pressão forte): todos os órgãos ocos (snod)




62
Topologia

                         mão esquerda do paciente       mão direita do paciente
                         mão direita do médico          mão esquerda do médico

                                  Mulher

Indicador (mtshon)
don (direito)            pulmões (glo ba)              coração (snying)
snod               I     intestino grosso (long ka)    intestino delgado (rgyu ma)
(esquerdo)

médio (kan ma)
don (direito)            baço (mcher pa)               fígado (mchin pa)
snod               II    estômago (pho ba)             vesícula biliar (mkhris pa)
(esquerdo)

anelar (chag)
don (direito)            rim esquerdo (mkhal g-yon)     rim direito (mkhal g-yas)
snod               III   bsam se‟u                      bexiga (lgang pa)
(esquerdo)

                                   Homem

indicador (mtshon)
don (direito)            coração (snying)               pulmões (glo ba)
snod               I     intestino delgado (rgyu ma)    intestino grosso (long ka)
(esquerdo)

médio (kan ma)
don (direito)            baço (mcher pa)                fígado (mchin pa)
snod               II    estômago (pho ba)              vesícula biliar (mkhris pa)
(esquerdo)

anelar (chag)
don (direito)            rim esquerdo (mkhal g-yon)     rim direito (mkhal g-yas)
snod               III   bsam se‟u                      bexiga (lgang pa)
(esquerdo)




                                                                                 63
Mão esquerda do paciente
Mão direita do médico

     indicador                   1
                                         I
     mtshon
                                 2
     médio                       3
                                         II
     kan ma
                                 4
     anelar                      5
                                         III
     chag
                                 6




                             Mulher
1    pulmões             glo ba        indicador   I
2    intestino delgado    long ka
3    baço                mcher pa      médio       II
4    estômago            pho ba
5    rim esquerdo        mkhal g-yon   anelar      III
6    bsam se‟u           bsam se‟u
                             Homem
1    coração             snying        indicador   I
2    intestino delgado   rgyu ma
3    baço                mcher pa      médio       II
4    estômago            pho ba
5    rim esquerdo        mkhal g-yon   anelar      III
6    bsam se‟u           bsam se‟u




64
Mão direita do paciente
Mão esquerda do médico

                                 1             indicador
                   I
                                                 mtshon
                                 2
                                 3                 médio
                  II
                                                  kan ma
                                 4
                                 5                anelar
                  III
                                                   chag
                                 6




                            Mulher
1   coração             snying        indicador    I
2   intestino delgado   rgyu ma
3   fígado              mchin pa      médio        II
4   vesícula biliar     mkhris pa
5   rim direito         mkhal g-yas   anelar       III
6   bexiga              lgang pa
                            Homem
1   pulmões             glo ba        indicador    I
2   intestino delgado    long ka
3   fígado              mchin pa      médio        II
4   vesícula biliar     mkhris pa
5   rim direito         mkhal g-yas   anelar       III
6   bexiga              lgang pa




                                                           65
Os órgãos na medicina tibetana estão divididos em
dois grupos:

5 órgãos sólidos: coração, fígado, pulmões, baço e rins
6 órgãos ocos: intestino grosso, vesícula biliar, intestino
delgado, estômago, bexiga e bsam se‟u

      Esta classificação dos órgãos em grupos é
notável. No Volume 1, descobrimos a distribuição dos
don e snod em rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad kan
(fleuma):

         rLung              mKris pa            Bad kan

don      coração            fígado              baço
                                                rins
                                                pulmões

snod     intestino grosso   vesícula biliar     estômago
         bsam se‟u          intestino delgado   bexiga



As relações entre os três humores e os vários órgãos
podem ser claramente observadas no caso do
diagnóstico através do exame do pulso:

 Todos os órgãos sólidos (don) são palpados com o
  lado direito da extremidade do dedo;
 Todos os órgãos ocos (snod) são palpados com o
  lado esquerdo da extremidade do dedo.

     As diferenças entre os pulsos dos homens e das
mulheres são as seguintes:


66
Posição I
Mulheres    mão esquerda do paciente e mão direita do médico
            = pulmões (glo ba) e intestino delgado (long ka)
            mão direita do paciente e mão esquerda do médico
            = coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
Homens      mão esquerda do paciente e mão direita do médico
            = coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
            mão direita do paciente e mão esquerda do médico
            = pulmões (glo ba) e intestino grosso (long ka)


       Uma comparação entre os pulsos chineses e
                   tibetanos

     Na medicina tradicional chinesa, os seguintes
órgãos são definidos como:

 Os cinco tsang = órgãos sólidos (Yin): fígado,
  coração, baço, pulmões, rins (circulação – sexo). Este
  grupo de órgãos corresponde aos cinco don descritos
  no Volume 1.
 Os seis fu = órgãos ocos (Yang): vesícula biliar,
  intestino delgado, estômago, intestino grosso, bexiga,
  triplo – aquecedor. Este grupo de órgãos corresponde
  aos seis snod como descrito no Volume 1.

A principal diferença:

Todos os grupos são interligados.
Órgãos sólidos tibetanos (don): superficial.
Órgãos ocos tibetanos (snod): profundo.
Órgãos ocos chineses (fu): superficial.
Órgãos sólidos chineses (tsang): profundo.

                                                          67
Pulsos chineses
    mão esquerda do paciente                  mão direita do paciente
coração                                pulmões
intestino delgado                I     intestino delgado                       I
fígado                                 baço
vesícula biliar                  II    estômago                                II
rins                                   circulação – sexo
bexiga                           III   triplo-aquecedor = san chiao            III

           Chinês             Tibetano            Chinês               Tibetano

           mão esquerda do paciente                  mão direita do paciente
I     coração             coração             pulmões              pulmões
      intestino delgado   intestino delgado   intestino grosso     intestino grosso
                               homens                                    homens
                          pulmões                                  coração
                          intestino grosso                         intestino delgado
                               mulheres                                 mulheres
II    fígado              baço                baço                 fígado
      vesícula biliar     estômago            estômago             vesícula biliar
III   rins                rim esquerdo        Circulação-sexo      rim direito
      bexiga              bsam se‟u           triplo-aquecedor =   bexiga
                          mulheres            san chiao
                          rim esquerdo
                          bsam se‟u
                          homens


      Uma comparação das posições das tomadas de
pulso mostra em quais aspectos o diagnóstico pelo
pulso tibetano e chinês diferem e assemelham-se. Se
considerarmos as posições, encontramos que o
diagnóstico tibetano pelo pulso, até certo ponto, retrata
mais fielmente a estrutura anatômica real do corpo
quando o baço é palpado sobre a mão esquerda,
enquanto o fígado e a vesícula biliar são palpados do
lado direito. Devemos adicionar também que não há
falta de lógica quando os rins, um par de órgãos, são
68
palpados de ambos os lados, tanto na mão esquerda
quanto na direita.
      Devemos fazer alguma observação sobre o órgão
“bsam se‟u”. Este termo não aparece no texto onde os
grupos de órgãos, “don” e “snod” são relacionados
(rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3, Volume 1). Apesar
disso, os tibetanos relacionam este órgão como um dos
órgãos ocos (snod), o sexto nesse grupo. Bastante
estranho, no entanto, nas tabelas de pulsologia que
examinei enquanto estive com os médicos tibetanos,
este órgão é referido como “bsam se‟u” = vesícula
seminal, na posição correspondente dos pulsos
femininos, o útero (mngal).
      O fato de que a divisão dos órgãos em grupos
descrita acima é idêntica na medicina tibetana e chinesa
(tsang – Yin = don, fu – Yang = snod), indica que os
tibetanos muito provavelmente adotaram o diagnóstico
pelo pulso a partir dos chineses. É possível que com o
termo “bsam se‟u”, os tibetanos tenham criado seu
equivalente ao órgão triplo-aquecedor chinês (chin san
chiao).

Notas históricas

       Na medicina antiga indiana, há também analogias
entre os três humores e certos órgãos, mas não há uma
estrita divisão como na medicina chinesa. Por outro
lado, a divisão dos órgãos tibetanos em “don” e “snod” é
quase idêntica à dos chineses. Portanto, podemos
afirmar que, uma vez que os tibetanos utilizam esses
grupos de órgãos em seu diagnóstico do pulso, eles o
adotaram dos chineses.
       Está registrado que os primeiros livros tibetanos
sobre diagnóstico pelo pulso foram escritos por um
                                                      69
médico tibetano, gYu thog pa Yon tan mgon po rnying
ma. Esses livros foram entitulados “mngon shes gnad kyi
„phrul „khar” e “rtsa dpyad rig pa rab gsal sde gsal sde
tshan lnga pa lag len pod chung”.
       gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma (o mais
velho), foi contemporâneo do rei Khri srong lde btsan,
que reinou de 755 até 797 D.C. A suposição de W. A.
Unkrig (na Introdução da obra “Die tibetische
Medizinphilosophie” por C. von Korvin-Krasinski, págs.
xxi-xxii, de que o conhecimento sobre o pulso e a
palpação pode ser atribuído a gYu thog pa Yon tan
mgon po gsar pa (o mais novo), que viveu no século 11,
está obviamente incorreta. Pelo fato de gYu thog pa Yon
tan mgon po rnying ma (o mais velho) ter escrito dois
livros altamente respeitados sobre o diagnóstico tibetano
pelo pulso, devemos admitir que o diagnóstico pelo
pulso já devia ser conhecido pelos tibetanos em sua
forma atual desde os meados do século 8. Esta
suposição é também sustentada pelo fato de que a
medicina tibetana floresceu exatamente nessa época.
Um intercâmbio de idéias particularmente ativo entre os
vários sistemas médicos estava em progressão naquela
época, como pode ser demonstrado pelo “Debate de
bSam yas”, ocorrido em 794 D.C., no qual participaram
médicos da China, Índia, Pérsia, Nepal, Sinkiang,
Kashmir e Afeganistão.
       No entanto, a data exata das primeiras influências
chinesas nesta esfera pode ser determinada apenas
quando alguns livros – pelo menos vinte e quatro –
sobre diagnóstico chinês pelo pulso tiverem sido
traduzidos pelos Sinologistas. Apenas então será
possível determinar a diferença entre os diagnósticos
pelo pulso tibetano e chinês.8

70
RAIZ B
  Tronco V = Questionamento
             dri ba
   ramos             folhas
slong rkyen             3
  na lugs              23
     zas                3
      3                29




                              71
3. Questionamento (Anamnese)

      Um questionamento correto do paciente é
considerado uma maneira clara de reconhecer uma
doença. Primeiramente, o médico pergunta ao
mensageiro que foi enviado pelo paciente:
1) Quais as queixas gerais ou específicas de que sofre o
  paciente;
2) A quais tratamento ele já se submeteu;
3) Quando o paciente ficou doente; e
4) Que médico já tratou do paciente.

      Quando recebe as respostas a essas questões,
um bom médico já deve ter uma idéia do que está
errado com o paciente.
      Quando questiona realmente o paciente, o médico
está interessado em descobrir: que medicamentos ele já
tomou; se já foram realizados sangria ou outros métodos
de tratamento; e finalmente, o que o paciente refere que
está errado consigo e o que comeu ou bebeu. Após
essas questões gerais o médico precisa observar o
sistema prescrito que possibilita diagnosticar tanto o que
está errado com o paciente como o tipo constitucional do
mesmo.


1. Causas Produtoras

     Um médico tibetano sabe quais características das
potências dos medicamentos ou alimentos como causas
produtoras podem levar ao aparecimento de certas
condições de doenças. Assim, ele pergunta ao paciente,
primeiramente, se as condições leves e ásperas,

72
pungentes e quentes, pesadas e oleosas se
harmonizam com ele.
      Uma doença de rLung está presente se o paciente
responde que condições leves e ásperas não condizem
com ele.
      O paciente está sofrendo de uma doença de mKris
pa se ele responde que as condições pungentes e
quentes não condizem com ele.
      O paciente sofre de uma doença de Bad kan se
ele responde que as condições pesadas e oleosas não
se harmonizam com ele.
      Estas são as três questões sobre as causas
produtoras.


2. Condições das Doenças

      Sabedor de que há certas condições que levam às
doenças, as quais estão relacionadas com os três tipos
constitucionais e suas patologias, o médico tibetano
pergunta ao paciente se as seguintes condições estão
presentes:
   1) bocejos e tremores,
   2) espreguiçamento,
   3) calafrios,
   4) dores em todas as articulações da coxa e quadril,
   5) dores indefinidas que se movimentam,
   6) vômito (de estômago) vazio,
   7) os órgãos dos sentidos não têm brilho,
   8) o conhecimento está embotado,
   9) há dor na hora da fome.
Se esses sintomas estiverem presentes, o paciente é
um tipo rLung e está sofrendo de uma doença de rLung.

                                                     73
1)
      gosto amargo,
     2)
      cefaléias,
     3)
      ondas de calor,
     4)
      dores na região superior (do corpo),
     5)
      dores após a digestão.
     Se esses sintomas estão presentes, o paciente é
um tipo mKris pa e está acometido de uma doença de
mKris pa.

     1)   falta de apetite,
     2)   dificuldade em digerir o alimento,
     3)   vômitos,
     4)   gosto ruim na boca,
     5)   distensão abdominal,
     6)   eructações,
     7)   corpo e mente tornam-se pesados (ambos),
     8)   sensação de frio dentro e fora do corpo,
     9)   desconforto após comer.
          Se esses sintomas estiverem presentes, o
          paciente é um tipo Bad kan e está acometido de
          um distúrbio de Bad kan.

     Estas são as 23 questões sobre as condições das
doenças (rLung = 9, mKris pa = 5, Bad kan = 9).




74
3. Alimentação

      Sabedor de que alimentos com características
específicas podem acarretar uma melhora nas
condições do paciente, o médico pergunta, finalmente,
ao paciente:
   1) Se ele melhora após a ingestão de alimentos
      oleosos. Se esse for o caso, o paciente é um tipo
      rLung e está acometido de uma doença de rLung.
   2) Se ele sente-se melhor após a ingestão de
      alimentos que sejam frios. Se esse for o caso, o
      paciente é um tipo mKris pa e está acometido de
      um distúrbio de mKris pa.
   3) Se ele melhora após a ingestão de alimentos que
      sejam mornos. Se esse for o caso, o paciente é
      um tipo Bad kan e está acometido de um distúrbio
      de Bad kan.
      Estas são as três questões sobre a alimentação.


Resumo

1. causas produtoras        3 questões
2. condições das doenças    23 questões
3. alimentação              3 questões
                            29 questões

      Estas 29 questões são características típicas da
medicina tibetana e os médicos tibetanos costumam
conduzir o questionamento dessa maneira sistemática.
Pude observar freqüentemente como os médicos nos
Himalaias eram capazes de restringir as possibilidades
de uma doença através destas questões especialmente
direcionadas e determinar também o tipo constitucional
                                                     75
do paciente. No entanto, o fato é que existem
relativamente poucas pessoas que sejam definidamente
rLung, mKris pa e Bad kan. A maioria das pessoas são
casos mistos, sendo que as características dominantes
determinam o tipo constitucional do indivíduo. Se, no
entanto, as características forem demasiadamente
mistas de forma a serem igualmente divididas entre
todos os três tipos, são então relacionados em tipos
mistos como “rLung-mKris pa” ou “Bad kan-mKris pa”,
por exemplo. O tipo de tratamento também é
direcionado a tais características.
       É difícil imaginar qualquer outra medicina tendo tal
sistema inteligente e sistemático de questionamento
como a medicina tibetana. Certamente, os médicos
tibetanos colocam muita ênfase neste detalhado e exato
método de questionamento. Diz-se que os médicos que
podem diagnosticar uma doença após um grupo de
questões são bem conhecidos e gozam de ótima
reputação.




76
Capítulo Três TERAPÊUTICA

Sumário do Capítulo
Introdução
A) Bloco de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
   5 – fólio 9a, 9b
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos de tratamento
      1. Nutrição
      2. Comportamento
      3. Medicamentos
      4. Tratamentos


                   INTRODUÇÃO
      Como no capítulo anterior, os fólios, páginas e
linhas do bloco de impressão foram incluídos na
transliteração (9a2-9b4). Na tradução, os troncos estão
numerados de VI-IX e as folhas de 1-98.
      Foi possível também neste caso identificar todas
as 98 folhas e os 27 ramos, de forma que todas as 98
folhas foram enumeradas consecutivamente.
      Os 4 troncos da Raiz C = Terapêutica
                      VI Nutrição
                      VII Comportamento
                      VIII Medicamentos
                      IX Tratamentos
foram, portanto, analisados e apresentados na mesma
ordem como no capítulo anterior: Blocos de impressão
(A), Transliteração (B), Tradução (C) e Apresentação
(D). Os métodos terapêuticos (E) serão então descritos
aqui.
                                                     77
Descrições um pouco mais detalhadas estão
incluídas nos métodos terapêuticos que podem ser mais
facilmente aplicados no Ocidente – moxabustão e
sangria.
      Evidentemente, será possível trabalhar aqui
apenas com os métodos mencionados no texto em
questão. O repertório completo de métodos de
tratamento é naturalmente muito longo e deverá ser
trabalhado no Volume III. No entanto, esta descrição de
alguns dos métodos torna mais óbvio uma vez que os
métodos em questão referem-se claramente aos tipos
constitucionais.
      Deve-se também acrescentar que a cirurgia não foi
mencionada no sistema de medicina tibetana.
Entretanto, uma breve descrição foi incluída neste
volume.




78
79
RAIZ C
                       Terapêutica

Nutrição    Comportamento   Medicamentos Tratamentos

6 ramos        3 ramos        15 ramos      3 ramos
35 folhas      6 folhas       50 folhas     7 folhas

     VI          VII            VIII          IX




80
A) BLOCO DE IMPRESSÃO

rGyud bzhi, Parte 1
Capítulo 5
Fólio 9a




                                   81
rGyud bzhi, Parte 1
Capítulo 5
Fólio 9b




82
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO

de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
(9a2) nad la gso bar byed pa‟i gnyen po ni                         [1]
zas dang spyod lam sman dpyad bzhi yin te                          [2]
rta bong „phyi ba lo sha sha chen dang                             [3]
„bru mar lo lar bu ram sgog skya btsong                            [4]
„o ma lca ba ra mnye zan chang dang                                [5]
bur chang rus chang rlung nad can gyi (9a3) zas                    [6]
ba ra‟i zho dar mar gsar ri dvags sha                              [7]
ra sha skom sha gsar pa chag tshe dang                             [8]
skyabs dang khur tshod chab tsha chu bsil dang                     [9]
bskol grangs mkhris pa‟i nad kyi zas su btsad                      [10]
lug dang g-yag rgod gcan gzan nya yi sha                           [11]
(9a4) sbrang rtsi skam sa‟i „bru rnying zan dron dang              [12]
„bri yi zho dar gar chang chu skol ni                              [13]
ba kan nad gzhi can gyis bsten par bya                             [14




                                                                     83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO

       Então, novamente, o sábio Rig pa‟i ye shes falou
assim:
       “Ouça, oh grande sábio! Para medidas que levem
à cura no caso das doenças, existem quatro: nutrição,
comportamento, medicamentos e tratamentos.
       Os alimentos para uma pessoa que sofre de
doenças de rLung (I):
cavalo (1), macaco (2), marmota (3), carne de um idoso (4),
carne humana (5), óleo de gergelim (6), óleo envelhecido
(7), açúcar mascavo (8), alho (9), cebolas (10).
[5] (II): leite (11), sopa de cenoura e alho (12), líquido
extraído do açúcar cru (13), sopa de ossos (14).
       A alimentação de uma pessoa que sofre de um
distúrbio de mKris pa (III) é:
iogurtes de leite de vaca e cabra (15), manteiga (16),
manteiga fresca (17), carne de veado (18), carne de
cabrito      (19),    carne   fresca    de     animais  de
desenvolvimento misto (20), cevada fresca (21), ervas
“skyabs” (22), dente-de-leão (23),
(IV): água quente (24), água fria (25),
[10] (água) fervida e fria (26).
       (Os seguintes alimentos) devem ser adotados
pelas pessoas afetadas por Bad kan (V) como base da
doença:
carneiro (27), iaque selvagem (28), animais de caça
(29), peixe fresco (30), mel (31), mingau quente de
grãos envelhecidos plantados em solo seco (32),
(VI): iogurtes e manteiga da fêmea do iaque (33),
cerveja forte (34), água fervida (35).



84
rlung la dro sar yid „ong grogs bsten dzing      [15]
mkhris pa‟i nad la bsil sar dal bar bsdad        [16]
bad (9a5) kan nad la rtsol bcad dro sa bsten     [17]
rlung la mngar skyur lan tsha snum lci „jam      [18]
mngar kha bska bsil sla rtul mkhris pa‟i sman    [19]
tsha skyur bska rno rtsub yang bad kan no        [20]
ro nus de la sbyor ba zhi sbyang gnyis           [21]
zhi byed rlung la khu ba (9a6) sman mar gnyis    [22]
mkhris pa‟i nad la thang dang cur nis bsten      [23]
bad kan nad la ril bu tres sam sbyar             [24]
lhu ba rus khu bcud bzhi mgo khrol te            [25]
sman mar dza ti sgog skya „bras bu gsum          [26]
rtsa ba lnga dang sman chen dag la (9b1) sbyar   [27]
ma nu sle tres tig ta „bras bu‟i thang           [28]
ga bur tsan dan gur gum cu gang phye             [29]
btsan dug tshva sna rnams kyi ril bu dang        [30]




                                                   85
[15] No caso de (um distúrbio de) rLung (VII), o paciente
deve manter-se na companhia de pessoas agradáveis
(36) em local aquecido (37).
       No caso de (um distúrbio de) mKris pa (VIII), o
paciente deve sentar-se calmamente (38) em um local
fresco (39).
       No caso de (um distúrbio de) Bad kan (IX), o
paciente deve fazer caminhadas enérgicas (40) e
conservar-se em local aquecido (41).
       No caso de rLung (X): doce (42), azedo (43) e
salgado (44).
(XI): oleoso (45), pesado (46) e suave (47).
       Medicamentos para mKris pa (XII): doce (48),
amargo (49), (e) adstringente (50).
(XIII): frio (51), fraco (52) e embotado (53).
[20] E (no caso de) Bad kan (XIV): pungente (54), azedo
(55) e adstringente (56), (XV): penetrante (57), áspero
(58) (e) leve (59).
       Quanto aos sabores (X-XII-XIV) e potências (XI-
XIII-XV) citados, há dois tipos de preparações: (tornar)
calmo e (tornar) limpo.
       (Aqueles que) tornam calmo, nos casos de rLung,
são de dois (tipos): sopas (XVI) (e) óleos medicinais.
       (XVII) Nos casos de distúrbios de mKris pa o
paciente deve tomar xaropes (XIII) e pós (XIX). Deve-se
preparar pílulas (XX) (e) pastas (XXI) nos casos de
distúrbios de Bad kan.
       [25] Sopas: sopa preparada com ossos (60), os
quatro sucos (61), e a (sopa) “mgo khrol” (62).
       Óleos medicinais devem ser preparados com
nardo (63), alho (64), as três frutas (65), as três raízes
(66) e os acônitos (67).


 N. do T.: Nardostachys jatamansi.
86
Xaropes de: rizoma de lírio florentino (68), “sle
tres” (69), Swertia chirata (70) e as frutas (71).
       Pós: cânfora (72), sândalo (73), açafrão (74) e
suco resinoso do bambu (75).
       [30] Pílulas: de acônito (76) e de vários tipos de sal
(77).




                                                           87
tres sam se „bru da lis rgod ma kha                        [31]
tshva dang cong dzi bsregs pa‟i thal sman no               [32]
sbyong byed (9b2) rlung gi nad la „jam rtsi ste            [33]
mkhris pa bshal la bad kan skyugs kyis sbyang              [34]
„jam rtsi sle „jam bkru „jam bkru ma slen                  [35]
bshal la spyi bshal sgos bshal drag dang „jam              [36]
skyugs la drag skyugs gnyis su sbyar                       [37]
dpyad du bsku mnye hor gyi me btsa‟ dang                   [38]
rngul dbyung gtar ga chu yi „phrul „khor dang              [39]
dugs dang me btsa‟ rim bzhin dpyad kyis bcos               [40]
de ltar gso thabs dgu bcu rtsa brgyad po                   [41]
(9b4) yengs med gus par brtson pas bsten byas na           [42]
nad kyi „dam las myur du grol bar „gyur                    [43]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan la brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud
las gso thabs kyi le‟u ste lnga pa‟o




88
Pastas: romãs (78), rododendros (79), “rgod ma
kha” (80) e medicamentos alcalinos à base de sal
queimado (81) e pedra branca (82).
       (Quanto às preparações que) purificam, nos casos
de doenças de rLung (XXII), (utilizam-se) enemas
oleosos.
       (Nos casos de) doenças de mKris pa (XXIII):
laxantes.
       (Nos casos de) doenças de Bad kan (XXIV), (são
tornadas) purificadas com eméticos.
       [35] Enemas oleosos: (preparam-se) enemas
suaves (83), enemas purgativos (84), purgativos que
não são fracos (85).
       No caso dos laxantes (preparam-se): laxantes
gerais (86), laxantes especiais (87), laxantes fortes (88)
e fracos (89). No caso dos eméticos: duas (formas):
eméticos fortes (90) e fracos (91).
       Quanto     aos    tratamentos:    (rLung)   (XXV):
massagem com unção (92) e cauterização do tipo
mongol (93).
       (mKris pa) (XVI): produção de suor (94), sangria
(95) e a roda de água mágica (96).
       [40] (Bad kan) (XXVII): (tratamento com) calor (97)
e cauterização (98).
       (Através desses) tratamentos pode-se curar
(doenças causadas por distúrbios de rLung, mKris pa e
Bad kan) respectivamente.
       Portanto, há 98 métodos de cura.
       Aquele que confiar nos mesmos atentamente,
respeitosamente e diligentemente será rapidamente
libertado do pântano da doença.”
       Assim falou ele.


                                                        89
Quinto capítulo sobre os métodos de cura do
Tratado Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da
Essência da Imortalidade.




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  • 1. FUNDAMENTOS DA MEDICINA TIBETANA Volume II 1
  • 2. FUNDAMENTOS DA MEDICINA TIBETANA de acordo com a obra rGyud-bzi Volume II Elizabeth Finckh Traduzido por: Williams Ribeiro de Farias e Dra. Yeda Ribeiro de Farias Editora Chakpori 2
  • 3. Título original: Foundations of Tibetan Medicine Vol. II © 1978, Robinson and Watkins Books Ltd. Direitos autorais adquiridos pela Editora Chakpori 3
  • 4. PREFÁCIO Durante toda sua história o Ocidente tem mostrado uma saudável curiosidade e um vivo interesse na sabedoria e na filosofia do Oriente. O Tibete foi, especialmente, objeto de intensa especulação e sua posição extremamente isolada, aliada à política de desencorajamento aos estrangeiros, seduziu imensamente a imaginação e o romantismo. Mas foram também as pessoas no Ocidente, estudantes, cientistas, escritores, historiadores e médicos quem manifestaram uma qualidade admirável de seriedade em suas tentativas de compreender o mundo asiático. Estes esforços pioneiros para descobrir, interpretar e avaliar o tesouro cultural do Tibete têm crescido enormemente desde 1959, quando o país foi invadido e ocupado pela China. É no campo da medicina tibetana que os cientistas Ocidentais têm realizado, recentemente, numerosos projetos, envolvendo a tradução e a interpretação dos textos e tratados médicos. Esta iniciativa deu origem à a maiores possibilidades de contato e comunicação do que o existente anteriormente no Tibete. Foi causado também por um desejo de conservar e preservar a medicina tibetana como parte de uma rica herança cultural que está sendo atualmente influenciada pela China. A Dra. Finckh é talvez a primeira médica Ocidental a traduzir e interpretar os principais textos da medicina 4
  • 5. tibetana para uma língua Ocidental. Ela tem o mérito de haver estudado na Tibetan Medical School em Dharamsala sob a experiente orientação de médicos tibetanos em 1962. Foi com o auxílio destes médicos que os principais textos foram traduzidos e explicados. A medicina tibetana hoje goza de um rápido e crescente interesse e reputação entre os médicos Ocidentais. A ciência da medicina tibetana e sua praticabilidade está agora sendo reconhecida. Congratulo a autora pelos seus esforços diligentes e louváveis para propagar a medicina tibetana e desejo- lhe todo sucesso e bem-aventurança em seu nobre empreendimento. DALAI LAMA 6 de Março de 1972 5
  • 6. ÍNDICE PREFÁCIO ..................................................................................................................... 4 INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS ............................................................................... 7 CAPÍTULO UM O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA ............................ 11 ANATOMIA ................................................................................................................ 19 FISIOLOGIA ................................................................................................................ 23 PATOLOGIA ............................................................................................................... 28 CAPÍTULO DOIS DIAGNÓSTICO ................................................................. 32 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 32 A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 36 B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 38 C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 39 D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 44 E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ...................................................................................... 51 1. Observação ..................................................................................................... 54 2. Palpação.......................................................................................................... 60 3. Questionamento (Anamnese) ........................................................................... 72 CAPÍTULO TRÊS TERAPÊUTICA................................................................. 77 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 77 A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 81 B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 83 C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 84 D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 91 E) MÉTODOS DE TRATAMENTO ................................................................................. 105 1. Nutrição......................................................................................................... 105 2. Comportamento.............................................................................................. 110 3. Medicamentos ................................................................................................ 115 4. Tratamentos ................................................................................................... 128 CAPÍTULO QUATRO TIPOS CONSTITUCIONAIS ..................................... 145 1. Natureza e temperamento em geral ................................................................. 146 2. Condições que geralmente dão origem às doenças .......................................... 147 3. As Características do Sistema......................................................................... 147 CAPÍTULO CINCO O LIVRO RGYUD-BZHI................................................ 149 CAPÍTULO SEIS PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA ....................... 155 TÍTULOS DOS TRABALHOS ........................................................................................ 161 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 164 6
  • 7. INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS Não há dúvidas sobre o fato da medicina tibetana ter despertado grande interesse no Ocidente. No entanto, precisamente por esta razão, seria muito perigoso, particularmente em uma época como a nossa na qual estamos prontamente dispostos a experimentar as práticas Orientais e “drogas milagrosas”, adotar sem críticas, fragmentos separados do significativo Sistema de Medicina Tibetana ou levantar, precocemente, a questão de sua aplicabilidade. Primeiramente, é de primordial importância que os fundamentos teóricos da medicina tibetana e sua circunstância filosófica seja cuidadosamente estudada. Nos Fundamentos da Medicina Tibetana, Volume 1, apontamos para o fato de que, quando a acupuntura, um outro método de tratamento asiático que tem adquirido reconhecimento acadêmico em universidades e que está sendo colocada em prática, foi introduzida no Ocidente, diversos erros foram cometidos: o auxílio de Sinologistas na tradução dos mais importantes trabalhos médicos chineses foi solicitado tarde demais; este método de tratamento foi colocado em prática cedo demais; muito tempo foi gasto com desnecessárias especulações filosóficas e, finalmente, não havia desde o início qualquer terminologia médica adequada. Estes erros não devem ser repetidos com a medicina tibetana. Portanto, nosso primeiro passo deve ser estabelecer uma terminologia médica realizada a partir das fontes disponíveis e tornada clara com o auxílio e aconselhamento de médicos tibetanos e tibetologistas. 7
  • 8. Por esta razão, demos início no Volume 1 à compilação de alguns fundamentos da medicina tibetana. O estudo destes fundamentos, um capítulo sobre os autores, sobre importantes trabalhos médicos e um esboço do conteúdo do tratado padrão sobre medicina tibetana, o rGyud bzi (Quatro Tratados), traz ao leitor do Volume 1, através da transliteração, da tradução e da apresentação dos textos, a organização do sistema da medicina tibetana o qual consiste de três raízes: a organização das partes do corpo, o diagnóstico e a terapêutica. Através da tradução dos textos, foi possível chegar à terminologia médica e descobrir o princípio da medicina tibetana – uma consistente divisão em três partes – e o fato de que a medicina tibetana é uma doutrina de constituição. O objetivo deste volume é expandir a terminologia médica, tomando novamente textos do rGyud bzi como base. No Volume 1, os 88 termos da Raiz A = Organismo Doente e Saudável foram deduzidos (rGyud bzi, Parte I, Capítulo 3). Neste Volume, devemos nos concentrar nos textos referentes às duas outras raízes, Diagnóstico = Raiz B e Terapêutica = Raiz C. Os blocos de impressão serão trabalhados da mesma forma que no Volume 1 (transliteração, tradução e apresentação) de modo a analisar por completo a terminologia médica derivada dos textos e englobando as nove disciplinas da medicina tibetana. Ao todo, devemos então definir 283 termos: 3 raízes, 9 troncos, 47 ramos e 224 folhas. Para esquematizarmos a apresentação das nove disciplinas devemos utilizar o sistema da medicina tibetana como guia porque com seu auxílio, é possível ver claramente a estrutura da medicina tibetana. O seguinte material será utilizado para breves descrições das nove disciplinas: 8
  • 9. 1. Os trabalhos relacionados no apêndice Título dos Trabalhos. 2. P.A. Badmaev Glavnoe rukovodstovo po vracebnoj nauke Tibeta Zud si v novom perevode P. A. Badmaeva s ego vvedeniem, raz‟jasnjajuscim osnovy tibetskoj vracebnoj nauki. St. Petersburg, 1903. Conseguimos uma tradução alemã deste trabalho russo que é uma tradução parcialmente resumida das Partes 1 e 2 do rGyud bzi. 3. Csoma de Körös Analysis of a Tibetan Work (em: Journal of the Asiatic Society of Bengal, 4, 1835, págs. 1-20) 4. Instrução oral e material escrito, as muitas tabelas dos médicos tibetanos – pelas quais devo agradecer ao meu professor tibetano, Yeshe Donden, e seus alunos, Jhampa Kelsang e Barry Clark. 5. Agradeço ao Prof. R. E. Emmerick pela gentileza de permitir que eu utilizasse sua tradução inglesa de vários capítulos do rGyud bzi ainda não publicada. Utilizei os capítulos 4 e 5 (rGyud bzi, Parte 1) quase que palavra por palavra de sua tradução porque seria presunçoso e, além disso, quase impossível para mim tentar fazer minha própria tradução destes textos extremamente difíceis considerando meu atual conhecimento da língua tibetana que, apesar de ter melhorado, é ainda insuficiente. Gostaria de expressar meus agradecimentos ao Sr. Andrew Craston que traduziu grande parte deste Volume. Apesar de não estar dentro da abrangência deste trabalho descrever a prática da medicina tibetana – este assunto será desenvolvido no Volume 3 – será necessário discutirmos brevemente alguns métodos diagnósticos e tratamentos externos. Gostaria de enfatizar que os métodos diagnósticos e terapêuticos 9
  • 10. podem ser aplicados satisfatoriamente apenas depois que os princípios teóricos forem estudados em detalhes e sob a completa supervisão de médicos tibetanos. A medicina tibetana não é uma técnica qualquer que possa ser aprendida em um curso relâmpago. Uma aplicação prematura e sem críticas de certos métodos poderia resultar em um aniquilamento da medicina tibetana, transformando-a em um outro tipo de medicina alternativa. Minha intenção ao escrever este livro é tornar claro que a medicina tibetana, com todos seus fascinantes e valiosos discernimentos, deve ser cuidadosamente estudada e examinada, podendo desta forma ser preservada. 10
  • 11. Capítulo Um O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA Os tibetanos desenvolveram seu próprio sistema de medicina, individual e único, pois nenhum outro sistema de medicina é organizado desta maneira. Quando observamos especificamente os números associados a este sistema, devemos nos lembrar do fato de que ele possui muitas e variadas influências, algumas particularmente fortes, como a indiana, a chinesa e a budista. O caráter especial da medicina tibetana tornar- se-ia apenas aparente se as influências acima mencionadas, que também podem ter afetado os números do sistema, forem descritos em detalhes. No entanto, como mencionado no volume 1, teremos que nos ocupar com este tópico em um próximo volume. A medicina tibetana e os ensinamentos budistas estão intimamente relacionados. Por esta razão, planejamos inicialmente relacionar os já conhecidos conceitos budistas aos números do sistema. A interpretação das muitas ocorrências desta correlação seria na verdade fácil porque a correlação é bastante óbvia. No entanto, nem todos os números podem ser explicados tão facilmente desta maneira. As seguintes considerações induziram-me a abandonar o plano original: aventurar-nos em qualquer um deles nos desviaria do assunto principal deste livro ou, se a descrição fosse inadequada, não teríamos feito justiça à tremenda influência do budismo. Entretanto, é possível explicar e esclarecer a estrutura do sistema, seus números, o caráter especial e a colorida diversidade da medicina tibetana, a qual está 11
  • 12. também profundamente enraizada na crença popular do Tibete (crença em espíritos prejudiciais, consulta a oráculos, rituais mágicos, amuletos, métodos de proteção contra espíritos prejudiciais, etc.) através da discussão da antiga religião Bon do Tibete, do Xamanismo e das tradições do Na-khi. O sistema da medicina tibetana é retratada em analogia com uma árvore. Nove troncos crescem das três raízes da árvore – dois, três e quatro troncos, respectivamente, um fato que aponta para a religião Bon com seu número sagrado nove. A crença e o medo de espíritos prejudiciais, as nove esferas do paraíso, os nove degraus da escada-dmu do paraíso para a montanha Yol ba, o banimento dos espíritos prejudiciais pelos monges Bon através de poderes mágicos, o fato da menção das 404 doenças, os rituais da morte, conhecido como Bardo e sempre o número sagrado nove: todos estes aspectos podem ter representado um papel no desenvolvimento do sistema da medicina tibetana. O Xamanismo assim como a religião Bom serão apenas mencionados neste trabalho, embora tenham influenciado o desenvolvimento do sistema. Sobre este aspecto, podem-se citar os nove filhos xamãs, o jejum de nove dias, a colocação de nove árvores de faia, nove postes e nove tijelas de oferendas, as nove circumambulações da iniciação do xamã na qual ele escala a vidoeira, a cerimônia de nove dias de duração, os nove ninhos da árvore xamã e os nove pássaros que podem ser vistos. Esta grande e sagrada árvore xamã com seus nove entalhes e o topo que alcança o nono paraíso poderia ter influenciado a divisão em nove partes do sistema de medicina tibetana, que é da mesma forma representado como uma árvore. 12
  • 13. Os Na-khi1, uma tribo dos antigos Ch‟iang, viviam como nômades em suas pastagens no noroeste do Tibete. Suas tradições são bastante singulares. Eles veneravam três paraísos, três terras e três zimbros. Um altar era construído para o “sacrifício ao paraíso”; um zimbro era colocado no centro com um carvalho à direita (paraíso) e outro carvalho à esquerda (terra). Um ramo de carvalho com duas bifurcações horizontais era colocado à esquerda de cada árvore, e à direita, um ramo de carvalho com dois entalhes horizontais. Uma vara de álamo com quatro bifurcações no topo era afixada atrás da árvore central. Uma pedra branca era colocada na frente de cada árvore. Assim, em frente dos nove, 3 vezes 3 árvores, três tigelas de arroz eram oferecidas sobre o altar, em frente das quais estavam as três pedras brancas. Há, portanto, uma grande semelhança entre este exótico “sacrifício ao paraíso”, uma cerimônia envolvendo a disposição de nove árvores, duas das quais também revelam uma divisão de duas e de quatro partes, respectivamente, e a árvore do sistema tibetano. É uma pena que tenha sido necessário condensar esta parte do livro e que tenha sido possível apenas mencionar aqui os pontos importantes. Um trabalho mais detalhado dos aspectos mencionados preencheriam um livro completo e auxiliaria a demonstrar mais claramente a fascinante variedade da medicina tibetana e tornar mais fácil a explicação do sistema. O sistema da medicina tibetana é particularmente importante por numerosas razões. A típica divisão em três partes, uma característica da medicina tibetana, é óbvia e reconhecível por todo o sistema. As relações das várias disciplinas umas com as outras podem ser 13
  • 14. vistas; por exemplo, o número de folhas para os medicamentos é dado como cinqüenta, o que certamente corresponde à grande importância desta disciplina na prática da medicina tibetana. Aprendemos através do sistema que todos os detalhes referem-se aos três tipos constitucionais. Finalmente, este sistema nos possibilita apresentar a medicina tibetana de uma maneira sistemática porque os nove troncos correspondem às nove disciplinas. Gostaria de explicar agora o esquema que deverei utilizar para a pesquisa das nove disciplinas. Na tabela seguinte, o sistema completo está representado com raízes, troncos, ramos e folhas por meio dos quais os termos empregados para descrever alguns dos troncos são apenas equivalentes e não traduções literais 2. As ilustrações (A, B e C) foram incluídas para que o leitor possa visualizar as raízes. Antes da apresentação de cada disciplina, foi incluída uma ilustração do tronco correspondente (Ilustrações I-IX). Neste Volume, as ilustrações foram incluídas em escala real de forma que alguns nomes tibetanos escritos sobre as folhas podem ser claramente reconhecidos e podem ser decifrados por tibetologistas. Aos não-tibetologistas, estas ilustrações oferecem uma boa elucidação do sistema. Incluí também uma breve descrição das duas disciplinas, Troncos I e II, os quais não são, na verdade, o objeto de estudo deste Volume3, de forma que a estrutura da medicina tibetana como um todo será evidente, ainda que apenas de forma condensada. Portanto, podemos observar que as disciplinas da medicina tibetana correspondem àquelas da medicina Ocidental e que a medicina tibetana está organizada de uma maneira bastante sistemática. 14
  • 15. O SISTEMA Raízes Troncos Ramos Folhas Raiz A = Organização das partes do corpo e as bases das doenças Organismo saudável I 3 25 Organismo doente II 9 63 rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3 12 88 Raiz B = Diagnóstico Observação III 2 6 Palpação IV 3 3 Questionamento V 3 29 rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 4 8 38 Raiz C = Terapia Nutrição VI 6 35 Comportamento VII 3 6 Medicamentos VIII 15 50 Tratamentos IX 3 7 rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 5 27 98 47 224 15
  • 16. RAIZ A Organização das partes do corpo e as bases das doenças Organismo saudável Organismo doente 3 ramos 9 ramos 25 folhas 63 folhas I II 16
  • 17. 17
  • 18. RAIZ A Tronco I = Organismo saudável rnam par ma gyur pa Ramos Folhas nad 15 lus zungs 7 dri ma 3 3 25 18
  • 19. ANATOMIA Na visão da maneira pela qual os sepultamentos eram conduzidos, os médicos tibetanos tiveram certamente a oportunidade de realizar estudos anatômicos detalhados. No entanto, nenhuma tentativa parece ter sido feita para descobrir a verdadeira estrutura anatômica do corpo. A anatomia tibetana apresenta certas características típicas porque é principalmente orientada para as funções e não para o substrato material. Esta é a razão pela qual, na apresentação da anatomia tibetana, um diagrama do corpo descrevendo todas as funções parece ser mais importante do que a exata descrição dos órgãos porque, desta forma, as funções podem ser determinadas para partes do diagrama. Este aspecto torna-se mais óbvio quando observamos as ilustrações anatômicas. Além disso, os tibetanos afirmam que existem áreas intercorporais que são mais sutis que nosso substrato Ocidental; são “campos de força” que formam canais de energia os quais, em nossa maneira de pensar Ocidental, são irreais. Termos como “canais vitais”, “fogo digestivo” e muitos outros aspectos mostram claramente que não podemos igualar estes “órgãos” com outros da ciência anatômica Ocidental. Esta é também a razão pela qual torna-se quase impossível definir estes conceitos nos termos da medicina Ocidental. Podemos apenas observar que os médicos tibetanos desenvolveram, de maneira bastante consistente, uma ciência da anatomia que não podemos comparar com a nossa anatomia Ocidental. Uma observação mais cuidadosa na anatomia tibetana, no entanto, ensina-nos 19
  • 20. que esta abordagem, que enfatiza as funções, é de grande utilidade prática. É possível fazer apenas uma breve menção à embriologia, que apesar de suas semelhanças com a embriologia indiana, difere desta última em vários pontos. A principal diferença é que, de acordo com a embriologia tibetana, os órgãos sólidos (don) são formados na 12a semana e os órgãos ocos (snod), na 13a. A embriologia tibetana também estabelece que o sêmen do pai forma os ossos, o cérebro e a medula espinhal enquanto que o sangue da mãe forma os músculos, sangue, órgãos sólidos e órgãos ocos. A anatomia é dividida nas seguintes quatro partes: 1) A organização das partes do corpo a) As quantidades: rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma) e todos as partes componentes do corpo podem ser relacionados uns com os outros de uma maneira específica, por exemplo, a quantidade de rLung (vento) deve preencher a bexiga, a quantidade de mKris pa (bile) preenche o saco escrotal e a quantidade de Bad kan (fleuma) equivale a três vezes as duas mãos cheias. b) As partes do corpo: O corpo humano é formado por 360 ossos, que são de 23 tipos diferentes, 12 articulações grandes, 210 articulações pequenas, 16 tendões, 900 fibras, 21.000 fios de cabelos e 11 milhões de poros. Os tibetanos diferenciam os órgãos em 5 órgãos sólidos (don) – coração, pulmões, baço e rins – e 6 órgãos ocos (snod) – intestino grosso, vesícula biliar, intestino delgado, estômago, bexiga e bsam se‟u. Existem também as nove entradas. 20
  • 21. 2) O sistema de canais e suas conexões 4 a) Canais de concepção (chag pa‟i rtsa). Estes canais ou veias possuem um caráter embrionário. Três canais originam-se do umbigo: o primeiro canal expande-se de forma ascendente e o cérebro se desenvolve a partir daí; o segundo penetra no meio do corpo e o canal vital desenvolve-se a partir daí; o terceiro canal expande-se de forma descendente e os genitais desenvolvem-se a partir daí. b) Canais da existência (srid pa‟i rtsa): O tibetanos fazem diferença entre quatro grandes canais. O canal que forma os órgãos sensoriais está no cérebro e está circundado por 500 pequenos canais. O canal que sustenta a memória e a consciência está no coração e é circundado por 500 pequenos canais. O canal que forma os elementos do corpo está no umbigo e é circundado por 500 pequenos canais. O canal que executa a reprodução está na região dos genitais e é circundado por 500 pequenos canais. c) Canais de conexão („brel ba‟i rtsa): Na cabeça, o canal vital escuro divide-se em 24 canais que suprem os músculos e o sangue. Oito canais ocultos originam- se das partes inferiores do canal vital e suprem os órgãos sólidos e ocos. Há 16 canais visíveis que suprem as articulações e 77 canais para circulação sangüínea. Há também 112 pontos vitais, 189 pequenos canais de características variáveis, dos quais 120 canais menores se originam. São destinados às áreas mediana e interna do corpo. Estes canais, por sua vez, dividem-se em 360 canais menores ainda, que se dividem em 700 canais muito finos que cobrem toda a superfície do corpo. Assim como estes canais escuros, há um segundo grupo de caráter branco ou claro. Os 19 chamados 21
  • 22. canais de sustentação-água, dos quais 13 são conectados com os órgãos sólidos e ocos, originam- se no cérebro e são canais ocultos. Seis canais visíveis são conectados com as articulações e deles se originam os 16 canais de sustentação-água menores. d) Canais vitais (tshe yi rtsa): O primeiro canal passa através da cabeça e de todo o corpo. O segundo canal está conectado com a respiração. O terceiro canal é o canal principal e mantém o crescimento corporal. 3) Pontos vitais Os pontos vitais ou pontos críticos são assim denominados porque se um destes pontos for prejudicado as consequências podem ser fatais. Há 302 pontos vitais dos quais 96 são tão perigosos que a pode ocorrer a morte se um deles for atingido. Dentre os demais, 49 são perigosos também, mas médicos experientes podem curar tais distúrbios. As lesões nos 157 pontos restantes podem ser curadas. Faz-se uma distinção entre 7 tipos de pontos vitais: (1) carne = 45, (2) gordura = 8, (3) ossos = 32, (4) tendões e (5) fibras = 14, (6) órgãos sólidos e ocos = 13, (7) vasos = 190. Estes pontos vitais estão espalhados pelo corpo inteiro da seguinte maneira: cabeça = 62, pescoço = 33, tronco = 95 e membros = 112. Se estes pontos vitais são lesados, podem ocasionar vários distúrbios mais graves ou menos graves. O tipo mais perigoso de lesão ocorre nos vasos, na gordura, nos órgãos sólidos e ocos; se estas partes do corpo são prejudicadas, as conseqüências são fatais. Na opinião dos médicos tibetanos, é extremamente importante que sejam tomados cuidados especiais com os pontos vitais, 22
  • 23. particularmente com os vasos – isto significa que o método terapêutico da sangria deve levar em consideração os pontos vitais dos vasos. Tenho observado freqüentemente como os pacientes tibetanos oferecem resistência quando uma amostra de sangue é retirada da veia na dobra do braço, quando feita da maneira ocidental, que normalmente utiliza esta veia para tais amostras ou para injeções. A razão para tal resistência é que este é um ponto que corresponde exatamente a um ponto vital. 4) Entradas Há uma diferença entre dois tipos de entradas dos caminhos de circulação: entradas internas e externas. As aberturas internas são: os constituintes do corpo (7), as impurezas (3), rLung da sustentação da vida (1) e o alimento (1) = 13 aberturas internas. As aberturas externas são: narinas (2), ouvidos (2), olhos(2), boca (1), ânus (1), totalizando 12 aberturas. As doenças ocorrem como consequência de erros de comportamento ou de nutrição porque os canais naturais do organismo estão bloqueados. FISIOLOGIA 1) Partes do corpo que podem ser lesadas Constituintes do corpo: o quilo (1) faz com que os outros seis constituintes desenvolvam-se e é transformado em sangue; o sangue (2) umedece o corpo, mantém a vida e é transformado em carne; a carne (3) recobre o corpo e transforma-se em gordura; a gordura (4) torna o corpo lubrificado e é transformado 23
  • 24. em osso; o osso (5) sustenta o corpo e desenvolve-se em medula óssea; a medula óssea (6) é importante para a nutrição e é transformada em sêmen; o sêmen (7) realiza a fertilização e preserva a vida. As impurezas são as fezes e a urina, resultantes da digestão do alimento, e o suor que amacia a pele. O crescimento do corpo depende do suporte mútuo dos constituintes corporais, das impurezas e das bases das doenças. O calor combinado gerado por estes três fatores formam o chamado calor do fogo digestivo o qual, por sua vez, produz saúde, vitalidade e energia. Este fogo digestivo forma a base da digestão na qual, acima de tudo, a vesícula biliar representa parte ativa. Durante o processo digestivo, os alimentos e as bebidas são partidos em partes menores e decompostos no trato digestivo com o auxílio de rLung, mKris pa e Bad kan, os quais realizam várias funções. O processo digestivo é influenciado pelas qualidades do sabor. Finalmente, a porção sólida do alimento transforma-se em fezes e a porção líquida transforma-se em urina. O quilo é transformado em muco no estômago, sangue é transformado em bile na vesícula biliar, carne é transformada em impurezas, gordura em oleosidade, ossos em unhas, cabelos e dentes, e a medula óssea em pele e fezes. O complexo processamento digestivo demora seis dias para completar-se. 2) Partes que lesam o corpo Se os três humores – rLung, mKris pa e Bad kan – alteram-se de qualquer forma, por exemplo, quanto à quantidade ou localização no corpo, as funções corporais são perturbadas. Se os mesmos não se 24
  • 25. alteram e permanecem em equilíbrio, o corpo mantém- se saudável. Os três humores possuem: tipos específicos, localizações, relações com o fogo digestivo, efeitos sobre o estômago, funções e características. rLung (vento): Sustentador da vida, Movimento ascendente, Penetrante, (acompanha o) Fogo e Remoção descendente são os cinco tipos. Está localizado abaixo do coração e do umbigo. Um rLung forte torna o fogo digestivo irregular. Se rLung é dominante, o estômago está firme. As funções gerais de rLung são: movimentar o corpo, influenciar a respiração para dentro e para fora, manutenção do corpo e conservação da clareza dos órgãos sensoriais. As funções específicas dos cinco tipos de rLung são muitas e variadas e podem, até certo ponto, ser deduzidas a partir de seus nomes. As características são: áspero, leve, frio, aguçado, firme e móvel. mKris pa (bile): Digestivo, Responsável pelo brilho do quilo, Satisfação dos desejos, Permite a visão e Clareador a cor da pele são os cinco tipos. Está localizado entre o coração e o umbigo. O fogo digestivo torna-se pungente por causa de um mKris pa forte. Se mKris pa é dominante, o estômago fica macio. As funções gerais de mKris pa são: atua sobre a digestão, limpa a pele e produz uma compleição pura, um coração corajoso e um estado feliz na mente em geral. As funções específicas são evidenciadas pelos nomes dados a eles. As características são: oleoso, pungente, leve, malcheiroso, limpador e úmido. Bad kan (fleuma): Sustentação, Decomposição, Responsável pelo paladar, Produtor de satisfação e Possibilita a flexão são os cinco tipos. Está localizado acima do coração e do umbigo. Um Bad kan forte torna o fogo digestivo fraco e reduzido. Se Bad kan é 25
  • 26. dominante o estômago não se torna nem macio nem duro. As funções gerais de Bad kan são: fixa e une as articulações, produz estabilidade ao corpo e à mente e fornece resistência ao corpo. As funções específicas dos cinco tipos são evidenciadas pelas suas denominações. As características são: oleoso, frio, pesado, embotado, macio, estável e adesivo. 26
  • 27. RAIZ A Tronco II = Organismo doente rnam par gyur pa ramos folhas rgyu 3 rkyen 4 „jug sgo 6 gnas 3 lam 15 ldang dus 9 (na so, Yul, dus) „bras bu 9 ldog pa‟i rgyu 12 mdo don 2 9 63 27
  • 28. PATOLOGIA A doutrina da doença é introduzida por uma descrição dos quatro precursores da morte. Faz-se uma diferenciação entre precursores distantes tais como as mudanças no caráter do paciente, seus sonhos, e os precursores próximos, incertos e certos da morte. A patologia em si é dividida de maneira sistemática em sete seções e estudá-la, Capítulo 3 do rGyud bzhi, Parte 1, já traduzido, fornece-nos pontos de referências úteis. Com relação às causas (rgyu), a distinção é feita entre causas distantes, tais como os três “venenos”, e as causas próximas. Nesta seção, nós também encontramos a importante passagem que estabelece que, dentre os três humores, rLung (vento) é a causa de todas as doenças por sua influência sobre ambos, o calor e o frio corporais. Com relação às causas predisponentes (rkyen), encontramos explicações bastante longas sobre as influências do tempo, nutrição, comportamento e demônios (ou estados mentais prejudiciais). A terceira seção, as formas de entrada („jug sgo), ensina-nos como, após terem sido lesados os constituintes corporais e as impurezas, as entradas finalmente se abrem e a doença toma seu curso. A quarta seção, localização (gnas), descreve quais partes do corpo são afetadas. A próxima seção nos informa das características da doença. A redução e a elevação e, finalmente, o distúrbio completo dos humores, os constituintes corporais e as impurezas são descritas juntamente com os vários sintomas. Aqui, descobrimos que, ao final, todas as doenças estão relacionadas com o calor e o frio. Além disso, na sétima seção e na seção final, antes da classificação das doenças (6), também 28
  • 29. lemos que as doenças possuem formas individuais e que há inúmeras formas e tipos de doenças. A classificação em 4 x 101 doenças é típica da medicina tibetana. Devo omitir outras divisões dentro da patologia e mostrar a forma sistemática desta classificação de maneira a demonstrar a estrutura das 404 doenças, sem mencionar os nomes e os sintomas. 29
  • 30. Classificação das doenças A. Três humores rLung Tipo 1-20 Localização: pele, carne, vasos, ossos 21-24 órgãos sólidos 25 órgãos ocos 26 órgãos sensoriais 27 Classes particulares: rLung 28-32 rLung + Bad kan 33-37 rLung + mKris pa 38-42 42 mKris pa Tipo 1-4 Localização: pele, carne, vasos, ossos 5-8 órgãos sólidos 9 órgãos ocos 10 órgãos sensoriais 11 Classes particulares: mKris pa 12-16 mKris pa + rLung 17-21 mKris pa + Bad kan 22-26 26 Bad kan Tipo (simples) 1-6 Localização: pele, carne, vasos, ossos 7-10 órgãos sólidos 11 órgãos ocos 12 órgãos sensoriais 13 Classes particulares: Bad kan 14-18 Bad kan + rLung 19-23 Bad kan + mKris pa 24-28 Tipo (complexo) 29-33 33 101 30
  • 31. B. Predominâncias Simples Elevação e 18 Dois humores predominantes redução de 18 Três humores predominantes humores 38 Superveniente 27 101 C. Localizações Região superior 18 Região interna 19 Região inferior Corpo 5 Região externa 20 Interna e externa 37 Mente 2 101 D. Variações Doenças internas 48 Ferimentos 15 Febre e doenças quentes 19 Pústulas 19 101 A. Três humores 101 B. Predominâncias 101 C. Localizações 101 D. Variações 101 Total de doenças 404 31
  • 32. Capítulo Dois DIAGNÓSTICO Sumário do Capítulo Introdução A) Blocos de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 4 – fólios 8a, 8b, 9a B) Transliteração do texto C) Tradução do texto D) Apresentação E) Métodos diagnósticos 1. Observação 2. Palpação 3. Questionamento INTRODUÇÃO Na transliteração, a divisão do texto em estrofes de quatro linhas foi ignorada, como no Volume I. Os parênteses que foram incluídos na transliteração (8b1- 9a1) mostram os fólios, as páginas e as linhas do bloco de impressão. Os números que aparecem dentro de colchetes correspondem aos da tradução; em outras palavras, os números [5]-[32] foram incluídos na tradução de forma que os termos correspondentes possam ser encontrados sem dificuldades. Na tradução do texto, os termos são marcados por números, com III- V representando os troncos e 1-38, as folhas. Esta identificação não foi de fácil realização e em alguns casos foi possível apenas com o auxílio de comentários. 32
  • 33. Dificuldades particulares surgiram na classificação do Tronco V = Questionamento. Felizmente, no entanto, a informação dos médicos tibetanos foi particularmente útil. Portanto, foi possível realizar a identificação de todas as 38 folhas e os 8 ramos de forma que todos os termos puderam ser definidos. Na apresentação, foi impossível evitar em algumas situações o uso de termos retirados do texto original de uma forma gramatical ligeiramente diferente. Os troncos da Raiz B = Diagnóstico Tronco III Observação Tronco IV Palpação Tronco V Questionamento foi assim analisado. Após o bloco de impressão (A), a transliteração (B), a tradução (C) e a apresentação (D) vem uma descrição dos métodos diagnósticos (E), principalmente dedicada ao mais importante método diagnóstico utilizado pelos médicos tibetanos, o diagnóstico pelo pulso. 33
  • 34. RAIZ B Diagnóstico Observação Palpação Questionamento 2 ramos 3 ramos 3 ramos 6 folhas 3 folhas 29 folhas III IV V 34
  • 35. 35
  • 36. A) BLOCO DE IMPRESSÃO rGyud bzhi, Parte 1 Capítulo 4 Fólio 8a 36
  • 37. rGyud bzhi, Parte 1 capítulo 4 Fólio 8b Fólio 9a 37
  • 38. B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis „di skad ces gsungs so kye drang srong chen po nyon cig nad la blta reg dri bas yongs shes bya [1] (8b1) mig gis blta ba lce dang chu la brtag [2] brtag pa „di ni mthong ba yul rig yin [3] sor mos reg pa brda sbyor „phrin pa rtsa [4] brtag pa „di ni dpyod pa don rig yin [5] ngag gis dri ba slong rkyen na lugs zas [6] brtag pa „di ni thos pa (8b2) sgra rig yin [7] rlung gi lce ni dmar zhing skam la rtsub [8] mkhris lce bad kan skya sar mthug pos g-yogs [9] bad kan skya gleg mdangs med „jam la rlon [10] rlung gi chu ni chu „dra lbu ba che [11] mkhris chu dmar ser rlangs che dri ma (8b3) dugs [12] bad kan chu ni dkar la dri rlangs chung [13] rlung gi rtsa ni rkyal stong skabs su sdod [14] 38
  • 39. C) TRADUÇÃO DO TEXTO Então novamente o sábio Rig pa‟i ye shes falou: “Oh grande sábio, ouça-me! No caso das doenças, elas podem ser reconhecidas completamente através da observação, da sensação (do pulso) e do questionamento. Observar com os olhos e o exame da língua (I) e da urina (II) – estes exames dão o conhecimento do local, por causa da observação. Sentir com o dedo o (batimento do ) pulso (III-V) que transmite a informação – [5] este exame dá o conhecimento do ponto principal, por causa da investigação. Questionar com a voz as causas relacionadas (VI), as condições da doença (VII) e a alimentação (VIII) – este exame fornece o conhecimento da fala, por causa da audição. A língua de (uma pessoa que sofre de uma doença de) rLung é vermelha, seca e áspera (1). A língua de (uma pessoa que sofre de) mKris pa é coberta com muco espesso e castanho-amarelado. [10] A língua de (uma pessoa que sofre de uma doença de) Bad kan é cinza, grossa, sem brilho, lisa e úmida (3). A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença de) rLung é semelhante à água (e apresenta) bolhas grandes (4). A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença de) mKris pa é amarelo-avermelhada, (apresenta) muito vapor e (possui) cheiro picante (5). A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença de) Bad kan é branca, possui pouco odor e pouco vapor (6). 39
  • 40. O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença de) rLung é flutuante, vazio e interrompido às vezes (7). 40
  • 41. Mkhris pa‟i rtsa ni mgyogs rgyas grims par „phar [15] bad kan rtsa ni bying rgud dal ba‟o [16] dri ba yang la rtsub pa‟i zas spyod kyi [17] (8b4) rkyen gyis g-yal „dar bya rmyang grang shum byed [18] dpyi dang rked pa rus tshigs ma lus na [19] gzer ba nges med „pho zhing stong skyugs byed [20] dbang po mi gsal shes pa „tshub pa dang [21] bkres dus na zhing snum bcud phan par nges [22] rno zhing tsha (8b5) ba‟i zas dang spyod lam gyis [23] kha kha mgo na sha drod tsha ba dang [24] stod gzer zhu rjes na zhing bsil ba phan [25] lci la snum pa‟i zas dang spyod lam gyis [26] dang ga mi bde kha zas „ju ba dka‟ [27] skyug cing kha mngal pho ba tshing ste sgreg [28] (8b6) lus sems lci la phyi nang gnyis ka grang [29] zos rjes mi bde zas spyod dro na „phrod [30] de ltar brtag thabs sum cu rtsa brgyad kyis [31] nad kun „khrul med nges par gtan la „bebs [32] zhes gsungs so bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa (9a1) gsang ba man ngag gi rgyud las ngos „jin rtags kyi le‟u ste bzhi pa‟o 41
  • 42. [15] O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença de) mKris pa bate rapidamente (e pulsa) sutilmente (8). O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença de) Bad kan é profundo, fraco e lento (9). (Quanto ao) questionamento, por causa de alimento e comportamento leve e áspero, (10): bocejos e tremores (11), espreguiçamento (12), calafrios (13), dores em todas as articulações da coxa e quadril (14) [20], dores indefinidas que se movimentam (15), vômito (de estômago) vazio (16), os órgãos dos sentidos não têm brilho (17), o conhecimento está embotado (18), há dor na hora da fome (19). Alimento oleoso é certamente benéfico (20). (Condições das doenças) por causa de alimento e comportamento pungente e quente (21): gosto amargo (22), cefaléias (23), ondas de calor (24) [25], dores na região superior (do corpo) (25), dores após a digestão (26). (Alimento) frio (27) (é certamente) benéfico. (Condições das doenças) por causa de alimento e comportamento pesado e oleoso (28): falta de apetite (29), dificuldade em digerir o alimento (30), vômitos (31), (gosto ruim na) boca (32), distensão abdominal (33), eructações (34), corpo e mente tornam- se pesados (ambos) (35), sensação de frio dentro e fora do corpo (36), [30] desconforto após comer (37). Alimento e comportamento mornos (38) são certamente benéficos. 42
  • 43. Portanto, por meio dos 38 métodos de exame, todas as doenças (podem) ser classificadas sem erro e com certeza.” Assim expressou o sábio. Quarto capítulo sobre o diagnóstico do Tratado Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da Essência da Imortalidade. 43
  • 44. D) APRESENTAÇÃO RAIZ B Diagnóstico ngos ‘dzin rtags Tronco III Observação blta Tronco III tem dois ramos: 1º ramo = língua (I) lce 2º ramo = urina (água) (II) chu 2 ramos Estes dois ramos correspondem aos detalhes gerais do Tronco = Observação Do 1º ramo nascem 3 folhas Língua (I) lce rLung (1) rlung vermelha dmar seca skam áspera rtsub Língua (I) lce mKris pa (2) mkhris pa coberta com muco grosso e castanho bad kan skya sar mthug pos g-yogs Língua (I) lce Bad kan (3) bad kan cinza skya grossa gleg sem brilho mdangs med macia „jam úmida rlon 44
  • 45. Do 2º ramos nascem 3 folhas Urina (II) chu rLung (4) rlung semelhante à água chu „dra bolhas grandes lbu ba che Urina (II) chu mKris pa (5) mkhris pa amarelo-avermelhada dmar ser muito vapor rlangs che cheiro quente 5 dri ma dugs Urina (II) chu Bad kan (6) bad kan branca dkar pouco cheiro dri chung pouco vapor rlangs chung 6 folhas Estas 6 folhas contém detalhes específicos do Tronco = Observação RAIZ B Tronco III = 2 ramos Ramo 1 = 3 folhas Ramo 2 = 3 folhas 6 folhas 45
  • 46. Raiz B Diagnóstico ngos ‘dzin rtags Tronco IV Sensação (do pulso do vaso) = Palpação reg pa Tronco IV tem 3 ramos: 1º ramo = rLung (III) rlung 2º ramo = mKris pa (IV) mkhris pa 3º ramo = Bad kan (V) bad kan 3 ramos Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do Tronco = Sensação (do pulso do vaso) = Palpação Do 1º ramos nasce 1 folha rLung (7) rlung flutuante rkyal vazio stong com interrupções skabs su sdod Do 2º ramo nasce 1 folha mKris pa (8) mkhris pa bate rapidamente, difunde-se mgyogs rgyas grims par (e bate) sutilmente „phar Do 3º ramo nasce 1 folha Bad kan (9) bad kan profundo bying fraco rgud lento dal ba 3 folhas Estas 3 folhas contém detalhes específicos do Tronco = Sensação (do pulso do vaso) = Palpação 46
  • 47. RAIZ B Tronco IV = 3 ramos Ramo 1 = 1 folha Ramo 2 = 1 folha Ramo 3 = 1 folha 3 folhas RAIZ B Diagnóstico ngos ‘dzin rtags Tronco V Questionamento dri ba Tronco V tem 3 ramos: 1º ramo = causas produtoras (VI) slong rkyen 2º ramo = condições das doenças (VII) na lugs 3º ramo = alimentação (VIII) zas 3 ramos Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do Tronco = Questionamento Do 1º ramo nascem 3 folhas Causas produtoras (VI) slong rkyen rLung (10) rlung leve yang áspero rtsub mKris pa (21) mkhris pa pungente rno quente tsha Bad kan (28) bad kan 47
  • 48. pesado lci oleoso snum Do 2º ramo nascem 23 folhas Condições das doenças (VII) na lugs rLung: rlung 1. bocejos e tremores (11) g-yal „dar 1. espreguiçamento (12) bya rmyang 1. calafrios (13) grang shum byed 1. dores em todas as articulações da dpyi dang rked pa coxa e quadril (14) rus tshigs ma lus na 1. dores indefinidas que se movi- gzer ba nges med mentam (15) „pho 1. vômito (de estômago) vazio (16) stong skyugs byed 1. os órgãos sensoriais não têm brilho (17) dbang po mi gsal 1. conhecimento está embotado (18) shes pa „tshub pa 1. dor quando tem fome (19) bkres dus na mKris pa mkhris pa 1. gosto amargo (22) kha kha 1. cefaléias (23) mgo na 1. ondas de calor (=febre) (24) sha drod tsha ba 1. dores na região superior (do corpo) (25) stod gzer 1. dores após a digestão (26) zhu rjes na Bad kan bad kan 1. falta de apetite dang ga mi bde 1. dificuldade em digerir o alimento (30) kha zas „ju ba dka‟ 1. vômitos (31) skyug 1. (gosto ruim na) boca (32) kha mngal 1. distensão abdominal (33) pho ba tshing 1. eructações (34) sgreg 1. corpo e mente tornam-se pesados (35) lus sems lci 1. sensação de frio dentro e fora do phyi nang gnyis ka corpo (36) grang 1. desconforto após comer (37) zos rjes mi bde 48
  • 49. Condições das doenças: rLung 9 mKris pa 5 Bad kan 9 23 Do 3º ramo nascem 3 folhas Alimentação (VIII) zas rLung: rlung oleosa (20) snum mKris pa: mkhris pa fria (27) bsil Bad kan: bad kan morna (38) dro 29 folhas Estas 29 folhas contém detalhes específicos do Tronco = Questionamento RAIZ B Tronco V = 3 ramos Ramo 1 = 3 folhas Ramo 2 = 23 folhas Ramo 3 = 3 folhas 29 folhas 49
  • 50. Os seguintes termos foram retirados do Capítulo 4 (Parte 1) do livro rGyud bzhi: Raiz do Diagnóstico = ngos „dzin rtags kyi rtsa ba Tronco III = Observação 2 ramos 6 folhas Tronco IV = Palpação 3 ramos 3 folhas Tronco V = Questionamento 29 ramos 29 folhas 8 ramos 38 folhas 50
  • 51. E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Um médico tibetano tenta chegar ao fundo das causas de uma doença em particular através de um diagnóstico claro e, ao mesmo tempo, descobrir o tipo constitucional do paciente. Para diagnosticar os distúrbios que foram causados por fatores prejudiciais, o médico começa a realizar os seguintes exames: um exame geral do corpo um exame das partes afetadas do corpo um exame do abdome e da pele tomada de temperatura do paciente – através do exame do pulso, etc. Então, o médico realiza exames mais específicos com uma observação e exame dos órgãos sensoriais, das secreções e excreções – fezes, urina, escarro, sangue e vômitos. Quando estes exames estiverem completos, os três métodos diagnósticos que foram analisados em nosso texto são aplicados: observação, palpação e questionamento. Na descrição destes métodos a seguir, será impossível, evidentemente, denominar todos os sintomas que são típicos das várias doenças. Melhor que isso, esperamos que se torne claro que os métodos diagnósticos são também organizados de uma maneira sistemática de acordo com os três humores – rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma). Gostaria de adicionar também que tive inúmeras oportunidades, durante minhas visitas aos Himalaias em 1962 e 1967, de observar médicos tibetanos realizando tais exames. 51
  • 52. No entanto, uma avaliação exata da precisão dos diagnósticos foi possível apenas alguns anos depois, em 1970, quando o Dr. Yeshe Donden, meu professor, passou algum tempo como meu hóspede. Em meu consultório ele foi apresentado a muitos de meus pacientes cujas patologias eu mesma já havia diagnosticado com exatidão. Descobri que Yeshe Donden era capaz de chegar a um diagnóstico extremamente preciso sem questionar o paciente sobre quaisquer aspectos – simplesmente através do exame do pulso e um exame da urina. 52
  • 53. RAIZ B Tronco III = Observação blta ramos folhas lce 3 chu 3 2 6 53
  • 54. 1. Observação Diagnóstico através do exame da língua Na medicina chinesa, o exame da língua é o segundo método mais importante de diagnóstico depois do exame do pulso. Todas as regiões do corpo estão relacionadas exatamente com as várias partes da língua de forma que as funções dos órgãos possam ser interpretadas. Tal distribuição precisa e metódica dos órgãos nas várias partes da língua não é encontrada na medicina tibetana. No entanto, o diagnóstico pelo exame da língua representa ainda assim um papel importante na medicina tibetana e seu valor pode ser avaliado pelo grande número de sintomas, característicos de várias doenças, relacionados à língua. Apesar disso, este método não ocupa uma posição central como na medicina chinesa. Antes de realizar um exame detalhado, qualquer tipo de partículas de alimento deve ser removido da língua. O exame deve, se possível, ser realizado à luz do dia ou com ótima iluminação. Antes do exame, o paciente deve ser questionado sobre quais alimentos ou bebidas ele tenha comido ou bebido. Dedica-se uma atenção especial às seguintes características: 1. Coloração da língua. 2. Camada que recobre a língua. 3. Natureza da língua. 54
  • 55. Nas doenças de rLung (vento), a língua apresenta-se: vermelha seca áspera Nas doenças de mKris pa (bile), a língua apresenta-se: coberta com uma grossa camada de muco castanho-avermelhado. Nas doenças de Bad kan (fleuma), a língua apresenta-se: cinza grossa sem brilho macia úmida 55
  • 56. Diagnóstico através do exame da urina Este método diagnóstico é considerado pelos médicos tibetanos como particularmente importante. Isso é indicado pelo fato de que no livro rGyud bzhi (Parte 4, Capítulo 2), as numerosas características das várias doenças são consideradas de uma maneira detalhada e bastante exata.6 Este método é também de grande importância na prática da medicina tibetana. Quando possível, o paciente a ser examinado deve estar de estômago vazio ou, pelo menos, não ter ingerido grande quantidade de alimento. A micção da manhã é a melhor para o exame da urina – à noite, o exame deve ser evitado porque a coloração da urina é afetada pelos gêneros alimentícios que o paciente tenha ingerido durante o dia. Yeshe Donden utilizou apenas a urina da manhã para realizar tal diagnóstico nos pacientes que examinou em meu consultório. A urina normal é descrita como segue: coloração amarelo-esbranquiçada, exala quantidade normal de vapor, não forma muitas bolhas e apresenta um odor tênue. Yeshe Donden pediu-me um recipiente em forma de tigela, pequeno e limpo, para realizar o exame. Os médicos tibetanos nos Himalaias também enfatizaram que o recipiente deve ser muito limpo. Em seguida, o médico requisitou uma vareta de madeira clara. A urina a ser examinada é despejada dentro do recipiente e agitada com a vareta de madeira. Observei que o exame subsequente dura longo tempo porque as seguintes características devem ser registradas: 1. Coloração 56
  • 57. 2. Formação de vapor 3. Cheiro 4. Formação de bolhas 5. Sedimentos Todas essas características são importantes, mas a formação de bolhas e o sedimento parecem ser particularmente significativos. Nas doenças de rLung (vento) são formadas bolhas grandes e azuis. Nas doenças de mKris pa (bile) poucas bolhas aparecem muito rapidamente. Nas doenças de Bad kan (fleuma) as bolhas são pequenas e azuladas. Nas doenças quentes há grande quantidade de sedimento muito espesso. Nas doenças frias há pequena quantidade de um sedimento muito ralo. Nas doenças de rLung, a urina possui as seguintes características: semelhante à água grandes bolhas. Nas doenças de mKris pa, a urina apresenta as seguintes características: amarelo-avermelhada cheiro forte. Nas doenças de Bad kan, a urina apresenta as seguintes características: branca pouco odor pequena quantidade de vapor. Yeshe Donden enfatizou particularmente que há certas características que apontam para a presença de 57
  • 58. doenças fatais – e que elas também são descritas no rGyud bzhi como citado a seguir: – uma doença fatal de rLung está presente quando a urina é quase azul escura na coloração e apresenta a superfície ondulada; – uma febre fatal está presente quando a urina é vermelho-escura e apresenta odor bolorento, e quando estes sintomas não desaparecem mesmo após a prescrição de medicamentos para reduzir a febre; – uma doença fria fatal está presente quando a urina não exala qualquer cheiro, apresenta a coloração quase azul, não há qualquer sedimento nem formação de bolhas, e ainda se esses sinais não desaparecem após a prescrição da medicação correspondente. O diagnóstico feito através do exame da urina, no qual os médicos tibetanos possuem domínio magistral, e o qual é realizado apenas com a utilização dos órgãos sensoriais, deve encorajar-nos, médicos ocidentais, a desenvolvermos a sensibilidade de nossos órgãos sensoriais, embotados pela nossa confiança em instrumentos e equipamentos, de forma a colocar em prática métodos diagnósticos sensíveis como esse. O diagnóstico através da urina praticado pelos médicos tibetanos poderia ser de grande auxílio para nós também. 58
  • 59. RAIZ B Tronco IV = Palpação reg pa ramos folhas rlung 1 mkhris pa 1 bad kan 1 3 3 59
  • 60. 2. Palpação Diagnóstico através do exame do pulso Para os médicos tibetanos, as funções dos órgãos parecem ser mais importantes do que o conhecimento de sua estrutura anatômica fundamental. O diagnóstico através do pulso é visto como o mais importante método diagnóstico por causa da informação sobre as funções dos órgãos obtida dessa maneira. Em outras palavras, as funções orgânicas – palpáveis em posições no pulso – tornam-se evidentes aos médicos tibetanos e são, portanto, uma clara indicação do tipo de terapia a ser aplicada. Ao reconhecermos o diagnóstico pelo pulso utilizado nos métodos de tratamento asiáticos, cometemos sempre o mesmo erro. Consideramos que os órgãos da anatomia ocidental são idênticos à perspectiva funcional dos órgãos na medicina asiática, em nosso caso, com os “órgãos” don e snod. Estes termos tibetanos são apenas vagamente relacionados com os órgãos da anatomia ocidental. Técnica Os médicos tibetanos distinguem três posições nas quais os pulsos devem ser sentidos: os pulsos superiores (cabeça) os pulsos medianos (mão) os pulsos inferiores (pé) 60
  • 61. No entanto, a palpação na mão, ou seja, os pulsos medianos, é a mais comumente praticada pelos médicos tibetanos. O médico utiliza sua mão direita para examinar os pulsos da mão do paciente que fica do lado esquerdo do corpo. A palpação é realizada com o dedo indicador (mtshon), o dedo médio (kan ma) e o dedo anelar (chag). O exame real do pulso é realizado da seguinte maneira. O médico toma a mão do paciente e vira-a de forma que os sulcos do punho possam ser vistos facilmente. Então o médico pega a outra mão do paciente e coloca a falange distal desta mão sobre o sulco proximal da outra mão. Assim, a posição do pulso é indicado pela distância entre o relevo da falange do polegar e o sulco da mão do paciente. O médico coloca seus três dedos acima relacionados sobre este ponto – eles devem estar dispostos em linha reta e não devem tocar uns nos outros. A pressão exercida sobre cada um dos três dedos é diferente, com o dedo indicador exercendo a menor pressão. As posições do pulso parecem-me dispostas ligeiramente mais para o meio do que as dos chineses. Normalmente, o exame do pulso não é realizado em ambas as mãos ao mesmo tempo; nas mulheres o pulso da mão direita é examinado primeiro, nos homens, o pulso da mão esquerda. Após, os pulsos de ambas as mãos são examinados ao mesmo tempo. Alguns médicos tibetanos – aqueles com grande experiência – examinam na verdade, desde o início, os pulsos de ambas as mãos ao mesmo tempo. O tempo gasto para realizar tal exame varia de acordo com a dificuldade do diagnóstico no caso em questão. Primeiramente, o médico compara o pulso do paciente com sua própria respiração: se 5 pulsações são contadas desde o início 61
  • 62. da inspiração ao final da expiração, o paciente não apresenta nenhuma doença séria. No entanto, se mais ou menos do que 5 pulsações são contadas, o exame do pulso irá certamente prolongar-se por um certo tempo, uma vez que esse é um sintoma de distúrbios de uma natureza mais séria. Geralmente, um diagnóstico pelo pulso leva entre 5 a 10 minutos, mas algumas vezes pode demorar-se mais. A melhor hora do dia para o exame do pulso é pela manhã. O paciente deve estar em jejum ou, pelo menos, não deve ter comido ou bebido grande quantidade de alimento ou bebida. O paciente também deve estar relaxado, se possível. Os médicos tibetanos explicam o exame do pulso de maneira típica também: sobre as extremidades de seus três dedos palpadores, o médico descreve as seis posições que são palpadas. Dois órgãos são relacionados a cada extremidade dos dedos da mão direita e esquerda.7 Posições profundas e superficiais Superficial (pressão leve): todos os órgãos sólidos (don) Profunda (pressão forte): todos os órgãos ocos (snod) 62
  • 63. Topologia mão esquerda do paciente mão direita do paciente mão direita do médico mão esquerda do médico Mulher Indicador (mtshon) don (direito) pulmões (glo ba) coração (snying) snod I intestino grosso (long ka) intestino delgado (rgyu ma) (esquerdo) médio (kan ma) don (direito) baço (mcher pa) fígado (mchin pa) snod II estômago (pho ba) vesícula biliar (mkhris pa) (esquerdo) anelar (chag) don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas) snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa) (esquerdo) Homem indicador (mtshon) don (direito) coração (snying) pulmões (glo ba) snod I intestino delgado (rgyu ma) intestino grosso (long ka) (esquerdo) médio (kan ma) don (direito) baço (mcher pa) fígado (mchin pa) snod II estômago (pho ba) vesícula biliar (mkhris pa) (esquerdo) anelar (chag) don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas) snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa) (esquerdo) 63
  • 64. Mão esquerda do paciente Mão direita do médico indicador 1 I mtshon 2 médio 3 II kan ma 4 anelar 5 III chag 6 Mulher 1 pulmões glo ba indicador I 2 intestino delgado long ka 3 baço mcher pa médio II 4 estômago pho ba 5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III 6 bsam se‟u bsam se‟u Homem 1 coração snying indicador I 2 intestino delgado rgyu ma 3 baço mcher pa médio II 4 estômago pho ba 5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III 6 bsam se‟u bsam se‟u 64
  • 65. Mão direita do paciente Mão esquerda do médico 1 indicador I mtshon 2 3 médio II kan ma 4 5 anelar III chag 6 Mulher 1 coração snying indicador I 2 intestino delgado rgyu ma 3 fígado mchin pa médio II 4 vesícula biliar mkhris pa 5 rim direito mkhal g-yas anelar III 6 bexiga lgang pa Homem 1 pulmões glo ba indicador I 2 intestino delgado long ka 3 fígado mchin pa médio II 4 vesícula biliar mkhris pa 5 rim direito mkhal g-yas anelar III 6 bexiga lgang pa 65
  • 66. Os órgãos na medicina tibetana estão divididos em dois grupos: 5 órgãos sólidos: coração, fígado, pulmões, baço e rins 6 órgãos ocos: intestino grosso, vesícula biliar, intestino delgado, estômago, bexiga e bsam se‟u Esta classificação dos órgãos em grupos é notável. No Volume 1, descobrimos a distribuição dos don e snod em rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma): rLung mKris pa Bad kan don coração fígado baço rins pulmões snod intestino grosso vesícula biliar estômago bsam se‟u intestino delgado bexiga As relações entre os três humores e os vários órgãos podem ser claramente observadas no caso do diagnóstico através do exame do pulso:  Todos os órgãos sólidos (don) são palpados com o lado direito da extremidade do dedo;  Todos os órgãos ocos (snod) são palpados com o lado esquerdo da extremidade do dedo. As diferenças entre os pulsos dos homens e das mulheres são as seguintes: 66
  • 67. Posição I Mulheres mão esquerda do paciente e mão direita do médico = pulmões (glo ba) e intestino delgado (long ka) mão direita do paciente e mão esquerda do médico = coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma) Homens mão esquerda do paciente e mão direita do médico = coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma) mão direita do paciente e mão esquerda do médico = pulmões (glo ba) e intestino grosso (long ka) Uma comparação entre os pulsos chineses e tibetanos Na medicina tradicional chinesa, os seguintes órgãos são definidos como:  Os cinco tsang = órgãos sólidos (Yin): fígado, coração, baço, pulmões, rins (circulação – sexo). Este grupo de órgãos corresponde aos cinco don descritos no Volume 1.  Os seis fu = órgãos ocos (Yang): vesícula biliar, intestino delgado, estômago, intestino grosso, bexiga, triplo – aquecedor. Este grupo de órgãos corresponde aos seis snod como descrito no Volume 1. A principal diferença: Todos os grupos são interligados. Órgãos sólidos tibetanos (don): superficial. Órgãos ocos tibetanos (snod): profundo. Órgãos ocos chineses (fu): superficial. Órgãos sólidos chineses (tsang): profundo. 67
  • 68. Pulsos chineses mão esquerda do paciente mão direita do paciente coração pulmões intestino delgado I intestino delgado I fígado baço vesícula biliar II estômago II rins circulação – sexo bexiga III triplo-aquecedor = san chiao III Chinês Tibetano Chinês Tibetano mão esquerda do paciente mão direita do paciente I coração coração pulmões pulmões intestino delgado intestino delgado intestino grosso intestino grosso homens homens pulmões coração intestino grosso intestino delgado mulheres mulheres II fígado baço baço fígado vesícula biliar estômago estômago vesícula biliar III rins rim esquerdo Circulação-sexo rim direito bexiga bsam se‟u triplo-aquecedor = bexiga mulheres san chiao rim esquerdo bsam se‟u homens Uma comparação das posições das tomadas de pulso mostra em quais aspectos o diagnóstico pelo pulso tibetano e chinês diferem e assemelham-se. Se considerarmos as posições, encontramos que o diagnóstico tibetano pelo pulso, até certo ponto, retrata mais fielmente a estrutura anatômica real do corpo quando o baço é palpado sobre a mão esquerda, enquanto o fígado e a vesícula biliar são palpados do lado direito. Devemos adicionar também que não há falta de lógica quando os rins, um par de órgãos, são 68
  • 69. palpados de ambos os lados, tanto na mão esquerda quanto na direita. Devemos fazer alguma observação sobre o órgão “bsam se‟u”. Este termo não aparece no texto onde os grupos de órgãos, “don” e “snod” são relacionados (rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3, Volume 1). Apesar disso, os tibetanos relacionam este órgão como um dos órgãos ocos (snod), o sexto nesse grupo. Bastante estranho, no entanto, nas tabelas de pulsologia que examinei enquanto estive com os médicos tibetanos, este órgão é referido como “bsam se‟u” = vesícula seminal, na posição correspondente dos pulsos femininos, o útero (mngal). O fato de que a divisão dos órgãos em grupos descrita acima é idêntica na medicina tibetana e chinesa (tsang – Yin = don, fu – Yang = snod), indica que os tibetanos muito provavelmente adotaram o diagnóstico pelo pulso a partir dos chineses. É possível que com o termo “bsam se‟u”, os tibetanos tenham criado seu equivalente ao órgão triplo-aquecedor chinês (chin san chiao). Notas históricas Na medicina antiga indiana, há também analogias entre os três humores e certos órgãos, mas não há uma estrita divisão como na medicina chinesa. Por outro lado, a divisão dos órgãos tibetanos em “don” e “snod” é quase idêntica à dos chineses. Portanto, podemos afirmar que, uma vez que os tibetanos utilizam esses grupos de órgãos em seu diagnóstico do pulso, eles o adotaram dos chineses. Está registrado que os primeiros livros tibetanos sobre diagnóstico pelo pulso foram escritos por um 69
  • 70. médico tibetano, gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma. Esses livros foram entitulados “mngon shes gnad kyi „phrul „khar” e “rtsa dpyad rig pa rab gsal sde gsal sde tshan lnga pa lag len pod chung”. gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma (o mais velho), foi contemporâneo do rei Khri srong lde btsan, que reinou de 755 até 797 D.C. A suposição de W. A. Unkrig (na Introdução da obra “Die tibetische Medizinphilosophie” por C. von Korvin-Krasinski, págs. xxi-xxii, de que o conhecimento sobre o pulso e a palpação pode ser atribuído a gYu thog pa Yon tan mgon po gsar pa (o mais novo), que viveu no século 11, está obviamente incorreta. Pelo fato de gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma (o mais velho) ter escrito dois livros altamente respeitados sobre o diagnóstico tibetano pelo pulso, devemos admitir que o diagnóstico pelo pulso já devia ser conhecido pelos tibetanos em sua forma atual desde os meados do século 8. Esta suposição é também sustentada pelo fato de que a medicina tibetana floresceu exatamente nessa época. Um intercâmbio de idéias particularmente ativo entre os vários sistemas médicos estava em progressão naquela época, como pode ser demonstrado pelo “Debate de bSam yas”, ocorrido em 794 D.C., no qual participaram médicos da China, Índia, Pérsia, Nepal, Sinkiang, Kashmir e Afeganistão. No entanto, a data exata das primeiras influências chinesas nesta esfera pode ser determinada apenas quando alguns livros – pelo menos vinte e quatro – sobre diagnóstico chinês pelo pulso tiverem sido traduzidos pelos Sinologistas. Apenas então será possível determinar a diferença entre os diagnósticos pelo pulso tibetano e chinês.8 70
  • 71. RAIZ B Tronco V = Questionamento dri ba ramos folhas slong rkyen 3 na lugs 23 zas 3 3 29 71
  • 72. 3. Questionamento (Anamnese) Um questionamento correto do paciente é considerado uma maneira clara de reconhecer uma doença. Primeiramente, o médico pergunta ao mensageiro que foi enviado pelo paciente: 1) Quais as queixas gerais ou específicas de que sofre o paciente; 2) A quais tratamento ele já se submeteu; 3) Quando o paciente ficou doente; e 4) Que médico já tratou do paciente. Quando recebe as respostas a essas questões, um bom médico já deve ter uma idéia do que está errado com o paciente. Quando questiona realmente o paciente, o médico está interessado em descobrir: que medicamentos ele já tomou; se já foram realizados sangria ou outros métodos de tratamento; e finalmente, o que o paciente refere que está errado consigo e o que comeu ou bebeu. Após essas questões gerais o médico precisa observar o sistema prescrito que possibilita diagnosticar tanto o que está errado com o paciente como o tipo constitucional do mesmo. 1. Causas Produtoras Um médico tibetano sabe quais características das potências dos medicamentos ou alimentos como causas produtoras podem levar ao aparecimento de certas condições de doenças. Assim, ele pergunta ao paciente, primeiramente, se as condições leves e ásperas, 72
  • 73. pungentes e quentes, pesadas e oleosas se harmonizam com ele. Uma doença de rLung está presente se o paciente responde que condições leves e ásperas não condizem com ele. O paciente está sofrendo de uma doença de mKris pa se ele responde que as condições pungentes e quentes não condizem com ele. O paciente sofre de uma doença de Bad kan se ele responde que as condições pesadas e oleosas não se harmonizam com ele. Estas são as três questões sobre as causas produtoras. 2. Condições das Doenças Sabedor de que há certas condições que levam às doenças, as quais estão relacionadas com os três tipos constitucionais e suas patologias, o médico tibetano pergunta ao paciente se as seguintes condições estão presentes: 1) bocejos e tremores, 2) espreguiçamento, 3) calafrios, 4) dores em todas as articulações da coxa e quadril, 5) dores indefinidas que se movimentam, 6) vômito (de estômago) vazio, 7) os órgãos dos sentidos não têm brilho, 8) o conhecimento está embotado, 9) há dor na hora da fome. Se esses sintomas estiverem presentes, o paciente é um tipo rLung e está sofrendo de uma doença de rLung. 73
  • 74. 1) gosto amargo, 2) cefaléias, 3) ondas de calor, 4) dores na região superior (do corpo), 5) dores após a digestão. Se esses sintomas estão presentes, o paciente é um tipo mKris pa e está acometido de uma doença de mKris pa. 1) falta de apetite, 2) dificuldade em digerir o alimento, 3) vômitos, 4) gosto ruim na boca, 5) distensão abdominal, 6) eructações, 7) corpo e mente tornam-se pesados (ambos), 8) sensação de frio dentro e fora do corpo, 9) desconforto após comer. Se esses sintomas estiverem presentes, o paciente é um tipo Bad kan e está acometido de um distúrbio de Bad kan. Estas são as 23 questões sobre as condições das doenças (rLung = 9, mKris pa = 5, Bad kan = 9). 74
  • 75. 3. Alimentação Sabedor de que alimentos com características específicas podem acarretar uma melhora nas condições do paciente, o médico pergunta, finalmente, ao paciente: 1) Se ele melhora após a ingestão de alimentos oleosos. Se esse for o caso, o paciente é um tipo rLung e está acometido de uma doença de rLung. 2) Se ele sente-se melhor após a ingestão de alimentos que sejam frios. Se esse for o caso, o paciente é um tipo mKris pa e está acometido de um distúrbio de mKris pa. 3) Se ele melhora após a ingestão de alimentos que sejam mornos. Se esse for o caso, o paciente é um tipo Bad kan e está acometido de um distúrbio de Bad kan. Estas são as três questões sobre a alimentação. Resumo 1. causas produtoras 3 questões 2. condições das doenças 23 questões 3. alimentação 3 questões 29 questões Estas 29 questões são características típicas da medicina tibetana e os médicos tibetanos costumam conduzir o questionamento dessa maneira sistemática. Pude observar freqüentemente como os médicos nos Himalaias eram capazes de restringir as possibilidades de uma doença através destas questões especialmente direcionadas e determinar também o tipo constitucional 75
  • 76. do paciente. No entanto, o fato é que existem relativamente poucas pessoas que sejam definidamente rLung, mKris pa e Bad kan. A maioria das pessoas são casos mistos, sendo que as características dominantes determinam o tipo constitucional do indivíduo. Se, no entanto, as características forem demasiadamente mistas de forma a serem igualmente divididas entre todos os três tipos, são então relacionados em tipos mistos como “rLung-mKris pa” ou “Bad kan-mKris pa”, por exemplo. O tipo de tratamento também é direcionado a tais características. É difícil imaginar qualquer outra medicina tendo tal sistema inteligente e sistemático de questionamento como a medicina tibetana. Certamente, os médicos tibetanos colocam muita ênfase neste detalhado e exato método de questionamento. Diz-se que os médicos que podem diagnosticar uma doença após um grupo de questões são bem conhecidos e gozam de ótima reputação. 76
  • 77. Capítulo Três TERAPÊUTICA Sumário do Capítulo Introdução A) Bloco de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 5 – fólio 9a, 9b B) Transliteração do texto C) Tradução do texto D) Apresentação E) Métodos de tratamento 1. Nutrição 2. Comportamento 3. Medicamentos 4. Tratamentos INTRODUÇÃO Como no capítulo anterior, os fólios, páginas e linhas do bloco de impressão foram incluídos na transliteração (9a2-9b4). Na tradução, os troncos estão numerados de VI-IX e as folhas de 1-98. Foi possível também neste caso identificar todas as 98 folhas e os 27 ramos, de forma que todas as 98 folhas foram enumeradas consecutivamente. Os 4 troncos da Raiz C = Terapêutica VI Nutrição VII Comportamento VIII Medicamentos IX Tratamentos foram, portanto, analisados e apresentados na mesma ordem como no capítulo anterior: Blocos de impressão (A), Transliteração (B), Tradução (C) e Apresentação (D). Os métodos terapêuticos (E) serão então descritos aqui. 77
  • 78. Descrições um pouco mais detalhadas estão incluídas nos métodos terapêuticos que podem ser mais facilmente aplicados no Ocidente – moxabustão e sangria. Evidentemente, será possível trabalhar aqui apenas com os métodos mencionados no texto em questão. O repertório completo de métodos de tratamento é naturalmente muito longo e deverá ser trabalhado no Volume III. No entanto, esta descrição de alguns dos métodos torna mais óbvio uma vez que os métodos em questão referem-se claramente aos tipos constitucionais. Deve-se também acrescentar que a cirurgia não foi mencionada no sistema de medicina tibetana. Entretanto, uma breve descrição foi incluída neste volume. 78
  • 79. 79
  • 80. RAIZ C Terapêutica Nutrição Comportamento Medicamentos Tratamentos 6 ramos 3 ramos 15 ramos 3 ramos 35 folhas 6 folhas 50 folhas 7 folhas VI VII VIII IX 80
  • 81. A) BLOCO DE IMPRESSÃO rGyud bzhi, Parte 1 Capítulo 5 Fólio 9a 81
  • 82. rGyud bzhi, Parte 1 Capítulo 5 Fólio 9b 82
  • 83. B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis skad ces gsungs so kye drang srong chen po nyon cig (9a2) nad la gso bar byed pa‟i gnyen po ni [1] zas dang spyod lam sman dpyad bzhi yin te [2] rta bong „phyi ba lo sha sha chen dang [3] „bru mar lo lar bu ram sgog skya btsong [4] „o ma lca ba ra mnye zan chang dang [5] bur chang rus chang rlung nad can gyi (9a3) zas [6] ba ra‟i zho dar mar gsar ri dvags sha [7] ra sha skom sha gsar pa chag tshe dang [8] skyabs dang khur tshod chab tsha chu bsil dang [9] bskol grangs mkhris pa‟i nad kyi zas su btsad [10] lug dang g-yag rgod gcan gzan nya yi sha [11] (9a4) sbrang rtsi skam sa‟i „bru rnying zan dron dang [12] „bri yi zho dar gar chang chu skol ni [13] ba kan nad gzhi can gyis bsten par bya [14 83
  • 84. C) TRADUÇÃO DO TEXTO Então, novamente, o sábio Rig pa‟i ye shes falou assim: “Ouça, oh grande sábio! Para medidas que levem à cura no caso das doenças, existem quatro: nutrição, comportamento, medicamentos e tratamentos. Os alimentos para uma pessoa que sofre de doenças de rLung (I): cavalo (1), macaco (2), marmota (3), carne de um idoso (4), carne humana (5), óleo de gergelim (6), óleo envelhecido (7), açúcar mascavo (8), alho (9), cebolas (10). [5] (II): leite (11), sopa de cenoura e alho (12), líquido extraído do açúcar cru (13), sopa de ossos (14). A alimentação de uma pessoa que sofre de um distúrbio de mKris pa (III) é: iogurtes de leite de vaca e cabra (15), manteiga (16), manteiga fresca (17), carne de veado (18), carne de cabrito (19), carne fresca de animais de desenvolvimento misto (20), cevada fresca (21), ervas “skyabs” (22), dente-de-leão (23), (IV): água quente (24), água fria (25), [10] (água) fervida e fria (26). (Os seguintes alimentos) devem ser adotados pelas pessoas afetadas por Bad kan (V) como base da doença: carneiro (27), iaque selvagem (28), animais de caça (29), peixe fresco (30), mel (31), mingau quente de grãos envelhecidos plantados em solo seco (32), (VI): iogurtes e manteiga da fêmea do iaque (33), cerveja forte (34), água fervida (35). 84
  • 85. rlung la dro sar yid „ong grogs bsten dzing [15] mkhris pa‟i nad la bsil sar dal bar bsdad [16] bad (9a5) kan nad la rtsol bcad dro sa bsten [17] rlung la mngar skyur lan tsha snum lci „jam [18] mngar kha bska bsil sla rtul mkhris pa‟i sman [19] tsha skyur bska rno rtsub yang bad kan no [20] ro nus de la sbyor ba zhi sbyang gnyis [21] zhi byed rlung la khu ba (9a6) sman mar gnyis [22] mkhris pa‟i nad la thang dang cur nis bsten [23] bad kan nad la ril bu tres sam sbyar [24] lhu ba rus khu bcud bzhi mgo khrol te [25] sman mar dza ti sgog skya „bras bu gsum [26] rtsa ba lnga dang sman chen dag la (9b1) sbyar [27] ma nu sle tres tig ta „bras bu‟i thang [28] ga bur tsan dan gur gum cu gang phye [29] btsan dug tshva sna rnams kyi ril bu dang [30] 85
  • 86. [15] No caso de (um distúrbio de) rLung (VII), o paciente deve manter-se na companhia de pessoas agradáveis (36) em local aquecido (37). No caso de (um distúrbio de) mKris pa (VIII), o paciente deve sentar-se calmamente (38) em um local fresco (39). No caso de (um distúrbio de) Bad kan (IX), o paciente deve fazer caminhadas enérgicas (40) e conservar-se em local aquecido (41). No caso de rLung (X): doce (42), azedo (43) e salgado (44). (XI): oleoso (45), pesado (46) e suave (47). Medicamentos para mKris pa (XII): doce (48), amargo (49), (e) adstringente (50). (XIII): frio (51), fraco (52) e embotado (53). [20] E (no caso de) Bad kan (XIV): pungente (54), azedo (55) e adstringente (56), (XV): penetrante (57), áspero (58) (e) leve (59). Quanto aos sabores (X-XII-XIV) e potências (XI- XIII-XV) citados, há dois tipos de preparações: (tornar) calmo e (tornar) limpo. (Aqueles que) tornam calmo, nos casos de rLung, são de dois (tipos): sopas (XVI) (e) óleos medicinais. (XVII) Nos casos de distúrbios de mKris pa o paciente deve tomar xaropes (XIII) e pós (XIX). Deve-se preparar pílulas (XX) (e) pastas (XXI) nos casos de distúrbios de Bad kan. [25] Sopas: sopa preparada com ossos (60), os quatro sucos (61), e a (sopa) “mgo khrol” (62). Óleos medicinais devem ser preparados com nardo (63), alho (64), as três frutas (65), as três raízes (66) e os acônitos (67).  N. do T.: Nardostachys jatamansi. 86
  • 87. Xaropes de: rizoma de lírio florentino (68), “sle tres” (69), Swertia chirata (70) e as frutas (71). Pós: cânfora (72), sândalo (73), açafrão (74) e suco resinoso do bambu (75). [30] Pílulas: de acônito (76) e de vários tipos de sal (77). 87
  • 88. tres sam se „bru da lis rgod ma kha [31] tshva dang cong dzi bsregs pa‟i thal sman no [32] sbyong byed (9b2) rlung gi nad la „jam rtsi ste [33] mkhris pa bshal la bad kan skyugs kyis sbyang [34] „jam rtsi sle „jam bkru „jam bkru ma slen [35] bshal la spyi bshal sgos bshal drag dang „jam [36] skyugs la drag skyugs gnyis su sbyar [37] dpyad du bsku mnye hor gyi me btsa‟ dang [38] rngul dbyung gtar ga chu yi „phrul „khor dang [39] dugs dang me btsa‟ rim bzhin dpyad kyis bcos [40] de ltar gso thabs dgu bcu rtsa brgyad po [41] (9b4) yengs med gus par brtson pas bsten byas na [42] nad kyi „dam las myur du grol bar „gyur [43] zhes gsungs so bdud rtsi snying po yan la brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud las gso thabs kyi le‟u ste lnga pa‟o 88
  • 89. Pastas: romãs (78), rododendros (79), “rgod ma kha” (80) e medicamentos alcalinos à base de sal queimado (81) e pedra branca (82). (Quanto às preparações que) purificam, nos casos de doenças de rLung (XXII), (utilizam-se) enemas oleosos. (Nos casos de) doenças de mKris pa (XXIII): laxantes. (Nos casos de) doenças de Bad kan (XXIV), (são tornadas) purificadas com eméticos. [35] Enemas oleosos: (preparam-se) enemas suaves (83), enemas purgativos (84), purgativos que não são fracos (85). No caso dos laxantes (preparam-se): laxantes gerais (86), laxantes especiais (87), laxantes fortes (88) e fracos (89). No caso dos eméticos: duas (formas): eméticos fortes (90) e fracos (91). Quanto aos tratamentos: (rLung) (XXV): massagem com unção (92) e cauterização do tipo mongol (93). (mKris pa) (XVI): produção de suor (94), sangria (95) e a roda de água mágica (96). [40] (Bad kan) (XXVII): (tratamento com) calor (97) e cauterização (98). (Através desses) tratamentos pode-se curar (doenças causadas por distúrbios de rLung, mKris pa e Bad kan) respectivamente. Portanto, há 98 métodos de cura. Aquele que confiar nos mesmos atentamente, respeitosamente e diligentemente será rapidamente libertado do pântano da doença.” Assim falou ele. 89
  • 90. Quinto capítulo sobre os métodos de cura do Tratado Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da Essência da Imortalidade. 90